Você está na página 1de 148

Reitoria

Reitor: Pedro Rodrigues Curi Hallal


Vice-Reitor: Luis Isaías Centeno do Amaral
Chefe de Gabinete: Taís Ullrich Fonseca
Pró-Reitor de Graduação: Maria de Fátima Cóssio
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Flávio Fernando Demarco
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Francisca Ferreira Michelon
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Otávio Martins Peres
Pró-Reitor Administrativo: Ricardo Hartlebem Peter
Pró-Reitor de Infra-estrutura: Julio Carlos Balzano de Mattos
Pró-Reitor de Assuntos Estudantis: Mário Renato de Azevedo Jr.
Pró-Reitor de Gestão Pessoas: Sérgio Batista Christino

Conselho Editorial
Presidente do Conselho Editorial: João Luis Pereira Ourique
Representantes das Ciências Agronômicas: Guilherme Albuquerque de Oliveira Cavalcanti (TITULAR), Cesar Valmor Rombaldi e Fabrício de Vargas
Arigony Braga
Representantes da Área das Ciências Exatas e da Terra: Adelir José Strieder (TITULAR), Juliana Pertille da Silva e Daniela Buske
Representantes da Área das Ciências Biológicas: Marla Piumbini Rocha (TITULAR), Rosangela Ferreira Rodrigues e Raquel Ludke
Representantes da Área das Engenharias e Computação: Darci Alberto Gatto (TITULAR) e Rafael Beltrame
Representantes da Área das Ciências da Saúde: Claiton Leoneti Lencina (TITULAR) e Giovanni Felipe Ernst Frizzo
Representantes da Área das Ciências Sociais Aplicadas: Célia Helena Castro Gonsales (TITULAR) e Sylvio Arnoldo Dick Jantzen
Representante da Área das Ciências Humanas: Charles Pereira Pennaforte (TITULAR), Edgar Gandra e Guilherme Camargo Massaú
Representantes da Área das Linguagens e Artes: Josias Pereira da Silva (TITULAR) e Maristani Polidori Zamperetti
ATIVIDADES PRÁTICAS EM
Biologia Celular
Direção
João Luis Pereira Ourique
Editor-Chefe

Seção de Pré-Produção
Isabel Cochrane
Administrativo
Filiada à A.B.E.U.
Seção de Produção
Rua Benjamin Constant, 1071 - Porto
Pelotas, RS - Brasil Gustavo Andrade
Fone +55 (53)3227 8411 Administrativo
editora.ufpel@gmail.com Anelise Heidrich
Revisão
Ingrid Fabiola Gonçalves
(Bolsista/Estagiário)
Criação/Edição

Seção de Pós-Produção
Morgana Riva
Assessoria
Madelon Schimmelpfennig Lopes
Administrativo

Capa e Projeto Editorial


Rosendo Caetano

Revisão
Anelise Heidrich

Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Kênia Bernini – CRB-10/920

A872 Atividades práticas em biologia celular [recurso eletrônico] /


Marla Piumbini Rocha ...[et al.]. Pelotas : Ed. UFPel , 2018.
148 p. : il.

15,4 KB ; PDF

Disponível em : http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4154

ISBN: 978-85-517-0020-4

1. Biologia celular. 2. Ensino. 3. Material didático.


I. Rocha, Marla Piumbini

CDD 574.87
ATIVIDADES PRÁTICAS EM
Biologia Celular
Marla Piumbini Rocha
Edison Zefa
Rosangela Ferreira Rodrigues
João Paulo Teló Timm
Marcelo Silva Barcellos

Pelotas, 2018
Sumário

APRESENTAÇÃO 11

CAPÍTULO 1 13
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS CÉLULAS
Histórico 13
Tipos de células 14
As células eucariotas 16
Formas, tamanho e cor 20
Vida e morte da célula 22
Origem e evolução das células 22

CAPÍTULO 2 27
TÉCNICAS DE MICROSCOPIAS PARA ESTUDO DAS CÉLULAS
Microscopia de luz ou óptica 27
Funcionamento básico do microscópio óptico 28
Microscopia de contraste de fase 29
Microscopia de fluorescência 30
Microscopia eletrônica de transmissão 30
Microscopia eletrônica de varredura 32

CAPÍTULO 3 37
METODOLOGIAS PARA ESTUDO DAS CÉLULAS
Lâmina permanente com microtomia 37
Lâmina temporária sem microtomia 40
Espalhamento 40
Esfregaço 40
Distensão 41
Esmagamento 41
Preparo a fresco 41

CAPÍTULO 4 49
BIOMACROMOLÉCULAS E CITOQUÍMICA
Água 49
Açúcares 50
Lipídios 50
Proteínas 51
Ácidos nucléicos 52
Evidenciação das biomacromoléculas - citoquímica 53

CAPÍTULO 5 61
BIOMEMBRANAS
Constituição química 61
Junções celulares 64
Especializações de membrana 65

CAPÍTULO 6 71
TRANSPORTE VIA BIOMEMBRANAS
Transporte em pequena quantidade 72
Transporte em grande quantidade 73
Osmose 74

CAPÍTULO 7 83
CITOPLASMA
Inclusões e vesículas 83
Citoesqueleto 84
Microfilamentos de actina 85
Filamentos Intermediários 86
Microtúbulos 87

CAPÍTULO 8 95
SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS
Retículo endoplasmático 95
Complexo de Golgi 97
Lisossomos 99
Características gerais do processo de tradução 100

CAPÍTULO 9 105
ASPECTOS GERAIS DO NÚCLEO
Número, forma e localização do núcleo 105
Constituição 107
Envoltório Nuclear 107
Nucléolo 109
Material genético da célula 110
Cromossomos metafásicos 112
Cromossomos gigantes 114
CAPÍTULO 10 119
CICLO CELULAR MITÓTICO E MEIOSE
Intérfase 119
Mitose 120
Meiose 122

CAPÍTULO 11 131
ORGANELAS E O METABOLISMO ENERGÉTICO DA CÉLULA
Mitocôndria 131
Cloroplastos 133
Peroxissomo 135
Produção de energia na mitocôndria 136
Respiração Aeróbica 137
Ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos) 138
Fosforilação oxidativa 138
Produção de energia no cloroplasto 139
Fase clara ou fotoquímica - reações fotodependentes 140
Reações fotoindependentes (química ou fase escura ou ciclo de Calvin-Benson) 141
Resumo da fotossíntese 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144
ÍNDICE REMISSIVO 145
CRÉDITOS DAS FIGURAS 147
Quero agradecer a todos os professores que se fizeram presentes na
minha vida, desde a professora Vera, do Jardim da Infância em
Guarapari, até minha orientadora de doutorado, Silvia Pompolo.
Também agradeço a todos os alunos que me ajudaram nessa feliz
caminhada da docência e me inspiraram para a realização desse livro.
Marla Piumbini Rocha
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

APRESENTAÇÃO

Esse material didático apresenta rotei- (FREIRE, 2008).


ros de atividades práticas em biologia celu- O primeiro capítulo faz uma abordagem
lar. Ele surgiu em resposta às necessidades geral sobre as células, os demais capítulos
de professores e discentes da disciplina de trazem uma breve revisão teórica do con-
Biologia Celular da Universidade Federal de teúdo seguida por propostas de atividades
Pelotas (UFPEL). Em 2010 Rocha e Silveira práticas. Essas propostas foram baseadas
fizeram um estudo sobre o ensino desse em diferentes livros de biologia celular,
conteúdo para os cursos de Licenciatura cadernos de exercícios de Universidades
e Bacharelado em Ciências Biológicas da brasileiras, livros do ensino médio e pela
UFPEL, os autores discutiram que devido experiência vivenciada na área. O principal
à dificuldade no aprendizado de biologia foco desse roteiro é a atividade prática e não
celular seria necessário desenvolver um o conteúdo teórico em si, por essa razão é
processo ensino/aprendizagem dinâmico imprescindível a leitura de livros de biologia
e interativo. As aulas práticas vêm ao en- celular.
contro dessa necessidade, pois possibilitam Outra forma para tornar o processo
a oportunidade dos discentes exercitarem ensino/aprendizagem dinâmico é o uso de
novos conhecimentos e entenderem teorias imagens, pois elas transmitem o conheci-
que somente em aulas expositivas se dis- mento com uma velocidade maior que a lin-
tanciam de sua realidade. Reginaldo e cola- guagem escrita e são mais facilmente lem-
boradores (2012) discutem que, a realização bradas (MARTINS et al, 2005; PIOVESANI,
de experimentos representa uma excelente 2012). No roteiro são apresentadas foto-
ferramenta para que o discente faça a expe- micrografias obtidas a partir do laminário
rimentação do conteúdo e, possa estabele- de Histologia e Biologia Celular da UFPEL,
cer a dinâmica e indissociável relação entre imagens de microscopia eletrônica obtidas
teoria e prática. Larrosa (2002) afirma que na UFV (Universidade Federal de Viçosa) e
“aprender não significa adquirir e processar esquemas elaborados sobre modelos es-
informação, é necessário experienciar para boçados por discente da UFPEL. As ima-
conhecer”. gens também permitem que os estudantes
As atividades práticas bem trabalhadas continuarem seus estudos mesmo fora do
possibilitam exercitar a capacidade dos alu- Laboratório de aulas práticas.
nos de analisarem problemas, levantarem O modelo de célula mais utilizado nes-
hipóteses e comprovarem suas hipóteses se roteiro foi a animal, tanto nas imagens
rejeitando-as ou aceitando-as. Enquanto ao quanto nos exercícios. Isso se deve ao fato
docente, ao invés de levar somente a trans- que geralmente as células vegetais e as
missão de informação tradicional, possibili- procariotas são tratadas com mais detalhes
ta levar conhecimento científico propiciando em outras disciplinas.
aos alunos testarem e aprimorarem seus Esperamos que esse livro desperte ain-
conhecimentos, pois “o trabalho do profes- da mais o interesse de nossos discentes por
sor é o trabalho do professor com os alu- essa área tão complexa e fascinante.
nos e não do professor consigo mesmo”
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 1
Características gerais das células

Todos os seres vivos são compostos por Histórico


células, que são as unidades funcionais dos
seres vivos. Portanto, para compreender as O termo célula foi utilizado pela pri-
funções básicas da vida, como a respiração, meira vez em 1665 por Robert Hooke para
nutrição, crescimento, reprodução é funda- designar ‘pequenas caixas’ observadas em
mental conhecer as células. cortes de uma árvore, a corticeira (Erythrina
Esse estudo não pode ser feito consi- sp.) (Figura 1).
derando a célula como uma unidade inde- Hooke deu este nome porque elas pa-
pendente, é importante considerar todas reciam com as celas habitadas por monges
as relações existentes. Como por exemplo, nos monastérios. Na verdade, o material
as células formando os tecidos, estes for- observado não apresentava células vivas,
mando os órgãos, que formam os sistemas, apenas espaços rodeados por parede celu-
que formam os organismos e ainda deve-se lar.
considerar a relação dos organismos com o Do século XVII até o XX, o avanço tec-
ambiente que os cerca. nológico permitiu um aprimoramento dos
equipamentos ópticos e das metodologias
1 de estudos das células. Devido a esse pro-
gresso, Schleiden em 1838, um advogado
que se tornou botânico (Alemão), e Schwann
em 1839, um zoólogo (Alemão), desenvolve-
ram a Teoria Celular. Esta teoria inferiu que
todos os seres vivos são compostos de uma
ou mais células e que ela é a unidade estru-
tural da vida. Contudo essa teoria apresen-
tou uma ‘falha’, pois os autores considera-
ram que as células poderiam ser geradas a
partir de materiais não celulares. Virchow,
médico, antropólogo e político polonês, em
1855 postulou o terceiro princípio da teoria
celular, que as células originam-se exclusi-
vamente por divisão de uma célula pré-exis-
tente: ele escreveu: ‘A célula é a última e ir-
redutível forma de todo elemento vivo, e......
Figura 1 – Árvore dela emanam todas as atividades da vida,
corticeira tanto na saúde como na doença’. Virchow
também iniciou a histologia, desenvolvendo
14 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

a classificação básica para os tecidos ani-


mais. Em 1860, Louis Pasteur confirmou 2
a afirmação de Virchow, comprovando que
organismos vivos não surgem espontanea-
Plasmídio
mente. Nucleóide

Tipos de células Ribossomo

Flagelo de
Membrana procarioto
Existem dois grandes grupos de célu- plasmática
las: procariota e eucariota. Uma diferença
entre elas se refere à complexidade estrutu- Parede
celular
ral. Enquanto nas células procariotas existe
apenas uma membrana que envolve o cito-
plasma (Figura 2), nas células eucariotas
Figura 2 – Célula
existe um sistema de endomembranas que procariota.
forma as organelas (Figura 3).

Vacúolo
Cloroplasto

Retículo endoplasmático rugoso

Mitocôndria
Retículo endoplasmático liso

Membrana plasmática

Parede celular
Complexo de Golgi

Figura 3 – Célula
eucariota vegetal.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 15

As principais diferenças entre procariotos e eucariotos estão apresentadas na Tabela 1.

CARACTERÍSTICAS PROCARIOTOS EUCARIOTOS

Ocorrência Reino Monera – Reino Protista – unicelulares de vida livre ou


Bactérias, incluindo as coloniais
cianofíceas Reino Fungi – todos os fungos
Reino Plantae – algas clorofíceas e vegetais
superiores
Reino Animalia – animais

DNA Menor quantidade Maior quantidade


Ausência de histonas Associado a histonas,
Geralmente circular Geralmente linear
Não Compartimentalizado (envoltório nuclear)
compartimentalizado Localizado no núcleo
Denominado de
nucleóide

Membranas Só existe a membrana Riqueza de membranas (sistema de


externa (membrana endomembranas)
plasmática)

Parede Celular Presente na maioria Presente em alguns organismos (Plantae)

Divisão Por fissão Pelos processos de mitose e meiose

Fuso mitótico Ausente Presente

Endocitose Não realizam Realizam

Citoesqueleto Ausente Presente

Complexos cílios e Ausentes Alguns possuem


flagelos

Tabela 1 – Comparação entre Ribossomos Livres no citoplasma Livres no citoplasma e/ou aderidos ao Retículo
eucariotos e procariotos Endoplasmático e à membrana externa do
envoltório nuclear

Os organismos procariotos são unicelu- e são interdependentes, atuando de modo


lares, podendo fazer fotossíntese (autotrófi- harmônico na execução de determinadas
cos) ou não (heterotróficos). Da mesma for- funções. Para formar um tecido é neces-
ma, os eucariotos podem ser autotróficos ou sário que as células se apresentem ligadas
heterotróficos. Porém diferentemente dos entre si por uma matriz extracelular, por
procariotos, os eucariotos podem ser unice- adesões entre as suas membranas ou por
lulares ou multicelulares podendo organizar pontes citoplasmáticas.
tecidos ou não (Figura 4). Considera-se te- Para exemplificar essa diversidade é
cido um conjunto de células que interagem apresentado o diagrama a seguir.
16 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

4 PROCARIOTO

UNICELULAR

AUTOTRÓFICO HETEROTRÓFICO
Ex.: Cianobactérias Ex.: Bactérias

EUCARIOTO

UNICELULAR MULTICELULAR

AUTOTRÓFICO HETEROTRÓFICO Sem tecidos Com tecidos


Ex.: Algas Ex.: Protozoários

Figura 4 – Diagrama da
AUTOTRÓFICO HETEROTRÓFICO AUTOTRÓFICO HETEROTRÓFICO
Ex.: Algas Ex.: Esponjas Ex.: Plantas Ex.: Animais
diversidade de seres
Fungos vivos conforme as
características celulares.

As células eucariotas

Organelas e citosol 5
As células eucariotas apresentam di-
versas organelas, sendo que cada uma
exerce funções específicas, gerando um
produto que poderá ser utilizado por uma
segunda organela e assim sucessivamente. Figura 5 – Esfregaço
Vamos começar pela maior organela da cé- sanguíneo mostrando
um monócito (seta) e
lula animal, o núcleo.
hemácias (asterisco).
O núcleo é facilmente visto no micros- Escala: 5µm
cópio óptico, por exemplo, na figura 5 pode-
se observar o núcleo de um monócito (seta) 6 EN
com formato de rim (reniforme). No esque-
ma da figura 6 observa-se que esta orga-
nela é delimitada pelo envoltório nuclear, Nu P
composto por duas membranas e apresenta CN Figura 6 – Núcleo-
poros nucleares por toda a sua extensão. No envoltório nuclear
(EN), poros nucleares
interior do núcleo se encontra o nucléolo, a
(seta), nucléolo (Nu),
cromatina e o nucleoplasma. nucleoplasma (CN) com a
cromatina dispersa.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 17

É importante ressaltar que nem todas Ambos os retículos se distinguem quí-


as células animais adultas têm núcleo; por mica e funcionalmente, além disso, o RER
exemplo, a hemácia humana é anucleada possui ribossomos aderidos a sua face ex-
(Figura 5, asterisco). Por outro lado, algu- terna. O retículo endoplasmático rugoso é
mas células possuem centenas de núcleos responsável por parte do processo de tra-
(exemplo: célula muscular estriada esque- dução e do processamento de proteínas.
lética). Enquanto o retículo endoplasmático liso
Existe uma organela que é contínua tem como função a metabolização e desin-
com a membrana externa do envoltório toxicação de compostos químicos; a síntese
nuclear, o retículo endoplasmático. Ele é o de lipídios, além de ser um reservatório de
mais extenso sistema de membranas das cálcio. As proteínas produzidas no retículo
células, formado por uma rede de vesículas endoplasmático são encaminhadas ao com-
achatadas e interconectadas, podendo ser plexo de Golgi, para finalizar sua constru-
de dois tipos, o rugoso (RER), quando asso- ção, assim como os lipídios.
ciado a ribossomos e o liso (REL), quando No corpo do neurônio, é possível identi-
não está associado a ribossomos (Figura 7). ficar pontos escuros dentro do seu citoplas-
ma que correspondem ao acúmulo de RER e
ribossomos, denominado de corpúsculos de
7 Nissl (Figura 8).
RER O complexo de Golgi é formado por ve-
sículas achatadas (cisternas) e esféricas. As
cisternas estão dispostas de maneira orga-
nizada: cisterna cis (voltada para o RER),
REL cisternas médias, cisternas trans (voltadas
Figura 7 – Retículo para a membrana plasmática) (Figura 9).
endoplasmático
Uma das suas funções é o processa-
rugoso (RER) e retículo
endoplasmático liso (REL). mento e encaminhamento das proteínas e
lipídios vindos do retículo endoplasmático.
Dentre os processamentos estão a glicosila-

8 9 10

Figura 8 – Neurônio com


corpúsculo de Nissl.
Escala: 5µm
CT CM CC

Figura 9 – Complexo de
Golgi – Cisterna Cis (CC),
Cisterna Média (CM) e
Cisterna Trans (CT).

Figura 10 – Lisossomo.
18 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

ção, sulfatação e fosforilação. No complexo pigmentos, como a clorofila. Estas organe-


de Golgi também ocorre a síntese de polis- las são facilmente observadas ao micros-
sacarídeos (hemicelulose, pectina, glicosa- cópio óptico devido ao seu tamanho e por
minoglicana). apresentarem pigmentos (Figura 12).
Os lisossomos (Figura 10) são sacos Assim como as mitocôndrias, os cloro-
membranosos que contém no seu interior plastos são formados por duas membranas
diferentes tipos de enzimas (proteases, nu- (externa e interna), possuem DNA circular
cleases, lípases) que quebram compostos e estroma. Porém no seu interior, mergu-
grandes em pequenas moléculas. lhado no estroma, encontra-se um sistema
Os lisossomos também são responsá- de membranas, os tilacóides. Além dos clo-
veis pela reciclagem de organelas velhas e roplastos, existem outros tipos de plastos,
digestão de microrganismos. Outra caracte- com outras funções (Figura 13).
rística dessa organela é o seu pH, que é me- Os peroxissomos são formados por ve-
nor que o pH do citoplasma, essa condição sículas esféricas ou alongadas, possuem
é importante para as enzimas realizarem uma membrana e na sua matriz estão as
suas atividades. enzimas necessárias para sua atividade.
Para que as organelas exerçam suas Atuam em conjunto com as mitocôndrias,
funções é fundamental a presença de ener- quebrando cadeias longas de ácidos graxos
gia, a principal molécula de energia da cé- em cadeias curtas, que podem ser forneci-
lula é o ATP (Adenosina Trifosfato). Parte da das para as mitocôndrias produzirem ener-
produção de energia nos eucariotos ocorre gia, ou serem excretadas, ou servir como in-
nas mitocôndrias. Elas podem ser alon- termediários na síntese de lipídios. Também
gadas ou esféricas, são envoltas por duas fazem a quebra do peróxido de hidrogênio
membranas (externa e interna) e possuem em água e oxigênio.
no seu interior DNA circular, ribossomos e Tanto os metabólitos vindos do exterior
uma matriz (Figura 11). da célula quanto os produtos das reações
Nas células vegetais, além das organe- celulares e as próprias organelas seguem
las citadas existem os cloroplastos. Eles são rotas dentro da célula. Para esses proces-
responsáveis pela formação de compostos sos ocorrerem é necessária uma organiza-
orgânicos, convertendo energia luminosa ção estrutural da célula, que é proporcio-
em energia química, graças à presença de nada pelo citoesqueleto. Este oferece vias

Figura 11 – Mitocôndria –
11 12 13 membrana externa (ME),
membrana interna (MI),
DNA e ribossomos (RB).
RB DNA
DNA Figura 12 – Célula
vegetal sem coloração
RB evidenciando os
MI
ME cloroplastos. Escala: 10µm
T ME
MI Figura 13 – Cloroplasto –
Membrana externa (ME),
Membrana Interna (MI),
Tilacóides (T), DNA e
Ribossomos (RB).
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 19

para os movimentos das organelas e para o são celular, com a participação do centríolo
direcionamento do tráfego de vesículas en- (Figura 14).
tre elas. Também é importante para a divi- O citoesqueleto é formado por vários
elementos, entre eles os microtúbulos, fi-
lamentos intermediários e microfilamentos
14 de actina.

Diferenças entre células animais e


vegetais

As células eucariotas podem variar em


relação aos tipos de organelas e estruturas
que apresentam. Como exemplo, veremos
Figura 14 – Centríolo. no quadro abaixo diferenças entre as células
vegetais e animais (Tabela 2).

CARACTERÍSTICAS VEGETAIS ANIMAIS

Matriz extracelular Tipo especializado (parede celular), rígida Presente, não rígida

Parece celular Presente Ausente

Plastos Leucoplastos (amiloplastos, oleoplastos, Ausente


proteoplastos) e Cromoplastos
(cloroplastos)

Vacúolos Grandes (5 a 95% do volume celular) Pequenos


Armazenam nutrientes, metabólitos,
catabólitos, ou substâncias específicas
Turgência celular

Centríolos Ausentes Presentes

Microtúbulos Orientam a direção das fibrilas de Várias funções (vide


celulose citoesqueleto)

Polissacarídeos de Amido Glicogênio


reserva

Conexões Plasmodesmas Junções comunicantes


intercelulares

Fotossíntese Realizam Não realizam

Transporte Ciclose (corrente citoplasmática Realizado pelo citoesqueleto e


intracitoplasmático produzida pela actina e miosina) proteínas motoras

Tabela 2 – Comparação Desdiferenciação Presente Baixa


entre células animais e
vegetais Citocinese Formação do fragmoplasto (vesículas do Estrangulamento do citoplasma
Golgi) pelo citoesqueleto
20 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

A quantidade de citoplasma e de orga- 15


nelas também varia entre os tipos celula-
res, pois depende da função da célula. Por
exemplo, comparando proporcionalmente o
tamanho da célula e a quantidade de cito-
plasma, veremos que um linfócito apresenta
menor quantidade de citoplasma compara-
do a um plasmócito (Figura 15).
No nosso corpo existe um tipo celular Figura 15 – Comparação
que não apresenta organelas, as células entre quantidade de
do cristalino (Figura 16). Quando essas cé- citoplasma do linfócito
lulas são jovens, elas possuem organelas, (seta) e o plasmócito
(cabeça de seta). Escala:
contudo, estas são destruídas no início do 5µm
desenvolvimento. O que permanece no ci-
toplasma são as proteínas cristalinas, que
se apresentam organizadas regularmente. 16
A ausência de organelas é vantajosa para
as células do cristalino, pois a sua presença
dispersaria a luz para a formação da ima-
gem. Por outro lado, a desvantagem é que
essas células não conseguem se regenerar Figura 16 – Olho, C indica
quando ocorre algum problema. o cristalino. Escala:
100µm
Formas, tamanho e cor

As células eucariotas podem apresen- ralmente a forma da célula está relacionada


tar diversas formas, que dependem prin- com a sua função, por exemplo, um neurô-
cipalmente da organização do seu citoes- nio apresenta longos prolongamentos, pois
queleto. Outros fatores são importantes sua função é transmitir informação a longa
como a tensão superficial, a viscosidade do distância.
protoplasma, a ação mecânica que exercem A maioria das células animais apresen-
células contíguas e a rigidez da membrana ta forma fixa, sendo que para algumas a sua
plasmática. É importante observar que ge- forma é regular, como por exemplo, a célula

17
Figura 17 – Comparação
entre as formas das
células: A) célula cúbica
(cabeça de seta) e célula
pavimentosa (seta) do
rim; B) Célula prismática
da vesícula biliar (seta);
C) Célula com formato
irregular do linfonodo
(seta). Escala: 10µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 21

cúbica (Figura 17 A), a pavimentosa (Figura Algumas células modificam seu forma-
17A) presentes no rim e a célula cilíndrica to durante o seu tempo de vida, como por
da vesícula biliar (Figura 17 B). No entanto, exemplo, as células epiteliais do esôfago.
outras células apresentam forma irregular, Na camada basal as células são altas, à me-
como a célula reticular que é rica em pro- dida que elas vão se diferenciando, tornam-
longamentos citoplasmáticos (Figura 17 C). se achatadas ou pavimentosas (Figura 18).
Algumas células não apresentam um
formato permanente pelo fato de exercerem
movimentos, como por exemplo, os monó-
18
citos e outras células de defesa. Eles são
produzidos na medula óssea, transportados
pela circulação sanguínea, atravessam por
diapedese os vasos e alcançam os tecidos,
onde se diferenciam em macrófagos (Figura
19).
É importante ressaltar que, apesar das
células dos organismos sexuados serem tão
diferentes entre si, todas têm origem a par-
tir de uma única célula, o zigoto. Isso signifi-
Figura 18 – Epitélio do
esôfago evidenciando
ca que possuem o mesmo material genético
as diferentes formas em seu núcleo. As diferenças estruturais e
das células conforme o funcionais ocorrem devido à expressão gê-
estágio de diferenciação. nica diferenciada entre as células.
Escala: 10µm
Outra característica das células é quan-
to ao seu tamanho, a maioria das células
não é visível a olho nu, a menor dimensão
19
possível de ser enxergada com vista desar-
mada é de 200 µm e as células têm cerca de
5 a 20 µm. Contudo, algumas células alcan-
çam dimensões maiores, como por exem-
Figura 19 – Macrófago. plo, alguns óvulos de aves e de anfíbios (1
Escala: 5µm mm).
Além da questão do tamanho, outro fa-
tor que dificulta a visualização das células
20 é a cor. É difícil diferenciar a célula do meio
que a contém, pois a maioria não possui pig-
mentos e os componentes celulares apre-
sentam índices de refração próximos entre
Figura 20 – Célula da si (Figura 20).
mucosa oral sem corar e
analisada em microscopia
óptica. Escala: 5µm
22 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

Vida e morte da célula 21


Tanto os seres unicelulares quanto os
multicelulares realizam processos de mul-
tiplicação celular. Nos unicelulares a divisão
celular permite a multiplicação dos orga-
nismos, já para alguns multicelulares, pode
haver dois tipos de divisão, a meiose que
ocorre exclusivamente nas células gaméti-
cas dos organismos sexuados (Figura 21 A)
e a mitose que ocorre com as células somá-
ticas (Figura 21 B), bem como na ovogônia e Figura 21 – Células que
espermatogônia. apoptose, sendo esta última também cha- apresentam diferentes
tipos de divisão: Ovócito
Quando o ovócito é fecundado ocorre a mada de morte celular programada. (A) e células da raiz da
formação do zigoto e se inicia um processo No processo de apoptose, o DNA é des- cebola (Allium cepa) (B).
de multiplicação celular por divisões mi- truído, as mitocôndrias param de funcionar Escala: 10µm
tóticas. Após algumas divisões é formado e são formados corpos apoptóticos, que são
o blastocisto, nessa fase, todas as células pequenas vesículas que se formam como
são totipotentes e denominadas de ‘célu- parte do citoplasma da célula. Já na ne-
las tronco embrionárias’. Essas células têm crose as membranas celulares perdem sua
capacidade de formar qualquer outro tipo integridade, ocorrendo extravasamento de
celular, inclusive células dos anexos em- substâncias contidas nas células.
brionários.
À medida que essas células vão se di- Origem e evolução das células
ferenciando, formam as células pluripoten-
tes, que também têm capacidade de formar A vida no planeta Terra teve origem
todos os tipos celulares, exceto em células há aproximadamente 4 bilhões de anos.
dos anexos embrionários. Conforme segue Segundo a Hipótese da evolução gradual
o processo de diferenciação são geradas as dos sistemas químicos - Hipótese de Oparin
células adultas especializadas e com isso e Haldane, há 4 bilhões de anos atrás a su-
diminuindo a capacidade de sofrer mitose. perfície era coberta por grande quantidade
O tempo de vida de uma célula pode de água e era rica em vapor de água, dióxido
variar de horas a anos, dependendo do tipo de carbono, metano, amônia e hidrogênio. A
celular. Por exemplo, as células do sangue temperatura era bem mais alta que a atual,
como as hemácias têm um tempo de vida havia muitos raios ultravioletas e descargas
em média de 120 dias, enquanto um neurô- elétricas, além da ausência de oxigênio.
nio pode durar o tempo de vida da pessoa, As descargas elétricas e as radiações for-
90 anos, por exemplo. neceram energia para que algumas molé-
Cerca de 90% das moléculas que consti- culas se unissem formando as primeiras
tuem nosso corpo são substituídas em torno moléculas orgânicas e a chuva levava essas
de seis meses. Contudo, com o passar dos moléculas da atmosfera para os mares pri-
anos, essa capacidade diminui e as células mitivos. Esse evento é chamado de síntese
podem morrer. A morte celular pode ocorrer pré-biótica.
através de dois mecanismos, a necrose ou a Um passo muito importante na origem
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 23

da vida foi a formação de moléculas com ca- ginaram-se as primeiras células vivas, que
pacidade de criar cópias de si mesma, pro- foram semelhantes aos atuais procariotos
vavelmente moléculas semelhantes ao RNA heterotróficos anaeróbicos.
(replicadores). Porém a replicação desse A partir do aparecimento de pigmentos
tipo de molécula nem sempre era fiel, o que semelhantes à clorofila, que são capazes
levou a evolução das moléculas e conse- de transformar energia solar em energia
quentemente a variabilidade. Acredita que a química, surgiram as células autotróficas.
molécula de DNA surgiu a partir da polime- Desse evento dependeu a manutenção da
rização de nucleotídeos sobre um molde de vida na terra, pois o estoque de compostos
RNA. Esse DNA, assim como o RNA deter- de carbonos, utilizados pelas células ances-
minavam a estrutura das proteínas, assim trais como alimento, era limitado. O oxigê-
como ocorre atualmente. nio liberado formou a camada de ozônio que
As condições na Terra não favoreciam protegeu a terra da radiação ultravioleta e
a perpetuação dos replicadores e eles só permitiu a evolução de células aeróbicas. Os
conseguiram se manter nesse ambiente seres anaeróbicos ficaram então restritos
inóspito porque houve o desenvolvimento aos ambientes sem oxigênio.
de um revestimento protetor, a membrana Os eucariotos evoluíram de procariotos
plasmática. Atualmente poderíamos con- a partir de invaginações da membrana plas-
siderar o RNA como os replicadores e a mática, formando algumas organelas, como
membrana como a sua máquina de sobre- o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso
vivência. Considera-se que nesse ponto ori- e o complexo de golgi (Figura 22).

22

Figura 22 – Origem das


células eucariotas por
invaginação da membrana
plasmática.
24 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Características gerais das células

Figura 23 – Localização
das faces da membrana
plasmática durante a
invaginação.
23

Uma das evidências desse processo é qual algumas bactérias foram fagocitadas
que a face externa da membrana das orga- por células pré-eucariotas e estabeleceram
nelas, que está em contato com o citosol, um relacionamento mutuamente benéfico
é semelhante à face interna da membrana e irreversível. A mitocôndria foi originada a
plasmática e a face interna da membrana partir da simbiose de um organismo pro-
das organelas é semelhante à parte externa carioto heterotrófico aeróbico com um pré
da membrana plasmática (Figura 23). -eucarioto, enquanto o cloroplasto originou
A origem da mitocôndria e cloroplas- a partir de procarioto autotrófico com um
to foi proposta por Lynn Margulis (1960). pré-eucarioto. Em ambos os casos poste-
Segundo a hipótese simbiótica, a mitocôn- riormente ocorreu uma dependência mútua
dria e cloroplasto surgiram a partir de um (Figura 24).
processo chamado de endosimbiose, no

24

Figura 24 – Origem da
mitocôndria.

Essa hipótese tem embasamento em tica bacteriana e a membrana externa é se-


algumas evidências, como por exemplo, o melhante à membrana plasmática de euca-
DNA da mitocôndria e do cloroplasto é cir- rioto. Além disso, essas organelas possuem
cular, semelhante ao bacteriano e diferente ribossomos próprios, que são semelhantes
do DNA nuclear, que é linear. Outra evidên- aos ribossomos das bactérias e diferentes
cia está na composição das membranas, a dos ribossomos do citoplasma da célula eu-
interna é semelhante à membrana plasmá- cariota.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Características gerais das células 25

As explicações acima se referem à ori- las somáticas e reprodutoras.


gem do primeiro ser vivo, que era unicelular. Existe também o exemplo de um pro-
A partir dos seres unicelulares ocorreu a tozoário unicelular, o Dictyostelium discoi-
evolução até a formação dos multicelulares. deum. Quando há presença de nutrientes
É importante ressaltar que os organismos no ambiente, esses organismos apresen-
unicelulares exercem todas as funções vi- tam-se isolados. Contudo na ausência de
tais para a sua sobrevivência e perpetuação, nutrientes, cerca de 100.000 protozoários
já nos organismos multicelulares existe a se unem e as células podem exercem dife-
diferenciação estrutural e funcional entre rentes funções. Com essa estratégia, esses
suas células. organismos são capazes de sobreviver por
Existem também aqueles organismos dezenas de anos sem nutrientes.
intermediários, que são unicelulares, mas A diferença básica entre os organis-
vivem em colônias. Como é o caso das algas mos unicelulares que vivem em colônia e os
unicelulares Chlamydomonas, as células fi- multicelulares é que estes são ligados entre
cam ligadas apenas por filamentos citoplas- si por uma matriz extracelular e adesões
máticos. Nas algas do gênero Pandorina, entre membranas. Provavelmente este foi
várias células ficam envoltas numa massa o caminho evolutivo: seres unicelulares se
coloidal e a colônia de Volvox chega a apre- reuniram em colônias e originaram os plu-
sentar mais de 1000 células biflageladas, ricelulares.
que apresentam divisão de trabalho - célu-
0
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 2
Técnicas de microscopias para estudo das
células

Algumas células são vistas a olho nu, boa imagem, além do aumento é necessária
como por exemplo, a Acetabularia, uma a nitidez da imagem, ou seja, a capacidade
alga unicelular marinha que pode chegar de observar estruturas muito pequenas e
até 12 cm de comprimento, porém a maioria individualizadas. A olho nu é possível ob-
das células é de tamanho muito reduzido (5 servar estruturas individualizadas se elas
a 20 μm). O tamanho mínimo, que pode ser tiverem no mínimo 100 μm de distância e no
observado a olho nu, é de 200 μm e o olho microscópio de luz a 0,2 μm.
humano só consegue discriminar dois pon- Tanto o aumento de imagem quanto a
tos separados por mais de 100 μm, por isso, nitidez são fornecidos pelo conjunto de len-
para observar as células e suas estruturas tes, a ocular, objetiva e condensador. Além
internas é necessário utilizar um equipa- da parte óptica, o microscópio possui vários
mento que forneça aumento e ao mesmo componentes responsáveis pelo suporte
tempo nitidez da imagem. mecânico e iluminação. Os principais cons-
O microscópio, do grego mikro (peque- tituintes dos microscópios são:
no) e skopein (ver) foi construído no fim do
• Pé ou base – sustenta todas as demais
século XVI. O primeiro microscópio a ser peças;
desenvolvido foi o microscópio óptico, atual-
mente existem diversos tipos e com diferen- • Braço – liga a base à parte superior do
microscópio;
tes funções, mas todos têm como objetivo o
aumento e nitidez de imagem. Com o avan- • Platina ou Mesa – recebe o material (lâ-
ço das tecnologias e o aprimoramento dos mina) para a análise. Ela possui o charriot,
microscópios foi possível conhecer novos que permite o deslocamento da lâmina, e
detalhes da estrutura celular. uma pinça, que serve para prender a lâ-
mina;
Microscopia de luz ou óptica • Cabeçote – suporta os tubos onde se lo-
calizam as oculares, escala de ajuste de
O microscópio óptico é o mais utiliza- dioptrias e da distância interpupilar;
do nas técnicas rotineiras de laboratório. A • Revólver – suporta as lentes objetivas;
maioria dos microscópios ópticos fornece
um aumento máximo de 1.000 vezes e atra- • Macrométrico – permite grandes avan-
ços ou recuos da platina em relação às
vés dele é possível observar estruturas de
objetivas;
até 100 nm. As medidas mais utilizadas na
microscopia é o micrômetro (μm) que cor- • Micrométrico - permite pequenos avan-
responde a 1 mm/1000 e o nanômetro (nm), ços ou recuos da platina em relação às
que corresponde a 1μm/1000. objetivas;
É importante ressaltar que para uma • Oculares – lentes que fornecem aumen-
28 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Técnicas de microscopias para estudo das células

to; com o aumento de 400X, o campo será de


• Objetivas - lentes que fornecem aumen- 375 μm e com o aumento de 1000X o campo
to e resolução da imagem estão presas no será de 150 μm. Por isso, antes de iniciar a
revólver. Geralmente os microscópios ópti- análise da lâmina é necessário centralizar o
cos apresentam objetivas com aumentos material no campo de observação.
de 4X, 10X, 20X, 40X e 100X; O poder de resolução de um microscó-
• Condensador – lentes que concentram e pio é a capacidade deste em fornecer ima-
tornam paralelo o feixe luminoso; gens nítidas. Ele é inferido de uma forma
indireta, tendo como base o limite de reso-
• Diafragma – controla a entrada de luz
lução. Quanto menor o limite de resolução
para o condensador;
de um microscópio, maior o seu poder de
• Filtro – converte a luz de halogênio em resolução. O limite de resolução correspon-
luz branca; de à menor distância que deve existir entre
• Fonte de luz – lâmpada halógena; dois pontos, de modo que ainda apareçam
individualizados na imagem formada pelo
• Seletor de intensidade luminosa – regula
sistema de lentes. Ele é calculado pela se-
a intensidade da luz;
guinte fórmula:

Explicação dos dados de uma objetiva


de 100X: LR = K.λ / AN
K = 0,61 (constante)
- 100 (aumento de 100 vezes) λ = comprimento de onda (luz ou feixe
de elétrons)
- 1.25 (abertura numérica)
luz branca = 550 nm ou 0,55 mm
- 0.17 (espessura máxima da lamínula
- que pode ser utilizada) AN = n.senα (abertura numérica da
objetiva). Este valor está na objetiva.
- oil (deve utilizar óleo de imersão).
n = índice de refração do material que
está entre a lamínula e a objetiva
Ar : 1, óleo de imersão: 1,52
Funcionamento básico do microscópio α = metade do ângulo de abertura da
óptico objetiva

A imagem formada pelo microscópio O valor da AN depende do índice de re-


óptico é maior e invertida em relação ao fração do material que está entre a lâmina
objeto. O aumento final da imagem é resul- e a objetiva. Para todas a objetiva o material
tado do produto dos aumentos da objetiva é o ar, apenas para a objetiva de 100X o ma-
e da ocular. Geralmente a ocular tem um terial deve ser o óleo de imersão. O fato do
aumento de 10X e o aumento das objetivas valor do índice de refração do óleo (1,52) ser
varia. Podendo ser de 4X, 10X, 40X e 100X, maior que do ar (1,0), permite uma maior
proporcionando aumentos de 40X, 100X, nitidez do material na objetiva de 100X, pois
400X e 1.000X, respectivamente. quanto maior o índice de refração, maior a
Quanto maior o aumento, menor será AN, menor o limite de resolução e quanto
a abrangência da área observada na lâmina menor o limite de resolução, menor pode
(Figura 1), por exemplo: com o aumento de ser a distância entre dois pontos para que
100X o campo observado será de 1.500 μm, eles apareçam individualizados.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Técnicas de microscopias para estudo das células 29

Figura 1 – Imagens da
medula espinhal com
diferentes aumentos. A)
Objetiva de 4X, Escala: 100
µm; B) Objetiva de 10X,
Escala: 50 µm; C) Objetiva
de 40X, Escala: 10 µm e D)
Objetiva de 100X. Escala:
5 µm

Microscopia de contraste de fase sui um sistema de anéis metálicos, coloca-


dos no condensador e nas objetivas, esse
Para estudar mais facilmente as célu- sistema produz imagens visíveis de objetos
las e os tecidos é necessário que haja um transparentes. O sistema de anéis modifica
contraste de cor entre elas e o meio que as a velocidade que a luz atravessa o material e
envolve. Esse contraste é gerado pela ab- essa diferença de velocidade é utilizada para
sorção ou refração dos raios de luz ao in- fazer com que as estruturas pareçam mais
teragirem com as células, contudo elas são claras ou mais escuras, pois quanto maior a
formadas por átomos de baixo peso mole- densidade da estrutura, menor a velocidade
cular, que não oferecem grandes contras- da luz ao atravessar e consequentemente
tes. Para obter esse contraste é necessário menor a refração.
corar as células. Contudo existe um tipo de Essa microscopia é utilizada para ob-
microscópio, microscópio de contraste de servação de células em cultura, esfregaços
fase, que permite observar as células e te- vaginais, sangue, bactérias, algas, proto-
cidos sem coloração e até mesmo observar zoários, conteúdo estomacal de animais,
as células vivas. materiais cerâmicos e outros produtos sin-
O microscópio de contraste de fase pos- téticos.
30 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Técnicas de microscopias para estudo das células

Microscopia de fluorescência 2
A fluorescência é a capacidade de algu-
mas substâncias em emitir luz visível ao ser Figura 2 – FISH com
irradiada por luz invisível ao olho humano. sonda para rDNA em
Alguns componentes celulares são natural- cromossomos de abelha
Melipona bicolor. Escala:
mente fluorescentes como a clorofila, ligni- 5µm
na, elastina, colágeno, entre outros. Porém,
outros componentes que não sejam fluores-
centes podem se ligar a corantes fluores-
centes (fluorocromos) e assim serem detec- maior aumento, este microscópio tem me-
tados na microscopia de fluorescência. lhor definição de imagem que o microscópio
O microscópio de fluorescência possui óptico, pois apresenta um menor limite de
lâmpada de mercúrio que transmite luz de resolução por utilizar feixes de elétrons (λ:
comprimentos pequenos. Também possui 0,005mm) no lugar de feixes de luz da mi-
dois filtros: um de excitação e um de barra- croscopia óptica (λ: 0,55 mm). O limite de
gem. O de excitação seleciona os fótons de resolução a olho nu é de 100 μm, do micros-
comprimento determinado, esses atingem cópico óptico é de 0,2 μm e do microscópio
o objeto, que emite uma luz fluorescente. eletrônico é de 0,002 μm.
Tanto os fótons, quanto a fluorescência são Veja a comparação entre o que se pode
transmitidos para a objetiva, porém o filtro observar com microscópio óptico e eletrôni-
de barragem permite apenas a passagem co (Figura 3).
da luz da fluorescência, que têm compri-
mento maior. A imagem visualizada fluores-
ce contra um fundo escuro.
3
O microscópio de fluorescência permite 10 nm - vírus
célula - 10 µm Figura 3 – Comparação
identificar as substâncias natural e artifi-
10 nm - proteínas entre a capacidade de
cialmente fluorescentes. É muito utilizada aumento do microscópio
bactéria - 1 µm
na imunocitoquímica, como por exemplo, na 1 nm - aminoácidos óptico e eletrônico de
técnica de FISH (Fluorescent in situ hibridi- transmissão.
MICROSCÓPIO ÓPTICO MICROSCÓPIO ELETRÔNICO
zation) (Figura 2).

Microscopia eletrônica de transmis- A fonte envia os elétrons que passam


são por um condensador, atravessam o mate-
rial a ser estudado, interagem ou não com
O microscópio óptico aumenta a ima- esse material e são projetados sobre uma
gem até 1000 vezes, contudo não é possí- tela, filme fotográfico ou monitor.
vel observar com detalhes as estruturas e A dispersão dos elétrons depende da
organelas intracelulares. Apenas o núcleo e espessura e densidade molecular do ma-
cloroplastos são facilmente observados. terial e em especial do número atômico
Para analisar estruturas menores que dos átomos que entram na composição do
200 nm é imprescindível o uso do micros- material. Como os átomos que compõe as
cópio eletrônico. Esse equipamento per- células (CHON) possuem número atômico
mite aumento de 120.000 vezes e, além do baixo, o material precisa ser impregnado
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Técnicas de microscopias para estudo das células 31

Figura 4 – Microscopia
eletrônica de transmissão
de células da vesícula
seminal de inseto
Diaphorina citri
(Hemiptera).

Figura 5 – Microscopia
eletrônica de varredura
de espermatozoide de
inseto Diaphorina citri
(Hemiptera).
32 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Técnicas de microscopias para estudo das células

com metais, estes se combinam seletiva- Microscopia eletrônica de varredura


mente com determinadas estruturas celu-
lares. Portanto os elétrons que interagem É semelhante à microscopia eletrôni-
com regiões impregnadas por metais, for- ca de transmissão, exceto pela sua função,
marão uma imagem escura (eletrodensa) pois revela as feições topográficas de uma
e os elétrons que passam livremente pelo superfície, portanto fornece imagens tridi-
material formam uma imagem eletrolúcida mensionais.
(Figura 4). A amostra é vaporizada com ouro, os
O preparo do material é feito de forma elétrons varrem o material, são refletidos
diferente da microscopia óptica. Os cortes pelos átomos de ouro e são capturados for-
precisam ser bem mais finos, para isso a mando uma imagem tridimensional (Figura
navalha utilizada é de vidro ou diamante. 5).
Não são utilizadas lâminas de vidro e sim Existem outros tipos de microscopias
grades de metal para suportar o material. que não serão tratadas nesse roteiro.
0
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 33

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE TÉCNICAS DE MICROSCOPIAS PARA ESTUDO DAS CÉLULAS

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Aprender a utilizar o microscópio óptico.

Procedimentos:
1 - Verificar se a objetiva de menor aumento (4x) está encaixada, se necessário utilizar o revólver
para encaixá-la;
2 - Verificar se a platina está abaixada, se necessário utilizar o macrométrico para abaixar;
3 - Verificar se o condensador está na posição mais elevada,
4 - Verificar se o diafragma está aberto;
5 – Pegar uma lâmina histológica do laminário indicada pela professora;
6 - Colocar a lâmina entre as presilhas da platina, verificar se a lamínula está voltada da cima;
7 - Centralizar o material da lâmina no foco de luz;
8 - Levantar a platina até visualizar o material e utilizar o micrométrico para pequenos ajustes no
foco;
9 - Caso necessário observar em aumento maior, utilize o revólver para mudar a objetiva e o micro-
métrico para fazer ajuste de foco;
10 – Para utilizar a objetiva de 100X é necessário o uso de óleo de imersão. Após a focalização corre-
ta nas objetivas menores, deve-se adicionar uma gota de óleo de imersão sobre a lâmina e encaixar
para a objetiva de 100X;
11 – No final do uso do microscópio, deve-se encaixar a objetiva de menor aumento, abaixar a platina
e desligar o microscópio. Caso tenha utilizado o óleo, a objetiva de 100X deve ser limpa com algodão
e solução especial para limpeza.
Inicialmente deve fazer os procedimentos de focalização considerando apenas para o olho direito,
depois deve ajustar o foco para o olho esquerdo, girando a própria ocular esquerda. Cada pessoa
tem uma distância entre os olhos, portanto deve-se ajustar a distância para uma melhor visualiza-
ção distanciando ou aproximando as oculares.

♦♦ Atividade 2
Objetivo - Verificar a formação da imagem pelo microscópio óptico.

Procedimentos:
1 - Utilizar uma lâmina com uma letra colada (decalque);
2 - Colocar a lâmina na platina com a letra para cima conforme é lida;
3 - Observar no microscópio a imagem da letra com aumento de 40X.

Responda:

A) Fazer um desenho esquemático da imagem vista no microscópio.


34 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 3
Objetivo – Verificar a orientação da imagem em relação ao objeto no microscópio óptico.

Procedimentos:
1 - Colocar uma lâmina histológica na platina e observar o que acontece com a orientação da ima-
gem em relação ao objeto.

Responda:

A) O que acontece com a orientação da imagem em relação ao objeto quando movimenta a


lâmina para:
a esquerda? ___________________________________________________________________
a direita? _____________________________________________________________________
frente? _______________________________________________________________________
trás? _________________________________________________________________________

♦♦ Atividade 4
Objetivo - Verificar a relação entre aumento da imagem e área observada no microscópio
óptico.

Procedimentos:
1 – Utilizar uma lâmina histológica e analisar com diferentes aumentos.

Responda:

A) Esquematizar a imagem formada com os aumentos de 40X, 100X e 400X.

Aumento de 40X Aumento de 100X Aumento de 400X

B - O que acontece com o campo de observação?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 35

♦♦ Atividade 5
Objetivo - Conhecer os valores presentes no microscópio.

Procedimentos:
1 – Analisar os valores presentes nas oculares e objetivas do microscópio óptico

Responda:

Completar a tabela 1.
Dados: k= 0,61, λ= comprimento de onda da luz branca= 0,55 mm. A abertura numérica e o aumento
da ocular estão no próprio microscópio.
LR= K.λ / AN

Tabela 1 – Valores na microscopia óptica

Aumento da Ocular Aumento da objetiva Abertura numérica Aumento total Limite de resolução

B) Qual objetiva apresenta maior poder de resolução?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

C) Qual objetiva apresenta maior limite de resolução?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

D) Qual objetiva apresenta maior capacidade de fornecer nitidez?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

E) Qual organela foi possível observar com esse microscópio?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
36 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 6
Objetivo - Discutir as diferenças entre as imagens formadas por algumas microscopias.

Procedimentos:
1 - Observar as fotos obtidas por diferentes microscópios: óptico, contraste de fase, de fluorescên-
cia, eletrônico de transmissão e eletrônico de varredura.

Responda:

Qual o principal objetivo das seguintes microscopias?


1 – Contraste de fase:
2 – Fluorescência:
3 - Eletrônica de transmissão:
4 – Eletrônica de varredura:
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 3
Metodologias para estudo das células

Para uma análise detalhada é impor- animal.


tante preparar adequadamente o material a Outra questão relevante é quanto à es-
ser estudado, que podem ser células isola- pessura do material em estudo, pois para
das, tecidos ou órgãos. Dependendo do ob- formar a imagem na microscopia óptica é
jetivo, o material pode sofrer cortes (micro- necessário que a luz atravesse o material.
tomia) (Figura 1A) ou não (Figura 1B, C, D, Isso somente é possível se ele tiver uma fina
E, F), ser permanente, podendo durar anos espessura, portanto, é necessário que o ór-
(Figura 1A) ou ser descartado logo após a gão passe por um processo de microtomia.
análise (Figura 1B, C, D, E). É difícil fazer cortes finos diretamente
nos órgão, por isso coloca-se o órgão em
Lâmina permanente com microtomia solução que lhe proporcione consistência
rígida, porém, que mantenha todas as suas
Nas áreas de biologia celular e histolo- características originais. Para microscopia
gia é comum o uso de lâminas histológicas óptica, um dos meios de inclusão mais utili-
permanentes (Figura 1A). Quando o mate- zado é a parafina. Contudo, pelo fato da pa-
rial de interesse (órgãos ou tecidos) não é rafina não ser miscível com a água presente
fino, ele deve passar por um processo de nos tecidos, o material passa por uma desi-
microtomia. dratação, que é realizada por banhos cres-
Para a confecção dessas lâminas o ma- centes de etanol. A desidratação também
terial após ser coletado deve ser fragmenta- tem como consequência o endurecimento
do em pequenos pedaços e imersos imedia- do tecido.
tamente em solução fixadora. A fixação evita Nesse estágio da técnica o material não
o processo de degradação, seja por micror- tem mais água e o etanol passa a ocupar
ganismos ou pela própria célula (autólise). os espaços deixados pela água. Contudo a
Ela permite manter a mesma organização parafina ainda não é miscível com etanol,
estrutural apresentada in vivo e minimiza por isso é necessário fazer a diafanização,
o aparecimento de detalhes que não sejam ou seja, usa-se um composto intermediá-
da estrutura normal do tecido (artefatos de rio (xilol), que é miscível tanto com o álcool
técnicas). Os principais fixadores utilizados quanto com a parafina. Essa etapa também
são o formol a 10% ou misturas fixadoras torna o fragmento transparente e por esse
como o Bouin (formaldeído, ácido acético e motivo é denominado de clarificação.
ácido pícrico). Também existe a fixação por Após passar pelo xilol, o material é in-
congelamento (criofixação) e por perfusão cluído em parafina, utilizando alta tempe-
intravascular, em que os fixadores são in- ratura (58-60ºC). O solvente (xilol) evapora
jetados pelos vasos sanguíneos e assim e o seu lugar é ocupado pela parafina. No
alcançam os diferentes órgãos internos do final do processo o material é incluído em
38 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Metodologias para estudo das células

A B

Figura 1 – A) Lâmina
permanente com
microtomia, corte
transversal da minhoca
Eisenia andrei – Escala:
100µm; B) Espalhamento
da mucosa bucal humana
corado com azul de
metileno – Escala: 5µm;
C D C) Esfregaço sanguíneo
humano – Escala: 10µm;
D); Distensão a fresco
da epiderme vegetal de
Tradescantia sp. – Escala:
50µm; E) Esmagamento
da vesícula seminal de
minhoca Eisenia andrei
corado com orceína
acética – Escala: 5µm; F)
Preparo a fresco da água
de lago com organismos
microscópicos – Escala:
50µm
E F

um molde contendo a parafina em estado colocado sobre a superfície de água com


líquido, que ao solidificar forma um bloco álcool para distender, depois é transferido
(emblocamento). para solução de gelatina aquecida onde se
O material incluído em parafina pas- mergulha uma lâmina por baixo do mate-
sa pelo processo de microtomia, no qual é rial, para que ele fique aderido na lâmina.
utilizada lâmina de aço ou vidro que produz O material é colocado em estufa para que
cortes de 1 a 10 μm. Após a microtomia, o ocorra a secagem e sua total adesão à lâ-
material, ainda envolvido pela parafina, é mina.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Metodologias para estudo das células 39

Nesse estágio do processo o material ge com o substrato celular de carga iônica


ainda não está pronto para ser observado, oposta. Por exemplo, um corante aniôni-
pois os constituintes das células possuem co (eosina) que combina com substância
baixo peso molecular e por isso o contraste catiônica (proteína) e corantes catiônicos
entre eles é imperceptível via microscopia (hematoxilina) combinam com substâncias
óptica. Para promover um contraste utili- aniônicas (DNA, RNA). Como a maioria dos
zam-se diversos métodos de citoquímica, corantes não é miscível em parafina é ne-
geralmente usa-se um corante que rea- cessário retirá-la do material. Para isso a

Fase Objetivo Procedimentos

Obtenção do Coletar material de interesse Isolar o órgão e manter em solução


material (animal ou vegetal). fisiológica (mesmo pH do órgão),
geralmente é utilizado o cloreto de sódio
0,9%

Fixação Impedir a autólise ou a destruição Imergir o órgão imediatamente após a sua


por microrganismos, estabilizar retirada em fixadores ou proceder a técnica
as estruturas celulares e de congelamento (criofixação) ou realizar a
extracelulares, endurecer os perfusão do animal. Nesse ponto são feitos
tecidos. cortes no órgão para que a fixação seja
mais eficiente.

Desidratação Retirar água para o solvente Banhos com concentrações crescentes de


penetrar e fazer a interface com a etanol.
parafina.

Diafanização ou Impregnar o tecido com um Imergir o tecido em solvente (xilol)


clarificação solvente da parafina

Inclusão Facilitar a obtenção de cortes finos Imergir o órgão em solução de parafina

Emblocamento Colocar em um molde Colocar em moldes, preencher com


parafina e esperar endurecer.

Microtomia Fazer cortes finos (5 a 12 µm) Fazer os cortes utilizando o micrótomo

Distensão do Distender o corte em solução Distender o corte para melhor visualização


corte de água/álcool e/ou gelatina da topografia do órgão
e ‘pescar’ em uma lâmina
histológica

Secagem Secagem do material em estufa Ajuda a aderir o corte na lâmina (por


desnaturação das proteínas da gelatina) e
elimina a água

Coloração Aumentar artificialmente o Imergir as lâminas em solução de


contraste entre as estruturas coloração. Porém antes disso deve-se
Tabela 1 – Resumo celulares eliminar a parafina com banhos de xilol e
dos principais passos fazer uma reidratação
para obtenção de
lâmina permanente por Montagem Preservar o material corado Cobrir o corte com uma lamínula,
microtomia utilizando uma resina de montagem. Porém
antes desse passo deve-se desidratar e
diafanizar
40 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Metodologias para estudo das células

lâmina com o material é mergulhado em Lâmina temporária sem microtomia


xilol, posteriormente reidratado e então co-
rado. Como foi citado a microtomia nem sem-
Para proteger o material na lâmina é pre é necessária. É possível fazer prepara-
necessário colocar uma lamínula de vidro. ções em que o material biológico recente-
Para tal, o material na lâmina tem que ser mente obtido é preparado de forma mais
desidratado e passar pelo xilol, pois o meio simples e rápida. Quando não há cortes é
de montagem não é miscível com a água possível observar células inteiras e medir o
presente no material. Geralmente usa-se o conteúdo da mesma. Porém, inter-relações
Bálsamo do Canadá ou Entelan para fazer a das células do tecido não são respeitadas.
montagem da lâmina e lamínula. A seguir alguns exemplos dessas técnicas.
Outra forma de preparo do material é
por fixação física, nessa metodologia o ór- Espalhamento
gão é rapidamente congelado com o nitro-
gênio líquido após ser retirado do animal. O Inicia-se com a raspagem de mucosas,
micrótomo para fazer os cortes histológicos como a bucal (Figura 1B), anal ou uterina
é especial (criostato) e todos os materiais com auxílio de uma espátula. Depois se es-
utilizados também devem estar em baixa palha o material coletado sobre a lâmina,
temperatura. As vantagens dessa fixação ele é fixado e corado. Nessa técnica nem
é que evita vários passos, por isso é mais sempre a forma da célula é preservada,
rápida, podendo ser utilizada durante pro- contudo é possível medir o volume celular e
cedimentos cirúrgicos para análise histopa- a quantidade de certas moléculas, como por
tológica. Ele também preserva as enzimas exemplo, o DNA. Uma técnica de espalha-
e lipídios. mento muito utilizada é o Papanicolau rea-
Resumidamente o preparo das lâminas lizado como prevenção ao câncer do colo do
de tecidos animais espessos pode seguir os útero. Devido à forma de se obter o material
passos descritos na Tabela 1. nessa técnica, muitas vezes ela é erronea-
Além da microtomia existe a ultramicro- mente chamada de esfregaço.
tomia, que é utilizada no preparo de mate-
rial para análise em microscopia eletrônica Esfregaço
de transmissão. Os produtos utilizados são
diferentes, como por exemplo, os fixadores Essa técnica é aplicada para estudar
que podem ser soluções contendo glutaral- células presentes em fluidos como sangue
deído e tetróxio de ósmio. A desidratação (Figura 1C), sêmen ou linfa. A técnica se re-
pode ser realizada com acetona ou óxido de sume em esfregar o material coletado sobre
propileno. A inclusão é feita em resina epoxi. uma lâmina com auxílio de outra lâmina. É
Os cortes para microscopia eletrônica são importante que se forme uma fina camada,
de 250 a 400 nm, utilizando-se navalha de caso contrário ficará célula sobre célula
diamante, os cortes são coletados sobre tela dificultando a análise. Depois o material é
de cobre. Para a contrastação, geralmente fixado e corado.
são utilizados metais pesados para acen-
tuar as diferenças de densidade das estru-
turas, gerando imagens elétron-densas ou
elétron-lúcidas.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Metodologias para estudo das células 41

Distensão em esmagar o material entre a lâmina e la-


mínula. A coloração pode ser concomitante
Também conhecida como montagem ao esmagamento ou posterior, neste caso a
total, essa técnica é utilizada para estudar lamínula pode ser retirada com o auxílio de
material fino ou transparente, como mem- nitrogênio líquido.
branas fetais, órgãos de insetos, mesentério
ou epiderme vegetal. A técnica se resume Preparo a fresco
em distender o material coletado sobre a
lâmina, fixar e corar. No caso de epiderme Essa técnica é metodologicamente sim-
vegetal não é necessário fazer a coloração ples e não exige nenhum tipo de reagente.
quando as próprias células já apresentam Basta pingar uma gota do material em estu-
pigmentos (Figura 1D). do (água de lagos, lagoas, rios, ou até mes-
mo, organismos em culturas) na lâmina e
Esmagamento cobrir com lamínula (Figura 1F, 2).
Ela é uma das técnicas que mais atrai
O esmagamento é uma técnica utilizada os estudantes, devido à diversidade e beleza
para estudo de tecidos com alta taxa de divi- dos organismos que podem ser observados.
sões celulares e tecidos mais ‘moles’ como Utilizando essa técnica é possível fazer aná-
raiz de planta, testículo ou glândulas de in- lise comparativa da diversidade de organis-
vertebrados (Figura 1E). A técnica consiste mos encontrados em diferentes habitats.
0

A B C D

Figura 2 – Organismos
presentes na água de um
lago de Pelotas/RS. A,
B, C, D, E, F, G, H, I, J e E F G H I J
K são microalgas, L e M
são diatomáceas, N e O
são protozoários e P é um
microcrustáceo. Escala
maior: 50 µm e Escala
menor: 10 µm

K L M N O P
42 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE METODOLOGIAS PARA ESTUDO DAS CÉLULAS

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Vivenciar a rotina do preparo de lâmina histológica permanente.

Procedimentos:
1 – Fazer uma visita técnica ao laboratório de Histologia/Biologia Celular/Anatomia do desenvolvi-
mento e descrever os passos da técnica de preparo de lâminas permanentes com microtomia.
Responda:
A) Descrever a técnica observada no laboratório
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________

♦♦ Atividade 2
Objetivos - Realizar a técnica de espalhamento, analisar a importância da coloração,
diferenciar o núcleo e citoplasma, observar a forma das células do epitélio de
revestimento da mucosa bucal, discutir a importância da solução fisiológica para as
células e comparar o mesmo tipo celular preparado por duas técnicas diferentes (lâmina
permanente com microtomia e espalhamento).

Procedimentos:
1 – Colocar uma pequena gota de solução salina (0,9%) sobre uma extremidade da lâmina e na outra
extremidade colocar uma gota de corante azul de metileno 1%;

solução corante
salina
1º 2º
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 43

2 - Fazer uma suave raspagem na mucosa bucal, com um palito de fósforo;


3 - Colocar o material colhido primeiramente sobre a gota de solução salina, fazer uma nova raspa-
gem e colocar o material sobre a gota do corante;
4 - Cobrir cada gota com uma lamínula, sem deixar encostar uma lamínula na outra;
5 - Observar com objetivas de 10X e 40X. Regular o diafragma e o condensador para analisar mate-
rial não corado.

Responda:

A) Esquematizar as células epiteliais.

B) A visualização das células foi mais fácil com ou sem a coloração? Qual a importância da
coloração?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Por que se utilizou solução salina 0.9%?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

D) Analisar a lâmina L1 e comparar o mesmo tipo celular visto na lâmina de espalhamento.


Esquematizar células epiteliais de revestimento da mucosa bucal.

E) Qual o tipo de informação que é possível obter a partir do espalhamento que não é possível
através da lâmina permanente L1?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
44 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 3
Objetivos: Aprender a técnica de esfregaço; Observar diferentes formas de núcleos;
caracterizar diferentes tipos celulares do sangue; aprender utilizar a objetiva de Imersão
(100X).

Procedimentos
1 - Identificar uma lâmina com seu nome (escrever na parte fosca);
2 - Desinfetar o dedo com algodão embebido em álcool 70%;
3 - Fazer uma punção digital, ou seja, perfurar o dedo anelar com uma microlanceta;
4 - Colocar uma gota de sangue a aproximadamente 1 cm da extremidade da lâmina;
5 - Colocar outra lâmina em ângulo de 45º sobre a lâmina, de modo que fique na frente da gota de
sangue, aproximá-la até encostar-se à gota, permitindo que esta se espalhe;

Nome:

Gota de
sangue Turma:

6 - Deslizar a lâmina superior de forma que o sangue se espalhe uniformemente sobre a lâmina
inferior;
7 - Secar o esfregaço rapidamente, agitando a lâmina no ar;
8 - Corar com 20 gotas de Corante Wright por 3 minutos;
9 - Pingar aproximadamente 20 gotas de tampão e aguardar por 5 minutos;
10 - Escorrer o corante e lavar rapidamente a lâmina com água;
11 - Secar a lâmina ao ar;
12 - Observar na objetiva de 4X, 10X e 100X (uso do óleo de imersão). Para utilizar a objetiva de 100X,
após a focalização correta nas objetivas de 4X e 10X, deve-se pingar uma gota de óleo de imersão
sobre a lâmina, mudar para a objetiva de 100X e utilizar apenas o micrométrico para a focalização.
Jamais passar a objetiva de 40X pelo óleo de imersão.

COLORAÇÃO PANÓPTICA DE WRIGHT

Corante Wright em pó 0,3g

Glicerina 3ml

Álcool metílico 97ml

TAMPÃO PARA WRIGHT pH 6,4

Fosfato de potássio primário 6,63g

Fosfato de sódio secundário 3,20g

Água destilada 1.000ml


ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 45

Responda:
A) Para quais tipos de materiais essa técnica pode ser empregada?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

B) Localizar em sua lâmina os leucócitos agranulócitos – monócitos (1) e linfócitos (2), os


leucócitos granulócitos - basófilo (3), eosinófilo (4) e neutrófilo (5) e as hemácias (6). Utilize a
Figura 2 como referência dos elementos celulares a serem encontrados.

4 5
3
6

Figura 1a – Elementos do sangue. Escala: 5 µm


46 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 4
Objetivos - Identificar diferentes eucariotos; fazer uma preparação ‘a fresco’ da água do lago;
estimular a curiosidade, despertando o espírito científico dos alunos através de análise de
diversos microrganismos da água de lago.

Procedimentos:
1 – Colocar uma gota de água de lago sobre a lâmina;
2 – Colocar a lamínula sobre o material. Retirar o excesso de água se for preciso;
3 – Focalizar com a objetivas de 4X, 10X e 40X. Caso necessário, feche o diafragma;
4 - Identificar e esquematizar os organismos encontrados segundo a morfologia, tamanho, a riqueza
de membranas (procarioto ou eucarioto), quanto ao número de células (unicelular, unicelular for-
mador de colônia, multicelular sem tecido verdadeiro, multicelular com tecido verdadeiro) e quanto
à produção de compostos orgânicos (autotrófico ou heterotrófico).

Materiais Necessários
Água de lago
Lâmina
Lamínula
Pipeta Pasteur
Papel de filtro

Responda:

A) Qual a principal diferença entre células eucariotas e procariotas?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

B) Os procariotos são menos ‘eficientes’ e menos ‘evoluídos’ que os eucariotos? Justifique sua
resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Quais os tipos de seres vivos que foram encontrados com maior frequência? Por que você
acha que isso aconteceu?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 47

♦♦ Atividade 5
Objetivos – Desenvolver a capacidade de abstração.

Procedimentos:
1 – Observar a apresentação lúdica e fazer a análise histológica.

Responda:

A) Esquematizar os cortes de um ovo cozido seccionado em diferentes planos.

B) Esquematizar o corpo do neurônio cortado em diferentes regiões, onde no corte seja possível
ver o núcleo (A) e outro que o corte tenha sido fora da área do núcleo (B) (Lâmina G2 – Medula)

A B

C) Esquematizar os cortes de uma cenoura seccionada em diferentes planos.

D) Esquematizar os cortes transversais e longitudinais de tecido muscular estriado esquelético.


Indicar os núcleos – Lâmina L5 – Língua (HE)


Transversal Longitudinal
48 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

E) Esquematizar os cortes de uma laranja seccionada em diferentes planos.

F) Esquematizar a forma de uma célula secretora e de um ácino na glândula salivar – Lâmina


L9 (HE)


Célula Ácino

G) Esquematizar uma glândula tubulosa simples do intestino grosso cortada longitudinalmente


e transversalmente - Lâmina K5 (HE)


Transversal Longitudinal

H) Esquematizar um corte da glândula tubulosa simples enovelada (glândula sudorípara) –


Lâmina S2 – Pele espessa (HE)
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 4
Biomacromoléculas e citoquímica

Tanto os seres vivos quanto os elemen- denominado de cátion e quando ganha tor-
tos abióticos são compostos pelas mesmas na-se negativo, denominado de ânion.
unidades básicas, os átomos. Existem 92 Nas ligações covalentes ocorre o com-
tipos de átomos, sendo que os seres vivos partilhamento de elétrons, que pode ser
são formados principalmente por carbono, de forma desigual (polar) ou igual (apolar).
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Portanto na ligação polar a carga positiva
Os átomos são formados por um núcleo está concentrada em uma extremidade e
e órbitas. No núcleo localizam os prótons e a negativa em outra; na apolar os elétrons
nêutrons e nas órbitas, os elétrons. Cada ór- são atraídos equitativamente para ambos os
bita do átomo comporta um número deter- átomos. As ligações covalentes podem ser
minado de elétrons, por exemplo: a primeira simples, quando cada átomo compartilha
órbita comporta dois elétrons, a segunda10 e nm - vírus
apenas um elétron com outro átomo dife-
terceira, oito elétrons, a quarta e quinta, de- rente e a ligação dupla, em que há o com-
zoito elétrons. Contudo muitos átomos pos- partilhamento de dois elétrons entre dois
suem a última camada incompleta e para átomos.
completá-la eles devem ganhar, perder ou Outro tipo de ligação muito comum é a
compartilhar elétrons. ponte de hidrogênio. Esta ocorre entre um
Na ligação iônica, o átomo ganha ou hidrogênio com um oxigênio ou nitrogênio.
perde elétrons e se transforma em íon. Na figura 1 é exemplificada uma ponte de
Quando perde elétrons torna-se positivo, hidrogênio entre moléculas de água. O hi-
drogênio está ligado ao oxigênio por uma
ligação iônica, por isso, apresenta carga po-
1 sitiva e consequentemente o oxigênio apre-
O- senta carga negativa. A ponte de Hidrogênio
é realizada entre um átomo de hidrogênio
H+ H+ e o oxigênio de outra molécula de água
(Figura 1).

O- Água
Figura 1 – Pontes
de Hidrogênio entre
H+ H+
A vida surgiu na água e todos os seres
moléculas de água.
vivos dependem dela para sobreviver. A água
representa cerca de 80% das substâncias
O- O-
que compõem o corpo dos seres vivos. A
H+ H+ H+ H+ quantidade de água nas células varia con-
forme o tipo celular, podendo alcançar 83%
50 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomacromoléculas e citoquímica

nos músculos e 25% nos ossos. inúmeros tipos de carboidratos.


A água é composta por dois átomos de Dependendo da quantidade de molécu-
hidrogênio (H) e um de oxigênio (O). A dispo- las interligadas são denominadas: monos-
sição dos átomos não é linear, eles formam sacarídeos, dissacarídeos ou polissacarí-
um ângulo. A ligação entre os átomos de H deos. Essas moléculas podem ser solúveis
e O é do tipo covalente polar, onde o oxigênio em água e utilizadas imediatamente como
atrai mais fortemente os elétrons, com uma fonte de energia (monossacarídeos e dis-
zona positiva e outra negativa formando um sacarídeos) ou serem insolúveis em água e
dipolo (Figura 1). por isso atuarem na composição estrutural
Pelo fato da água ser tão importante, das células ou no armazenamento de ener-
outras moléculas são classificadas confor- gia (polissacarídeos) (Tabela 1).
me a sua afinidade com ela:
Moléculas hidrofílicas – possuem liga- Lipídios
ções polares, têm carga e formam pontes de
Hidrogênio com a água; Os lipídios apresentam estruturas e
Moléculas hidrofóbicas – possuem liga- funções muito divergentes entre si, mas
ções apolares, não têm carga e não formam compartilham uma característica, a baixa
pontes de Hidrogênio com a água; solubilidade em água e a solubilidade em
Moléculas anfipáticas – possuem re- solventes orgânicos como o éter e o álcool.
giões hidrofílicas e hidrofóbicas Os lipídios mais encontrados nas célu-
las são os ácidos graxos, que são formados
Açúcares por uma molécula de ácido carboxílico (hi-
drofílico), associada a cadeias hidrocarbo-
São hidratos de carbono (C:H:O = 1:2:1), nadas (hidrofóbica). As cadeias podem ser
possuem dois hidrogênios para cada carbo- saturadas (somente ligação simples) ou in-
no. Pode ocorrer ligação entre as diferentes saturadas (com duplas ligações) (Figura 2).
moléculas de açúcar, essa ligação ocorre As duplas ligações determinam um do-
entre suas hidroxilas. Como existem várias bramento das moléculas, que interferem na
hidroxilas livres, podem-se formar vários ti- sua capacidade de compactação. A marga-
pos de ligações, consequentemente existem rina é um exemplo de gordura saturada e o

NOME TIPO EXEMPLO DE LOCALIZAÇÃO EXEMPLO DE FUNÇÃO

Ribose e Monossacarídeo RNA e DNA Compõem o material genético


desoxirribose que comanda as atividades
celulares

Lactose Dissacarídeo Leite


Fonte de energia
Glicogênio Polissacarídeo Células animais

Amido Células vegetais

Celulose Parede celular vegetal


Tabela 1 – Tipo e função
Polissacarídeo Estrutural e proteção
de carboidratos celulares
Quitina Parede celular dos fungos e
exoesqueleto dos artrópodes
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomacromoléculas e citoquímica 51

cializado no acúmulo de lipídios, os adipó-


2 CH2 N + (CH3) 3 citos.
CH2
Os lipídios estruturais estão presentes
O
O P O em todas as membranas das células, os
O principais são fosfolipídios, glicolipídios e
CH2 CN CH2 colesterol (somente em animal). Como já foi
O O dito, os lipídios são moléculas anfipáticas
C O C O com cabeça polar e duas caudas apolares,
CH2 CH2
sendo as caudas apolares que permitem a
CH2 CH2
associação dos lipídios por interação hidro-
CH2 CH2
fóbica para formar as membranas. Ocorre
CH2 CH2
interação hidrofóbica entre os aminoácidos
CH2 CH2
apolares das proteínas transmembranas e
CH2 CH2
CH2 CH2
as caudas apolares dos lipídios de membra-
CH2 CH na.
CH2
CH2 CH Proteínas
CH
2
CH2
CH
2
CH2 As proteínas são polímeros de aminoá-
CH
2
CH2 cidos e cada aminoácido é composto por
CH
2

CH2 um grupo carboxila (COO-), grupo amino


CH
2

CH2 CH
2 (+H3N-C-H) (em pH 7) e um substituinte que
Figura 2 – Fosfolipídio.
CH2 CH
2
varia (S) (Figura 3)
CH
2
CH2 Os aminoácidos diferem pelo tipo de
substituinte que contém. Nos seres vivos
predominam 20 tipos diferentes de ami-
óleo de soja é insaturada. noácidos, ligados entre si através do grupo
Os lipídios têm como principais funções carboxila de um aminoácido com o grupo
a reserva nutritiva e estrutural. Os lipídios amino de outro, formando os peptídeos: A
de reserva geralmente possuem longas ca- ligação peptídica é do tipo covalente (Figura
deias de carbono com número par e os mais Algumas proteínas possuem outros
comuns são os triglicerídeos. Eles podem compostos químicos ligados a elas, que
ficar acumulados em praticamente todos os são chamados de grupamentos prostéticos.
tipos celulares, contudo, há um tipo espe- Exemplos: lipídios (lipoproteína), açúcares

3
H H O H H O H H O H O

H N C C + H N C C = H N C C N C C + H2O
3).
Figura 3 – Ligação H S O H S O H S O H S O
peptídica.
52 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomacromoléculas e citoquímica

(glicoproteína), metais (metaloproteína), Tipo Função


ácidos nucléicos (nucleoproteínas) e pig-
mentos (cromoproteínas). As proteínas se Fibras Estrutural
diferenciam em número, na sequência de Enzimas Catalisadoras
aminoácidos e grupamento prostético.
A estrutura funcional das proteínas é Hemoglobina Transportadoras
dada pelo seu dobramento ou níveis de or- Caseína Nutritiva
ganização. A estrutura primária é a sequên-
cia de aminoácidos, a estrutura secundária Ferritina Armazenamento
é o resultado do dobramento e enrolamento Actina Contrácteis
do peptídeo, mantida por pontes de hidro-
gênio. Pode ser de dois tipos: cilíndrica (α Microtúbulos Mobilidade
hélice) ou folha dobrada (ß pregueada). Já Anticorpos Defesa Tabela 2 – Função das
a estrutura terciária é resultado do dobra- proteínas
Hormônios Reguladoras
mento da secundária. A estrutura quaterná-
ria ocorre quando várias estruturas terciá-
rias se juntam. 4 O
A configuração nativa das proteínas O P O
(forma tridimensional das proteínas ativas)
O
é mantida pelas seguintes forças de esta-
bilização: ligações covalentes (ligação dis- H C H
sulfeto e peptídica), interação hidrofóbica e O
pontes de H. A
O T
As proteínas são de extrema importân-
cia para todos os seres vivos, elas apresen- O P O O
tam várias funções como exemplificado na O H C H
Tabela 2:
H C H O
Ácidos nucléicos O
O P O
C G O
Os ácidos nucléicos armazenam as in- O
formações hereditárias das células (DNA, O P O O
RNA), depositam e transferem energia (ATP) H C H
O
ou atuam como enzimas (RNA-Ribozima, O
transcriptase reversa). H C H
O P O
Estruturalmente os ácidos nucléicos O
são polímeros de nucleotídeos, que por sua O
A T
vez são formados por uma base, um açúcar
e um grupo fosfato (Tabela 3). O
As bases dos ácidos nucléicos podem H C H
ser púricas (Adenina, Guanina) ou pirimí- O Figura 4 – Estrutura do
dicas (Timina, Uracila, Citosina), o fosfato é DNA.
O P O
originado de um ácido fosfórico e o açúcar
é uma pentose. A numeração dos carbonos O
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomacromoléculas e citoquímica 53

Fosfato Açúcar Purina Pirimidina


Guanina Adenina Citosina Timina Uracila
H C5 H

DNA O
C4 C1 T
C3 C2
O
O P O G A C
H C5 H
O
O
RNA C4 C1
U
Tabela 3 – Esquemas dos
constituintes do DNA C 3 C2
OH

do açúcar é muito importante para entender Os principais tipos de RNA são:


a estrutura do DNA, ela inicia pelo carbono Mensageiro – contém a informação ge-
que faz uma dupla ligação com o oxigênio. nética que determina o tipo de polipeptídio
O DNA é uma dupla hélice, onde as fi- que será traduzido. É um intermediário en-
tas são antiparalelas e pareadas através das tre o DNA e a proteína;
bases. O pareamento é devido às pontes de Ribossômico – juntamente com proteí-
Hidrogênio entre os grupos ceto e amino e nas compõe os ribossomos, que serve de
de amino e amino. Entre Adenina e Uracila apoio para a síntese proteica;
existe uma ligação ceto e uma amino; entre Transportador – identificam e transpor-
Timina e Adenina são duas ligações amino; tam os aminoácidos até os ribossomos.
Entre Citosina e Guanina existem uma ceto
e duas amino (Figura 4). Evidenciação das biomacromoléculas
A base nitrogenada é ligada ao Carbono - citoquímica
1 da pentose e o fosfato é ligado ao Carbono
5 da pentose. Os nucleotídeos adjacentes As biomacromoléculas das células
são unidos por ligações entre fosfatos liga- podem ser detectadas através de técnicas
dos ao C5 de uma pentose e ao grupo OH especiais de coloração (citoquímica), nelas
do C3 de uma pentose adjacente (Figura 4). ocorrem reações específicas entre certos ti-
Os efeitos hidrofóbicos estabilizam o pos de substâncias e os componentes celu-
pareamento. As bases são forçadas pela lares, o que resulta em produtos detectáveis
água para o interior da dupla hélice, mas os ao microscópio.
sítios hidrofílicos ficam expostos nas cavi- A citoquímica estuda os elementos ce-
dades. As forças de Van Der Walls fazem a lulares: ácidos nucléicos, proteínas, lipídios,
manutenção da dupla hélice, devido ao em- açucares e íons. O produto da reação cito-
pilhamento das bases. química sempre apresentará uma determi-
O DNA pode apresentar forma circular, nada cor ou formará a partir de um precipi-
nos plasmídeos, alguns vírus, bactérias, mi- tado insolúvel no local da reação. Para tal é
tocôndrias e cloroplastos, ou linear, presen- necessário que haja uma reação específica
te nos eucariotos. entre o corante e os elementos a seres estu-
54 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomacromoléculas e citoquímica

dados (substrato). As reações ocorrem por das proteínas.


meio de ligações eletrostáticas, covalentes A principal coloração utilizada na mi-
ou interações hidrofóbicas. croscopia óptica é a Hematoxilina e Eosina
Um exemplo de ligação eletrostática é (HE), na qual os ácidos nucléicos são cora-
a basofilia e acidofilia, onde um substrato dos pela Hematoxilina (roxo) e as proteínas
e corantes de cargas opostas se ligam por básicas do citoplasma são coradas pela eo-
ligações eletrostáticas. O Fast Green e a sina (rosa) (Figura 5A).
Eosina são exemplos de corantes aniônicos Entre as técnicas que se baseiam em
que se ligam geralmente ao grupo ami- ligações covalentes está o teste de Ácido
no das proteínas. O Azul de toluidina, Azul Periódico-Schiff (PAS). O reativo de Schiff
de metileno e Hematoxilina são exemplos utilizado nessa técnica se liga à hidroxi-
de corantes catiônicos, e se ligam no gru- la dos açucares, evidenciando glicogênio,
po fosfato (PO4-) dos ácidos nucléicos, nos amido, celulose e glicoproteínas. Na figura
grupos SO4- e SO3- das glicosaminoglica- 5B (seta) as células caliciformes estão bem
nas presentes na matriz e no grupo COO- coradas, devido à riqueza de glicoproteínas.

A B

Figura 5 – Traqueia corada


com A) Hematoxilina e
Eosina e B) pela técnica
de PAS (seta indica a
célula caliciforme); C)
Adipócitos multiloculares
corados com Hematoxilina
e Eosina e D) Artéria e
veia de médio calibre
corado pelo Tricrômico de
Masson. A, B e C Escala:
10µm; D Escala: 100 µm
C D
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomacromoléculas e citoquímica 55

Enquanto que na figura 1A, coloração com os lipídios presentes nas células são ‘per-
HE, a mesma célula apresenta citoplasma didos’ durante a técnica e após a coloração
fracamente corado, pois esta técnica não com Hematoxilina e Eosina apenas espaços
evidencia o produto de secreção da célula, vazios são observados (Figura 2C).
a glicoproteína. As colorações tricômicas, como as de
Para localizar lipídios apolares, o mate- Masson (Figura 2D), Mallory e Gömori tam-
rial não pode ser incluído em parafina e usar bém se baseiam em ligações covalentes.
corantes que interagem com lipídios por Elas demonstram diferencialmente os teci-
interações hidrofóbicas. Como por exem- dos conjuntivos (em azul) dos demais.
plo, o Sudam black e azul de Nilo. Quando Existem outras técnicas utilizadas para
o material sofre o processamento descrito o estudo das células e tecidos que não estão
acima para preparo de lâmina permanente, descritas nesse livro.

0
56 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE BIOMACROMOLÉCULAS E CITOQUÍMICA

♦♦ Atividade 1
Objetivos - Comparar células caliciformes da traqueia submetidas a duas técnicas citoquímica
diferentes (HE e PAS) e analisar vesículas ou grânulos; Reconhecer a estrutura de uma célula
secretora.

Procedimentos:
1 – Analisar as laminas C1 e C4.

Responda:

A) Esquematizar o tecido epitelial e indicar o núcleo. Nas células caliciformes indicar o local
das vesículas de secreção ou vesículas de mucina.

Lâmina C1 (HE) Lâmina C4 (PAS)

B) Qual a natureza da secreção das células caliciformes?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) As vesículas da célula caliciforme ficaram mais evidentes em qual técnica? Por quê?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 57

♦♦ Atividade 2
Objetivos - Observar células do pâncreas submetidas a duas técnicas citoquímica diferentes
(HE e Hematoxilina fosfotúngstica de Mallory) e analisar as vesículas ou grânulos de
zimogênio; Reconhecer a estrutura de uma célula secretora.

Procedimentos:
1 – Analisar as laminas K7 e A4.

Responda:

A) Esquematizar o tecido, indicar o núcleo e o local das vesículas de secreção e a região de


retículo endoplasmático rugoso.

Lâmina K7 – Pâncreas (HE) Lâmina A4 - Pâncreas (Hematoxilina fosfotúngstica de Mallory)

B) Qual a cor do núcleo? Ele foi corado, principalmente por qual corante?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Qual a cor dos grânulos de zimogênio? Ele foi corado, principalmente por qual corante?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

D) Qual a cor do retículo endoplasmático rugoso? Ele foi corado, principalmente por qual
corante? Por quê?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
58 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 3
Objetivos - Compreender o comportamento químico da gordura diante as técnicas
citoquímicas; Identificar inclusões de gordura nos adipócitos multilocular - Lâmina I5-
Periferia do Timo (HE) e unilocular B7 – Gordura (HE)

Procedimento:
1 – Analisar as lâminas I5 E B7

Responda:

A) Esquematizar os adipócitos e indicar os núcleos e as inclusões.

Laminas I5 (Periferia do timo - HE) Laminas B7 (Gordura – HE)

B) As inclusões foram coradas? Por quê?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Quais são os procedimentos adequados para identificar gordura?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 59

♦♦ Atividade 4
Objetivo - Diferenciar os grânulos das células sanguíneas conforme sua afinidade pela
coloração Wright.

Procedimentos:
1 – Analisar a lâmina de esfregaço.

Responda:

A) Quais as cores dos grânulos dos:


Eosinófilos: __________________________________________________________
Basófilos: ___________________________________________________________
Neutrófilos: _________________________________________________________

♦♦ Atividade 5
Objetivo - Identificar a queratina

Procedimentos:

1 – Analisar a lâmina S2 da pele espessa (HE)

Responda:
A) Em qual tecido foi mais fácil identificar a queratina? Justifique sua resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 5
Biomembranas

As biomembranas são encontradas em do pela membrana plasmática e às vezes


todos os seres vivos, sendo que os proca- ultrapassando a membrana das organelas
riotos apresentam apenas uma membrana, para agir no interior das mesmas.
que é a membrana plasmática. Os eucario- A membrana plasmática, assim como a
tos além da membrana plasmática, apre- membrana das organelas, é muito delgada
sentam um rico sistema de endomembra- e a sua espessura (5 a 10nm) está abaixo
nas. do limite de resolução do microscópio óp-
O fato de estar presente em todos os se- tico (até 200nm), nesse tipo de microsco-
res vivos demonstra a sua grande importân- pia é possível determinar apenas o local
cia, como por exemplo, ser o primeiro local onde a membrana plasmática se encontra
de contato da célula com o seu meio exter- por isso o termo mais correto utilizado é
no. Por isso, ela é importante para manter ‘limite celular’. É mais fácil determinar os
a homeostasia, selecionando a entrada e limites celulares nas células vegetais, de-
saída das moléculas. Sem essa troca, a cé- vido à presença da parede celular que fica
lula não sobrevive, pois ela precisa receber adjacente à membrana plasmática (Figura
nutrientes, gases, sais, sinalizadores quími- 1A). Enquanto que nas células animais nem
cos e eliminar os produtos residuais de seu sempre os limites são perceptíveis devido
metabolismo. A membrana também é im- à similaridade de cor entre o citoplasma e
portante para detectar alterações elétricas a matriz extracelular ou ao fato das célu-
e a presença de moléculas sinalizadoras las estarem muito próximas (Figura 1B). A
em suas imediações, como fatores de cres- membrana plasmática pode ser observada
cimento celular, hormônios e nutrientes. por microscopia eletrônica, que apresenta
Além disso, nos organismos unicelula- maior poder de resolução (Figura 1C).
res a membrana plasmática é fundamen-
tal na percepção dos predadores, localiza- Constituição química
ção de nutrientes, entre outras. Já para os
multicelulares, a membrana plasmática As membranas são formadas por uma
exerce papel fundamental nos processos bicamada lipídica e por proteínas, sendo que
de reconhecimento, adesão e comunicação existe normalmente cerca de 50 moléculas
celular. Em outro nível, ela é importante na de lipídios para cada proteína. Contudo a
absorção de nutrientes no sistema diges- quantidade e qualidade de proteínas e lipí-
tório, para trocas gasosas no respiratório e dios de uma membrana variam conforme o
percepção dos sentidos como olfato e tato. tipo celular ou até mesmo, entre as organe-
Um bom exemplo ocorre pela ingestão de las, o que reflete diretamente na função da-
medicamentos, cujo efeito no organismo só quela membrana específica. Por exemplo, a
ocorre após sua entrada na célula passan- bainha de mielina que envolve os axônios, é
62 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomembranas

A B

Figura 1 – A) Estômato
com duas células-
guarda que apresentam
cloroplastos discóides
(seta indica a parede
celular); B) célula animal
corada com Hematoxilina
eosina (linhas indicam
os limites celulares
de enterócito - Escala:
10 μm; C) Células da
vesícula seminal de
inseto Diaphorina citri
(Hemiptera) (seta indica
a membrana plasmática
C e cabeça de seta indica
envoltório nuclear).

formada por aproximadamente 75% de lipí- brana plasmática das células que formam a
dios. bainha de mielina. Durante o preparo da lâ-
Dependendo da técnica utilizada, quan- mina ocorre perda desses lipídios, pelo fato
do se prepara uma lâmina de um nervo ou de se utilizar solventes orgânicos e calor.
da substância branca do sistema nervoso Os lipídios são formados por moléculas
central, observa-se um ‘espaço branco’ ao muito diferentes, mas todas são insolúveis
redor do axônio (Figura 2, asterisco). Esse na água e solúveis em solventes orgânicos.
‘espaço’ corresponde aos lipídios da mem- Os lipídios de membrana mais abundantes
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomembranas 63

2 são os fosfolipídios, que são anfipáticos, ou


seja, formados por uma cabeça polar e duas
caudas apolares, podendo ou não apresen-
tar insaturações (Figura 3).
Não existem ligações fortes entre os
lipídios da membrana, as moléculas de li-
pídios são comprimidas umas contra as
outras devido à repulsão que sofrem pela
água presente no meio que as envolve, esse
fenômeno é denominado de interação hidro-
fóbica. Quando os lipídios anfipáticos estão
em ambiente aquoso, o arranjo energetica-
Figura 2 – Substância mente mais favorável é a formação de bi-
branca evidenciando o *
local da bainha de mielina camadas sem bordas livres (círculos), para
(asterisco). Escala:5µm evitar o contato da porção hidrofóbica com a
água (Figura 4).
Por não haver ligações químicas fortes
entre os lipídios da membrana, pode ocor-
rer a movimentação dos componentes da
3 membrana, como as proteínas e lipídios.
Outro fator que influencia o movimento e
Cabeça polar que facilita o transporte é o número de insa-
turações presentes entre os lipídios (Figura
Caudas apolares
3). Quanto mais insaturações presentes nos
lipídios da membrana, maior a sua fluidez
e mais facilmente vai ocorrer o movimen-
to das moléculas. A fluidez da membrana
Figura 3 – Esquema dos Insaturação permite que ela cresça, mude de forma e,
lipídios anfipáticos de quando é perfurada, as partes separadas
membrana. rapidamente voltem a se ligar.
Interagindo com a bicamada lipídica es-
tão as proteínas, que podem ser de diferen-
tes tipos. Geralmente as diferenças nas pro-
4 teínas das membranas das organelas são
responsáveis por fazer com que as organe-
las sejam diferentes entre si. As proteínas
apresentam várias funções como a função
estrutural, de transporte e também podem
atuar como receptores de membrana.
Conforme sua interação com os lipí-
deos as proteínas podem ser classificadas
Figura 4 – Interações dos como proteínas extrínsecas (ou periférica)
lipídios de membrana. ou proteínas intrínsecas (ou transmembra-
na). As proteínas intrínsecas atravessam a
64 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomembranas

bicamada lipídica, uma vez (unipasso) ou Junções celulares


várias vezes (multipasso). Este tipo de pro-
teína possui porções hidrofóbicas, formadas Nos organismos multicelulares é fun-
por aminoácidos hidrofóbicos, que ficam em damental a comunicação e união entre as
contado com o interior hidrofóbico da bica- células e dessas com o meio extracelu-
mada lipídica. Contudo, as proteínas intrín- lar. Uma das estruturas que permite que
secas não se limitam apenas ao interior da a célula exerça essas funções é a junção
bicamada lipídica, parte delas atravessa a de oclusão, ou oclusiva. Ela é formada por
bicamada lipídica, ficando em contato com proteínas integrais (ocludinas e claudina)
o citoplasma ou a matriz extracelular. As de células adjacentes que se dispõem lado
proteínas extrínsecas não interagem com a lado formando ‘cordões’ de vedação e in-
a região hidrofóbica da bicamada lipídica, ternamente está ligada ao citoesqueleto de
apenas com as partes hidrofílicas das pro- microfilamentos de actina.
teínas intrínsecas ou dos lipídios e a outras A espessura da membrana onde exis-
proteínas extrínsecas (Figura 5). tem as zônulas de oclusão é menor que a
Outro componente químico muito im- espessura total das duas membranas sepa-
portante nas biomembranas é o carboidra- radas, o que leva a concluir que as proteínas
to, que corresponde à porção glicídica dos de membrana dessa região formam uma
glicolipídios e das glicoproteínas (oligossa- estrutura semelhante a um ‘zíper’. Essa
carídeos) e proteoglicanas (polissacarídios). junção pode formar um ‘cinturão’ ao redor
Geralmente essas moléculas se encontram das células epiteliais, sendo contínuo (zônu-
na face não citoplasmática das células e la) ou descontínuo (faixas).
estão ligadas externamente a outras glico- A junção de oclusão tem como funções:
proteínas e proteoglicanas secretadas pelas limitar a difusão passiva de íons e pequenas
próprias células, formando uma estrutura moléculas entre as células e manter a po-
conhecida como glicocálice (Figura 5). Essa laridade celular. Está presente nos epitélios
estrutura tem como funções o reconheci- de revestimento.
mento celular; a adesão celular e a deter- Outra estrutura que permite a adesão é
minação do grupo sanguíneo, entre outras. a junção aderente, ela também é formada

5 1 2 3
C

Figura 5 – Esquema de
uma membrana biológica,
mostrando a B) bicamada
lipídica; C) carboidratos
e proteínas 1) intrínseca
unipasso; e 2) intrínseca
multipasso; 3) extrínseca.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomembranas 65

por proteínas integrais da membrana plas- tem como função a livre passagem de íons
mática de células adjacentes. Essas proteí- e moléculas pequenas como aminoácidos,
nas são da família das caderinas e se ligam nucleotídeos, monossacarídeos e alguns
por pontes de cálcio. A sua porção citoplas- mensageiros químicos entre células adja-
mática também se liga indiretamente ao centes. Estão presentes em praticamente
citoesqueleto de microfilamentos de actina. todos os tipos celulares, exceto células do
A junção de adesão forma um cinturão con- sangue e espermatozoide.
tínuo e/ou descontínuo abaixo da junção de A junção comunicante é formada por
oclusão das células epiteliais. Além da fun- dois hemicanais, que por sua vez são for-
ção de adesão, ela também é responsável mados por seis proteínas transmembranas
por manter a polaridade celular e tem papel (conexinas). Os hemicanais podem estar
fundamental no reconhecimento celular, presentes na membrana plasmática de dois
uma vez que as caderinas só interagem en- tipos celulares iguais (homocelulares), entre
tre si homotipicamente. tipos celulares diferentes (heterocelulares),
Os desmossomos também têm como entre dobras e prolongamentos da mesma
função a adesão intercelular, eles possuem membrana plasmática (autocelulares) e en-
estrutura semelhante à junção aderente, tre organelas da mesma célula.
mas diferenciam-se nos tipos de proteí- Essas junções são muito importantes
nas que o formam e por estarem ligados na nutrição de células pouco vasculariza-
internamente aos filamentos intermediá- das, como o cristalino do olho.
rios. Eles formam estruturas descontínuas, Nas células que formam a bainha
como ‘botões’ em torno das células e estão de mielina dos neurônios (as células de
presentes em todos tecidos que sofrem atri- Schwann e os Oligodendrócitos) as junções
to. É muito abundante na camada espinhosa comunicantes têm um papel fundamental
da derme, que recebeu esse nome devido à na manutenção da estabilidade da bainha de
presença de grande número de desmosso- mielina, pois servem como via interna para
mos observados na microscopia eletrônica. fluxo de íons, nutrientes e moléculas sina-
Existem mais dois tipos de estruturas lizadoras, conectando os compartimentos
de adesão, a de adesão focal e o hemides- citoplasmáticos periaxonal e perinuclear,
mossomo, ambas formadas por proteínas diminuindo em torno de 1000 vezes a dis-
transmembranas do tipo integrina que se tância percorrida.
ligam internamente ao citoesqueleto e ex- Outra função das junções comunican-
ternamente à matriz. Sendo que a adesão tes é a propagação de sinais químicos e
focal está ligada internamente aos microfi- elétricos, que ocorrem nos neurônios e cé-
lamentos de actina e os hemidesmossomos lulas cardíacas. Neste caso, permitem que
aos filamentos intermediários. Além da fun- grupos celulares funcionem de modo coor-
ção de adesão, são responsáveis por me- denado e harmônico, formando um conjunto
diar à transdução de sinais da matriz para funcional.
o interior da célula, que são importantes no
processo de diferenciação celular, cresci- Especializações de membrana
mento, apoptose, entre outros.
Diferentemente das estruturas citadas Algumas células podem apresentar
acima, as quais apresentavam funções de especializações, que são expansões do ci-
adesão e oclusão, a junção comunicante toplasma recobertas por membrana plas-
66 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Biomembranas

*
Figura 6 – A) intestino
corado com HE, seta
indica a região das
microvilosidades; B) Rim
corado com HE mostrando
túbulo contorcido proximal
(seta) e distal (asterisco).
Escala:5µm
A B
Figura 6 – A) intestino corado com HE, seta indica a região das microvilosidades; B) Rim corado com HE
mática e contendo no interior algum tipo res e mais finos, alcançam até 10µm e por
mostrando túbulo contorcido
de citoesqueleto. proximal
Como por (seta) e distalas(asterisco).
exemplo, isso são Escala:5µm
mais perceptivos em microscopia
microvilosidades, os estereocílios, os cílios óptica (Figura 7). São encontrados no ducto
e os flagelos. As microvilosidades e os es- deferente e no epidídimo onde estão envol-
tereocílios contêm actina no interior e não vidos com a modificação da composição do
apresentam movimento. Os cílios e flagelo líquido em que ficam os espermatozoides
contém microtúbulos internamente e apre- durante a sua maturação. Eles também são
sentam movimentos. encontrados nas células pilosas do ouvido
As microvilosidades têm como função externo, onde são importantes para geração
aumentar a área de absorção e estão pre- de um um sinal elétrico que é transmitido
sentes nas células do intestino e rim, por ao sistema nervoso central.
exemplo, e as suas dimensões (2µm/0,1µm)
não permitem que sejam observadas em
microscopia óptica. Contudo é possível ob- 7
servar que a região apical das células do
intestino se apresenta mais corada devido
à presença dessas especializações (Figura
6A). Também é possível observar a diferen-
ça entre células do rim que possuem mi-
crovilosidades maiores (células do túbulo
contorcido proximal) e células onde elas são
menores (túbulo contorcido distal) (Figura
6B). No túbulo contorcido proximal não é
possível ver a luz do túbulo, pois as micro- Figura 7 – Epidídimo
vilosidades estão ocupando esse espaço, já corado com HE, seta
indica os estereocílios.
no distal é possível distinguir essa luz.
Escala:5µm
Os estereocílios são muito semelhan-
tes às microvilosidades, porém são maio-
Figura 7 – Epidídimo corado com HE, seta indica os estereocílios. Escala:5µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Biomembranas 67

8 também têm função de locomoção para vá-


rios protozoários e também para os esper-
matozoides (Figura 9B).
Outra especialização de membrana é
a bainha de mielina, que ao contrário das
demais citadas não apresenta riqueza de
Figura 8 – Espermatozoide citoesqueleto no seu interior. A bainha de
de inseto Diaphorina citri mielina é formada por expansões da mem-
(Hemiptera) em corte
transversal mostrando o
brana plasmática das células de Schwann
axonema (seta). (no sistema nervoso periférico) ou oligo-
dendrócitos (no sistema nervoso central).
Figura 8 – Espermatozoide de inseto Diaphorina citri (Hemiptera) em corte transversal mostrando o axonema
Essas expansões se enrolam nos axônios
(seta).
Nos cílios e flagelos um feixe de micro- e como foi dito anteriormente, é composta
túbulos se projeta do citoplasma a partir do por aproximadamente 75% de lipídios, o que
corpúsculo basal (cinetossomo), que é uma colabora na função de isolamento elétrico
estrutura igual ao centríolo. Os cílios e fla- e consequentemente aumenta a velocidade
gelos possuem internamente o axonema, da transmissão do impulso nervoso pelos
que geralmente é formado por nove duplas axônios.
periféricas de dois microtúbulos e uma du- Também existem os processos celula-
pla central (Figura 8). res, que são projeções citoplasmáticas reco-
A diferença básica entre cílios e flagelos bertas por membrana plasmática presentes
é o tamanho e número por células. Os cílios nas células de Sertoli (ou nutridora) e nos
variam de 0,2 a 10µm e podem ocorrer até macrófagos. No primeiro caso os processos
250 unidades por células. O flagelo é bem permitem maior área de interações da cé-
maior, chegando a 200 µm de comprimento, lula de Sertoli com as células germinativas,
e em menor número que os cílios, geral- o que é muito importante no processo es-
mente apenas um. permatogênico. No entanto, em relação aos
Os cílios são encontrados nos seres macrófagos os processos celulares são for-
multicelulares e unicelulares (protistas). mados durante a fagocitose e na movimen-
Nestes tem como função o deslocamento tação da célula. Estes processos só podem
dos organismos e coleta de partículas ali- ser visualizados em microscopia eletrônica.
mentares. Nos multicelulares os cílios têm
a função de movimentar muco ou fluidos 0
sobre a superfície celular, como na traqueia
(Figura 9A) e trompa uterina. Os flagelos

Figura 9 – A) Traqueia
corada com HE (seta
indica a região dos cílios;
B) Espermatozoide com
flagelo. Escala:5µm

A B
Figura 9 – A) Traqueia corada com HE (seta indica a região dos cílios; B) Espermatozoide com flagelo.
Escala:5µm
68 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE BIOMEMBRANAS

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Analisar a membrana plasmática de forma indireta.

Procedimento:
1 – Analisar a o epitélio da bexiga (lâmina A5-HE) e as células musculares (Lâmina L5 –
Língua HE).

Responda:

A) Esquematizar as células epiteliais da bexiga e indicar a localização da membrana plasmática.

B) Em qual tecido (epitelial ou muscular) foi mais fácil perceber os limites celulares? Por quê?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 69

♦♦ Atividade 2
Objetivo - Identificar e compreender as especializações de membrana plasmática em cinco
tipos celulares.

Procedimentos:
1 – Analisar as especializações da membrana plasmática nas células epiteliais do Epidídi-
mo, Intestino, Traqueia e os Espermatozoides.

Responda:

A) Esquematizar as especializações dessas células e sua correspondência em microscopia


eletrônica de transmissão.

B) Complete os dados:
Lâmina 06 – Epidídimo (HE)
Tipo de especialização: __________________________________________________________
Tipo de citoesqueleto presente: ___________________________________________________
Local da célula onde a especialização é encontrada: ___________________________________
Relação da especialização com a função da célula: ____________________________________

Lâmina k17 – Intestino (HE)


Tipo de especialização: __________________________________________________________
Tipo de citoesqueleto presente: ___________________________________________________
Local da célula onde a especialização é encontrada: ___________________________________
Relação da especialização com a função da célula: ____________________________________
70 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Lâmina C4 – Traqueia (PAS)


Tipo de especialização: __________________________________________________________
Tipo de citoesqueleto presente: ___________________________________________________
Local da célula onde a especialização é encontrada: ___________________________________
Relação da especialização com a função da célula: ____________________________________

Lâmina U1 – Esperma
Tipo de especialização: __________________________________________________________
Tipo de citoesqueleto presente: ___________________________________________________
Local da célula onde a especialização é encontrada: ___________________________________
Relação da especialização com a função da célula: ____________________________________

C) Coloque em ordem decrescente as especializações que foram mais facilmente observadas


em microscopia óptica?
1ª - ________________________________________________________________________
2ª - ________________________________________________________________________
3ª - ________________________________________________________________________
4ª - ________________________________________________________________________

D) Esquematize uma fibra nervosa da medula espinhal (Lâmina G2) em corte transversal,
indicando o axônio e a região da bainha de mielina.

E) Por que a região da bainha de mielina não aparece corada na lâmina?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

F) Relacione a modificação da membrana plasmática da bainha de mielina do oligodendrócito


com a sua função para o sistema nervoso.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 6
Transporte via biomembranas

As células são formadas por membra- As proteínas que fazem o transpor-


nas, os procariotos apresentam apenas a te de moléculas podem ser de dois tipos:
membrana que envolve o citosol enquanto proteínas formadoras de canais e as proteí-
os eucariotos possuem um sistema de en- nas permeases ou carreadoras. Quando o
domembranas, que formam as organelas. transporte ocorre via proteínas formadoras
Todas essas membranas apresentam per- de canais não há ligação entre as moléculas
meabilidade seletiva, ou seja, permitem a que estão sendo transportadas com as pro-
passagem de certas substâncias e impedem teínas dos canais. A velocidade de transpor-
a passagem de outras. Esse controle é fun- te e proporcional a concentração das molé-
damental para que as células mantenham culas a serem transportadas (Figura 2A).
sua homeostasia e exerçam suas funções Já as permeases interagem com a mo-
adequadamente. lécula que está sendo transportada, existin-
A função seletiva das membranas é do permeases específicas para cada tipo de
exercida pelos seus componentes quími- molécula que é transportada. Ao se ligar ao
cos. Os lipídios permitem a livre passagem soluto a permease muda sua conformação e
de algumas moléculas, como por exemplo, realiza o processo de transporte. A velocida-
a água, alguns gases, pequenas moléculas de também é proporcional à concentração
apolares. Por outro lado, as moléculas po- do soluto, porém existe um ponto de satu-
lares, apolares grandes e íons não conse- ração, quando todas as proteínas já estão
guem atravessar via camada lipídica e por ocupadas no processo de transporte (Figura
isso seu transporte é realizado pelas proteí- 2B).
nas (Figura 1).

1 Pequenas
moléculas Moléculas polares,
Gases apolares apolares grandes
Água e íons

Figura 1 – Permeabilidade
seletiva via bicamada
lipídica.
72 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Transporte via biomembranas

Figura 2 – A) proteínas
formadoras de canais e B)
permeases.
A B

As proteínas carreadoras podem rea- mediada por proteínas permeases (carboi-


lizar três tipos de transportes: (1) uniporte dratos e aminoácidos) (Figura 3).
quando uma molécula é transportada em O transporte ativo é realizado sempre
uma direção ou co-transporte que pode ser por proteínas carreadoras que tem uma
(2) simporte quando duas moléculas são zona ATPásica. É importante ressaltar que
transportadas juntamente em uma única grande parte do ATP das células é gasto
direção ou (3) antiporte, onde duas molécu- no transporte ativo. Este tipo de transporte
las são transportadas em direções opostas ocorre principalmente quando a concen-
(Figura 3). tração de certos íons ou moléculas de um
lado da célula é maior que do outro lado ou
Transporte em pequena quantidade quando as moléculas são muito grandes.
O transporte ativo pode ser unipor-
Os mecanismos de transportes podem te, simporte ou antiporte. Exemplos de
ser de dois tipos: passivo e ativo. O passivo transporte ativo: bomba de sódio e potás-
ocorre a favor de um gradiente eletroquími- sio-ATPase, bomba de cálcio (no retículo
co e sem gasto de energia. No transporte sarcoplasmático) e bomba de hidrogênio
ativo há gasto de energia e é contra o gra- (no lisosoma). Também existe o transporte
diente eletroquímico. O transporte passivo ativo indireto ou secundário no qual a ener-
pode ser por difusão simples via lipídios gia provém do co-transporte de um íon ou
(água, gases e moléculas apolares peque- molécula que atravessa a favor de um gra-
nas), através de proteínas canais (água e diente, como por exemplo, o simporte de
+
íons) ou por difusão facilitada, que é inter- Glicose-Na (Figura 3).

3 Figura 3 –Tipos de
transporte quanto ao
gasto de energia – A)
Passivo por difusão
simples; B) Passivo
por proteínas canais;
C) Passivo por difusão
ATP
ADP facilitada; D) Ativo
primário do tipo antiporte;
E) Ativo secundário do tipo
A B C D E GRADIENTE ELETROQUIMICO simporte.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Transporte via biomembranas 73

Figura 4 – Folha vegetal


- A) antes e B) após a
submissão ao frio.

Uma mesma molécula pode ser trans- Transporte em grande quantidade


portada por diferentes tipos de transportes
e transportadores, conforme o gradien- Os tipos de transportes vistos se refe-
te eletroquímico atual e a região da célula rem às pequenas quantidades de molécu-
onde se encontram os transportadores (api- las, contudo para o metabolismo normal
cal ou basal). da célula e sua própria defesa, em alguns
Tudo o que afeta os componentes das momentos é necessário o transporte de
membranas também afeta a sua permeabi- substâncias em grande quantidade ou até
lidade seletiva, como por exemplo, o calor, o mesmo a captura de microrganismos. Esse
frio e solventes orgânicos. O calor desnatura processo se chama endocitose, consome
as proteínas fazendo com que modifiquem energia e pode ser de dois tipos: pinocitose
a sua forma. O aumento da temperatura e fagocitose.
também diminui a interação hidrofóbica dos Uma das diferenças entre os dois pro-
lipídios. Em ambos os casos ocorre o ‘afas- cessos é quanto à forma de interiorizar o
tamento’ dos componentes da membrana material, na pinocitose a membrana sofre
abrindo ‘espaços’ por onde passam molécu- uma invaginação e na fagocitose ela forma
las e íons sem a devida seleção. Os solven- pseudópodos ao redor do material a ser en-
tes orgânicos diminuem a interação hidro- docitado. Outra diferença é quanto ao tama-
fóbica dos lipídios das membranas, fazendo nho das partículas endocitadas, a pinocitose
com que a membrana perca a seletivida- envolve partículas menores que na fagoci-
de. O frio, dependendo da sua intensidade, tose.
além de aumentar o volume celular, forma A pinocitose pode ser seletiva ou não,
cristais de gelo que são ‘cortantes’ e abrem enquanto a fagocitose é apenas seletiva.
espaços nas células levando ao extravasa- Enquanto a pinocitose pode ser realizada
mento do conteúdo citoplasmático e con- por todos os tipos celulares, a fagocitose é
sequentemente a morte celular. Esse efeito realizada por células especializadas na de-
pode ser observado em vegetais expostos ao fesa (neutrófilos e células do sistema mono-
frio, como na Figura 4 com a mesma folha cítico-macrofágico) e é bastante difundida
de alface em temperatura ambiente (A) e nos protozoários (Figura 5).
após a submissão ao frio (B). Na endocitose o material introduzido na
célula é compartimentalizado em vesículas,
74 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Transporte via biomembranas

que são chamadas de endossomos. Essas proteínas de membrana utilizadas na endo-


vesículas recebem enzimas digestivas pro- citose (Figura 5).
venientes dos lisossomos. Após proces-
samento do material pelas enzimas, pode Osmose
haver o aproveitamento desse material pela
própria célula, ou a excreção ou o armaze- A origem dos seres vivos foi a partir da
namento como corpos residuais (Figura 5). água e por isso carregamos ‘impressa’ em
O processo inverso da endocitose é a nossas células essa origem. Isso pode ser
exocitose, ou seja, o transporte ‘para fora’ visto, por exemplo, no que se refere ao trans-
da célula. Esse transporte permite eliminar porte da água que pode ocorrer de diferen-
secreções como hormônios, muco, enzimas tes formas através da membrana. Quando
digestivas e proteínas para a matriz extra- há um desequilíbrio de concentração de so-
celular, assim como a excreção de resíduos luto entre a célula e o meio externo, a água
metabólitos. Também Pode ocorrer a exoci- é transportada para dentro ou para fora da
tose de vesícula para que sejam devolvidas célula até que ocorra o equilíbrio entre os

A C D E
B

Figura 5 – Transporte em
grande quantidade – A)
Reaproveitamento de
proteínas de membrana
plasmática; B) Pinocitose
seletiva; C) Fagocitose de
bactéria; D) exocitose de
resíduo e E) exocitose de
secreção.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Transporte via biomembranas 75

6 MEIO HIPOTÔNICO MEIO ISOTÔNICO MEIO HIPERTÔNICO

Figura 6 – Processo de
osmose em A) célula
animal e B) vegetal.

meios. Esse processo de transporte da água tração salina (hipertônico) a célula trans-
do meio com menos concentração de sais porta água para o exterior e também modi-
para um meio com maior concentração, fica sua forma, pois diminui de volume, esse
sem gasto de energia denomina-se osmose. fenômeno é chamado de plasmólise. Isso
Quando o meio está isotônico (mesma é mais perceptível na célula animal do que
concentração salina) a célula não modifica na vegetal, pois na vegetal a parede celular
sua forma, porém quando o meio está hi- não se modifica abruptamente, apenas o ci-
potônico, a célula transporta água para seu toplasma se reduz em proporção. Quando a
interior até atingir o equilíbrio, ou até que célula vegetal possui pigmentos é possível
sua membrana não suporte mais a grande observar que a intensidade da cor aumenta
quantidade de água e se rompa. Nas células devido à saída da água e consequentemen-
vegetais o rompimento é evitado pela ação te, a concentração dos pigmentos (Figura
mecânica da parede celular, que regula a 6). Quando as condições do meio externo se
entrada excessiva de água. Mesmo assim a modificam a célula pode voltar ao seu vo-
célula vegetal aumenta o volume, esse fenô- lume original em um processo denominado
meno é denominado de turgescência. deplasmólise.
Quando o meio está com alta concen-
0
76 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE TRANSPORTE VIA BIOMEMBRANAS

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Verificar o efeito de solvente orgânico e da temperatura sobre a permeabilidade
seletiva da membrana em células vegetais.

Procedimentos:
1 - Cortar cubos de beterraba e lavá-las durante 5 minutos em água corrente, até que não saiam
mais pigmentos pelas superfícies de corte;
2 - Colocar em três béqueres diferentes conforme tabela abaixo.

Tabela 1 – Experimento sobre efeito de solvente e temperatura sobre as células vegetais

Béquer Temperatura Procedimentos

1 ambiente Colocar água até cobrir

2 ambiente Colocar acetona até cobrir

3 alta Colocar água até cobrir e deixar em banho Maria por 15 minutos a 80ºC

Responda:

A) Qual a cor dos líquidos nos béqueres 1, 2 e 3? Explique esses resultados.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 77

♦♦ Atividade 2
Objetivo - Verificar o efeito da temperatura sobre a permeabilidade seletiva da membrana
plasmática em fungo.

Procedimentos:
1 - Enumerar dois tubos de ensaio e fazer as adições descritas na tabela seguinte, na sequência
indicada:

Tabela 2 – Experimento sobre efeito da temperatura sobre a membrana plasmática de fungo

TUBOS SUSPENSÃO DE LÊVEDO VERMELHO CONGO CONDIÇÕES


0,2%

1 2 mL 3 mL Temperatura ambiente

2 2mL 3 mL banho-maria a 100°C por 10 minutos

2 - Analisar o lêvedo em microscopia óptica.

Responda:

A) Qual a cor do lêvedo dos tubos 1 e 2? Explique os resultados.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

♦♦ Atividade 3
Objetivos - Verificar o processo de osmose em células epiteliais vegetais; aprender a
técnica de distensão; conhecer células vegetais; diferenciar o núcleo, cristais, plastos;
diferenciar células animais e vegetais; discutir a diferença entre a membrana plasmática
das células animais e a parede celular das células vegetais e diferenciar as células de
guarda dos estômatos.

Procedimentos:
1 - Colocar uma gota de solução isotônica sobre a lâmina;
2 - Retirar alguns fragmentos da epiderme inferior, região abaxial, de uma folha de Tradescantia sp.
com auxílio de uma pinça ou lâmina de barbear;
3 - Colocar o fragmento sobre a gota e cobrir com lamínula;
4 - Observar no microscópio com objetiva de 10X;
5 - Colocar algumas gotas de solução hipertônica (Solução salina - NaCl 3%) em uma das extremi-
dades da lamínula e na extremidade oposta um papel filtro. Desta forma a solução isotônica que está
78 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

entre a lâmina e lamínula será substituída pela solução salina. Caso demore muito, pode retirar a
lamínula e com o papel-filtro absorver o excesso da solução isotônica que está em volta da epiderme
e depois pingar uma gota de solução hipertônica.
6 - Observar em microscópio óptico.
7 - Substituir a solução hipertônica por hipotônica. Caso não observe modificações, repita esse pas-
so com células plasmolisadas recentemente.

Responda:

A) Esquematizar as células colocadas em solução isotônica e hipertônica. Explique os resultados.

Solução hipotônica Solução hipertônica

B) O que aconteceu quando substituiu a solução isotônica pela solução hipertônica? Qual o
nome desse evento?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) O que aconteceu quando substituiu a solução hipertônica pela solução hipotônica? Qual o
nome desse evento?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 79

♦♦ Atividade 4
Objetivos - Discutir o processo de osmose em células animais (células da mucosa bucal) e
discutir a diferença dos resultados da osmose em células animais e vegetais.

Procedimentos:
1 - Colocar uma gota de solução isotônica sobre a lâmina;
2 – Fazer uma raspagem da mucosa bucal com auxílio de um palito de fósforo;
3 - Colocar o material sobre a gota e cobrir com lamínula;
4 - Observar no microscópio com objetiva de 10X;
5 - Colocar algumas gotas de solução hipertônica (Solução salina - NaCl 3%) em uma das extremi-
dades da lamínula e na extremidade oposta um papel filtro. Desta forma a solução isotônica que está
entre a lâmina e lamínula será substituída pela solução salina.
6 - Observar o efeito ao microscópio.
7 - Substituir a solução hipertônica por hipotônica.

Responda:

A) Esquematizar as células colocadas em solução isotônica, hipertônica e na hipotônica.

Solução isotônica Solução hipertônica Solução hipotônica

B) O que acontece com a forma das células na solução hipotônica e na solução hipertônica? Por
que aconteceram esses eventos?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Quais as principais diferenças entre a osmose vegetal e animal?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
80 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 5
Objetivo - Verificar o papel da osmose na turgidez das células vegetais.

Procedimentos:
1 - Colocar algumas fatias de batata em água (solução hipotônica) e outras em solução hipertônica;
2 - Analisar a consistência das fatias de batata.

Responda:

A) Em qual solução a batata ficou mais túrgida? Por quê?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

♦♦ Atividade 6
Objetivo - Verificar a consequência da osmose em células vegetais.

Procedimentos:
1 - Fazer uma concavidade em uma batata com auxilio de uma faca;
2 - Colocar sal na concavidade e esperar uns 30 minutos;
3 – Analisar.

Responda:

A) O que pode ser observado? Explique como ocorreu esse evento?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 81

♦♦ Atividade 7
Objetivo: Estimular a análise crítica do discente

Procedimentos:
1 – Analise as figuras abaixo:

Figura 1a - Flor- estrela (Família Apocynaceae) A) logo após a abertura e B) alguns dias depois.

Responda:

Explique o que aconteceu com a flor dessa planta.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 7
Citoplasma

As células procarióticas são mais sim- palmente os triglicerídeos. Elas estão pre-
ples estruturalmente que as eucarióticas, sentes em diferentes tipos celulares, são
pois não apresentam organelas: núcleo, mais facilmente visíveis nos adipócitos, ser-
retículo endoplasmático, complexo de gol- vindo de reserva concentrada de nutrien-
gi, lisossomo, mitocôndria e peroxissomo. O tes para todo o organismo (Figura 1A). Nas
citoplasma das células procariotas é forma- células musculares, essa reserva é para o
do apenas pelo citosol, que é rico em íons, consumo próprio do tecido. Os hepatócitos
moléculas e estruturas celulares como os também apresentam grande quantidade de
ribossomos. Em algumas bactérias a mem- inclusões, uma vez que o fígado é o princi-
brana plasmática invagina no citoplasma pal órgão envolvido no metabolismo lipídico.
formando uma estrutura chamada mesos- As células de algumas glândulas também
somo. Nas cianobactérias essas invagina- apresentam inclusões lipídicas, mas nesse
ções citoplasmáticas contêm pigmentos caso é representado pelo seu próprio mate-
fotossintéticos. rial de secreção.
Nas células eucarióticas 55% do volu- Os pigmentos também se acumulam
me celular são representados pelo citosol na forma de inclusões como, por exemplo,
ou matriz citoplasmática, composto por a melanina, encontrada nas células da epi-
água, íons e aminoácidos, precursores dos derme (Figura 1B). Outro pigmento encon-
ácidos nucléicos, bem como enzimas e ele- trado na forma de inclusão é a lipofuscina,
mentos do citoesqueleto, como as microfi- que se acumula em algumas células de vida
brilas de actina, microtúbulos e filamentos longa, como os neurônios e células muscu-
intermediários. lares estriadas cardíacas.
Além das inclusões no citosol das cé-
Inclusões e vesículas lulas eucarióticas, ocorrem vesículas que
podem ser de endocitose, exocitose ou de
No citosol estão presentes inclusões, secreção. As vesículas de secreção são for-
que servem como local de depósito de subs- madas no complexo de Golgi, geralmente
tâncias. As mais comuns são acúmulos de repletas de proteínas que serão secretadas
glicogênio que se apresentam na forma de para fora da célula. Um exemplo típico é o
grânulos esféricos, podendo ser chama- grânulo de zimogênio do pâncreas (Figura
dos de glicossomos, que são armazenados 1C) e as vesículas de mucina das glândulas
como suprimento energético, principalmen- caliciformes.
te pelos hepatócitos, miócitos, neutrófilos e Existem as inclusões cristalinas, que
certos epitélios. geralmente são compostas por proteínas,
Inclusões comumente encontradas no mas podem ser formadas por urato, ferri-
citosol são as gotículas de lipídios, princi- tina, entre outros. Suas funções ainda não
84 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Citoplasma

* *

A B

Figura 1 – A) inclusões
lipídicas do adipócito
multilocular (*); B)
inclusões de melanina
da epiderme (seta); C)
vesícula de secreção com
grânulo de zimogênio
do pâncreas (seta).
C Escala:5µm
Figura 1 – A) inclusões lipídicas do adipócito multilocular (*); B) inclusões de melanina da epiderme (seta);
C) vesícula de secreção com grânulo de zimogênio do pâncreas (seta). Escala:5µm
são bem conhecidas. Citoesqueleto
As vesículas de endocitose formam
um compartimento endossomal, que se O citoesqueleto é constituído por fila-
expande desde a membrana plasmática mentos proteicos, sendo que os principais
até as proximidades do núcleo. Esse com- tipos são os microtúbulos, microfilamentos
partimento é responsável pela separação e de actina e filamentos intermediários. Os
endereçamento do material que penetra no microfilamentos de actina são assim deno-
citoplasma pelas vesículas de pinocitose. O minados por possuírem o menor diâmetro
material presente no endossoma pode ter entre os três filamentos do citoesqueleto,
três destinos diferentes: passar para o cito- que é de 6 a 8 nm. O filamento intermediário
sol, voltar para superfície celular ou unir-se apresenta valor intermediário de 8 a 10 nm
aos lisossomos. e o microtúbulo é o que apresenta o maior
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Citoplasma 85

diâmetro, de 22 a 24 nm. Microfilamentos de actina


O citoesqueleto faz com que o citosol
se comporte como um gel aquoso, fazendo Os microfilamentos de actina estão
com que a sua consistência se modifique. presentes em todas as células eucarióticas,
Isso é possível porque a actina e os micro- sendo formadas por proteínas globulares
túbulos polimerizam e despolimerizam de denominadas actina G, que podem se juntar
modo reversível e dinâmico. Quando despo- em filamentos helicoidais denominados ac-
limerizam, conferem ao citosol maior flui- tina F. Esses filamentos de actina F podem
dez e quando polimerizam apresenta con- formar redes ou feixes como nas microvilo-
sistência de gel. sidades, junções celulares, sarcômeros (cé-
O citoesqueleto ocorre somente nos lulas musculares) e córtex celular.
eucariotos, sendo que a quantidade, distri- Os monômeros que formam os microfi-
buição e combinação dos filamentos variam lamentos de actina são estruturas instáveis
entre os diferentes tipos celulares. Esses que podem ser removidos ou adicionados.
filamentos combinados com outras proteí- Por essa razão os microfilamentos de acti-
nas exercem várias funções nas células, tais na podem sofrer a ação de algumas drogas
como organização estrutural, manutenção como, por exemplo, a citocalasina que im-
da forma e movimentos celulares. pede a polimerização e a faloidina que esta-
Os três filamentos do citoesqueleto es- biliza o microfilamento de actina impedindo
tão distribuídos por todo citoplasma de for- a despolimerização.
ma organizada. Os microtúbulos partem do Por outro lado algumas estruturas
centrossomo, os filamentos intermediários formadas por actina são estáveis, os sar-
circundam o núcleo externa e internamente, cômeros das células musculares. Essa es-
formando a lâmina nuclear e actina encon- tabilidade é conferida pela associação do
tra-se principalmente abaixo da membrana microfilamento com proteínas estabilizado-
plasmática, participando do córtex celular, ras, que recobrem os microfilamentos im-
microvilosidades, junção de oclusão, adesão pedindo a ação de proteínas de clivagem e
e adesão focal (Figura 2). impedindo a remoção de actinas G.
Como visto no exemplo acima, existem
proteínas que atuam conjuntamente com
2 a actina, como por exemplo, as proteínas
fragmentadoras de actina, as proteínas se-
questradoras que se ligam aos monôme-
ros livres, modulando sua afinidade com o
microfilamento de actina, as proteínas de
ligação que fazem a ligação entre microfi-
lamentos de actina a outras proteínas, as
proteínas de ancoragem que ancoram os
microfilamentos à membrana plasmática e
as proteínas motoras que utilizam os micro-
Figura 2 – Distribuição
preferencial do filamentos como ‘trilhos’ para locomoção de
citoesqueleto. vesículas, organelas e/ou macromoléculas.
Os microfilamentos de actina apresen-
tam diversas funções, como por exemplo,
86 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Citoplasma

ser responsável pelo suporte mecânico da tos de actina promovem a movimentação do


célula, por isso esses microfilamentos se citoplasma o que altera a forma da célula,
localizam na periferia celular, formando o criando “falsos pés” (pseudópodes).
córtex celular. Essa actina presente na peri- Eles também promovem o transporte
feria da célula também atua nos processos de vesículas de secreção e macromoléculas
de endocitose e exocitose, além de partici- no citoplasma, participam da mudança de
par da adesão celular nas junções de oclu- consistência do citosol, da contração mus-
são, de adesão e adesão focal. cular e da citocinese.
Pelo fato da actina estar na periferia
ela também é importante para determinar e Filamentos Intermediários
manter a forma dos diferentes tipos celula-
res e formar as microvilosidades e estereo- Esse tipo de citoesqueleto está presen-
cílios (Figura 3). te apenas nos organismos multicelulares.
Os microfilamentos de actina são res- Estando presente na maioria das células
ponsáveis pela ciclose, que é uma corrente animais, exceto nas células de embriões jo-
citoplasmática capaz de deslocar núcleo e vens e oligodendrócitos.
outras organelas. Sendo por isso impor- Os filamentos intermediários são for-
tante na distribuição dos nutrientes den- mados por proteínas fibrosas em que três
tro da célula. Ela ocorre tanto nas células cadeias polipeptídicas se enrolam em hé-
animais quanto nas vegetais, porém é mais lice. Eles são formados por proteínas de
perceptível nas vegetais, pois o citoplasma diversas classes e conforme o tipo celular
está restrito a periferia da célula devido ao existe um filamento intermediário específi-
grande volume do vacúolo. A ciclose pode co. Por exemplo, na epiderme, o citoesque-
ser observada ao microscópio de luz pela leto intermediário é a citoqueratina, no teci-
movimentação dos cloroplastos, uma vez do conjuntivo é a vimentina, nos neurônios
que os demais constituintes celulares são são os neurofilamentos, nas células muscu-
incolores. lares é a desmina. Devido a essa distribui-
Outro movimento realizado pelos mi- ção específica, a sua identificação nas cé-
crofilamentos de actina é o movimento lulas do câncer facilita o diagnóstico sobre
amebóide realizado por organismos unice- a origem do câncer no caso de metástase.
lulares (ameba) e células de multicelulares Os filamentos intermediários são ele-
(leucócitos e macrófagos). Os microfilamen- mentos estruturais e por isso não partici-

Figura 3 – Especializações
da membrana plasmática
sustentadas pela actina.
A) Microvilosidades (seta)
do intestino delgado) e
B) Estereocílios (seta) do
epidídimo. Escala: 10 µm.
A B
a 3 – Especializações da membrana plasmática sustentadas pela actina. A) Microvilosidades (seta) do
ino delgado) e B) Estereocílios (seta) do epidídimo. Escala: 10 µm.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Citoplasma 87

pam diretamente dos movimentos celula- Microtúbulos


res. Quase não apresentam polimerização,
portanto, são estáveis. Contudo, eles podem Os microtúbulos estão distribuídos por
ser rearranjados para responder as neces- toda a célula, mas geralmente partem do
sidades celulares, como por exemplo, du- centrossomo, que é o principal centro or-
rante as divisões celulares. ganizador de microtúbulos na maioria das
Os filamentos intermediários são res- células animais. O centrossomo fica locali-
ponsáveis pela resistência mecânica, por zado perto do núcleo, onde na maioria das
isso estão presentes em células que sofrem células está situado um par de centríolos.
muitos atritos como as células da epiderme. Os microtúbulos são formados por pro-
Essas células são ricas em estruturas que teínas tubulinas dos tipos α e ß que se or-
conferem adesão celular, como os desmos- ganizam formando filamentos. Treze desses
somo e hemidesmossomo. Por meio dos filamentos se juntam de forma linear e pa-
desmossomos as células adjacentes se co- ralela formando o microtúbulo, portanto, ele
nectam, atuando de maneira integrada. Por é uma estrutura oca.
essa razão o estresse mecânico sofrido no Os monômeros que formam os micro-
tecido é distribuído uniformemente pelas túbulos podem ser removidos ou adiciona-
células adjacentes. Os anexos epidérmicos dos, ou seja, os microtúbulos não são es-
(cabelo, unha, chifre, casco) são ricos em fi- truturas estáveis. Dependendo da célula,
lamentos intermediários, o que demonstra os filamentos apresentam maior ou menor
sua função de resistência mecânica. estabilidade. Nos cílios, centríolos e flage-
No núcleo, os filamentos intermediá- los os microtúbulos são estáveis.
rios, denominados de lâmina nuclear, fazem Considerando que os microtúbulos po-
a ancoragem da cromatina no envoltório limerizam e despolimerizam, eles podem
nuclear e participam dos processos de de- sofrer a ação de algumas drogas nesse
sintegração e reestruturação do envoltório processo, como por exemplo, a colchicina
nuclear durante a mitose e a meiose. que se liga às tubulinas do citoplasma, im-
Nos neurônios existe um tipo específi- pedindo que se associem as extremidades
co de filamento intermediário, os neurofila- dos microtúbulos, portanto, impedindo a po-
mentos, que mantém a forma do axônio dos limerização. Outra droga, o taxol, acelera a
neurônios e contribuem no posicionamento polimerização do microtúbulo e depois o es-
das organelas dentro da célula. tabiliza, impedindo a sua despolimerização.
Assim como a actina, os filamentos O taxol é utilizado no tratamento de câncer
intermediários também dependem de pro- devido à sua ação antimitótica.
teínas acessórias. Elas influenciam na sua Assim como a actina, os microtúbulos
polimerização e estabelecimento do arranjo trabalham com outras proteínas acessórias,
tridimensional. Por exemplo, elas interli- como por exemplo, as proteínas motoras
gam os filamentos intermediários a outros dineína e cinesina. Ambas estão envolvidas
componentes do citoesqueleto, formando na função de transporte e locomoção den-
assim uma malha dinâmica e flexível. tro da célula. Esse citoesqueleto também é
influenciado pelas proteínas associadas aos
microtúbulos (MAPs). Elas podem se ligar
aos microtúbulos e impedir que sejam des-
polarizados, tornando-os estáveis. Também
88 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Citoplasma

Figura 4 – Especializações
da membrana plasmática
sustentadas por
microtúbulos. A) Cílios
(seta) da traqueia e
B) Flagelos (seta) do
espermatozoide de
equino. Escala: 5µm.
A B
Figura 4 – Especializações da membrana plasmática sustentadas por microtúbulos. A) Cílios (seta) da
traqueia fazem a ligação
e B) Flagelos (seta)dos microtúbulos com
do espermatozoide ou- processo
de equino. de divisão celular os microtúbu-
Escala: 5µm.
tros elementos do citoesqueleto. los formam os centríolos e o fuso mitótico/
Além da função de movimento, como meiótico.
deslocamento intracelular de vesículas e Nas células vegetais os microtúbulos
organelas, processo de exocitose, os mi- têm função de direcionar as vesículas para
crotúbulos estão envolvidos no estabeleci- a formação da nova parede após a divisão
mento e manutenção da forma da célula, na celular, bem como orientar as fibras de ce-
organização das organelas no citoplasma, lulose na formação da parede celular.
formação dos cílios e flagelos (Figura 4). No
0
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 89

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE CITOPLASMA

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Analisar grânulos (vesículas) e inclusões citoplasmáticas em células animais.

Procedimentos:
1 – Analisar as células do pâncreas (Lâmina A4, Hematoxilina fosfotúngstica de Mallory), as células
caliciformes da traqueia (Lâmina C4, PAS), células da pele delgada (Lâmina L1, HE) e os adipócitos
presentes na periferia do Timo (Lâmina I5).

Responda:

A) Esquematizar um ácino do pâncreas e indicar a região basal e a apical das células.

B) Em qual região as vesículas (grânulos de zimogênio) estão presentes? Qual a cor dessa
região?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
90 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

C) Esquematizar uma célula caliciforme da traqueia como é vista na de luz e na microscopia


eletrônica (ultraestrutura)

Microscopia de luz Microscopia eletrônica

D) Identificar os grânulos de melanina e de querato-hialina na pele delgada.

E) Esquematizar um adipócito com uma única inclusão (adipócito unilocular) e outro adipócito
com várias inclusões (adipócito multilocular) na periferia do timo.

Adipócito Unilocular Adipócito multilocular


ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 91

♦♦ Atividade 2
Objetivo - Sistematizar os conhecimentos sobre citoesqueleto

Responda:

A – Complete a tabela com as características do citoesqueleto:

Característica Microfilamentos de Actina Filamentos Intermediários Microtúbulos

Espessura

Unidade Básica

Local de distribuição
preferencial

Nível de estabilidade

Presente em quais
especializações da
membrana plasmática

Presente em quais
estruturas de adesão
intercelular

Funções relacionadas ao
movimento

Outras funções
92 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 3
Objetivo - Identificar as estruturas que apresentam citoesqueleto

Procedimento:
1 – Analisar as células de revestimento do jejuno (Lâmina K17 – HE), epidídimo (Lâmina O6 – HE),
traqueia (Lâmina C1 ou C4 – HE ou PAS), as células musculares estriadas esqueléticas da língua em
corte longitudinais (Lâmina F3 – HE) e os flagelos dos espermatozoides (Lâmina U1 – HE).

Responda:

A) Esquematizar as células que contém:

Microvilosidades Estereocílios Cílios

Estrias Flagelos

(As estrias devem ser observadas com


o condensador abaixado e o diafragma
fechado)
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 93

♦♦ Atividade 4
Objetivo - Observar os movimentos dos procariotos promovidos pelo citoesqueleto.

Procedimentos:
1 - Colocar sobre a lâmina uma gota de água do lago e cobrir com a lamínula;
2 - Observar com objetivas de 10 e 40X (regulando o diafragma e condensador);

Responda:

A) Discutir a provável estrutura de locomoção dos organismos encontrados.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________ ____

♦♦ Atividade 5
Objetivo - Analisar a ciclose.

Procedimentos:
1 - Colocar uma gota de água sobre a lâmina;
2 - Colocar uma folha de Elodea sp. sobre a gota;
3 - Colocar uma lamínula sobre a folha e observar.

Responda:

A) O que é possível observar?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 8
Sistema de endomembranas

Provavelmente as primeiras células eu- O retículo endoplasmático pode ser de


carióticas surgiram a partir de células pro- dois tipos: granular ou rugoso; agranular
carióticas por um processo de invaginação ou liso. O retículo endoplasmático rugoso
da membrana plasmática, originando assim também é conhecido como ergastoplasma.
um sistema de endomembranas, formado Esses dois tipos de retículos podem ser
pelo núcleo, retículo endoplasmático, com- contínuos entre si e com a membrana do
plexo de golgi e lisossomo. O núcleo será núcleo, o envoltório nuclear. Os dois tipos
tratado em um capítulo à parte, a seguir se- de retículos apresentam diferenças estrutu-
rão apresentadas características do retículo rais, funcionais e químicas entre si.
endoplasmático, complexo de golgi, lisosso- O retículo endoplasmático liso é for-
mos e do processo de tradução. mado por vesículas globulares ou túbulos
contorcidos, semelhantes a potes de mel de
Retículo endoplasmático abelhas nativas (Figura 1)
Essa organela é bem desenvolvida em
O retículo endoplasmático é uma rede células de certos órgãos, por exemplo, em
de membranas que delimitam cavidades órgãos que produzem hormônios esteroi-
(lúmen ou luz) que se intercomunicam. des, como gônadas e glândulas suprarre-
Cerca de 50 a 60% do total de membranas nais.
da célula fazem parte do retículo, por isso Além da produção de hormônios es-
juntamente com o citoesqueleto, ele forne- teroides, o retículo endoplasmático liso
ce o suporte mecânico ao citosol. Apesar da também sintetiza lipídios que compõem as
sua grande quantidade, o retículo endoplas- membranas e formam os triglicerídeos a
mático não é visível diretamente ao micros- partir de ácidos graxos e glicerol. Nas célu-
cópio de luz. las do fígado é responsável pela metaboliza-
ção do glicogênio ou glicogenólise.
Uma função muito importante do retí-
1 culo endoplasmático liso é a desintoxicação.
Essa organela possui enzimas que tornam
os compostos tóxicos mais solúveis em
água e assim eles podem ser eliminados.
Quando as drogas são ingeridas em exces-
so, ocorre a proliferação do retículo endo-
plasmático liso e das suas enzimas. Com
Figura 1 – Potes de mel de isso aumenta a tolerância do organismo às
abelha nativa (Melipona) drogas, sendo necessárias doses mais altas
da droga para se obter o mesmo efeito, ou
96 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Sistema de endomembranas

seja, o organismo desenvolve ‘tolerância’ a 2


certos medicamentos.
O retículo endoplasmático liso também
é importante na regulação e reservatório do
Ca+ intracelular. Esse íon atua no processo
de contração muscular e por essa razão as
células musculares são ricas nessa organe-
la, onde são denominadas de retículo sarco-
plasmático. Figura 2 - Ribossomos
O retículo endoplasmático rugoso é aderidos ao retículo
formado por lâminas achatadas e parale- endoplasmático (seta) e
à membrana externa do
las. Uma das suas diferenças em relação
Figura 2 - Ribossomos aderidos ao retículo endoplasmático (seta) e à membrana externa doenvoltório nuclear (cabeça
envoltório nuclear
ao retículo endoplasmático liso é adepresen-
(cabeça seta). principal função do retículo endoplasmático de seta).
ça de polirribossomos aderidos à face da rugoso é a síntese proteica.
membrana do retículo voltada para o citosol O retículo endoplasmático rugoso en-
(face citosólica) (Figura 2). Essa adesão só contra-se disperso no citoplasma, mas está
é possível porque na membrana do retículo localizado preferencialmente perto do nú-
endoplasmático rugoso existem proteínas cleo. Devido a sua função ele é mais abun-
receptoras de ribossomos. É importante dante nas células secretoras, nas quais
ressaltar que os ribossomos presentes no pode ocupar mais da metade da área da
retículo endoplasmático rugoso são idênti- célula. Nessas células ele fica no polo basal
cos aos ribossomos livres no citosol e que (Figura 3A) e o produto de sua secreção fica
os mesmos são liberados no citosol assim no polo apical (Figura 3B).
que a tradução termina. Essa organela não pode ser vista por
Outra diferença quanto à composição microscopia de luz, contudo é possível ve-
química entre o retículo endoplasmático rificar a região onde está localizado devido
liso e o rugoso é a presença de proteínas a sua basofilia. O retículo endoplasmático
envolvidas na translocação e interiorização rugoso é rico em ribossomos que por sua
das cadeias polipeptídicas, uma vez que a vez é rico em RNA ribossômico, que é um

*
Figura 3 - Ácinos
pancreáticos corados
* com A) Hematoxilina
Eosina e B) Hematoxilina
fosfotúngstica de Mallory
(* indica polo apical e
seta indica o polo basal).
Escala: 10µm.

A B
Figura 3 - Ácinos pancreáticos corados com A) Hematoxilina Eosina e B) Hematoxilina fosfotúngstica de
Mallory(* indica polo apical e seta indica o polo basal). Escala: 10µm.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Sistema de endomembranas 97

ácido e por isso se cora com corantes ba- dução, ocorre adição de açúcares e dobra-
sófilos, como a hematoxilina. Na figura 3A é mentos do peptídeo nascente. As enzimas
possível observar a basofilia na região basal chaperonas se ligam ao peptídeo e o auxi-
da célula do pâncreas, indicando sua loca- liam na aquisição da conformação terciária
lização. e quaternária das proteínas com a realiza-
Nos neurônios (Figura 4) existe um acú- ção de dobramentos e reunião de várias ca-
mulo de retículo endoplasmático rugoso e deias. As chaperonas também fazem o ‘con-
polirribossomos livres no citosol da célula, trole de qualidade’, permitindo que apenas
formando os corpúsculos de Nissl que são as proteínas normais continuem o processo,
visíveis à microscopia de luz. ou seja, vão para o complexo de Golgi para
Nas células existem dois locais de atingir a configuração final. As proteínas
produção de proteínas: no citosol, pelos ‘defeituosas’ são degradadas na luz do re-
polirribossomos livres e no retículo endo- tículo endoplasmático rugoso ou no citosol
plasmático rugoso. O destino das proteínas para onde são transportadas. Concomitante
sintetizadas nesses dois locais é diferente. a esse processo, a dissulfeto isomerase fa-
As proteínas sintetizadas no retículo endo- vorece a formação correta de pontes dissul-
plasmático rugoso vão para o retículo endo- feto das proteínas nascentes.
plasmático liso e rugoso, complexo de golgi, Após sua síntese, as proteínas são en-
lisossomos, a membrana plasmática ou são viadas para o complexo de golgi onde serão
secretadas. Enquanto que as proteínas sin- processadas e encaminhadas para seus
tetizadas pelos polirribossomos livres ficam destinos finais. O transporte se dá através
no próprio citoplasma ou vão para o núcleo, de brotamento e fusão de vesículas. Quando
mitocôndria, cloroplasto e peroxissomos. a direção é do interior da célula para à
As proteínas sintetizadas no retículo membrana plasmática, o transporte é de-
endoplasmático rugoso passam por várias nominado de anterógrado e quando os com-
modificações. Durante o processo da tra- ponentes voltam o transporte é chamado de
retrógrado. Só realizam o transporte retró-
grado as proteínas residentes do retículo
4 endoplasmático que ficam no lúmen ou na
membrana dessa organela. Essas proteínas
possuem uma sequência sinal que as iden-
tificam como sendo do retículo endoplas-
mático.

Complexo de Golgi

As proteínas e os lipídios produzidos no


retículo endoplasmático são enviados para
o complexo de golgi onde sofrem importan-
Figura 4 – Neurônio,
tes modificações estruturais. Essa organela
pontos indicam localiza-se geralmente próximo ao retículo
corpúsculo de Nissl. endoplasmático e é formada por vesículas
Escala: 5µm achatadas (cisternas) e esféricas (que bro-
tam das achatadas). Diferentemente do retí-
98 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Sistema de endomembranas

culo endoplasmático em que as vesículas se lico e de diferentes açúcares ao aminoácido


interconectam, no complexo de golgi as ve- serina ou treonina, sendo a adição realizada
sículas são separadas entre si e sua comu- em cascata, ou seja, um a um. A adição de
nicação se dá por meio de vesículas esféri- açúcar dificulta a ação de proteases e con-
cas que brotam das vesículas achatadas e fere carga negativa, fundamental para a es-
se unem as próximas. Nas células animais, trutura quaternária da proteína.
as cisternas estão dispostas de maneira Outro processamento é a sulfatação,
organizada: cisterna cis (voltada para o re- que é a adição de sulfato à tirosina a partir de
tículo endoplasmático), cisternas médias e um doador de sulfato (trans). Esse processo
cisternas trans (voltadas para a membrana confere carga negativa às proteínas. A fosfo-
plasmática) (Figura 5). rilação é a adição de fosfato (face cis) a resí-
As células secretoras apresentam duos de manose pelas N-acetilglicosaminas
grande quantidade de complexo de golgi, fosfotransferase e fosfodiesterase, sendo
pois ele está envolvido no processamento importante para as enzimas lisossomais.
das proteínas oriundas do retículo endo- Além desses processamentos no com-
plasmático, esse processamento pode ser a plexo de golgi, as proteínas são separadas
glicosilação que é realizado pelas proteínas conforme o tipo e ‘empacotadas’ ou seja,
de membranas (glicosiltransferases) atra- elas são concentradas dentro de vesícu-
vés de reações em cascata. Na cisterna cis las e depois seguem caminhos diferentes.
e média ocorre à remoção de manose, na Algumas proteínas são enviadas para a
média é adicionado a N-acetilglicosamina e membrana plasmática na qual se incor-
na trans é adicionado à galactose, ácido siá- poram e passam a fazer parte da mesma.

CG

RER

Figura 5 - Complexo
de Golgi (CG) e retículo
endoplasmático rugoso
(RER).

Figura 5 - Complexo de Golgi (CG) e retículo endoplasmático rugoso (RER).


ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Sistema de endomembranas 99

Algumas proteínas da membrana plas- Uma das funções dos lisossomos é a


mática também são produzidas no citosol digestão, que pode ser intracelular ou ex-
pelos polirribossomos livres. Outros tipos tracelular. Na digestão intracelular o mate-
de proteínas também migram para a mem- rial digerido pode ser obtido por endocitose,
brana plasmática, contudo elas estão den- nesse caso ela é conhecida como digestão
tro de vesículas, e quando essas se fundem heterofágica, pois o material é proveniente
à membrana plasmática o seu conteúdo é de fora da célula. Conforme a dimensão do
liberado para o meio externo, em um pro- material endocitado, o processo denomina-
cesso denominado de exocitose. Outras se de pinocitose (partículas menores) ou
proteínas permanecem dentro de vesículas fagocitose (partículas maiores, geralmente
no próprio citosol, e atuam no processo de bactérias). O material endocitado fica dentro
digestão intracelular, fazendo parte dos li- de vesículas (fagossomo ou pinossomo) nas
sossomos. quais os lisossomos se fundem e liberam
Além da função de processamento, o seu conteúdo para que ocorra a digestão.
complexo de golgi é responsável pela sín- Alguns autores consideram o lisossomo pri-
tese de alguns carboidratos (hemicelulose, mário aquele que só apresenta as enzimas
pectina da parede celular) e formação do digestivas e lisossomo secundário aquele
acrossomo do espermatozoide. que se funde ao fagossomo ou pinossomo.
A outra forma de digestão intracelular
Lisossomos é a autofagia, ou seja, digestão de partes da
própria célula. Esse processo pode ocorrer
Algumas proteínas sintetizadas no retí- para eliminação de organelas envelhecidas,
culo endoplasmático rugoso e processadas danificadas ou em quantidade excessiva.
no complexo de golgi fazem parte dos lisos- Também serve como mecanismo de nutri-
somos. Essas organelas estão presentes ção da célula durante a escassez de alimen-
nas células animais, vegetais e nos proto- to do organismo ou nutrição do recém-nas-
zoários. Geralmente são esféricas e com cido no pós-parto. Outra função da autofagia
dimensões variáveis. A membrana lisossô- é a transformação de um tipo celular, como
mica é revestida internamente por carboi- ocorre no processo de formação das hemá-
dratos, evitando assim a digestão causada cias humanas. Essas células são originadas
pelas suas próprias enzimas. O pH interno dos eritroblastos, ocorre à eliminação do
do lisossomo é ácido, em torno de 5,0. Esse núcleo e os lisossomos digerem as outras
pH é mantido por bombas de hidrogênio e organelas por autofagia.
de cloro que transportam ativamente íons Outra função dos lisossomos está rela-
+ -
H e Cl do citosol para o interior do lisosso- cionada a apoptose, que é a morte progra-
mo. Esses íons combinam e formam o ácido mada da célula. Esse processo pode ocorrer
clorídrico (HCl) responsável pela acidez do para que as células sejam eliminadas du-
lisossomo. As enzimas digestivas dos lisos- rante a embriogênese, ou para que ocorra
somos variam de acordo com o tipo celular a eliminação do excesso de células do úte-
e são ativas somente em pH ácido. Por essa ro após o parto, ou durante a metamorfose
razão, caso haja um rompimento do lisos- dos anfíbios, no processo de eliminação da
somo, as enzimas não atuam no citoplasma cauda.
ou na matriz extracelular, pois o pH desses O material digerido pelas enzimas li-
locais é próximo a 7,0. sossomais pode ser transferido para o cito-
100 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Sistema de endomembranas

plasma (alguns lipídios, aminoácidos, mo- Características gerais do processo de


nossacarídeos), sofrer exocitose (produtos tradução
não digeridos) ou acumular dentro da cé-
lula, nesse caso a vesícula com o material A compreensão da tradução exige en-
acumulado denomina-se de corpo residual. tendimento de processos moleculares, por
Outra forma de digestão é a extrace- isso a seguir serão apresentados apenas
lular, em que ocorre a fusão do lisossomo alguns pontos importantes para o enten-
com a membrana plasmática e liberação de dimento desse processo em nível celular.
enzimas. Porém as enzimas não consegui- A tradução é a produção de uma cadeia
riam exercer sua função digestiva devido ao de aminoácidos (polipeptídica) tendo como
pH, por isso ocorre à acidificação do meio molde uma cadeia de nucleotídeos, conhe-
extracelular e só então é possível à diges- cida como RNA mensageiro (RNAm). Nesse
tão. Esse tipo de digestão é realizado por processo outros ácidos ribonucleicos (RNA)
algumas células específicas, como o osteo- são necessários, como o RNA transportador
clasto durante a digestão da matriz óssea e (RNAt) e RNA ribossômico (RNAr).
pelo espermatozoide durante o processo de O RNAm é uma molécula linear que
fecundação. contém uma sequência de nucleotídeos que

2a. Base
1a. Base 3a. Base
U C A G

Phe Ser Tyr Cys U

Phe Ser Tyr Cys A


U
Leu Ser STOP STOP C

Leu Ser STOP Trp G

Leu Pro His Arg U

Leu Pro His Arg A


C
Leu Pro Gln Arg C

Leu Pro Gln Arg G

Ile Thr Asn Ser U

Ile Thr Asn Ser A


A
Ile Thr Lys Arg C

Met Thr Lys Arg G

Val Ala Asp Gly U

Val Ala Asp Gly A


G
Val Ala Glu Gly C Tabela 1 – Tabela do
código genético
Val Ala Glu Gly G
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Sistema de endomembranas 101

determina o tipo de proteína que será pro- lipeptídica nascente. Para cada novo RNAt
duzida. A sequência de três nucleotídeos no que chega entra no sítio A, o RNAt que es-
RNAm é chamada de códon, uma molécula tava no A se desloca para o sítio P e depois,
de RNAm apresenta vários códons. para o E de onde se desprende para o cito-
RNAt é uma molécula que apresenta sol.
duas regiões importantes, uma denominada Na etapa de terminação, o ribossomo
anti-códon, que também é constituída por encontra um códon de parada que pode ser
3 nucleotídeos e outra onde o aminoácido UAA, UAG ou UGA. Para esses códons não
se liga. Existe uma regra para a ligação dos existe RNAt correspondente, por isso proteí-
aminoácidos aos RNAt, conforme o anti-có- nas (fatores de liberação) ocupam o sítio A
don que o RNAt apresenta, apenas um tipo e ativam a peptidil-transferase, que é uma
de aminoácido pode se ligar ao RNAt. enzima que corta a ligação do polipeptídeo
O RNAr juntamente com proteínas for- com o último RNAt, liberando assim a ca-
ma o ribossomo, que é o local apropriado deia polipeptídica.
para ocorrer a tradução. O ribossomo apre- O processo de tradução que ocorre no
senta os sítios A, P e E. Esses sítios são im- retículo endoplasmático rugoso apresenta
portantes para a correta ligação do códon ao algumas especificidades. O início do pro-
anti-códon e dos aminoácidos entre si. cesso ocorre no citoplasma, como descrito
A tradução é a decodificação da mensa- acima. A diferença é que a primeira sequên-
gem contida no RNAm para a formação de cia de aminoácidos sintetizada é uma se-
uma sequência de aminoácidos. Para que quência sinal com cerca de 20 aminoácidos,
ocorra essa decodificação, um código deve esse sequência é conhecida como peptídeo
ser seguido, o código genético (Tabela 1). sinal. Esse peptídeo sinal é reconhecido
Esse código rege que para cada três nucleo- por uma partícula reconhecedora de sinal
tídeos do RNAm haja o acréscimo de um (PRS), que é formado por RNA e polipeptí-
aminoácido na cadeia polipeptídica que está deos. Quando o peptídeo sinal se liga a PRS
sendo construída. a tradução é bloqueada. A PRS e os ribos-
O processo de tradução pode ser dividi- somos são reconhecidos por receptores do
do em 3 partes: iniciação, elongação e ter- retículo endoplasmático rugoso. Em segui-
minação. Na iniciação a subunidade menor da a PRS é liberada e a tradução continua.
do ribossomo, com fatores para a tradução, À medida que o polipeptídeo é sintetizado,
além de um RNAt carregado com o aminoá- ele é translocado para o interior do retículo
cido f-metionina ligam-se ao RNAm, sendo endoplasmático rugoso através de canais
que o RNAt ocupa o sítio P do ribossomo. aquosos. Quando o ribossomo chega ao
Depois disso a subunidade maior do ribos- códon de parada, a peptidase sinal cliva a
somo liga-se ao complexo. sequência sinal e o polipeptídeo é libera-
Na elongação, o segundo RNAt chega do para dentro do retículo endoplasmático
carregando um aminoácido, e ocupa o sí- rugoso, consequentemente o complexo se
tio A. Ocorre uma ligação peptídica entre desfaz. Algumas proteínas não são libera-
os aminoácidos que estão no sítio A e P. O das no interior do retículo endoplasmático
ribossomo se desloca ao longo da molécu- rugoso, são as proteínas transmembranas
la de RNAm e traduz suas informações, ou que permanecem na membrana do próprio
seja, para cada três nucleotídeos (códon) é retículo endoplasmático rugoso.
adicionado um aminoácido na cadeia po-
0
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 103

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS

♦♦ Atividade 1
Objetivo – reconhecer a organização interna de uma célula secretora.

Procedimento:
1 – Analisar as células do pâncreas coradas com dois corantes diferentes, Hematoxilina fosfotúngs-
tica de Mallory (Lâmina A4) e Hematoxilina Eosina (Lâmina K7).

Responda:

A) Esquematizar a célula do pâncreas indicando a região de retículo endoplasmático rugoso e


a região das vesículas secretoras

B) Em qual região da célula encontra-se o retículo endoplasmático rugoso? Justifique sua


resposta com base na análise das lâminas.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________ ____
104 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 2
Objetivo - Reconhecer os corpúsculos de Nissl.

Procedimento:
1. - Analisar a lâmina da medula espinhal (Lâmina G2, Hematoxilina Férrica).

Responda:

A) O que são corpúsculos de Nissl?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________ ____

B) É possível na microscopia óptica visualizar o retículo endoplasmático, ou o complexo de


Golgi, individualmente? Justifique sua resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 9
Aspectos gerais do núcleo

Nas células eucariotas, geralmente o sentam núcleo e à medida que amadure-


núcleo é a organela mais evidente. cem, elas perdem o núcleo. Outro exemplo
A presença do núcleo é fundamental de célula anucleada são as que formam o
para sobrevivência das células eucarióticas. cristalino. Por ser uma lente, a presença do
Se uma célula for dividida artificialmente, a núcleo e demais organelas poderia desviar
parte que não contiver o núcleo sofrerá de- os feixes de luz durante a formação da ima-
generação (Figura 1). gem, por isso um dos passos da maturação
desse tecido é a perda gradual das suas or-
Número, forma e localização do nú- ganelas.
cleo Na maioria das células, o núcleo é único,
porém algumas podem ter dois (binucleada)
No nosso corpo, as células anucleadas, e até vários núcleos (multinucleada). Essa
como as hemácias (Figura 2A), possuem característica pode ser resultado da dupli-
um curto tempo de vida e não se multipli- cação nuclear sem a divisão do citoplasma.
cam, uma vez que o núcleo coordena todas Esse processo é comum nos hepatócitos
as funções vitais da célula. Elas sobrevivem (Figura 2B). Também pode ser o resultado
apenas por um determinado tempo, cerca da fusão de várias células, como acontece
de 120 dias. As hemácias incialmente apre- na formação dos osteoclastos (Figura 2C) e
das células musculares estriadas esquelé-
ticas.
1 A célula também pode ser poliploide,
ou seja, ela apresenta apenas um núcleo,
porém com o material genético multiplica-
do. Nesse caso ocorre a replicação do DNA,
sem haver a divisão do núcleo. Um exemplo
dessa célula no nosso corpo são os mega-
cariócitos, que formam as plaquetas (Figura
O núcleo pode apresentar diversas for-
mas, mas geralmente é constante para cada
tipo celular. A forma da célula normalmente
acompanha a forma do núcleo (Figura 3).
Existem algumas células que não se-
guem essa regra, como por exemplo, alguns
Figura 1 – Importância
leucócitos, que são células cúbicas e apre-
do núcleo para a
sobrevivência da célula sentam núcleo polimórfico, com lóbulos li-
gados entre si por finas pontes cromáticas
106 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Aspectos gerais do núcleo

A B

2D).
Figura 2 - A) Hemácia
anucleada; B) Hepatócito
com dois núcleos;
C) Osteoclasto com
vários núcleos e D)
C D Megacariócito com núcleo
Figura 2 - A) Hemácia anucleada; B) Hepatócito com dois núcleos; C) Osteoclasto com vários núcleos e poliploide. Escala: 5 µm

D) Megacariócito com núcleo poliploide. Escala: 5 µm


3

Figura 3 - A) células
colunares ou cilíndricas,
núcleos colunares ou
cilíndricos B) células
cúbicas, núcleos
arredondados; C) células
pavimentosas, núcleos
achatados e D) células
fusiformes, núcleos
fusiformes. Escala: 5 µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Aspectos gerais do núcleo 107

4 zação geral é feita considerando o estado de


intérfase. Ele é constituído por um envoltó-
rio nuclear, nucléolo, cromatina (eucroma-
tina e heterocromatina) e nucleoplasma.
(Figura 5).
O nucleoplasma é uma solução aquo-
sa composta por água, metabólitos, íons,
proteínas, além da maior parte do material
Figura 4 - A) Neutrófilo genético da célula e de diferentes tipos de
(seta) e B) Célula RNAs e enzimas.
caliciforme (seta). Escala:
5 µm
Envoltório Nuclear
A B
Figura 4 - A) Neutrófilo e B) Célula caliciforme. Escala: 5 µm O envoltório ou envelope nuclear tem
(Figura 4A). As células caliciformes têm for- como função separar o material nuclear do
ma de cálice, no entanto o núcleo é colunar restante do citoplasma e fazer a seleção do
(Figura 4B). material que é transportado entre o núcleo
Geralmente o núcleo está localizado no e o citoplasma. Essa função de transporte
centro da célula, porém ele pode ser des- está representada pela quantidade de pro-
locado para a periferia como ocorre nas teínas que é formado o envoltório, cerca de
células secretoras devido ao acúmulo de 70%, uma vez que essas moléculas são res-
secreção no citoplasma (Figura 4B); nas ponsáveis pela maior parte do transporte.
células adiposas uniloculares pelo acúmulo Não é possível definir o envoltório nu-
de lipídios na forma de uma grande gota e clear na microscopia de luz, pois ele está
nas células vegetais, pela presença de um abaixo do limite de resolução desse tipo de
grande vacúolo. microscopia, porém é possível distinguir do
núcleo seu contorno devido à coloração di-
Constituição ferencial em relação ao citoplasma (Figura
1, 2 e 3).
O núcleo sofre várias mudanças duran- Na microscopia eletrônica é possível
te a divisão celular, por isso sua caracteri- distinguir que o envoltório é formado por

E
Figura 5 – Núcelo
evidenciando o
envoltório nuclear
(seta), eucromatina (E) e
heterocromatina (H).

Figura 5 – Envoltório nuclear (seta) em microscopia eletrônica de transmissão.


108 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Aspectos gerais do núcleo

duas membranas e um espaço intermem- do transporte é realizado através dos poros


branas ou perinuclear. A membrana externa nucleares, que são aberturas formadas a
é contínua com o retículo endoplasmático partir da união da membrana externa com
rugoso e também possui ribossomos aderi- a interna. Nesses locais existe um complexo
dos. O espaço perinuclear contém as mes- de proteínas que formam os complexos dos
mas proteínas presentes nas cisternas do poros. Esse complexo é constituído por cer-
retículo endoplasmático, portanto, pode-se ca de 100 proteínas, sendo 30 tipos diferen-
considerar que a membrana externa é uma tes, conhecidas como nucleoporinas.
porção especializada do retículo endoplas- Os complexos do poro permitem a pas-
mático (Figura 5 ). sagem de diversas moléculas para dentro
A membrana interna fica associada à e para fora do núcleo, sendo que algumas
cromatina, a qual geralmente apresenta-se moléculas são transportadas de forma pas-
mais compactada e por isso aparece mais siva e outras de forma ativa (macromolé-
fortemente corada (heterocromatina). Além culas). Pelo diâmetro do complexo do poro
da cromatina a membrana interna do envol- não seria possível a passagem de moléculas
tório está associada à lâmina nuclear, que com mais de 60.000 Dalton, porém o núcleo
é uma estrutura equivalente ao citoesque- necessita importar do citoplasma proteí-
leto do citoplasma. Os seus componentes nas com peso molecular elevado, como por
mais conhecidos são as proteínas laminas A exemplo: proteínas polimerases do DNA e
e B, essas proteínas formam redes e estão RNA (100.000 a 200.000 Dalton). A entrada
ausentes na região dos poros, onde ocorre desses tipos de moléculas só é possível pelo
transporte de moléculas grandes. fato do complexo do poro ser suficientemen-
A lâmina nuclear participa da organiza- te flexível para acomodar sua passagem.
ção espacial dos componentes nucleares, Estudos com vários tamanhos de partículas
proporcionando suporte mecânico ao enve- de ouro indicaram que a abertura do poro
lope nuclear, ligando a cromatina ao envol- pode ser dilatada até cerca de 26nm de diâ-
tório e o reconstituindo o núcleo após a divi- metro durante o transporte.
são celular. No início do processo de divisão Esse transporte é ativo e se dá em res-
celular a laminas A é fosforilada, com isso posta a presença de sequências sinais, co-
as interações entre as laminas A e B são en- nhecidas como NLS (Sinais de Localização
fraquecidas e consequentemente a lamina Nuclear). São sequências de 4 a 8 aminoá-
nuclear é desfeita. Dessa forma, a membra- cidos, geralmente com carga positiva (lisina
na nuclear é desestruturada em pequenas e arginina). As proteínas com a NLS ligam-
vesículas que permanecem ligadas à lamina se às importinas que são reconhecidas pelo
B. Quando a divisão alcança a fase de anáfa- complexo do poro e assim o transporte é
se, uma fosfatase retira o fosfato da lâmina realizado.
A e esta se reassocia com os cromossomos Os RNAs transcritos no núcleo são
e com a lamina B, que está ligada as vesícu- complexados às proteínas que possuem
las do envoltório nuclear. Dessa forma o en- uma sequência de exportação nuclear (NES)
voltório é reconstituído novamente em torno e depois se ligam às exportinas, que são re-
dos cromossomos. conhecidas pelo complexo do poro e assim
A membrana externa apresenta menor o transporte para o citoplasma é realizado.
seletividade em relação à interna quanto ao Tanto as importinas quanto as exportinas se
transporte de moléculas. Contudo, parte desligam das proteínas e do RNA depois do
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Aspectos gerais do núcleo 109

transporte e são reutilizadas pela célula. de nucléolos (RON ou NOR). Porém quando
a atividade da célula é intensa e a interfase
Nucléolo é longa, pode ocorrer uma associação das
RONs e por esta razão o número de nucléo-
O nucléolo é uma estrutura nuclear es- los diminui. Por exemplo, em mamíferos,
férica não delimitada por membrana, cons- existem cinco cromossomos com genes
tituído pela região organizadora do nucléolo para rRNA, no final da mitose são formados
(RON ou NOR) e uma região da cromatina dez pequenos nucléolos, porém eles logo se
- rDNA - que contém os principais genes do fundem formando apenas um.
RNA ribossômico (rRNA). Além do DNA (até Verificou-se também que o tamanho va-
17%), o nucléolo é constituído por RNA (até ria conforme o estado funcional da célula,
10%) e proteínas (85%). Esses componentes quanto maior a síntese proteica, maior o ta-
estão distribuídos de maneira a formar três manho do nucléolo. O neurônio é uma célula
áreas dentro do nucléolo, que são identifica- com alta taxa de produção de proteínas, por
das apenas ao microscópio eletrônico. isso o seu nucléolo é facilmente observado
A transcrição do rDNA e os primeiros em microscopia de luz (Figura 7).
passos da biogênese dos ribossomos ocor- O estudo da RON tem várias aplicações,
rem no nucléolo, contudo as subunidades, entre elas a determinação da atividade de
maior e menor, somente se associam no transcrição do rDNA e o estudo da atividade
momento da síntese proteica no citosol nuclear durante a gametogênese. A análise
(Figura 6). dos rearranjos envolvendo esta região tem
O número de nucléolos varia entre es- sido utilizada para o entendimento da evolu-
pécies, entre células de um mesmo orga- ção cromossômica e nos estudos filogené-
nismo e até mesmo entre estágios da di- ticos em diferentes grupos de organismos.
Figura 6 – Esquema do
nucléolo e da Síntese do
visão celular. O número máximo que uma Também tem sido utilizada no estudo da de-
ribossomo: (1) O rDNA célula pode ter de nucléolos é o mesmo nú- terminação sexual, pois em alguns organis-
sintetiza RNA ribossômico mero que ela tem de regiões organizadoras mos ela apresenta localização preferencial
e RNA mensageiro. No
citoplasma da célula (2)
o RNAm traduz proteínas 6
ribossomais. Essas
proteínas, juntamente
com outras proteínas
sintetizadas a partir de
outros RNA mensageiros,
voltam para o nucléolo
e (3) se associam ao
RNA ribossômico para
formar as subunidades
ribossômicas maiores
e menores (4). As
subunidades migram
para o citoplasma, onde a
menor se liga ao RNAm e RNA ribossômico
depois esse complexo se RNA mensageiro
liga a subunidade maior
Proteína ribossomais
e inicia o processo de
tradução. Outras proteínas
110 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Aspectos gerais do núcleo

nos mesmos cromossomos que carregam


os genes que determinam o sexo. 7
A RON pode ser evidenciada por dife-
rentes técnicas citogenéticas, como a im-
pregnação pela prata (Banda NOR) (Figura
8A) e a hibridização in situ fluorescente
(FISH) com sonda de rDNA (Figura 8B).
Figura 7 - Corpo de
Material genético da célula neurônio com núcleo
interfásico apresentando
nucléolo evidente (seta).
O material genético das células é cons- Escala: 5 µm
tituído pelos ácidos nucléicos (DNA e RNA),
estes se encontram associados a proteínas
específicas, as histonas (H1, H2A, H2B, H3 e titivo ou de sequência única e é a partir do
H4) e proteínas não-histônicas. A estrutura DNA sequência única que os todos RNAm
do DNA associado a proteínas é denominada são sintetizados, com exceção dos genes
de cromatina. A ligação do DNA às proteínas para histonas que se encontram no DNA
deve-se ao fato delas possuírem aminoáci- moderadamente repetitivo. Devido a grande
dos básicos (lisina e arginina) que se ligam repetibilidade de bases da heterocromatina,
aos radicais fosfatos do DNA. Contudo, nem geralmente ela não possui genes.
todos radicais fosfatos são neutralizados A heterocromatina representa pouco
pelas histonas, o que confere à cromatina no genoma das espécies (em média 10%),
um caráter ácido, consequentemente ele se contudo existem espécies de abelhas nati-
liga a corantes básicos (basofilia). vas em que ela chega a 70% do conteúdo.
A cromatina pode estar organizada em Algumas espécies também apresentam
diferentes níveis de compactação. Quando cromossomos inteiros praticamente hetero-
ela alcança seu maior nível de compacta- cromáticos, geralmente isso ocorre para os
ção, é chamada de cromossomo. Esse nível cromossomos Bs.
de compactação ocorre em células em divi- A heterocromatina possui distribuição
são, na fase de metáfase. preferencial nas regiões teloméricas, cen-
A cromatina pode ser classificada em troméricas e/ou nas regiões organizadoras
eucromatina e heterocromatina. A hetero- de nucléolo. Geralmente apresenta-se em
cromatina é formada por DNA altamente blocos e aparece em ambos os homólogos,
repetitivo, ou seja, quando uma mesma se- na mesma posição e com o mesmo tama-
quência de pares de base se repete por mais nho. Ela permanece condensada em todas
de 100.000 vezes. Quando a repetição da se- as células e durante todo o ciclo, por isso a
quência é menor que 1000.000 vezes o DNA heterocromatina apresenta-se mais corada
é considerado moderadamente repetitivo e
quando não se repete ou repete poucas ve- Figura 8 – Equerda:
zes o DNA é considerado de sequência úni- 8 Núcleo de Melipona após
ca, em ambos os casos essas regiões são a técnica de Banda NOR
chamadas de eucromatina. e direita: cromossomos e
núcleos de Melipona após
A maior parte da cromatina (90%) é a FISH - RON evidenciado
constituída pelo DNA moderadamente repe- em amarelo.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Aspectos gerais do núcleo 111

Figura 9 – Cariótipo
de Melipona após 9 B
a técnica de Banda
C. Traços indicam a
heterocromatina na região
pericentromérica e B
indica cromossomos B
nas técnicas rotineiras. Ela inicia a replica- adjacente à heterocromatina.
heterocromáticos.
ção no final da fase S, após a eucromatina e A heterocromatina também apresenta
por isso termina depois (Figura 9). um importante papel na determinação da
Além da heterocromatina, existem ou- estrutura tridimensional do núcleo interfá-
tras regiões que podem permanecer con- sico, e sabe-se que o arranjo ordenado dos
densadas na célula, porém essas regiões cromossomos no núcleo interfásico pode
não são formadas por DNA altamente re- ser um meio pelo qual a atividade genéti-
petitivo. Elas foram classificadas erronea- ca é coordenada dentro do genoma. Sendo
mente como heterocromatina facultativa e assim, ela pode afetar a expressão gênica.
heterocromatina tecido-específica. Essas Em células germinativas, a heterocro-
regiões, ora se comportam como eucroma- matina afeta, basicamente, o pareamento, a
tina, ora como heterocromatina. Por exem- recombinação e a segregação dos cromos-
plo, a facultativa está presente em apenas somos.
em um dos homólogos, não se concentra Uma provável função da heterocromati-
em blocos e tem genes estruturais, por na seria a de recuperar a estabilidade telo-
outro lado está reprimida devido à conden- mérica após eventos de fissão, ou seja, após
sação interfásica. Isso pode ser verificado a fissão, ocorreria adição de heterocroma-
para os cromossomos X de fêmea, um deles tina na região quebrada, que corresponde
permanece condensado dentro das célu- à região telomérica, recuperando assim a
las. Outro exemplo ocorre em homópteros estabilidade que era proporcionada pelo
(pulgões e cochonilhas), nos machos o gru- telômero. Uma evidência que reforça esta
po cromossômico paterno se condensa. A hipótese é o acúmulo de heterocromatina
heterocromatina tecido-específica, como o encontrado preferencialmente em um dos
próprio nome diz, são regiões que possuem braços dos cromossomos, em diversas for-
genes, mas que dependendo do tecido, per- migas que apresentam elevado número de
manecem condensadas, pois não têm genes cromossomos. O mesmo também foi verifi-
específicos para aquele tecido. O termo “he- cado em vespas e abelhas.
terocromatina” refere-se apenas à hetero- No que se refere à função da hetero-
cromatina constitutiva. cromatina, também se propõe que esta
Devido ao fato de ter sido considerada teria importante papel na proteção da eu-
geneticamente inativa, ou seja, não possuir cromatina contra ataques de vírus, agentes
genes, a heterocromatina foi pouco estuda- mutagênicos e clastogênicos, agindo como
da durante muito tempo. Contudo já existem um “guarda-costas”. Essa função se deve à
diversos estudos que atribuem a ela vários posição da heterocromatina no núcleo, for-
efeitos e funções. Um exemplo é o efeito mando uma camada dispersa na face peri-
de posição no padrão de variegação, isto férica deste, protegendo a eucromatina que
é, ocorre repressão da expressão de genes fica no interior (Figura 10).
presentes em regiões eucromáticas, por
terem sido translocados para uma posição
112 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Aspectos gerais do núcleo

10
Cromossomos metafásicos

Durante a metáfase, os cromossomos


são mais facilmente analisados devido sua
maior compactação, o que permite sua in-
Figura 10 – Células
dividualização. Nesta fase eles se encon-
mitóticas de Melipona
tram alinhados em um plano mediano da seminigra fuscopilosa em
célula, formando a placa metafásica. Para estágios sucessivos de
aumentar o número de células nesta fase, divisão. (1, 2, 3). * núcleo
interfásico. Técnica de
aplicam-se substâncias antimitóticas às
Banda C.
células em divisão. Essas substâncias li-
gam-se às proteínas que formam as fibras
do fuso acromático, denominadas tubulinas,
impedindo sua polimerização e consequen-
temente suprimindo a formação das fibras,
ou ainda inativando os fusos já formados. oposto durante a anáfase. Pode ocorrer em
Os cromossomos metafásicos foram alguns casos outra constrição, chamada de
classificados conforme a posição do centrô- secundária.
mero: telocêntrico, acrocêntrico, submeta- Outra região dos cromossomos são os
cêntrico e metacêntrico (Figura 11). telômeros que são as extremidades de qual-
Os cromossomos metafásicos são for- quer braço cromossômico. Geralmente pos-
mados por duas subunidades paralelas sui uma sequência de DNA específica e tem
chamadas de cromátides irmãs. Durante a como função impedir associações indevidas
intérfase a cromatina replica-se e origina das cromatinas (Figura 12).
outra idêntica, elas permanecem ligadas A descrição das características do con-
pela região do centrômero e vão se con- junto cromossômico de uma espécie é co-
densando até metáfase. Nesse estágio o nhecida como cariótipo. A representação
conjunto das duas cromatinas é chamado deste pode ser feita na forma de cariograma
de cromossomo e cada cromatina é deno- ou de idiograma. O cariograma é construído
minada de cromátide. As cromátides encon- a partir de uma fotografia ou de um dese-
tram-se presas entre si pelo centrômero, o nho detalhado de uma metáfase, os cro-
qual representa uma constrição que divide mossomos são recortados e os homólogos
a cromátide em dois segmentos, os braços são emparelhados e enumerados dentro de
cromossômicos, que dependendo do tipo de uma determinada ordem (Figura 13). O idio-
cromossomo podem ser diferenciados em
braço menor e maior (Figura 12).
O centrômero é uma região com DNA 11
especializado e proteínas específicas, os
cinetócoros, que são complexos proteicos, Figura 11 – Tipos
onde os microtúbulos do fuso se ligam. morfológicos dos
Portanto sua função é permitir a ligação do cromossomos. Setas
indicam a posição dos
microtúbulo no cromossomo e garantir as- centrômeros.
sim que cada cromátide migre para o polo
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Aspectos gerais do núcleo 113

mico.
12 As síndromes causadas por aneu-
ploidia mais encontradas são as trisso-
mias: Síndrome de Down ou mongolismo
(cromossomo 21), Síndrome de Edwards
(cromossomo 18), Síndrome de Patau (cro-
mossomo 13). Também ocorrem trisso-
mia envolvendo os cromossomos sexuais:
Síndrome de Klinefelter (XXY), e trissomias
Figura 12 – Esquema do que não causam síndromes como o XXX e
cromossomo metafásico.
XYY, entre outras. Também pode ocorrer fal-
ta de um dos cromossomos sexuais, como
no caso da Síndrome de Turner (X0)
grama é uma representação esquemática Indivíduos com euploidia, geralmente
do cariótipo, utilizando valores médios da não sobrevivem. Existem casos de indiví-
posição do centrômero e tamanho de cada duos adultos com quimerismo diploide-tri-
cromossomo do conjunto haplóide (Figura ploide, ou seja, células com um conjunto de
14). cromossomos normais (2n) e células tripló-
Algumas alterações no genótipo podem des (3n).
levar a mudanças no fenótipo. Algumas As aberrações estruturais podem ser
dessas alterações genotípicas podem ser causadas por radiações, infecções, produtos
detectadas pela citogenética, como por químicos, entre outros. Um tipo é a deleção,
exemplo, as aberrações cromossômicas onde ocorrem duas quebras em um mesmo
numéricas e estruturais, que em humanos braço cromossômico, o que leva à perda de
pode levar a abortos espontâneos (42%) ou um segmento. Um exemplo típico de dele-
anomalias do desenvolvimento físico e/ou ção é a perda de um segmento do cromos-
mental do recém-nascido (10%). somo 5 (Síndrome de cri-du-chat ou miado
As aberrações numéricas podem ser do de gato). Pode também haver perda total de
tipo aneuploidia, quando um dos cromosso- um dos braços cromossômicos, isso é mais
mos homólogos multiplica ou diminui, ou do comum para os cromossomos sexuais.
tipo euploidia, quando ocorre aumento ou Pode também acontecer inversões, ou
diminuição de todo um conjunto cromossô- seja, após o cromossomo sofrer duas que-

Figura 13 – Cariograma de
Melipona (abelha nativa)

13

Figura 14 – Idiograma de
Melipona (abelha nativa). 14
114 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Aspectos gerais do núcleo

bras, o fragmento é ligado novamente, po- dos dípteros, em praticamente todos os


rém de forma invertida. Ou ainda, após dois seus órgãos, porém nas glândulas salivares
cromossomos não-homólogos sofrem que- os politênicos se apresentam mais desen-
bras e seus segmentos são ligados nos cro- volvidos. Em Drosophila eles medem cerca
mossomos do outro, esse evento é chamado de 1.800 a 2.000 mm de comprimento, en-
de translocação. Um exemplo é a leucemia quanto seus cromossomos metafásicos têm
mielocítica crônica, em que uma parte do cerca de 7 mm. Essa diferença de tamanho
cromossomo 22 foi translocado para outro se deve ao fato de que nos núcleos politêni-
cromossomo. O linfoma de Burkitt, é um cos os cromossomos se encontram pratica-
exemplo de translocação do cromossomo mente desespiralizados.
14. Em determinadas condições, os cromô-
meros (corpúsculos) de todos os cromone-
Cromossomos gigantes mas (fio de DNA + histonas) de uma deter-
minada faixa podem se descondensar dando
Em alguns organismos a cromatina origem a uma estrutura de aspecto inchada
pode-se comportar de maneira fisiologi- e menos densa, chamada “pufe”. Em algu-
camente diferente durante o ciclo celular, mas espécies, principalmente no gênero
formando os ‘cromossomos gigantes’, que Chironomus, formam-se pufes excepcio-
podem ser de dois tipos: politênicos e plu- nalmente grandes, denominados anéis de
mosos. Os cromossomos politênicos foram Balbiani (Figura 16, P).
descobertos em 1881, nas glândulas saliva- Os cromossomos politênicos apresen-
res do díptero Chironomus (Figura 15). tam uma constante sinapse somática, po-
Os cromossomos politênicos são pro- rém se um membro do seu par homólogo
duzidos pela replicação da molécula de DNA é alterado ocorre uma irregularidade no
por dez vezes sem que ocorra a separação pareamento. Essas irregularidades são ob-
das cromátides. Cada cromossomo contém, serváveis, o que torna possível o reconheci-
então, 210 ou 1.024 moléculas de DNA, as mento de modificações cromossômicas e a
quais estão associadas em uma série late- sua localização.
ral. São encontrados apenas na fase larval Outro tipo de cromossomo gigante é o

15

P
Figura 15 – Cromossomos
politênicos de glândulas
salivares de larva
de Chironomidae,
corados com orceína
acética. P (pufe), 2n = 4
cromossomos (1, 2, 3, 4
em ordem decrescente de
1 2 3 4
tamanho).

Figura 15 – Cromossomos politênicos de glândulas salivares de larva de Chironomidae, corados com


orceína acética. P (pufe), 2n = 4 cromossomos (1, 2, 3, 4 em ordem decrescente de tamanho).
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Aspectos gerais do núcleo 115

cromossomo plumoso. Assim como o poli- ganismos e em certas fases.


tênico, o plumoso só ocorre em alguns or- Veja as comparações na Tabela 1.
0
CARACTERÍSTICAS PLUMOSOS POLITÊNICOS

DIMENSÕES Até 800 µm de comprimento De 150 a 250 µm de comprimento.


Podendo chegar até 1.500 µm em células
infectadas por vírus ou microsporídeos

ORGANISMOS Ovócitos de vários peixes, anfíbios, Células somáticas (glândulas salivares,


répteis e aves, oocitos de tubarão, tubos de Malpighi, trato digestivo,
algumas células vegetais e no músculos, corpo gorduroso, célula de
espermatócito de Drosophila nutrição) de larvas de insetos (dípteros,
Colembolídeos) e protozoários ciliados

FASE Prófase meiótica (diplóteno) Intérfase

FUNÇÃO Síntese intensa de RNA Síntese intensa de RNA

ESTRUTURA Os homólogos ficam unidos e Ocorrem vários ciclos de replicação


apresentam cromômeros ao longo sem a separação das cromátides
dos cromossomos, que aparecem (endomitose) e então ocorre o
como regiões granulosas, pareamento ponto por ponto dos
com maior espiralização dos cromossomos.
nucleofilamentos, que não Apresentam cromômeros, que são
transcrevem. regiões de maior espiralização e regiões
Os cromômeros desespiralizam, o intercromoméricas, que possui menor
que leva a formação de alças finas, concentração de DNA e proteínas.
distribuídas aos pares, simétricas Os cromômeros ficam justapostos,
e com características morfológicas originando estrias transversais (bandas)
próprias e constantes. Algumas regiões dos cromômeros se
Essas alças são ricas desespiralizam, processo reversível.
principalmente em RNA e proteínas Essas regiões são chamadas de pufes
Tabela 1 – Comparações (99%) ou anel de Balbiane ou bulbos. Os anéis
entre cromossomos de Balbiane são pufes que ocorrem em
plumosos e politênicos Chironomus. Bulbos são pequenos pufes
de RNA que ocorrem em sciarídeos
116 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE ASPECTOS GERAIS DO NÚCLEO

♦♦ Atividade 1
Objetivos - Analisar diferentes tipos celulares e comparar a forma do núcleo com a forma da
célula, Verificar a posição do núcleo e o número de nucléolo por célula.

Procedimentos:
1. - Analisar diferentes células em microscopia óptica

Responda:

A) Esquematizar as células e indicar o(s) núcleo(s) e o (s) nucléolo(s).

Lâmina A3 – Vesícula Biliar (HE) Lâmina B6 – Polpa dental (HE) – Lâmina Q1 – Rim (HE) – região dos
– células epiteliais células epiteliais tubos coletores

Lâmina L5 – Língua (HE) –


células musculares estriadas Lâmina K17 – Intestino (HE) – Lâmina I5 – Timo (HE) – adipócitos
esqueléticas células musculares lisas uniloculares e multiloculares

Lâmina G4 – Cerebelo (Método


Lâmina K6 – Fígado (HE) - Bielschowsky) – células de Lâmina Esfregaço sanguíneo
hepatócitos Purkinje (Wrigth) – hemácia e neutrófilo
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 117

B) Preencha a tabela:

Lâmina Posição do núcleo N° de núcleos N° de nucléolos

A3

B6

Q1

L5

K17

I5

K6

G4

Esfregaço

C) Existe relação entre a forma do núcleo e a forma da célula?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

D) Qual o número de núcleo mais encontrado?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

E) Qual o número de nucléolos mais encontrado?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
118 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 2
Objetivos - Analisar células poliploides e multinucleadas. Discutir a origem desses tipos de
células em relação aos núcleos.

Procedimentos:
1. - Analisar diferentes células em microscopia óptica

Responda:

A) Esquematizar um osteoclasto e um megacariócito e indicar se eles são poliplóides ou


multinucleados.

Lâmina D4 – Osso Longo (HE)


Osteoclasto – Tipo____________________ Megacariócito - Tipo____________________

B) Explique como ocorre a poliploidização e a multinuclearidade.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

C) Cite outro exemplo de célula multinucleada.


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 10
Ciclo celular mitótico e Meiose

Em algum momento fomos seres uni- plicação celular. Para os seres unicelulares
celulares, quando o ovócito da nossa mãe a multiplicação celular é a própria geração
foi fecundado pelo espermatozoide do nosso de nova vida.
pai. A partir desse momento começa o pro- Nem todas as células do nosso organis-
cesso de desenvolvimento, para isso o ovo mo possuem a capacidade de se multiplicar,
sofre várias multiplicações celulares, for- pois algumas células são altamente espe-
mando várias células, as quais se diferen- cializadas, como por exemplo, os neurônios
ciam e formam os órgãos do nosso corpo. e as hemácias. Outras células só entram em
À medida que o tempo passa, esses órgãos mitose quando recebem um estímulo apro-
se desenvolvem e para isso também são re- priado, como os hepatócitos após a remo-
queridas muitas multiplicações celulares. ção de parte do fígado.
Mesmo quando o indivíduo já é adulto, várias
células do nosso corpo ainda são formadas, Intérfase
para repor células que normalmente são
perdidas, como por exemplo, as células epi- Para as células se multiplicarem, elas
teliais que constantemente sofrem perda passam por um processo chamado de ciclo
natural, as espermatogônias que originam celular. Este compreende a intérfase e um
os espermatozoides e as células-tronco he- processo de divisão celular, a mitose. A in-
matopoiéticas. térfase é uma fase em que ocorre a duplica-
A perda celular também pode ser de- ção de todo material nuclear e citoplasmá-
corrente de uma lesão, e dependendo da tico da célula, sendo dividida nas subfases
extensão da lesão no órgão ou tecido, esse G1, S, G2. A fase S, que é a mais extensa, é
pode sofrer regeneração ou cicatrização. caracterizada pela replicação do DNA e das
Em ambos os casos também ocorre a multi- histonas, nas fases G1 e G2 ocorre a trans-
crição dos RNA e tradução das proteínas.
Na fase S, quando o DNA é replicado,
1 as duas fitas de DNA permanecem unidas
ligadas por proteínas (coesinas) na região
do centrômero. Devido à replicação do DNA
o seu conteúdo dobra de 2C para 4C, porém
o número cromossômico permanece igual
Figura 1 – Célula de (2N).
cebola em intérfase com Grande parte das nossas células está
nucléolo evidente (seta)
em intérfase, sendo que algumas estão no
corada com Hematoxilina
férrica. Escala: 5 µm período G0, um período que antecede a fase
S, onde as células apresentam-se temporá-
120 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Ciclo celular mitótico e Meiose

ria ou permanentemente inalteradas. 2


O ciclo celular é altamente regulado, os
eventos ocorrem em uma sequência deter-
minada e a ordem deve ser mantida mes-
mo se um estágio estender-se mais do que
o normal. Existe um sistema controle, que Figura 2 – Célula de
não desencadeia o próximo passo antes do cebola em prófase corada
término do estágio precedente. Esse contro- com Hematoxilina férrica.
Escala: 5 µm
le é realizado por fatores citoplasmáticos,
que são proteínas (ciclinas) que regulam
enzimas (quinases) que desencadeiam os
processos de multiplicação ou divisão.
Durante a divisão celular, a lâmina nu- Mitose
clear é desintegrada e o envoltório nuclear
é dissociado em pequenas vesículas e sua Considerando os objetivos de crescer,
reestruturação inicia-se na telófase. Para a desenvolver ou repor é necessário um pro-
reconstituição, várias vesículas do envoltó- cesso que permita a formação de células
rio se fundem umas às outras em volta dos idênticas a partir de células pré-existentes.
cromossomos. Sabe-se que as proteínas da Para isso a célula passa por um processo de
lâmina nuclear apresentam um papel fun- divisão denominada mitose. Esse processo
damental nessa reconstituição, influencian- é dividido em fases, denominadas prófase,
do na associação das vesículas em volta dos pró-metáfase, metáfase, anáfase e telófase.
cromossomos (como visto no capítulo sobre Na prófase inicia o processo de conden-
núcleo). sação gradual do DNA, isso só é possível

3
P

PM2

PM1 Figura 3 – Célula de


cebola em intérfase
(I), prófase (P) e
estágios crescentes da
prometáfase (PM1 e PM2)
corada com Hematoxilina
férrica. Escala: 5 µm

Figura 3 – Célula de cebola em intérfase (I), prófase (P) e estágios crescentes da prometáfase (PM1 e PM2)
corada com Hematoxilina férrica. Escala: 5 µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Ciclo celular mitótico e Meiose 121

Na anáfase ocorre a separação e mi-


4 gração das cromátides para os polos opos-
tos. Para isso as fibras do fuso encurtam
(perda de tubulinas nas extremidades) e
aumenta a distância entre os polos (adição
de tubulinas). Nessa fase ocorre o início da
citocinese (Figura 5).
Figura 4 – Célula de Na telófase as cromátides alcançam
cebola em metáfase os polos opostos, inicia o processo de des-
corada com Hematoxilina condensação e ocorre a reconstituição do
férrica. Setas indicam
envoltório nuclear entorno delas. A actina
fusos. Escala: 5 µm
forma o anel contrátil, normalmente no
meio dafusos.
Figura 4 – Célula de cebola em metáfase corada com Hematoxilina férrica. Setas indicam célula,Escala:
fazendo então a divisão do
5 µm
citoplasma (citocinese). O nucléolo é reor-
graças a proteínas específicas da cromatina. ganizado e ocorre a importação de proteínas
O nucléolo se desorganiza e deixa de produ- nucleares (Figura 5).
zir o rRNA, a produção de subunidades ri- A citocinese em célula animal inicia
bossômicas é finalizada ou os precursores com a formação de um ‘anel contrátil’, que
das subunidades acompanham os cromos- é formado onde existem os microtúbulos re-
somos. Nessa fase os centríolos duplicam manescentes do fuso mitótico. Esse anel é
e os centrossomos migram para os polos composto principalmente de actina e mio-
opostos da célula, iniciando a formação do sina. O anel inicia sua montagem formando
fuso a partir do centrossomos (Figura 2). plano perpendicular à célula, exatamente
A maioria das células animais possui abaixo da membrana plasmática. À medi-
centríolo, contudo as células vegetais não da que o anel se contrai, puxa a membrana
os possuem. Portanto a formação do fuso para dentro dividindo a célula em duas. A
ocorre a partir do centrossomo, este pos- força é gerada pelo deslizamento dos fila-
suindo ou não os centríolos. mentos de actina contra os filamentos de
Na pró-metáfase a cromatina continua miosina.
condensando, o envoltório se desorganiza, Na célula vegetal, a citocinese tem iní-
sendo que a membrana do núcleo se rompe cio pela formação de uma nova parede celu-
em vários pontos, formando vesículas. Os lar dentro da célula. Esse processo é condu-
complexos do poro se dissociam e a lâmi- zido pelo fragmoplasto, que é formado por
na nuclear se despolimeriza. Nessa fase os vestígios de microtúbulos na região equa-
centrossomos alcançam os polos e as fibras torial do fuso mitótico velho. A nova parede
dos fusos alcançam os cinetócoros, que são celular em crescimento é envolvida por uma
proteínas localizadas nos centrômeros dos membrana que se alarga para dividir o cito-
cromossomos (Figura 3). plasma em dois, que começa a se formar no
Na metáfase a cromatina alcança o má- citoplasma entre dois conjuntos de cromos-
ximo da sua condensação. Nessa fase os fu- somos que se agregam no início da telófa-
sos mitóticos alinham os cromossomos na se. A parede começa a ser formada quando
placa metafásica (Figura 4). vesículas do complexo de Golgi, preenchi-
das com polissacarídeos e glicoproteínas
da matriz da parede celular dirigem-se ao
122 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Ciclo celular mitótico e Meiose

A1 A2

Figura 5 – Células de
cebola em estágios
sucessivos da anáfase (A1,
A2, A3) e na telófase (T)
coradas com Hematoxilina
férrica. Seta indica
fragmoplasto. Escala: 5
µm

A3 T
Figura 5 – Células de cebola em estágios sucessivos da anáfase (A1, A2, A3) e na telófase (T) coradas com
fragmoplasto. Elas se fundem e se expan- nado acima e para entender melhor essas
Hematoxilina férrica. Seta indica fragmoplasto. Escala: 5 µm
dem para fora até a membrana plasmática mudanças, segue o esquema abaixo (Figura
e a parede celular, dividindo assim a célula 7).
em duas. A construção final da nova parede De acordo com a figura 6, a cromati-
celular ocorre pela adição de microfibras de na tende aumento crescente de compac-
celulose dentro da matriz. tação desde a intérfase até a metáfase, e
De acordo com a figura 6, a cromatina após essa fase ela tende a desespiralizar. A
tende aumento crescente de compactação cromatina é duplicada na fase S da intérfa-
desde a intérfase até a metáfase, e após se e forma duas cromátides irmãs, quando
essa fase ela tende a desespiralizar. A cro- essas cromátides atingem o maior grau de
matina é duplicada na fase S da intérfase condensação, durante a metáfase, são cha-
e forma duas cromátides irmãs, quando madas de cromossomo. As cromátides são
essas cromátides atingem o maior grau de separadas na anáfase mitótica.
condensação, durante a metáfase, são cha-
madas de cromossomo. As cromátides são Meiose
separadas na anáfase mitótica.
Durante o ciclo celular a cromatina so- Como já foi visto, a mitose é um pro-
fre algumas mudanças como já foi mencio- cesso de divisão celular, que conserva as
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Ciclo celular mitótico e Meiose 123

características genéticas das células somá- leva ao surgimento de cromátides com com-
ticas. Existe outro tipo de divisão celular que binações gênicas novas. Este evento ocor-
não ocorre nas células somáticas e sim em re quando há quebra simultâneas de duas
células denominadas germinativas, essa di- cromátides dos cromossomos bivalentes,
visão é conhecida como meiose. ambas quebram exatamente na mesma po-
A meiose permite que o número diplói- sição e em seguida ocorre a fusão cruzada
de (2n) de cromossomos de uma espécie das cromátides. Este ponto de permuta é o
seja reduzido a um número haplóide, isso quiasma.
acontece porque a célula passa por duas A intérfase da meiose é igual a intérfase
divisões citoplasmáticas e apenas uma da mitose, o que diferencia são os eventos
duplicação do material genético. Graças à que ocorrem nas fases subsequentes.
meiose é possível a reprodução sexuada, A meiose apresenta as mesmas fases
em que células gaméticas masculinas e fe- que a mitose, contudo ocorrem duas divi-
mininas se fundem reconstituindo o número sões (meiose I e II), sendo que a meiose I é
cromossômico da espécie. reducional e a meiose II é equacional. Entre
A meiose também garante a variabilida- as duas meioses não há uma intérfase, mas
de genética, que é muito importante para a uma fase chamada intercinese, em que não
adaptação das espécies às novas condições há replicação do DNA. A seguir os eventos
ambientais. Essa variabilidade é gerada chaves que ocorrem em cada fase.
através da segregação ao acaso dos cro- A prófase I é 200 vezes mais longa que
mossomos na anáfase e a permuta gênica, a da mitose. Nas mulheres ela dura desde
ou seja, troca de segmentos homólogos que a fase embrionária até a puberdade, e nos

Figura 6 –
Comportamento da
cromatina durante o ciclo
celular.
124 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Ciclo celular mitótico e Meiose

homens só acontece na puberdade e dura recombinação, que é um complexo multien-


aproximadamente 14 dias. Ela é subdividida zimático que permite a ocorrência do pro-
em leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóte- cesso molecular da recombinação genética
no e diacinese (Figura 7). As imagens das ou permuta ou crossing-over. No paquíteno
fases da meiose na Figura 7 pertencem a ocorre a permuta, porém é observada cito-
diferentes gêneros de gafanhotos, como logicamente somente nas próximas fases
Caruaruacris, Orphulella, Amblytropidia e (Figura 7C).
Vilerna. Algumas fases da meiose não são Em diplóteno inicia a desorganização
encontradas em gafanhotos. do complexo sinaptonêmico, consequente-
No leptóteno inicia a condensação da mente a separação dos homólogos. Nessa
cromatina e a aproximação dos homólogos. fase é possível observar os quiasmas, que
Entre os cromossomos homólogos inicia a são locais onde ocorreram as permutas. É
formação dos elementos laterais do com- uma fase que pode durar muito tempo, nas
plexo sinaptonêmico. Esse complexo é for- mulheres é chamada de dictióteno e ocor-
mado por diversas proteínas e permite o re nos ovócitos ainda na vida intrauterina e
emparelhamento dos pares dos cromosso- permanece a ovulação. Em alguns organis-
mos homólogos (sinapse) (Figura 7A). mos, como peixes, aves e répteis, podem ser
Em zigóteno termina a formação do formados os cromossomos plumosos nessa
complexo sinaptonêmico, o que permite a fase (Figura 7D, 7E).
associação dos homólogos. Essa associação Na diacinese ocorre o aumento da re-
é um evento chave no processo de meiose, pulsão entre os homólogos, consequente-
pois garante a disjunção dos homólogos na mente ocorre o deslocamento dos quias-
anáfase I, além de permitir a recombinação. mas para as extremidades. Nessa fase são
Como os cromossomos homólogos estão observados eventos descritos na mitose que
pareados, eles são chamados de tétrades ou são: desorganização do envoltório nuclear,
bivalentes. Na imagem pode perceber que ligação dos cromossomos às fibras do fuso
os cromossomos se tornam mais conden- e movimento dos cromossomos para a pla-
sados em zigóteno (Figura 7B). ca equatorial. No final da diacinese obser-
Em paquíteno forma-se o nódulo de vam-se os cromossomos mais condensados

A B C
Figura 7 – Subfases da
Prófase I de gafanhotos:
A) Leptóteno, B) Zigóteno,
C) Paquíteno, D) Início
do diplóteno, E) Fim do
diplóteno e F) Diacinese.
Escala: 5 µm

D E F
Figura 7 – Subfases da Prófase I de gafanhotos: A) Leptóteno, B) Zigóteno, C) Paquíteno, D) Início do
diplóteno, E) Fim do diplóteno e F) Diacinese. Escala: 5 µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Ciclo celular mitótico e Meiose 125

que nas fases anteriores. O cromossomo X Após a intercinese vem a Prófase II


esteve sempre mais condensado que os de- onde os cromossomos reiniciam a conden-
mais e não fez permuta gênica (Figura 7F). sação, o envoltório é desorganizado e o fuso
Na Metáfase I os cromossomos homó- é montado novamente.
logos continuam juntos pelos quiasmas e Na Metáfase II os cromossomos estão
localizam-se na placa equatorial, ficando localizados na região equatorial e os cine-
lado a lado. Diferentemente da mitose, cada tócoros das cromátides-irmãs orientados
cromossomo homólogo se dispõe com seus para polos opostos (Figura 8E).
dois cinetócoros voltados para o mesmo Na Anáfase II as cromátides irmãs mi-
polo (Figura 8A). gram para os polos opostos (Figura 8F, 8G,
Na anáfase I ocorre a separação dos 8H).
cromossomos homólogos e por isso o nú- Finalmente na Telófase II os cromosso-
mero cromossômico é reduzido de 2n para mos descondensam, o envoltório é reconsti-
n. O conteúdo de DNA também é reduzido, tuído, o nucléolo reaparece, ocorre a citoci-
passa de 4C para 2C (Figura 8B, 8C, 8D) nese e são formadas 4 células N, C (Figura
Na telófase I os cromossomos com 8I).
duas cromátides alcançam os polos opostos A gametogênese humana feminina ini-
e iniciam a descondensação. O envoltório cia ainda na vida intrauterina. Do 3º ao 7º
nuclear é reconstituído, ocorre a citocinese mês, as ovogônias entram em mitose e ori-
e são formadas duas células n. ginam os ovócitos I. Estes entram em meio-

A B C

D E F
Figura 8 – Meiose de
gafanhoto. A) Metáfase I,
B) Início de Anáfase, C)
Anáfase mais avançada, D)
Anáfase final, E) Metáfase
II com vista polar, F) Início
da Anáfase II, G) Anáfase
II, H) Fim da anáfase II e I)
Telófase II. Escala: 5 µm
G H I
126 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Ciclo celular mitótico e Meiose

se I e param em diplóteno. Quando a me- a meiose II quando for fecundado, formando


nina entra na puberdade e começa a ovular um óvulo e um corpúsculo secundário.
o ovócitos I termina a meiose I, produz um Nos homens as espermatogônias so-
ovócito II e um corpúsculo primário, que fica frem mitose até a infância. Na puberdade
aderido ao ovócito II e depois é expulso. O são formados os espermatozoides por meio
ovócito II entra na meiose II e fica estaciona- da meiose. Cada espermatogônia origina
do em metáfase II. Esse ovócito só terminará quatro espermatozoides.
.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 127

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE CICLO CELULAR MITÓTICO E MEIOSE

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Reconhecer as fases do ciclo celular mitótico em células vegetais - raiz de cebola
(Allium cepa), 2n = 8 cromossomos e realizar a técnica de esmagamento.

Procedimentos:
1 - Obter as raízes de cebola:
1.1 - Retirar os catafilos secos e as raízes velhas da cebola;
1.2 - Colocar a parte inferior da cebola mergulhada em um frasco escuro com água;
1.3 - Deixar por aproximadamente três dias. As raízes novas devem ficar sempre em contato com a
água, caso necessário colocar mais água durante os três dias;
1.4 - Retirar as raízes
2 - Fixar as raízes em Carnoy por 2 a 3 horas. Caso as raízes não sejam utilizadas após esse tempo,
elas deverão ser mantidas em geladeira no álcool 70%;
3 - Mergulhar as raízes em solução para hidrólise ácida por 10 minutos em temperatura ambiente
ou 5 minutos a 60ºC;
4 - Interromper a hidrólise, para isso mergulhar as raízes em Carnoy por 10 minutos;
5 - Sobre a lâmina, retirar o excesso de raiz com um estilete, deixando somente a região terminal
(coifa);
6 - Pingar 3 gotas de Orceína sobre a raiz e deixar agir por 6 minutos;
7 - Cobrir com uma lamínula e fazer o esmagamento. Colocar um pedaço de papel de filtro sobre a
lamínula e com o polegar, ou a extremidade de um lápis, esmagar a raiz com firmeza. Cuidado para
não deslocar ou quebrar a lamínula;
8 – Caso a lâmina for analisada posteriormente, deve vedar as bordas da lamínula com esmalte de
unha para evitar o ressecamento. Caso queira observar após alguns dias, deve-se guardar em reci-
piente bem vedado na geladeira.
OBS.: O horário em que as raízes apresentam maior número de divisões mitóticas é entre: 10 e 11
horas, horário em que as mesmas devem ser coletadas e fixadas. Porém, dependendo da região do
país e da época do ano, esse horário pode ser diferente.
Receitas
1 - Solução fixadora de Carnoy 3 - Orceína lácto-acética
Álcool etílico 75 ml Orceína 1g

Ácido acético glacial 25 ml Ácido acético glacial 25 ml

- Misturar os reagentes somente na hora do uso. Ácido láctico 70% 25 ml

2 - Solução para hidrólise ácida - Deixar no agitador por uma hora ou


mais;
Álcool etílico 50 ml - Guardar na geladeira, em frasco escuro;
HCl 1 N 50 ml - Filtrar na hora do uso.

- Misturar os reagentes somente na hora do uso.


128 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Responda:

A) Descrever os principais eventos de cada fase do ciclo celular mitótico


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

♦♦ Atividade 2
Objetivo: Identificar as fases do ciclo celular mitótico.

Procedimentos:
1 – Analisar a Figura 1a.

2
1

7 10

5
4

Figura 9 - – Ciclo celular mitótico. Escala: 5 µm


Figura 1a – Ciclo celular mitótico. Escala: 5 µm
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 129

Responda:

A) Preencher a tabela abaixo indicando a qual fase pertence cada célula indicada pelos números:

Célula Fase

10

♦♦ Atividade 3
Objetivo – Reconhecer as fases da mitose em lâmina permanente.

Procedimento:
Analisar a lâmina permanente de mitose em raiz de cebola (Lâmina A2 - Hematoxilina férrica)

Responda:

A) Identificar as fases da mitose e esquematizar

Prófase Pró-metáfase Metáfase

Início da Anáfase Final da anáfase Telófase


130 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

♦♦ Atividade 4
Objetivo – Reconhecer as fases meiose.

Procedimento:
1. - Analisar a figura abaixo:

A B C

D E F
Figura 10 - – Fases da meiose. Escala: 5 µm
Figura 2a – Fases da meiose. Escala: 5 µm
Responda:

Identificar pela foto as seguintes fases da meiose de gafanhoto:


A) _________________________________
B) _________________________________
C) _________________________________
D) _________________________________
E) _________________________________
F) _________________________________
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Capítulo 11
Organelas e o metabolismo energético da
célula

Existem seres vivos capazes de produzir fotossíntese é realizada pelos seres autotró-
sua própria energia (autotróficos) e outros ficos (plantas) que possuem uma organela
que buscam a energia nos alimentos (hete- específica para tal função, o cloroplasto,
rotróficos). As principais fontes de energia mas a fotossíntese também pode ser reali-
utilizadas pelos animais são os compostos zada por organismos procariotos, como as
orgânicos como os carboidratos, gorduras, cianofíceas, nesses organismos a fotossín-
e em menor escala, as proteínas. tese ocorre na membrana plasmática.
O processo para a obtenção de energia
chama-se respiração e é realizada pelos os Mitocôndria
animais, vegetais, protistas, fungos e alguns
procariotos. No processo de respiração pode A mitocôndria ocorre em todas as cé-
haver a participação do oxigênio (aeróbica) lulas eucarióticas aeróbicas, sendo geral-
ou não (anaeróbica). Algumas bactérias, mente alongadas ou mesmo esféricas. Seu
fungos e células animais que são aeróbicos, comprimento varia de 2 a 8 μm, portanto é
podem realizar a respiração anaeróbica na visível em microscopia óptica. O número de
falta de oxigênio, por essa razão são conhe- mitocôndrias em cada célula também varia,
cidos como anaeróbicos facultativos. certas algas verdes possuem apenas uma
No processo de respiração ocorre a unidade por célula, enquanto um ovócito
produção de um composto intermediário, pode apresentar 300.000.
a adenosina-trifosfato (ATP). Essa é a mo- A distribuição das mitocôndrias nas cé-
lécula utilizada pela célula na maior parte lulas geralmente ocorre ao acaso, podendo
de suas reações, ou seja, que faz a célula haver uma concentração onde a demanda
funcionar. O ATP é uma molécula com duas energética é maior. Por exemplo, nas cé-
ligações ricas em energia, que fica entre os lulas musculares, as mitocôndrias ficam
átomos de fósforo (P). próximas aos sarcômeros, nos esperma-
Tanto os seres autotróficos quanto os tozoides, localizam na peça intermediária,
heterotróficos produzem ATP, entretanto o que promove o movimento da cauda. As
nos procariotos a produção de ATP ocorre mitocôndrias geralmente ficam associadas
em nível de membrana plasmática e nos a gotículas lipídicas contendo ácidos graxos
eucariotos ocorre dentro de organelas es- a partir das quais elas derivam produtos
pecíficas. brutos que serão oxidados. Essas organe-
Na respiração ocorre a quebra de mo- las podem mudar de localização dentro da
léculas orgânicas para gerar energia, en- célula através da ação do citoesqueleto. Em
quanto que na fotossíntese ocorre a produ- algumas células verificou-se que as mito-
ção de moléculas orgânicas a partir de uma côndrias não ficam separadas, mas perma-
fonte primária de energia, a luz do sol. A necem juntas formando redes.
132 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

Novas mitocôndrias são formadas a seja, aquelas contidas nos óvulos.


partir de mitocôndrias pré-existentes. Para Como discutido no primeiro capítulo,
isso é necessário que ela replique o seu a origem da mitocôndria provavelmente foi
DNA, o que acontece independente da re- por endosimbiose, ou seja, bactérias aeró-
plicação do DNA nuclear. As mitocôndrias bias foram fagocitadas por células eucario-
também fazem a transcrição dos RNAs e a tas anaeróbias e escaparam do mecanismo
tradução de suas proteínas. Contudo, nem de destruição da mesma. Criou-se uma re-
todas as proteínas necessárias para a mito- lação de endosimbiose, em que o procarioto
côndria sobreviver são traduzidas localmen- era protegido do ambiente inóspito por estar
te, sendo necessário importar algumas do no interior dos eucariotos, em contraparti-
citoplasma. da, o procarioto fazia o suprimento de ATP
A sua biogênese se dá por fissão, após necessário ao eucarioto.
atingir certo tamanho, a mitocôndria sofre Algumas provas dessa origem são: (1) o
uma divisão (fissão), que resulta em duas DNA da mitocôndria é circular, como o DNA
novas mitocôndrias, semelhante ao que das bactérias; (2) a composição química da
ocorre na multiplicação dos procariotos. membrana interna da mitocôndria é seme-
A herança das mitocôndrias é materna, lhante à membrana da bactéria e a externa
pois para a maioria dos organismos euca- é semelhante à membrana plasmática dos
riotos que se reproduzem sexuadamente, eucariotos e (3) os ribossomos mitocon-
durante a fecundação as mitocôndrias pa- driais são semelhantes aos bacterianos,
ternas presentes nos espermatozoides são com o mesmo coeficiente de sedimentação,
prontamente degradadas ao entrarem no 70S.
óvulo. Dessa forma, o futuro embrião her- Estruturalmente as mitocôndrias pos-
dará somente as mitocôndrias maternas, ou suem duas membranas, a externa e a inter-

Figura 1 – Comparação
entre mitocôndria e
cloroplasto.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Organelas e o metabolismo energético da célula 133

na, que forma várias cristas. As membranas Cloroplastos


são estrutural e quimicamente diferentes
entre si, a interna possui 80% de proteínas A sobrevivência dos seres heterotrófi-
enquanto a externa apenas 50%. Devido cos no planeta Terra dependeu da origem
às diferenças químicas, essas membranas dos seres autotróficos, pois o estoque de
também apresentam diferentes graus de compostos orgânicos do planeta era finito.
seletividade. A membrana externa é mais Os organismos autotróficos surgiram com
permeável devido principalmente a um tipo o aparecimento de pigmentos capazes de
especial de proteína, a porina, que forma transformar energia luminosa em energia
canais na membrana. A membrana interna química.
é mais seletiva, nela estão presentes várias Os pigmentos fotossintetizantes são
enzimas envolvidas na respiração celular, moléculas lipídicas com capacidade de ab-
como por exemplo, a ATP-sintetase, que sorver certos comprimentos de luz e refletir
participa da síntese de ATP, a NADH desi- outros, portanto, a cor do pigmento é dada
drogenase, que libera um par de elétrons pela cor que ele não absorve, ou seja, a luz
para a cadeia respiratória e proteínas que refletida. Os principais pigmentos são: clo-
fazem o transporte de metabólitos para rofila (verde), carotenos e xantofilas (ama-
dentro da matriz mitocondrial. A membrana relos), ficocianina (azul) e ficoeritrina (ver-
interna, contrariamente da externa, possui melho).
muitas invaginações (cristas), por isso pode A clorofila é o pigmento mais eficiente
ser considerado um sistema de membra- no processo de fotossíntese, pois é capaz
nas. Quanto maior o número de cristas na de absorver com mais eficiência os compri-
mitocôndria, maior é a área disponível para mentos de onda azul e vermelha, nos quais
hospedar a maquinaria necessária para o a fotossíntese é mais intensa. A clorofila
processo de respiração e consequentemen- apresenta pequenas diferenças em suas
te, maior a atividade da mitocôndria (Figura moléculas, podendo ser classificada como
1). clorofila a, b, c ou d.
Devido à presença de duas membranas, Esses pigmentos ocorrem tanto nos
podem-se distinguir dois espaços: o inter- procariotos quanto nos eucariotos, sen-
membranas e a matriz mitocondrial. A ma- do que nos procariotos autotróficos esses
triz mitocondrial tem uma consistência se- pigmentos estão associados à membrana
melhante a gel, devido à alta concentração plasmática ou em lamelas presentes no
de proteínas solúveis em água; além disso citoplasma. Já nos eucariotos vegetais, os
contém íons, mitoribossomos, enzimas, pigmentos estão presentes nos cloroplastos
DNA e os vários tipos de RNAs (Figura 1). das células eucarióticas aeróbicas autotrófi-
O DNA representa apenas 1% do DNA con- cas, desde algas até angiosperma.
tido no núcleo e pode existir mais de uma Os cloroplastos são organelas citoplas-
molécula por mitocôndria. Ele é circular, máticas relativamente grandes, possuindo
formado somente por éxons, e em humanos de 5 a 10 µm de comprimento e de 2 a 4
codifica apenas 13 proteínas, 2 RNAs ribos- µm de largura. Lembrando que as o menor
somais e 22 tRNA que são utilizados dentro tamanho visto no microscópio de luz é de
da própria mitocôndria. 100nm.
Os cloroplastos podem apresentar dife-
rentes formas: espiralada (alga Spyrogira),
134 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

estrelada (Zygnema) ou esférica (angiosper- Entre os lipídios, estão os próprios pigmen-


ma) (Figura 2). tos: clorofila e carotenóides. Os cloroplastos
O número de cloroplasto por célula va- também não sintetizam todas as proteínas
ria em função da espécie e no mesmo orga- necessárias, parte delas são importadas do
nismo varia conforme o tecido vegetal. citoplasma.
Os cloroplastos podem ter duas for- Os cloroplastos possuem duas mem-
mas de herança: materna e mista (paterna branas e entre as duas existe um espaço in-
e materna), pois para algumas espécies de termembrana. A membrana externa é mais
vegetais, os seus pólens não contêm cloro- permeável que a interna e também contém
plastos. as porinas, que são proteínas semelhantes
Segundo a teoria da endosimbiose, os às existentes na mitocôndria e na mem-
cloroplastos foram originados após a ins- brana das bactérias. A membrana interna
talação de procariotos autotróficos (ciano- é seletiva, as moléculas só podem atraves-
bactérias) em células eucariotas hetero- sar por canais específicos, por exemplo, a
tróficas semelhante ao processo de origem glicose possui um transportador específico
das mitocôndrias. Posteriormente criou-se na membrana, enquanto o ATP e ADP não
dependência mútua e parte do genoma do possuem transportadores e por isso não
procarioto autotrófico foi transferida para o atravessam a membrana do cloroplasto
núcleo do eucarioto tornando-o dependen- para o citoplasma da célula. Portanto, o ATP
te das produzidas pelo eucarioto. Por outro produzido pelos cloroplastos não pode ser
lado o organismo eucarioto, e este passou a utilizado para suprir as necessidades ener-
depender dos compostos orgânicos produ- géticas da própria célula que o produziu.
zidos pelos autotróficos. Essa energia, assim como nas células ani-
Assim como as mitocôndrias, a biogê- mais, tem que ser obtida a partir da quebra
nese dos cloroplastos se dá por fissão após de compostos orgânicos (Figura 1)
atingir certo tamanho, devido ao aumento Nos cloroplastos jovens, a membrana
ocasionado pela própria síntese de lipídios, interna sofre invaginações, liberando para
bem como de algumas proteínas e importa- dentro vesículas membranosas que se
ção de outras. transformam em discos achatados; os ti-
Os cloroplastos, assim como os demais lacóides, que delimitam um espaço interno
cromoplastos e leucoplastos se desenvol- (luz). Os pigmentos, inclusive a clorofila, es-
vem a partir de precursores, os protoplas-
tídeos. Dependendo do tipo de pigmento
armazenado haverá a produção de um tipo 2
diferente de cromoplastos e, se não houver
pigmentos, forma-se um leucoplasto, que
geralmente serve como reserva nutritiva,
como por exemplo, o amiloplasto, oleoplas-
to e proteoplasto.
Essas organelas têm capacidade de se
duplicar independente da célula, como a Figura 2 – Estômato
de angiosperma com
mitocôndria. Para isso eles multiplicam seu
cloroplastos nas células-
conteúdo interno, sintetizando alguns ami- guarda. Escala: 10 µm
noácidos, proteínas, ácidos graxos e lipídios.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Organelas e o metabolismo energético da célula 135

tão presentes nas membranas dos tilacói- sintetizadas por polissomos livres no ci-
des e formam os complexos antenas. toplasma, elas possuem uma sequência
Nos tilacóides também estão presentes específica de aminoácidos (PTS) que é fun-
as enzimas ATP sintetase, semelhante às damental para seu endereçamento. Elas
encontradas na mitocôndria. Nos cloroplas- podem ser transportadas por outras proteí-
tos maduros os tilacóides se organizam em nas até o peroxissomo ou se ligarem a re-
granum, semelhante a pilhas de moedas. O ceptores específicos da membrana.
conjunto de granum recebe o nome de gra- Os peroxissomos pré-existentes se divi-
na. Geralmente encontra-se 10 tilacóides dem por fissão para dessa forma repor orga-
por granum e cerca de 30 a 40 por grana. nelas velhas, para se preparar para a divisão
Pode ocorrer intercomunicação entre essas celular ou mesmo em resposta a estímulos
estruturas. externos, como drogas. Para ocorrer a fis-
No estroma do cloroplasto corresponde são é necessário que haja um crescimento
à região que fica entre a membrana interna da organela, que se dá pela importação de
e os tilacóides. Assim como na mitocôndria, proteínas do citoplasma e transferência de
está presente o DNA circular, que é maior lipídios do retículo endoplasmático.
que o DNA da mitocôndria e em maior nú- As funções dos peroxissomos são di-
mero de cópias. Também estão presentes versas, dependendo do conjunto de enzimas
todos os tipos de RNAs, ribossomos, proteí- presentes. Por isso, diferentes tipos celula-
nas, água, íons, enzimas e compostos orgâ- res podem possuir diferentes tipos de pero-
nicos (amido) (Figura 2). xissomos. Porém, todos peroxissomos sem-
pre apresentarão dois tipos de enzimas: as
Peroxissomo oxidases e as catalases. As oxidases oxidam
substratos a partir de oxigênio molecular e
Outra organela importante para a pro- com isso produzem peróxido de hidrogênio
dução de energia é o peroxissomo, pois ele e as catalases decompõem essa molécula.
realiza a quebra de moléculas de ácidos Os peroxissomos têm um papel mui-
graxos, em um processo é conhecido como to importante na produção de energia pela
ß-Oxidação. célula. Eles realizam a ß-oxidação, ou seja,
Os peroxissomos ocorrem em pratica- a quebra de moléculas de ácido graxo. Nos
mente todos os eucariotos, e geralmente é fungos e leveduras os peroxissomos degra-
uma organela esférica, podendo apresen- dam todos os ácidos graxos, nos vegetais
tar-se alongada. É menor que a mitocôn- eles degradam a maior parte dos ácidos
dria, 0,2 a 1 μm, geralmente é a menor or- graxos e nos animais dividem essa função
ganela da célula. Varia em quantidade e tipo com as mitocôndrias.
celular, por exemplo, os hepatócitos apre- Os peroxissomos são inativos perante
sentam maior número de peroxissomos que cadeias de ácidos graxos de tamanhos mé-
os neurônios. dios e pequenos, eles fazem a degradação
Possui uma matriz envolvida por uma apenas de cadeias longas e muito longas.
membrana única, e nessa matriz encon- Portanto, os peroxissomos agem como sis-
tra-se a maioria das enzimas responsáveis tema de encurtamento das cadeias de áci-
pelas suas funções. Também é possível en- dos graxos. Quando estas cadeias chegam
contrar inclusões cristalinas. ao tamanho médio, elas são excretadas, ou
Todas as proteínas peroxissomais são servem como intermediários na síntese de
136 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

alguns lipídios, ou ainda migram para as e rins. Outra parte do álcool é degradada
mitocôndrias para serem oxidados em mo- pelo retículo endoplasmático liso.
léculas de acetil-CoA, podendo então ser Uma função dessa organela, como já
oxidadas a CO2 no ciclo de Krebs. mencionado, é a quebra do peróxido de hi-
A energia produzida pela ß-Oxidação drogênio (H2O2) em água e oxigênio. A enzi-
peroxissomal é armazenada na forma de ma responsável por essa função é a catala-
NADH e parte é dissipada na forma de ca- se e está presente na matriz do peroxissomo
lor, enquanto a ß-Oxidação mitocondrial, em maior quantidade (40%) comparada ao
por estar acoplada a cadeia transportadora restante do citoplasma. O peróxido de hi-
de elétrons, produz no final ATP. Durante a drogênio é produzido durante o catabolismo
ß-Oxidação são produzidas moléculas de peroxissomal, mas é tóxico para as células
H2O2, que são decompostas pela catalase. por oxidar os aminoácidos e outros com-
Os peroxissomo também participam postos, desnaturando-os. Quando se coloca
de etapas da formação de fosfolipídios de água oxigenada sobre feridas, a catalase
membrana, como o colesterol e dolicol. quebra o peróxido de hidrogênio e o oxigênio
Outra função dos peroxissomos é a degra- liberado forma ‘bolhas’ que são visíveis.
dação de ácido úrico em alantoína, pela A ação da catalase (figura 3):
enzima urato oxidase. A alantoína posterior-
mente é transformada em alantoato, uréia
e amônia. Os primatas hominídeos, aves e
alguns répteis não possuem a enzima urato
oxidase e por isso o ácido úrico é excretado Produção de energia na mitocôndria
sem sofrer degradação.
Alguns peroxissomos estão presentes A respiração é um dos processos para
apenas em células vegetais de sementes a produção de energia, mas existem ou-
que contém lipídios como reserva. Esses tras formas como a fermentação, em que
peroxissomos receberam um nome espe- a quebra de compostos orgânicos ocorre
cial: glioxissomo. Eles realizam um ciclo de na ausência de oxigênio. Ela ocorre no cito-
reações semelhante ao ciclo de Krebs, com plasma das células e pode ocorrer de várias
isso é possível converter lipídios em carboi- formas, dependendo da substância que será
dratos, que é fundamental na germinação originada após a quebra do composto orgâ-
das sementes. Esse processo de conversão nico. Exemplo: a fermentação lática produz
é chamado de neoglicogênese. o ácido lático; a alcoólica, o álcool etílico e a
Os peroxissomos também participam acética, o ácido acético.
do processo de fotorrespiração nas folhas, A fermentação lática é realizada por
juntamente com as mitocôndrias e cloro- algumas bactérias, fungos e células mus-
plastos. Eles realizam uma via, dentro da culares. Esse processo ocorre no músculo
fotorrespiração, que recupera carbonos que quando há falta de oxigênio para desen-
seriam ‘perdidos’ devido ao excesso de O2. volver a respiração aeróbica, o acúmulo de
Essa organela também é muito impor- ácido lático pode levar à fadiga muscular
tante na desintoxicação, pois grande parte (cãibra).
do álcool etílico consumido por uma pessoa A fermentação alcoólica ocorre em
é degradada nos peroxissomos, principal- bactérias e leveduras, sendo muito impor-
mente os peroxissomos presentes no fígado tante na produção de bebidas e pães. Já a
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Organelas e o metabolismo energético da célula 137

forilação oxidativa, ocorre a participação do


3 oxigênio e por isso é denominado de respi-
ração aeróbica.
Figura 3 – Produção de
energia Respiração Aeróbica

A respiração aeróbica é o processo de


produção de energia (ATP) com a participa-
ção do oxigênio. Ela é realizada por proca-
riotos, protistas, fungos, plantas e animais.
Dentro do processo de respiração aeróbia,
ocorre uma etapa em que não é necessário
fermentação acética é realizada por aceto- o oxigênio, a glicólise, ou a quebra da gli-
bactérias e é importante na fabricação de vi- cose.
nagre, mas provoca o azedamento de vinho Nos seres aeróbicos eucariotos, a gli-
e sucos. cólise ocorre no citoplasma. Após a quebra
A glicose é uma molécula utilizada na dessa molécula são formadas duas molé-
produção de energia. A sua quebra (glicóli- culas de piruvato (3C) que atravessam as
se) ocorre em várias etapas no citoplasma duas membranas da mitocôndria e na ma-
da célula, até a formação de duas molécu- triz dessa organela sofrem descarboxilação
las de piruvato ou ácido pirúvico (3C). Nesse pelo complexo piruvato desidrogenase. O
processo são gastas duas moléculas de resultado desse processo é a formação de
ATP e produzidas quatro, portanto rende uma molécula de CO2 e uma molécula de
duas moléculas de ATP. Também são libe- acetil-CoA, além da redução do NAD em
+ +
rados hidrogênios durante a glicólise, que NADH H (Figura 4).
são capitados pela NAD, tornando-se NADH Os ácidos graxos e os aminoácidos
(Figura 3). também podem ser utilizados na produção
Esse rendimento é muito pequeno, e de ATP, para isso eles passam por várias
no curso da evolução foi desenvolvida uma modificações e são transformados em ace-
nova via metabólica de maior rendimento til-CoA. Após a produção da molécula de
energético onde piruvato é transformado Acetil CoA, esta participa de várias etapas
em água e gás carbônico. Essa via é a fos- sendo oxidada a CO2 e H20, o que é central

Figura 4 –
Descarboxilação do
piruvato.
138 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

para o metabolismo de organismos aeróbi- a produção de energia ATP (via GTP) e a pro-
cos. A primeira etapa é o ciclo de Krebs. Em dução de CO2 (Figura 5).
procariotos o ciclo ocorre no citoplasma, já Os átomos de oxigênio utilizados para
nos eucariotos, essa fase ocorre dentro da obter o CO2 a partir dos grupos acetil que
mitocôndria. entram no ciclo são fornecidos pela água e
não pelo oxigênio molecular. Portanto, nes-
Ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico se ciclo não é utilizado o oxigênio molecu-
ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos) lar, mas ele é imprescindível para a próxima
etapa, a cadeia transportadora de elétrons.
O acetil CoA se junta a um ácido oxala-
cético (4C) e resulta em ácido cítrico. Este Fosforilação oxidativa
passa por um ciclo de reações na matriz
mitocondrial e acaba produzindo novamen- Esse evento ocorre na cadeia transpor-
te uma nova molécula de ácido oxalacético tadora de elétrons (CTE) que está presente,
que inicia um novo ciclo. Durante esse ci- em várias cópias, na membrana interna das
clo, o ácido cítrico sofre desidrogenação, mitocôndrias, e também na membrana plas-
ou seja, são liberados quatro pares de áto- mática dos procariotos. Ela é constituída por
mos de hidrogênio, sendo que três reduzem diferentes proteínas e moléculas aceptoras
moléculas de NAD, e um hidrogênio reduz e doadoras de elétrons. Essas proteínas es-
uma molécula de FAD, tornando-se NADH tão agrupadas em três grandes complexos
e FADH2, respectivamente. Também ocorre enzimáticos: a NADH desidrogenase, o ci-

Figura 5 – Ciclo de Krebs.


ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Organelas e o metabolismo energético da célula 139

tocromo b-c1 e a citocromo-oxidase (Figura intermembranas. Esse evento ocorre nos


6). Os complexos possuem íons metálicos e três complexos proteicos. A ejeção de pró-
outros grupamentos que formam rota para tons cria uma diferença de pH e de potencial
a passagem dos elétrons. elétrico. Essa diferença de pH e potencial de
+
Os NADH e FADH2 produzidos no ciclo membrana força os H a retornarem à ma-
de krebs sofrem a remoção de um íon hidre- triz via ATP-sintetase. À medida que os pró-
+
to (H) que é convertido em um próton (H ) e tons fazem sua passagem por meio da ATP-
dois elétrons de alta energia (2e-). Essa rea- sintetase, eles são utilizados para dirigir a
ção é catalisada pela NADH-desidrogenase reação energeticamente desfavorável entre
que também inicia o transporte dos elétrons o ATP e o Pi para produzir ATP (Figura 6).
na CTE. Esse transporte é possível graças Existem moléculas presentes na mem-
à diferença nas tendências dos componen- brana que servem de canais por onde os
tes da cadeia em perder elétrons. Contudo, prótons podem retornar à matriz mitocon-
no complexo citocromo-oxidase, o elétron é drial sem produzir energia, são os desaco-
recebido pelo oxigênio gasoso (O2) que se di- pladores (Figura 6).
fundiu para dentro da mitocôndria e simul-
+
taneamente combinou-se com prótons (H ) Produção de energia no cloroplasto
da solução circundante para formar a água
(Figura 6). Os eventos metabólicos que ocorrem
Os elétrons, ao serem transportados nos cloroplastos são muito semelhantes aos
pela CTE vão perdendo energia, que é uti- que ocorrem nas mitocôndrias, porém com
lizada para a ejeção dos prótons da água objetivo inverso. Os cloroplastos utilizam a
+ -
(H2O – H + OH ) da matriz para o espaço energia solar para produzir ATP, depois uti-

6 MEMBRANA INTERNA

Figura 6 – Cadeia
transportadora de
elétrons.
140 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

lizam esse ATP para juntar moléculas de lação) a uma molécula, no caso é adição de
carbono, oriundas do CO2, para formar os um Pi no ADP, que se transforma em ATP.
compostos orgânicos. Durante o proces- A fotofosforilação ocorre com a parti-
so ocorre liberação de oxigênio a partir da cipação de dois fotossistemas: I e II. Esses
água. Na mitocôndria os compostos orgâni- fotossistemas são formados por pigmentos,
cos são quebrados, utiliza-se oxigênio, sen- substâncias aceptoras de elétrons e diver-
do liberado CO2 e energia na forma de ATP. sas enzimas. A organização dos pigmentos
A estrutura dessas organelas também lembra uma antena parabólica, por isso é
é muito semelhante, porém no cloroplasto, conhecido como ‘complexo antena’. No cen-
além das duas membranas (interna e exter- tro desse complexo estão as clorofilas P700
na) tem um terceiro sistema de membranas, e P680, cujos valores significam o compri-
os tilacóides, onde ocorre a cadeia trans- mento de onda da luz que é absorvido com
portadora de elétrons. maior eficiência pelas clorofilas.
Os processos envolvidos na produção No fotossistema I a energia solar ativa
dos compostos orgânicos nos cloroplastos os elétrons presentes nas várias clorofilas
recebem o nome de fotossíntese, que apre- que constituem a porção antena do com-
senta a seguinte equação: plexo, a energia de um elétron excitado é
transmitida de uma clorofila para outra até
alcançar um centro de reação. Esse centro
é formado por várias proteínas transmem-
branas e pigmentos, entre eles a clorofila
P700. Esta clorofila após receber os elé-
trons e ser excitada, libera os elétrons que
Conforme a dependência da presença são recepcionados pela ferredoxina, que por
de luz, as reações são classificadas em dois sua vez os transfere para uma cadeia trans-
tipos: fotodependente e fotoindependente. A portadora de elétrons (CTE). Nessa cadeia,
primeira fase ocorre nos tilacóides e nessa assim como na mitocôndria, é sintetizado
fase a energia luminosa é convertida em ATP pela liberação gradual de energia dos
energia química (ATP) a partir de ADP, tam- elétrons. No final, os elétrons voltam para
bém é produzido NADPH e a água é oxidada, o centro de reação do complexo antena. Os
resultando na liberação de O2. A segunda elétrons também podem seguir outro cami-
fase, fotoindependente, ocorre no estroma nho em vez de passar pela cadeia. Na fer-
e utiliza o ATP e NADPH produzidos na fase redoxina, os elétrons são transferidos para
+
anterior para converter CO2 em compostos o NADP e este é reduzido a NADPH. Nesse
orgânicos. segundo caso os elétrons não retornaram
ao centro de reação, contudo eles têm que
Fase clara ou fotoquímica - reações ser repostos para a fosforilação continuar.
fotodependentes Essa reposição conta com a participação do
Fotossistema II (Figura 8).
A fase clara envolve dois processos: a No Fotossistema II, assim como no I, os
fotofosforilação e a fotólise da água. Como o processos são os mesmos: depois que o par
próprio nome diz, fotofosforilação é um pro- da clorofila P680 é excitado, os elétrons são
cesso que ocorre na presença de luz (fóton) transferidos para um aceptor, a plastoquino-
no qual ocorre a adição de fosfato (fosfori- na, que segue passando esses elétrons por
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR -
Organelas e o metabolismo energético da célula 141

uma cadeia (CTE). A energia perdida durante Reações fotoindependentes (química


a transferência é utilizada para a síntese de ou fase escura ou ciclo de Calvin-Ben-
ATP. No final os elétrons do Fotossistema II son)
migram para as clorofilas do Fotossistema I,
e as clorofilas do Fotossistema II ficam sem Essas reações ocorrem no estroma, o
elétrons (Figura 7). ATP e NADPH produzidos na fase clara são
Os elétrons do Fotossistema II são re- utilizados para formar os hidratos de carbo-
postos pelo processo da fotólise da água no a partir do CO2.
(oxidação da água). A luz causa a quebra da O CO2 une-se a uma pentose (Ribulose-
água que está presente no espaço intrati- 1,5-bifosfato) e forma uma molécula de seis
lacóide, essa quebra é catalisada por uma carbonos que é imediatamente quebra-
enzima que fica na membrana do tilacóides. da em duas moléculas de três carbonos,
Com a cisão da água, são liberados prótons o 3-fosfoglicerato. Essa molécula recebe
e moléculas de oxigênio para o espaço in- fosfato do ATP e é reduzida pelo NADPH e
tratilacóide. Os elétrons liberados são cap- por isso é transformada em 3-fosfogliceral-
tados pelas clorofilas do Fotossistema II, os deído. Algumas dessas moléculas são uti-
prótons ao passar pela ATP-sintetase for- lizadas no ciclo para recuperar a Ribulose-
mam ATP e o O2 é liberado (Figura 7). 1,5bifosfato com gasto de energia, e a outra
parte é utilizada para a formação de subs-
tâncias orgânicas (Figura 8).
Dentro do cloroplasto, o fosfogliceral-
7 deído é utilizado para a formação da glico-
se, mas a maior parte entra na formação da
sacarose e amido. No citoplasma ele pode
entrar diretamente no ciclo da glicólise e
assim produzir o piruvato, que vai participar
da respiração celular. Ou ainda, o gliceral-
deído pode ser transformado em outros po-
lissacarídeos e ser armazenado na forma de
sacarose ou amido (Figura 8).

Resumo da fotossíntese

A energia proveniente do sol (1) é uti-


lizada nos tilacóides (2) para a produção
de ATP (3) e fotólise da água (4), que pro-
duz o oxigênio e reduz o NAD. O NADPH e o
ATP produzidos na fase clara são utilizados
no estroma para a produção de compos-
tos orgânicos (5) a partir do gás carbônico.
Figura 7 - Fotofosforilação
Portanto, a fotossíntese é a transformação
e fotólise da água. da energia luminosa em energia elétrica e
finalmente em energia química, contida nas
ligações dos compostos orgânicos, princi-
142 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR
Organelas e o metabolismo energético da célula

Figura 8 - Ciclo de Calvin-


Benson.

palmente a glicose (Figura 9). principalmente nos tipos de pigmentos


Nas bactérias, a fotossíntese pode ser (bacterioclorofila) e doador de H (H2, H2S).
muito semelhante (cianobactérias) ou di- Por não ser a água a doadora de hidrogênio,
ferente (bactérias verdes e púrpuras) da o oxigênio não é produzido.
fotossíntese dos eucariotos. Elas diferem
0

Figura 9 – Resumo da
fotossíntese.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 143

ATIVIDADES PRÁTICAS SOBRE ORGANELAS E O METABOLISMO ENERGÉTICO DA CÉLULA

♦♦ Atividade 1
Objetivo - Evidenciar a catalase.

Procedimentos:
1 - Cortar duas fatias finas de tubérculo de batata;
2 - Ferver uma delas por 5 minutos;
3 - Colocar em placas de Petri separadas e cobri-las com peróxido de hidrogênio;

Responda:

A) De que forma foi evidenciada a presença da catalase na batata crua?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

B) Por que a catalase não atuou na batata cozida?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
144 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTS, B.; BRAY, D.; JOHNSON, A.; LE- logia Hoje. Vol 1. 15ª Ed. São Paulo: Ática,
WIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, 2009, 432p.
P, Fundamentos da Biologia Celular – uma LODISH, H.; BERK, A.; MATSUDAIRA, P.;
introdução à biologia molecular da célula. KAISER, C.A.; KRIEGER, M.; SCOTT, M.P.;
Porto Alegre: Artes Médicas, 1999, 757p. Biologia Celular e Molecular. 5ª Ed. Porto
AMABIS, J.M.; MARTHO, G.R. Biologia das Alegre: Artmed, 2005, 1054p.
Células. Vol. 1. 2ª Ed. São Paulo: Moderna, LOPES, S.G.B.C. BIO, Introdução à biologia e
2004, 464p. origem da vida, citologia, reprodução e em-
AVERSI-FERREIRA, T.A. Biologia celular e briologia, histologia. Vol. 1, 1ª Ed. São Paulo:
molecular. Campinas: Átomo, 2008, 205p. Saraiva, 2002, 430p.
BOLSOVER, S.R.; HYAMS, J.S.; SHEPHARD, LORETO, E.L.S.; SEPEL, L.M.N. Atividades
E.A.; WHITE, H.A.; WIEDEMANN, C.G. Biolo- experimentais e didáticas de biologia mole-
gia Celular. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanaba- cular e celular. São Paulo: Sociedade Brasi-
ra Koogan, 2005, 325p. leira de Genética, 2002, 71p.
BRANCALHÃO, R. M. C.; SOARES, M. A. C., MARTINS, I.; GOUVEA, G. e PICCININI, C.
Microtécnicas em biologia celular. Cascavel: Aprendendo com imagens. Cienc. Cult. [on-
EDUNIOESTE, 2004, 125p. line]. 2005, vol.57, n.4, pp. 38-40.
CARVALHO, H.F.; RECCO-PIMENTEL, S.M. A MELO, R.C.N. Células & Microscopia princí-
célula. 3ª Ed. Barueri: Manole, 2013, 590p. pios básicos e práticas. Juiz de Fora: UFJF,
DE ROBERTIS, E.M.F.; HIB, J.; PONZIO, R. 2002, 144p.
De Robertis. Biologia Celular e Molecular. PIOVESANI, L. I. P. Arte-educação: uso de
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, imagens no desenvolvimento do saber. Rev.
413p. Conteúdo. Capivari, vol.3, n.1, pp. 41-48,
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: 2012.
saberes necessários à prática educativa. 37. POLIZELI, M.L.T.M. Manual prático de biolo-
Ed., São Paulo: Paz e Terra, 2008. 148p gia celular. Série Manuais práticos em bio-
GUERRA, M. 1988. Introdução à citogenética logia 2. Ed. Holos, 1999, 72 p.
geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, POLLARD, T.D.; EARNSHAE, W.C. Biologia
2003, 142p. Celular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, 799p.
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Biologia REGINALDO, C.C., SHEID, N.J., GÜLLICH,
Celular e molecular. 8ª Ed. Rio de Janeiro: R.I.C. O ensino de ciências e a experimenta-
Guanabara Koogan, 2005, 332p. ção. IX ANPED SUL. Seminário de pesquisa
KARP, G. Biologia Celular e Molecular: con- em educação da região Sul, 2012. pp. 1-13
ceitos e experimentos, 3ª Ed. Barueri: Ma- ROCHA, M. P., SILVEIRA, D. O que eles sa-
nole, 2005, 786p. bem sobre a célula? Revista da SBEnBio, nº
LARROSA, B. J. Notas sobre a experiência 3, Outubro, 2010.
e o saber de experiência. Revista Brasileira VALLE, F.C. Práticas de citologia e genética.
de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr, nº 19, 2002. Rio de Janeiro: MEDSI Médica e Científica
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F.; Bio- Ltda, 2001, 185.
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

ÍNDICE REMISSIVO

A Centrossomo 117 Digestão intracelular 95


Chaperonas 93 Distensão 37
Aberrações estruturais 109 Ciclo celular 115, 116
Acetil-CoA 133 Ciclo de Calvin-Benson 137
E
Acidofilia 50 Ciclo de Krebs 134 Endocitose 69, 82
Ácido Periódico-Schiff (PAS) Ciclose 82 Endosimbiose 128, 130
50
Cílios 62, 63, 84 Endossomos 70
Ácidos nucléicos 48, 106
Cinetócoros 117 Envelope nuclear 103
Actina 81
Citocinese 117 Envoltório 103
Açúcares 46
Citoesqueleto 14, 80, 127 Enzimas digestivas 70
Adesão focal 61
Citogenética 109 Esfregaço 36
Aeróbica 127
Citoquímica 35, 49 Esmagamento 37
Água 45, 70
Citosol 79 Espalhamento 36
Anaeróbica 127
Claudina 60 Estereocílios 62, 82
Anáfase 116
Clorofila 129 Estroma 131
Aneuploidia 109
Cloroplastos 14, 129, 130 Eucariotos 11
Anfipáticos 59
Código genético 96, 97 Eucromatina 106
Anti-códon 97
Códon 97 Euploidia 109
Antiporte 68
Colchicina 83 Exocitose 70, 82
Apoptose 18, 95
Colorações tricômicas 51
Ativo 68
Complexo de golgi 93 F
ATP-sintetase 129, 135
Complexo de Golgi 13, 117
Autofagia 95 FADH2 135
Complexos dos poros 104
Autotróficos 127 Fagocitose 69
Corpo residual 96
Fase clara 136
B Corpos residuais 70
Fenótipo 109
Corpúsculo primário 122
Fermentação 132
Bainha de mielina 63 Corpúsculos de Nissl 93
Filamentos intermediários 80,
Basofilia 50 Corpúsculo secundário 122 81, 82
Beta-Oxidação 132 Cristas 129 Fissão 128, 130
Biomembranas 57 Cromátides irmãs 118 Fixação 33
Cromatina 106, 118
C Cromossomo 106, 118
Flagelos 62, 63, 84
Fosfolipídios 59
Cadeia transportadora de Cromossomos 117 Fosforilação oxidativa 133
elétrons 134 Cromossomos gigantes 110 Fotofosforilação 136
Cariograma 108 Cromossomos politênicos 110 Fotossíntese 127
Cariótipo 108 Crossing-over 120 Fragmoplasto 117
Carreadoras 67
Catalase 132 D G
Célula anucleada 101
Deplasmólise 71 Gametogênese 121
Célula binucleada 101
Desacopladores 135 Genes 106
Célula multinucleada 101
Desintoxicação 91 Genótipo 109
Células 9
Desmossomo 83 Glicocálice 60
Células pluripotentes 18
Desmossomos 61 Glicose 133
Células totipotentes 18
Diacinese 120
Centríolo 117
Diafanização 33 H
Centrômero 108, 115
Digestão extracelular 96 Hemidesmossomo 61, 83
Centrômeros 117
146 - ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR

Heterocromatina 106, 107 Microtomia 34 Protoplastídeos 130


Heterotróficos 127 Microtúbulos 80, 81, 83 Pseudópodes 82
Hipertônico 71 Microvilosidades 62, 82
Hipótese da evolução gradual Mitocôndria 127
Q
dos sistemas químicos 18 Mitocôndrias 14 Quiasma 119
Hipótese simbiótica 20 Mitose 18, 116
Histonas 106 Morte celular 69 R
Homeostasia 67 Movimento amebóide 82
Hormônios 91 Recombinação genética 120
N Regiões organizadoras de
I nucléolos 105
NAD 133 Respiração 127
Idiograma 108 NADH 133 Respiração anaeróbica 127
Inclusões 79 NADH desidrogenase 129 Retículo endoplasmático liso
Interação hidrofóbica 59, 69 13, 91, 92
Necrose 18
Intercinese 119 Retículo endoplasmático
Núcleo 12, 101 rugoso 13, 91, 92, 97
Intérfase 115 Nucléolo 105 Retículo sarcoplasmático 92
Inversões 109 Núcleo polimórfico 101 Ribossomos 92
J O Ribulose 137
RNA mensageiro 96
Junção aderente 60 Ocludinas 60 RNA ribossômico 96
Junção comunicante 61 Osmose 70 RNA transportador 96
Junção de oclusão 60
Junção oclusiva 60 P S
Junções de adesão 82
Paquíteno 120 Sarcômeros 81, 127
Junções de adesão focal 82
Parede celular 71, 84, 117 Simporte 68
Junções de oclusão 82
Passivo 68 Solventes orgânicos 69
L Peptídeo sinal 97
Permeabilidade seletiva 69 T
Lâmina nuclear 83, 104, 116 Permeases 67 Telófase 116
Leptóteno 120 Permuta 120 Telômeros 108
Ligação iônica 45 Permuta gênica 119 Teoria Celular 9
Ligações covalentes 45 Peroxissomo 131 Tilacóides 130
Lipídios 46, 67 Peroxissomos 14 Tradução 96, 97
Lisossomos 14, 95 Pigmentos 129 Translocação 110
M Pinocitose 69 Transporte anterógrado 93
Plasmólise 71 Transporte ativo 68
Meio 71 Poliploide 101 Transporte ativo indireto 68
Meio hipotônico 71 Polirribossomos 92 Transporte ativo secundário 68
Meio isotônico 71 Ponte de hidrogênio 45 Transporte passivo 68
Meiose 18, 118, 119 Porina 129 Transporte retrógrado 93
Membrana plasmática 57 Porinas 130 Transportes 68
Metáfase 108, 116 Preparo a fresco 37 Turgescência 71
Microfilamentos 80 Procariotos 11
Microfilamentos de actina Prófase 116 U
80, 81
Pró-metáfase 116
Microscopia eletrônica de Ultramicrotomia 36
transmissão 26 Proteínas 47, 59, 67, 69
Uniporte 68
Microscopia eletrônica de Proteínas carreadoras 68
varredura 28 Proteínas extrínsecas 59 V
Microscópio 23 Proteínas formadoras de
Microscópio de contraste de canais 67 Vesículas 79
fase 25 Proteínas integrais 60
Microscópio de fluorescência Proteínas intrínsecas 59 Z
26 Proteínas transmembranas 97 Zigóteno 120
Microscópio óptico 23
ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA CELULAR - 147

Créditos das figuras

Capítulo 1 - Características gerais das células Capítulo 7 - Citoplasma


Fig. 1 Marla Piumbini Rocha Fig. 1 Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 2 Leonardo Siqueira, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 3 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 3 Marla Piumbini Rocha
Fig. 4 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha Fig. 4 Marla Piumbini Rocha
Fig. 5 Marla Piumbini Rocha Capítulo 8 - Sistema de endomembranas
Fig. 6 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 1 Marla Piumbini Rocha
Fig. 7 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 2 Marcelo Silva Barcellos
Fig. 8 Marla Piumbini Rocha
Fig. 3 Marla Piumbini Rocha
Fig. 9 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 4 Marla Piumbini Rocha
Fig. 10 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 5 Marcelo Silva Barcellos
Fig. 11 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 12 Marla Piumbini Rocha Capítulo 9 - Aspectos gerais do núcleo
Fig. 13 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 1 Leonardo Siqueira, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 14 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 2 Marla Piumbini Rocha
Fig. 15 Marla Piumbini Rocha Fig. 3 Marla Piumbini Rocha
Fig. 16 Marla Piumbini Rocha Fig. 4 Marla Piumbini Rocha
Fig. 17 Marla Piumbini Rocha Fig. 5 Marcelo Silva Barcellos
Fig. 18 Marla Piumbini Rocha Fig. 6 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 19 Marla Piumbini Rocha Fig. 7 Marla Piumbini Rocha
Fig. 20 Marla Piumbini Rocha Fig. 8 Marla Piumbini Rocha
Fig. 21 Marla Piumbini Rocha Fig. 9 Marla Piumbini Rocha
Fig. 22 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 10 Marla Piumbini Rocha
Fig. 23 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 11 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 24 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 12 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Capítulo 2 - Técnicas de microscopias para estudo das células Fig. 13 Marla Piumbini Rocha
Fig. 14 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 1 Marla Piumbini Rocha
Fig. 15 Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Marla Piumbini Rocha
Fig. 3 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha Capítulo 10 - Ciclo celular mitótico e Meiose
Fig. 4 Marcelo Silva Barcellos Fig. 1 Marla Piumbini Rocha
Fig. 5 Marcelo Silva Barcellos Fig. 2 Marla Piumbini Rocha
Capítulo 3 - Metodologias para estudo das células Fig. 3 Marla Piumbini Rocha
Fig. 4 Marla Piumbini Rocha
Fig. 1 Marla Piumbini Rocha
Fig. 5 Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Marla Piumbini Rocha
Fig. 6 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 1a Marla Piumbini Rocha
Fig. 7 Marla Piumbini Rocha
Capítulo 4 - Biomacromoléculas e citoquímica
Fig. 8 Marla Piumbini Rocha
Fig. 1 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha Fig. 1a Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha Fig. 2a Marla Piumbini Rocha
Fig. 3 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha Capitulo 11 - Organelas e o metabolismo energético da célula
Fig. 4 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 1 Leonardo Siqueira, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 5 Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Marla Piumbini Rocha
Capítulo 5 - Biomembranas
Fig. 3 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 1 Marla Piumbini Rocha (sup.), Marcelo Silva Barcellos (inf.) Fig. 4 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 2 Marla Piumbini Rocha Fig. 5 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 3 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 6 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 4 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 7 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 5 Leonardo Siqueira, baseado em João Paulo Teló Timm Fig. 8 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 6 Marla Piumbini Rocha Fig. 9 Leonardo Siqueira, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 7 Marla Piumbini Rocha
Fig. 8 Marcelo Silva Barcellos
Fig. 9 Marla Piumbini Rocha
Capítulo 6 - Transporte via biomembranas
Fig. 1 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 2 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 3 Ana Cristina Maurente, baseado em Marla Piumbini Rocha
Fig. 4 Marla Piumbini Rocha
Fig. 5 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 6 Ana Cristina Maurente, baseado em João Paulo Teló Timm
Fig. 1a Marla Piumbini Rocha

Você também pode gostar