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1- APRESENTAÇÃO
6- REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
A proposta desse Guia de Acolhimento da EJA em 2023, é de ser uma construção colaborativa,
por isso, na sua elaboração contamos com o apoio e trocas de experiências das Escolas que
ofertam EJA Presencial, EJA Semipresencial e EJA em prisões. Além disso, pesquisamos
diversos guias que se encontram nas referências.
São orientações e sugestões para futuras consultas e a prática contínua do acolhimento escolar
numa constante busca de aprimoramentos.
Por isso, vamos ampliando o nosso canal de interações e trocas de boas práticas educacionais no
campo da EJA para evidenciar que esta modalidade tem um lugar visível e de direito para todos
(as) os (as) estudantes jovens , adultos e idosos que nos provocam a realizar oportunidades
educacionais adequadas às suas necessidades em seus contextos socioculturais e econômicos.
Ficamos muitíssimos gratas (os) a cada um (a) por se somar a esta jornada coletiva!
Sigamos em diálogos.
Fonte: Arquivo GEEJ Foto dos (as) estudantes da EJA participando do FEST ARUANDA -2022
O primeiro ponto de partida para o acolhimento acontece antes mesmo do estudante chegar na
escola, são as campanhas de chamadas públicas para as matrículas do ano letivo na rede
estadual.
ANO 2023 - Nesta campanha de matrícula da Educação de Jovens e Adultos (EJA), narra a força
de vontade de uma jovem estudante, para concluir o ensino médio e seguir seus objetivos. Confira
a história: https://bit.ly/3j3d0HX
QUAL A VISÃO DE ACOLHIMENTO?
OS PRINCIPIOS DO ACOLHIMENTO
Apresentamos, a partir da experiência de acolhimento a seguir, três princípios que
consideramos essenciais para o acolhimento e para guiar as ações na escola: a escuta
ativa, o cuidado e a equidade.
1º PRINCÍPIO: ESCUTA ATIVA
A escuta acontece no contato com o outro, na disposição em se doar para que o outro
possa, por meio de sua linguagem, expressar seus sentimentos, emoções, preocupações ou
necessidades. Além disso, a escuta permite ao outro um espaço para compreender e
organizar os pensamentos, estabelecer relações entre percepções diferentes que podem
ajudá-lo a encontrar novas possibilidades para sair de uma situação de conflito ou de
paralisação.
A escuta ativa é um momento de legítima doação, em que o sujeito sai de si para se colocar
em atenção ao outro, com uma intenção genuína de entender o que se quer dizer por outro
ponto de vista. Isso significa que essa escuta não julga, ela quer pensar junto, e seu maior
propósito é criar conexão.
2º PRINCÍPIO: CUIDADO
O cuidado abrange mais do que um momento de atenção, representa uma atitude de
solidariedade e de desenvolvimento afetivo contínuo com o outro. Nesse sentido, podemos
entender que cuidado é algo imprescindível para a vida e deve ser compreendido como fator
preponderante para uma relação saudável e bem estruturada, incluindo as relações na
escola.
Para que o cuidado promova uma atitude de corresponsabilização entre as instâncias e os
atores, é preciso que haja clareza quanto às expectativas para as ações propostas. A
corresponsabilização ocorrerá sempre que todos os envolvidos no processo estiverem
alinhados e cada um contribuir com a sua parte dentro da estrutura de funcionamento
hierárquico vigente.
3º PRINCÍPIO: EQUIDADE
Quando pensamos em acolhimento, consideramos escutar e cuidar em uma perspectiva
individual daqueles que demonstram necessidades socioemocionais e se encontram em
situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, é importante destacar que as vulnerabilidades
presentes podem fazer parte de marcações estruturais e históricas que dizem respeito aos
processos de exclusão relacionados a raça/etnia, gênero/orientação sexual, condição social,
dentre outros.
A busca pela excelência pressupõe olhar para cada um e suas diferenças, étnico-raciais,
sociais, circunstâncias e trajetórias. Além disso, considerar a heterogeneidade territorial e de
perfis de escolas. Portanto, é fundamental realizar diferenciações para que não se perca de
vista que cada pessoa tem nome, história, singularidades, limites e potências implicados nos
desafios e resultados de aprendizagem buscados.
Assim, recomendamos que todas as estratégias e ações de acolhimento sejam direcionadas
a todos e combinadas/adaptadas para atender às diferentes necessidades, em especial o
mapeamento das necessidades da comunidade escolar e planejamento das ações de
acolhimento.
• Acolhimento e segurança;
• Estar atento(a)/atenção, presença e escuta;
• Cultivar Calma/ tranquilidade;
• Inclusão;
• Estrutura (horário /arrumação);
• Tensões/ conflitos(resoluções);
2º MOMENTO
PROPOSTA DE ACOLHIMENTO: Dificuldades e perseverança
Para falar sobre perseverança nas dificuldades, você pode apresentar aos estudantes o
vídeo Famous Failures (Falhas famosas). Para isso, escaneie o QR CODE ou acesse o link
abaixo. Em seguida, proponha que analisem juntos as informações apresentadas no
audiovisual. Incentive-os a realizar um momento de reflexão com base nas seguintes
perguntas:
✓ O que ajuda uma pessoa a superar as adversidades?
✓ Que adversidades vocês já enfrentaram?
✓ Como foi? O que fizeram de positivo?
✓ O que fariam de diferente hoje em dia?
✓ Que lições para a vida puderam tirar disso?
Deixe todos à vontade, de modo que exponham suas opiniões e compartilhem suas
experiências pessoais. Ressalte a importância da escuta respeitosa e da empatia.
Acesse o https://ftd.li/f94via,
3º MOMENTO
PROPOSTA DE ACOLHIMENTO: Linha do tempo – Trajetórias de Vida
Para esta atividade, providencie antecipadamente pedaços de 3 m de barbante, fita adesiva
colorida ou giz, à sua escolha (um pedaço para cada grupo de três pessoas), e folhas de
papel sulfite (três para cada pessoa).
O objetivo desta proposta é trabalhar o compartilhamento de experiências e de situações
marcantes da vida. Solicite aos participantes que se organizem em trios. Cada trio deve
traçar uma linha de 3 m no chão utilizando o material disponível. Ela representará a linha do
tempo de cada integrante do grupo.
Nessa linha, cada um deve indicar nove momentos de sua vida: três do passado, três do
presente e três do futuro. Para isso, peça a eles que façam os registros desses momentos
em três folhas de papel, uma para cada período, analisando experiências, momentos de
crescimento, situações significativas, vivências que trouxeram emoções positivas – como
crescimento, paz, pertencimento –, entre outras memórias. Os registros devem ser
organizados da seguinte maneira:
✓ Folha 1: três lembranças do passado;
✓ Folha 2: três situações atuais, do dia a dia, que despertam emoções e sensações
positivas, alegres e de segurança;
✓ Folha 3: três sonhos, projetos, desejos e esperanças em relação ao futuro.
Concluída essa etapa, cada integrante do trio deve alocar seus registros na linha do tempo
traçada. Depois, um de cada vez, deve andar pela linha, parar por um instante na folha que
representa cada período e compartilhar com os colegas seus momentos significativos.
Quando todos tiverem feito isso, podem explorar juntos, que semelhanças e diferenças
perceberam em seus relatos.
Para nortear essa conversa, podem ser exploradas as questões a seguir:
✓ Como grupo, de que modo vocês podem vivenciar juntos emoções positivas?
✓ Que sonhos ou esperanças são comuns entre vocês?
✓ De que maneira podem colaborar uns com os outros na realização daquilo que é
importante para cada um?
4º MOMENTO
PROPOSTA DE ACOLHIMENTO A árvore dos desejos – efetivar direitos
"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá
viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
(Mia Couto)
A árvore dos desejos tem uma representação de árvore em que, no topo, as pessoas
colocam frases ou palavras que dialoguem com desejos para um momento específico. Essa
atividade aberta pode ser uma boa ação de acolhimento por proporcionar que as pessoas
expressem suas expectativas e desejos para aquele momento ou um momento próximo.
O convite para canalizar os pensamentos para algo positivo e não para resolver problemas,
mas contribuir para uma sensação de bem-estar, e os desejos reunidos em uma árvore
simbolizam as expectativas que os unem.
A árvore pode ser montada em um espaço coletivo, como a entrada da escola, ou mais
reservado, como as salas de aula, a sala dos professores, a secretaria, a cozinha…
Para provocar a reflexão, no caule ou próximo a árvore pode ser colocada uma pergunta:
✓ “Como quero me sentir ou o que quero fazer durante o ano de 2023?”
Como toda árvore, essa também precisa de cuidados. Se ela ficar muito carregada, a
equipe de acolhimento pode retirar alguns bilhetes para dar espaço a outros. Caso isso
seja feito, é possível deixar ao lado da árvore uma caixa contendo esses bilhetes retirados,
com a plaquinha “Floresta de desejos”.
CICLO PERMANENTE DE ACOLHIMENTO NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção. Paulo Freire
• Pedagogia de Projetos:
Ter como prioridade a problematização do cotidiano de jovens e adultos e a
construção de processos pedagógicos que suscitem a elaboração de soluções
criativas e inovadoras. Desenvolver a responsabilidade e a autonomia dos jovens é
essencial. Nesse cenário, o projeto surge da escolha dos estudantes e se estrutura
de forma transdisciplinar, envolvendo toda a escola no processo de cooperação
entre todos os componentes curriculares. Em geral, é realizada em equipe, motivo
pelo qual a cooperação está também quase sempre associada ao trabalho.
• Mediação pedagógica:
É a mediação que responde mais adequadamente à complexidade da Educação de
Jovens e Adultos – cria condições de desenvolver uma escuta transformativa do
professor para as necessidades do estudante e processos para o pensamento
crítico e a práxis educativa nessa modalidade de ensino;
• Protagonismo Estudantil:
Trata-se de despertar e valorizar o protagonismo estudantil dos (as) jovens e
adultos da EJA, aproveitando suas trajetórias de vida, através da mediação
pedagógica, considerando a interação geracional que caracteriza essa modalidade
de ensino
• Pedagogia da Presença:
Manifesta-se como uma importante estratégia para favorecer a permanência do
estudante, em sala de aula, na busca pela erradicação da evasão escolar
(SANTOS, 2016, p.15)
• Educação Interdimensional:
Diz respeito às práticas educativas presentes na educação, com destaque para a
valorização do ser, em todas as dimensões: cognitiva, espiritual, afetiva e da
corporeidade (SANTOS, 2016).
Sendo assim, o desenvolvimento dos Fóruns Temáticos parte das escolhas dos
estudantes, tendo como base a problematização da sua realidade, e, portanto, pode se
conectar com os processos de elaboração do Projeto de Intervenção da Escola (PIP). A
relação dos Fóruns Temáticos e os projetos desenvolvidos nas escolas potencializa a
abertura de espaços transdisciplinares que valorizam os diálogos entre todos os
componentes curriculares, contemplando a bagagem e a diversidade cultural dos
estudantes.
Para desenvolver a metodologia SER EJA Cidadã, seguimos a linha de compreensão
apontada por Barcelos (2014) de que para melhorar a qualidade de ensino na EJA, não é
suficiente apenas a diversidade de práticas ativas, visando ao protagonismo estudantil, mas,
sobretudo, promover situações de aprendizagens em que possam emergir o
reconhecimento dos estudantes como um sujeito potente de saberes e aprendizagens.
Para estimular essa mudança de atitude, a gestão escolar deve criar espaços, no
formato de círculos de diálogos, para ir além dos conteúdos escolares e proporcionar a
relação destes com as experiências da trajetória de vida dos estudantes. Assim, nos
remetemos a Freire (2005) para uma educação libertadora e problematizadora como um
processo de vivência e compartilhamento de experiências entre professores e estudantes
que aprendem juntos.
Para aprofundar o tema acesse as Diretrizes Operacionais de 2023 e o Guia da EJA
2020, neste último há um detalhamento do passo a passo da metodologia.
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel Gonzalez (org.) Da Escola Carente à Escola Possível. São Paulo:
Editora Loyola, 6 Ed. Março de 2003.