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1.4 1.4 Componente tático A tática esportiva pode ser entendida como as condutas
individuais ou coletivas adotadas pelo atleta e/ou por sua equipe para alcançar os
objetivos competitivos (ZAKHAROV, 1992). Ela se concretiza de diferentes maneiras e tem
maior influência nos resultados, conforme a modalidade. Por exemplo, nos esportes que
exigem alto nível de expressão artística, como a ginástica, a patinação no gelo e o nado
sincronizado, a tática consiste em escolher adequadamente os elementos que irão compor
a apresentação, usando para isso informações relativas ao nível técnico dos seus
adversários e das rotinas que apresentarão. Ademais, esses atletas podem, ao longo da
disputa, escolher se incluirão ou não os itens de elevado grau de dificuldade, com base nas
pontuações atingidas pelos adversários. Em modalidades como as provas de salto, de
arremessos, e no levantamento de pesos, as táticas se referem à escolha do esforço inicial,
à distribuição das cargas ao longo das tentativas e à conduta entre tentativas. Por
exemplo, no levantamento de pesos, o atleta que registrou menor massa corporal na
pesagem pré-competição pode optar por repetir o peso levantado pelo adversário numa
tentativa, já que em caso de empate o vitorioso será aquele que pesa menos. Nas provas
cíclicas, como corridas do atletismo, ciclismo, natação e remo etc., os atletas podem optar
por se empenhar ao máximo para vencer uma etapa e avançar para a próxima, ou apenas
realizar o esforço suficiente para estar entre os classificados e assim poupar energia para
as fases seguintes mais desafiadoras. Por sua vez, nas modalidades esportivas coletivas,
como o futebol, o basquete e o vôlei e nos esportes de combate, a tática pode ser
compreendida como os planos que são utilizados para neutralizar as ações do adversário
(jogadas defensivas), a fim de colocar em prática as ações de ataque (práticas ofensivas)
por parte de um atleta ou de sua equipe. Apesar de ter importância em todas as
modalidades, a influência da tática no sucesso esportivo é maior em alguns esportes. Isso
fica evidente quando se compara o peso da tática numa prova de 100 m rasos com a
influência dela em um jogo de futebol ou basquetebol. Quem vence a prova de 100 m é
seguramente aquele que tem maior velocidade de deslocamento. Contudo, o vencedor de
uma partida de futebol, em muitas ocasiões, é uma equipe de menor nível técnico e que
pode não estar no melhor do seu condicionamento físico, mas que tenha sido eficiente em
neutralizar as ações do adversário e que aproveitou uma única oportunidade ofensiva para
marcar o gol que lhe deu a vitória. 16 Revisão: Kleber - Diagramação: Jefferson - 30/04/18
Unidade
1.5 I 1.5 Componente psicológico O componente psicológico implica atributos
mentais relacionados à capacidade do indivíduo de suportar as pressões referentes ou não
à prática da modalidade esportiva e à participação em competições. Refletem sua
capacidade de controlar as emoções, como o medo e a ansiedade, na sua qualidade de
manter a atenção e a concentração. O componente psicológico pode afetar o resultado
esportivo de maneira positiva ou negativa. Um atleta bem preparado psicologicamente
suporta melhor e se recupera mais rápido das frustações de uma derrota de sua equipe ou
de um erro individual que eventualmente possa tê-la determinado. Imagine, por exemplo,
a pressão que recai sobre um atleta que perde um pênalti durante a partida numa decisão
de campeonato. Ele se apresentará para ser um dos cobradores se a partida terminar
empatada e a decisão for para cobranças de pênaltis? A pressão psíquica que acomete um
atleta pode não estar relacionada ao esporte, mas ter como origem as intercorrências da
vida social do atleta. Por exemplo, um esportista iniciante estuda, namora e muitas vezes
ajuda nas despesas de casa. Sua atividade no esporte não é bem remunerada, porque está
em início de carreira. Num determinado momento, a namorada começa a falar em
casamento, suas notas na escola/universidade não estão boas e o pai fica desempregado.
Nessa situação, podemos esperar que esse atleta encontra-se num ponto que seu
desempenho esportivo comece a ser afetado, não é mesmo? De maneira inversa, quando
está tudo bem na esfera da vida particular, há a tendência de o indivíduo conseguir se
focar melhor nos treinos e nas competições, mostrar-se mais confiante e otimista, de
apresentar um comportamento mais colaborativo com os colegas e maior disposição para
atuar em equipe. Isso, certamente, favorece a obtenção de resultados positivos. A
preparação psicológica deve proporcionar ao atleta a formação de uma estrutura mental
capaz de permitir que ele não seja muito afetado quando estiver diante de circunstâncias
negativas. Essa preparação é um processo de muitos anos que precisa iniciar-se ainda nas
etapas de formação esportiva e prosseguir ao longo da sua carreira no alto nível. Um
aspecto importante que tem de ser destacado é que a participação do psicólogo esportivo
é fundamental nesse método, mas a preparação psicológica não depende apenas disso.
Por exemplo, um psicólogo do esporte pode ajudar muito o treinador e demais membros
da comissão técnica a identificar os diferentes perfis psicológicos dos atletas de uma
equipe, bem como a orientar sobre a melhor maneira de lidar com cada um deles. Pode
ser fundamental para identificar os esportistas mais confiantes numa determinada
circunstância competitiva e, com essa informação, auxiliar o técnico a escalar a equipe. Por
outro lado, são as experiências em situações próprias das competições e do treinamento
que permitem o desenvolvimento de várias qualidades psíquicas. Nesse sentido,
juntamente com o trabalho do psicólogo do esporte, é necessário que os atletas sejam
submetidos ao maior número possível de competições, em graus de exigências
progressivamente crescentes, como parte da sua preparação psicológica (Platonov, 2007).
17 Revisão: Kleber - Diagramação: Jefferson - 30/04/18 METODOLOGIA DO TREINAMENTO
FÍSICO Saiba mais Para se aprofundar sobre a importância da psicologia no desempenho
esportivo, leia: SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. 2. ed.
Barueri: Manole, 2008.