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ESCOLA SECUNDÁRIA STUART CARVALHAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

CONHECIMENTOS

FICHAS DE APOIO – 12º ANO


ESSTUCA EDUCAÇÃO FÍSICA

12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 1A

TREINO (I)

O desenvolvimento das qualidades no domínio duma modalidade exige um processo de


aprendizagem do conjunto das ações que representa os seus fundamentos. Esses fundamentos são ações que
têm que ser realizadas mas é também um determinado pensamento sobre o que se vai fazer e quando se vai
fazer (dimensão tática da ação a realizar).

Para além da aprendizagem é necessário organizar um processo que desenvolva o conjunto das
qualidades que permitam em situação de competição apresentar os recursos necessários de uma
forma eficaz para conseguir o sucesso desportivo.

O sucesso desportivo pode e deve ser entendido de diferentes formas e não unicamente como vencer
ou ser o melhor.

Podemos, então, definir o Treino como “o emprego sistemático dum complexo de ações motoras,
do qual resultam no organismo alterações morfológicas e funcionais como adaptação ao esforço
realizado”.

Ou seja, o Treino é a condição essencial para, em qualquer atividade humana, não só na


desportiva, podermos atingir um nível de excelência e mestria superior. O treino desportivo é um
conjunto de situações que, de acordo com determinados princípios e regras e um conjunto de
objetivos, constrói as competências necessárias para, com alguma regularidade, os atletas serem
capazes de demonstrar em situação de exibição e competição níveis de desempenho adequados às
exigências que cada situação competitiva exige.

Esta organização do treino desportivo é marcada de acordo com os objetivos e com as


características das modalidades.

Os objetivos definem o nível de qualidade que se espera dum determinado atleta ou conjunto de
atletas. E este é determinado pelo nível de desenvolvimento das diferentes modalidades e pelo nível de
aptidão inicial e potencial de cada atleta.

Por outro lado, as modalidades não têm, todas, as mesmas características: temos modalidades
fundamentalmente de exibição, em que se treina o que se vai obrigatoriamente fazer; outras, em que a
incerteza é o fator fundamental, e como tal treina-se o que se julga que pode ocorrer nas competições; temos
outras ainda que dependem somente das ações e decisões dum atleta, enquanto que outras, dependem mais
da concertação coletiva em que as decisões individuais são pautadas pela forma como a “orquestra”
funciona em cada momento. Temos também modalidades em que as capacidades motoras são o suporte das
ações a realizar e outras em que as capacidades motoras são o fundamento da modalidade. Temos também
modalidades em que as competições são mais pontuais e afastadas no tempo, enquanto que outras são mais
regulares e contínuas, exigindo uma maior estabilidade no nível de qualidade conseguido.

Em cada caso a organização do treino desportivo exige requisitos particulares e deve responder às
características e necessidades de cada modalidade.
O treino desportivo necessita cada vez mais dar resposta a um conjunto de áreas que influenciam o
sucesso desportivo. Aliás, é por isso que cada vez mais as equipas técnicas são pluridisciplinares e
envolvem um conjunto de pessoas com responsabilidades de treinar as diversas dimensões do
comportamento desportivo.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 2A

O TREINO (II)

O conceito de treino está relacionado com o conceito de adaptação que permite ao organismo
responder positivamente e adequadamente aos estímulos que o contexto coloca. Esses estímulos podem
ser circunstanciais, ou podem ser intencionais, sistemáticos e organizados. Quando é este o caso estamos
perante uma acção que podemos denominar de treino. É colocado um conjunto de estímulos de acordo com
um conjunto de objectivos e considerando as características das pessoas a quem esse processo se dirige.

As cargas de treino não são mais do que estímulos que se utilizam no treino desportivo com o
objectivo de promover o desenvolvimento dos desempenhos nas matérias da cultura física.

As cargas são compostas por quatro aspectos que podem ser manipulados e, como tal, permitem
definir cargas de treino diferenciadas, de acordo com as possibilidades dos indivíduos e de acordo com
os objectivos que se pretendem.

Os aspectos que caracterizam a carga são os seguintes: a intensidade, o volume, a complexidade


e a densidade.

A intensidade traduz-se pelo valor da carga que pode variar de acordo com as características da
actividade. Por exemplo: a velocidade de execução, o peso na halterofilia ou o dispêndio energético são
exemplos da intensidade da carga.

O volume corresponde à duração da carga de treino o que poderá implicar um número maior ou
menor de exercícios realizados.

A complexidade da carga traduz o grau de dificuldade das tarefas que têm que ser realizadas num
determinado exercício. Evidentemente que este aspecto vai influenciar tanto a intensidade como o
volume. Quanto mais complexa é a tarefa maior é a intensidade. Neste sentido tarefas muito complexas,
pelo dispêndio energético que envolvem, terão um volume muito baixo.

A densidade da carga traduz-se pela relação entre o tempo activo e o tempo de exercitação.
Quanto mais essa relação for positiva, maior é a densidade da actividade. As sessões de grande
densidade têm poucos intervalos e uma intensidade elevada.

As cargas podem ser externas e internas. As primeiras correspondem ao que se espera que os
atletas realizem; as segundas são o impacto das primeiras em cada um dos indivíduos, porque as
pessoas não reagem todas da mesma forma aos estímulos que são propostos. A carga externa é definida
por um determinado volume e uma determinada carga que é proposta. A carga interna é a
repercussão orgânica em cada um dos indivíduos quando são sujeitos à carga externa proposta.

O jogo que podemos estabelecer entre as componentes da carga vai determinar o sentido do treino.
Podemos então:
 aumentar o volume e aumentar a intensidade
 aumentar o volume e diminuir a intensidade
 diminuir o volume e aumentar a intensidade
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TREINO (III)

Para aplicarmos um processo de treino no âmbito do Desporto é fundamental que se centre na


preparação do atleta. Essa preparação deve abranger diferentes dimensões em que se destaca quatro
aspectos: a preparação psicológica, a preparação física, a preparação técnica e a preparação táctica.

O objectivo do treino é a melhoria das capacidades funcionais. Para se conseguir essa melhoria é
preciso sujeitar os indivíduos à carga funcional adequada, mas também a uma alimentação correcta e à
quantidade de repouso necessário. Este, em particular, é muito importante, porque é ele que pode permitir
que o efeito das várias cargas seja positivo, em vez de prejudicial.

Assim qualquer processo de treino deve cumprir um conjunto de princípios que são fundamentais a
uma organização adequada e correcta. Devem ser considerados os cinco principais: os princípios da
multilateralidade, da continuidade, da progressão, da alternância e da individualização.

O PRINCÍPIO DA MULTILATERALIDADE significa a ideia de que o desenvolvimento desportivo não se


deve centrar estritamente no treino específico devendo orientar-se também para um desenvolvimento das
capacidades globais, como forma de enriquecimento da formação específica.

O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE significa a reversibilidade dos efeitos do treino, o que obriga a que
o treino seja um processo regular e contínuo de forma a promover a diminuição do princípio da
reversibilidade, ou seja a dificultar a perda das possibilidades desenvolvidas. Só a continuidade das acções
organizadas e sistematizadas podem permitir a adaptabilidade.

O PRINCÍPIO DA PROGRESSÃO sustenta a ideia do princípio da sobrecarga que afirma que o


desenvolvimento só pode ocorrer com cargas e estímulos cada vez mais exigentes, compensando os
esforços com momentos de repouso.

O PRINCÍPIO DA ALTERNÂNCIA responde à questão da progressão. Como esta não pode ocorrer de
forma contínua e linear porque leva rapidamente à fadiga, torna-se necessário que o treino alterne cargas de
maior intensidade com cargas de menor intensidade, de forma a permitir a renovação dos tecidos
musculares e a potencialização dessa renovação.

O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO diz-nos que os efeitos e as opções do treino não podem deixar
de considerar as características de cada pessoa. O que é eficaz e útil para certos atletas pode não ser para
outros. As opções tomadas têm que considerar o conhecimento a quem são dirigidas.

A organização dos processos de treino não pode deixar de considerar estes princípios aplicando as
leis inerentes à carga de treino. São elas três:

 a lei da especificidade que nos diz que a carga de treino é específica em relação ao
objectivo, às acções desenvolvidas e aos grupos musculares que intervêm;
 a lei da reversibilidade que significa que o efeito da carga perde-se;
 a lei do efeito retardado que justifica que a resposta orgânica não é imediata e tem um efeito
latente que é variável de acordo com as características da carga utilizada.
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A SESSÃO DE TREINO (I)

O treino realiza-se com base nas sessões de treino. Estas devem estruturar-se de acordo com um
conjunto de princípios e regras comuns a qualquer actividade física, em qualquer idade e
independentemente do nível de aptidão das pessoas intervenientes.

Qualquer sessão de treino não deve deixar de considerar várias dimensões da preparação dos atletas:
a preparação física, a preparação técnica (e táctica), a preparação moral e volitiva e a preparação
teórica.

A tendência geral é considerar a sessão de treino organizada em três partes: preparar para a acção,
a parte principal e o retorno à calma. Cada uma das partes justifica-se de acordo com objectivos
específicos, mas não pode deixar de considerar as articulações necessárias e as inter-relações suficientes de
forma a dar consistência à sessão de treino e às diferentes actividades que vão desenrolando ao longo do
treino.

A parte “Preparar para acção” é usualmente denominada “Aquecimento”. Este deve ser
entendido como a preparação para a prática das actividades físicas. Esta preparação deve incidir sobre dois
aspectos fundamentais:

1. a preparação física, entendida como a elevação das funções cárdio-circulatória e respiratória


através do aumento da frequência cardíaca e respiratória e da disposição muscular para responder
às acções a realizar;
2. a preparação da vontade, entendida como a melhoria e a orientação da disposição mental e
psicológica para a realização das actividades físicas.

Como tal, o “aquecimento” deve ser feito com atenção, moderação, progressão e continuidade.

Com atenção para os exercícios serem bem realizados e evitarem-se os acidentes e/ou lesões. Com
moderação, dominando as acções de forma a não se traduzirem em esforços muito intensos. Com
progressão aumentando gradualmente o volume e a intensidade da carga com que se realizam as várias
acções. Com continuidade para que cada acção seja realizada sem interrupção e com ligação.

Neste sentido, o “aquecimento” deve ser realizado de forma a cumprir três grandes objectivos:

1. Adaptar e adequar o nosso organismo e os vários componentes aos esforços e ao volume e


intensidade que a sessão de treino vai exigir;
2. Evitar ou reduzir a possibilidade de ocorrerem acidentes que possam provocar lesões musculares
ou articulares;
3. Preparar e orientar a atitude, aos níveis da concentração e atenção, para a realização das
actividades que vão ocorrer de seguida.

Sendo assim, este período deve permitir a intervenção com os seguintes propósitos: 1º. Activação
cárdio-circulatória e respiratória; 2º. A mobilização articular; 3º. Os alongamentos musculares.
Pretende-se que, com o “aquecimento”, permita intervir a diferentes níveis e em diferentes estruturas
para que a unidade músculo e articulação e os sistemas globais que intervêm no esforço físico estejam
adaptados para poderem realizar acções de maior exigência.
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A SESSÃO DE TREINO (II)

A importância do “Aquecimento” pode ser sintetizada nos seguintes aspectos: 1. aumentar a


temperatura do músculo; 2. aumentar e tornar mais rápida a irrigação sanguínea; 3. aumentar a ventilação
pulmonar; 4. aumentar e facilitar o transporte do oxigénio; 5. reduzir o “atrito” das articulações; 6. aumentar
a capacidade volitiva (disponibilidade mental e psicológica para agir).

1º. Activação Cárdio-circulatória e Respiratória


Sempre que vamos iniciar a prática de uma actividade física (em especial se soubermos que vai ser
uma prática exigente) devemos iniciá-la com um empenho muscular moderado em que o principal objectivo
é preparar os grandes sistemas orgânicos. A forma mais simples, económica e acessível é a corrida
moderada em terreno plano, sem grandes variações de intensidade (velocidade) e com continuidade, de
forma a aumentar e melhorar todas as funções dos sistemas cárdio-circulatório e respiratório.

2º. Mobilização Articular


O nosso corpo é constituído por, aproximadamente, 200 articulações que se não forem devidamente
cuidadas corre-se o risco de mais rapidamente se “estragarem” e darem origem às doenças que se conhecem
como os “reumatismos”. Assim, a preparação para as actividades físicas deve também incidir sobre a
mobilização das diversas articulações de forma a evitar o desgaste e a degradação dos elementos que as
compõem.

Uma articulação é composta pelos ossos que a definem, pela cartilagem e pela sinovial que funciona
como um lubrificante (como o óleo numa dobradiça), permitindo que a articulação se movimente bem, sem
ou com o mínimo atrito. É importante realizar movimentos preparatórios das principais articulações tanto
com o objectivo de as preparar para realizar esforços mais exigentes, como para diminuir o efeito da
degradação e do desgaste que a vida e a idade naturalmente implicam. Por outro lado, é importante
sublinhar que uma intervenção adequada, ao nível das articulações, é um factor positivo que potencializa a
amplitude das acções a realizar.

Deve-se iniciar os movimentos pela cabeça, solicitando nos vários planos a coluna cervical; de
seguida a cintura escapular (ou a linha dos ombros); então mobilizar o tronco, dando fundamental
importância à coluna dorso-lombar; mobilizar a cintura pélvica, a coxo-femural, os joelhos e finalmente as
articulações tíbio-társicas (dos pés). Para além das acções sobre estas estruturas, é importante, sempre que
os pulsos forem sujeitos a pressões intensas, prepará-los para esses esforços.

3º. Alongamentos
Com o propósito de permitir uma maior amplitude das acções e por outro lado diminuir os efeitos
negativos de contracções contínuas a que os músculos vão estar sujeitos, é importante realizar acções que
promovam o alongamento muscular. Este aspecto é também muito importante como factor de diminuição
de lesões de carácter muscular. Torna-se assim fundamental que estas acções sejam precedidas das
anteriores e actuem principalmente sobre o conjunto dos grupos musculares que vão, predominantemente,
intervir nas acções a realizar posteriormente. É importante que estas acções sejam realizadas de forma
contínua e suave, atingindo e ultrapassando ligeiramente o ponto máximo do alongamento e
mantendo a posição durante alguns segundos (de 3 a 10 segundos, conforme a aptidão inicial). As
“insistências” e o bloqueamento da respiração devem ser evitados e sempre que ocorrer uma dor aguda
deve imediatamente a acção ser interrompida.
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FLEXIBILIDADE (I)

A Flexibilidade é uma capacidade motora que permite a realização de movimentos possíveis, ao


nível de uma articulação ou de várias articulações, com a máxima amplitude articular.

Esta possibilidade está dependente principalmente de dois aspectos fundamentais:

- da Mobilidade Articular que se expressa pelas propriedades anatómicas das diferentes


articulações;
- da Elasticidade Muscular que traduz o grau de estiramento dos músculos envolvidos
numa determinada acção.

De acordo com diferentes referenciais de análise podemos distinguir diferentes tipos de


flexibilidade. O que interessa fundamentalmente é a distinção entre a flexibilidade dinâmica e a
flexibilidade estática, pela relação que é possível encontrar com os métodos utilizados para o seu
desenvolvimento.

A flexibilidade estática é determinada pela amplitude máxima que podemos atingir graças a
forças internas, ou seja, está directamente relacionada com o raio e acção dos movimentos de uma
articulação.

A flexibilidade dinâmica significa a faculdade de efectuar movimentos de grande amplitude


gestual ao nível duma qualquer articulação graças à actividade dos grupos musculares que estão
associados a essa(s) articulação(ões). Está directamente relacionada com as resistências duma articulação
a um determinado movimento, cujo propósito é vencê-las.

Duma forma simples podemos dizer que, no primeiro caso, estamos perante o movimento normal
que uma determinada articulação consegue realizar; no segundo caso estamos perante a situação de sermos
capazes de realizar movimentos bastante mais amplos do que aqueles que realizamos normalmente.

Assim, o principal objectivo do treino da flexibilidade é permitir aumentar a amplitude articular de


determinados movimentos através do aumento dos graus de liberdade da articulação e da extensibilidade (o
que pode estender) e distensibilidade (o que se pode estender para vários lados) dos músculos.

A importância do trabalho de desenvolvimento da flexibilidade situa-se a diferentes níveis. A saber:

1. A flexibilidade é a base de muitas outras formas de trabalho muscular favorecendo o


desenvolvimento das restantes capacidades motoras;
2. A flexibilidade facilita o aperfeiçoamento nas técnicas desportivas;
3. A flexibilidade facilita as condições para uma melhoria da agilidade, velocidade e força;
4. A flexibilidade favorece a economia do movimento e a eficácia da actividade muscular;
5. A flexibilidade favorece as actividades de coordenação e de precisão (correcção) do gesto, por
atenuar e suavizar as tensões musculares;
6. A flexibilidade é um factor de prevenção contra lesões musculares.
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FLEXIBILIDADE (II)

A FLEXIBILIDADE DINÂMICA por traduzir índices de amplitude articular e elasticidade muscular


superiores é aquela que assume maior importância em termos desportivos. É influenciada e limitada por um
conjunto de características dos músculos. São elas: 1. a elasticidade; 2. a viscosidade; 3. a inércia; 4. a
plasticidade; 5. a fricção.

A elasticidade é a característica do músculo que se traduz pela capacidade de se distender que


é tanto maior quanto maior for a força que se exerce sobre ele (dentro de certos limites). Esta é influenciada
pelo Sistema Nervoso Central que actua ao nível da coordenação, por determinados aspectos bioquímicos e
por outro tipo de factores que são os factores relacionados com as características das pessoas, com as
características do contexto e com as características do estilo de vida.

A viscosidade é a característica do músculo que se traduz pela facilidade com que as fibras que
o compõem deslizam entre si. Este aspecto é muito influenciado pela temperatura do músculo. Neste
sentido, a actividade muscular se for precedida de um aquecimento adequado é facilitador de amplitudes
articulares mais elevadas.

A inércia significa o conjunto das resistências que a articulação e os seus elementos


constituintes oferece ao movimento. Este factor é muito importante na flexibilidade dinâmica e é um
factor em que o treino pode ter uma influência maior. Há um conjunto de estruturas que podem oferecer
resistência à acção pretendida. Os elementos e a importância que têm nessa resistência são variáveis e estão
referidos no quadro abaixo.

RESISTÊNCIA
ESTRUTURA
OFERECIDA
Cápsula Articular 47%
Músculo 41%
Tendão 10%
Pele 2%

A plasticidade é a característica do músculo que traduz a sua composição. Desta fora os


músculos não têm todos a mesma plasticidade. Os músculos tónicos, responsáveis pela postura, são mais
distensíveis porque possuem maior número de componentes elásticos; pelo contrário, os músculos de acção,
com fibras brancas, por possuírem um maior número de componentes contrácteis condicionam menores
amplitudes articulares.

A fricção é a característica do músculo que se pode traduzir pela acção contrária à viscosidade,
ou seja, a dificuldade com que as fibras deslizam entre si.

Destes aspectos, a inércia e a fricção são perfeitamente negligenciáveis em termos de


flexibilidade, enquanto que a viscosidade tem uma influência de, mais ou menos, 10%. Já a elasticidade
e a plasticidade são os factores fundamentais na realização das acções de extensibilidade muscular.
Daí ser usual dizer-se que a flexibilidade é uma capacidade motora predominantemente muscular porque é o
comportamento do músculo que influencia a amplitude articular.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 8A

FLEXIBILIDADE (III)

A flexibilidade é influenciada por um conjunto de factores que são importantes no seu trabalho de
desenvolvimento e que devem ser considerados nas opções metodológicas: 1. a actividade; 2. o sexo; 3. a
isquémia; 4. a temperatura; 5. a idade; 6. a hora do dia; 7. o ritmo nictomeral; 8. os hábitos culturais. Estes
factores traduzem um conjunto de características das pessoas, do contexto e do estilo de vida (ver Quadro
abaixo).

Características das pessoas Características do contexto Características Estilo de vida


Sexo Temperatura Actividade
Idade Hora do dia Isquémia
Ritmo nictomeral Hábitos culturais

O sexo e a idade são duas características das pessoas que têm influência na flexibilidade. A
generalidade das investigações relacionadas com o sexo tem demonstrado que as raparigas apresentam
geralmente índices de flexibilidade superiores aos dos rapazes e que essa diferença permanece para o
resto da vida.
Quanto à idade tudo aponta para que a infância seja a idade onde as condições para apresentar
melhores índices de flexibilidade estão presentes. À medida que as crianças vão entrando em idade de
escolaridade vão-se tornando menos flexíveis, apresentando um ponto mais baixo por volta dos 10-12
anos. Daí em diante a flexibilidade começa a melhorar até à idade adulta jovem, mas raramente volta a
apresentar os mesmos índices da infância.

Em relação às características do contexto, há que considerar a temperatura como um factor que


influencia a flexibilidade. Vários estudos indicam que a flexibilidade dinâmica é melhorada em 20% se a
articulação for devidamente aquecida, diminuindo, pelo contrário, se for arrefecida. O mesmo se
passa com a flexibilidade estática, comprovam outros estudos. Podemos, então, dizer que a temperatura do
ar influencia os índices de flexibilidade, no sentido de que quanto mais baixo for a temperatura
corporal menor é a capacidade de flexibilidade.

Em estreita relação com este factor temos a hora do dia e o ritmo nictomeral. O primeiro
determina que a flexibilidade é menos afirmativa nas primeiras horas da manhã. Por outro lado, o ritmo
nictomeral (o ritmo diário) influencia mais a flexibilidade do que as outras capacidades motoras. O
momento do início do dia activo parece determinar níveis de flexibilidade inferiores do que em outros
momentos da actividade diária.

As pessoas mais activas tendem a ser mais flexíveis do que as que são inactivas. Tal facto deve-
se ao facto, provavelmente, de que os tecidos conjuntivos tendem a encurtar quando são mantidos em
posições de encurtamento.

O estilo de vida pode implicar a oclusão arterial. As isquémias (suspensão da circulação sanguínea),
de acordo com investigações realizadas, têm uma influência negativa na flexibilidade dinâmica. Por
outro lado, as características culturais, que se manifestam pelo tipo de actividades físicas e posturais
habituais, podem também ter uma influência, num ou noutro sentido, nos níveis de flexibilidade dessas
pessoas. Por exemplo: os povos orientais devido às posições que utilizam tanto para orar como para comer
e mesmo ao tipo de actividades físicas que valorizam fazem com que apresentem maiores índices de
flexibilidade do que muitos povos ocidentais.
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FLEXIBILIDADE (IV)

O desenvolvimento da flexibilidade exige um trabalho constante e contínuo centrado nas principais


articulações. Geralmente os autores sugerem que esse trabalho deve considerar três etapas, em que os
objectivos são diferentes.

A primeira etapa tem como objectivo o fortalecimento das articulações através dum trabalho
muscular localizado.
A segunda etapa vai permitir desenvolver a amplitude articular óptima associada às diferentes
habilidades e acções pretendidas.
A terceira etapa pretende a manutenção dos níveis desenvolvidos onde as cargas propostas devem
ter como principal objectivo a conservação dos índices de flexibilidade atingidos.

A flexibilidade, pelas suas características muito específicas de cada articulação e cada grupo
muscular e cada tipo de acção, coloca a necessidade de se cumprir as seguintes regras:

1. Os exercícios devem ser variados e centrarem-se em várias articulações, em especial naquelas


que são fundamentais, para a vida quotidiana, numa perspectiva de educação física, ou naquelas
que estão principalmente associadas com as principais acções duma determinada actividade
física, desportiva ou outra;
2. Os exercícios de flexibilidade devem ser complementados com exercícios de relaxação;
3. A amplitude máxima do movimento deve ser alcançada de forma lenta e progressiva;
4. A manutenção da flexibilidade não exige um volume elevado de treino. É importante ser regular
e contínuo, especialmente porque, perante uma interrupção mais ou menos prolongada, a
flexibilidade diminui acentuadamente e rapidamente;
5. A utilização de exercícios de flexibilidade aconselha um estado de aquecimento satisfatório de
forma a potencializar os benefícios e a diminuir os riscos de lesão;
6. A flexibilidade activa (aquela que resulta da utilização das forças internas) permite conservar os
ganhos obtidos por mais tempo;
7. Se os objectivos não são desportivos, os exercícios de flexibilidade não devem procurar obter
graus máximos de flexibilidade. Deve ser exercitada na ideia de favorecer a realização das
acções de forma fácil;
8. Este princípio não deve ser aplicado quando se refere às articulações de grande importância. No
caso das articulações raquidianas dorsais, das escápulo-humerias e das coxo-femurais deve-se
privilegiar um trabalho cujo objectivo deve ser o desenvolvimento máximo possível;
9. Para que haja melhorias os exercícios de flexibilidade devem proporcionar um grau de
amplitude articular que exceda a amplitude maximal (atingir a “reserva de flexibilidade”). É
necessário, então, manter essa posição (flexibilidade estática) durante, pelo menos, 8 a 10
segundos, para que seja possível “enganar” o reflexo miotático;

Hoje todos os conhecimentos disponíveis indicam que esta capacidade motora está muito associada
à saúde e apontam a flexibilidade das articulações raquidianas dorsais, das escápulo-humerais e coxo-
femurais como aquelas que assumem uma maior importância na qualidade de vida, na saúde e bem-estar das
pessoas.
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FLEXIBILIDADE (V)

Um autor importante do desenvolvimento das capacidades motoras sintetiza duma forma simples o
princípio fundamental do treino da flexibilidade: a flexibilidade não deve ser máxima, deve ser óptima
no sentido de que deve permitir a execução dos diferentes movimentos da melhor forma (ZatsiorsKy).

Para o desenvolvimento da flexibilidade podemos utilizar três tipos de exercícios: 1. exercícios


calisténicos (que utilizam o peso do próprio corpo); 2. exercícios com a ajuda de um companheiro; 3.
exercícios com o uso de cargas.

Cada tipo de exercícios adapta-se melhor a um determinado método para o desenvolvimento da


flexibilidade. Podemos utilizar dois tipos de métodos: os métodos activos e os métodos passivos.

Nos primeiros utilizamos fundamentalmente a flexibilidade dinâmica e a flexibilidade activa,


enquanto que nos segundos são as flexibilidades passiva e estática que assumem uma maior
predominância.

Cada método tem características diferentes e apresenta vantagens e desvantagens. Os objectivos, o


nível de aptidão e as características das pessoas influenciam na determinação do método a utilizar em cada
momento. Contudo, parece ser importante combinar os diferentes métodos de uma forma racional e regular
para rentabilizar o mais possível o desenvolvimento dessa capacidade motora. É neste sentido que alguns
autores consideram que pode existir um método misto que deverá traduzir exactamente os benefícios de
cada tipo de método.

Os MÉTODOS ACTIVOS utilizam os movimentos balísticos para aumentar a magnitude dos


movimentos e a amplitude articular. Para tal inclui movimentos do tipo:

 1º Flexão; 2º Levantar;
 Movimentos elásticos com tempo de insistência: 1, 2, 3 flexão; 4 levantar;
 Movimentos com balanço

A utilização destes métodos pelo uso de movimentos balísticos deve respeitar os seguintes
princípios:

 Fazer o exercício com mais frequência e menor quantidade e sobretudo com regularidade;
 A utilização de movimentos balísticos exige a indispensabilidade dum aquecimento
devidamente realizado;
 Executar os primeiros exercícios de forma relaxada e com suavidade, só depois ir
aumentando os movimentos de forma progressiva e continuada;
 Sempre que aparecer dor deve interromper-se a exercitação de imediato;
 Este tipo de exercícios não deve ser realizado antes de treinos complexos e difíceis e antes ou
depois de competições

De acordo com estes princípios devem ser realizadas, em cada sessão de trabalho, 3 a 4 séries de
10 a 20 repetições. De repetição para repetição os efeitos vão se acumulando o que permite um aumento
significativo da amplitude, porque os músculos que dificultam o movimento (os antagonistas) vão oferendo
cada vez menos resistência à extensão. De série para série vai aumentando a amplitude gestual.
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FLEXIBILIDADE (VI)

Os MÉTODOS ACTIVOS que utilizam técnicas dinâmicas para a melhoria da flexibilidade têm vindo
gradualmente a ser abandonadas pelos riscos que um estiramento rápido nos músculos antagonistas pode
acarretar, apesar de alguns autores apontarem algumas vantagens, em particular, a aproximação aos
movimentos reais.

A principal vantagem, que é geralmente apresentada, é que os movimentos que são utilizados
nestes métodos são mais próximos, muitas vezes, dos movimentos que são realizados na actividade
física. Isto, porque se sabe que a flexibilidade é específica, ou seja, desenvolve-se de acordo com um certo
padrão e com os movimentos que utiliza na sua acção. Contudo, os riscos são muito elevados, para além de
se saber que as técnicas dinâmicas exacerbam o reflexo miotático dificultando o desenvolvimento da
flexibilidade. A principal razão para a desvalorização destas técnicas é a possibilidade de provocar lesões
de uma certa gravidade que devem ser evitadas.

Foram, assim, desenvolvidos outros métodos e outras técnicas, menos agressivos e com menos
riscos. Os MÉTODOS ACTIVOS que utilizavam técnicas de “stretching” estático foram os primeiros a serem
propostos em contraposição aos métodos que utilizavam técnicas dinâmicas e movimentos balísticos.

As técnicas de “stretching” estático caracterizam-se em estirar de forma lenta e passiva um


determinado músculo até se alcançar uma determinada posição que faz sentir uma certa “dor” ou “mal-
estar”, mantendo essa posição durante um determinado tempo. Esta técnica é muito utilizada, hoje em dia,
em actividades relacionadas com a saúde, com efeitos muito positivos na melhoria da flexibilidade.

Usualmente é apontado um tempo situado entre 50 a 60 segundos de manutenção da posição


maximal, enquanto outros autores consideram o tempo de 30 segundos a duração óptima. Cada série
deve ter entre 3 a 5 repetições. Este método revela-se muito eficaz e sem efeitos nocivos no músculo e nas
restantes estruturas que intervêm no movimento.

Com o desenvolvimento das actividades físicas desportivas propuseram-se outros métodos em que o
principal objectivo era proporcionar movimentos de amplitude articular muito elevada de forma
relativamente rápida. Foram elaborados os MÉTODOS PASSIVOS que se sustentam em técnicas de
facilitação proprioceptiva neuromuscular.

Estes métodos consistem na aplicação de exercícios em que as pessoas permanecem numa


determinada posição e recebem uma força externa (ajuda) para atingirem níveis de amplitude articular
supra-maximais. Estes métodos, que se basearam em procedimentos usualmente utilizados na reabilitação
de indivíduos afectados por paralisias neuromusculares, fundamentam-se numa combinação de
contracções alternadas dos músculos agonistas e antagonistas, em que alternadamente existem fases de
contracção de 10 segundos com fases de relaxação, também, de 10 segundos.

Invocam, pois, a manutenção duma posição estática por um período de tempo, durante o qual
as articulações são colocadas em situação tal que os músculos e o tecido conjuntivo são levados
passivamente ao seu maior comprimento possível. Estes métodos foram desenvolvidos para melhor
utilizar o reflexo miotático inverso, ajudando a relaxar os músculos que vão ser sujeitos a alongamento.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 12A

FLEXIBILIDADE (VII)

Pelos perigos que representavam a utilização de técnicas dinâmicas nos métodos activos, foram
propostos outros métodos menos “agressivos” e menos “perigosos”. Apareceram, então, as técnicas de
“stretching” estático e os métodos passivos.

A utilização dos MÉTODOS PASSIVOS apresenta um conjunto de vantagens que os tornam mais
adequados à prática de desenvolvimento da flexibilidade. São elas:

 Há menos risco de exceder os limites de extensibilidade dos tecidos envolvidos;


 Os custos energéticos são menores;
 Não provoca dores musculares estáveis, sendo utilizado muitas vezes como efeito terapêutico
no alívio de dores musculares;
 Parece ter um efeito mais rápido no processo de desenvolvimento da flexibilidade;
 Não necessitam de aquecimento.

Normalmente são apresentadas como desvantagens os seguintes aspectos:

 O facto de reduzir o dinamismo muscular, o que tem repercussões negativas no rendimento


atlético;
 O facto de exigir ajudas cuidadosas e atentas, já que como quem amplifica a amplitude
articular não é o próprio, pode implicar os mesmos riscos que os métodos activos;
 Exige trabalho a pares;
 Exige uma aprendizagem adequada da dinâmica do exercício.

A utilização destes métodos que se baseiam na facilitação proprioceptiva neuromuscular implica


o cumprimento dum conjunto de princípios, que são os seguintes:

1º. Os exercícios não devem ser executados rapidamente;


2º. Os exercícios devem ser executados em posições cómodas, preferencialmente deitados ou
sentados;
3º. Os exercícios só devem ser executados até ao momento em que é provocada a dor;
4º. Devem ser realizados preferencialmente no fim da sessão de trabalho;
5º. Não devem ser realizados antes de treinos com grande exigência ou jornadas
competitivas;
6º. Se em determinados treinos verificarem-se sensações dolorosas em determinados grupos
musculares, nas sessões seguintes esses músculos não devem ser solicitados;
7º. Cada estiramento deve durar aproximadamente 10 segundos seguidos dum relaxamento com
a mesma duração, num mínimo de três estiramentos, num total de 6 repetições por dia.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 13A

FLEXIBILIDADE (VIII)

Os MÉTODOS PASSIVOS que se centram na facilitação proprioceptiva neuromuscular são aqueles que
se desenvolveram cientificamente de forma a encontrar as técnicas mais adequadas a níveis de amplitude
articular muito elevados numa perspectiva de aptidão atlética. É por isso que esses métodos estão muito
ligados ao desenvolvimento das prestações desportivas apesar de se terem inspirado nas experiências de
reabilitação motora em indivíduos com paralisias.

Os dois principais métodos passivos são o MÉTODO PNF e o MÉTODO 3S. Os dois baseiam-se
no jogo das contracções dos agonistas e dos antagonistas e exigem a necessidade duma ajuda externa
para poder atingir maiores graus de liberdade da articulação através da estimulação dos corpúsculos
de Golgi (responsáveis pelo controlo do alongamento dos tendões). Baseiam-se também na ideia de que, tal
como acontece com outras capacidades motoras, a flexibilidade é específica e define um padrão do
movimento mas também da amplitude articular que é necessário “desbloquear”.

MÉTODO PNF (“PROPRIOCEPTIVE NEUROMUSCULAR FACILITATION”)

Este método foi criado por H. Rabat em 1952 com fins terapêuticos e baseia-se no pressuposto de
que existe uma transferência positiva do alongamento passivo para o alongamento activo. Utiliza
técnicas de facilitação neuromuscular através da combinação de contracções alternadas dos músculos
agonistas e antagonistas, com ajudas e oposições, onde as contracções isométricas (sem alteração do
comprimento do músculo) assumem um papel importante.

O método pode ser descrito da seguinte forma: a articulação é colocada numa posição de extensão
quer pelo próprio sujeito quer pela ajuda dum companheiro. De seguida o sujeito, com a oposição do
companheiro, executa uma contracção isométrica com a duração entre 6 a 10 segundos, na qual tenta
mover a articulação na direcção contrária à da posição da extensão. Após a contracção isométrica volta-
se a fazer a extensão da articulação na direcção oposta através da acção do companheiro com a ajuda do
relaxamento do sujeito.

O que se pretende é utilizar simultaneamente três aspectos que ocorrem dessas acções e que são
facilitadores de maiores níveis de amplitude articular. São eles:

 Através da inibição do reflexo miotático (sistema inibidor de alongamentos exagerados


dificultando lesões graves), ao relaxar, consegue-se atingir maiores graus de liberdade da
articulação;

 Há um aumento do limiar dos proprioceptores neuromusculares;

 A contracção isométrica causa uma maior relaxação muscular facilitando a amplitude do


movimento que se está a realizar.

Cada ciclo completo de contracção e relaxamento deve ser repetido, pelo menos, três vezes, sendo
recomendado, para objectivos mais relacionados com a aptidão atlética, 6 a 8 repetições.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 14A

FLEXIBILIDADE (IX)

MÉTODO 3S (“SCIENTIFIC STRETCHING FOR «SPORTS»”)

O outro MÉTODO PASSIVO que foi desenvolvido a partir do PNF e que se baseia também em técnicas
de facilitação neuromuscular é o MÉTODO 3S. Este método foi desenvolvido para a aplicação nos
“desportos”.

Este método foi criado por Laurence Holt (USA) e é muito utilizado na Natação. É um
desenvolvimento do método PNF e pode ser caracterizado da seguinte forma:

“Um método de desenvolvimento da flexibilidade que se baseia numa série de contracções


isométricas dos músculos que deverão ser alongados, através da oposição do estiramento (os músculos
alongados devem iniciar as contracções isométricas já em extensão), alternadas com contracções
isotónicas (com alteração do comprimento do músculo) concêntricas (em flexão) dos músculos
antagonistas através de leves pressões do companheiro. As contracções isométricas devem ter uma
duração de 6 a 10 segundos”.

Ilustração 1 – A base da facilitação proprioceptiva neuromuscular

Todas estas técnicas podem e devem ser utilizadas para o desenvolvimento da flexibilidade.
Julgamos contudo que aquelas que devem ser privilegiadas devem ser as técnicas de “stretching” estático
pela autonomia que permitem e pelas vantagens que transportam dos métodos passivos.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 15A

FLEXIBILIDADE (X)

O desenvolvimento da flexibilidade é extraordinariamente importante tanto na perspectiva da saúde


como na perspectiva do rendimento desportivo.
Torna-se crucial integrar nos nossos hábitos um conjunto de exercícios cujo objectivo é desenvolver
e manter um determinado nível de elasticidade muscular e de amplitude articular.
Esse conjunto de exercícios deve ser realizado todos os dias, ainda que em menor tempo do que se
for utilizado estritamente duas ou três vezes por semana. Um treino regular permite, relativamente de forma
rápida, percepcionar e constatar melhorias significativas.

Para isso podem ser utilizados um grupo de testes já padronizados que permite observar, de forma
sistemática, desempenhos ao longo dos tempos. Estes testes são muito úteis porque permitem avaliar a
progressão do desenvolvimento dessa capacidade. Existem um número muito elevado de situações que
podem ser combinadas para medir o grau de flexibilidade de várias articulações e de vários grupos
musculares.

A. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE FLEXIBILIDADE DA COLUNA VERTEBRAL

1. Flexão do tronco à frente sentado

2. Flexão do tronco á frente em pé 3. Flexão do tronco à rectaguarda (ponte)


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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 16A

FLEXIBILIDADE (XI)

A. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE FLEXIBILIDADE DA COLUNA VERTEBRAL (CONT.)

4. Senta e Alcança Alternado

5. Flexão lateral do tronco 6. Força do tronco


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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 17A

FLEXIBILIDADE (XII)

B. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE FLEXIBILIDADE DA ARTICULAÇÃO COXO-FEMURAL

1. Espargata Frontal 2. Espargata Transversal

C. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE FLEXIBILIDADE COMBINADA


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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 18A

FLEXIBILIDADE (XIII)

D. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE FLEXIBILIDADE DA ARTICULAÇÃO ESCÁPULO-


HUMERAL

1. Rotação dos braços à rectaguarda 2. Flexibilidade dos Ombros

Nos exercícios 1 e 2 de A) mede-se a distância entre a ponta dos dedos e o ponto zero que
equivale ao nível dos pés. O resultado expressa-se em + e – consoante se chega para além dos pés ou
aquém da ponta dos pés. No exercício da “ponte” mede-se em centímetros a distância da ponta dos dedos
e os calcanhares. No “Senta e Alcança Alternado” deve tentar chegar o mais longe possível na régua.
Na “Flexão Lateral do Tronco” mede-se em centímetros a distância percorrida pelas pontas dos dedos
duma posição a outra. Já na “Força do Tronco” mede-se em graus a capacidade de torção da coluna
vertebral.
Nos exercícios das “espargatas” o objectivo é medir a distância entre a sínfise púbica e o solo.
No exercício de flexibilidade combinada mede-se em centímetros a distância entre o peito e o solo.
Nos exercícios da flexibilidade da articulação escápulo-humeral (dos ombros), o objectivo é
conseguir realizar a acção pretendida. No primeiro caso, conservando os braços esticados, rodar os braços
até fazer tocar a vara a parte posterior das coxas e voltar à posição inicial. No segundo caso, conseguir
tocar, em ambos os ombros, com as pontas dos dedos das duas mãos.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 19B

O DESPORTO COMO FENÓMENO SOCIAL (I)

O Desporto é sem dúvida alguma um fenómeno social que cada vez mais assume uma maior
importância no conjunto das sociedades, em particular nas sociedades mais desenvolvidas e em vias de
desenvolvimento. Isto deve-se a um conjunto de fatores que, tendo início no início do século XX assumiram
maior importância nos períodos pós 2ª Grande Guerra. Para isso, tiveram muita influência a evolução
tecnológica e os modelos sociais que valorizavam, por um lado, a qualidade de vida das classes
trabalhadoras e, por outro lado, permitiam a existência dum tempo de ócio que permitiu o desenvolvimento
dum conjunto de outras atividades que era predominantemente orientadas para esse tempo livre. Isto
implicou um conjunto de transformações, desde a redução dos horários de trabalho, até o número de anos
de trabalho, a par da acessibilidade dos equipamentos, materiais e vestuário para as práticas das
atividades físicas, e as condições educativas, que permitiu a evolução das práticas desportivas estando,
hoje, muito longe daquelas que caracterizavam o início do século XX.

Neste quadro, as atividades físicas, usualmente denominadas desportivas, tiveram um crescimento


acentuado assumindo, pelas suas próprias características, um papel importante nas sociedades modernas. Ou
seja, aquilo que representava um privilégio das classes sociais mais abastadas e mais altas da sociedade,
rapidamente foi apropriado pelas outras classes sociais e valorizado nos seus aspetos mais importantes: a
socialização, a integração, o desafio, a competição e a afirmação.

Evidentemente, que a valorização das atividades desportivas trouxe para a ordem do dia novas
preocupações e novas intenções que até aí eram menos valorizadas e, em alguns casos, mesmo
menosprezadas. Começou a colocar-se o problema dos locais de realização dessas atividades, o
conhecimento das atividades e a criação de hábitos que valorizassem essas atividades.

Estamos, então, perante um universo muito mais complexo que envolve inúmeros sectores e que
correspondem a interesses e finalidades diferentes. Os sectores são os seguintes: o Escolar dirigido cada
vez mais a todas crianças e jovens em idade escolar, através duma atividade obrigatória, a disciplina de
Educação Física, e do Desporto Escolar, para todos os alunos que queiram e possam; o Federado para
todos aqueles que integram clubes com o propósito competitivo e associativo, integrando-se em
competições organizadas; o Militar, quando a prática desportiva é realizada e organizada no âmbito das
estruturas militares; do Trabalho, quando as atividades, em particular as competitivas, são organizadas pelo
INATEL; o Universitário, quando a atividade se insere nas instituições do ensino superior organizadas em
torno de quadros competitivos, ou não; do Turismo dirigido para as pessoas que se encontram em locais de
férias e descanso; dos Deficientes que inclui o conjunto de atividades dirigidas a estas populações especiais
que necessitam de adaptações e enquadramentos próprios; o Autárquico que promove atividades dirigidas
às populações dum determinada local; o Prisional que organiza, enquadra e desenvolve atividades dirigidas
à população prisional como forma de dignificação humana e equilíbrio emocional e de integração social no
meio prisional.

Estas atividades podem, de acordo com o grau de organização, de enquadramento e de


responsabilidade, serem de três tipos: práticas desportivas formais que são promovidas pelas federações
desportivas, com um grau elevado de normalização e estandardização; práticas desportivas não formais
que exigem algum enquadramento mas não estão sujeitas a um enquadramento regulamentar e a uma
continuidade; práticas desportivas informais que se baseiam nos princípios da autossuficiência e da
autogestão, estando sujeitas à vontade e às possibilidades de cada uma das pessoas e à disponibilidade de
instalações. A existência de espaços municipais abertos à utilização das populações é um fator essencial
para o desenvolvimento destas práticas.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 20B

O DESPORTO COMO FENÓMENO SOCIAL (II)


O Desporto, como nos refere José Esteves, um patriarca da Educação Física e do Desporto, só pode ser
entendido “na perspetiva das estruturas sociais”. Ou seja, o Desporto não é um fenómeno que ocorra
independentemente das sociedades em que se insere e se integra.
O Desporto é uma área de atividade, tal como outras áreas, onde, simultaneamente, os aspetos mais
positivos e os aspetos mais negativos das pessoas e das sociedades se manifestam. O Desporto é o local dos
vencedores em que, por vezes, tudo vale, onde a corrupção, a violência, o “doping”, a humilhação, a
concorrência desleal, mas também é o local onde a integração social, a oportunidade de promoção social,
o espaço para educação de valores elevados e de práticas de exigência e qualidade, estão presentes. O
Desporto comporta também a riqueza de confirmar a nossa vulnerabilidade e fragilidade, mas também
permite confirmar o ser humano “como um ser de horizontes”, de como “cada um pode fazer algo de
positivo por si, em benefício pessoal e alheio”. “Uma prova insofismável de que somos aquilo que também
fazemos de nós”.(Olímpio Bento)
Para entendermos o Desporto como fenómeno social, não podemos deixar de considerar os objetivos que
estão presentes na sua utilização. E se é verdade que o Desporto nas nossas sociedades se divide entre o
“Desporto Ideal” cheio de virtudes, e só, e o “Desporto Real”, também com muitos defeitos e pecados, é
importante reconhecer que o Desporto, por si, não é um valor.
O “Desporto Ideal” encerra, em si, um conjunto de ideias bem expressas por um discurso, mais ou menos,
oficial que diz que “o desporto é sinónimo de cultura, de progresso, de saúde, de educação, de fraternidade,
um remédio para muitas patologias das sociedades modernas. Por vezes vai-se mesmo mais longe e
apresenta-se o Desporto como «uma escola de vida» ou «uma escola de virtudes» ” (Constantino). O
“Desporto Real” está inundado, também, de violência, corrupção, “doping”, e de relações mercantilistas.
Outros indicadores da distância entre o “Desporto Real” e o “Desporto Ideal” traduzem-se pela
importância, nas políticas desportivas e na ação dos responsáveis pelo desenvolvimento desportivo nas
diversas instituições: 1) das mulheres no Desporto; 2) dos grupos especiais, ou do Desporto Adaptado; 3) dos
níveis de formação; 4) das modalidades com menos impacto social. A diferenciação de prémios, de
condições de exequibilidade dos objetivos desportivos e da visibilidade destas dimensões do Desporto,
são alguns aspetos que permitem identificar a ponta do “iceberg” que pode estar em rota de colisão com o
“Desporto Ideal”.
Mas reduzir o Desporto ao conjunto de problemas que o caracterizam é tão desonesto como identificar
nele só virtudes que o parecem colocar numa redoma que o protege dos ventos e das marés das sociedades. O
Desporto não está imune ao lado mais sombrio e lodoso das sociedades e das pessoas, mas alberga também,
em si, as qualidades e as virtudes que caracterizam as várias sociedades. Transporta no seu código genético as
virtudes e os defeitos da sociedade industrial que o originou.
“O Desporto é o reflexo de uma sociedade onde o rendimento, o avanço científico e tecnológico, o
desenvolvimento económico, conflituam com o progresso social, com o bem-estar e com a igualdade”.
Simultaneamente, o Desporto é a verdade e o “doping”, a aproximação das nações e competição entre
elas, o respeito pelas regras e pelos valores e a corrupção, o respeito pelos outros e a humilhação, a
beleza e a arrogância, a vitória e a derrota, “o vencedor entre os melhores” e o “segundo, o primeiro dos
perdedores”, o confronto leal e a “batota”, a promoção social e o mercantilismo, a superação e o
esmagamento, a afirmação e a negação, a integração e o “apartheid”.
O Desporto será sempre o que cada um dos homens e das sociedades queiram que ele seja. Porque
tal, como nós, transporta um lado cheio de sol, brilho e vida e um outro lado, cheio de sombras, pântanos e
lodo. É um “Desporto para todos”, plural, inclusivo, mas é também um “Desporto para alguns”, seletivo e
substantivo, centrado nos artistas e no espetáculo. Será sempre na relação conflitual entre estes dois
desportos que conseguiremos entender o Desporto como fenómeno social. Gostaríamos que o Desporto
fosse felicidade, sabedoria e ação, mas isso estaríamos a falar do “Desporto Ideal”.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 21B

Lazer e Desporto

As atividades físicas fazem, desde sempre, parte do quotidiano do Homem. Inicialmente apenas com o
objetivo de satisfazer as suas necessidades vitais, como a alimentação e defesa da tribo.
Com o aparecimento das sociedades produtoras e consequente desenvolvimento de atividades como a
agricultura e a pastorícia, o homem passou a dispor de mais tempo livre e a utilizá-lo em atividades lúdicas.
De igual forma a atividade guerreira e a preparação dos homens para jogos sociais levou ao aparecimento
das primeiras formas de ocupação dos tempos livres, com atividades de carácter físico.
Porém, é na Antiga Grécia e mais tarde em Roma que as atividades físicas começam a fazer parte
integrante dos tempos livres dos cidadãos e a revelarem grande impacto junto dos que não praticavam mas
que gostavam de assistir ao espetáculo. O melhor exemplo são os Jogos Olímpicos da antiguidade, onde
participavam os melhores atletas e os restantes assistiam.
Com a revolução industrial assistiu-se a grandes transformações na sociedade e especialmente à
conquista de regalias por parte dos trabalhadores como sejam: a diminuição do número de horas de
trabalho, a criação do fim-de-semana, férias pagas, a diminuição da idade limite de reforma e a reforma
gratificada.
Este conjunto de transformações permitiu a criação de um espaço de lazer na vida de todos os
trabalhadores.
A prática desportiva, institucionalizada pelas classes sociais privilegiadas, foi alargada às classes
trabalhadoras e, posteriormente, generalizou-se através de programas destinados a captar o público para
uma prática de atividade física e desportiva regulares. Assim o Desporto, como hábito cultural deixou de
ser praticado apenas pela classe burguesa, para passar a ser igualmente uma prática de classes operárias
que, com diferentes argumentos económicos e culturais, trouxeram novas posturas e valores.
O Desporto contemporâneo de elite, com um perfil extremamente regulamentado enquanto atividade
específica de competição, prevaleceu numa primeira fase, foi transformado na procura da rentabilização
dos tempos de Lazer com o aparecimento do chamado “desporto para todos”, em que os valores da
competição foram substituídos pelos valores inerentes à participação e recreação física. (Lança, 2003)
Entende-se por Lazer, o conjunto de ocupações a que o indivíduo se pode entregar de livre e
espontânea vontade, quer para repousar, quer para se divertir, quer para desenvolver a sua informação
ou a sua formação desinteressada, a sua participação social voluntária ou a sua livre capacidade
criadora, depois de se ter liberto das obrigações profissionais, familiares e sociais (Dumazdier, J. 1974).
Estes novos valores foram expressos em discursos que atribuíram ao desporto um conjunto de
virtualidades, melhorando a condição física e sobretudo a saúde, como um meio de relaxamento e
antisstress.
No entanto, tudo leva a querer que a relação entre o tempo de trabalho e o tempo livre se venha a
alterar consideravelmente na sociedade do futuro, o que implicará obrigatoriamente um novo quadro de
estratégias de desenvolvimento do desporto, tanto a nível conceptual e da dinâmica de participação dos
cidadãos como a nível do desenvolvimento social, da diversidade cultural, dos hábitos e rotinas de vida, do
sedentarismo e da concentração urbana.
Assim sendo, teremos obrigatoriamente que assistir a adaptações ao nível dos clubes desportivos,
autarquias e escolas de forma a responder às necessidades deste homem, portador de novos valores,
oferecendo mais e melhores atividades de ocupação dos tempos livres. E se para algumas faixas etárias ou
escalões sociais a oferta ou a procura pode estar mais facilitada por fatores de diversa ordem (financeira,
física, social), para outros segmentos da população a oferta, além de ir ao encontro de necessidades
próprias, terá forçosamente de ser equacionada fora de uma perspetiva lucrativa.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 22B

INSTALAÇÕES DESPORTIVAS (I)

A realização das Actividades Físicas, sejam elas Desportivas ou não, implica a existência de espaços
adequados que permitam a sua concretização com segurança e sem riscos para a saúde dos seus
utilizadores. De certa forma, considera-se que as Instalações para a prática das actividades físicas são um
elemento fundamental e essencial no desenvolvimento dessas actividades e no desenvolvimento pessoal e
social cumprindo uma função relevante na integração das populações e na evolução das comunidades em
que se inserem.
A organização dos espaços de prática desenvolveu-se de formas diferenciadas conforme os
objectivos, a actividade a praticar e os locais em que esses espaços se inseriam, o que implicou o
aparecimento de vários tipologias de instalações que, de acordo com a sua dimensão e número, foram-se
concretizando em pólos com características diversificadas.
As instalações para a prática das actividades físicas podem aparecer isoladas ou integradas num
conjunto. Podem corresponder a um espaço ou, pelo contrário, podem integrar vários espaços. Assim é
importante distinguir o que são espaços, instalações e equipamentos desportivos.
Por Espaço devemos considerar uma determinada área com certas características que permita a
realização duma actividade. Por exemplo, alguns estádios de Futebol integravam na área do campo de
Futebol, o espaço para a realização do Atletismo (com as devidas pistas); ou seja aquela Instalação
apresentava dois espaços que poderiam ser utilizados com objectivos diferentes e por diferentes actividades
físicas. Os pavilhões polidesportivos que existem nas Escolas são instalações que permitem utilizar
diversos espaços.
Por Instalação vamos entender o conjunto de espaços que incluem um determinado pólo de realização
das actividades físicas, onde se inserem também os espaços de apoio, tais como balneários, vestiários, salas
de apoio, casas-de-banho, etc.
Quando, no mesmo local, existem diversos pólos com várias instalações, estamos a referir-nos a um
Equipamento Desportivo. Os Equipamentos Desportivos apresentam uma certa autonomia e identidade
sendo quase sempre plurais e de utilidade diversificada. Por exemplo, os “Estádios de Futebol” são
usualmente Equipamentos Desportivos, porque, apesar de serem assim chamados, incluem, na generalidade
dos casos, vários tipos de Instalações ao dispor de várias modalidades, que não só o Futebol, para além de
outras actividades de apoio ao funcionamento dos clubes. As Piscinas Municipais são também, por vezes,
Equipamentos Desportivos, onde se incluem potencialidades e funções diversas.
As políticas de desenvolvimento das Actividades Físicas, Desportivas e outras, devem incluir como um
dos vectores de desenvolvimento os Recursos Materiais porque estes são um dos factores condicionantes
da saúde e do bem-estar das pessoas, bem como do aumento e da melhoria da prática das diversas
actividades físicas, para os vários escalões etários da população. Por outro lado, podem representar uma
função de aproximação dos elementos da comunidade, promovendo a integração, a inclusão e a identidade
comunitária.
Os vários espaços, conforme os objectivos e as actividades, devem considerar um conjunto de
características, no seu planeamento e construção. As principais são: a acessibilidade, facilitando a sua
utilização pelas populações; a economia, garantindo uma relação positiva entre os custos e a utilização; a
flexibilidade, de forma a permitir várias valências ou várias possibilidades, atribuindo aos espaços a
característica de polivalência, para permitir a realização de diversas actividades e de vários objectivos; o
tamanho, que deve considerar, de acordo com os objectivos, o número de utilizadores e de espectadores.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº23B

INSTALAÇÕES DESPORTIVAS (II)

Os Espaços para a prática das Actividades Físicas Desportivas e outras podem ser categorizados através
de várias formas, conforme o aspecto que for valorizado. Assim podemos ter:
 Espaços Naturais versus Espaços Organizados, se o espaço potencializa as qualidades
naturais disponíveis na natureza, ou, pelo contrário, se é um espaço artificial desenvolvido e construído
pelo homem. Por exemplo: uma praia para realizar uma prova de natação, no Triatlo, ou uma prova de surf,
é um espaço natural, enquanto que uma piscina é um espaço organizado.
 Espaços Monovalentes versus Espaços Polivalentes, se o espaço possibilita somente a
realização dum actividade física ou de várias, tornando-o mais especializado ou mais eclético. Os
objectivos e o nível de realização da actividade física têm implicações nesta característica do espaço. Se o
objectivo é fundamentalmente a competição e o espectáculo o espaço tende a ser mais monovalente.
Quando o objectivo é fundamentalmente formativo, de baixo nível competitivo e orientado para a
quantidade, em vez da qualidade, os espaços tendem a ser mais polivalentes.
 Espaços Competição versus Espaços Formação/Treino, se o espaço é predominante-
mente vocacionado para a competição e para o espectáculo desportivo, ou se é vocacionado para o treino.
Os estádios de Futebol e os campos que caracterizam as Academias são um bom exemplo, para o
entendimento destas características.
 Espaços Vocacionados versus Espaços Adaptados, se o espaço apresenta, ou não,
potencialidades diferentes para além das Actividades Físicas, permitindo servir diferentes funções
alternadamente. As escolas do 1º ciclo em que existe um espaço que serve simultaneamente de refeitório,
de ginásio e de salão de festas são um bom exemplo. Outro bom exemplo é o Pavilhão Multi-Usos, do
Parque das Nações, que permite a realização de actividades tão diversas como espectáculos desportivos,
concertos musicais, reuniões religiosas e outras.
 Espaços Interiores versus Espaços Exteriores, se o espaço se encontra no interior dum
equipamento desportivo ou duma instalação ou se o espaço é em si a instalação, como por exemplo os
Pavilhões Polidesportivos (Interiores) e os ringues (Exteriores) que proliferam pelas comunidades para a
prática livre das actividades físicas. Esta característica é também influenciada pelos aspectos climáticos dos
locais em que se realizam as actividades físicas, para além das próprias actividades físicas. O Basquetebol
sendo principalmente uma actividade de interior é, também, em muitos sítios, realizada em espaços
exteriores. O mesmo se passando com as várias modalidades da Natação.
 Espaços Cobertos versus Espaços Descobertos, se o espaço tem ou não cobertura
permitindo a sua utilização independentemente das condições meteorológicas. Usualmente, confunde-se os
espaços cobertos com os espaços interiores. No entanto, há espaços que, não sendo interiores, são cobertos.
Assim, é importante caracterizar os espaços segundo este referencial, porque a utilização de espaços
exteriores cobertos em várias zonas, em que as características climáticas permitem, facilita, com poucos
recursos financeiros, a resolução de alguns problemas que as instalações interiores levantam, tais como a
sonorização e a ventilação.
É na riqueza e na diversidade dos espaços existentes que os recursos materiais representam um dos
principais factores de desenvolvimento ou condicionantes da educação física das populações. É também um
indicador de desenvolvimento das sociedades e da qualidade de vida das pessoas. Como tal, os “Espaços
Desportivos” devem construir-se considerando três princípios fundamentais:
1º. O princípio de que os equipamentos para as actividades livres e
de recreação devem ser os elementos principais duma rede de instalações duma
comunidade;
2º. O princípio de que a programação duma rede integrada de
instalações deve envolver todas as áreas que participam nessa rede;
3º. O princípio de que as opções escolhidas devem ser adequadas e
úteis, ou seja favorecer planos de desenvolvimento e facilitar a
acessibilidade, considerando a localização, as horas de realização das
actividades e as próprias actividades disponíveis.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 24B

INSTALAÇÕES DESPORTIVAS (III)

Os “Espaços Desportivos” são também influenciados pela área onde se inserem. Nesta rede de
instalações disponíveis às comunidades podemos encontrar quatro áreas que desenvolvem este tipo de
espaços e que têm influência nas oportunidades das populações no acesso à prática das actividades físicas e
à sua valorização como elemento de cultura. São elas: a Área Autárquica, a Área Escolar, a Área
Privada, a Área Associativa e a Área Empresarial.

O conjunto das instalações que caracterizam a rede de “Instalações Desportivas” resulta dos vários
espaços, instalações e equipamentos que existem nas seguintes áreas:
 A Área Autárquica, onde se incluem todos espaços e instalações que são da
responsabilidade das Câmaras Municipais, tais como os parques infantis, os ringues, e outros pólos de
instalações desportivas mais formais e mais organizadas e estandardizadas.
 A Área Escolar, onde se inserem todas as instalações desportivas escolares, em que se
realizam as actividades da disciplina de Educação Física, do Desporto Escolar e outras actividades
realizadas por particulares e mesmo por clubes. A Área Escolar tem duas dimensões: Pública, onde se
incluem todas as Escolas Básicas e Secundárias e Universitárias, e Privada onde se incluem todos os
Colégios e Universidades Privadas.
 A Área Privada, onde se incluem todas as instalações que existem nas casas particulares
e em instituições particulares, tais como hotéis, etc., em que não assumem o papel fundamental na acção
desses locais.
 A Área Associativa que inclui o conjunto de instalações que pertencem aos clubes e
outros organismos de carácter associativo.
 A Área Empresarial, inclui todas as instalações que existem em Ginásios, “Heath-clubs”
e outros locais em que as instalações são o principal local da acção da empresa e do “produto” que essas
empresas vendem. Pela importância que esta área vem assumindo nas sociedades modernas não pode deixar
de ser distinguida da Área Privada, pela importância que tem no desenvolvimento das populações e da
valorização da actividade física como factor social e cultural.

Os Espaços podem ser de vários tipos, de acordo com as suas dimensões e os seus objectivos. Temos
assim:
 Espaços grandes de jogo – espaços onde se podem realizar Jogos Desportivos
Colectivos com dimensões nunca inferiores a 90mx45m
 Espaços pequenos de jogo – espaços onde se podem realizar Jogos Desportivos
Colectivos, Patinagem, Desportos de Raquetas e outras actividades, individuais ou de grupo, com
dimensões inferiores a 90mx45m
 Salas de Desporto/Ginásios – espaços onde se podem realizar Desportos de Combate,
Danças, Ginástica e outras actividades de grupo de carácter individual
 Pistas de Atletismo – espaços que, estando associados sempre a espaços grandes de jogo,
possibilitam a realização das diferentes especialidades dos Lançamentos, Saltos e Corridas.
 Piscinas – espaços em que podem ser realizadas as diferentes modalidades da Natação.

Todos estes tipos de espaço podem ser cobertos e descobertos, interiores e exteriores. Contudo, os
Espaços Grandes de Jogo são, em geral espaços exteriores, descobertos, no caso do Futebol e interiores
cobertos, no caso dos restantes Jogos Desportivos Colectivos. Por outro lado, os Espaços Pequenos de
Jogo são usualmente exteriores descobertos, onde se incluem os ringues que proliferam pelas várias
freguesias. As Salas de Desporto/Ginásios são interiores. As Piscinas são interiores quando o principal
objectivo é desportivo e descobertas quando o principal objectivo é o lazer e a recreação das populações.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 25B

Lesões Desportivas (I)

Se a prática regular e moderada de actividade física é um factor determinante na melhoria da


qualidade de vida, nomeadamente no que diz respeito à diminuição, do risco de doenças
cardiovasculares e do aparecimento de outros tipos de doenças, a prática ocasional e/ou intensa deste
tipo de actividades, pode provocar danos sérios nas estruturas músculo-esqueléticas do praticante.

Falamos pois de Lesões decorrentes de uma prática desportiva desadequada, mal preparada ou não
controlada, por parte do indivíduo.

Para que o exercício seja benéfico para a saúde, é necessário que seja executado de forma correcta.
Geralmente as lesões decorrem de alguma falta de cuidado relativamente a aspectos como: o
aquecimento preparatório para a actividade a desenvolver, o retorno à calma no final com exercícios de
alongamento e ainda o uso de roupa e principalmente de calçado apropriado.
Também a quantidade deve estar de acordo com a condição física do praticante, ou seja é
fundamental que o plano de trabalho físico seja o mais individualizado possível, que os exercícios
sejam executados tendo em conta a lateralidade (esquerda/direita) e após um período de adaptação.

Para além destes cuidados é fundamental efectuar uma avaliação e acompanhamento médico de
forma a garantir que estão reunidas as todas as condições para a prática de determinada actividade
física.

Entende-se por Lesão desportiva qualquer anomalia nos tecidos, quer sejam internos ou externos e
que origina as seguintes consequências:
 Redução total ou parcial da actividade;
 Necessidade de orientação médica ou tratamento;
 Repercussões na vida económica e social.

As lesões podem ocorrer em diferentes estruturas do organismo como sejam: os tendões, os


ligamentos, as articulações ou os músculos.

Tendão: é uma fita ou cordão fibroso, formado por tecido conjuntivo, graças ao qual os músculos
se inserem nos ossos ou noutros órgãos. Têm a função de manter o equilíbrio estático e dinâmico do
corpo, através da transmissão do exercício muscular aos ossos e articulações.
Ligamento: é um feixe de tecido fibroso mais ou menos comprido, largo e robusto, de forma
aplanada ou arredondada, formado por tecido conjuntivo, que une entre si duas cabeças ósseas de uma
articulação (ligamento articular) ou mantém no seu local fisiológico habitual um órgão interno
(ligamento suspensor).

Articulação: são conexões habituais existentes entre dois ou mais ossos. As articulações móveis
estão revestidas de cartilagem e incluem bolsas de fluido lubrificante (líquido sinovial).
Independentemente da estrutura afectada, a lesão pode ser contraída: num único momento, causada
por um traumatismo – aguda – ou através da repetição continuada de determinado tipo de movimento
– sobrecarga.
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Lesões Desportivas (II)

Factores responsáveis pelas lesões desportivas

É importante que se conheçam os factores condicionadores das lesões desportivas, de forma a reduzir o
risco do seu aparecimento. Estes por seu lado podem ser intrínsecos, ou seja inerentes ao indivíduo ou
extrínsecos, que afectam o indivíduo mas que não lhe são inerentes.

Intrínsecos:
 Idade
 Hereditariedade
 Sexo
 Condição Física
 Desenvolvimento motor
 Alimentação
 Factores psicológicos

Extrínsecos:
 Tipo de equipamento
 Condições climatéricas
 Aspectos de execução da técnica de cada modalidade
 Organização do treino e da competição
 Cargas de treino e de competição
 Condições físicas envolventes

Prevenção das lesões desportivas

Segundo Luís Horta (1995) podemos considerar três níveis de prevenção:

 Medidas de promoção da saúde (educação para a saúde,


desenvolvimento da personalidade, nutrição, condições de
habitação, promoção de condições socioeconómicas e segurança
PREVENÇÃO PRIMÁRIA social)
 Criação de cuidados com vista a diminuir a probabilidade de
ocorrência de acidentes ou de lesões, actuando ao nível da selecção
do equipamento, das condições e programação dos treinos.
 Diagnóstico precoce e o tratamento correcto a iniciar o mais cedo
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA possível. Visa curar ou minimizar a lesão, evitando complicações e
sequelas e encurtando o período de incapacidade
 Trata da prevenção e da cronicidade, da reincidência das lesões e da
PREVENÇÃO TERCIÁRIA
reinserção do atleta na prática desportiva após uma lesão
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Lesões Desportivas (III)

Tipos de lesões desportivas mais frequentes e seu tratamento

Lesão Caracterização Tratamento


Inflamação dos tendões. Dor localizada por Aplicação de gelo na zona dorida; paragem da activi-
TENDINITE
palpação dade; consulta médica.
Lesão de um ligamento que foi sujeito a Imobilização, aplicação de gelo; comprimir com
ENTORSE grande estiramento. Dor, derrame, inchaço. ligadura; se a dor persistir e não se notarem melhoras
após 24h, deve consultar o médico.
ROTURA Rompimento das fibras musculares. Impo- Aplicação de gelo; repouso; ligadura de contenção;
MUSCULAR tência funcional e dor aguda. consulta médica.
Destruição das camadas superficiais da epi- Lavagem da zona afectada com água e sabão e apli-
ESCORIAÇÃO derme (arranhão) cação de líquido desinfectante (sempre do centro para
os bordos da ferida); colocação de penso
Traumatismo em determinada zona (joe- Aplicação de gelo
CONTUSÃO
lhada, pontapé…), acompanhado de dor e
MUSCULAR
derrame sanguíneo.
Contracção exagerada e brusca do músculo Alongar e relaxar o membro afectado; se necessário,
CÃIBRA
com dor intensa e endurecimento do mús- parar para massagem com gelo.
MUSCULAR
culo – impotência funcional.
Ligeiro mal-estar normalmente provocado Sendo grandes, devem furar-se com agulha esterili-
por calçado não adequado ou meias com zada para esvaziar o líquido, tendo o cuidado de não
BOLHAS
pregas. retirar a pele. Se forem pequenas não é necessário
furar.
Inflamação cutânea devido a um fungo (por Desinfecção frequente, aplicação de líquidos ou
MICOSE exemplo, pé-de-atleta). Provoca dor ardên- pomadas antimicóticas na zona afectada, previamente
cia e prurido (comichão). bem seca.
Perda permanente de contactos das superfí- Impedir o movimento do membro deslocado, aplica-
cies articulares; extremidades dos ossos saem ção de gelo, deslocação ao hospital.
LUXAÇÃO
da posição normal – dor, impotência funcio-
nal, deformação da articulação.
Soluções de continuidade dos ossos e\ou Imobilização (podendo recorrer a uma tala), aplica-
cartilagens. Podem ser completas, incomple- ção de gelo e transporte para hospital
FRACTURA tas, fechadas e expostas – dor, impotência
funcional e, quando completas, deformação
local.
Provocado por pancada na ou com a cabeça. Deitar com ligeira elevação da cabeça e se necessário
Provoca tonturas, vómitos, perda de equilí- (perda de consciência, forte hemorragia), transporte
TRAUMATISMO
brio, perda de consciência e mesmo amnésia. para hospital. Durante o transporte vigiar as vias
CRANIANO
respiratórias, que devem ser mantidas livres e colocar
o corpo em Posição Lateral de Segurança (PLS).

A Aplicação de gelo (Crioterapia)


O gelo com as suas propriedades de vasoconstritor (provoca a contracção dos vasos sanguíneos,
diminuindo o derrame), analgésico (reduz a intensidade da dor) e anti-inflamatório (limita e reduz a
inflamação) é um excelente meio de prevenção de lesões e de redução da dor/lesão, quando aplicado no
local afectado.
A sua aplicação deve ser o mais célere possível, realizada várias vezes ao dia, em períodos de 20 min,
respeitando intervalos de 10 min. O gelo não deve ser colocado em contacto com a pele pois pode
provocar queimaduras.
A aplicação de gelo pode ser realizada de uma forma estática, mantendo o gelo sobre a zona
afectada, ou dinâmica, fazendo uma massagem suave, com movimentos circulares curtos.
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12º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 28B

Doping como fenómeno social


Muitas das chamadas “doenças” do desporto moderno, seja qual for o seu nível de prática, são
atribuídas à importância excessiva que é dada às vitórias por aqueles que nele se encontram envolvidos
e de certa forma à industrialização e comercialização do desporto, que transporta atrás de si interesses
financeiros variados. O Doping, a violência, as injúrias aos árbitros, o fazer batota, as agressões entre
os praticantes devem-se ao reforço do conceito de que a vitória é a única coisa que interessa, bem
expressa pela frase usualmente ouvida nos meios de comunicação social: “o segundo classificado é o
primeiro dos derrotados”. O Doping, o mercantilismo, a violência, o racismo, a xenofobia e a
corrupção são elementos negativos que deformam o desporto, o aniquilam e descaracterizam. Uma
das formas externas, capaz de influenciar o desempenho físico dos atletas, é através do consumo de
substâncias proibidas pelos regulamentos das diferentes organizações desportivas.
De acordo com o Comité Olímpico Internacional (COI), Doping consiste na administração ou uso
por parte de qualquer atleta de qualquer substância fisiológica tomada em quantidade anormal ou por
uma via anormal sendo a única intenção a de aumentar de uma forma artificial e desonesta a sua
performance na competição.
Quando, por doença, o atleta necessita de tomar algum medicamento que contenha substâncias
que, pela sua natureza, dose ou aplicação, pode aumentar o seu rendimento, isso também é considerado
Doping.
O aparecimento do Doping deve-se a fatores externos à própria essência do desporto e tem a ver,
essencialmente com a constante pressão que é exercida sobre os praticantes ao “exigir-lhes” uma
superação constante e contínua do seu rendimento desportivo e que vençam a todo e qualquer custo.
Na nossa sociedade, os medicamentos não se usam só para combater a doença mas também
servem para ajudar a superar estados fisiológicos limites, tais como, cansaço, dor, sono, ansiedade,
frustração, entre outros, com prejuízos significativos na saúde dos atletas e na verdade desportiva.
Ora, o desportista também recorre a essas substâncias para aumentar a sua força e massa muscular, a
sua capacidade cardíaca, níveis de concentração, diminuir os estados de fadiga provocada pelo treino,
entre outros objetivos. Ou seja, alguns atletas recorrem ao Doping para conseguir a vitória com menor
esforço e a qualquer preço, mesmo pondo em risco a sua própria saúde.
O profissionalismo, amplamente divulgado pela média e por empresas, conduz os desportistas a
uma tentativa de superação constante, para o qual o nosso organismo nem sempre está preparado.
Assim, por vezes, o atleta, na expectativa de conseguir melhores resultados e dos benefícios que
daí advêm, não o conseguindo pelos processos habituais de treino, recorrem ao Doping.
O Doping e o desporto são incompatíveis. Recorrer ao Doping representa o oposto do que o
desporto significa, ou seja, é contrário aos conceitos de ética e lealdade desportiva.
Considerando que um dos objetivos do desporto consiste no desenvolvimento integral do
desportista, no respeito pela sua liberdade e dignidade, o uso do Doping é contraditório porque a
sua utilização transforma o desportista num objeto que se utiliza e manipula, como se fosse uma
máquina que tem de render o máximo, mesmo que para isso não dure muito. Além disso, a utilização
do Doping contradiz totalmente a finalidade mais importante do desporto que é contribuir para a
melhoria da saúde física, mental e social do individuo.
O Doping no desporto imita o doping na vida. Não é uma realidade à parte. O desporto como
fenómeno social não deixa de carregar todos os benefícios e malefícios que a própria sociedade em que
se integra contém.

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