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Bases Teórico-práticas do

Condicionamento Físico
Entendendo o Condicionamento Físico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Igor Roberto Dias

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Entendendo o Condicionamento Físico

• Entendendo o Condicionamento Físico;


• Aptidão Cardiorrespiratória;
• Força;
• Potência;
• Velocidade;
• Flexibilidade;
• Equilíbrio.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conceituar a partir de bases biológicas as principais variáveis relacionada a aptidão física
que devem ser desenvolvidas durante um programa de condicionamento físico;
• Utilizar os conceitos, exemplos práticos e a importância para performance atlética e
qualidade de vida da aptidão cardiorrespiratório, força e suas derivações (força máxima,
potência, velocidade, taxa de desenvolvimento de força), agilidade, flexibilidade e equilí-
brio para demostrar a importância do condicionamento físico.
UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

Entendendo o Condicionamento Físico


Ao falarmos de Condicionamento Físico é relevante considerar a importância da
aptidão para realização de tarefas, sejam, extenuantes ou leves, tudo que envolve
uma atividade física ou exercício físico, demanda um condicionamento que é indivi-
dual, mas que pode ser treinado. A aptidão física está relacionada com a execução de
tarefas de maneira que envolvam uma performance esperada, ou que traga aspectos
de saúde, necessários para vida diária.

Nesse sentido, pense da seguinte forma, nosso corpo possui capacidades físicas e
essas capacidades são treináveis, podemos ter diferentes funcionamentos em cada uma
das capacidades e todas vão refletir na performance, seja do atleta ou da vida diária.

Se movimentar é uma necessidade humana básica e o condicionamento físico tem


tudo a ver com isso. É por meio das demandas de movimentação, que podemos dizer
que uma pessoa tem um bom condicionamento físico ou não.

O movimento é o meio pelo qual o ser humano transcende do mundo virtual (do que ele é,
sente e deseja) para o mundo real (o físico). Essa transcendência é chamada na educação
física de motricidade humana (o movimento é o modo de ser do serhumano). Por exemplo,
jogar futebol, correr no parqueou em provas, jogar tênis e brincar de pega-pega com os
netos é uma expressão da sua cultura (o que ele é), do que ele sente e deseja (há um
motivo de sentimento e desejo que o leva a praticar esses movimentos). Então, quando
melhoramos o condicionamento físico de um atleta/aluno, não se finda nisso. Estamos
muito além disso, estão participando na sua própria reafirmação (do que ele é), criação (o
que ele vai ser) e de realização de seus desejos e expressão dos seus sentimentos. É comum
escutar seguinte frase de pessoal que adquirem certas deficiências físicas (cadeirantes ou
tetraplégicos) “estou preso nessa cadeira” ou “estou preso nesse corpo” (o fato deles não
poderem realizar os movimentos que eles antes executavam passa uma sensação de que
eles estão presos). Por isso, a prática de atividade condicionamento para pessoas com
deficiências físicas (também para quem não possui) é tão importante (ou seja, estamos
ajudando essas pessoas a transcender o seu mundo virtual para o real).

Muitas vezes esse termo condicionamento físico está relacionado a questões estéticas,
mas devemos lembrar que quando falamos de condicionamento nessa disciplina, esta-
mos lidando com aspectos do treinamento, da avalição, dos resultados e da performance.

Mas professor, uma pessoa com um físico estético não corresponde a isso? Não
exatamente, vamos a um bom exemplo, você pode optar por comprar um carro, olhar
vários aspectos estéticos, ver que os bancos estão bons, a pintura está brilhando, porém,
se você não dirigir, nunca saberá se o motor está bom, se é econômico e se tem bom
desempenho. O mesmo acontece ao avaliarmos uma pessoa, apenas o aspecto estético
não é o bastante para dizer que alguém possui um bom condicionamento físico.

Nessa modulo vamos entender melhor cada um dos conceitos de aptidão que
estão relacionados ao condicionamento físico e como cada um influência no desem-
penho e nas atividades desenvolvidas por cada indivíduo.

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Aptidão Cardiorrespiratória
Quando falamos de aptidão cardiorrespiratória, facilmente conseguimos entender
que o termo tem relação com a capacidade que o coração tem de realizar uma
função em conjunto com as funções respiratórias do pulmão. Isso quer dizer que
o sistema cardiovascular realiza a circulação do sangue pelo organismo e que esse
sangue ao passar pelos pulmões realiza trocas gasosas, ou seja, elimina gás carbô-
nico e leva oxigênio para os sistemas que necessitam.

Então vamos entender um pouco melhor cada coisa, o sistema cardiovascular é o


responsável por levar nutrientes as células e eliminar resíduos indesejados ao corpo.

O sistema respiratório é o responsável por realizar trocas gasosas, ou seja, basi-


camente elimina gás carbônico e faz a admissão de oxigênio.

Quando juntamos esses dois sistemas, temos o sistema cardiorrespiratório é o res-


ponsável por fazer tudo isso em conjunto, faz as trocas gasosas e leva pros sistemas
que precisam não apenas de oxigênio, mas também de outros nutrientes necessários.

Isso quer dizer que uma pessoa bem condicionada possui, entre outras caracterís-
ticas, um bom condicionamento cardiorrespiratório, que por sua vez, está relaciona-
do ao consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx). O VO2máx é uma forma de medir
qual a maior quantidade de oxigênio que pode ser usada pelo musculo em atividade.
Nesse sentido, o que o VO2máx tem a ver com o condicionamento cardiovascular?
Tudo a ver, visto que uma melhora no sistema cardiovascular trará uma melhora no
condicionamento cardiorrespiratório e no VO2máx.

Mas o que isso reflete efetivamente no meu aluno quando eu estiver atuando?
Simples o VO2máx pode refletir na capacidade do coração e do sistema circulatório
em levar oxigênio e também a capacidade dos músculos utilizar o oxigênio.

Em geral, pessoas com baixo VO2máx (ou seja, com o sistema cardiorrespiratório
descondicionado) quando se engajam numa prática de atividade física de endurance
(futebol, corrida ou andar de bicicleta) sente queimação no peito, dores nas regiões
das costelas, queimação intensa nos músculos que estão na atividade. Essas sensa-
ções de dores e queimação só param quando o indivíduo para a atividade (também
sem dúvida limita a sua performance atlética no endurance). Essas sensações ficam
menos intensas ou desaparecem à medida que os indivíduos vão elevando o seu
VO2máx (isso só é possível com a prática sistemática de atividade de endurance). Esse
valor em geral quantifica, o quanto um indivíduo é treinado e serve como referência
para orientar o treinador quanto a melhora de um aluno ou a manutenção.

Além disso, o VO2máx é uma importante medida para prescrição de treino, pois
ao sabermos o VO2máx do indivíduo, teremos acesso a diversos métodos de treina-
mento que vão usar essa medida para prescrição de treino (métodos de avaliação
serão discutidos nas unidades posteriores).

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

E todo isso vai acontecer por meio da %FCmáx (porcentagem da frequência car-
díaca máxima) ideal para treinar cada capacidade física. Posteriormente, nas próximas
unidades, vamos falar sobre como usar essas medidas e quais os métodos de trabalho.

Força
“Que a força esteja com você”, essa celebre frase do filme Star Wars não reflete
propriamente o tipo de força que vamos lidar aqui. Mas a força listada na segunda
Lei de Newton que fala que a Força é igual a Massa × Aceleração (F = m × a).
Nesse caso, a força que vamos falar está relaciona com a força que um músculo (massa)
consegue realizar durante sua ação (o quanto a sua massa consegue acelerar um
objeto ou quanto você consegue se acelerar no espaço), ou seja, o quanto de contração
e ativação é possível realizar para gerar força.

Nesse caso, a força está relacionada com a capacidade do musculo de levantar um


objeto, por exemplo, como na Figura 1, toda ação do individuo demandou dele uma
força para colocar a massa acima da cabeça. O força do indivíduo venceu a força
do objeto. Podemos chamar a força do objeto de peso, pois peso é P = m × a (isso
mesmo, peso é uma força). Contudo, esse não é o único modo de falar sobre a força.
Isso está relacionado com as ações musculares que o exercício exige.

Figura 1 – Uso da força para levantamento do peso


Fonte: Getty Images

E cada uma dessas ações musculares, dependendo de como elas acontecem, ou


melhor dizendo, como elas funcionam, nos chamaremos a força de um modo diferente.
A prática desportiva demanda diferentes tipos de força (derivações). Nesse sentido,
o treinamento é diferente para cada um (discutimos na unidade dois sobre a especi-
ficidade do treinamento). Então temos que saber a demanda do esporte para saber
que tipo de treino devemos aplicar para melhorar a capacidade física de força do
nosso atleta.

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Portanto, nesse contexto podemos dizer sobre a força de diferentes maneiras, como:
força máxima, potência, velocidade e desenvolvimento de força. Todas têm seu modo
de trabalho diferenciado para se obter resultados, além disso, esses modos de apresen-
tação de força, podem ser específicos para cada modalidade, atleta ou necessidade.

Força Máxima
A força máxima já diz no próprio nome, é a maior força possível realizada pelo
sistema músculo esquelético na contração máxima. Ou seja, é o máximo de força
que você conseguiria realizar por exemplo, num exercício de academia. Esse tipo
de exercício é chamado 1RM (uma repetição máxima). Mas professor, eu já treino
a alguns anos, e nunca vi uma ficha de treino com apenas uma repetição. Isso
acontece porque esse método é mais utilizado para conhecer a força máxima de
um indivíduo e posteriormente poder calcular as cargas relativas (% 1RM) em cada
fase do treinamento de força.

Então, quando o professor da academia passa as cargas em uma ficha de treino,


ele deveria realizar um teste de força máxima no aluno? Resposta, sim e ao mesmo
tempo não. Isso acontece, pois, o correto seria medir a força máxima do individuo
para prescrever cargas corretas para o treinamento, contudo, pense em um aluno
sedentário, qual seria o risco de faze-lo levantar uma carga máxima para poder ter
precisão nas cargas de treino? Nesse sentido, adota-se cargas estimadas ou por uma
escala de esforço, o famoso, de 0 a 10, o quanto está pesado. Assim nos momentos
iniciais de atendimento com nosso aluno, evitamos riscos de lesões e excessos de
carga nos momentos iniciais do treinamento.

Importante!
Quando falamos de alguém treinado, podemos utilizar esse conceito, utilizando a força
máxima para estimar os valores adequados de carga para cada tipo de força a ser traba-
lhado. Dessa maneira, podemos seguir alguns princípios do treinamento de forma ade-
quada, utilizando valores corretos ou parâmetros fidedignos para prescrição de treino.
Isso é muito importante para atuação do professor, que deve sempre basear seu treino
em dados e parâmetros vindos de testes realizados com seu aluno.

Potência
Quando falamos de potência, facilmente podemos associar a um veículo ou a um
esporte a motor, onde a potência pode determinar um vencedor de uma corrida.

No caso da potência muscular, estamos falando da contração muscular no menor


tempo possível, ou seja, o quão rápido um musculo consegue gerar força quando exigido
de forma rápida. Potência é igual a quantidade de força exercida em um determinado

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

período de tempo (Potência é igual a força dividida pelo tempo, P = f/t). Portanto, a
potência pode ser melhorada se você conseguir diminuir o tempo de contração muscu-
lar do seu aluno (aumento de velocidade), ou se você conseguir aumentar a quantidade
de força do seu atleta (isso é conseguido com treino específico).

Na prática, vemos isso em modalidades em que o atleta necessita de muita veloci-


dade para suas ações musculares, assim, quando mais rápido ele correr, saltar, golpear,
maior será a eficiência nos gestos realizados.

Basicamente o treino de potência envolve o uso de cargas progressivas e repe-


tições em maior velocidade possível, respeitando a técnica do movimento, assim
quanto mais próximo da velocidade máxima, maior a potência.

Finalmente, é importante entender que quando falamos de potência, estamos


demostrando para nossa musculatura, que esperamos potência, quando exigimos o
máximo da velocidade de contração no menor tempo possível. Para que isso ocorra
é necessário transformação morfológica do nossos músculos e sistema nervoso que
só é aperfeiçoada por meio do treinamento.

A potência é muito importante em modalidades que exigem velocidade, baixo


tempo de reação e movimentos muito rápidos. É importante que ao trabalhar com
modalidades que precisem desse tipo de força, que o treino seja específico para
melhor atender as demandas de potência.

Velocidade
Velocidade é uma importante capacidade física principalmente nos esportes de
endurance e daqueles que exigem movimentos rápidos (futebol, boxe, basquete,
tênis). Lembrando que velocidade é um pré-requisito para potência já que a fórmula
exige tempo (quanto mais rápido um movimento menor o tempo de execução).
Podemos definir velocidade como a maior distância percorrida num período (V = d/t).
Essa velocidade pode ser dos membros (braço e pernas), do próprio corpo em deslo-
camento ou de objetos lançados pelo corpo humano (bolas, dardos, discos etc).

É importante lembrar que a melhora da velocidade é conseguida se aumentarmos


nossa potência. Portanto, o treinamento para velocidade é aumento da força e taxa
de desenvolvimento de força (discutido logo abaixo) em grande velocidade.

Velocidade no Treinamento
A velocidade de contração muscular é muito semelhante com o que falamos sobre
a potência, a velocidade é o quão rápido ou lento a musculatura pode realizar uma
ação. Isso é importante, pois nem todas as nossas ações musculares precisam ter
potência, ou seja, que sejam feitas no menor tempo possível. Muitas ações muscu-
lares, principalmente no treinamento, podem ser realizadas de forma lenta como,

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por exemplo, em um treino de hipertrofia (quando o objetivo aumentar o tempo sob
tensão das fibras musculares é com isso ganhar de massa muscular).

Um fator relevante quando falamos de intensidade da contração, diz respeito ao


fato de que ele pode determinar o tipo de treino e qual o resultado ocorrerá de
acordo com a velocidade de execução. Vamos lembrar, treinos feitos com alta velo-
cidade de execução trarão resultados na potência muscular taxa de desenvolvimento
de força e força máxima, enquanto treinos com baixa velocidade de execução trarão
resultados voltados somente na hipertrofia e força máxima.

Vale lembrar que em alguns casos, uma velocidade de execução muito rápida,
pode sacrificar a técnica, ou seja, a realização do movimento pode ser mal executada
e como consequência, isso pode trazer um movimento errado e até uma lesão.
Portanto, a velocidade é importante, para trabalhar especificamente a musculara de
forma correta. Muitas vezes, uma velocidade alta durante o exercício, pode significar
um treino de potência, mas sem o controle da técnica correta, isso pode gerar lesões.

Por isso que é importante antes da mudança de velocidade, um treino de técnica


correta, para então partir para algo específico para a musculatura.

Uma frase muito dita em alguns meios, fala que “Potencia não é nada sem controle”, pense
que isso vale tanto para potência quanto para velocidade. É uma tendência normal dos
alunos, achar que quanto mais rápido melhor, ou quanto mais pesado melhor. Nem sempre
quando falamos dos princípios do treinamento, isso é verdade. Reflita sobre muitas ações
que acontecem no nosso corpo, pense se todas elas precisam sempre ser maiores. Em muitos
casos uma ação bem-feita é melhor do que uma ação com muito peso ou muita velocidade.

Desenvolvimento de Força
O desenvolvimento da força ocorre quando se tem um trabalho muscular, que pode
ser voltado para uma característica específica de funcionamento da musculatura.
Ou seja, se meu objetivo é ganho de massa muscular (Hipertrofia) o treino deve ser
conduzido de uma maneira.

No treino para potência devemos pensar quais os objetivos para aquilo que está
sendo trabalhado, portanto, o objetivo deve sempre nortear nossa ação.

O exercício em si, trás inúmeros benefícios e principalmente a hipertrofia deixa o


corpo mais simétrico e forte, com maior volume de massa muscular magra.

Contudo, o desenvolvimento de força está fortemente relacionado com o quanto


o músculo consegue vencer uma resistência em um treino resistido. Isso quer dizer
que a cada sessão de treino resistido o músculo envolvido na atividade ganha um
estímulo para ganho de força, mas não necessariamente hipertrofia.

O desenvolvimento de força está relacionado com as microlesões que acontecem


na musculatura e com o maior recrutamento motor (de neurónios) da musculatura

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

para que ela vença a resistência de um peso. Então, a partir do recrutamento de mais
unidades motoras na musculatura, maior a força que o músculo começa a vencer,
isso ocorre pois muitas vezes essas unidades motoras não são utilizadas sempre,
portanto, é normal para um sedentário, logo nas primeiras semana de treino, con-
seguir um aumento nos valores de peso, pois ocorre um maior recrutamento motor.

Ao mesmo tempo, ocorre também microlesões que começam a estimular melhoras


na musculatura, que após recuperação passam a fazer a síntese proteica, ou seja,
começam a repor proteínas e consequentemente passam a aumentar a força e a
hipertrofia muscular.

É importante lembrar que o desenvolvimento de força acontece por meio de dife-


rentes intervenções e que nem sempre dependerá de hipertrofia para isso, é possível
ser forte, sem que seja propriamente “grande” muscularmente.

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)


A TDF é modo de medir o desempenho neuromuscular e é medida por meio
da relação entre força e velocidade na contração. É o quanto de força o atleta
consegue desenvolver num período de tempo (é um pré-requisito para potência).
Isso quer dizer que a TDF e a força muscular explosiva, depende muito dessa taxa,
pois em modalidades que utilizam contrações musculares explosivas (saltos, sprint,
levantamento de peso, ciclismo e até mesmo natação), esse valor é importante para
medir o desempenho neuromuscular.

Em muitas modalidades esportivas, quando falamos do gesto técnico, muitas


modalidades não usam todo o potencial de força da musculatura, isso acontece
muito em modalidades em que as atividades ocorrem com movimentações muito
rápidas (por exemplo: natação, soco no boxe e etc). Esses movimentos em geral
duram cerca de 200ms no máximo, são muito rápidos e acabam não usando todo
o potencial da musculatura.

Para se ter uma ideia, o pico de força existente na musculatura é utilizado acima
dos 200ms e vai até os 300ms. Ou seja, é como ter um carro esportivo, pra ir até a
esquina e voltar, você não consegue usar todo o potencial que ele possui.

Apesar de ser algo novo, que está sendo estudado, a TDF tem sido considerada
uma importante medida para avaliar o sistema muscular durante ações explosivas.
A literatura tem demostrado que a o aumento da TDF constituem um dos mais
importantes benefícios funcionais induzidos pelo treinamento de força.

E assim como outros parâmetros que falamos anteriormente, também pode ser
um importante parâmetro para prescrição de treinamento de modo específico.

É sempre importante lembrar que a força não é um componente que pode ser
trabalhado isoladamente, outras capacidades devem ser trabalhadas em conjunto
com o treino de força para eficiência do treinamento.

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Por que a força não pode ser trabalhada isoladamente? Simples, tudo em nosso corpo funciona
em um conjunto de ações integradas, quem faz uso de substâncias para rápido ganho de massa.
Por exemplo, se esquecer desses princípios, correndo o risco não apenas de sofrer problemas
em decorrência do uso, mas também podendo sofrer o risco de lesões devido ao crescimento
anormal de massa, sem que outros sistemas como ligamentos e tecidos consigam acompanhar.

Treinar a flexibilidade muscular e articular, os tecidos que envolvem as articulações


como tendões, ligamentos é importante para efetividade do treinamento de forma
segura e coerente.

A força também tem uma importante característica, o músculo se adapta ao tipo


de estímulo que recebe, portanto, é necessário que o treino atenda a necessidade do
indivíduo. Por exemplo, um treino de potência, dará potência ao músculo (ah! Jura
professor?!), sim, juro que é verdade, porém pode gerar pouca hipertrofia, então, se
o objetivo do aluno é hipertrofia, você deve focar no treino específico para esse fim.

Agilidade
A agilidade é uma das capacidades físicas que possuímos e que influência forte-
mente nas atividades do dia a dia ou que no caso de atletas, pode ser altamente eficaz
na busca de uma técnica mais complexa ou eficiente.

A agilidade está associada a uma habilidade, de realizar um movimento, uma mu-


dança de direção, a uma velocidade de deslocamento ou mesmo a uma quantidade de
ações coordenativas.

Por isso que em geral ela é muito associada a esportes com bola, que demandam
gestos técnicos, assim, quando você está envolvido em modalidades que demandam
coordenação, equilíbrio e velocidade a agilidade estará presente também.

Figura 2 – Agilidade para realizar o exercício de deslocamento


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

Mas a agilidade não faz parte apenas das atividades esportivas, várias atividades
diárias exigem da agilidade. Aquele momento que você vai correr até o ônibus que
está chegando no ponto, exige de você uma agilidade pra correr e chegar a tempo,
ao mesmo tempo que acena para o motorista, ou mesmo, quando seu cachorrinho
puxa a toalha da mesa e você corre pra não deixar as coisas caírem no chão, tudo
isso é basicamente agilidade. E o treinamento para agilidade, depende de uma
quantidade maior de exigências, com mudanças rápidas de direção em espaços
reduzidos, por exemplo.

A agilidade faz parte de uma gama de exercícios neuromotores, que são exercí-
cios que estimulam os centros e vias nervosas. E isso tem muito a ver com a aptidão
física e capacidade funcional, que dependem muito dos estímulos neuromotores
para seu desenvolvimento. Então, quanto mais estímulos o sistema neuromotor
receber, maior será o desenvolvimento da agilidade.

Flexibilidade
A flexibilidade, assim como outros citados antes, faz parte das capacidades físicas
do ser humano e está relacionada como a amplitude que a musculatura pode ter
entre sua origem e sua inserção, ou seja, o quanto ele pode se alongar aumentando
seu comprimento. Essa capacidade pode ser maior ou menor de acordo com o indi-
víduo e também em relação ao treino que ele realiza para obter essa amplitude.

Basicamente a flexibilidade trata da amplitude do músculo, mas não apenas dele.


Ao buscarmos definições mais precisas sobre flexibilidade, precisamos entender
que ela não depende unicamente do músculo. A amplitude de movimento, envolve
basicamente dois componentes, a elasticidade muscular e a mobilidade articular,
assim, cada atividade realizada impõe uma exigência a articulação que influenciam
essa mobilidade e consequentemente dando um maior grau de flexibilidade somado
a musculatura.

Figura 3 – Exigência de flexibilidade do goleiro ao alcançar a bola


Fonte: Getty Images

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Mas na prática, onde utilizamos a flexibilidade? Praticamente todos os nossos
movimentos envolvem algum tipo de flexibilidade, seja de forma dinâmica ou de
forma estática.

Quando vemos um atleta realizar algum movimento amplo com um saque no


vôlei, ou um tenista que busca um bola mais distante, ou mesmo um jogador de
futebol que faz aquele lançamento longo, todos eles utilizaram a flexibilidade da
sua musculatura, para realizar o movimento, sem essa flexibilidade o movimento
poderia não ter amplitude suficiente para eficiência do movimento.

E lá vai mais uma dica em relação a flexibilidade, você sabia que é altamente reco-
mendável desenvolver a flexibilidade, antes de desenvolver força? Isso mesmo, mas
cuidado com essa afirmação. Quando falamos em desenvolver flexibilidade antes
de desenvolver força, significa que temos é importante desenvolver a amplitude de
movimento articular, pois assim, você tem o desenvolvimento de uma técnica cor-
reta, consequentemente um melhor desenvolvimento do trabalho de forca.

Mas em alguns casos, não devemos trabalhar os dois ao mesmo tempo, algumas
linha de estudo, não recomendam realizar alongamento antes do trabalho de força,
ou seja, aquele alongamento que você faz, quando entra na academia, não é reco-
mendado, pois em geral, irá trazer piores resultados.

Então o que é importante lembrar, treino de força deve ser realizado em um


momento e o treino de flexibilidade em outro. Tudo bem se realizar os dois juntos?
Sem problemas, mas talvez os resultados do treino de força não sejam satisfatórios.

Essa questão envolve o fato de as fibras musculares sofrerem um estiramento no


momento do alongamento, sendo que logo após, o treino de força acabaria fazendo
justamente o contrário, a contração da musculatura em alguns casos atrapalharia os
resultados do treino de força.

Contudo, fique tranquilo, isso não será um grande problema na sua atuação, é
importante sempre lembrar os princípios do treinamento, respeitando a individuali-
dade biológica. Então, foca no treino de flexibilidade, importante para musculatura
e para amplitude articular.

A literatura ainda não tem uma definição em relação ao treino concorrente, ou seja, treinar
flexibilidade e força na mesma sessão. Pesquise sobre os dois treinos para entender melhor
essa questão.

Equilíbrio
A capacidade de equilíbrio faz parte da capacidade do indivíduo de controlar sua
própria estabilidade, de tal maneira que o individuo consiga uma igualdade entre
suas forças para achar o ponto de equilíbrio. O equilíbrio tem uma forte relação com

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

o centro de massa corporal, pois é por meio de diversas ações musculares, que orga-
nizamos nosso centro de massa, de maneira que passamos a ter equilíbrio.

Ao andar numa slackline, por exemplo, você está o tempo todo tentando orga-
nizar seu centro de massa para manter o equilíbrio, tudo isso ocorre por meio das
ações musculares que você realiza.

Figura 4 – Abaixar centro de gravidade


Fonte: Getty Images

Assim, uma tendência natural do ser humano é aumentar a estabilidade dos


movimentos, para ter o máximo de equilíbrio, ou seja, quando você está no slackline,
além de movimentar os braços para tentar se equilibrar, você também pode abaixar
seu centro de gravidade se abaixando, assim, você conseguirá voltar a linha base e
manter o equilíbrio.

O equilíbrio também é um componente importante, quando consideramos a


autonomia, por exemplo, de idosos, o índice de quedas nesse grupo é muito elevado,
e esse componente da aptidão funcional é importante para manutenção da indepen-
dência funcional.

Como já dissemos equilibrar é um fator fundamental, que envolve a ação mus-


cular em busca de estabilizar o movimento, seja em posição estática ou reagindo a
distúrbios externos. Além disso, o equilíbrio possui duas divisões básicas, o equilíbrio
estático e o equilíbrio dinâmico.

O equilíbrio estático é a capacidade de manter o centro de gravidade dentro da


base de apoio estando em pé ou sentado.

O equilíbrio dinâmico é a capacidade de manter o equilíbrio da posição vertical


enquanto o centro de gravidade e a base de suporte estão se movimentando, princi-
palmente considerando que o centro de gravidade está sempre se deslocando da base
de suporte, gerando instabilidade.

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Assim, o equilíbrio é sempre buscar um modo que centro de gravidade esteja no
centro da base de apoio, se olharmos a Figura 4, o centro de gravidade está localizado
no centro do abdômen e a base de apoio são os pés, portanto, quando mais centrali-
zado o centro de gravidade, maior será o equilíbrio.

Equilíbrio dinâmico é o básico para se manter ereto, seja de pé ou sentado. Equilíbrio


dinâmico é a forma de buscar sempre trazer o centro de gravidade para o meio das
bases de suporte, mesmo quando está em movimento.

Em Síntese
Na primeira unidade, contextualizamos um pouco sobre as principais capacidades físicas
do ser humano e como cada uma delas é importante, tanto para atividades diárias,
quando para atividades esportivas.
É importante lembrar que o condicionamento físico, entende todas as capacidades de
forma complementar, ou seja, cada uma delas compõem uma combinação de funciona-
mento, onde você como professor precisa entender que uma depende da outra para que
ocorra efetividade naquilo que está sendo feito.
Não possível desenvolver a capacidade Equilíbrio sem entender a importância da
Flexibilidade, ou mesmo, desenvolver a Força, sem entender as necessidades musculares
e como o condicionamento cardiovascular é importante para nutrir a musculatura que
precisa de nutrientes para ter hipertrofia ou ganho de força.
Tudo está interligado na necessidade de trabalhar essas capacidades e o condiciona-
mento físico, está relacionado em como trabalhar da uma, para atender as necessidades
de trabalho para obter um condicionamento físico adequado.
Todos os fatores que citamos aqui, ainda possuem um importante componente, a gené-
tica, quando falamos em desempenho, não há substituto para herança genética atlética
para um indivíduo, genética também desempenha um papel, papel importante na
determinação do nível de desempenho que pode ser alcançado, porém herança genética
atlética é importante para nível mundial, não serve para os restos dos mortais. Se o treino
for bem planeja, qualquer indivíduo tirará benefício do treinamento. Mas é importante
sempre considerar esse importante fator, quando pensarmos em condicionamento físico.
No próximo modulo vamos aprofundar um pouco mais cada um dos tópicos vistos até agora.
Aproveite as sugestões de leitura de livros e artigos científicos para entender melhor o
assunto. No próximo modulo vamos detalhar a sobrecarga e como deve ser usada, espe-
cificidade, reversibilidade, motivação, influência do gênero, além do condicionamento
físico inicial e quais as influências da genética.

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UNIDADE Entendendo o Condicionamento Físico

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Treinamento Corporal Humano: Fundamentos para a Prática de Exercícios e de Esportes
PEREZ, A. J. Treinamento Corporal Humano: Fundamentos Para a Prática de
Exercícios e de Esportes. Editora Appris, 2018.

Leitura
A Velocidade de Contração Muscular Lenta e a Hipertrofia Muscular
OLIVEIRA, A. S. de. A Velocidade De Contração Muscular Lenta e a Hipertrofia
Muscular. Revista Ágora: R. Divulg. Cient., v. 16, n. 2, p. 143–153, 2009.
https://bit.ly/2WwxD12
Treinamento com Pesos, Velocidade de Movimento e Desempenho Muscular: Uma Revisão Sistemática
CECCATO, M. et al. Treinamento com pesos, velocidade de movimento e
desempenho muscular: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Atividade
Física & Saúde, v. 18, n. 5, p. 536–545, 30 set. 2013.
https://bit.ly/2LuOafE

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Referências
BOMPA, T.; CORNACCCHIA, L. Treinamento de Força Consciente. São Paulo:
Phorte, 2000.

CAMPOS, M. de A. Biomecânica da Musculação. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

CECCATO, M. et al. Treinamento com pesos, velocidade de movimento e desempenho


muscular: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde,
v. 18, n. 5, p. 536–545, 30 set. 2013.

CORRÊA, S. C. Fundamentos da Biomecânica. [s.l.] Editora Mackenzie, 2014.

CORVINO, R. B. et al. Taxa de desenvolvimento de força em diferentes velocidades


de contrações musculares. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 15, n. 6,
p. 428–431, 2009.

FARINATTI, P. de T. V. Flexibilidade e Esporte: Uma Revisão da Literatura. Revista


Paulista de Educação Física, v. 14, n. 1, p. 85–96, 2000.

FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular.


Porto Alegre: Artmed Editora, 2017.

HEYWARD, V. H.; GIBSON, A. L. Advanced fitness assessment & exercise


prescription. [s.l: s.n.]. v. 35.

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