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Princípios do Treinamento Físico

Introdução
A prática de atividades físicas vem crescendo a cada dia e tornando-se parte do cotidiano
de muitas pessoas. Além de melhorar o condicionamento físico e proporcionar uma boa estética
para o corpo, também faz com que a taxa de riscos de algumas doenças como depressão,
diabetes e colesterol diminuam. Porém para se atingir os objetivos almejados é importante seguir
os Princípios do Treinamento Desportivo (PTD), que devem ser utilizados tanto nos praticantes
corriqueiros de atividades físicas quanto nos atletas de alto rendimento, para que o treino seja
elaborado de uma forma que reflita as necessidades do indivíduo e que evite ao máximo os
efeitos indesejáveis como lesões musculares, overtraining (fazer mais exercícios do que o seu
corpo é capaz de se recuperar), entre outros.

Avaliação física: o início seguro


A avaliação física é um importante processo na prescrição de exercícios físicos e deve ser
feita antes, durante e após o treinamento. Para Kiss apud Schmidt (2010) no início a avaliação
física tem a função diagnóstica da condição física do indivíduo, durante o treinamento tem a
função formativa, ou seja, acompanhamento do treinamento a médio e longo prazo e, após o
treinamento tem a função somativa, ou em outras palavras, verificar se os objetivos previstos
foram alcançados.
O primeiro instrumento a ser obrigatoriamente utilizado antes do início do processo de
avaliação da aptidão da avaliação física é a anamnese. Para Pitanga (2008) a anamnese serve
para que o profissional tenha conhecimento de diversos fatores e detalhes da vida do indivíduo,
que podem interferir nos testes de aptidão física e/ou prática de exercícios físicos. Nela consta
diversas perguntas que proporcionarão informações importantes para o profissional que irá
executar o processo de avaliação da aptidão física.
A antropometria é o procedimento utilizado para medir o tamanho, as dimensões e as
proporções do corpo humano (QUEIROGA, 2005). Segundo Marins & Giannichi (2003) a
antropometria representa um importante recurso de assessoramento para uma analise completa
de um indivíduo, seja ele atleta ou não, pois oferece informações ligadas ao crescimento,
desenvolvimento e envelhecimento, sendo por isso crucial na avaliação do estado físico e no
controle de diversas variáveis que estão envolvidas durante uma prescrição de treinamento. Para
Shmidt (2010) as medidas antropométricas mais utilizadas pelos profissionais de educação física
estão a estatura, comprimentos (de membros), massa corporal (peso), perímetros
(circunferências), diâmetros ósseos, bem como, medidas da espessura das dobras cutâneas (vai
indicar o percentual de gordura do indivíduo).
Princípios do Treinamento Físico/Desportivo
Diversos autores apresentam opiniões diferentes em relação aos PTD, mas os principais
são: princípio da individualidade biológica, princípio da adaptação, princípio da
sobrecarga (progressiva), princípio da especificidade, princípio da continuidade, princípio
da interdependência volume-intensidade, princípio da reversibilidade.
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O princípio da individualidade biológica pressupõe que, por sermos seres
biologicamente diferentes, o treinamento deve obedecer às características e necessidades
individuais para que os exercícios tenham melhores resultados. Para Dantas (2003) o indivíduo
deve ser considerado como a junção do genótipo (carga genética) e do fenótipo (interferência do
meio, acrescida, somada ao indivíduo), dando origem ao somatório das especificidades que o
caracterizarão. O professor tem que verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de
seu atleta para que os pontos fortes sejam potencializados e os pontos fracos sejam corrigidos
para que o treinamento tenha um real desenvolvimento.
O princípio da adaptação é outro princípio extremamente importante no treinamento
desportivo. De acordo com Weineck (1991) a adaptação é a lei mais universal e importante da
vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase
todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos
órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e
esportivas. O indivíduo possui um estado de equilíbrio denominado homeostase e toda vez que
um exercício físico é realizado, ocorre um estresse fisiológico e psicológico ao organismo. Esse
estresse é necessário para a quebra da homeostase a fim de gerar uma otimizada no
condicionamento físico. Dependendo da intensidade do estresse aplicado, a resposta do
organismo pode variar entre a manutenção do estado de homeostase (quando o exercício é de
baixa intensidade) e a ocorrência de lesões (quando a intensidade é acima do limite).
O princípio da sobrecarga (progressiva) baseia-se em após a aplicação de uma
sobrecarga, o organismo necessita repor novamente a energia utilizada e reconstituir as
estruturas desgastadas, para que na aplicação das sobrecargas posteriores o organismo esteja
pronto para receber um novo estímulo, com intensidade igual ou superior ao anterior aplicado.
Hegedus apud Tubino (1984) diz que os diferentes estímulos produzem diversos desgastes, que
são repostos após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de
adaptação, pois o organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas pelos diversos
desgastes, e ainda preparar-se para uma carga de trabalho mais forte, chamando-se este
fenômeno de assimilação compensatória. Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as
energias perdidas como também são criadas maiores reservas de energia de trabalho. A primeira
fase, isto é, a que recompões as energias perdidas, chama-se período de restauração, o qual
permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo. A segunda fase é chamada
de período de restauração ampliada, após o qual o organismo possuirá uma maior fonte de
energia para novos estímulos.
O princípio da especificidade está baseado na própria especificidade, ou seja, você
deve treinar aquilo que quer melhorar. O treinamento deve ser montado sobre os requisitos
específicos da performance desportiva, em termos de: qualidades físicas intervenientes,
proporcionalidade entre os sistemas energéticos participantes; segmento corporal utilizado e
coordenações psicomotoras empregadas (Dantas, 2003).
Para Tubino (1984) O princípio da continuidade compreenderá sempre no
treinamento em curso uma sistematização de trabalho que não permita uma quebra de
continuidade, isto é, que o mesmo apresente uma intervenção compacta de todas as
variáveis interatuantes. Ou seja, para se alcançar o objetivo o treinamento não poderá ser
interrompido.
O princípio da Interdependência volume-intensidade baseia-se na relação volume e
intensidade. Eles são inversamente proporcionais. Por exemplo, quando se eleva o volume se
reduz a intensidade. De acordo com Dantas (1998) podemos realizar uma sobrecarga no volume
através da quilometragem percorrida, do número de repetições de um exercício, da duração do
trabalho e do número de séries de exercícios. Já a sobrecarga na intensidade dar-se-á através
do peso utilizado, da velocidade, do ritmo, da redução dos intervalos e da amplitude do
movimento. Por questões de segurança dá-se prioridade ao volume nas primeiras modificações
do treino e só depois eleva-se a intensidade.
O princípio da reversibilidade aplicado à atividade física, afirma que interromper ou
reduzir de maneira significativa o treino, leva a uma perda parcial ou total do desempenho físico
ou desportivo anteriormente demonstrado. Este princípio é a última fase na hierarquia da
sequência temporal de adaptação, onde, no caso da falta de estímulo, ocorre
a reversibilidade do processo.

Conclusão
Na atualidade, cresce mais o número de praticantes de exercícios que treinam por conta
própria nas academias ou em suas próprias residências. Isto é causado pela facilidade de acesso
a algumas informações sobre treinamento adquiridas pela própria internet, revistas, vídeos ou
pela vivência nas academias.
A prática de atividade física é sempre importante para se ter uma boa qualidade de vida,
mas feita de forma errada, pode trazer riscos de lesões.
As lesões podem ocorrer por gestos motores realizados incorretamente, onde as posturas
incorretas colocam a coluna vertebral e as articulações em descompensação de cargas, riscos
de lesões articulares e desvios posturais, levando o corpo à fadiga muscular e mental, causando
muitas vezes excessos de treinamento, o conhecido over training.
Para que um programa de exercício físico seja bem elaborado é fundamental que o Professor
de Educação Física tenha o conhecimento dos PDT, para que o treino seja previamente
estabelecido e individualizado de acordo com a necessidade e capacidade de cada indivíduo,
com o objetivo de atingir o máximo desempenho em exercício e proteção do organismo contra
excessos prejudiciais, como as lesões.

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