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Com o passar do treinamento – uma semana, duas semanas, um mês, três meses
Adaptaçõe –, surgem mudanças corporais como hipertrofia, aumento do ventrículo esquerdo,
s crônicas aumento da capacidade cardiorrespiratória etc. Chamamos essas mudanças de
adaptações crônicas (FLECK; KRAEMER, 2014).
A seguir, você compreenderá como ocorrem esses processos e descobrirá, ainda, qual o passo a passo
para controlar cada adaptação. Acompanhe!
Na sequência, verificamos outros exemplos dos principais sistemas de controle biológico acionados
durante o exercício. No quadro, à esquerda, você verá os efeitos de cada sistema de controle
mencionado, estando presentes apenas aqueles que possuem uma ação direta com o exercício, como o
aumento do metabolismo, a diminuição da glicose, o aumento da ventilação pulmonar, aumento da
frequência cardíaca, aumento da sudorese, diminuição da resistência vascular e o aumento da
reabsorção de água pelos rins. Na coluna do meio, é possível verificar qual será o estímulo e o seu órgão
efetor que desencadeará a ação. Por fim, à direita, é apresentada sua função dentro da resposta ao
exercício e/ou ao treinamento.
Quadro 1 - Sistemas de controle biológico mais importantes durante o exercício.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
Cada um desses exemplos demonstra um sistema de retroalimentação, o que significa que há uma
maneira de controlar os estímulos positiva ou negativamente. Para entender de maneira mais simples,
quando uma concentração de um determinado estímulo estiver muito alta, o organismo tende a criar
situações para baixá-la; e quando a concentração estiver muito baixa, o organismo cria situações para
aumentá-la, buscando, assim, sempre o equilíbrio homeostático.
[...] é uma molécula de alta energia produzida pelo organismo, presente em todas as células,
que consiste em uma molécula de adenosina (adenina) unida a uma molécula de
nucleosídeo (ribose) e a três radicais fosfato (composto de fósforo unidos a oxigênios),
conectados em cadeia, onde a energia é armazenada nas ligações entre os fosfatos. A
quebra de uma molécula do grupo fosfato libera uma grande quantidade de energia,
aproximadamente entre 7,3 e 7,6kcal/mol, reduzindo o ATP a uma molécula de adenosina
difosfato (ADP) e uma molécula de fosfato inorgânico (Pi). A energia livre liberada nessas
reações é responsável pelos processos de contração muscular e pelos estímulos elétricos
neurais que controlam os movimentos corporais e a regulação hormonal.
Assim, tanto no repouso ou em qualquer outra atividade produzida por meio de movimentos, tem-se uma
liberação de energia pela quebra de moléculas de ATP utilizadas para a realização dessas práticas.
1.4 Bioenergética
A ciência que estuda como a energia é convertida de uma forma a outra em seres vivos é denominada
bioenergética. Para a fisiologia do exercício, é fundamental o estudo dessa ciência para entendermos
como a energia química é processada para a disposição do organismo ao movimento. A seguir, clique e
conheça as principais leis desta ciência:
Primeira lei
Segunda lei
A segunda lei da bioenergética nos ajuda a compreender o
porquê ou em qual direção ocorreu a reação química e, dessa
forma, o quanto de energia química foi liberada. Na reação
química que quebra o ATP, ocorre a liberação de energia que é
utilizada pelos músculos para o movimento. A molécula de ATP
se transforma em ADP e, nessa reação, são liberadas cerca de
14 kcal/mol de ATP hidrolisado em adenosina difosfato, o que
abastece os processos envolvidos no trabalho celular, tais como
a contração muscular.
No esquema a seguir, podemos observar o modelo da molécula de ATP e suas ligações e, na sequência,
o modelo do esquema da quebra do ATP.
ATP = ADENOSINA – ENERGIA – Pi – ENERGIA – Pi – ENERGIA – Pi
Na liberação de energia, ocorre a seguinte reação:
(ATP) ADENOSINA – Pi – Pi – Pi / ação da enzima ATPase / Quebra de uma ligação de Pi
A molécula fica, então, da seguinte maneira:
(ADP) ADENOSINA – Pi – Pi + ENERGIA – Pi
Quando há uma ingestão excessiva de alimentos, as células não aumentam os seus estoques de ATP
proporcionalmente a essa alimentação, uma vez que elas não possuem espaço suficiente para acumular
ATP. Sendo assim, o excesso de moléculas de glicose é utilizado para formar um outro substrato
energético: o glicogênio. Havendo uma quantidade ainda maior de alimento, esse excesso também pode
ser direcionado para a formação de ácidos graxos (gordura). Portanto, glicogênio e ácidos graxos são
estoques de substratos ricos em energia que o organismo forma para ter à disposição quando em
situações nas quais a demanda por energia durante o exercício aumente.
• Sistema glicolítico
A glicose oriunda do excesso de nutrientes é armazenada no músculo e no fígado. A esse substrato
damos o nome de glicogênio, e recorremos a ele para fornecer mais energia ao movimento. Navegue no
recurso a seguir e conheça mais sobre o glicogêncio e o sistema glicolitico:
É o caso, por exemplo, de provas de 400 e 800 metros e também de provas de 50 e 100
metros na natação, além de muitas vezes, ainda, atividades mistas como os esportes
coletivos de alto nível. Essas atividades – denominadas atividades anaeróbias – dependem
maciçamente do sistema fosfagênio e da glicólise anaeróbia.
Finalmente, cumpre destacar que temos dois tipos de atividades anaeróbias: as aláticas e as
láticas. A primeira ocorre como descrito no sistema fosfagênio, no ponto anterior; e as
láticas são as descritas aqui no sistema glicolítico.
Elas são láticas porque produzem resíduos dessa reação – como o lactato –, que
armazenam energia para o processo continuar no próximo sistema: o aeróbio.
• Sistema aeróbio
Ao passo em que a intensidade do exercício diminui e a duração é prolongada, diminui-se a dependência
que vem dos fosfagênios intramusculares e da glicólise anaeróbica e a produção aeróbia de ATP, por seu
turno, torna-se cada vez mais importante. A partir da quebra incompleta da glicose, o sistema glicolítico
fornece um substrato que conhecemos como piruvato. Esse substrato adentra a mitocôndria
começando, assim, o processo que conhecemos como Ciclo de Krebs. O sistema aeróbio é
particularmente adequado para a produção de ATP durante o exercício prolongado tipo resistência
(endurance), portanto, para que tenhamos energia suficiente para suportar atividades muitas vezes de
algumas horas, dependemos de todas as vias metabólicas funcionando tanto no sentido da quebra das
moléculas para fornecer energia quanto na ressíntese para promover a continuação do fornecimento de
energia.
Figura 2 - Em jogo coletivo como o futebol, as fontes energéticas predominantes mudam a todo
momento, e todas trabalham de uma forma integrada para o fornecimento de energia.
Fonte: Natursports, Shutterstock, 2019.
Desse modo, durante um jogo de futebol, por exemplo, existe o predomínio de diferentes vias
metabólicas. O grande desafio é justamente em atividades mistas como essa e em outros esportes
coletivos, tendo o corpo de se adaptar criando um aporte energético necessário para que se mantenha
em alto nível durante o exercício.
VOCÊ QUER LER?
Uma das principais fontes de conteúdo técnico e científico para fisiologistas de
todo o mundo é o site do American College of Sports Medicine. Sobre o tema das
vias metabólicas, o artigo “Modelos de progressão no treinamento de resistência”,
de Kraemer et al., publicado originalmente no site, traz pontos importantes a
respeito da progressão nos treinamentos e seus conceitos. A leitura do artigo
traduzido está disponível em: <https://www.cdof.com.br/acsm5.htm
(https://www.cdof.com.br/acsm5.htm)>. Confira!
Anteriormente, vimos que a ingestão de alimentos pode fornecer energia química. Mas quais são os
nutrientes que estão incluídos nesses alimentos e que nos fornecem energia? Vejamos na sequência!
Glicose
Os principais lipídeos, por sua vez, são aqueles que chamamos de glicerol.
Aminoácidos
Esses principais nutrientes são responsáveis por diversas funções tanto no catabolismo quanto no
anabolismo. Eles também são utilizados de forma diferente dependendo da intensidade do exercício: em
atividades mais intensas, irá ocorrer uma utilização mais rápida e disponível da glicose fornecida mais
rapidamente pelos carboidratos; em uma atividade física prolongada, será necessária a reserva
energética oferecida pelas gorduras na forma de glicerol; as proteínas, finalmente, serão melhor
aproveitadas na ressíntese proteica com a utilização dos aminoácidos para reconstrução dos músculos.
Observemos, agora, o quadro a seguir, no qual podemos verificar o que um homem de 80 quilogramas e
uma mulher de 60 quilogramas gastariam para cada 30 minutos de diferentes atividades físicas
relacionadas ao esporte. Nesse caso, não foi considerado o percentual de massa magra dos indivíduos.
Quadro 2 - Gasto energético por atividade física e gênero. É possível observar que o gasto energético de
mulheres é menor que o de homens.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
No dia a dia, como vimos, também executamos diversas atividades que possuem, muitas vezes, um bom
gasto energético e que, se executadas várias vezes ao dia e por um período de tempo grande, podem
fazer diferença para o balanço energético. Por isso, é importante não só praticar atividades físicas, como
também ter um estilo de vida ativo, executando atividades com gasto energético ao longo do dia.
Observe, no quadro a seguir, os gastos energéticos relacionados às atividades do dia a dia com base nas
mesmas características especificadas no quadro anterior: um homem de 80 quilogramas e uma mulher
de 60 quilogramas.
Quadro 3 - Em atividades diárias, também há gastos que fazem diferença para o balanço energético.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
Agora, já temos duas informações importantes para o cálculo do gasto calórico total de um indivíduo: já
sabemos como calcular o gasto da taxa metabólica basal e temos uma referência de diferentes
atividades físicas e a proporção por tempo de exercício. Assim, só precisamos saber qual atividade
física e por quanto tempo o indivíduo a praticou, sendo possível, então, fazermos o cálculo do gasto
energético total (GET).
Anteriormente, para o indivíduo de nosso exemplo, vimos que ele possui uma TMB de 1839,37 calorias,
em repouso. Mas caso ele praticasse corrida, como ficaria o seu gasto energético total?
CASO
Imagine, por exemplo, um indivíduo chamado Pedro, do sexo masculino, de 80
quilogramas de massa corpórea, 1,75 de altura, 35 anos. Pedro pratica corrida
três vezes na semana, e a cada dia de treinamento, corre 45 minutos. Com
base nisso, podemos calcular o gasto energético total de um dia de treino de
Pedro. Para o cálculo, iniciamos, como vimos, descobrindo qual a TMB de
Pedro a partir do seguinte cálculo:
Masculino: TMB = 66,5 + (13,75 x peso em kg) + (5,003 x altura em cm) –
(6,755 x idade em anos). Logo, TMB = 66,5 + (13,75 x 80) + (5,003 x 175) -
(6,755 x 30) = 1839,37 calorias.
Agora, observemos que, em relação à corrida, temos o seguinte valor de
referência: 292 quilocalorias de gasto energético a cada 30 minutos. Contudo,
como Pedro pratica 45 minutos de corrida por dia de treinamento, e não 40,
para calcularmos as calorias totais de sua atividade, precisamos utilizar uma
regra de três. Assim, se em 30 minutos Pedro gasta 292 quilocalorias, em 45
minutos, Pedro gasta X:
X = 292 x 45 / 30 = 438 calorias.
Assim, obtivemos o gasto de Pedro na atividade. Para saber qual o GET, é só
somar esse valor ao cálculo da TMB:
GET = 1839,37 + 438,00 = 2.277,37 calorias no dia que pratica o treinamento
de corrida.
Para prescrever uma nutrição e identificar casos em que o indivíduo tem de alterar sua
composição corporal, é imprescindível sabermos dessas taxas. Quando desejar emagrecer, por
exemplo, o indivíduo terá de consumir menos do que gasta. Já para manter o peso, precisará ter
uma ingestão equilibrada entre gasto e consumo. Finalmente, caso o sujeito necessite aumentar
seu peso, terá de ingerir mais calorias do que normalmente gasta.
Ergometria
Em relação à ergometria, ela diz respeito a uma maneira de medir o trabalho realizado pela
atividade física. Primeiramente, podemos definir trabalho como a força multiplicada pela distância
(trabalho = força x distância). Além disso, normalmente costuma-se medir, também, a potência,
termo utilizado para descrever a quantidade de trabalho realizado dividido por unidade de tempo
(potência = trabalho / tempo).
O conceito de potência é importante para entendermos a relação do trabalho com a velocidade com que
está sendo realizado. Dependendo de cada atividade física, podemos utilizar um ergômetro, isto é, um
aparelho ou dispositivo empregado para mensurar um tipo de trabalho específico. Se precisarmos medir
o gasto energético durante uma corrida, usamos a corrida em esteira, em campo, ou podemos verificar o
gasto em uma bicicleta ergométrica ou até mesmo em tanques para natação. A especificidade é
importante, mas não são em todas as atividades que temos testes adequados para essa medição. Para
isso, usamos protocolos de testes padrões que podem ser aplicados na grande maioria das pessoas
para poder, assim, comparar e/ou acompanhar os resultados.
VOCÊ QUER VER?
Testes ergométricos podem ser realizados de diversas maneiras, até mesmo em
academias ou em laboratórios superavançados. Atualmente, a ergometria está
muito mais acessível do que antigamente. É evidente que testes mais precisos e
específicos ainda estão restritos aos laboratórios, mas hoje podemos conseguir
informações muito importantes para o treinamento com testes mais simples.
Acompanhe uma entrevista com o médico Marconi Gomes, realizada pelo jornal
Bom Dia Minas, que trata da importância dos testes ergométricos antes de
atividades físicas: <https://globoplay.globo.com/v/5965067/
(https://globoplay.globo.com/v/5965067/)>.
As avaliações ergométricas são importantes por vários motivos. O primeiro é para definir limites, ou seja,
por meio de testes desse tipo, podemos determinar o limiar anaeróbio e/ou aeróbio daquele
indivíduo/atleta. Mas o que significa isso? O limiar será o ponto máximo de mudança do predomínio de
uma via energética sobre a outra. As vias metabólicas de energia estão trabalhando simultaneamente a
todo momento, mas dependendo da intensidade do exercício, teremos o predomínio de uma sobre a
outra. Sendo assim, cada indivíduo possui, dependendo do seu nível de condicionamento físico, um
ponto em que usará mais uma via do que outra. A esse ponto chamamos de limiar, e encontrá-lo é de
grande valia para prescrever de maneira assertiva o exercício.
VOCÊ O CONHECE?
Turíbio Leite de Barros, graduado em biomedicina e mestre e doutor em Ciências
Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo, foi membro do American
College of Sports Medicine, professor da Universidade Federal de São Paulo,
coordenador do Departamento de Fisiologia do Esporte Clube Pinheiros e consultor
na área de fisiologia para empresas voltadas para o segmento esportivo e
suplementação nutricional para atletas. Turíbio mudou o conceito de fisiologista,
fazendo o profissional ser peça fundamental das equipes de alto nível. Tornou-se
muito conhecido, ainda, em equipes como São Paulo FC, onde ficou por 25 anos e
transformou muitos conceitos da fisiologia esportiva.
Síntese
Nesta unidade, você pôde compreender como e de que maneira a fisiologia do exercício é importante
para conhecer as reações e funções do organismo, as diferenças entre o antes, o durante e o pós-
exercício, as suas reações e como utilizar esses conhecimentos para prescrição e acompanhamento de
um programa de treinamento.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Bibliografia
ANDRADE, M. Fisiologia do exercício. 1. ed. Barueri: Manole, 2016.
CURI, P. T. Fisiologia do exercício. São Paulo: Guanabara Koogan, 2014.
FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fisiologia do exercício: teoria e prática. São Paulo: Guanabara Koogan,
2014.
FUNDAÇÃO VALE. Fisiologia do exercício. Brasília: Fundação Vale, UNESCO, 2013.
HOWLEY, E. T.; POWERS, S. K. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao
desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.
IDE, B. N. Fisiologia do treinamento esportivo: treinamento de força, potência, velocidade e resistência,
periodização e habilidades psicológicas no treinamento esportivo. São Paulo: Phorte, 2010.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. H.; COSTILL, D. Fisiologia do esporte e do exercício. Barueri: Manole, 2013.
KRAEMER, W. J. et al. Modelo de progressão no treinamento de resistência. CDOF, Belo Horizonte, 25
jan. 2013. Disponível em: <https://www.cdof.com.br/acsm5.htm (ttps://www.cdof.com.br/acsm5.htm)>.
Acesso em: 01 ago. 2019.
MCARDLE, W. D. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed. São Paulo:
Guanabara Koogan, 2016.
ROBERGS, R. A. Princípios fundamentais de fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde.
São Paulo: Phorte Editora, 2002.
ROLAND, T. Fisiologia do exercício na criança. 1. ed. Barueri: Manole, 2015.