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Fundamentos em prescrição
de exercícios ísicos
Marcos Doederlein Polito
Juliano Casonatto
Princípio da adaptação
Uma das características básicas para que um determinado ser vivo
não seja extinto é a capacidade de adaptar-se a uma nova condição de
vida. Essa característica tem garantido a existência das várias espécies
de vida que habitam o planeta ao longo do tempo e em di erentes am-
bientes. Nessa condição, o ser humano tem conseguido permanecer
no planeta devido a sua capacidade de adaptação.
Na biologia, entende-se “adaptação” undamentalmente como
uma reorganização orgânica e uncional do organismo, diante de
exigências internas e externas. Ela ocorre constantemente e está di-
recionada à melhor realização das tare as que a induz, representando
a condição interna de uma capacidade melhorada de uncionamento,
existindo em todos os níveis hierárquicos do corpo. Dessa orma, essa
capacidade se relaciona à evolução da espécie, sendo uma característi-
ca importante da vida2.
No caso do treinamento ísico, a exigência externa do exercício
promove a necessidade de alguns ajustes siológicos, os quais alguns
autores denominam de síndrome da adaptação geral3. ratam-se de
modi cações dependentes de variáveis de volume e intensidade do
treinamento, ou seja, podem reduzir, manter ou aumentar dependen-
do do modelo de treino realizado.
Princípio da especifcidade
As vias energéticas, os sistemas enzimáticos, os tipos de bras
musculares e as respostas neuromusculares se adaptam especi camen-
te ao modelo de treinamento ao qual eles estão submetidos. Ou seja, se
um indivíduo é submetido especi camente a um treinamento de orça
ele terá um pequeno e eito na resistência cardiorrespiratória. Inversa-
mente, o treinamento especí co para a resistência cardiorrespiratória
exerce pouco e eito na orça.
Nesse sentido, o princípio da especi cidade se caracteriza pelo ato
de que o exercício ísico deve ser prescrito com base nos requisitos es-
pecí cos do desempenho, em termos de qualidade ísica intervenien-
te, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordena-
ções psicomotoras utilizadas4.
Diante dessas questões, cabe salientar que programas de treina-
mento mais e etivos do ponto de vista global do desenvolvimento
siológico devem conter uma variedade de exercícios que estejam
relacionados ao aprimoramento das diversas capacidades ísicas (ae-
róbica, anaeróbica, velocidade, orça, exibilidade) e que envolvam
todos os grandes grupos musculares para que seja evitado um possível
desequilíbrio no desenvolvimento siológico regional.
4 Pollock: fsiologia clínica do exercício
Princípio da reversibilidade
O exercício regular é necessário para que a adaptação ocorrida em
um programa de treinamento seja mantida. Sem a manutenção das
repetidas sessões de exercício, as adaptações decorrentes são perdidas
progressivamente, de orma que a capacidade ísica retorna aos níveis
pré-treinamento.
Enquanto períodos de repouso são necessários para que haja as
adaptações positivas da supercompensação, por outro lado, intervalos
extensos sem a aplicação de estímulos (exercício) reduzem o desem-
penho. O e eito siológico do treinamento ísico é reduzido gradativa-
mente com o passar do tempo. Isso acontece porque o músculo esque-
lético é caracterizado pela capacidade de se adaptar dinamicamente a
variados níveis de demandas uncionais.
Alguns aspectos siológicos decorrentes da inatividade ísica estão
ligados diretamente ao princípio da reversibilidade, como a redução
da densidade capilar e da di erença arteriovenosa de oxigênio que
ocorrem já nas primeiras semanas de inatividade ísica, além de uma
rápida redução na atividade de enzimas oxidativas que diminuem a
produção mitocondrial de A P7.
AVALIAÇÕES PRÉ-EXERCÍCIO
Para que seja possível uma prescrição de exercício mais e etiva e que
gere melhores adaptações siológicas e, por consequência, aumento da
aptidão ísica, é importante que os valores de capacidades ísicas rela-
cionadas às condições de saúde, como a resistência cardiorrespiratória,
orça/resistência muscular e exibilidade sejam conhecidas. No entanto,
antes da realização de qualquer teste que tenha por m identi car os
níveis de aptidão ísica, assim como antes do envolvimento em progra-
mas de exercício ísico é undamental que seja veri cada a existência
de contraindicações para a realização de es orços ísicos mais intensos.
Vale destacar que os procedimentos pré-participação em progra-
mas de exercícios ísicos devem ser validados e apresentar uma rela-
ção custo-bene ício adequada à condição. Dessa orma, os recursos
para avaliação do risco para participação de programas de exercícios e
testes de es orço vão desde questionários autoadministrados até testes
laboratoriais so sticados.
O PAR-Q – Physical Activity Readiness Questionnaire23 – que possui
uma versão em língua portuguesa, oi desenvolvido pelo ministério da
saúde do Canadá para indivíduos entre 15 e 69 anos de idade e tem
por nalidade identi car a presença de risco para a prática de exercícios
ísicos. Assim, dentre outras questões, o PAR-Q interroga sobre o uso
de medicamentos que poderiam a etar a resposta do indivíduo ao exer-
8 Pollock: fsiologia clínica do exercício
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