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ASPECTOS SOCIOCULTURAIS

DO ENVELHECIMENTO
AULA 3

Profª Tatiane Calve


CONVERSA INICIAL

Como sabemos, o avanço da medicina e as pesquisas sobre o processo


de envelhecimento proporcionaram um aumento da longevidade saudável do
indivíduo.
Já é sabido que o exercício físico é benéfico em todas as idades, sendo
aplicado com funções e adaptações diferentes, dependendo das especificidades
da faixa etária e objetivos de cada indivíduo. Na terceira idade, a prática regular
de exercícios físicos é responsável pela manutenção da saúde física e mental,
ampliando a independência funcional e socialização do indivíduo.
Nesta aula, iremos abordar os conceitos de atividade física e exercícios
físicos, além de diferentes tipos de exercícios, indicados para prevenir doenças,
melhorar funcionalidade sistêmica, cognitiva e psicossocial.
Serão abordadas aqui duas patologias que acometem principalmente os
idosos, que, quanto mais velhos, mais comprometidos ficam, que são a doença
de Parkinson e o Mal de Alzheimer. Vamos dar atenção também às quedas, que
são um grande risco na velhice, decorrentes de déficit sensorial, fraqueza
muscular e patologias osteoarticulares.

TEMA 1 – ATIVIDADE FÍSICA X EXERCÍCIO FÍSICO

Os conceitos de atividade física e exercício físico corriqueiramente são


citados e utilizados como sendo sinônimos. São sinônimos no que diz respeito
aos benefícios à mobilidade e no combate ao sedentarismo em todas as idades,
incluindo a terceira idade. Entretanto, os termos diferem em relação à sistemática
de aplicação.
A atividade física é conceituada por diversos pesquisadores como sendo
qualquer tipo de atividade que o corpo realiza, aumentando o dispêndio de
energia do corpo, diferenciando-se da energia gasta em repouso.
Já o exercício físico, também relacionado com o gasto de energia
corporal, é uma atividade sistemática e planejada a ser realizada.
Mesmo tendo aspectos de planejamento e aplicação diferentes, os dois
conceitos são importantíssimos para que os idosos tenham qualidade de vida e
saúde.
A seguir, esses dois temas serão abordados em suas totalidades de
conceito, objetivos e aplicação.
1.1 Atividade física

A atividade física é considerada como qualquer movimento do corpo que


faça com que o indivíduo saia do estado de repouso, gerando gasto energético
(Caspersen; Powell; Christensen, 1985). Assim, podemos exemplificar como
atividade física a caminhada, a dança, a jardinagem, subir escadas, limpar a
casa, entre tantas outras atividades que permitem movimentar o corpo, gastar
energia e evitar o sedentarismo e a imobilidade corporal.
Para Maciel (2010), a atividade física há anos vem sendo considerada
como fator de proteção para a saúde, relacionada à perda de peso corporal,
prevenção e controle de doenças crônico-degenerativas, ampliando a qualidade
de vida dos indivíduos, no quesito saúde física e metabólica.
Guedes (1996) coloca ainda que a atividade física não deve ser
considerada somente aquela que permite o corpo se manter vivo e realizar
atividades do dia a dia, mas também como um estado vital que permite o
indivíduo participar de atividades de lazer e de emergências sem que tenha
fadiga excessiva.
A atividade física pode ser dividida em dois tipos principais de aptidão:
aptidão física relacionada à saúde (AFRS) e aptidão física relacionada ao
desempenho (AFRD). A AFRS diz respeito a todas as atividades que utilizam os
atributos biológicos, e a AFRD está associada à performance do indivíduo
(Nahas, 2006).
No Quadro 1, serão mencionadas as AFRS e AFRD:

Quadro 1 – Diferenças entre AFRS e AFRD

AFRS AFRD
Força muscular Potência
Resistência muscular localizada Velocidade
Resistência aeróbia Agilidade
Flexibilidade Equilíbrio
Composição corporal (IMC) Coordenação motora
Tempo de reação
Fonte: Elaborado pelo autor.

O American College of Sports Medicine e a OMS recomendam que


adultos realizem em torno de 150 minutos de atividades aeróbias por semana ou
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20 minutos diários e atividades de força muscular pelo menos duas vezes por
semana.
Em se tratando de benefícios à saúde, as atividades físicas não são
benéficas apenas para o metabolismo e o sistema musculoesquelético e
articular, mas também como prevenção de câncer e depressão, redução de
estresse e ansiedade, melhorando a qualidade de vida do indivíduo.
A falta de prática de atividade física regular faz com que aumente a
incidência de quedas e aumente o risco de morte por doenças crônicas em até
30% (OMS). Por isso, é fundamental que as pessoas, independentemente da
idade, sejam ativas.
Para os sedentários que pretendem iniciar a prática regular de atividade
física, o Ministério da Saúde (Atividade..., 2017) oferece quatro dicas
importantes:

• Encontrar um local adequado para a prática de atividade física;


• Começar com uma atividade que não exija alto preparo físico;
• Praticar atividade física perto de casa, o que ajuda na manutenção do
hábito;
• Procurar atividade realizadas por várias pessoas e círculo de amizade ou
familiar.

Principalmente para os idosos, a prática de atividade física, seja ela qual


for, é de grande importância e impacto positivo na qualidade de vida desses
indivíduos.

1.2 Exercício físico

Caspersen, Powell e Christensen (1985) indicam que o que diferencia


atividade física de exercício físico é a estruturação, a repetição e o planejamento
da atividade física, com o objetivo de melhorar e proporcionar a manutenção das
aptidões físicas, sejam relacionadas à saúde ou ao desempenho.
Quando pensamos na aplicação de programas de exercícios físicos, nos
referimos à sistematização do treinamento, com controle de tempo das
atividades, número de repetições, cargas a serem empregadas e o intervalo de
descanso entre séries e sessões. Com o controle das variáveis relacionadas à
prática de exercícios físicos, é possível entender como ocorrem as adaptações
agudas e crônicas frente ao exercício.

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As respostas agudas ao exercício são aquelas que ocorrem
imediatamente até 72 horas após o início do exercício. Já as adaptações
crônicas se caracterizam pelas alterações morfofuncionais, resultantes da
prática sistemática de exercícios físicos.
O exercício físico praticado de maneira correta traz benefícios para os
sistemas cardiorrespiratório, musculoesquelético e articular, assim como ao
sistema imune, endócrino e metabólico, melhorando a funcionalidade orgânica,
funcional e psicossocial do indivíduo.

TEMA 2 – BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS REGULARES


PARA A SAÚDE DO IDOSO

Como já é sabido, até mesmo pelo senso comum, a prática regular de


exercícios físicos proporciona uma série de benefícios ao organismo de qualquer
indivíduo, incluindo o idoso, fazendo a manutenção e/ou a recuperação da saúde
dessa população (Calve, 2016).
O American College of Sports Medicine (ACSM) e a Associação
Americana de Cardiologia recomendam uma combinação de exercícios
aeróbios, resistidos e de flexibilidade. Essa combinação prevê que haja
manutenção dos níveis de funcionalidade do organismo da pessoa idosa,
reduzindo a incidência de doenças crônicas e de aumentar a independência
funcional do indivíduo, tendo em vista que a prática de exercícios físicos
regulares permite ao idoso aumentar a expectativa de vida e, acima de tudo,
melhorar as condições de vida durante o processo de envelhecimento
(Gremeaux, 2012; Nelson et al., 2007).
Além dos benefícios físicos e fisiológicos, o idoso que pratica exercícios
físicos regularmente usufrui de melhora da execução das atividades da vida
diária (AVDs), das atividades instrumentais da vida diária (AIVDs) e também dos
aspectos cognitivos, psicossociais e afetivos do indivíduo.
Os benefícios da prática regular de exercícios são tão grandes que surge
uma categoria de idoso denominada de idoso atleta, o qual é definido como o
indivíduo com mais de 60 anos, praticante de exercícios de alta intensidade
(Ghorayeb; Barros, 2004).
Os idosos atletas são subdivididos em 3 categorias (Ghorayeb; Barros,
2004):

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• Idosos competitivos na juventude – os que, ao chegarem à terceira idade,
continuam treinando de maneira intensa;
• Idosos praticantes de exercícios físicos e esportes desde a juventude –
aqueles que desde a juventude sempre praticaram exercícios físicos e
esportes, mas sem caráter de alto rendimento;
• Idosos não atletas na juventude –idosos que iniciaram o treinamento físico
após a chegada à terceira idade.

Os grupos diferem pela intensidade de exercícios físicos realizados;


porém todos apresentam grande desempenho e alterações estruturais e
funcionais.
A seguir, serão indicados os benefícios da prática regular de exercícios
físicos em relação a alguns aspectos funcionais específicos, como sistema
cardiorrespiratório, musculoesquelético, metabólico e imune, funcionalidade
motora e aspectos psicossociais.

2.1 Exercício físico e sistema cardiorrespiratório

O sistema cardiorrespiratório tem a capacidade de adaptação,


independentemente da idade do indivíduo. Quando o organismo está exposto à
prática regular de exercícios físicos, há melhora na captação e transporte de
oxigênio para as demandas metabólicas, melhorando o retorno venoso.
Além disso, há redução da formação de placas de gordura, minimizando
os riscos de eventos isquêmicos e mortalidade por doenças cardiovasculares.
Para doenças do sistema respiratório (Kerrigan et al., 2003; Santos; Dantas;
Moreira, 2011), a prática de exercícios aeróbios aumenta a capacidade
respiratória.

2.2 Exercício físico e sistema musculoesquelético

Com a prática de exercícios físicos regulares, é possível verificar melhora


na captação de suprimento sanguíneo nos músculos, melhorando a capacidade
de contração muscular e ampliando a flexibilidade muscular e articular.
Os exercícios resistidos proporcionam aumento de massa muscular e,
consequentemente, força muscular, resistência muscular localizada (fibras tipo
I) e de velocidade de contração rápida (tipo II) (Gremeaux, 2012; Peterson et al.,
2010). Essa modalidade aumenta a independência funcional dos idosos.

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Além dos benefícios ao sistema muscular e mobilidade, o exercício físico
praticado regularmente proporciona aumento de deposição de cálcio nos ossos,
evitando a osteoporose, diminuindo os riscos de fraturas, quedas, principalmente
na prática de exercícios com impacto, como exercícios resistidos e caminhada
em piso fixo (Gremeaux, 2012; Howe et al., 2011).

2.3 Exercício físico e sistemas metabólico, endócrino e imune

A prática regular de exercícios físicos proporciona a prevenção e a


manutenção da obesidade e doenças metabólicas crônicas, como diabetes e
hipertensão, além de atuar na homeostase durante o período de recuperação
pós-exercício, o que garante maior gasto energético em repouso, fundamental
para o processo de emagrecimento.
Aumento das concentrações de catecolaminas, alteração do número total
de leucócitos e da distribuição linfocitária e função imunológica também são
associadas à prática regular de exercícios físicos por idosos (Ueno et. al., 2013).

2.4 Exercício físico e funcionalidade motora

A funcionalidade motora é um aspecto muito importante para o idoso, pois


proporciona independência. Segundo Ueno et. al. (2013), no período de repouso
que sucede à realização o exercício físico, o organismo se recupera e há
adaptação crônica deste, fazendo com que o indivíduo melhore suas condições
físicas, se comparadas com os níveis de funcionalidade motora e aptidão antes
da realização do exercício.
Dessa forma, é possível observar ganhos na AFRS e AFRD (Okuma,
1998; Matsudo et. al., 2001) ou seja, aumento de resistência muscular localizada,
força muscular, flexibilidade muscular e articular, resistência cardiorrespiratória,
coordenação motora e de equilíbrio dinâmico e estático.

2.5 Exercício físico e aspectos psicossociais

Com a prática de exercícios físicos regularmente, os benefícios


observados não são somente nos aspectos físico e fisiológico, mas também nos
psicossociais, afetivos e cognitivos.
Estudos indicam que o idoso que pratica exercícios físicos possui melhor
humor, autoestima e é mais sociável (Ueno et. al., 2013), além de apresentar

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diminuição nos sintomas de depressão e ansiedade. Esses benefícios podem
estar associados ao aumento da liberação de alguns neurotransmissores como
noradrenalina e serotonina (Ueno et. al., 2013).

TEMA 3 – EXERCÍCIO FÍSICO E DOENÇA DE ALZHEIMER

Com o aumento da longevidade, é grande o número de idosos que


chegam à velhice avançada, fase em que é mais comum a presença de
demências senis. As demências são alterações neurológicas degenerativas, que
afetam a memória, cognição, percepção espaço temporal e humor de pessoas
acima de 65 anos de idade, podendo alterar a independência e a realização das
AIVDs. Assim, as demências podem afetar ainda os aspectos socioafetivos do
indivíduo.
Em relação à prevalência de demências, a doença de Alzheimer é a mais
comumente encontrada nos idosos acima de 80 anos, sendo que cerca de 50%
dos idosos com essa idade podem apresentar a doença (AID, 2009).
A Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ, 2019), classifica as
demências em:

• Demência vascular – é causada por lesões cerebrais de origem vascular,


pode ser causada por AVC, e seus sintomas dependem do local da lesão
no cérebro;
• Demência com corpos de Lewy – alterações cerebrais chamadas de
corpos de Lewy e podem apresentar sintomas semelhantes à doença de
Parkinson. Quedas, desmaios e delírios também são sintomas comuns
nesse tipo de demência;
• Demência na doença de Parkinson – no caso das demências associadas
à doença de Parkinson, há presença de corpos de Lewy, mas em locais
diferentes no cérebro. A memória e a atenção são afetadas, e quadros de
depressão podem estar presentes nesse tipo de demência;
• Demência frontotemporal – nesse tipo de demência, há deterioração da
personalidade e da cognição, apresentando também problemas de
memória e de orientação espacial. Alteração de personalidade, humor,
comportamento e alimentar são sintomas comuns na demência
frontotemporal.

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Entre os tipos de demência, a mais conhecida é a doença de Alzheimer,
à qual daremos mais atenção nesta aula.

3.1 Caracterização da doença de Alzheimer

A doença de Azheimer (DA), como as demais demências, é uma doença


neurodegenerativa. Essa doença é causada por aumento de deposição de
proteína beta-amiloide, ocorrendo a formação de um emaranhado neurofibrilares
(Braak; Braak, 1996; Braak; Braak, 1997, citados por Vital et. al., 2013).
A doença é caracterizada pela perda das funções cognitivas, tais como
memória, orientação espacial, atenção, linguagem e, até mesmo, personalidade
(Abraz, 2019).
Vital et. al. (2013) afirmam que o ambiente, as alterações psíquicas e
genéticas, o estilo de vida, as comorbidades associadas ao envelhecimento são
fatores que podem provocar a DA. A doença de Alzheimer pode ser classificada
em leve, moderada e acentuada, dependendo do estado do paciente e evolução
da doença.
A DA é resultante de diferentes alterações e manifestações físicas,
metabólicas, cognitivas e psicossociais. Entre as importantes alterações, Vital et.
al. (2013) citam:

• Alterações neuropatológicas – é caracterizada por morte neural, formação


de emaranhados neurofibrilares e acúmulo de placas beta-amiloides;
• Alterações metabólicas – mudanças no perfil glicogênico, resitência a
insulina, alterações nos níveis de colesterol, triglicerídeos e homocisteína;
• Biomarcaradores – proteínas (-amiloide) que devem ser mensuradas e
avaliadas como indicadores do processo de diagnóstico da DA.

Além das alterações já mencionadas, a DA também pode provocar


mudanças nas características motoras, pelo fato de essa patologia ser de origem
neurológica. Entre as alterações motoras presentes nos pacientes de DA,
alterações na marcha e controle postural têm maior prevalência, principalmente
quando realizadas em conjunto com tarefas cognitivas (Andrade et. al., 2013).

3.2 Exercício físico para pessoas com doença de Alzheimer

Já é um consenso entre os estudiosos da área da saúde que a prática


regular de exercícios físicos traz inúmeros benefícios à saúde e é recomendada
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como prevenção e tratamento de diferentes patologias. Na doença de Alzheimer
não é diferente.
Estudos apontam que o exercício físico oferece melhora nos aspectos
cognitivos, neuropsiquátricos e funcionais para a pessoa com DA (Santos et al,
2013), ampliando a independência e a qualidade de vida dos pacientes e,
também, dos familiares que não se sobrecarregam com os cuidados (Kamada
et. al., 2018).
Entre os exercícios recomentados estão (Santos et. al, 2013):

• Tarefa dupla – capacidades funcionais e cognitivas.


• Treinamento com peso – exercícios resistidos.
• Treinamento aeróbio – capacidades funcionais e resistência aeróbia.
• Exercícios cognitivos – estimulação cognitiva.
• Danças circulares – capacidades funcionais, estimulação cognitiva e
socioafetiva.

Os exercícios, em seus diferentes aspectos, proporcionam ganhos gerais


em relação à diminuição dos sintomas de depressão e aumento da
funcionalidade do organismo do paciente.
Mas especificamente, a prática regular de exercícios físicos contribui para:

• Melhora da cognição e memória;


• Melhora a atenção;
• Melhora as funções executivas da linguagem;
• Melhora os sintomas psiquiátricos (irritabilidade, ansiedade e apatia);
• Melhora o apetite;
• Melhora as funções físicas, diminuindo a incidência de quedas.

TEMA 4 – EXERCÍCIO FÍSICO E DOENÇA DE PARKINSON

Segundo a Sociedade Brasileira de Parkinson, a doença de Parkinson é


uma patologia neurológica, caracterizada pela desordem do movimento humano,
dificultando a realização das atividades da vida diária (AVDs).
O parkinsoniano possui deficiência no Sistema Nervoso Central (SNC),
devido à morte de neurônios percursores de dopamina da substância negra
(Pereira et. al., 2013).

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Por se tratar de uma doença neuromotora, o exercício físico é um dos
tratamentos para a pessoa que tem Parkinson, uma vez que melhora a
coordenação motora e a locomoção.
A seguir, serão descritos, mais detalhadamente, as características da
doença de Parkinson e os benefícios da prática regular de exercícios físicos para
o parkinsoniano.

4.1 Caracterização da doença de Parkinson

Rubert, Reis e Esteves (2007) e Pereira (2013) definem a doença de


Parkinson como uma doença neurológica, degenerativa, causando dificuldades
motoras, alterações sistêmicas e anatómicas do sistema nervosos central.
A causa da doença de Parkinson ainda é incerta, entretanto algumas
pesquisas revelam que a patologia pode estar associada a fatores genéticos,
estresse, exposição a agentes tóxicos e infecciosos (Rubert; Reis; Esteves,
2007).
Os principais sintomas da DP são:

• Rigidez e dores musculares;


• Falta de coordenação motora e lentidão nos movimentos;
• Depressão;
• Perda de expressões faciais;
• Tremores involuntários;
• Dificuldade na execução da marcha.

A DP é diagnosticada por exames neurológicos, que podem detectar


perdas celulares na região do mesencéfalo, a substância negra. A substância
negra fica mais clara, devido à despigmentação de melanina dos neurônios do
sistema dopaminérgico.
Outra característica da doença de Parkinson é a depleção do
neurotransmissor dopamina, resultado da degeneração de neurônios
dopaminérgicos da substância negra (Souza et al., 2011). A diminuição
dopaminérgica da substância negra provoca alterações no controle do
processamento da informação pelos gânglios da base, o que reduz a atividade
das áreas motoras do córtex cerebral e diminui o controle dos movimentos
voluntários (Souza et. al., 2011).

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As alterações citadas e outras perdas neurais associadas as células do
núcleo pedúnculo-pontino e ventrolaterais fazem com que haja dificuldade do
controle postural, marcha e coordenação motora.

4.2 Exercício físico para pessoas com doença de Parkinson

Por se tratar de uma doença neuromotora, os exercícios físicos regulares


beneficiam a pessoa com Parkinson. Independentemente do tipo de exercício,
há melhora do controle postural, controle dos movimentos voluntários e da
marcha, o que proporciona maior independência do parkinsoniano.
Os exercícios físicos são de diferentes tipos, com treinamento específico
para controle da marcha, treinamento em esteira, treinamento e circuito, entre
outros.
Souza et. al. (2011) indicam que o treinamento com esteira oferece
benefícios para a marcha, melhorando o padrão locomotor.
Outro tipo de exercício que vem trazendo melhora no padrão de
locomoção de indivíduos com Parkinson é o treinamento da marcha com a
utilização de pistas visuais (faixas adesivas no chão) ou auditivas (metrônomo).
As informações sensoriais facilitam o controle do comprimento do passo
e melhoram a cadência da marcha. Isso ocorre, pois “as pistas visuais são
utilizadas para desviar a função dos núcleos da base a fim de regular a função
motora deficitária” (Dias et. al., 2005, p. 44).
Além dos benefícios para a locomoção e melhora das aptidões físicas, a
prática regular de exercícios físicos também proporciona benefícios para
memória e aspectos psicossociais.

TEMA 5 – EXERCÍCIO FÍSICO E QUEDAS DO IDOSO

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, em torno de 17,3% dos


idosos apresentam limitações funcionais para realizar as atividades
instrumentais da vida diária (AIVD), e esses dados caminham para 39,4%, entre
os idosos de 75 anos (IBGE, 2019).
As limitações funcionais dos idosos estão diretamente relacionadas com
as condições de saúde destes. Isso porque idosos com debilidade física – como
osteoporose, sarcopedia, problemas cardiorrespiratórios e alterações no sistema
tátil sinestésico – tendem a ser mais dependentes.

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Limitações no sistema musculoesquelético e articular são prevalentes nos
idosos mais propensos a quedas, seja por fraqueza muscular (principalmente
pela diminuição das fibras musculares tipo II – de contração rápida) e fraturas
pela presença de osteoporose. A incidência de quedas entre os idosos com mais
de 65 anos é mais de 28% e nos idosos com mais de 75 anos, a incidência de
quedas aumenta para, aproximadamente, 32% (Buksman et al., 2014).
O índice de quedas de um idoso é fator relacionado ao quadro de
dependência, pois o número de quedas pode representar alterações nos
sistemas tátil sinestésico, musculoesquelético e neuromotor. Além de a queda
do idoso ser um dos fatores mais prevalentes em relação à dependência, ela
também é um dos maiores motivos de internação e morte nessa população.
Assim, a prática regular de exercícios físicos é de extrema importância
para essa população evitar e reduzir o número de quedas. Os exercícios
recomendados para esse fim são os exercícios resistidos e específicos para
controle postural e locomoção.
Para Calve (2016), a prática de resistidos aumenta a massa muscular e,
consequentemente, melhora a resistência muscular localizada, força muscular e
proporciona maior recrutamento de neurônios motores. Há também aumento da
densidade óssea, o que minimiza o risco de quedas por fratura para os indivíduos
que possuem osteopeína e osteoporose.

NA PRÁTICA

A prática de exercícios físicos regulares é de extrema importância para


aumentar a independência do idosos e melhora da qualidade de vida destes. Em
se tratando de idosos com Parkinson, cite um tipo de atividade que melhora o
padrão de marcha e, consequentemente, sua locomoção.
Como vimos nesta aula, o treinamento de marcha com pistas visuais é um
dos exercícios mais recomendados para melhorar o padrão locomotor do idoso
com Parkinson, aumentando a amplitude e a cadência dos passos.

FINALIZANDO

Nesta aula, pudemos entender a dimensão da importância da prática


regular de exercícios físicos para a população idosa. Nesse aspecto, foi

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explanado sobre a diferença entre atividade física e exercício físico, algumas
patologias que acometem os idosos, como Alzheimer e Parkinson.
Vimos, também, como são prevalentes a dependência e o índice de
quedas nessa população.
Para finalizar, foi relacionada a prática de exercícios físicos com
prevenção e redução do número de quedas na população idosa.

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