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A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO COM PESOS NA QUALIDADE DE VIDA DE


IDOSOS
Jaime Itamar Schwingel1

RESUMO

O crescente aumento na população de idosos traz à tona a discussão sobre como


promover melhorias na qualidade de vida desta parcela da população. A prática de
atividades físicas permite melhorias em diversos aspectos, como força muscular,
equilíbrio, manutenção de níveis adequados de glicemia e colesterol, prevenção da
depressão, dentre outros. Exercícios com pesos permitem também o
desenvolvimento a musculatura, melhorando assim a força física do idoso. Neste
artigo serão discutidos diferentes aspectos acerca da prática de exercícios com
pesos por idosos, além da apresentação de estudos já realizados sobre o tema.

Palavras-Chave: Treinamento com pesos; Idosos; Qualidade de vida.

ABSTRACT

The growing increase in the elderly population brings to the fore the discussion about
how to promote improvements in the quality of life of this part of the population. The
practice of physical activities allows improvements in several aspects, such as
muscular strength, balance, maintenance of adequate levels of glycemia and
cholesterol, prevention of depression, among others. Exercises with weights also
allow the development of muscles, thus improving the physical strength of the
elderly. In this article we will discuss different aspects about the practice of exercises
with weights by the elderly, besides the presentation of studies already done on the
subject.

Keywords: Strength training; Elderly; Quality of life.

INTRODUÇÃO

Os avanços na área médica têm levado a um aumento na expectativa de vida


da população. Em função disto temos cada vez mais idosos na sociedade, e a busca
pela qualidade de vida e boas condições de saúde nesta fase da vida tornam-se
cada dia mais importantes. A perda de força física é um dos principais fatores
associados ao desequilíbrio e ocorrência de quedas em idosos.

1
Identificação do aluno
2

As medidas da qualidade de vida resumem os julgamentos que as pessoas


fazem para descrever suas experiências de saúde e doença. Isto é o que os
distingue das medidas de deficiência que perguntam sobre a capacidade de
completar tarefas específicas, como escalar escadas ou vestir-se. A qualidade de
vida é um conceito muito amplo e preocupa-se se a doença ou deficiência limita a
capacidade de uma pessoa desempenhar um papel normal (por exemplo, se a
incapacidade de escalar escadas limita a pessoa no trabalho). No entanto, as
medidas não consideram a forma como as pessoas chegam a esses julgamentos.
Compreender os mecanismos através dos quais as intervenções de saúde, doenças
e cuidados de saúde influenciam a qualidade de vida (ou seja, a compreensão dos
determinantes da qualidade de vida) podem ressaltar as formas em que pode ser
maximizada (CARR et al., 2001).
Para um bom funcionamento do sistema musculoesquelético, é necessário
que os níveis de força e flexibilidade sejam adequados. Desta forma, é possível a
manutenção de músculos e articulações saudáveis ao longo de toda a vida.
Entretanto, uma das características do processo de envelhecimento é justamente a
perda de força e flexibilidade muscular, acarretando em um gradativo aumento da
dificuldade para a realização de tarefas cotidianas, o que pode levar à perda de
autonomia da pessoa (CHODZKO-ZAJKO, 2014). Assim, programas de exercícios
voltados para o fortalecimento muscular e melhora da flexibilidade exercem papel
fundamental na manutenção da qualidade de vida ao longo dos anos (CYRINO et
al., 2004).
Uma das formas de exercício mais populares atualmente é o treinamento de
força ou treinamento com pesos. Usado principalmente para melhorar o
condicionamento e aptidão física de atletas, tem sido procurado por pessoas de
diferentes idades, popularizando cada vez mais as academias e centros de
treinamento voltados para este tipo de exercício. Diferentes termos são utilizados
para designas este tipo de exercício. Treinamento de força, treinamento resistido e
treinamento com pesos são termos que definem uma série de modalidades de
exercícios físicos (FLECK; KRAEMER, 2017).
Além dos benefícios com relação à estrutura muscular, o treinamento com
pesos também promove significativas melhoras na questão cardiovascular, pois
auxilia na manutenção dos níveis normais da pressão sanguínea. Outros benefícios
observados são melhora na densidade óssea e na sensibilidade à insulina
3

(CASTANEDA et al., 2002). Com relação ao controle de peso, o treinamento de


resistência ajuda o corpo a gastar calorias através de um aumento na massa
corporal magra e no metabolismo basal (POLLOCK et al., 2000).
Durante o envelhecimento ocorrem muitas alterações neurofisiológicas e
neuropatológicas relacionadas ao sistema nervoso central, com intensidade variável
dependendo da susceptibilidade individual e dos fatores ambientais. Todas as
mudanças cerebrais descritas levam a uma maior vulnerabilidade das pessoas
idosas a várias formas de agressão dos fatores patogênicos, particularmente
aumentando o risco de desenvolver doenças degenerativas, depressão e síndrome
confusional. Entre as manifestações psicopatológicas dos idosos, os estados
depressivos com gravidade variável representam um dos problemas de saúde mais
importantes (CIUCUREL; ICONARU, 2012). Neste sentido, a prática de atividade
física pode também prevenir o surgimento de estados depressivos.
A proposta deste artigo é realizar uma análise sobre os benefícios observados
em função da prática de exercícios físicos por pessoas idosas, e como programas
específicos voltados para este público podem fornecer os melhores resultados.
Dentre os objetivos estão a análise de como o treinamento com pesos pode
influenciar a qualidade de vida de idosos. Para tal, serão identificados os benefícios
do treinamento com pesos, e a influência que estas podem ter na qualidade de vida.
Este trabalho se justifica por permitir a análise dos fatores favoráveis e
desfavoráveis com relação à prática de atividade física com utilização de pesos e
foco no fortalecimento muscular por pessoas idosas e foi escolhido por ser um tema
atual e de grande importância, em face do aumento cada vez maior de idosos na
população. Para tal foi realizada revisão na bibliografia disponível, na qual foram
consultadas bases de dados como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), SciELO e
Science Direct. Foram selecionados artigos publicados nos últimos 10 anos para a
realização deste trabalho.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a execução deste trabalho foi a revisão


integrativa da literatura. Esta metodologia permite a análise de diferentes trabalhos
já realizados dentro do tema proposto. Desta forma, busca-se realizar um estudo a
4

respeito do estado da arte do tema. Foram analisados artigos publicados a partir de


2007 até a data atual, utilizando os indicadores “treinamento com pesos”,
“musculação” e “idosos”. Para selecionar os artigos, foi levada em consideração a
língua de publicação (português, inglês e espanhol), artigos com texto completo
disponível e que se tratassem de estudos de caso. Revisões bibliográficas e teses
não foram levadas em consideração para este trabalho. Após a seleção, os artigos
foram analisados para a redação do artigo.

1 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO COM PESOS NA QUALIDADE DE VIDA DE


IDOSOS

1.1 Conceituando a qualidade de vida

A maneira como pensamos sobre saúde e cuidados de saúde está mudando.


Os dois fatores que impulsionam essa mudança são o reconhecimento da
importância das consequências sociais da doença e o reconhecimento de que as
intervenções médicas visam aumentar o comprimento ea qualidade da
sobrevivência. Por estas razões, a qualidade, a eficácia e a eficiência dos cuidados
de saúde são frequentemente avaliadas pelo seu impacto na "qualidade de vida" de
uma pessoa (CARR et al., 2001).
O conceito de qualidade de vida é muito amplo, e quando falamos em
qualidade em saúde, aspectos funcionais, espirituais, emocionais, sociais e
cognitivos devem ser levados em consideração. De acordo com a OMS, a qualidade
de vida pode ser definida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida,
no contexto de sua cultura e sistema de valores nos quais ele está inserido e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHO; 1980).
Mensurar a qualidade de vida constitui um desafio em particular, uma vez que
este é um termo qualitativo. Diversos instrumentos têm sido elaborados ao longo dos
últimos anos, na busca de traduzir em números esse conceito. Duas formas de
questionários podem ser utilizadas para avaliar a qualidade de vida: os questionários
específicos para determinadas doenças ou partes do corpo, e os genéricos, que
avaliam o estado geral de saúde do indivíduo (ANDREWS; WITHEY, 1976). Desta
forma, quando se fala em qualidade de vida do idoso, podemos considerar
5

diferentes variáveis, como independência, capacidade cognitiva e percepção


corporal.
Ajudar as pessoas a se adaptar a mudanças irreversíveis em sua saúde pode
ser benéfico. A promoção da saúde é o processo de auxiliar as pessoas a
assumirem o controle e melhorar sua própria saúde. Alterar as expectativas das
pessoas em relação à saúde é o foco principal da promoção da saúde. As
experiências de algumas pessoas causam poucas expectativas de saúde; eles então
toleram níveis significativos de doença e deficiência. É possível que os idosos
alcancem o nível de autonomia necessário para se envolver em atividades de
promoção da saúde somente se estiverem cientes das possibilidades. Aumentar as
expectativas de saúde é, portanto, uma parte essencial da "consciência crítica" de
melhorar a saúde da comunidade. No impulso para melhorar a saúde, a promoção
da saúde pode aumentar as expectativas de pessoas com pouca saúde e,
aparentemente, reduzir sua qualidade de vida. Refletir sobre aspectos da realidade
faz parte do processo de capacitação e fornece a força que permite que as pessoas
tomem medidas para mudar essa realidade (FREIRE, 2001).

1.2 Tipos de exercícios físicos

Diferentes tipos de exercícios físicos são conhecidos. O impacto do


treinamento de exercícios é diferente de acordo com o tipo de exercício: o
treinamento de exercícios aeróbicos refere-se a exercícios em que os músculos
grandes do corpo movem-se de forma rítmica por períodos sustentados; O
treinamento de exercícios de resistência é um tipo de exercício que faz com que os
músculos trabalhem ou mantenha contraídos usando uma força ou peso aplicado; O
exercício de flexibilidade refere-se a atividades destinadas a preservar ou ampliar a
amplitude de movimento em torno de uma articulação; e treinamento de equilíbrio
refere-se a uma combinação de atividades projetadas para aumentar a força do
corpo inferior e reduzir a probabilidade de queda (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009).
A participação no exercício e o acúmulo de atividades físicas resultaram em
melhorias na aptidão física, que é definida operacionalmente como um estado de
bem-estar com baixo risco de problemas de saúde prematuros e energia para
participar de uma variedade de atividades físicas. A vida sedentária é definida como
6

uma forma de viver ou estilo de vida que requer atividade física mínima e que
encoraje a inatividade através de escolhas limitadas, desincentivos ou barreiras
estruturais ou financeiras (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009).

1.3 Benefícios do treinamento com pesos

A realização de exercícios com pesos objetiva principalmente o


desenvolvimento da força muscular. Diversas variáveis estão associadas com a
prescrição deste tipo de exercício, como o número de repetições, a carga utilizada, a
quantidade e o tipo de exercícios e o tipo de ação muscular. Embora o treinamento
de resistência com pesos seja reconhecido como um meio para desenvolver e
manter a força muscular, a resistência, o poder e a massa muscular (hipertrofia) há
muitos anos, sua relação benéfica com fatores de saúde e doenças crônicas é
reconhecida apenas recentemente. Antes de 1990, o treinamento de resistência
utilizando pesos não faz parte das diretrizes recomendadas para treinamento físico e
reabilitação para a American Heart Association ou o American College of Sports
Medicine (ACSM). Em 1990, o ACSM reconheceu o treinamento de resistência como
um componente significativo de um programa de fitness abrangente para adultos
saudáveis de todas as idades (GARBNER et al., 2011).
O treinamento de resistência com pesos prescrito e supervisionado melhora a
força e resistência muscular, capacidade funcional e independência e qualidade de
vida, reduzindo a incapacidade em pessoas com e sem doença cardiovascular.
Esses benefícios tornaram o treinamento de resistência com pesos um componente
aceito de programas de saúde e fitness (WILLIANS et al., 2004).

1.4 Aspectos fisiológicos dos exercícios com pesos

A contração muscular tem propriedades mecânicas e metabólicas. A


classificação mecânica descreve se a contração muscular produz movimento do
membro. O exercício dinâmico (isotônico), que causa o movimento do membro,
também é classificado como concêntrico (encurtamento das fibras musculares, que
é o tipo mais comum de ação muscular) ou excêntrico (alongamento das fibras
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musculares, como pode ocorrer quando um peso é reduzido contra a gravidade). O


exercício estático (isométrico) não resulta em nenhum movimento do membro. A
classificação metabólica da contração muscular envolve principalmente a
disponibilidade de oxigênio para a produção de energia e inclui processos aeróbicos
(oxigênio disponível) ou anaeróbicos (sem oxigênio) (STEWART, 1992).
A medida em que uma atividade é predominantemente aeróbica ou
anaeróbica depende principalmente de sua intensidade em relação à capacidade da
pessoa para esse tipo de exercício. A maioria das atividades físicas envolvem tanto
as contrações dinâmicas quanto estáticas e o metabolismo aeróbico e anaeróbio.
Assim, as atividades tendem a ser classificadas com base em suas características
mecânicas ou metabólicas dominantes. Devido às grandes diferenças nas respostas
fisiológicas durante o exercício dinâmico-aeróbio (resistência) em comparação com
a resistência dinâmica pesada - exercício anaeróbico (força), esses dois tipos gerais
de atividades precisam ser tratados separadamente ao desenvolver recomendações
de exercícios. Por fim, o exercício de resistência convencional normalmente consiste
em levantar pesos mais pesados com períodos de repouso mais longos (um
componente anaeróbico maior), enquanto o treinamento do circuito consiste em
levantar pesos mais leves com períodos de descanso mais curtos entre exercícios,
introduzindo um componente aeróbico maior para o treino (STEWART, 1992).

1.5 Atividade física e envelhecimento

O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis (por


exemplo, genética, fatores de estilo de vida, doenças crônicas) que interagem uns
com os outros, influenciando grandemente a maneira pela qual envelhecemos. A
participação na atividade física regular (exercícios aeróbicos e de força) provoca
uma série de respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento
saudável. Muito recentemente se compreendeu sobre a adaptabilidade de vários
sistemas biológicos, bem como as formas como o exercício regular pode influenciá-
los (MAZZEO et al., 1998).
Com o avanço da idade, a deterioração estrutural e funcional ocorre na
maioria dos sistemas fisiológicos, mesmo na ausência de doença discernível. Essas
alterações fisiológicas relacionadas à idade afetam uma ampla gama de tecidos,
8

sistemas de órgãos e funções que, cumulativamente, podem afetar as atividades da


vida diária (ADL) e a preservação da independência física em adultos mais velhos.
Declinações na capacidade aeróbica máxima (VO 2max) e no desempenho do
músculo esquelético com o avanço da idade são dois exemplos de envelhecimento
fisiológico. As variações em cada uma dessas medidas são determinantes
importantes da tolerância ao exercício e das habilidades funcionais entre adultos
mais velhos. Os valores basais em mulheres e homens de meia-idade prevê riscos
futuros de deficiência, doenças crônicas e morte. As reduções relacionadas com a
idade no VO2max e a força também sugerem que, em qualquer carga de exercício
submáxima, os adultos mais velhos são frequentemente obrigados a exercer uma
porcentagem maior de sua capacidade máxima (e esforço) em comparação com
pessoas mais jovens (METTER et al., 2004; REEVES et al., 2004).
Um dos primeiros efeitos visíveis do envelhecimento é o declínio da massa
muscular e da força. Essas deficiências foram associadas à perda de capacidade
funcional e ao aumento do risco de queda. A adaptação do músculo esquelético ao
treinamento de resistência mostrou-se bem conservada em idosos em comparação
com pessoas mais jovens. O treinamento de resistência de alta intensidade é um
método seguro e eficaz para aumentar a força muscular e a massa (SEYNNES et
al., 2004).
A atividade física regular, incluindo atividade aeróbica e atividade de
fortalecimento muscular, é essencial para um envelhecimento saudável. Esta
recomendação preventiva especifica como adultos mais velhos, envolvendo cada
tipo de atividade física recomendada, podem reduzir o risco de doenças crônicas,
mortalidade prematura, limitações funcionais e deficiência (NELSON et al., 2007).
Muitos benefícios para a saúde estão associados à aptidão
musculoesquelética, como fatores de risco coronários reduzidos, aumento da
densidade mineral óssea (risco reduzido de osteoporose), maior flexibilidade,
melhora da tolerância à glicose e maior sucesso na realização das atividades diárias
(ADL). Com o envelhecimento, o desempenho das tarefas diárias pode se tornar um
desafio. Além disso, as quedas, as fraturas ósseas e a necessidade de cuidados
institucionais indicam uma fraqueza musculoesquelética à medida que
envelhecemos. O mais cedo na vida, um indivíduo se torna fisicamente ativo, maior
o aumento de benefícios positivos para a saúde; no entanto, tornar-se fisicamente
ativo em qualquer idade irá beneficiar a saúde geral (KELL et al., 2001).
9

2 AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO TREINAMENTO COM PESOS EM IDOSOS

Os efeitos do treinamento com pesos para idosos tem sido cada vez mais
foco de interesse de interesse de estudos. A seguir serão apresentados resultados
de estudos realizados nos últimos 15 anos, buscando compreender como diferentes
protocolos de treinamento podem ser utilizados. A tabela 1 traz as informações de
forma resumida de cada artigo analisado.
10

Autores Título Objetivos Resultados


HARRIS, C.; The effect of Examinar como a intensidade do A análise de variância das medidas
DEBELISO, M. A.; resistance-training treinamento afeta os ganhos de repetidas (ANOVA) e Scheffe post hoc
SPITZER-GIBSON, T. intensity on strength- força em adultos mais velhos revelaram que, às 6 semanas, apenas os
A.; ADAMS, K. J. gain response in the durante um período de grupos B e C eram significativamente mais
(2004). older adult. treinamento de 18 semanas fortes do que o grupo D (p <0,01). Nas
usando protocolos de semanas 12 e 18, todos os grupos de
treinamento de resistência treinamento foram significativamente mais
progressiva não periodizados. fortes do que os controles (p <0,01). No
entanto, não houve diferença entre os
grupos A, B e C a qualquer momento.

VALE, R. G. D. S.; Efeitos do Comparar os efeitos do O grupo que realizou treinamento de força
NOVAES, J. S.; treinamento de força treinamento resistido de força e alcançou maiores incrementos nas
DANTAS, E. H. M. e de flexibilidade de flexibilidade sobre a atividades da vida diária do que o grupo
(2008) sobre a autonomia de autonomia funcional das que realizou treinamento de flexibilidade.
mulheres atividades da vida diária (AVD)
senescentes em mulheres senescentes.
SILVA, C. M. D.; Efeito do treinamento Efeito do treinamento com pesos, Composição corporal e massa corporal
GURJÃO, A. L. D.; com pesos, prescrito prescrito por zona de repetições não apresentaram variações significativas.
FERREIRA, L.; GOBBI, por zona de máximas, na força muscular e Força muscular dos músculos extensores
L. T. B.; GOBBI, S. repetições máximas, composição corporal em idosas e flexores do joelho e do cotovelo teve
(2006) na força muscular e aumento significativo.
composição corporal
em idosas

Autores Título Objetivos Resultados


BROOKS, N.; LAYNE, Strength training Determinar a influência do As biópsias dos músculos esqueléticos e
J. E.; GORDON, P. L.; improves muscle treinamento de força sobre a as medidas bioquímicas foram tomadas no
11

ROUBENOFF, R.; quality and insulin qualidade muscular (força por início e 16 semanas. O grupo ST
NELSON, M. E.; sensitivity in Hispanic unidade de massa muscular), apresentou qualidade muscular melhorada
CASTANEDA-SCEPPA, older adults with type hipertrofia da fibra muscular (média ± SE: 28 ± 3) versus CON (-4 ± 2, p
C. (2007). 2 diabetes. esquelética e controle <0,001) e área de seção transversal de
metabólico, incluindo resistência fibra tipo I (860 ± 252μm2) e tipo II (720 ±
à insulina (Avaliação do modelo 285μm2) em comparação com CON (tipo I:
de homeostase - HOMA-IR), -164 ± 290μm2, p = 0,04 e tipo II: -130 ±
Proteína C reativa, adiponectina 336μm2, p = 0,04). Isso foi acompanhado
e Níveis de Ácido Graxos livres de redução da resistência à insulina [ST:
em idosos hispânicos. mediana (intervalo intercuartil) -0,7 (3,6) vs
CON: 0,8 (3,8), p = 0,05]; FFA (ST: -84 ±
30 μmol / L vs CON: 149 ± 48 μmol / L, p =
0,02); e CRP [ST: -1,3 (2,9) mg / L vs
CON: 0,4 (2,3) mg / L, p = 0,05]. A
adiponectina sérica aumentou com ST [1,0
(1,8) μg / mL] em comparação com CON [-
1,2 (2,2) μg / mL, p <0,001]
GONÇALVES, R.; Efeitos de oito Analisar o efeito de 8 semanas O grupo treinamento apresentou melhoras
GURJÃO, A. L. D.; semanas do de treinamento com pesos (TP) significativas no tempo de movimentação
GOBBI, S. (2007). treinamento de força sobre a flexibilidade de idosos. para extensão do ombro esquerdo,
na flexibilidade de extensão do quadril direito e esquerdo e
idosos. flexão do quadril esquerdo.
12

Harris et al., (2004) avaliaram a forma como como a intensidade do


treinamento afeta os ganhos de força em adultos mais velhos durante um período de
treinamento de 18 semanas usando protocolos de treinamento de resistência
progressivos não periodizados. Os dados sugerem que, para protocolos com
variáveis de programa agudas equiparadas, o ganho de força é semelhante durante
18 semanas para intensidades de treinamento variando de 6 a 15 repetições
máximas em idosos que não foram treinados anteriormente. Ao programar
exercícios de resistência progressiva não periodizados, progressivos para iniciantes
seniores novatos, nas fases iniciais do programa, uma grande variedade de
intensidades pode ser empregada com ganho de força similar.
Principalmente para as mulheres, que naturalmente apresentam uma menor
massa muscular, o processo de envelhecimento representa uma grande perda de
massa muscular. Desta forma, exercícios que possibilitem a recuperação de massa
muscular trazem grandes benefícios. Vale et al., (2005) avaliaram como o
treinamento de força e flexibilidade age sobre a autonomia de mulheres idosas. As
participantes foram divididas em dois grupos. Um dos grupos foi submetido a
exercícios de flexibilidade (alongamento) e outro a exercícios resistidos de força. De
acordo com os autores, o grupo submetido aos exercícios de força apresentou
melhores resultados na autonomia das atividades diárias.
Os efeitos do treinamento de força em idosas foram avaliados também por
Silva et al., (2006). Os autores analisaram como um programa de treinamento
prescrito por zona de repetições máximas influenciou na força muscular e
composição corporal de idosas. A zona de repetição máxima consiste na maior
carga que um indivíduo pode movimentar durante as repetições. Neste estudo 30
mulheres idosas, sem problemas de saúde que impedissem a realização dos
exercícios, foram submetidas a um programa de treinamento com 3 sessões
semanais, durante 12 semanas. A massa muscular das voluntárias não apresentou
mudanças estatisticamente significativas, mas a força muscular sim.
O aumento da massa muscular também apresenta efeitos positivos sobre o
controle dos níveis glicêmicos. Na Espanha, Brooks et al., (2007) avaliaram a
influência do treinamento de força na qualidade muscular (força por unidade de
massa muscular), hipertrofia das fibras musculares esqueléticas e controle
metabólico, incluindo resistência à insulina, adiponectina, proteína C reativa e níveis
de ácido graxo livre em idosos hispânicos. Sessenta e dois idosos com diabetes tipo
13

2 foram distribuídos de forma randômica em dois grupos, e depois submetidos a 16


semanas de treinamento de força mais cuidados padrão (grupo ST) ou cuidados
padrão sozinhos (grupo CON). As biópsias dos músculos esqueléticos e as medidas
bioquímicas foram tomadas no início e 16 semanas. O treinamento de força
melhorou a qualidade muscular e a sensibilidade à insulina do corpo inteiro. A
diminuição da inflamação e o aumento dos níveis de adiponectina foram
relacionados com o controle metabólico melhorado. Esses dados mostram que o
treinamento de força é uma modalidade de exercício a considerar como um
complemento do padrão de cuidados em populações de alto risco com diabetes tipo
2.
A perda de flexibilidade constitui um dos principais problemas durante o
envelhecimento. As atividades diárias requerem do indivíduo níveis adequados de
força muscular e flexibilidade. Os efeitos do treinamento de força na flexibilidade
articular de idosos foram avaliados por Gonçalves et al., (2007). Após 8 semanas de
treinamento com pesos, os 19 idosos avaliados no estudo apresentaram melhora
significativa nos movimentos de extensão de ombro, extensão e flexão de quadril,
demonstrando que o treino com pesos pode auxiliar também neste aspecto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi relatado, o processo de envelhecimento traz consigo inúmeras


mudanças na estrutura corporal, que acarretam novos desafios. O comprometimento
da estrutura muscular e enrijecimento das articulações tornam a movimentação
difícil, atrapalhando as atividades da vida diária e interferem de forma significativa na
qualidade de vida do idoso.
A prática de atividades físicas tem sido recomendada como forma de prevenir
estes efeitos, além de interferir em outros aspectos da saúde, como a prevenção e
controle de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão. Os exercícios de
resistência utilizando pesos tem demonstrado grande eficiência neste aspecto,
sendo indicados com cada vez mais frequência como forma de prevenção das
comorbidades advindas do envelhecimento.
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REFERÊNCIAS

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