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A palestra apresentada no dia 15 de setembro de 2022 abordou o tema do exercício

físico para populações idosas. O estado fisiológico, bem como as condições psicológicas e
as relações sociais se alteram com o tempo, e a idade é um forte modificador da condição
geral de saúde, saúde essa compreendida de forma global. Nesse sentido, o palestrante
logo de início tratou da importância do exercício não só como atividade por si, mas como
um importante atenuador do declínio cognitivo associado ao envelhecimento.
A partir dessa breve introdução, alguns trabalhos e dados relacionados ao exercício
físico para idosos foram apresentados, iniciando com algumas características que o
músculo esquelético apresenta em indivíduos idosos, obesos ou que praticam atividade
física. Dentre essas características, é comum aos obesos e idosos um nível baixo de massa
muscular e de força muscular, além de uma capacidade regenerativa e de produção de
energia baixas, fatores que não estão presentes em indivíduos ativos fisicamente.
Outro trabalho trazido se tratava de uma revisão de Mora e Valencia, de 2017, e de
forma geral, indicava a prática regular de exercícios físicos como ferramenta de auxílio no
envelhecimento saudável, prevenção de doenças crônico-degenerativas, redução de risco
de limitações funcionais e também uma correlação com a diminuição de morte prematura
nessa população. Também, neste trabalho, reforça-se a importância da prescrição do
exercício de acordo com o nível de aptidão física e de habilidades motoras do idoso.
Outro trabalho apresentado trata dos efeitos do treinamento resistido em circuito,
com intensidade de moderada a alta, na gordura corporal, capacidade funcional, força
muscular e qualidade de vida de idosos. As principais correlações encontradas foram o
excesso de gordura associado a fatores de risco como glicose e colesterol plasmático
elevado, pressão arterial de repouso alta, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e de doenças
cardiovasculares. A massa muscular mais baixa também esteve relacionada à inatividade
física e a energia nutricional inadequada. Com o protocolo analisado, o treinamento
resistido foi significativo no controle de peso e dos distúrbios metabólicos, promovendo um
aumento significativo na força muscular de membros superiores e inferiores, assim como
melhoria na capacidade funcional e composição corporal, utilizando o treinamento descrito
acima, com intensidades de 60% a 80% de 1RM durante 12 semanas.
Em relação à avaliação, alguns protocolos são utilizados de forma diferente quando
se trata de população idosa. O IMC, a partir dos 60 anos, é tido a partir das seguintes
categorias: abaixo de 22 kg/m², o diagnóstico é de baixo peso, entre 22 kg/m² e 27 kg/m², o
indivíduo tem diagnóstico adequado ou eutrófico, e a partir de 27 kg/m², é considerado com
sobrepeso.
Para uma avaliação mais geral, é necessário analisar parâmetros que influenciam
diretamente no cotidiano do idoso, e alguns protocolos já estruturados tratam dessas
variáveis, como o teste desenvolvido pelo Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano
para Maturidade (GDLAM), citado na palestra, que consiste em cinco diferentes testes:
caminhada de 10 metros (C10m); levantar da posição sentada (LPS); levantar da posição
de decúbito ventral (LPDV); vestir e tirar a camisa (VTC) e levantar-se da cadeira e
locomover-se pela casa (LCLC). A partir do tempo despendido na realização das tarefas, é
gerado um índice que categoriza o idoso de acordo com sua capacidade funcional. Além
desses testes, é importante avaliar a mobilidade e flexibilidade, que pode ser realizado com
diversos protocolos diferentes, além de testes funcionais relacionados ao equilíbrio, como o
“Functional Reach Test”. Existem também os testes para avaliar a capacidade aeróbica,
sendo o mais recomendado para esse grupo especial a caminhada de 6 minutos.
Em relação a intervenção, a recomendação para exercícios resistidos é a de
atividades em máquinas, com halteres, elásticos ou caneleiras, 3 vezes na semana, com
duração por sessão de 40 a 60 minutos. Num protocolo de 16 semanas, o número de séries
e repetições é recomendado como uma progressão nas 4 primeiras semanas, iniciando com
somente uma série por exercícios, com um maior número de repetições (15 a 20), e a partir
da semana 5, a intervenção acontece com 3 séries de 8 a 12 repetições. A estruturação
dessa prática sugere que se inicie com atividades de alongamento submáximo e exercícios
de mobilidade articular, com cerca de 10 minutos para essa parte, seguido de exercícios
resistidos, com os mais diversos materiais, que podem ser mais isolados ou que simulem
atividades do cotidiano, associado ao uso de circuitos, utilizando grandes grupos
musculares. Essa parte da divisão da sessão deve durar aproximadamente 45 minutos, e é
seguida por um momento de relaxamento no fim da sessão.
A partir desse protocolo, as respostas esperadas são a de melhoria geral na
autonomia do idoso, resultado esse que é avaliado pelos testes funcionais, avaliações de
flexibilidade e mobilidade e pela comunicação e contato em relação ao dia-a-dia. A melhora
do equilíbrio também é um fator importante, mas ambos dependem do aumento geral da
força muscular, que é um dos principais pontos de intervenção da prática de exercícios
resistidos.

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