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ATIVIDADE FÍSICA E ESPORTIVA


NA GRAVIDEZ
Gean Rodrigues

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Ação do exercício físico na gest ação: um est udo de revisão


jossias jossias manuel

At ividade física e gest ação: saúde da gest ant e não at let a e cresciment o fet al
Silvia Gugelmin

Mat ernal-fet al response result ing from t he pract ice of physical exercise during pregnancy: a syst em…
Zilma Reis
ATIVIDADE FÍSICA E ESPORTIVA NA GRAVIDEZ

Victor K.R. Matsudo e Sandra M.M. Matsudo


Centro de Estudos do Laboratório de Aptidao Física de Sao Caetano do Sul - CELAFISCS

Publicado no livro: A Grávida. TEDESCO JJ (Editor), São Paulo, ATheneu, pp.


59-81,2000.

CONCEITOS BÁSICOS

Antes de começarmos a descrever os aspectos mais relevantes sobre a grávida que quiser
praticar exercício, cremos ser importante que o médico e a paciente possam melhorar sua comunicação
usando termos que expressem um mesmo fenômeno, ou em outras palavras que falem sobre a mesma
coisa. Sim, porque nesta área de esportes todos pensam que sabem um pouco ou o suficiente, mas na
realidade muitas das controvérsias ocorrem pela falta de conhecimento de conceitos básicos. Por
exemplo, médicos e pacientes podem pensar ou usar na comunicação as expressões atividade física,
exercício e esporte com um mesmo sentido. Entretanto, referem-se a expressões de movimento
corporal totalmente distintos.

Atividade física é qualquer movimento corporal que conseguimos realizar, em função de


contração muscular e com gasto energético acima do basal. Assim, quando a mulher estiver
caminhando em direção ao mercado ou dançando com seu marido ela está fazendo atividade física. É
considerada a melhor relação entre movimento humano e saúde.

Exercício é um tipo de atividade física mais estruturada, que envolve intensidade, freqüência,
duração, tendo como objetivo melhora da apitado física e por conseguinte da saúde. Assim, quando a
mulher caminhar, ao mercado ou a qualquer lugar, com um determinado número de passadas/min, para
percorrer a referida distância em um determinado intervalo de tempo ela estará fazendo exercício.

Esporte é um tipo de atividade física que envolve conceitos de desempenho e competição.


Assim, quando a mulher quiser percorrer aquela distancia ao mercado mais rapidamente que qualquer
outra, ela estará competindo, praticando esporte. O esporte pode formar alguns "vencedores" mas
automaticamente muitos "perdedores", não sendo por isso a melhor mensagem de saúde pública.

Neste texto pode-se as vezes se utilizar um termo pelo outro, mas é importante que se tenha
consciente que são dimensões distintas do movimento humano. Assim também se poderá compreender
porque muitos estudos parecem chegar a resultados distintos. Isso se deve ao fato de terem aplicado
protocolos diferentes, principalmente não precisando o tipo de movimento humano usado: atividade
física, exercício, esporte recreacional, de competição ou de alto rendimento.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: NOVOS PARADÍGMAS

É importante ressaltar que diversos órgãos internacionais, como a Organização Mundial de


Saúde, o Centers for Disease Control dos Estados Unidos, o American College of Sports Medicine
(24), a American Heart Association e no Brasil, o Programa "Agita São Paulo" (2, 29) recomendam
que "todo cidadão deve fazer pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, na maior parte
dos dias da semana, de intensidade moderada, de forma contínua ou acumulada".

Analisando essa recomendação em relação a mulher grávida podemos ressaltar:


a- que as grávidas deveriam acumular pelo menos 30 minutos ao dia, o que significa que aquelas que
quiserem, puderem ou estão acostumadas a fazer mais tempo estão incluídas na mensagem; embora
ano se recomende atividades contínuas que durem mais de 60 minutos.
b- que se está recomendando atividade física e não esporte. Assim atividades do dia a dia, como ir
andando ao banco, escola, mercado, ao trabalho, subir escadas ou dançar contam.
c- que as características das atividades mencionadas não exigem roupas ou sapatos especiais, locais
incrementados ou monitores ao seu redor; o que barateia o custo mas principalmente facilita o
acesso, reforçando o caráter de inclusão da mensagem
d- que por estarmos querendo desenvolver mais um estilo de vida que um acanhado programa de
exercícios, se considera cinco o número de dias na semana e se possível todos.
e- que a intensidade sugerida é a moderada (que permite conversar enquanto a realize; de 4 a 7
METS), mas com o progredir da gestação ou nos casos de dúvida passe a fazer atividades leves
(abaixo de 4 METS), e finalmente
f- que se a mulher tiver condições física e tempo para realizar as atividades de forma continuada:
ótimo. Mas se não for o caso e principalmente nas grávidas sedentárias ou nas fases mais tardias da
gestação, lembre-se deste novo conceito: você pode "acumular" saúde em sessões de pelo menos
10 minutos de duração ! Ou seja, tanto faz a grávida caminhar os 30 minutos de uma só vez ou
acumular 3 sessões de 10 minutos cada !

Para aqueles que quiserem maiores informações sobre estes novos conceitos, seria útil contatar a
coordenação do Programa Agita São Paulo (11-4538980; 11-4539643); e.mail: lafiscs @
mandic.com.br) ou algumas de suas 130 instituições parceiras como a Associação Paulista de
Medicina, o Centro de Vigilância Epidemiológica de sua região, unidades do SESC ou do SESI.
Leitura complementar sugerida seria o Manual do Programa Agita São Paulo (2).

IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE INDICADORES FISIOLÓGICOS DA GRÁVIDA


E DO FETO

Nesta parte passaremos a sumarizar os impactos fisiológicos e de aptidão física que ocorrem nas
grávidas que se envolvem em atividades físico-esportivas.

Em relação à potência aeróbica da gestante mensurada através do consumo máximo de


oxigênio (V02max), alguns autores demonstraram que o V02max e a freqüência cardíaca máxima
durante o exercício não foram diferentes na gravidez e 2-6 meses pós-parto (39). Por outro lado,
estudos em atletas recreacionais previamente bem condicionadas que mantiveram moderado nível de
exercício durante e após a gravidez mostraram um pequeno mas significante incremento (+ 7,3% )
no V02max (11, 14). SOUTH-PAUL (41) medindo a capacidade aeróbica antes da gravidez e no pós-
parto, sugeriram que a falta de atividade física e o ganho de peso contribuem efeito geral de
destreinamento físico até as 4-8 semana pós-parto . Esses achados reforçam a importância de estudos
longitudinais para determinar quando é recuperada a capacidade aeróbica pré-gravídica, se a falta de
condicionamento é um efeito inevitável da gravidez, ou se este efeito pode ser prevenido ou
minimizado com a prática regular de atividade.

De outro lado, alguns estudos demonstraram que a potência anaeróbica não é afetada durante a
gravidez e pode ser incrementada pelo condicionamento físico (44).

Dentro das alterações hormonais que acontecem com o exercício na grávida, sem dúvida
alguma a de maior preocupação é o comportamento dos níveis de glicose. As mudanças nos níveis de
glicose são muito sensíveis ao tipo, intensidade e duração do exercício, assim como a condição física
do indivíduo. Parece que os níveis de glicose são mantidos em patamares mais estáveis durante o
exercício leve e moderado na gravidez. No entanto, esse tipo de exercício não parece reverter as
alterações induzidas pela gravidez na tolerância a glicose e na expressão da GLUT 4, como
recentemente observado por Mottola e cols (32). Mas o exercício extenuante e prolongado pode
induzir a hipoglicemia mais rapidamente durante a gravidez (21) e essa resposta hipoglicêmica
observada principalmente no terceiro trimestre pode ter potencialmente efeitos adversos sobre o feto
(13). Mas o exercício pode se mostrar benéfico nas gestante diabéticas tipo II já que níveis leves de
exercício são de suficiente intensidade para induzir um efeito do treinamento físico: sensibilizar os
receptores de insulina e aumentar a utilização de glicose nessas pacientes (5).

A principal resposta hemodinânica do exercício é a redistribuição seletiva de sangue aos


músculos em atividades, com redução aos órgãos esplâncnicos e potencialmente ao útero e ao feto. O
incremento no débito cardíaco durante a gravidez significa que o aumento do fluxo sangüíneo ao
músculo em exercício pode ocorrer sem diminuição do fluxo ao feto (40) . A relação débito
cardiaco/V02 (demanda metabólica sistêmica) não é afetada pela gravidez (39). Estas respostas são
mediadas por mecanismos principalmente endócrinos. Estudos indicam que em gestantes normais tais
respostas endócrinas ao exercício são transitórias, reversíveis e sem nenhum efeito deletério
permanente. Essas afirmações são reforçadas por estudo recente de Clapp e cols (17) que mostrou que
o exercício físico regular reduz a necessidade de redistribuirão do fluxo durante o esforço das vísceras
maternas em direção ao cérebro fetal.

Em relação aos efeitos sobre a mãe, tem sido citado que a mulher que se exercita antes da gravidez e
continua durante ela, tendem a pesar menos, ganhar menos peso e ter filhos mais pequenos (7).
Resultados de estudos feitos em animais sugerem que o exercício extenuante pode afetar o ganho de
peso materno, o tamanho e área de superfície da placenta, peso fetal e desenvolvimento dos órgãos
fetais. No entanto, em tradicional estudo realizado em ratos por PARIZKOVA (34), a autora descreve
que o peso do coração, o número de fibras musculares do ventrículo esquerdo e a proporção de
capilares por miofibrilas em filhotes de ratas expostas a um programa de exercício por 50 a 100 dias foi
significativamente maior em relação aos filhotes de mães sedentárias.

Apesar das escassas informações em humanos, alguns autores baseados na sua experiência pessoal
comentam da redução do peso do feto ao nascimento e/ou retardo do crescimento intra-uterino em
mães que realizaram exercício extenuante durante a gravidez (6, 20). Outros consideram que o peso do
feto ao nascimento não é afetado quando mães saúdaveis e bem nutridas participem em exercícios leves
e moderados durante a gravidez. Bem recentemente, Wolfe e cols (49) conseguiram acompanhar 27
mulheres que faziam condicionamento aeróbico baseado em "steps" (subir escadas), com FC entre 140-
150 bpm, 30 min por dia, 3 vezes por semana, durante o segundo e terceiro trimetres. Quando
comparadas a 28 mulheres do grupo controle, se apurou que o peso corporal, a adiposidade, as
circunferências, comprimentos totais e de membros inferiores dos neonatos eram similares. Entretanto,
exercícios mais intensos feitos na gestação em animais chegaram a causar mudanças no crescimento
fetal. Além disso, grávidas com insuficiência útero-placentária são mais propensas a essas alterações
fetais (21). Em conclusão, podemos dizer que o condicionamento aeróbico moderado durante a
gestação saudável não afeta as características antropométricas (peso, altura, adiposidade e
circunferências) de recém-nascidos.

Outros efeitos hipotéticos do exercício sobre a mãe e consequentemente no feto (resumidos na


Tabela 2 ), estão associados a alterações da glicose sangüínea que podem levar a hipoglicemia materna
e fetal. Incremento na atividade neural simpática levaria a vasoconstrição materna, diminuição do fluxo
sangüíneo uterino, hipóxia e bradicardia fetal. As alterações no sistema cardiovascular podem causar
complicações cardiovasculares e o estresse articular levar a lesões ósteo-articulares.

Alguns estudos epidemiológicos em grávidas que trabalham (23) mostraram que o levantamento
frequente de cargas pesadas incrementa em 20-30% o risco de parto prematuro. Considerando o
índice de fadiga a partir de valores de estresse postural, esforço físico, estresse mental e outros, foi
mostrado também o incremento das taxas de nascimento prematuro, na medida que se aumentava o
índice ocupacional e o número de horas trabalhadas por semana.

Outro dos efeitos deletérios preocupantes é o relacionado a termo-regulação (15, 24, 30, 46),
dado que a temperatura corporal da mãe regula a temperatura do feto e que com o exercício materno a
temperatura corporal aumenta. Os estudos em animais indicam que o incremento na temperatura
corporal (hipertermia) no início da gestação pode ser efeitos teratogênicos principalmente defeitos do
neurotubo.

Durante o exercício aeróbico o equilíbrio ácido-básico materno não é comprometido já que a


hiperventilação gestacional é um mecanismo adptativo para manter a pressão arterial de CO2 (PaCO2)
e o bicarbonato arterial durante o exercício aeróbico (37) .

Como foi exposto anteriormente, o fluxo sanguíneo uterino pode ser comprometido durante o
exercício. No entanto, para chegar a produzir hipóxia ou asfixia fetal. a diminuição desse fluxo
deveria ser maior que 50%. Durante o exercício leve e moderado na gestante normal este fato é
raramente observado, porém durante o exercício extenuaente e prolongado, estes acontecimentos
ocorrem com maior freqüência. A resposta inicial do feto ao exercício materno é o incremento da
freqüência cardíaca (taquicardia) e da pressão arterial. No entanto, como mencionado anteriormente,
Clapp e cols (17) mostraram que o exercício físico regular reduz a necessidade de redistribuição do
fluxo durante o esforço das vísceras maternas em direção ao cérebro fetal, pois a queda da pO2 fetal foi
menor em fetos de mães que se exercitavam regularmente.

A partir das diferentes pesquisas parece que, em geral, a resposta dos batimentos cardíacos
fetais ao exercício materno é um aumento aproximado de 10-30 batimentos por minuto (bpm). Estas
alterações são consistentes e independentes do período gestacional e até mesmo da intensidade do
exercício realizado pela gestante. No entanto, Brenner et al. (10) recentemente demonstraram que
mesmo exercícios progressivos que elevaram a FC materna a 170bpm não induziram a stress fetal
durante gravidez saudável. Imediatamente e após 5 minutos de exercício a freqüência cardíaca fetal
tende a permanecer significativamente elevada nas atividades físicas de intensidade leve, moderada e
intensa. Com intensidades leves e moderadas a freqüência cardíaca do feto retorna aos níveis basais em
aproximadamente 5 minutos, porém em exercícios de alta intensidade ou extenuante a freqüência
cardíaca permanece elevada durante aproximadamente 30 minutos (6).

Apesar que a resposta inicial do feto seja a taquicardia, com a hipóxia prolongada e a
estimulação vagal atinge-se a bradicardia (freqüência cardíaca fetal menor a 120 bpm por 2 minutos ou
mais). Ainda não está claro se os breves períodos de bradicardia são comuns durante o exercício e o seu
mecanismo, mas é possível que aconteçam como resposta normal aos eventos hemodinâmicos e
hormonais da gestante ou por compressão da cabeça fetal por má posição temporária durante o
exercício materno. Estudos da freqüência cardíaca fetal durante o exercício materno sugerem que o feto
pode ser exposto transitoriamente a hipóxia moderada, sendo que o feto pode tolerar muito bem, em
ausência de insuficiência útero-placentária, enfermidades maternas metabólicas e cardiovasculares,
estresse ambiental e outros (47).

A freqüência cardíaca fetal pode ser medida por ausculta, fonocardiografia, electrocardiograma
abdominal, Doppler ultra-som ou ecocardiografia. Comparando o uso do Doppler e da ecocardiografia
de duas dimensões (modo-M ), PAOLONE e cols. (33) mostraram que os registros ecocardiográficos
da atividade cardíaca fetal durante o exercício materno fornecem determinações da freqüência cardíaca
fetal livres de artefatos. Dessa maneira as variações na incidência de bradicardia fetal durante a
atividade física materna podem ser explicadas em parte por diferenças de métodos de avaliação que em
muitos dos casos levam à distorções.

Uma síntese do impacto da atividade e do exercício físico sobre variáveis fisiológicas e de


aptidão física está na Tabela 1 e dos possíveis efeitos deletérios na Tabela 2. Uma extensa e profunda
revisão sobre o exercício materno e o bem estar fetal feita por Wolfe e cols (48) poderia satisfazer aos
leitores mais interessados.

EFEITOS BENÉFICIOS DO EXERCÍCIO NA GRAVIDEZ

A partir das pesquisas relacionando gravidez e atividade física (4,8,26,27,28,38,46,47),


podemos citar os principais benefícios biológicos do exercício durante a gravidez, tais como:

- Menor ganho de peso e adiposidade materna


- Diminuição do risco de diabetes
- Diminuição de complicações obstétricas
- Ausência de diferenças significativas em idade gestacional, duração do parto, peso ao nascimento,
tipo de parto, valores de APGAR e complicações maternas e fetais.
- Menor risco de parto prematuro
- Menor duração da fase ativa do parto
- Menor hospitalização
- Diminuição na incidência de cesárea
- Altos valores de APGAR
- Melhora na capacidade física

Entretanto, cada vez mais se está dando ênfase aos benefícios psicológicos e sociais, que são
igual ou mais importantes que as vantagens biológicas. O Programa Agita São Paulo reforça o impacto
positivo da atividade física regular moderada sobre:
- Melhora auto-imagem
- Melhora da auto-estima
- Melhora da sensação de bem estar
- Diminuição da sensação de isolamento social
- Diminuição da ansiedade e do stress
- Diminuição do risco de depressão

Estes dados muitas vezes controversos são devidos basicamente ao limitado número de estudos
em humanos mensurando os efeitos do exercício na gravidez e as falhas metodológicas na realização de
muitos desses estudos. Assim, gostaríamos de ressaltar os efeitos benéficos mais prováveis da atividade
física durante a gravidez, citados na Tabela 3.

TIPOS DE ATIVIDADE FÍSICA

A escolha de um programa de exercícios dependerá das preferências da mulher e dos recursos


disponíveis. Mas para mulher grávida existe uma série de atividade físicas convenientes e benéficas
pelo baixo risco a saúde, outras de risco médio que só poderão ser realizadas tomando certas
precauções e outras que definitivamente são totalmente contra-indicadas (Tabela 4) .

A. ATIVIDADES DE BAIXO RISCO

Este tipo de atividade pode ser recomendada inclusive para mulher grávida previamente
sedentária que deseja iniciar algum tipo de atividade física durante a gravidez. Para essa mulher o mais
indicado é o caminhar, a natação, a hidroginástica leve e o pedalar na bicicleta ergométrica. A
mulher já habituada a correr ou fazer “jogging” antes da gravidez, pode continuar seu programa
modificando a intensidade e velocidade a medida que a gestação avança.

As principais precauções a serem tomadas se relacionam com o terreno, a temperatura


ambiente, o calçado, o aquecimento e esfriamento, a hidratação e especialmente a evitar as fases
anaeróbicas (períodos de curta duração e alta intensidade), a exaustão e a fadiga (41) .

Exercícios na água, como a natação, são uma grande alternativa, sendo uma atividade com bom
componente aeróbico, que não suporta o peso corporal, características consideradas mais apropriadas
durante a gravidez. Neste casos o fundamental é manter a temperatura do ar e da água confortável e
nadar de acordo com as habilidades. Estudos com nadadoras recreacionais (44) mostram que a
dissipação do calor pode diminuir durante a gravidez devido a melhora na reatividade cutânea vascular
e incremento na gordura subcutânea.

Uma outra atividade de grande difusão na atualidade e que tem se mostrado benéfica para a
grávida é a hidroginástica. Assim como na natação as principais vantagens desta modalidade de
exercício estão dadas pelo menor estresse articular (evitando as forças gravitacionais), a melhoria na
termoregulação e o efeito natriurético e diurético, que é devido básicamente a incremento do volume
plasmático, diminuição da resistência vascular renal e incremento do fluxo sangüíneo e da filtração
renal causados pela pressão hidrostática (24). As pesquisas (24, 30) têm mostrado, comparando
exercício feitos na água e na superfície terrestre, que o estresse térmico, a freqüência cardíaca, pressão
arterial, temperatura corporal e estoque de calor são menores na água do que na terra e que a perda de
peso, especialmente por perda de edema, é maior na água, pelo incremento da produção de urina e suor
(Tabela 5). A temperatura ideal da água deve estar em torno de 28-30 C, já que temperaturas maiores
podem levar à vasodilatação e as menores à vasoconstrição.

A yoga e o tai-chi-chuan são boas alternativas de se manter o tônus muscular e a melhora da


flexibilidade.

B – ATIVIDADES DE MÉDIO RISCO

Neste grupo estão incluídas atividades como a ginástica aeróbica, musculação, os esportes de
raquete (tênis, squash) e esquiar ou patinar. Um programa de ginástica aeróbica de baixo impacto
pode ser realizado com as devidas precauções evitando exercícios de super extensão e atividades em
posição de costas. Nos esportes de raquete a intensidade deve diminuir com o progresso da gestação.
Por outro lado, esquiar ou patinar não devem ser indicadas para iniciantes e nas atletas deve ser evitada
a competição.

Dentre essas atividades, a que causa maior controvérsia é o treinamento da força muscular
(musculação) durante a gravidez, já que existem poucas pesquisas científicas na área (50). Os
principais riscos potenciais descritos são os de lesão ósteo-muscular, de diminuição do fluxo sangüíneo
à placenta e consequentemente ao feto, como também o incremento na temperatura corporal.

Por outra lado, com o fortalecimento muscular a mulher estaria mais hábil para tolerar seu peso
corporal, alterar o centro de gravidade, realizar as atividades do dia a dia, melhorar a postura e evitar
uma das queixas da gravidez: a lombalgia. Assim, como alguns autores dissuadem a grávida que nunca
fez treinamento de peso a começar durante a gravidez, outros sugerem o treinamento específico da
força com pesos livres ou máquinas de peso (pesos de 1,5-2,5kg), com estimulação de 10-15 grupos
musculares, com 10 repetições, exercitando um minuto cada grupo muscular, duas vezes por semana.
Devem ser evitadas altas intensidades, cargas máximas e a manobra de Valsalva (apnéia inspiratória). É
benéfico fortalecer o quadríceps e a mulher, enquanto que já fazia treinamento de peso pode continuar
dando ênfase a força dos segmentos corporais superiores.

C – ATIVIDADES DESFAVORÁVEIS

São consideradas desfavoráveis todas aquelas atividades ou esportes de contato físico e de


grande possibilidade de trauma. Esportes como o voleibol, basquetebol, esqui aquático e atividades
como a ginástica de alto impacto, o hipismo e o mergulho, devem ser totalmente evitados durante a
gestação .
Em relação ao mergulho, existem riscos potenciais de enfermidade por descompressão,
hiperóxia, hipóxia, hipercapnia (aumento do CO2) e asfixia. Mas está descrito que para mulher grávida
que precise mergulhar as tabelas de mergulho podem ser modificadas e devem ser tomadas precauções
extras (3).
Determine assim o tipo de atividades favoráveis e desfavoráveis durante a gravidez. Existem
tanto para a grávida previamente sedentária e para a atleta grávida uma série de recomendações que
devem ser seguidas no desenvolvimento de qualquer atividade física e que estão resumidas na Tabela 6.
INTENSIDADE DO EXERCÍCIO

A relação entre VO2 e a freqüência cardíaca (FC) observada na mulher não grávida se modifica
durante a gravidez, principalmente com a idade gestacional . Em função dessas mudanças e da ampla
variação nas respostas da freqüência cardíaca ao exercício intenso na gravidez, os critérios para
estabelecer a intensidade do exercício são variados.

Alguns de forma mais cautelosa, como o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (1),
recomendam que a intensidade do exercício não exceda uma freqüência cardíaca de 140 bpm, que
refletiria aproximadamente 60-70% da capacidade aeróbica máxima da maioria das mulheres grávidas.
Outros sugerem (11) que o método mais exato para predizer VO2 na grávida é a extrapolação da curva
VO2-FC para uma estimada FC máxima.

A mulher grávida pode se beneficiar de um programa de atividade física de intensidade leve a


moderada, ou seja de 15-50% do VO2 max ou de 40-65% da FC máxima (8). Outros restringem esse
limiar de estímulo de treinamento para 50% do VO2 max ou a FC de repouso mais 60% da diferença
entre a FC máxima e a FC de repouso (31), ou seja :
FC de exercício: FC repouso + 60% [ FC máxima – FC repouso ]

Outra forma bastante prática e fácil de monitorizar o nível de exercício na mulher grávida é o
uso da percepção subjetiva de esforço, já que a FC de repouso aumenta durante a gravidez e a FC
máxima pode diminuir no fim da gravidez. Considerando a Escala de Borg com valores de 6-20, são
recomendados como níveis adequados de exercício valores de 12-14 (45) e na escala de 0-10 e sugerido
como limite superior 3 (36) na grávida não treinada . No entanto, alguns autores (46) consideram que a
utilidade da percepção de esforço deve ser cuidadosamente analisada devido ao incremento na
sensibilidade ventilatória e a variabilidade da dispnéia experimentada durante o exercício . Mas estudos
recentes mostram (48) que na mulher grávida sedentária a percepção de esforço periférico (esforço nas
pernas) tende a incrementar, possivelmente por falta de condicionamento muscular, enquanto que na
grávida treinada a percepção de esforço central (cardio-respiratória) e periférica tendem a diminuir,
fortalecendo a hipótese de que a percepção de esforço é um índice válido de intensidade de exercício e
estado de condicionamente aeróbico na gravidez. Uma regra simples e prática e o grau de estresse
respiratório: se a grávida consegue falar durante o exercício a intensidade do mesmo pode ser
classificado como de leve a moderada.

DURAÇÃO E FREQUÊNCIA

Dependendo do objetivo desejado, do nível de condicionamento físico da mulher e da


intensidade do exercício serão estabelecidas a duração e a freqüência. Quanto maior a intensidade da
atividade, maior será a freqüência e duração. É recomendado que a mulher cuja gestação esteja
evoluindo normalmente mantenha um regime de treinamento físico com uma intensidade de 60-70% da
FC máxima não além de 30 minutos três vezes por semana (31). A mulher grávida atleta ou em
melhores condições físicas pode se submeter a programas de intensidades moderadas, mas de maior
duração e freqüência. Já a mulher grávida com estilo de vida sedentário deve começar em níveis baixos
de intensidade e avançar de forma gradual. Entretanto, a medida que a gravidez progride, a mulher
tende naturalmente a diminuir o nível de atividade física.

Em revisão (27) abrangendo 1357 mulheres grávidas submetidas a programas de exercício


como nadar, pedalar na bicicleta, fazer “jogging”ou musculação, foi observado que seguindo as
recomendações do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (1) (exercício de intensidade não
superior a 140 bpm, 3 dias por semana, menos de 15 minutos por sessão) não houve efeitos adversos
sobre a mãe ou feto. Por outro lado, mesmo naquelas grávidas que realizam atividade física em média
43 minutos por dias, 3 vezes por semana a uma freqüência cardíaca maior de 144 bpm, não houve
efeitos adversos associados ao feto ou à mãe em uma gravidez normal e saudável.

ATIVIDADE FÍSICA NA GRAVIDEZ, NO PARTO, PÓS-PARTO E NA LACTAÇÃO

De forma geral as atividades de competição e atividades físicas intensas podem ser realizadas
por atletas profissionais ou de elite grávidas ainda no primeiro trimestre da gestação. Já no segundo e
terceiro trimestre só serão permitidas atividades de intensidade moderada e no último mês, só repouso
(38) . Na grávida não atleta são recomendadas atividades atividades de intensidades leve a moderada
durante a gravidez e repouso no último mês (Tabela 7) .

Essas recomendações feitas de forma geral variam de mulher para mulher e só devem ser
realizadas sob estrita supervisão médica. Durante a gravidez pode ser mais importante trabalhar
flexibilidade e o fortalecimento dos músculos pélvicos do que manter a aptidão cardiovascular.

Em função de descrições de obstetras pioneiros de que a mulher durante o trabalho de parto


preferencialmente deveria ficar próxima ao leito ou sentada, essas são as posições que usualmente se
espera que a grávida adote naquela fase. No entanto, recentemente Bloom et al. (9) sugeriram a 536
mulheres que andassem durante o trabalho de parto. Dessas, 380 realmente o fizeram por um período
médio de 56 minutos e quando comparadas às que não andaram os resultados mostraram ausência de
diferença significativa: a- no tempo de trabalho de parto (6,1 x 6,1hs); b- na necessidade de indução por
oxitocina (23 x 26%); c- uso de analgesia (84 x 86%); d- indicação de fórceps (4 x 3%) e cesareana (4
x 6%); e e- características dos conceptos. Assim concluíram que a caminhada não melhora nem piora o
trabalho de parto, como também não é deletéria nem para a grávida como também para o feto.

A recomendação da atividade física após o parto também vai depender do condicionamento


físico, do estado de saúde e da motivação da mãe e das metas propostas. A atleta pode retornar as
atividade físicas leves já na primeira semana após o parto e ir incrementando gradualmente a
intensidade, devido a que muitas das mudanças só desaparecem em um prazo que varia de uma a oito
semanas. Em alguns casos essas modificações podem persistir por até 6 meses, como observado na
composição corporal analisada por DEXA em 95 mulheres militares em recente comunicação de
Dettori e cols (18 ).

A lactação não é incompatível com atividade física moderada (38) mas é importante a mulher
manter uma adequada hidratação e nutrição. Bem recentemente Wright e cols (52) demonstraram que
ano houve entre antes a após sessões de treinamento de 75% do VO2 max ou após teste máximo em: a-
temperatura da pele materna; b- temperatura do leite; c- ingestão de leite pelo bebe (ml/kg peso
corporal); e d- aceitação do leite pelo bebe. Foi interessante notar que estes resultados foram obtidos a
pesar do aumento pequeno mas significativo do lactato no leite. Podemos concluir que exercícios
maternos moderados e talvez mesmo intensos durante a lactação não impede a aceitação, o volume e a
qualidade de amamentação do bebe.
CUIDADOS E CONTRA-INDICAÇÕES DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS

Embora toda mulher devesse acumular pelo menos trinta minutos de atividade física por dia, na
maior parte dos dias da semana, de forma contínua ou acumulada, de intensidade moderada ou leve,
lembramos que a grávida que quiser se envolver em um programa de esporte ou exercício mais intenso
deve ser avaliada médica e obstétricamente antes de começar. A avaliação deve incluir também uma
anamnese físico-desportiva e sempre que possível uma determinação do estado de condicionamento
físico cárdio-respiratório.
Os testes mais freqüentemente usados são os de caminhar na esteira rolante (não é preciso
correr ) e de pedalar na bicicleta ergométrica (25).
Existem já estabelecidas (8) as contra-indicações absolutas e relativas para a prática de
exercício físico durante a gravidez, que poderiam ser divididas em:

A - Contra-indicações absolutas:
- Doenças miocárdicas
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Enfermidade cardíaca reumática
- Tromboflebite
- Embolismo pulmonar recente
- Enfermidade infeciosa aguda.
- Risco de parto prematuro
- Colo uterino incompetente
- Gestação múltipla
- Saneamento uterino, rotura da bolsa
- Retardo de crescimento intra-uterino
- Macrossomia
- Enfermidade hipertensiva grave
- Suspeita de estresse fetal

b- Contra-indicações relativas :
- Hipertensão arterial essencial
- Falta de controle pré-natal
- Anemia e outras alterações sangüíneas
- Enfermidade tiroideia
- Diabetes mellitus
- Obesidade excessiva ou baixo peso extremo

Além disso existe uma série de sintomas e sinais que indicam a suspensão da atividade física,
entre os quais estão: dor, contrações uterinas, sangramento vaginal desmaio, palpitações, náusea,
vômito, edema generalizados e diminuição da atividade fetal.

As orientações para a grávida sedentária ou não treinada diferem da mulher grávida altamente
treinada ou da atleta profissional. Os riscos e precauções são similares, embora a atleta grávida possa se
exercitar mais intensamente. Para minimizar os riscos a intensidade, duração, freqüência e o tipo de
exercício devem ser modificados. Nesse sentido, alguns cuidados estão sumarizados na Tabela 5.
GRAVIDEZ NAS ATLETAS DE ELITE

Existe pouca informação sobre as complicações da gravidez de atletas profissionais ou atletas


que continuam se exercitando durante a gravidez. Em estudos iniciais Erdelyi (19) e Zaharieva (52)
relataram baseados em 172 atletas húngaras e 150 búlgaras, que o treinamento físico na gravidez pode
levar a pequenos riscos. Erdelyi encontrou diminuição na incidência de complicações: menor
incidência de hipertensão arterial induzida pela gravidez e cesárea. Por outra lado, Zaharieva indica que
as atletas tiveram maior número de recém-nascidos pesando entre 2.600-3.000 gramas (potencial
retardo do crescimento ou parto prematuro). De igual forma Clapp (12) relatou que os filhos de mães
que se exercitaram extenuadamente eram menos pesados ao nascimento, o que poderia explicar
primeira e segunda fases mais curtas de trabalho de parto nessas mulheres.

Os estudos de atletas de elite que continuam seu condicionamento físico durante a gravidez
revelaram geralmente resultados favoráveis. Apesar de algumas falhas metodológicas, relataram que o
resultados da gravidez não foram comprometidos pelo exercício regular (46). No entanto, devemos
alertar que as atletas de elite representam uma população seleta com grande tolerância ao esforço físico
e acostumadas a altas intensidades de treinamento, tendendo a desprezar sinais de sofrimento corporal,
continuando o exercício apesar do desconforto, o que sem dúvida pode ser um risco adicional.

As principais situações (22) que precisam ser levadas em consideração na atleta de elite grávida
são:

1- CONTROLE DO PESO CORPORAL: dada a preocupação por manter o peso corporal


em limites adequados, freqüentemente as atletas reduzem significativamente a ingestão alimentar. Essa
nutrição inadequada induz a ganhar menos peso e quando associada às atividades físicas extenuantes,
pode levar ao retardo do crescimento intra-uterino.

2- INGESTÃO DE VITAMINAS: comumente existe por parte da mulher atleta grávida um


excessivo consumo de vitaminas que em alguns casos pode levar à malformações congênitas. O
excesso de vitamina D tem sido associado com a síndrome neonatal com estenose aórtica supravalvular
e retardo mental. Excesso de vitamina A pode causar anomalias urogenitais, malformação do ouvido,
palato fendido e defeitos do tubo neural. Por outro lado, a deficiência de ácido fólico pode resultar em
defeitos do tubo neural e diminuição dos estoques de ferro, levam à fadiga e diminuição da tolerância
ao exercício.

3- ESTERÓIDES ANABÓLICOS: apesar de amenorréia e anovulação na atleta que os


consome freqüentemente, em algumas raras ocasiões pode existir gravidez que em conjunto com a
ingestão dos esteróides pode levar a efeitos fetais como masculinização do feto do sexo feminino.

4- TERMOREGULAÇÃO: para evitar o incremento da temperatura corporal durante o


exercício, a atleta grávida deve prevenir a desidratação bebendo no mínimo um copo de líquido a cada
15 minutos de exercício, evitando elevação da temperatura corporal acima de 38,5 graus centígrados e
controlando a cor da urina.

5- ABORTO ESPONTÂNEO: não existem dados científicos que sugiram que qualquer nível
de atividade física pode induzir o aborto espontâneo, como não também existem diferenças na
incidência de aborto entre grávidas atletas e não atletas.
6- PERFORMANCE FÍSICA: apesar das alterações fisiológicas que acontecem nos
primeiros meses da gravidez e que podem afetar a prática de atividade física, a maioria das atletas no
início da gravidez pode treinar em ou perto do seu pico de performance. Aparentemente não existem no
primeiro trimestre conseqüências adversas da participação competitiva da atleta grávida. Com a idéia
de que essas mudanças, especialmente em nível cardiovascular, pudessem melhorar significamente a
performance, muitas atletas recorreram a gravidez como um meio de obter os “benefícios” que ela
traria. Mas hoje em dia não existem fundamentos fisiológicos nem científicos que justifiquem a
gravidez como doping na mulher atleta. A participação em nível profissional com as modificações que
ocorrem com o avanço da gravidez, podem ser contraproducentes para muitas atletas. As alterações
principalmente no peso, postura centro de gravidade, nas articulações e ligamentos afetam e limitam o
desempenho da atleta. Por isso, de forma geral é sugerido que a competição seja suspensa a partir da
16-20 semana.

CONCLUSÃO

A atividade física durante a gravidez é uma área onde ainda existe falta de pesquisas cientificas
adequadas para dar maior suporte às recomendações que podem ser feitas durante este período da vida
da mulher. Sabemos que o estar grávida não é uma razão para começar um programa de exercício físico
já que ele precisa ser uma parte do estilo de vida de cada um. Mas a mulher sedentária que engravida e
sente a motivação para começar a realizar atividade física, deve ser adequadamente orientada para
procurar atividades confortáveis, leves, que promovam o prazer e que não tentem treinar como uma
“atleta”. Nesses casos o mais importante será manter o tônus muscular, a flexibilidade e a postura, entre
outros, mediante atividades como o caminhar, o pedalar na bicicleta estacionária, a natação e a
hidroginástica. Já na atleta ou na mulher ativa que engravidam, as precauções e a supervisão médica e
obstétrica (igual que na sedentária) devem ser reforçadas; podendo ela continuar com seu programa de
treinamento físico, com ajustes progressivos na intensidade, freqüência e duração dessas atividades.

De forma geral parece que o exercício físico, prescrito adequadamente, não modifica a duração
da gestação, o tipo de parto, o peso de feto ao nascimento, os índices de APGAR, nem as complicações
maternas e fetais, contribuindo assim a manter a saúde materna e o bem estar do feto. Autoridades de
saúde e pacientes devem estar atentos aos novos paradígmas que indicam que um estilo de vida ativo é
fundamental para a futura mãe, para a grávida e para uma cidadania com melhor qualidade de vida.
Nesse sentido se ressalta a progressiva necessidade de monitorizar ano somente os benefícios
biológicos mas também e cada vez mais os psicológicos e sociais que obtém a grávida ativa.

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Tabela 1. Alterações de algumas variáveis fisiológicas com a gravidez, o condicionamento físico e o


exercício físico na gravidez.

Variável Gravidez Treinamento Físico Exercício Materno


Débito cardíaco ↑ ↑ ↑
Volume sistólico ↑ ↑↑ ↑
Volume sanguíneo ↑↑↑ ↑ ↑
VO2 l.min-1 ↑  
VO2 ml.kg-1.min-1 ↓ ↑  ou ↑
Frequência cardíaca ↑↑ ↓ 
P.A. Sistólica  ou ↑  ou ↑ *
P.A. Diastólica  ou ↑ ↓ *
Temperatura corporal  
P.A. = pressão arterial
↑ = incremento ↓ = diminuição
 = sem alteração * = sem informação

Tabela 2. Prováveis efeitos deletérios do exercício físico em nível materno e fetal.

Exercício Materno Fetal


↑ Utilização de carboidratos Hipoglicemia Hipoglicemia
Má nutrição
RCI
↑ Atividade simpática Vasoconstrição Hipoxia
↓ fluxo sanguíneo uterino Bradicardia
↓ difusão placentária
↑ Temperatura corporal ↑ Temperatura central ↑ Temperatura(teratogenicidade)
↑ Débito cardíaco Complicações cardiovasculares 
↑ Stress vascular Lesões músculo-esqueléticas 
Outros Aborto espontâneo 
Parto prematuro 
↑ = incremento ↓ = diminuição
RCI = Retardo do crescimento intrauterino
Tabela 3. Possíveis efeitos benéficos de um programa de atividade física realizado ou continuado
durante a gravidez.

Efeitos Benéficos Potenciais


Melhor controle do peso corporal
Menor incremento da adiposidade
Ajudar no controle da pressão arterial
Diminuir o risco de diabetes
Ajudar na prevenção das varizes
Melhorar postura e força muscular
Diminuir a lombalgia
Manter ou melhorar a aptidão física
Melhorar a auto-estima
Facilitar a recuperação

Tabela 4. Atividades físicas de baixo, médio risco e desfavoráveis durante a gravidez.

Tipo de Risco Atividades Físicas


Baixo Caminhar Ciclismo
“Jogging leve” Yoga
Natação Golfe
Hidroginástica

Médio Aeróbica Musculação


Tênis Patinação

Desfavoráveis Basquetebol Hipismo


Voleibol Mergulho
Jogging intenso Ginástica de alto impacto
Esqui aquático

Tabela 5. Principais vantagens da hidroginástica na gravidez em relação aos exercícios realizados na


superfície terrestre.

Efeitos Benéficos da Hidroginástica


Menor estresse articular
Diminui forças gravitacionais
Facilidade para suportar o peso corporal
Melhora mobilidade articular
Favorece a perda de edema
Diminui frequência cardíaca materna
Diminui pressão arterial materna
Menor incremento da temperatura materna
Menor acúmulo de calor
Rápida recuperação da frequência cardíaca fetal

Tabela 6. Cuidados gerais na realização de atividades físicas durante a gravidez.

Recomendações Gerais
Evitar incremento da temperatura corporal
Evitar fases anaeróbicas
Evitar exaustão e fadiga
Evitar exercícios em posição supina
Evitar manobra de Valsalva
Realizar aquecimento e esfriamento
Adequada hidratação e ingestão calórica
Alerta aos sinais de desidratação e sobretreinamento

Tabela 7. Tipos de atividade física durante a gestação para a atleta grávida e a grávida não atleta.

Tipo de atividade Atleta grávida Grávida não atleta


1 – 4 mês 4 – 8 mês 9 mês 1 – 4 mês 4 – 8 mês 9 mês
Competição + - - - - -
Atividade intensa + - - - - -
Atividade moderada + + - + + -
Atividade leve + + - + + -
Repouso + +
+ = Recomendada
- = Não recomendada

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