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Email da profa: cynthiasamary@biof.ufrj.

br Neste caso, os cuidados esperados são: suporte


ventilatório (ventilação invasiva ou não), nutrição
adequada (enteral ou não, sendo o jejum só indicado
Introdução em casos pré cirúrgicos), manter função renal e
O centro de terapia intensiva pode ser classificado em: glicemia adequada etc
CTI geral, pós operatório, neurológico, cardíaco
(=coronariano), pediátrico etc e cada um apresenta
pacientes com especificidades diferentes
Doença crítica cronica (DCC)
Pacientes que permanecem dependentes da UTI por
doença aguda por mais de 10 dias e se tornam um pct
crítico.
Quando o paciente resolve as necessidades de
suporte a vida na fase aguda há um equilíbrio na
atividade simpática e parassimpática. Mas no caso do
pct crônico a atividade simpática aumenta muito
gerando um estresse corporal crônico, por exemplo:
atividades de luta e fuga como aumento da frequência
cardíaca gerando falência cardíaca, dificuldade de
Na imagem o paciente apresenta bastantes equipamentos de desmame da ventilação, distúrbios de coagulação,
densidade tecnológica mas é importante ressaltar que nem falência renal (precisando de hemodiálise) etc
todos os pacientes de CTI são graves a ponto de precisar de Alguns fatores como idade avançada, comorbidades
intervenções radicais como ventilação mecânica, hemodiálise,
monitorização craniana etc.
prévias (como histórico de doença cardíaca,
obesidade, disfunções metabólicas etc)
Dentre as complicações dos pcts críticos, as mais
Doença crítica aguda importantes são:
“A doença crítica abrange um largo espetro de  Aumento da espécies reativas de oxigênio
condições médicas ou cirúrgicas que implicam risco de  Repouso no leito por mais tempo e aumento de
vida, exigindo habitualmente cuidados intensivos” citocinas inflamatórias favorecendo:
Pode ser classificada em: → úlceras de pressão
 Clínica: como sepse, descompensação metabólica, → anormalidades neuromusculares
cetoacidose diabética → fraqueza muscular
 Cirúrgica: como trauma e pós operatório de → aumento do tempo de ventilação mecânica
artroplastia de quadril → aumento do tempo de internação na UTI
 Cardíaca: como infarto, hipovolemia, prejudicando a função física e a qualidade de vida do
 Neurológica: como AVE paciente
Este tipo de doença gera uma descarga adrenérgica
simpática, compensações que o organismo realiza
para melhorar o paciente.
Dura em torno de 10 a 14 dias, ou seja, uma
recuperação considerada rápida. Após este período já
é considerado um pct crônico

É importante que nos atentemos aos efeitos da


imobilidade ao leito, que atinge vários sistemas do
corpo:
 Músculoesquelético: atrofia muscular,
contraturas articulares, osteoporose, capsulite
 Cardiovascular e hematológico:
descondicionamento cardiovascular, hipotensão,
tromboembolismo, anemia
 Respiratório: atelectasias, infecção respiratória
 Metabólico: redução de apetite, hipoglicemia,
alteração de substâncias como glicidios, proteínas,
eletrólitos e insulina
 Genitourinário: infecções urinárias, litíase renal Cateter cardíaco constante: é uma forma invasiva de medir a
(=pedra nos rins, cálculo renal) PA - é feito através da punção da artéria radial e o cateter fica
 Gastrointestinal: constipação, diarréia dentro dessa artéria, e fica conectado a um transdutor líquido
 Nervoso: delírio, privação sensorial, depressão, que detecta a oscilação da pressão em tempo real, podendo
ansiedade, falta de coordenação, desorientação, ver a pressão sistolica e diastolica do paciente, se ele tossir
disfunção intelectual por exemplo ou respirar fundo detecta essa mudança de
pressão. Normalmente os pacientes que usam estão um
 Pele: ulceras de pressão, atrofias de pele
pouco mais graves ou podem estar no uso de alguma droga
Logo, notamos que é muito importante a mobilização vasoativa (para aumentar a pressão).
precoce no leito!
Presença de acessos: verificar os curativos do paciente
Monitorização a beira do - não permitir acessos abertos sem estar conectado a
algo, não permitir a fixação do acesso junto a fixação
leito do tubo e atentar-se que o acesso não pode ficar mais
É importante que os profissionais sempre estejam de 7 dias gerando potencial risco de infecção.
atentos no ambiente de unidade de terapia intensiva.
Também é importante conversar com a equipe
anterior na passagem de plantão além de realizar a
leitura de prontuário clínico-fisioterapêutico e de
medicações.

Monitor: serve para inspeção de sinais vitais (PA, FC,


FR e temperatura), saturação (devemos observar a
curva para saber se não é falta de posicionamento nos
dedos ou posicionamento dos eletrodos)

Drenos: drenos torácicos (pode ser devido enfisema


subcutâneo, hemotórax), drenos do tipo pêra
(utilizados em cirurgias de estética)
A monitorização pode ser invasiva ou não invasiva. Ex:
a pressão arterial pode ser verificada de forma não
invasiva (manguito do esfigmomanômetro) ou invasiva
(por cateter cardíaco constante)
Sondas (vesical, gastrointestinal) - verificar aspectos
da secreção
Materiais para atendimento: verificar antes do
atendimento - deve ter próximo ao leito luva, soro
fisiológico, álcool em gel

Verificar a ventilação: verificar ao ar ambiente, VNI,


ventilação mecânica invasiva (verificar gráficos de
fluxo, de pressão, de secreção etc) e principalmente
observar ruídos de assincronia. Verificar se é tubo
oreotraqueal ou traqueostomia (no caso da
traqueostomia significa ventilação mecânica mais
Sondas gastroenterais duradoura. Verificar se há o traquecare (válvula para
não entupir a sonda pela secreção)

Nível de consciência ou agitação do paciente: alguns


pacientes é necessário ser contido no leito por alguns
motivos: abstinência de drogas, delirios, pct agressivo
etc

Medicações: quais drogas estão sendo administradas


e como? Com bomba infusora, endovenosa, via
enteral, via oral? Verificar sedativos, analgésicos,
Sondas vesicais bloqueadores neuromusculares (bloqueia o reflexo de
tosse porque bloqueia a contração muscular), anti-
Elevação da cabiceira: quase a totalidade dos hipertensivos, anticoagulantes, drogas vasoativas,
pacientes devem estar pelo menos a 30° para otimizar anti-arritmicos
a ventilação e prevenir pneumonia e broncoaspiração

→ Drogas mais utilizadas na UTI


Nome Tipo Como age Efeitos colaterais
Antiarrítmico (mais utilizado para Age na excitabilidade e na Dor torácica, rubor facial e
Adenosina taquiarritmia supra ventricular) condutividade do estímulo cefaleia.
elétrico
Trombolitico Age na dissolução do trombo Arritmias, sangramentos e
Alteplase (mais utilizado em tromboembolia em casos de obstrução de hipotensão.
pulmonar) vasos sanguíneos
Antibradicárdico. Atua no sistema Aumenta a condução do Calor, rubor, taquicardia e
Atropina parassimpático em casos de estímulo elétrico e, palpitações.
bradicardia. consequentemente, a
frequência cardíaca
Reduz eventos de Pode gerar sangramento
Clopidogrel Antiagregante plaquetário aterosclerose, inibindo a
formação da agregação de
plaquetas.
Benzodiazepínico (indicado para Dependência química, ataxia,
Diazepam sedação, crise convulsiva e como Age no sistema nervoso diplopia, tontura, amnésia e
miorrelaxante e ansiolítico) central ginecomastia em uso
prolongado.
Cardiotônico não digitálico usado Estimula os receptores beta Aumento da frequência
Dobutamina na correção do desequilíbrio adrenérgicos do músculo cardíaca
hemodinâmico cardíaco, aumentando a força
de contração
Droga vasoativa inotrópica e Taquiarritmia
Dopamina cronotrópica indicada para Aumenta o fluxo cardíaco e a
correção do desequilíbrio pressão arterial
hemodinâmico
Droga vasoativa indicada para Diminuição do débito urinário,
Epinefrina reanimação cardiopulmonar, Age na vasoconstrição visão turva e fotofobia
reações anafiláticas e asma. periférica
Ataxia, diplopia (=ver duas
Fenitoína Age no córtex motor, inibindo imagens em um único objeto)
Anticonvulsivante a propagação da crise de e depleção de ácido fólico
convulsão. (=depleção é perda de
elementos essenciais)
Lidocaína Anestésico local e antiarrítmico Age no sistema de condução Confusão mental e alteração
elétrica do coração do comportamento.
Manitol Diurético osmótico para Diminui o edema por Desidratação, cefaleia,
tratamento de edema cerebral. diferença de concentração. náuseas e vômito
Droga vasopressora indicada em Atua como um importante Cianose de extremidades,
Noradrenalina casos de choque séptico e vasoconstritor, ou seja, na hipoperfusão renal,
situações de baixa resistência contração dos vasos mesentérica e hepática.
periférica sanguíneos.
Tramadol Analgésico Atua nos receptores Depressão do SNC e
localizados no tálamo, respiratório, constipação,
hipotálamo e sistema límbico. náusea e vômitos.
 Polineuropatia do paciente crítico
Sedação e analgesia no CTI  Depressão respiratória
Tem como objetivos:  Instabilidade hemodinâmica
 Aumentar o conforto do paciente e tolerância  Agitação
ambiental (é um ambiente estressante)  Febre
 Controle da dor e dos sintomas de provação de  Laringoespasmo
sono
 Redução de ansiedade e estímulos nocivos. Obs: para a sanidade do paciente é importante janelas
(saber se está dia ou não, como está o tempo), relógio
Se for muito prolongado pode ocorrer no paciente (que horas são).
efeitos colaterais como:
 Delírio
 Fraqueza muscular periférica e ventilatória
Anamnese Avaliação do nível de consciência
Deve ser feita diretamente ao paciente ou, se não Condição normal: Paciente alerta e acordado. Pode
possível, com a família do pct ser descrito como LOTE (=lúcido e orientado no
É importante verificar como o paciente realizava as tempo e no espaço)
atividades de vida diária antes de entrar no CTI, ou Para saber se o pct está orientado no tempo e espaço
seja, sua funcionalidade pois o objetivo do profissional são feitas perguntas como que mês é, qual ano, em
é o retorno do paciente tão bem quanto chegou ao que local ele está etc
ambiente intensivo
Condição confusa: exibe ligeira diminuição da
Caso clínico: consciência, tem resposta mental lenta, tem
HDA: queda da própria altura percepção diminuída ou lenta, tem pensamentos
HPP: hipertensão arterial, diabetes mellitus, incoerentes
hipoacusia bilateral (uso de aparelho auditivo)
História social: tabagista há mais de 30 anos, relata Condição obnubilado (=desperta com dificuldade,
realizar suas AVDs de forma independente, viúva 3 sonolento): resposta demora mais mas responde
anos e mora sozinha apropriadamente depois que desperta

Condição letárgico: não acorda completamente, tem


Exame físico atividade mental e física diminuída, responde a dor,
Verificar peso, restrição ou não ao leito, inspeção da exibe reflexos tendinosos profundos, responde
pele e estruturas do corpo lentamente a estímulos verbais mesmo depois de
acordado (por isso o termo “não acorda
Caso clínico: completamente)
Emagrecida (IMC 24), pele íntegra e hidratada, corada,
panturrilhas livres e sem sinais de TVP (trombose Paciente em delírio/ delirium: alucinações, paciente
venosa profunda) facilmente irritado, exibe agitação e ansiedade
Abdomen plano, indolor a palpação As avaliações de delirio são feitas com paciente sem
Relata dor no membro fraturado: 8 na escala EVA - administração de drogas e é utilizado principalmente a
pode ser realizado exercícios em outros membros e escala CAM-ICU (”cam ai si u”), que avalia o grau de
no outro dimero para mobilizar o pct delirio, início dos sintomas, pensamentos organizados
Restrita ao leito ou não etc. Para avaliar quando ele toma medicações
que alterem a consciência ou gerem reações
extrapiramidais existem escalas específicas como a
RASS

Avaliação de órgãos e sistemas


 Neurológico: feita em pacientes neurológicos ou
em potencial - verificar tônus, sensibilidade,
reflexos, nível de consciência
 Respiratório: tosse, expectoração, força muscular
inspiratória, ventilometria, raio x de tórax
 Cardiovascular: ausculta cardíaca, FR, PA
 Osteomuscular: força muscular, fraturas
 Mobilidade e capacidade funcional

Avaliação neurológica Paciente comatoso: pacientes em coma sem a


É observado o tipo de consciência e são utilizadas as influência de drogas (ex: em casos de AVE, aneurisma
escalas de coma (ex: Glasgow) ou escalas de sedação etc). Avaliada pela escala de coma de Glasgow
Escala de coma de Glasgow (=GCS) A decorticação (=sinal de danos no trajeto acima do
núcleo bulbo e gera predomínio de flexão do membro)
Avalia o estado neurológico de pacientes que
e a descerebração (=sinal de danos abaixo do núcleo
apresentem disfunção do SNC ou outras patologias
bulbo; predomínio de extensão) são posturas
que cursem com redução do nível de consciência.
patológicas que surgem em lesões do SNC. São
movimentos estiriotipados que surgem em reação ao
comando motor

Avalia:
Abertura ocular - pontuação de 1 a 4: espontânea (4),
ao estímulo verbal (3), ao estímulo doloroso (2) e
nenhum (1j ).

Resposta verbal - pontuação de 1 a 5: orientado e


conversa normal (5), confuso e desorientado (4),
palavras impróprias (3), sons incompreensíveis (2) e
nenhum (1)

Resultado: o nível de pontuação total varia de 3


(mínimo) a 15 (máximo)
 3: coma profundo com 85% de probabilidade de
Resposta motora - pontuação de 1 a 6: obedece aos morte
comandos (6), localiza e retira o estímulo (5), localiza  4: coma profundo
o estímulo (4), responde em flexão (3), responde em  5 a 7: coma intermediário
extensão (2), nenhuma (1).  8 a 11: coma superficial
 15: normalidade
Em caso de pontuação menor que 8 ocorre uma perda
de proteção das vias aéreas, ou seja, é um paciente
que vai precisar de ventilação mecânica invasiva então
com saliva ou secreção pode broncoaspirar pois não
consegue sequer tossir
Escala de sedação Ramsey Varia de +4 a -5

Varia de 1 a 6
Utilizada no caso de uso medicações que alterem
consciência incluindo reação extrapiramidal
 Grau 1: paciente agitado ou ansioso
 Grau 2: paciente cooperativo, consciente e  Grau +4: agressivo, violento, perigoso
tranquilo  Grau +3: muito agitado, agressivo, com atitude de
 Grau 3: paciente sonolento porém atende aos remoção de tubo e cateter
comandos verbais  Grau +2: agitado, movimentos frequentes, sem
 Grau 4: paciente dormindo só responde ao coordenação
estímulo tátil  Grau +1: inquieto, ansioso, sem movimentos
 Grau 5: dormindo com resposta só com dor agressivos
 Grau 6: dormindo profundamente, sem resposta  Grau 0: calmo
ao estímulo tátil ou álgico  Grau -1: sonolento, não totalmente alerta mas
desperta ao som da voz (mais de 10s)
 Grau -2: sedação leve, acorda rapidamente e faz
contato visual ao som da voz (menos de 10s)
 Grau -3: sedação moderada, movimento ou
abertura dos olhos ao som da voz porém sem
contato visual
 Grau -4: sedação profunda, não responde ao som
da voz, movimenta ou abre os olhos com
estimulação física
 Grau -5: incapaz de despertar, não responde ao
som da voz ou ao estímulo físico
 Ideal realizar fisioterapia baixo de 0 e -1, ou seja,
em pacientes calmos

A monitorização do nível de sedação deve ser


determinado de forma individualizada, deve cumprir
uma intensidade ideal.
O excesso de sedação pode provocar reações
indesejadas como delirium, maior tempo de
Para fisioterapia é importante uma numeração de 1 a internação, sindrome do imobilismo etc.
3 (participação ativa do paciente) para realização de
movimentos ativos. Em outras pontuações pode
Avaliação a cooperação
realizar o movimento passivo. Ao menos que haja um
grau de agitação/violência muito grande ou A avaliação fisioterapeutica avalia também a função
mecanismo de descerebração ou descorticação, em mental em relação a cooperação do paciente. Esta
que não deve-se realizar os exercícios. avaliação direciona o tipo de conduta (passiva e ativa)
e pode ser feita com solicitações verbais feitas pelo
terapeuta.
Escala de sedação de RASS O paciente não precisa só responder verbalmente mas
Richmond agitation sedation scala também com respostas corporais: o terapeuta pode
Diferente da escala de Ramsey, classifica também a solicitar: "olhe pra mim", "abra e feche os olhos",
agitação, além da sedação
"abra a boca e ponha a língua pra fora", "balance a
cabeça"

Sistema respiratório A ventilação também pode ser avaliada com o


Avalia-se ausculta pulmonar, saturação, frequência ventilometro, que calcula volume corrente e
cardíaca, tosse etc capacidade vital, auxilia no cálculo de indices
preditivos, pode ser realizada com ou sem cooperação.
Classificação da tosse/expectoração

 Quanto a efetividade
eficaz (mobiliza secreção)
não eficaz

 Quanto a produção de secreção:


seca
improdutiva
produtiva (escarro). Neste caso, podemos classificar
quanto ao aspecto da secreção em coloração
(esverdeada, amarela, purulenta, sanguinolenta,
acastanhada), consistência (espessa, viscosa, Como descrever a função respiratória?
muscoide, espumosa), volume (grande, médio ou Ex: eupneico em ar ambiente, FR 22 irpm, SpO2 93%,
pequeno) e odor (fétido ou não) torax simétrico, clm expansibilidade preservada,
ausculta pulmonar (AP): MVU reduzido sem RA, tosse
Classificação da força muscular respiratória produtiva e eficaz, secreção mucoide com exames
É uma avaliação imprescindível para saber se há complementares normais
declínio funcional ventilatório em pacientes ventilados
mecanicamente Sistema cardiovascular
Auxilia na identificação se há risco de falha na
extubação Deve-se observar:
Pode ser realizado com ou sem a cooperação do pct  Ausculta cardíaca: RNF 2T ritmicos
para avaliar Pi e Pe. Nos casos sem cooperação são  Sinais vitais com PA e FC normais
utilizadas válvulas unidirecionais  Perfusão capilar periférica satisfatória e pulsos
palpáveis
 Edemas
 Drogas vasoativas

Sistema osteomuscular
Avalia-se a força muscular dentro no CTI através de
duas ferramentas: dinamômetro ou MRC (medical
research council)

Força de preensão palmar (=handgrip)


As causas da diminuição da FMI são sepse,
medicações como corticosteróides e bloqueadores
neuromusculares, má nutrição, ventilação invasiva etc.
Gera, além disso, disfunção diafragmática induzida
pelo ventilador mecânico, estresse oxidativo
mitocondrial etc
Pontos de corte da Pimax na terapia intensiva:
predição do sucesso no desmame da ventilação
mecânica (= PI maior que -30cmH2O) ou predição de Permite quantitativa e objetiva avaliação da força
insucesso do desmame da VM (= <-20cm H20) muscular
Método sensível para quantificar mudanças de força
ao longo do tempo
Indicador de potência muscular
Está relacionado a taxa de mortalidade (quanto menor
a força de preensão palmar maior será a taxa de
mortalidade do paciente)
A técnica é feita com o paciente sentado, podendo ser
feito no leito e com ajuste da cabeceira, cotovelo a 90 Avaliação de amplitude de movimento
graus a mão bem posicionada e handgrip ajustado. Ainda dentro da avaliação osteomuscular, pode-se
A tentativa é única ou melhor valor em 3 medidas, avaliar a ADM. Esta pode estar restrita pelo próprio
registrando o maior. motivo da internação (como uma fratura) mas
A força vai variar de acordo com a idade, sexo e qual também pode estar restrita devido a uma restrição
seria a mão dominante. Mas valores inferiores a 11 prolongada, por estar muito tempo acamado.
Kgf em homens e 7 Kgf em mulheres indica
polineuromiopatia Avaliação da capacidade funcional
A capacidade funcional refere-se ao nível máximo de
funcionalidade que o indivíduo apresenta para
determinada atividade proposta, levando em
consideração o ambiente que ele te encontra.
Seriam essas as funcionalidades: transferências da
cama para a poltrona, da poltrona para andar, se
consegue ficar sentada (sedestação), se consegue ficar
em pé (deambulação independente ou não), se
precisa de ajuda ou não. Para avaliação dessa
mobilidade nesse ambiente existem escalas
A Escala de Barthel e Medida de Independência
Funcional (MIF), apesar de muito utilizadas fora do CTI,
não são muito aplicadas em terapia intensiva.

Medical Research Council (MRC)


Teste para avaliar a força muscular em um paciente
0: Não se percebe nenhuma contração
1: Traço de contração, sem produção de movimento
2: Contração fraca, produzindo movimento com a
eliminação da gravidade
3: Realiza movimento contra a gravidade porém sem
resistência adicional
4: Realiza movimento contra a resistência externa
moderada e gravidade
5: É capaz de superar maior quantidade de resistência
que no nível anterior

Pontuação do teste
Total máximo do teste= 60
<48= fraqueza muscular adquirida no CTI
30-48= fraqueza moderada
<30= fraqueza grave
É desconsiderado pacientes com déficit motor local
Aplica-se essa escala para cada uma dessas
funcionalidades: decúbito dorsal para decúbito
lateral, decúbito dorsal para sentado deambulação
maior que 50m etc utilizando pontuação que varia de
7 (independência completa) a 0 (não é possível
avaliar).
Pontuação final: um FSS maior que 25 indica bom
status funcional; entre 15 e 25 limitação funcional e
menor que 15 é um pior desfecho, ou seja,
dependência limitante.

Perme Intensive Care Unit Mobility Score (=Escore de


Perme)
Utilizada amplamente no CTI porque inclui a avaliação
das barreiras, tendo como exemplo: ventilação
mecânica, um cateter de hemodiálise, dor, acesso
venoso etc
Avalia:
 status mental (pontuação máxima de 3 pontos)
 barreiras para mobilidade (pontuação máxima de
3 pontos)
Instrumentos de medida específicos para UTI:  força funcional (pontuação máxima 4 pontos)
 ICU Mobility Scale (escala de mobilidade em UTI)  mobilidade no leito (pontuação máxima 6 pontos)
 Functional Status Score for the ICU (FSS-ICU)  transferência (pontuação máxima 9 pontos)
 Perme Intensive Care Unit Mobility Score (Perme  marcha (pontuação máxima 3 pontos)
Score)  endurance (=resistência; pontuação máxima de 3
 Physical Function in Intensive Care Test Scored pontos)
(PFIT-s)
 Surgical Intensive Care Unit Optimal Mobilization
Score (SOMS)
 Chelsea Critical Care Physical Assessement Tool
(CPAx)
 Intensive Care Unit Mobility Scale (IMS)
 John Hopkins High Level Mobility (JH-HLM)

Functional Status Score for the ICU (FSS-ICU)


Introdução esquerda ou direita para manter
homeostase do organismo:
a

 É um exame que avalia o equilíbrio ácido-  CO2 + H2O ⇌H2CO3 ⇌ H+ + HCO3-


básico e a oxigenação do paciente através da
coleta de sangue arterial pela artéria radial
(escolha primária) ou femoral.
Se o CO2 aumenta no organismo, a equação se desloca para a
 Avalia se há o equilíbrio ou se há um direita aumentando a produção de H+ e HCO3 (bicarbonato),
distúrbio ácido-básico através do pH, HCO3, deixando o meio mais ácido. Já se aumenta a produção de H+ a
CO2 e BE além de avaliar oxigenação através equação se desloca para a esquerda aumentando o ácido
carbônico aumentando a liberação de água e CO2 deixando o
da PaO2 e SatO2 meio mais alcalino. Estes artifícios são para tentar manter a
 Esse resultado será afetado se o paciente homeostase do organismo
estiver recebendo uma oxigenoterapia, por
ventilação mecânica invasiva ou não, e pela
FiO2 (=fração inspirada de oxigênio, 21% em
ar ambiente). Portanto, para avaliar pacientes
nessas condições já é esperado um aumento
da oxigenação e saturação. Ex: Se uma pessoa hipoventila (retém CO2), a
 O equilíbrio acidobásico é essencial para PCO2 aumenta, a equação desloca-se à direita,
manter um pH que permita o normal mais ácido carbônico (H2CO3)é formado e a
funcionamento celular. concentração de H+ sobe, gerando acidose.
→ pH = Potencial Hidrogeniônico, que trata
sobre a concentração de íons de hidrogênio
em qualquer substância.
Ex2: Se uma pessoa hiperventila (elimina mais
 A forma como o organismo regula a
CO2), a PCO2 plasmática reduz, a equação
concentração dos íons hidrogênio (H+) é de
desloca-se à esquerda, o que significa que o H+
fundamental importância para a avaliação do
se combina com o HCO3, formando CO2 + H2O,
equilíbrio entre os ácidos e as bases no
reduzindo a concentração de H+. A redução da
interior das células (intracelular), no meio
concentração de H+ aumenta o pH, gerando
líquido que as cerca (líquido intersticial) e no
alcalose
sangue (líquido intravascular).
→ Quanto mais H+, menor o pH (acidose) e
quanto menos H+ maior o pH (alcalose)
→ O organismo sempre age para manter os Logo: quanto mais CO2 no meio, mais H+ irá se
níveis de H+ = 0,0003 (que foi colocado em formar e o meio ficará ácido. Quanto menos CO2
escala algorítmica virando o valor de pH) no meio, menos H+ irá se formar e o meio ficará
para manter a homeostase e não ocorresse mais alcalino.
relações deletérias

 Nosso organismo possui defesas contra


mudanças no pH.
 A relação entre CO2, HCO3- e H+ (para saber  Defesa 1: o sistema tampão age rapidamente
se há distúrbio acidobásico ou não) no contra as mudanças do pH, através da adição
plasma é expressada pela lei de ação das de ácido ou base no nosso sangue, evitando
massas, que ocasiona um deslocamento para que haja mudanças muito bruscas no pH. Ou
seja, é um processo químico que estabiliza o a pressão de CO2 (PCO2) pode alterar o pH.
pH porque consome ou libera H+ (no plasma Ela vai nos nortear para identificar qual
sg ou na célula) distúrbio de gasometria e o que o organismo
→ Sistema tampão do bicarbonato: é precisa fazer para manter sua normalidade.
composto por um ácido fraco (H2CO3 =  Mostra como as moléculas de CO2 interagem
ácido carbônico) e uma base (=HCO3- = entre si. Nesse sentido, o pH é diretamente
bicarbonato) proporcional ao bicarbonato HCO3-
→ CO2 + H2O ⇌H2CO3 ⇌ H+ + HCO3- (quando um aumenta, o outro aumenta, e
Reação lenta Reação rápida vice versa). E o pH é indiretamente
→ Sistema tampão da hemoglobina - diminui proporcional ao CO2 (quando um aumenta,
o H+ no plasma: Hb + H+ ⇌ HHb o outro diminui, e vice versa)
 Defesa 2: se o sistema tampão não for
suficiente, entra o sistema respiratório
aumentando ou diminuindo a ventilação para
tentar equilibrar o pH no plasma. O centro
respiratório equilibra o pH de 3 a 12 minutos  Lembre: se o CO2 aumenta, o H+ aumenta e
 ↑ da ventilação, elimina CO2 pro ar, ↓ o pH diminui. Se o CO2 diminui, o H+
diminui e o pH aumenta.
CO2 no sangue, ↓H+ = sangue alcalino
 ↑CO2 ↓pH = acidose
 ↓ da ventilação, retêm mais CO2 no
 ↓CO2 ↑pH = alcalose
corpo,↑ CO2 no sangue, ↑H+ = sangue
ácido
 ↑H2CO3 ↑básico ↑pH = alcalose
→ Como o corpo age na correção: um aumento
 ↓H2CO3 ↓básico ↓pH = acidose
de gás carbônico (CO2), aumenta o ácido
carbônico (H2CO3-), que aumenta o íon de
hidrogênio (H+), diminuindo o pH. Assim, o  Alterações no CO2 indica uma alteração
centro respiratório ocasiona um aumento da respiratória e alterações no H2CO3 é uma
ventilação para liberar CO2 para fora do alteração metabólica
corpo e diminuir o H+

 Defesa 3: O rim atua sendo a última defesa


quando o trato respiratório não consegue dar
conta, promovendo a excreção ou reabsorção
de íons H+ através do bicarbonato (H2CO3).
→ Em alcalose (↓H): os rins não absorvem o Análise da gasometria
bicarbonato (H2CO3 - base) filtrado no
glomérulo excretando-o. Como o H2CO3
tampona o H+, se ↓H2CO3 ↑H+
→ Em acidose (↑H+), os rins reabsorvem o
bicarbonato (H2CO3 - base), tamponador de
H+. Então: ↑H2CO3 ↓H. O bicarbonato é
reabsorvido 80% nos túbulos proximais e
20% nos túbulos distais e ductos coletores.  Valores de normalidade
 pH: 7,35 - 7,45. Abaixo é acidose e acima é
Equação de Henderson-Hasselbalch alcalose
 Através dessa equação é possível observar
com a relação entre o bicarbonato (HCO3-) e
 PaCO2: 35 a 45 mmHg. Abaixo é alcalose
respiratória e acima é acidose respiratória.
Lembre-se que ↑CO2 ↓pH e ↓CO2 ↑pH
 HCO3 (base): 22 a 26 mEg/L. Abaixo é
acidose metabólica e acima é alcalose
metabólica. Lembre-se: ↑H2CO3↑pH e
↓H2CO3 ↓pH
 BE: entre -2 e +2. Significa base excess, ou
seja, um excesso de bases no sg do paciente.
É comparada a BB (=buffer base= quantidade
de bases normal no sg). Um déficit de base
gera uma acidose metabólica e um excesso
de base gera uma alcalose metabólica
 PaO2: entre 80 e 100mmHg. É analisado pela
equação PaO2 ideal= 109 - (0,43 x idade).
Deve-se levar em consideração se há
oxigenoterapia e quanto de FiO2 está sendo
ofertada.
 SaO2: acima de 95%. Alguns autores
consideram normalidade acima de 92%
Alcalose respiratória
 Causada por aumento da FR promovendo
queda de CO2
 Aumenta pH
 A redução da pCO2 arterial constitui o
distúrbio primário que causa diminuição
 Causada por: lesões no SNC (inflamação
como encefalite e meningite; tumores,
ansiedade) fármacos ou hormonios (como
salicilatos ou progesterona), baracterimia,
febres, hiperventilação pelo ventilador
Acidose respiratória mecânico (mais comum), doenças
pulmonares (como asma e embolismo
 Causada pela diminuição da frequência
pulmonar), hipoxia, altitudes elevadas.
respiratória, promovendo retenção de CO2.
 O aumento de pCO2 arterial constitui o
distúrbio primário que causa aumento da H+
no sg. A compensação é renal com aumento
da excreção de H+ e da reabsorção de
HCO3-.
 O que causa: depressão do centro
respiratório (anestésicos, sedativos, opióides,
lesão cerebral, hipercapnia ou hipoxia grave),
restrição pulmonar (obesidade, obstrução de
vias aéreas superiores ou de inferiores como
na DPOC, cifoescoliose, fibrose,
pneumotórax), doenças neuromusculares
(lesão no n frênico, lesão medular, Guillan
Barré, poliomielite)
 A compensação é respiratória, onde ocorre
hipoventilação.
 Também acontece compensação renal com
excreção aumentada de HCO3-.
 Causas: perda de íons hidrogênio (vômitos,
fístulas gástricas, terapias com diuréticos),
tratamentos com esteróides (como
aldesterona), adm de excesso de bicabornato
como em tratamento endovenoso.

Acidose metabólica
 Há redução do bicabornato (HCO3)
reduzindo o pH. A compensação é
ventilatória gerando hiperventilação.
 Também ocorre por compensação renal com
aumento da excreção do H+ e da reabsorção
de HCO3
 Causas: ingestão de fármacos ou substâncias
tóxicas (metanol, etanol, salicilatos), perda de
íons bicarbonato (diarréia, fistulas
pancreáticas, disfunção renal), acidose láctea
(hipoxemia, anemia, choque - hipovolemico,
cardiogenico, septico etc - exercício intenso,
SDRA), cetoacidose (alcoolismo, diabetes,
jejum), incapacidade de excretar íons
hidrogênio por disfunção renal
Exemplos de gasometria

 Como interpretar gasometria?


1. pH
2. Definir o DAB (avaliar PaCO2 e HCO3)
3. Observar sinais de compensação
4. Avaliar a oxigenação (PaO2 e SatO2)

Alcalose metabólica
 O aumento da concentração de HCO3− no
sangue constitui o seu distúrbio primário.
 O aumento da concentração de HCO3- causa
aumento do pH do sangue.
→ pH (alto; indica alcalose; o normal é de 7,35 a 7,45); PaCO2 → pH (alto; indicando alcalose); PaCO2 (baixo; indicando
(alto, indica acidose o normal é 35 a 45); e HCO3 (alto; o alcalose); HCO3 (alto; indicando alcalose). Alcalose mista.
normal é 22 a 26; indica alcalose). É uma alcalose
metabólica (porque o bicarbonato está em consonância
com o pH) e há uma compensação respiratória

→ A saturação ideal é acima de 92%


→ A PaO2 normal é de 80-100mmHg. Mas se
espera um decréscimo conforme o indíviduo
fica mais idoso (a partir dos 60/70 anos). Há
→ pH (baixo; indica acidose); PaCO2 (baixo; indica alcalose); um decréscimo de 1mmHg a cada ano que se
HCO3 (baixo; indica acidose). É uma acidose metabólica passa. Logo, um paciente muito idoso não se
(porque pH e HCO3 estão em consonância) com
compensação respiratória
espera uma PaO2 de 100, então se usa uma
PaO2 ideal= 109 - (0,43 x idade).
→ PaO2 baixo gera hipoxemia e PO2 gera
hiperóxia

 Analisando o BE:

→ pH (alto; indica alcalose); PaCO2 (baixo; indica alcalose) e


HCO3 (baixo; indica acidose). É uma alcalose respiratória
com compensação metabólica.
→ Lembre que CO2 gera acidez e HCO3 é uma base

→ pH (baixo; indica acidose); PaCO2 (alto; indicando acidose);


HCO3 (normal). Acidose respiratória. HCO3 E BE normais
mostram que o rim não teve tempo para reter bases e não
houve compensação renal. Neste caso paciente está
provavelmente desenvolvendo uma insuficiência
respiratória aguda. Também há uma retenção de CO2, está
→ pH (baixo; indicando acidose); PaCO2 (alto; indicando com uma hipoxemia (PaO2 baixa) e saturação baixa (SatO2
acidose); HCO3 (alto; indicando alcalose). Acidose baixa)
respiratória com compensação metabólica.

→ pH (baixo; indicando acidose); PaCO2 (alto; indicando


acidose); HCO3 (baixo; indicando acidose). Acidose mista. → pH baixo (indica acidose); PaCO2 (alto; indica acidose);
HCO3 (alto; indica alcalose). É uma acidose respiratória
com compensação metabólica). Nesse caso o paciente já
teve uma resposta secundária com a compensação renal. O
rim teve tempo para reter bases (demonstrado pelo BE e
HCO3- aumentados). É um paciente com distúrbio
respiratório crônico.
Alcalose mista
Introdução  Diminuição da expansibilidade pulmonar. Ex:
presença de exsudatos, tumores, fibroses
 É a incapacidade de manutenção de oferta  Hipoventilação por comprometimento do SN,
normal de O2 aos tecidos ou de remoção muscular/ deformidades ou
normal de CO2 dos tecidos. comprometimento da caixa torácica. Ex.:
 Ou seja, resposta de O2 e/ou CO2 inadequada Paciente com uma escoliose muito acentuada
 É classificada de acordo com a velocidade de não tem a mesma ventilação que um
instalação: paciente sem escoliose. Ex2: doença
 Aguda: instalação rápida, rápida deterioração neuromuscular que impede interação com os
da função respiratória, manifestações clínicas centros respiratórios e o paciente ventile
intensas. Necessita de uma intervenção adequadamente. Ex3: paciente muito obeso,
imediata. grávidas etc
 Crônica: alterações respiratórias se instalam
de maneira lenta e progressiva ao longo de
Perfusão
meses ou anos. Manifestações clínicas sutis,
distúrbios gasométricos são normalmente  Processo pelo qual o sistema cardiovascular
ausentes ou compensados. Ex.: Paciente bombeia o sangue oxigenado.
DPOC, que cursam com retenção de CO2 de  Como alterações na perfusão podem causar
forma crônica e o organismo se compensa IR?
para manter a homeostase  Obstrução intraluminal (=obstrução de
 O conceito de IR é baseado no capilares que não permitem que o sg passe
comportamento das trocas gasosas, que para os tecidos levando oxigênio):
podem ser divididas para fins didáticos, em → Doenças tromboembólicas: o trombo se
quatro fases, porém ocorrem continuamente: desloca pela circulação e chega até o pulmão
1. Ventilação; ou em uma artéria importante e aquela área
2. Perfusão; não é mais perfundida, ou seja, sangue não
3. Relação V/Q; passa mais ali. Porém a ventilação não está
4. Difusão. compormetida
→ Vasculite: a parede dos vasos sanguíneos é
invadida por células inflamatórias causando
Ventilação estenose, oclusão, formação de aneurismas
 Processo cíclico, responsável pela renovação ou hemorragias
do gás alveolar durante cada ciclo → COVID-19: a circulação pulmonar fica
respiratório. É uma ação integrada entre o comprometida pois em pacientes mais graves
centro respiratório (bulbo), vias nervosas, há o desenvolvimento de vasculite (lesão e
caixa torácica (músculos respiratórios) e inflamação dos vasos do parenquima
pulmões. pulmonar) e geram pequenos trombos que
 Como alterações na ventilação podem causar impedem/ dificultam a perfusão, impedindo
insuficiência respiratória? assim a troca gasosa. Não há problema na
 Obstruções, inclusive que envolvem as ventilação, tanto que o raio x desses
pequenas vias aéreas. Ex: secreção, corpo pacientes são limpos, o problema está na
estranho que obstruem a passagem do ar perfusão, já que o ar oxigenado que entra
 Aumento do espaço morto – áreas que não não consegue passar pro sangue. Esses
tem troca gasosa (ou seja, quando o alvéolo trombos podem ir para o cérebro e o
é ventilado, mas não é perfundido). Existe paciente pode ter infarto ou AVE.
espaço morto fisiológico no corpo mas este  Redução do próprio leito vascular: enfisema,
espaço pode aumentar. Ex.: Se o paciente ressecção do parênquima pulmonar.
está entubado com tubo orotraqueal, há um  Colabamento vascular por hipotensão e
aumento desse espaço morto. Ex2: respiração choque.
por snorkel
 Compressão vascular por lesões tumorais ou → Inadequação das trocas gasosas é o
por aumento da pressão alveolar (ocorre em desequilíbrio entre os suprimentos de ar para
ventilação com pressão positiva, como com os alvéolos e/ou o suprimento sanguíneo.
ventilação mecânica). Na VM o ar é  Situações possíveis:
empurrado pra dentro dos alvéolos, caso o  Em uma situação normal, há uma ventilação
alvéolo esteja colapsado ele pode reabrir, adequada com uma entrada do ar oxigenado
porém se ele já estiver aberto e for colocada e esse ar ao chegar nas unidades alveolares
uma pressão muito grande, o alvéolo pode se que estão ligados aos seus capilares ocorre a
expandir mais e se ele se expande troca gasosa. Nessa situação normal há
excessivamente acaba espremendo os proporcionalmente um equilíbrio de V/Q
capilares, reduzindo o leito vascular próximo a 1, uma ventilação próxima da
diminuindo a passagem de sangue pelo perfusão. Porém não há esse equilíbrio
aumento excessivo dentro do alvéolo perfeito, logo, a V/Q é de 0,8. Isso é bem
→ OBS: Então quando o paciente está em VM e próximo de 1 então a relação ventilação-
o fisioterapeuta coloca uma pressão positiva perfusão é bem próxima deixando a
muito alta, o alvéolo vai ficar muito aberto a pressão alveolar de oxigênio bem semelhante
ponto de espremer o capilar, impedindo a a pressão arterial de oxigênio.
passagem de sangue e prejudicando a  Já em uma situação que a ventilação está
perfusão. Além de causar uma lesão no adequada mas a perfusão (passagem de
próprio alvéolo, o barotrauma. sangue) está diminuída, essa relação
aumenta já que a ventilação se torna maior
Relação ventilação/perfusão (V/Q) do que a perfusão. Isso faz com que haja
uma redução dos níveis de PaCO2 (Pressão
alveolar de CO2) e um aumento da PaO2
(Pressão Alveolar de O2). Ou seja, o sg não
está entrando nos tecidos com oxigênio.
 Se há uma ventilação reduzida a relação V/Q
ficará menor, e a PaCO2 pode aumentar e
PaO2 alveolar pode diminuir.
 Em uma situação extrema que há ventilação e
não há nenhuma perfusão, não ocorrerá
troca gasosa sendo chamada de espaço
morto. Ou seja, se não há perfusão não há
 A relação ventilação/perfusão (=V/Q)é um troca gasosa. Relação será infinita. Então a
indicativo da proporcionalidade entre a relação V/Q será 0 – efeito shunt.
ventilação e perfusão dos pulmões para que
a troca gasosa seja efetiva.
 Mede a funcionalidade do sistema
respiratório.
 Mas lembre-se que mesmo entre as partes
do pulmão há uma diferença nesta relação
ventilação-perfusão:
 No ápice:
 No terço médio: Alterações na ventilação ou na perfusão geram efeitos na
 Na base: relação V/Q e, consequentemente, na PaO2 e PaCO2
 Qualquer distúrbio, seja na ventilação ou na
perfusão, vai alterar a V/Q. Logo, alterações Difusão
da relação V/Q são as causas mais comuns  É a passagem de gás do alvéolo para o
de distúrbios das trocas gasosas. capilar.
 A difusão está diretamente relacionada à
membrana alvéolo capilar e ela obedece a Lei
de Fick (=a velocidade de difusão/transporte
de gases é diretamente proporcional a área, a
difusibilidade do gás, a diferença de pressão
entre as duas superfícies; e inversamente
proporcional a espessura do tecido). Ou seja,
a espessura e a área da membrana alveolo-
capilar vão ser muito importantes.

d) Edema pulmonar: o líquido no espaço


intersticial (espaço entre alveolo e capilar)
aumenta a distância alvéolo-capilar alterando a
Lei de Fick difusão dos gases, comprometendo a troca
 Se a espessura da membrana alvéolo-capilar gasosa – PaO2 baixa.
estiver espessa (ex: fibrose, edema pulmonar) e) Asma: o aumento da resistência das vias aéreas
a passacm do ar vai estar comprometida. diminui a ventilação alveolar. Se há uma
 Se ocorre uma diminuição da área de troca diminuição da ventilação, consequentemente,
na membrana alveolo-capilar devido um também haverá uma diminuição da difusão –
alveolo colapsado (ex: atelectasia) a difusão PaO2 baixa.
dos gases também vai ficar comprometida
Classificação da insuficiência
respiratória aguda
1- Quanto às estruturas do sistema
respiratório (estruturas anatômicas acometidas):
 Pulmonares.
 Extrapulmonares

Quanto a origem pulmonar


→ Alteração do parênquima pulmonar:
a) Pulmão normal = PaO2 normal. atelectasia, pneumonia (tem que fazer o
b) Enfisema pulmonar = destruição dos alveolos lavado broncoalveolar ou hemocultura pra
que reduz a área de superfície para troca gasosa. tratar), síndrome respiratória aguda grave
De acordo com a Lei de Fick, com uma redução (mudar estratégia respiratória para mudar
da área de troca há um comprometimento da isso)
difusão – PaO2 baixa. → Vias aéreas: exarcebação da asma (a
c) Doença fibrótica do pulmão: a fibrose aumenta bronconstrição dificulta a ventilação e,
o espessamento da membrana. De acordo com a consequentemente, a difusão fica
Lei de Fick, o espessamento da membrana comprometida) e da DPOC (o pct vive em
alveolar também gera um comprometimento da situação de equilíbrio com compensação.
difusão, reduzindo a velocidade de difusão – Quando perde o equilíbrio, como em casos
PaO2 baixa. A perda da complacência pulmonar, de insuficiência cardíaca ou pneumonia
neste caso, também pode diminuir a ventilação compromete o equilíbrio)
→ Problemas na circulação pulmonar:
tromboembolia pulmonar, covid 19
→ Obs.: Raio x e TC são importantes exames
complementares para diagnóstico precoce e
tratamento adequado - mostrando se tem
mais atelectasia, mais edema, mostrando o (hipoxemia), com PaCO2 normal ou
que está acontecendo com o parênquima diminuída.
pulmonar.  Tipo 2 ou hipercápnica (alteração da
ventilação- PaCO2 alta): aumento
Quanto a origem extrapulmonar predominantemente da PaCo2, com a PaO2
→ Disfunção do drive respiratório (=capacidade normal ou diminuída.
do pct de respirar sozinho): hipoventilação  Mista: os dois acontecendo ao mesmo tempo
exagerada provocada por doses excessivas
de sedativos, alcalose metabólica, alteração
estrutural do centro respiratório (ex: tumor)
→ Doenças neuromusculares (mais comum de
ocorre IR extrapulmonar): lesão medular
(TRM= traumatismo raquimedular), lesão do
neurônio motor inferior (ELA), lesão dos
neurônios periféricos (polineuropatia do
doente crítico), lesão da junção
neuromuscular (miastenia grave), lesão
muscular (distrofias musculares, miopatias).
Neste caso, se assemelha a IR hipercápnica
porque há uma alteração da ventilação. Há
uma perda progressiva dos mm respiratórios
e o pct começa a hiperventilar devido perda
da função neuromuscular na maioria das
vezes. A falta de renovação do gás no
parenquima pulmonar gera, então, uma
hipercapnia
→ Parede torácica: alteração de estrutura óssea
como em traumas ou cifoescoliose; alteração
do espaço pleural, pneumotórax (ar entre as
pleuras, favorecendo que a caixa torácica
expanda e o pulmão colabe, prejudicando a
respiração correta) e derrame pleural (líquido
entre as pleuras); alteração dos mm Insuficiência respiratória tipo I (hipoxemica)
respiratórios (principalmente diafragma) e  Principais causas
abdomen  SDRA
→ Vias aéreas superiores: edema de laringe,  Pneumonias
apneia do sono, estenose da traqueia,  Atelectasias
aspiração de corpo estranho (obstrução da  Edema pulmonar
passagem do ar)  Afogamento
→ Disfunção de ventrículo esquerdo (gera uma  DPOC em axerbação
IR hipoxêmica): aumento de pressão capilar  Asma grave
pulmonar, formação de edema intersticial e  Doenças intersticiais como silicose
alveolar (o edema ocorre no pulmão mas a
origem é extrapulmonar, no VE)  Manifestações clínicas
 Dispneia
2- Quanto a fisiopatologia (classificação mais  Taquicardia
usada):  Uso da musculatura acessória
 Tipo 1 ou hipoxêmica (alteração da troca  Edema em extremidades (como em
gasosa- PaO2 baixa): quando tem insuficiência cardíaca)
predominantemente uma redução da PaO2
 Hipertensão pulmonar, edema, turgência → O paciente de hipercapnico fica mais
jugular (clássico em pacientes DPOC) sonolento caminhando para um coma,
 Baqueamento digital diferente da hipoxemica que fica bem
 Tosse seca agitado
 Cianose
 Raio x de tórax hiper- ou hipotransparente Insuficiência respiratória crônica agudizada
 Ocorre quando há alteração significativa da
Diagnóstico da IR PaCO2 e PaO2 basais com potencial para
morbidade e mortalidade.
 Acontece em pacientes que já vivem de uma
forma compensatória devido doenças
crônicas. Mas a doença se torna agudizada
quando os valores de PaCO2 e PaO2 se
alteram subitamente.
Gasometria  Fatores preciptantes (o que faz desencadear
 Laboratorial: gasometria a agudização)
 Clínico: através dos sinais e sintomas de  Infecções bacterianas ou virais: pneumonias,
forma progressiva e insidiosa ou súbita, infecções urinárias
dependendo da doença. E geral, o paciente  Insuficiência cardíaca congestiva
desenvolve:  Embolia pulmonar
 Dispneia  Disfunção da parede torácica
 Taquipneia ou bradpneia (hipercapnia gera  Não adesão ao tratamento como no caso de
depressão do SNC e o pct fica bradneico) pacientes asmáticos ou com DPOC, que gera
 Hipoxemia (SaO2<90% com FiO2 21%) e/ou descompensação
hipercapnia (PaCO2 >50mmHg).
→ Obs: acima de 45 mmHg visto na gasometria Complicações da IR aguda
já tem hipercapnia porém acima de 50 já é  SDRA (principal complicação).
insuficiência respiratória  Embolia
 Uso de musculatura acessória  Barotrauma (=lesão dos alveolos que
 Alteração do nível de consciência e confusão “estouram” por excesso de pressão)
mental provocado pela ventilação mecânica - valores
 Cianose excessivos/ pressões muito altas. Ocorre
→ Ex: paciente com disfunção de ventrículo principalmente nos casos de covid 19 devido
esquerdo que evoluiu com edema agudo de o desenvolvimento de fístulas que provocam
pulmão os sintomas vão ser exsudato traumas no parenquima pulmonar mesmo
pulmonar e agudo, súbito. Já em pacientes com pressões nem tão altas no ventilador
com doença neuromuscular, a IR vai se mecânico
desenvolver por anos gerando perda  Infecção, como pneumonia
progressiva até que pelo excesso de retenção
de CO2 passe a hiperventilar
Quadro clínico da IR aguda
Sinais e sintomas específicos  Aumento da frequência cardíaca
 Aumento do débito cardíaco
 Hipoxêmica: arritmia, taquicardia, taquipneia,  Vasodilatação arterial difusa
confusão mental (agitação), alteração da PA e  Depressão miocárdica - coração não bate da
cianose mesma forma, há uma sobrecarga cardíaca,
 Hipercápnica: cefaleia, tremores, sudorese, podendo desenvolver uma bradicardia
vasodilatação cutânea, coma (perda do nível  Arritmias
de consciência).
 Choque circulatório e parada cardíaca em
casos mais graves
Tratamento
 Identificar e tratar a causa desencadeante do
processo de IR:
Exames complementares → Ex: se o pct está retendo CO2, o
 Em geral, já e feita a gasometria, que tem fisioterapeuta deve tentar lavar esse CO2.
como vantagens análise precisa de de pO2, Caso o pct deprimiu o sistema respiratório é
pCO2 e pH; e como desvantagens ser preciso retomar a atividade do drive
invasiva (coleta de sangue) e requer um respiratório
determinado tempo para analisar a amostra.  Garantir o suprimento adequado de O2 para
Além dela e do exame físico-clínico do os tecidos, de forma a evitar hipoxemia
paciente, podem ser utilizados: (redução do O2 no sg arterial) e Evitar que
 Oximetria de pulso: tem como vantagens haja hipóxia (não perfusão de O2 nos tecidos)
rápido diagnóstico, não-invasivo e alta gerando dano irreversível aos órgãos,
disponibilidade e como desvantagens menor principalmente órgãos vitais
precisão e analisa apenas a saturação de O2  Garantir ventilação adequada
 Radiografia: tem como vantagens precisão na  O suprimento adequado de oxigênio é feito
determinação da causa da IR (ex: detecção de através de manobras iniciais (posicionamento
pneumonias, atelectasias, derrames pleurais, da cabeça que facilite a ventilação, aspiração
casos de pneumotórax) e como desvantagens das vias aéreas superiores se ocorrer
o tempo para resultados do exame e custo hiperssecreção), oxigenoterapia, VNI e VMI.

Introdução Manifestações da hipoxemia


 Definição: administração terapêutica de O2  Manifestações respiratórias:
acima da concentração em ar ambiente (21%),  Leve a moderada: pode gerar taquipneia,
com o objetivo de manter a oxigenação dispneia e palidez;
tecidual adequada e consequentemente  Grave gera taquipneia, dispneia e cianose
correção de distúrbios hipoxêmicos,
promovendo uma diminuição do trabalho  Manifestações cardiovasculares:
cardiopulmonar.  Leve a moderada: taquicardia, vasoconstrição
 Causas da hipoxemia: periférica e hipertensão leve
 PaO2 baixa: ocorre em baixa pressão sobre o  Grave: taquicardia e bradicardia eventual,
ar em altas altitudes arritmias, hipertensão e eventual hipotensão
 Hipoventilação alveolar: obstrução das vias (parada cardiorrespiratória; é comum
aéreas superiores, depressão do centro também durante a entubação em que o
respiratório, fraqueza da musculatura paciente precisa ser sedado e há demora em
respiratória, obesidade etc conseguir inserir o tubo da entubação)
 Comprometimento da difusão dos gases  Manifestações neurológicas:
(=troca gasosa): espessamento da barreira  Leve a moderada: agitação, desorientação e
alvéolo-capilar, como na SDRA (gera cefaleia
inflamação, presença de edema, fibrose do  Grave: sonolência, confusão e coma
parenquima pulmonar) etc
 Desequilíbrio da relação V/Q: como por
exemplo diminuição da perfusão devido um
trombo sg
→ OBS2: PaO2 ideal = 109 - (0,43 x idade)
 Hipóxia tecidual: fornecimento insuficiente
de O2 ou incapacidade de utilização deste
pelos tecidos.
→ Existem tipos de hipóxia, são elas: por estase,
histotóxica, hipóxica-hipóxica etc *
 Ex: O paciente com insuficiência respiratória
tipo I apresenta uma hipoxemia
(=insuficiência de O2 no sg), que leva a uma
Classificação da hipoxemia em hipóxia tecidual e para evitar isto é indicado
o uso de O2 suplementar através da
relação a duração oxigenoterapia
 Aguda: declínio rápido na oxigenação arterial  Avaliamos a hipóxia tecidual através da DO2
(menos de 6h). Ex: obstrução aguda das vias (=oferta de oxigênio aos tecidos)
aéreas superiores  Fórmula: DO2 = CaO2 x DC
 Subaguda: redução da oxigenação arterial de  Sendo:
6 a 7 dias. Ex: pneumonia → CaO2: conteúdo arterial de oxigênio. Ou seja,
 Sustentada: redução da oxigenação arterial é quantidade de oxigênio combinado com
de 7 a 90 dias. Ex: SDRA prolongada em altas hemoglobina (Hb x SatO2 x 1,34ml) +
altitudes quantidade de oxigênio dissolvido no plasma
 Crônica: redução prolongada da oxigenação (0,003 x PaO2)
arterial por mais de 90 dias. Ex: DPOC - deve → DC: débito cardíaco (=frequência cardíaca x
ter cuidado com esses pacientes chegarem volume sistólico). Ou seja:
na emergência com insuficiência respiratória → DC=FC x VS.
- o terapeuta não deve ofertar muito → Lembre-se que o volume sistólico (=VS) é
oxigênio repentinamente pois este influenciado pela pré carga, pós carga e pela
organismo já se organizou para responder contratilidade cardíaca
baixa concentração de O2 e um CO2 mais
elevado e pode ocorrer uma falha das
compensações imediatamente gerando uma
sonolência e depressão brusca do sistema
respiratório
 Geracional: oxigenação arterial reduzida ao
longo de gerações. Ex: povos tibetanos
→ Exemplo: Se o paciente tiver uma PaO2
residentes em altas altitudes. Neste caso, não
normal mas uma insuficiência cardíaca
apresentam sintomas porque já têm costume
(apresentando hipotensão, bradicardia ou
de viver nesta situação
problema na contratilidade cardíaca), mesmo
com uma oferta de oxigênio adequada a
Hipoxemia x hipóxia oxigenação tecidual ainda sim ficará
 Hipoxemia: baixa da oxigenação no sangue comprometida gerando uma hipóxia. Por isso,
arterial. Ou seja, redução de PaO2 no deve-se tratar a causa da hipóxia inicialmente.
sangue (consideramos como hipoxemia É necessário observar sempre a questão
quando a PaO2 está 60-75mmHg e SatO2 < cardíaca e não só a pressão arterial de
92%. oxigênio (=PaO2)
→ OBS: A PaO2 normal varia de de 80-100
mmHg e tem uma variabilidade individual  Tipos de hipóxia*
dependendo da idade e se o paciente possui
doenças associadas como SDRA e DPOC. Já a
SatO2 normal varia de 92-98%.
 Hipóxia de estase:
→ Fluxo sanguíneo lentificado
→ Pressão venosa muito mais reduzida do que
em um paciente normal. Diferença artério-
venosa está aumentada.
→ O sangue fica muito mais tempo em
contato com os tecidos, retirando oxigênio
do sangue
→ Está relacionada a um baixo débito cardíaco.
→ Capacidade e conteúdo de oxigênio normal.
→ PO2, SaO2, conteúdo e capacidade normais,
porém há aumento da diferença artério-
venosa.

 Hipóxia histotóxica:
→ Tecidos são incapazes de metabolizar ou
 Hipóxia hipóxica:
captar o oxigênio que está passando.
→ A pressão parcial de oxigênio que alcança o
→ Tecido não consegue metabolizar o
alvéolo está reduzida. Em situações que não
oxigênio, então há diminuição da diferença
alcançamos a pressão parcial normal do gás,
artério-venosa.
estamos falando de uma hipóxia-hipóxica.
→ Casos de envenenamento por cianeto.
→ Gerada principalmente por uma pressão
→ Pressão parcial venosa e saturação de O2
parcial de O2 baixa! Ar que chega nos
estão aumentadas.
alvéolos apresenta uma pressão parcial de
→ Diferença artério-venosa está diminuida.
O2 reduzida. Assim, a saturação do O2 vai
Capacidade de oxigênio normal, assim como
estar reduzida.
saturação venosa e arterial.
→ Apresenta-se em casos de elevadas
→ PO2, SaO2, conteúdo e capacidade normais.
altitudes ou qualquer doença pulmonar que
dificulte a difusão gasosa.
→ Ocorre uma queda da pressão parcial de Tipos de sistema de oxigenoterapia
oxigênio, queda da saturação do O2 e queda  Classificação de acordo com a concentração
da pressão venosa do O2. da liberação de oxigênio (de acordo com a
→ Não há alteração da quantidade de FiO2)
hemoglobina! Assim, a capacidade de 1. Concentração baixa: menor FiO2 <35%
oxigênio estará normal. 2. Concentração moderada: FiO2 35 – 60%
→ Ocorre em pacientes sensíveis a 3. Concentração alta: FiO2 >60%
oxigenioterapia  Diz-se que a quantidade de oxigênio
→ PO2 baixa, SaO2 baixa, conteúdo baixo e ofertado é pouco, médio e muito a partir do
capacidade normal. valor de FiO2 e não do fluxo.
 Estas concentrações de liberação de oxigênio
 Hipóxia anêmica:
variam de acordo com o padrão respiratório
→ Redução da hemoglobina disponível para
do paciente.
transporte de O2. Ocorre uma diminuição da
 Volume minuto = volume corrente x
capacidade de oxigênio.
frequência respiratória. Ou seja, quanto o
→ Apresenta-se em casos de anemia
paciente está inspirando e expirando a cada
→ Pressões parciais de O2 e saturação de
minuto. Uma vez que:
hemoglobina não se alteram!
→ Volume corrente= ar inspirado e expirado a
→ Solução: transfusão.
cada ciclo respiratório
→ PO2 e SaO2 normais, conteúdo e capacidade
→ Frequência respiratória= número de
baixas.
respirações em 1 minuto
 O volume minuto ideal é entre 5 a 8L/min → Cálculo da FiO2:
 Neste sentido, quanto maior for o → Volume minuto = 24L
volume/minuto (=volume corrente x → Oxigênio a 100% + Oxigênio do ar ambiente
frequência respiratória), maior será a diluição a 21% = 24 L
de O2 fornecido com o ar ambiente e menor → 2L + x = 24 L
será a FiO2 → Oxigênio do ar ambiente = 22L
→ Lembre-se que quantidade de fluxo é → Oxigenio (100%) 2L + Ar ambiente (21%) =
diferente do que quantidade de oxigênio! 22L/ volume minuto
→ (2L x 100%) + (22L x 21%)/ 24L/min
 Qual a diferença entre fluxo e volume → 200 + 462
respiratório? → 662/24L/min
 Fluxo se refere a velocidade do ar pelas → 28%
vias aéreas. Já volume se refere a
quantidade de ar inspirado, ou seja, que  Exemplo 2 - Hipoxemia sem desconforto
entra pelas vias aéreas – Representada pela → Ofertado como fluxo de O2 suplementar=
FiO2. 2L/min
 Em ar ambiente ao nível do mar, temos uma → Volume minuto= 10 irpm x 500ml = 5000ml
FiO2 de 21%. = 5L/min
→ Volume total (volume minuto) = volume a
 Hipótese teórica de quanto é a FiO2 baseada 100% + volume a 21%
na quantidade de litros ofertada como fluxo → 5=2+x
suplementar → X= 3 é o volume a 21%
→ Oxigênio puro + Oxigênio ar ambiente
→ 2L/min (100%) + 3L/min (21%)/
volume/minuto
→ 200 + 63
→ 263/5
→ 53%

 Dependendo do padrão respiratório do


paciente, a FiO2 pode mudar de forma
significativa! Então avaliando a mesma oferta
de oxigênio: em um paciente taquipneico, a
 Entendendo a variação de FiO2 oferta de oxigênio dada pode ser baixa, já se
estiver eupneico, a oferta pode ser suficiente
mesmo não tão alta. Logo, sempre temos
lembrar de observar a saturação periférica
(buscamos Sat maior que 90) e a gasometria
arterial quando realizarmos a oferta de
oxigenoterapia (buscamos PaO2 maior que 80)

A FiO2 varia de acordo com o volume


Tipos de sistemas de oxigenoterapia

corrente e a frequência respiratória do
paciente (o que chamamos de variação  Baixo fluxo: Sistemas que forneçam somente
volume minuto) uma parte do gás inspirado sempre irão
 Exemplo 1 - Paciente com hipoxemia com produzir uma FiO2 variável. Ou seja, em
desconforto sistemas que parte do oxigênio é 100% e
→ Fluxo de O2 suplementar: 2L/min parte do oxigênio é do ambiente (21%), a
→ Volume minuto: 24L/min (40 irpm x 600ml = FiO2 vai ser variável.
24000 ml/min = 24L/min)
 Para se obter uma FiO2 mais precisa,
necessita-se de um sistema de alto fluxo ou
com reservatório, fazendo-se necessária uma
avaliação prévia a fim de se eleger o sistema
mais adequado àquele paciente.
 Alto fluxo: FiO2 não variável
 De acordo com o fluxo, os sistemas de oferta cateter nasal
de oxigênio irão variar, podendo ser de alto  Mais comum nesse tipo de fluxo
ou baixo fluxo, aberto ou fechado e com  É utilizado em pacientes que precisam de
diferentes interfaces de administração. baixa oferta de oxigênio ou que precisam
de oferta de O2 de longa permanência.
Dispositivos de oxigenação de baixo  Mais confortável que outros dispositivos.
 Fluxo de entrada de 1-6L/min.
fluxo  FiO2 variável.
 Sistemas que ofertam O2 com fluxo de  SEMPRE se deve utilizar umidificador pois ar
entrada baixos e com FiO2 variável, pois vai sai seco da rede de oxigênio e resseca a
permitir que o ar ofertado se misture com mucosa do paciente podendo desconforto.
o ar ambiente. Além disso, a umidificação do ar aumenta a
 Fornecem O2 suplementar as vias aéreas difusibilidade do gás.
superiores com fluxo de até 6 L/min.  Material: cânula nasal estéril, umidificador,
 Como o fluxo inspiratório do indivíduo adulto extensão para conectar o umidificador com a
normalmente se sobrepõe à este valor, o O2 cânula, fluxômetro e água.
ofertado se dilui com o ar ambiente, o que  O ajuste do fluxo de O2 para os pacientes é
resulta em uma FiO2 variável (pois é feito através de uma régua chamada de
dependente do volume minuto do paciente). fluxômetro. Então, todo leito do paciente há
 Neste sistema de baixo fluxo a FiO2 costuma uma rede de ar comprimido, um manômetro
ir até 45% com fluxo de até 6L/min para para controlar a pressão acoplado a um
indivíduos adultos com volume minuto fluxômetro para aumentar ou diminuir o fluxo.
normal.
 Valores > 6L/min não são indicados nesse
sistema pelo risco de irritação local e
dermatites.
 Como é administrado este tipo de fluxo?
Cateter nasal ou máscaras faciais

Cateter ou cânula nasal Fluxometro


 Se o paciente estiver eupneico pode usar
essa tabela para estimar a FiO2 e saber de
tantos litros administrados quanto de fato o
paciente está inspirando.

cateter tipo óculos

Máscara facial simples


 É uma máscara acoplada a um sistema de
reservatório, que não possui válvulas e tem
uma bolsa reservatória de oxigênio.
 Durante a inspiração, o O2 da bolsa passa
diretamente ao paciente; e durante a
expiração, parte do ar é armazenado na
bolsa misturando os ares e outra parte é
exalado pela borda lateral da máscara e
pelos orificios que ela possui
Máscara facial simples  É importante que a bolsa esteja cheia de O2 o
 É uma máscara que possui pequenos orifícios suficiente pra que se esvazie
nas laterais que permitem a entrada e saída aproximadamente 1/3 a cada ciclo
de gás respiratório. O esvazio completo não pode
 Não é um sistema fechado e permite a ocorrer pro paciente não reinalar o CO2.
mistura de gases pelos orificios e bordas  Ou seja, o fluxo deve ser adequado para
laterais das máscara garantir que a bolsa seja esvaziada em 1/3 do
 O corpo da máscara coleta e armazena O2 seu conteúdo durante a inspiração para evitar
entre as inspirações e expirações. A expiração o acúmulo de CO2 no sistema.
se faz através de orifícios laterais ou pela  Não há tanta reinalação de CO2 porque há
própria borda da máscara um fluxo contínuo de ar dentro da bolsa
 Costuma-se utilizar um fluxo de 5 a 12 L/min  FiO2 de 40 a 70%, com fluxo de 6 a 10L/min,
 Se utilizamos um fluxo baixo, ou seja, < ou seja, fluxo mais alto que o cateter também
5L/min, favorece a reinalação de CO2, o que Máscaras sem reinalação
é ruim para o paciente. Para um fluxo mais
baixo que isto melhor usar o cateter nasal.

Máscara sem reinalação

Máscara facial simples também é acoplado ao fluxômetro

Máscaras com reinalação parcial

 É diferente da anterior porque possui um


sistema de válvulas unidirecionais que
impedem a reinalação do ar que está na
bolsa. Ou seja, durante a inspiração o ar vai
máscara de reinalação parcial
diretamente para o paciente através da bolsa;
na expiração há uma válvula unidirecional
que se fecha durante a expiração de forma
que o ar saia somente pelas válvulas de
exalação e pela borda lateral da máscara. Este
sistema de máscara sem reinalação não
permite que durante a expiração o ar volte
para essa bolsa de reservatório.

A máscara não reinalante tem um diafragma contra


reinalação na lateral, o que a diferencia da reinalação
parcial
 Este tipo de dispositivo sem reinalação
devido as válvulas unidirecionais permitem
com que aja uma oferta de oxigênio quase
Tenda facial/ máscara de Hudson
que 100% (maior que 90%), permitindo
 Possui a máscara de Hudson (máscara que
que o paciente respire quase oxigênio
vai a boca) e traqueia (que é enchida de água
puro. Assim, um pct com uma hipoxemia
para umidificar o ar)
acentuada, que esteja precisando de alta
 Muito utilizada na enfermaria e na UTI para
concentração de oxigênio, é beneficiado com
pacientes que chegam utilizando o ar
essa máscara
ambiente
 Possui um fluxo mínimo de 10L/min –
 O fluxo ideal neste sistema varia de 5 a
suficiente para manter a válvula unidirecional
15L/min. Lembre-se que um fluxo < 5L/min
para porta de entrada do O2 aberta.
favorece a reinalação de CO2 (↑ espaço
 Vantagem: FiO2 > 90%, ou seja, FiO2 mais
morto.
altas.
 A máscara de Hudson é conectada a um
 Desvantagem: acaba usando um fluxo de
sistema de macronebulização (=MNBZ) para
oxigênio tão alto que pode haver escape de
 umidificação do O2 e é ligada a um
ar nas bordas laterais da máscara. Ou seja,
fluxômetro
escape maior devido fluxo mais alto.
 Nesta máscara, a válvula se fecha na hora da
expiração impedindo que o CO2 acumule na
bolsa da máscara, o forçando a sair pelos
orificios laterais e bordas da máscara!

Dispositivos de oxigenação de alto Macronebulizador

fluxo  Pode ser acoplado ao sistema Venturi, ou


 Oferta de oxigênio para o paciente em um seja, outro sistema que permite que
fluxo mais alto ofertemos o oxigênio de alto fluxo.
 O fluxo mais alto não significa que a FiO2 será
mais alta Colar de traqueostomia
 A FiO2 não é misturada com ar ambiente

Tenda facial (=máscara de Hudson)


 As peças coloridas são acopladas na máscara
facial ou na tenda facial para dar o oxigênio
do ar ambiente com fluxo alto. O tamanho
diferente do diâmetro é para controlar a FiO2.
Ou seja, a FiO2 é regulada de acordo com a
escolha do adaptador, variando de 24 a 50%.
Assim conseguimos controlar quanto de fluxo
Colar de traqueostomia estamos fornecendo
 Possui um fluxo de 3 a 15L/min.

Paciente traqueostomizado
 Igual ao funcionamento da tenda facial mas
substitui a tenda facial para pacientes que
estão traqueostomizados
 Também é conectado a um sistema de Diafragma que controla o fluxo L/min
macronebulização (=MNBZ) para  É utilizado o seguinte esquema de cores:
umidificação do O2 e é ligada a um  Azul: fluxo de 3L/min com 24% de FiO2
fluxômetro, como a tenda facial  Amarelo: fluxo de 6L/min com 28% de FiO2
 FiO2 de 35 a 60%; fluxo de 5 a 15L/min.  Branco: fluxo de 8L/min com 31% de FiO2
 Também pode ser acoplado ao sistema  Verde: fluxo de 12L/min com 35% de FiO2
Venturi, ou seja, um sistema que permite que  Rosa: fluxo de 15L/min com 40% de FiO2
ofertemos o oxigênio de alto fluxo  Laranja: fluxo de 15L/min com 50% de FiO2
Monitorização
Máscara de Venturi
1. Oximetria (verifica a saturação forma mais
simples e rápida - pode ser vista no monitor
do paciente ou no oxímetro de pulso);
2. Gasometria (verifica PaO2 e saturação mais
precisa por ser um exame invasivo)
3. Capnografia (feito pelo capnógrafo; mede
CO2 exalado verificando a troca gasosa de
forma indireta, por exemplo, um CO2 muito
alto indica hipoxemia- este acoplado mostra
a curva de CO2 no monitor de forma
 Utiliza alto fluxo de O2, suficiente para concomitante). É um dispositivo caro que
exceder o pico de fluxo inspiratório do nem todo serviço dispõe.
paciente
 Possibilita a sucção de grande quantidade de Toxicidade
ar ambiente → ar é arrastado por força de
 Níveis muito altos de oxigênio podem ser
cissalhamento nos limites do fluxo, quanto
tóxicos e deletérios, causando danos aos
menor for o diâmetro das peças utilizadas,
pulmões e todo o organismo por causar
maior a velocidade do fluxo e maior a
estresse oxidativo e atelectasias de absorção.
quantidade de ar arrastado.
 Não só precisamos evitar a hipoxemia (níveis alveolar, hemorragia, infiltração de leucócitos
baixos de oxigênio no sangue), mas também e espessamento da parede alveolar.
a níveis altos de oxigênio no sangue.
 Estresse oxidativo: gera ativação e
recrutamento de neutrófilos e macrófagos
alveolares, com consequente formação de
edema, fibrose e remodelamento vascular
pulmonar.
 Atelectasias de absorção: a oferta de FiO2
muito alta promove depleção rápida dos
níveis de N2 (“estabilizador” alveolar), Escolha adequada da FiO2
reduzindo a concentração de N2 no gás  Precisamos ter um Controle Preciso da
alveolar. Ou seja, se ocorre a oferta de muito Oxigenação Arterial (CPOA).
oxigênio, ele compete com o nitrogênio  Logo:
provocando um colapso pulmonar porque o 1. Direcionar valores de PaO2 ou SaO2
oxigênio se difunde rapidamente (difusão individualizados;
mais alta que nitrogênio) para o sg e o 2. Preescrever e trabalhar com uma faixa
alveolo perde rapidamente sua fonte de variável (ex: PaO2 entre 60-70 ao invés
estabilização. Logo, a pressão gasosa no de >60 mmHg)
interior do alveolo cai progressivamente até 3. Utilizar valores individualizados de acordo
seu colapso (áreas de atelectasias) com: a idade do paciente [PaO2 ideal = 109 –
 Logo, altas concentrações de O2 levam ao (0,43 x idade)], o quadro clínico da doença
colabamento alveolar subjacente e sua cronicidade. (Ex: no paciente
dpoc já é esperado uma hipoxemia crônica
 Respostas pulmonares a ↑ [O2]: então não indicamos uma PaO2 de 80 a 100)
 É uma resposta progressiva que ocorre entre e de outras comorbidades.
12 e 72h de exposição a 100% de O2  Esta variabilidade de indivíduo para indivíduo
inspirado. De acordo com o tempo de permite uma hipoxemia permissiva.
exposição, temos: → Hipoxemia permissiva: aceitação de níveis de
→ 12 a 24h: traqueobronquite, tosse seca, dor oxigênio arterial mais baixos do que os
torácica subesternal, diminuição do clearence tolerados convencionalmente, como em
mucociliar, diminuição da capacidade vital indivíduos com SARA e DPOC. Isto se dá por
→ 24 a 30h: parestesias, náuseas, vômitos, conta de que esses pacientes selecionados
alteração da síntese protéica nas células tiveram tempo suficiente para que haja
endoteliais, alterações na função celular mecanismos de adaptação que aumentam a
→ 30-48h: diminuição da complacência tolerância a esse estado de hipóxia (com
pulmonar, aumento da PaO2, diminuição da hipoxemia sustentada e crônica), reduzindo a
capacidade de difusão morbimortalidade desses pacientes.
→ 48-60h: Inativação de surfactante, edema
alveolar por aumento da permeabilidade  Por que é importante sempre trabalhar com
→ >60h: SDRA, morte alvos de saturação periférica?
 Diversos estudos já foram feitos que o
 Artigo: Time course inflammation, oxidative benefícios de uma oxigenação ideal,
stress and tissue damage induced by chamado de U shape (=forma de U), um
hiperoxia in mouse lungs gráfico em que temos mortalidade x
 Investiga mediadores inflamatórios saturação. Em pacientes DPOC com oxigênio
provocados pelo oxigênio a 100%. Observou suplementar uma saturação entre 88 e 92%
que 48h após a exposição do oxigênio a diminui a mortalidade. Sendo a taxa de
100% os animais já apresentavam congestão mortalidade entre 88 e 92 de saturação=
8,7%; e a 100 de saturação= 17,1% de  Sendo:
mortalidade → PB= pressão barometrica local
→ PH2O= pressão de vapor de água (47mmHg)
→ FiO2= fração inspirada de O2
→ R= relação entre produção de CO2 e
consumo de O2. Geralmente seu valor normal
é de 0,8 e 0,9

 Como calculamos a PAO2 (pressão alveolar


de oxigênio) no seguinte paciente: paciente
77 anos, recém admitido em um serviço de
pronto atendimento da cidade de BH (onde a
Pressão Barométrica PB = 680 mmHg) com
quadro de pneumonia aspirativa. Os
Índices de oxigenação parâmetros gasométricos avaliados em Ar
 É importante para saber como está a troca Ambiente são: PaO2 = 55 mmHg e PaCO2 =
gasosa do paciente que estão em 38 mmHg vistas na gasometria
oxigenoterapia.
1. Calcule o G (A-a)O2 ideal para esse paciente.
 Gradiente alvéolo-arterial de O2 → G (A-a)O2 = 2,5 + (0,21 x idade)
 Não é o mais utilizado → G (A-a)O2 = 2,5 + (0,21 x 77) = 18,7 mmHg
 Calcula a diferença entre a pressão alveolar
de oxigênio e a pressão arterial de oxigênio. 2. Calcule o G (A-a)O2 real desse paciente.
→ Fórmula: G (A-a)O2 = PAO2 – PaO2. → Fórmula da Pressão Alveolar (PAO2) menos a
 É um índice de oxigenação e dá uma pressão arterial de oxigênio (PaO2):
estimativa de quanto está a troca gasosa do → G(A-a)O2 = PAO2 - PaO2
paciente → PAO2= (PB-PH2O) x FiO2 - (PaCO2/R)
 Esse gradiente normal em ar ambiente (21%) → G(A-a)O2= [(PB-PH2O) x FiO2 - (PaCO2/R)] -
varia de acordo com a idade. Assim, o PaO2
gradiente alveolo arterial de oxigênio ideal → G(A-a)O2= [(680-47) x 0,21 - (38/0,8)] - 55
de acordo com a idade* é: → G(A-a)O2= 31 mmHg
→ G (A-a)O2 = 2,5 + (0,21 x idade). → O valor calculado pro gradiente do paciente
 A literatura sugere que o cálculo seja feito está acima do previsto, sugerindo alterações
com a FiO2 em ar ambiente (0,21) ou com nas trocas gasosas
oxigênio a 100% (1,0). Porém, como o
oxigênio a 100% é deletério não podemos  Relação PaO2/PAO2
fazer isto por muito tempo.  O cálculo do gradiente alvéolo-arterial é
 *Valores acima do previsto para a idade são complexo de ser feito e acaba sendo inviável
encontrados quando existem trocas gasosas na prática. Logo, utilizamos outro índice de
 prejudicadas. oxigenação chamado de Relação entre
 Mas o valor da PaO2 (pressão arterial de PaO2/PAO2
oxigênio) possuímos facilmente através da  PaO2/PAO2 normal é 0,74 a 0,90
gasometria. O valor que nós não temos é o  Valores inferiores a 0,6 indicam trocas
da PAO2 (pressão alveolar de oxigênio). gasosas ineficazes
→ Ex: Considerando o paciente anterior (com
 Cálculo PAO2: PAO2 de 55)
 G(A-a)O2 = PAO2 - PaO2 → PAO2/PaO2=
 PAO2= (PB-PH2O) x FiO2 - (PaCO2/R). → [(PB-PH2O) x FiO2 - (PaCO2/R)]/PaO2
 G(A-a)O2= [(PB-PH2O) x FiO2 - (PaCO2/R)] - → 55/85,5
PaO2. → 0,64 mmHg
→ FiO2 com 1L de Oxigênio= 0,25
 Relação PaO2/FiO2 (=Relação PF) → PF= PaO2/FiO2
 Índice utilizado principalmente nos pacientes → PF= 65/0,25
de VM mas também pode ser utilizado em → PF= 260 → troca prejudicada porque o valor
pacientes em oxigenoterapia. ainda é menor que 300
 Índice mais utilizado em UTI a beira do leito.
 Rápido e prático  Ex3: um paciente com FiO2 70% e PaO2 de 80
 PaO2/FiO2 > 300 normal. → PF= PaO2/FiO2
 PaO2/FiO2 < 300 troca gasosa prejudicada. → PF= 80/0,7
 Define critérios de gravidade da SDRA: → PF= 114
→ Relação PF de 200 a 300 tem SDRA leve; → Vemos neste caso que, apesar da PaO2 na
→ Relação PF entre 100 e 200 tem uma SDRA gasometria está boa, a relação PF de troca
moderada; gasosa está ruim pois se apresenta bem
→ Relação PF menor do que 100 tem SDRA menor que os 300 ideais.
grave
 Ex4: um paciente com FiO2 50% e PaO2 de
 Ex: Paciente com 77 anos, recém admitido em 120
um serviço de pronto atendimento com → PF= PaO2/FiO2
quadro de pneumonia aspirativa. Os → PF= 120/0,5
parâmetros gasométricos avaliados em AA → PF= 240
são: PaO2= 55mmHg e PaCO2= 38mmHg. → Vemos neste caso que PaO2 está muito alta
Calcule a troca gasosa através da relação P/F: mesmo a relação PF está baixa. Embora esteja
→ FiO2 em ar ambiente é 0,21 com uma troca gasosa prejudicada, o
→ PF= PaO2/FiO2 terapeuta deve reduzir a FiO2 para alcançar
→ PF= 55/0,21 uma PaO2 mais baixa senão o pct terá
→ PF= 261mmHg → troca prejudicada porque o hiperóxia. Em pacientes DPOC será mais
valor é menor que 300 destrutivo ainda.
 Assim devemos nos basear na PaO2 ideal e
 Ex2: Se quisermos ofertar 1L/min de oxigênio verificar a relação PF também
por cateter nasal de baixo fluxo para este
paciente. Neste sentido, a PaO2= 65mmHg

Cânulas orofaringea (=de Guedel)  Não é pra ventilar, só pra liberar a via!
 Durante a entubação o paciente é sedado,
fica em DD com cabeceira a 0° e pode ter
uma queda de língua. Este dispositivo serve
para tracionar a lingua ("pescar" a língua) do
paciente e liberar a via aérea dele.

 Também chamada de cânula de Guedel


A cânula orofaríngea é introduzida em direção a vira aérea e é
 Cânulas utilizadas antes da intubação para rotacionada para tracionar a lingua como a na terceira imagem
manter a via área livre, ou seja, liberar a via  Deve-se fazer a escolha do tamanho da
aérea do paciente. cânula orofaringea de acordo com o
tamanho do paciente. Esta escolha é feita a
partir da parte externa da boca - a medida é
da comissura bucal (início da canula) ao
ângulo mandibular (final da cânula)

Como é feita a medida dos diversos tamanhos de cânulas


 Utilizada inicialmente para indução
 Tamanhos: anestésica.
 Difícil ser encontrada no CTI mas bem
utilizada na emergência, ambulância e centro
cirúrgico para pacientes de VA difícil
 Apresenta diversos tamanhos e é para
"resgate de via aérea", ou seja, não permite a
ventilação do paciente
 Tamanhos:
 Neonatal (rosa - n° 00) - tamanho 40mm  Neonatos e infantis até 5kg - n°1 com 4ml
 Bebê (azul claro - n° 0) - tamanho 50mm  Infantis de 5 a 10kg - n° 1,5 com 7ml
 Criança (preta - n°1) - 60mm  Crianças de 10 a 20kg - n° 2 com 10ml
 Adulto pequeno (branca - n° 2) - tamanho  Crianças de 20 a 30kg - n° 2,5 com 14ml
70mm  Crianças de 30 a 50kg - n° 3 com 20ml
 Adulto (verde - n° 3) - tamanho 80 mm  Adultos de 50 a 70kg - n° 4 com 30 ml
 Adulto grande (amarela - n°4) - 90 mm  Adultos com 70 a 100kg - n° 5 com 40 ml
 Adulto XL (vermelha - n° 5) - 100mm  É supra-glótico, ou seja, não veda a traqueia
 Adulto XXL (laranja - n° 6) - 110 mm e não evita a broncoaspiração
 Possui um balão externo que parece uma
máscara que é insuflado e colocado dentro
Cânula nasofaringea da cavidade oral do paciente
 Mesmo propósito da cânula orofaringea mas
a via de acesso é pelo nariz, não pela boca

Máscara laringea
Colocação da máscara laringea
 Contraindicada para pacientes acordados
(estímulo do vômito), pós refeição (chance de
broncoaspiração devido reflexo de vomito),
lesões de via aéreas superiores (como
queimaduras) e obesidade mórbida (devido
tamanho da garganta) etc.
 O tubo que utilizaremos para realizar a
Tubo endotraqueal (=TET) entubação do paciente promove um grau de
resistência a passagem do ar. Quanto maior
 Pode ser oral (=orotraqueal; mais comum) ou o raio do tubo, menor a resistência (=fluxo
nasal (=nasotraqueal) x pressão) das vias aéreas → Lei de Pouiselle
 Costuma-se chamar mais de orotraqueal, (lembre da mangueira de água- quanto mais
pois a via oral é a mais utilizada. diminuímos o raio, com mais pressão sai a
 A intubação traqueal é um pocedimento água)
prévio a utilização da ventilação mecânica → Ex: Se utilizamos um tubo 7,0 para um
invasiva como método de suporte para homem adulto de 1,90m está promovendo
paciente com insuficiência respiratória aguda uma resistência muito alta para a passagem
ou crônica agudizada, ou que precise de de ar em direção aos pulmões porque foi
alguma intervenção cirúrgica. escolhido um tubo muito fino - escolha
 Indicado para: errada!
 Redução do nível de consciência (Glasgow <
8, que não protege mais vias aéreas)
 Dificuldade de defesa de vias aéreas
 Insuficiência
 respiratória que não responda a outras
terapias como oxigenoterapia ou VNI ou que
tenha contra indicações para estas terapias
 Cirurgias (intubação no centro cirúrgico)

 Tamanhos

No gráfico vemos que a resistência é influenciada pelo fluxo,


pressão e pelo raio do tubo.

 Posicionamento do tubo endotraqueal:


precisamos verificar a altura do tubo depois
que o paciente for intubado. Não queremos
 Prematuro: tubo n° 2,5-3,0 com sonda de que o tubo fique muito introduzido nem
aspiração n°6 muito exteriorizado; precisando estar 4 cm de
 RN atermo: tubo n° 3,0 a 3,5 com sonda de distância da carina.
aspiração n°6 ou 8
1. Olhamos a comissura labial
 6 meses: tubo n° 3,5-4,0 com sonda n° 8
 O tubo possui uma numeração de 18 a 24cm.
 1 ano: tubo n° 4,0 a 4,5 com sonda n° 8
Quanto menor for o número, mais
 2 anos: tubo n° 4,5 com sonda n° 8
exteriorizado está o tubo.
 4 anos: tubo n° 5,0 com sonda n° 10
 Geralmente queremos que esteja em 4cm de
 6 anos: tubo n° 5,5 com sonda n° 10
distância acima da carina, que é a bifurcação
 8 anos: tubo n° 6,0 com sonda n° 10
entre o bronco fonte direito e esquerdo.
 10 anos: tubo n° 6,5 com sonda n° 12
 Se está muito pra fora, a ventilação pode não
 12 anos: tubo n° 7,0 com sonda n° 12
estar chegando de forma adequada nos
 Adolescentes: tubo n° 7,5-8,0 com sonda n°
pulmões. Se introduzir demais, o tubo "fica
12
seletivo", ou seja, está ventilando mais um
 Adultos geralmente usam tamanho 8 a 9 de
pulmão que outro
tubo.
Numeração no tubo orotraqueal

Cuff (balão)

 Pressão de cuff:
 O cuff é um balão localizado na porção distal
do tubo ou da traqueostomia, posicionado
abaixo das cordas vocais, entre C5 e C6.
 Possui função de selar a via aérea evitando o
escape de ar, assim como diminuir a
passagem de líquidos e secreções para o
trato respiratório inferior, ou seja, diminuir a
Tubo posicionado 4 cm acima da carina incidência de broncoaspiração;
 A pressão do cuff é transmitida de forma
2. Auscultamos o paciente com o estetoscópio:
direta para a mucosa e é preciso ser
verificar se o ar está passando corretamente
controlada porque uma pressão muito alta
nos dois pulmões
(insuflar demais o balão) gera lesão no
3. Conferimos na radiografia o posicionamento
paciente
do tubo o quão longe está da carina. O tubo
 Insuflar demais o balão pode comprimir a via
aparece branco e a carina com coloração
aérea podendo lesão a médio e longo prazo
mais escura devido a presença de ar
no paciente. Logo, para evitar lesões na
mucosa da traqueia é necessário observar o
grau de pressão transmitido para a parede da
traqueia (25/35 mmHg ou 20-30 cmH20).
 O aparelho cufômetro é o medidor da
pressão dentro do cuff e serve para evitar
lesões como isquemia dos vasos e outras
importantes alterações precoces da mucosa
A esquerda vemos um tubo que foi muito introduzido e ficou traqueal (edema celular, perda de cílios e
seletivo ventilando só um pulmão (mais escuro) e a direita descamação do epitélio) quando o cuff fica
vemos o tubo bem introduzido
hiperinsuflado.
 No final do tubo tem um balão (=cuff) que se  O cufômetro deve ser utilizado cada vez que
enche e que serve para vedar a via aérea → o fisioterapeuta vai atender o paciente
insuflamos esse cuff para que haja entubado para medir a pressão do cuff (balão)
vedamento total e não haja escapes laterais
de ar nem de secreção de VAs para o Traqueostomia
brônquio. Ou seja, para que o ar passe
 É um orifício artificial criado cirurgicamente
apenas pelo tubo.
através da traqueia (não precisa ser
necessariamente no centro cirúrgico, pode
ser feito no CTI pelo médico cirurgião
torácico). A incisão é feita entre o 2° e 3° anel
traqueal.
 É uma técnica utilizada em paciente que
precisa ficar em VM por muito tempo (+14
dias)
 É utilizado em emergências com obstrução
das vias aéreas
 Vantagens: maior conforto do paciente, mais
facilidade de remoção de secreções da árvore
 traqueobrônquica, facilita o desmame difícil e
promove manutenção segura da via aérea

Consequências da síndrome do
imobilismo
 Cardiovascular: redução do débito cardíaco,
redução do volume sistólico, aumento da
frequência cardíaca, risco de trombose
 Músculoesquelético: hipotrofia, diferenciação
entre fibras tipo II, redução da densidade
mitocondrial
 SNC: redução da função cognitiva, delírio e Fibras musculares
desorientação
 Respiratória: redução da capacidade vital,  O imobilismo afeta tanto as fibras de
diminuição da complacência pulmonar, metabolismo aeróbico quanto do anaeróbico.
retenção de secreções, atelectasias
 Composição corporal: desmineralização
óssea, perda protéica, redução da água e
sódio corporal, aumento na % de gordura
corporal

Fraqueza muscular adquirida na


UTI
 O doente crítico tem um aumento das
espécies reativas de oxigênio e aumento das  Tipo 1 (=fibras vermelhas), metabolismo
citocinas inflamatórias devido repouso no aeróbico, aumento de enz oxidativas, alta
leito aliado com a má nutrição que leva a densidade mitocondrias aumento
anormalidades neuromusculares e fraqueza capilarizacao e aumento de mioglobina.
muscular podendo aumentar o tempo de Responsáveis pelo trabalho relacionado a
internação na UTI e no ventilador mecânico e resistência muscular localizada (=manter a
consequente diminuição da funcionalidade e contração e manter) e postura
da qualidade de vida  Tipo 2A intermediaria - de metabolismo
ntermediário
 Tipo 2B (=fibras brancas) - Metabolismo
aeróbico, maior quantidade de enzimas
glicoliticas, menos enzimas mitocondriais,
baixa capilarização e baixa quantidade de atrapalhará o paciente a voltar a posição
mioglobina. Especializadas ao trabalho de ereta
força e potência. (=conseguir exercer força  São exemplos de músculos antigravitacionais:
com velocidade) gluteos, quadriceps, eretores da espinha,
 Ou seja, ocorre uma redução de todos os flexores do cotovelo
tipos de fibras musculares. Porém, uma
modificação de muitas fibras do tipo 1 para
se assemelhar do ponto de vista estrutural e
Mobilização
bioquímico a fibras do tipo 2B. No entanto,  O termo mobilização refere-se a "um nível de
isso não melhora a capacidade de força e atividade física suficiente para promover
potência uma vez que ocorre uma atrofia efeitos fisiológicos agudos que aumentem a
muscular generalizada de todas as fibras ventilação, a perfusão central e periférica, a
musculares, especialmente as do tipo 2B. circulação, o metabolismo muscular e o
 Logo, há uma perda de força e resistência estado de alerta, e que atuem contra a estase
muscular localizada na UTI e por isso venosa e a trombose venosa profunda"
devemos saber analisar as duas coisas (Gosselink R et al. Task Force Physiotherapy
separadamente. for Patients, 2008)
→ Ex: Se um paciente consegue levantar mas  Ou seja, não engloba apenas mudança de
não consegue andar muito tempo, ele tem posturas (DD, DV, sentado a beira do leito,
força mas não tem tolerância ao exercício posição ortoestática etc) mas toda aplicação
prolongado (resistência muscular localizada). de recursos cinesioterapeutico que promove
São tarefas que exigem funções diferentes do efeitos fisiológicos.
metabolismo.  Logo, contrariando os paradigmas antigos
 Para ganhar força: carga maior e menos que o paciente intensivo deveria permanecer
repetições. O paciente tem quando consegue em repouso absoluto, sabemos hoje que é
fazer a função de agachamento para levantar, importante que o pct receba uma abordagem
por exemplo fisioterapeutica para evitar a síndrome do
 Pra ganhar resistência: carga menor e mais imobilismo e os agravos a sua saúde.
repetições. O paciente tem quando consegue
realizar marcha prolongada sem "tremer as
pernas", por exemplo
 Além disso, devemos pensar no fator
cardiovascular. Pode ser um fator limitante
junto a questão muscular ou respiratória

Músculos antigravitacionais Mobilizações em pacientes de UTI e de enfermaria

Imobilismo
 O imobilismo resulta no prejuízo funcional de
diversos sistemas orgânicos e complicações
clínicas.
 Algumas complicações:
 Atrofia muscular
 São os mais afetados devido a posição  Redução da força muscular
horizontal (deitada) do paciente acamado.  Retrações musculares
Possuem muita perda de função devido  Redução do condicionamento
perda de força muscular. Ao se recuperar, isto cardiorrespiratório
 Redução da capacidade vital


Redução do clearence mucociliar
Úlceras de decúbito
Fatores que influenciam na
funcionalidade pós UTI
 Intervenção do fisioterapeuta:
 Alguns fatores determinam a funcionalidade
 Avaliação funcional
pós UTI, são eles: idade, comorbidades, status
 Posicionamento correto
funcional do paciente antes da internação
 Mudanças de decúbito
 Além disso, devemos avaliar outras questões
 Exercícios
relacionadas a doença propriamente dita
 Eletroestimulação
como: gravidade da doença, presença de
polineuromiopatias, duração do período de
 Benefícios no po paciente crítico
imobilidade, uso ou não de ventilação
 Redução do tempo de internação
mecânica, tempo de permanência na UTI, se
 Redução do tempo de ventilação mecânica
o paciente evolui com hiperglicemia (a
 Melhor prognóstico do desmame
hiperglicemia está associada a um pior
 Redução do delírio
prognóstico funcional), aporte nutricional
 Melhor perfil funcional na alta do CTI e
durante a internação, ocorrência de delirium
hospitalar
ou não (associado ao tipo de sedativos ou
medicações utilizadas durante a internação),
Síndrome pós terapia intensiva duração e profundidade de sedação, se
houve uso de corticoides ou bloqueadores
neuromusculares.
 Ainda podemos citar os fatores culturais
hospitalares, como se o hospital tem o hábito
de mobilização de pacientes, uso de
sedativos que evitem o delirium, protocolos
de reabilitação, densidade tecnológica do
local (disponibilidade de recursos),
experiência da equipe atuante etc

 Artigo: Functional disability 5 years afetrr


 O fisioterapeuta deve procurar evitar que os acute respiratory (publicado em 2011, na
pacientes críticos cursem com a denominada revista The New England Journal of Medicine)
síndrome pós terapia intensiva, em que  Relatou que após 5 anos de alta hospitalar de
ocorrem incapacidades físicas (complicações pacientes que passaram por cuidados UTI e
neuromusculares e cardiorrespiratórias, relataram síndrome do desconforto
principalmente), cognitivas (memória, respiratório agudo ainda sofriam
atenção) e mentais (ansiedade, depressão, incapacidades funcionais e resultados ruins
síndrome do estresse pós traumático) do no teste de caminhada de 6 minutos.
paciente intensivo e de sua família. Logo, o  Conclui-se que é importante que o paciente
objetivo do terapeuta é diminuir essas receba cuidados fisioterapeuticos na UTI, na
sequelas no pós atendimento na terapia enfermaria e na pós internação hospitalar
intensiva
 O fisioterapeuta atua principalmente no
domínio físico através da cinesioterapia, da
mobilização do paciente melhorando o
prognóstico funcional e clínico
Objetivos da Cinesioterapia em
pacientes acamados
 Prevenir a trombose venosa profunda;
 Prevenir ou minimizar os encurtamentos
musculares;
 Prevenir ou minimizar a limitação de
movimento articular;
 Promover/aumentar:
→ Força muscular
→ Endurance muscular
→ Condicionamento cardiorrespiratório
→ Equilíbrio corporal Paciente também na UTI covid realizando exercícios de
equilíbrio de tronco sentado a beira leito na foto da esquerda.
→ Controle motor Note que na foto da direita podemos observar que o paciente
→ Mobilidade ainda não está com cânula metálica e sim com cânula portex e
→ Independência funcional portanto com o filtro HMEF conectado a cânula de
traqueostomia e um sistema de aspiração fechada.
 A abordagem do paciente segue uma → Obs: O filtro HMEF é um dispositivo médico
progressão clássica de aplicação de acordo utilizado em conjunto com respiradores
com grau de funcionalidade do pct: mecânicos e aparelhos de anestesia, para
exercícios passivos→ ativo-assistidos → ativo pacientes sob ventilação mecânica artificial.
livres e ativo resistido. Sua função é aquecer e umidificar os gases
 Exercícios passivos vão ser aplicados em medicinais, protegendo assim o sistema
pacientes que não tem condições de respiratório do paciente, além de atuar como
cooperar com o terapeuta devido níveis de barreira, filtrando bactérias e vírus. É indicado
sedação mais profundos, por exemplo. Assim para controlar a disseminação infecciosa pois
que tenha força muscular esquelética e evita a infecção cruzada paciente - ventilador.
condição clínica julgada como capaz será → Obs2: Cânula portex é uma cânula de
encaminhado a começar os exercícios ativo- traqueostomia feita em PVC siliconado.
assistidos, que progridem para ativo-livres e, Portex é o nome da marca fabricante.
por fim, ativos-resistidos. Além disso, são
aplicados exercícios de alongamento e
mobilização articular

Pacientes sendo tratados na enfermaria pós covid com o uso de


halter, teraband e caneleira.
Paciente internada no setor covid com traqueostomia (cânula
metálica) realizando cinesioterapia no HUCFF, da UFRJ. Fotos
 Exemplo de sequência de mobilização
feitas em 2020, quando havia mais de 60 leitos.
 Desenvolvido por Gosselink R et al. Task
Force on Physiotherapy for Critically Patients,
2008)
→ Mobilização passiva no leito
→ Mobilização ativa no leito
→ Exercícios ativo assistidos e ativos no
cicloergometro no leito
→ Sentar na beirada do leito
→ Ficar de pé
→ Caminhada estática  "Reserva cardiovascular";
→ Transferência para poltrona  "Reserva respiratória";
→ Exercícios na cadeira/poltrona  Condições músculoesqueléticas, neurológicas
→ Deambulação ou cirurgias que possam limitar a mobilização
 Mas é importante ressaltar que cada serviço  Força muscular
hospitalar utiliza um protocolo específico  Desempenho físico e mobilidade com escalas
para a abordagem e mobilização do paciente funcionais
crítico. Um protocolo clássico é o Protocolo
de Morris, desenvolvido em 2008, em que Nível de consciência
possui níveis de 1 a 4. O nível 1 são pacientes  Para isto, é utilizada principalmente a escala
que não coopera e realiza apenas exercícios de sedação RASS*. Para o fisioterapeuta
passivos e mudanças de decúbito. O poder realizar os métodos
protocolo evolui de acordo com o nível de cinesioterapeuticos importante que o
consciência sendo o nível 4 a aquisição paciente esteja entre -1 e +1 (ansioso mas
motora para alta na UTI. não agressivo; calmo; sonolento mas com
→ Obs: pacientes com nível de sedação ou contato visual)
pacientes não cooperantes por estarem em
coma ou sedados → pode-se realizar Reserva Cardiovascular
exercícios passivos e de eletroestimulação
 Deve-se observar se o paciente faz uso de
aminas vasoativas, o que não é impeditivo
por si só mas para realizar a cinesioterapia e
outras condutas qua aumentem a demanda
metabólica o paciente não deve estar em uso
de drogas vasoativas.
 São valores altos:
 Dopamina <10μg/kg/min
 Noradrenalina/adrenalina <1ug/kg/min

Frequência Cardíaca de repouso


 Em mobilização passiva, a FC máxima do
Protocolo Morris et al. paciente não deve ser > 75% da frequência
cardíaca máxima predita (220-idade) e para
Avaliação do paciente mobilização ativa não deve ser > 50% para
frequência cardíaca máxima predita (220-
 A questão do imobilismo na terapia intensiva idade)
surgiu a partir do questionamento de "como
realizar a mobilização de pacientes criticos, Pressão arterial
que apresentam maior grau de gravidade?".
 Não deve ter ocorrido variação recente da
Por isso, se fez necessário protocolos,
PA > 20mmHg e é desejável que a PAS esteja
avaliação e monitorização criteriosas de
entre 90 e 170 mmHg.
pacientes antes da realização de qualquer
 Além disso, é essencial que este paciente não
ação cinesioterapeutica. Portanto, hoje a
esteja apresentando arritmias cardíacas
mobilização é uma ação segura contanto que
importantes
respeite-se a condição clínica e funcional de
cada paciente abordado.
 É importante avaliar em relação a Reserva respiratória
estabilidade clínica:  Quando poder usar mobilização ativa?
 Nível de consciência; Apenas para pacientes acordados e deve-se
 Estabilidade clínica;
garantir que o paciente esteja nos seguintes acordado e cooperativo. São utilizadas como
parâmetros: escalas de avaliação:
 PaO2/FiO2 > 200  Barthel, Katz e Lawton (AVDs)
 SpO2 >90%  De Jonghe (compreensão)
 Não pode ter ocorrido queda recente de  CAM ICU (delirium)
SpO2 <4%  RASS (sedação)
 FiO2 <0,6 (60%)
 O paciente não deve estar em uso de uma Escala de Barthel
PEEP >10cmH2O
 Avaliação de independência para atividades
 Não deve apresentar PaCO2 maior que 50-55
de vida diária
mmHg
 Deve apresentar um padrão respiratório
satisfatório, sem esforço excessivo
 Deve apresentar uma frequência respiratória
<30 irpm com suporte ventilatório adequado

 Outros critérios clínicos que devem ser


observados
 Hb > 7g/dL
 Plaquetas > 30000 cels/mm³
 Leucócitos: 4300-10800 cels/mm³ → é uma
indicação relativa porque pacientes com
algum grau de leucocitose podem ser Critérios de De Jonghe
submetidos a cinesioterapia
 O terapeuta dá alguns comandos, um por um.
 Temperatura corporal entre 36°C e 38,5° C
Se o pct responder 3 adequadamente está
 PIC (= pressão intracraniana) < 20 mmHg.
apto para fazer avaliação funcional porque
Prestar atenção em pacientes neurocirúrgicos
está compreendendo os comandos. São eles:
 Glicemia entre 3,5 e 20mmol/L
 Abra/fecha os olhos
 Ausência de dor e fadiga
 Olhe pra mim
 Estado emocional que permita a intervenção
 Abra sua boca e ponha e língua pra fora
 Condições ambientais apropriadas
 Acenar com q cabeça
 Consentimento do Paciente
 Levanta as sobrancelhas
 Treinamento da Equipe

Escala de RASS
Avaliação funcional em terapia  Avalia os níveis de sedação.
intensiva  Ideal que seja 1 (inquieto leve), 0 (calmo) ou -
1 (sonolento baixo) para que o fisioterapeuta
 Feita na ordem: pré ICU (=pré UTI) - ICU possa realizar os exercícios
(=UTI) - WARD (=enfermaria) - DISCHARGE
(alta)
 Utilizar a CIF
 Deve-se saber como é o paciente antes de
internar - deficiências, limitações de
atividade e restrições de participação. Ou seja,
avaliações recordatórias que podem ser feitas
com o paciente ou com seu familiar
 Para realizar os métodos e avaliação
cinesioterapeutica, o pct deve estar calmo,
CAM ICU FSS
 Escala de delírio (=alteração psiquiátrica  FSS= escala de estado funcional
devido agitação, redução do nível de  Avalia o estado funcional do paciente em UTI
consciência ou estresse) através das trocas de decúbito: atividade de
 Esta alteração pode ocorrer em casos de uso rolar, transferência de DD para sentado,
de medicamentos corticoides ou sentado para de pé, sentar na beira da cama
benzadopinicos, por exemplo e deambulação
 A fisioterapia aumenta a conexão com o  Pontuação de 0 a 7
mundo e sociabilidade evitando alterações
delirantes

 Teste muscular manual (MRC)


 Avalia os domínios estrutura e função da CIF
 Na UTI, realizamos principalmente a avaliação
de seis movimentos, 3 de MMSS e 3 de MMII,
de forma isométrica:
 flexão de cotovelo
 abdução de ombro
 flexão de punho
 flexão de quadril
 extensão de joelho
 dorsiflexão
 A pontuação varia de 1 a 5 cada segmento
testado de ambos os lados.
→ 0: não faz movimento
→ 1: contrai o mm
Índice de Katz
→ 2: faz o movimento parcialmente
→ 3: vence a gravidade  Sistema de pontuação diferentes do Barthel
→ 4: vence a resistência mas atividades semelhantes, ou seja, avalia
→ 5: vence a resistência com força independência do paciente
 Pontuação final:
 Pontuação máxima de 60 pontos (6x5x2 - seis
movimentos com 5 de pontuação cada e nos
2 lados do dimero).
 Abaixo de 48 há fraqueza grave adquirida na
UTI principalmente por polineuropatia
 Abaixo de 36 tem fraqueza muito grave.
 A fraqueza adquirida em UTI tem como
fatores de risco: falta de controle glicêmico,
déficit nutricional, sepse, inflamações,
bloqueador neuromuscular, sedação
prolongada etc

Preensão manual (=handgrip) Katz

 Feito com o dinamômetro


 Utilizada porque há uma correlação da força Escala de Lawton
de prensão manual com a força global de  Para atividades instrumentais de vida diária,
uma pessoa. Medido em Newton ou em ou seja, mais complexas. Ex: pagar uma
kg/força pessoa com dinheiro, preparar comida)
WHOQOL
 WHOQOL
 Escala da OMS que avalia qualidade de vida
nos seguintes aspectos: físico, psicológico,
independência, relações sociais, ambiente,
espiritualidade e crenças

SF36
 Escala de qualidade de vida
 Consiste em um questionário
multidimensional formado por 36 itens,
englobados em 8 escalas ou domínios, que
são: capacidade funcional, aspectos físicos,
dor, estado geral da saúde, vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e
saúde mental. Outras escalas de funcionalidade
 ICU mobility scale (escala de mobilidade em
UTI)
 PFIT (teste de função física na UTI
 CPAx

SF36
Introdução não requer sedação, preserva a fala e a deglutição e
tem menor incidência de complicações.
A ventilação não invasiva é um suporte ventilatório
aplicado às vias aéreas por máscara e outras Quando devemos começar a VNI?
interfaces, sem a utilização de TET (tubo endotraqueal) Utilizar na presença de afins sinais clínicos e funcionais
ou TQT (traqueostomia). que justifiquem o uso, são eles:
 Troca gasosa prejudicada (PaO2/Fio2 < 200) →
Sucesso da VNI depende: Esta relação (P/F) também é utilizada pra
 Da causa da IR aguda determinar se a pessoa tem SARA além de
 Modo ventilatório escolhido critérios como: edema pulmonar de origem não
 Nível de cooperação do paciente cardiogênica, raio x opaco etc. Assim, podemos
 Experiência do fisioterapeuta em relação ao classificar a SARA em leve, moderada ou grave.
tempo e momento adequado para iniciar Em pacientes normais o valor tem que ser acima
 Escolha apropriada na máscara - está relacionada de 300.
com preferência e tolerância do paciente; forma  Falência respiratória com hipercapnia e acidose
da face, tamanho e fixação adequada respiratória - verificada na gasometria arterial
 Dispneia grave associada ao uso da musculatura
Indicações de VNI acessória
 Taquipneia
Por que devemos utilizar a VNI? → O paciente não precisa ter todos os critérios para
Devemos utilizar a VNI pois ela é uma alternativa para indicarmos a VNI
evitar a intubação, previne PAV (=pneumonia
associada a ventilação mecânica), oferecer menor
tempo de internação, menores gastos hospitalar e
Aspectos técnicos da VNI
menor mortalidade. Obviamente estes critérios se Deve-se levar em consideração os aspectos técnicos
aplicam a pacientes com indicação de VNI. da VNI para prescrever e adaptar ao paciente
1. Interface: deve-se analisar as que estão disponíveis
VNI x VM no mercado, as que estão disponíveis no hospital que
A VNI não deve ser encarada como substituta do o terapeuta trabalha e a que se adaptará melhor ao
suporte ventilatório invasivo, especialmente nos casos paciente
em que o paciente depende de suporte ventilatório 2. Ventiladores
para manutenção da vida. Os riscos e benefícios de 3. Modos ventilatórios (CPAP, BIPAP, PSV + PEEP)
cada uma das formas de ventilação devem ser
confrontadas para a definição do tipo de suporte 1- Interfaces
ventilatório mais adequado em cada situação.
A VM invasiva, por exemplo, é indicada para doentes
Máscaras nasais
mais críticos, para os quais os objetivos relacionados à
segurança do paciente sobrepõe-se aos relacionados Máscaras acopladas ao nariz do paciente, tem vários
ao conforto. tipos, com formatos e fixações
Alguns critérios que influenciam a escolha do suporte diferentes.
ventilatório são: rebaixamento do nível de consciência As máscaras geralmente são de silicone para evitar
com risco de apneia, incapacidade de manter a machucar o rosto do paciente
patência das vias aéreas, risco de hipoventilação, Possui fixador para ficar bem certinho no rosto do
incapacidade de disparo na VNI devido a vazamentos paciente uma vez que a ventilação fornecida por elas
excessivos, falência de extubação, necessidade de não pode vazar (vedação do sistema), diferente da
altas frações inspiradas de oxigênio e de altas oxigenoterapia que possui uma mistura do ar
pressões positivas finais expiratórias (PEEP), entre fornecido ao paciente com o ar ambiente
outros. Possuem um fluxo de ar maior com sistema que tem
→ Se nenhum desses critérios estiver presente, pode- uma vedação, ou seja, todo ar deve ir para o pct, sem
se optar pela VNI, a qual proporciona maior conforto, fuga e mistura com o ar ambiente
Vantagem: mais confortável
Usado em pacientes mais leves sem insuficiência Vantagem: essa máscara minimiza as lesões de
respiratória muito grave pressões na pele, já que não faz pressão em áreas em
Desvantagem: A desvantagem deste tipo de máscara é que há proeminência óssea (só nariz e boca) e de
que como a máscara nasal também não é colocada na pouco tecido. São mais confortáveis
boca, se o paciente abrir a boca o ar vai escapar pela Desvantagem: dependendo da máscara não se adapta
boca. Porém a vantagem é que geralmente é mais a todos os rostos
confortável para o paciente
Bastante utilizada por pacientes que tenham apneia
do sono

Total face e perfomax

Escafandro /Helmet /Capacete


Muito pouco utilizadas. Passou a ser mais utilizada
somente nos casos de covid 19
Utilizada para manter pressão positiva por tempos
mais prolongado.
Máscaras nasais Desvantagem: ruído alto de ar (o paciente deve usar
protetor auricular), alto custo
Vantagem: se adapta a qualquer tipo de rosto, não
Máscaras faciais ou oronasais gera lesão por pressão devido contato no rosto
Envolvem o nariz e a boca dos pacientes
São as máscaras mais utilizadas
Tem várias formas, materiais e fixações
Vantagem: mesmo que o pct abra a boca, essa
ventilação/pressão não é perdida.
Desvantagem: pode causar lesão por pressão no rosto
do paciente em áreas de proeminência óssea

Qual a melhor interface para VNI?


Depende do paciente e de sua anatomia (qual
máscara vai se adaptar melhor ao pct), se o paciente
tem IResp e qual seu grau, dos serviço em que o
fisioterapeuta trabalha (quais interfaces estão
disponíveis).

Estudo: Physiologic evaluation of non invasive


ventilation delivered with four types of interfaces in
patients with acute respiratory failure after abdominal
surgery (2009)
Buscou avaliar a resposta fisiológica da VNI em
Máscaras oronasais pacientes que tiveram falência respiratória aguda
após cirurgia abdominal. Avaliaram, após 30min de
Máscara facial total VNI, critérios como: conforto, tolerância, comunicação
(o paciente fica sem falar e também sem comer
Possui principalmente dois modelos - total face (face
durante o procedimento) etc. Utilizou-se halmet,
externa de acrílico e interna de silicone) e performax
facial total, orofacial etc. O resultado foi que não
(se adapta melhor a diferentes tipos de faces)
houve uma diferença significativa entre as máscaras
Utilizada quando o paciente precisa de ventilação por
da VNI nos aspectos avaliados. Ou seja, não existe
mais tempo, como por exemplo de 3 a 6 horas
uma interface universal. Tem que ser individualizada
para cada pct.
PEEP acoplado a rede de ar comprimido) e bipap portátil em
Problemas relacionados a escolha da interface baixo a direita
 Vazamentos → Para evitar vazamentos, deve-se
escolher uma interface adequada e ajustar a 3- Modos ventilatórios
fixação. Lembre-se que eve-se observar sempre
Podem ser CPAP, BIPAP ou PSV + PEEP (gerador de
se o cateter gastroenteral, utilizado por muitos
fluxo com a válvula de PEEP)
pacientes, vai atrapalhar a VNI. Se a máscara não
tiver bem fixa ou não tiver adaptada ao pct vai ter
vazamento CPAP
 Congestão nasal → devido a pressão inserida pela Pressão positiva contínua nas vias aéreas
máscara Possui um nível pressórico continuo (=CPAP= PEEP)
 Ressecamento nasal e oral → para ajustar, pode- → PEEP= pressão positiva no final da expiração. O
se usar umidificadores. paciente expirando expontaneamente é uma PEEP=0.
 Irritação de pele e olhos → utilizar adesivos A PEEP no CPAP pode ser 5, 10 cmH20. A PEEP
acolchoados pra evitar pressão e utilização de mantêm os alveolos abertos em ventilação mecânica.
hidratante e/ou colírios → A pressão intrapleural é quase sempre negativa pq
 Claustrofobia → Para evitar a claustrofobia deve- a caixa toracica tende a expansão e o pulmão a
se explicar o que vai fazer e aplicar a VNI retração. Em VM o ar é empurrado pra vias aereas em
progressivamente (em relação ao fluxo e fixação posição positiva contínua então nesse caso sem a
no rosto do pct) PEEP o pulmão tende a se esvaziar logo a PEEP
mantem o alveolo aberto na expiração.
→ Já no suporte não invasivo, a PEEP ainda aumenta a
2- Ventiladores
capacidade residual funcional (CRF) e
Existem diversos ventiladores para VNI, como BIPAP, consequentemente aumentando a área de troca
CPAP, além do próprio ventilador mecânico que alveolar, assim, aumentando a oxigenação.
possui um modo ventilatório não invasivo. Ou seja, o O fluxo do aparelho de CPAP é continuo, o que
mesmo ventilador que usamos para um paciente que provoca uma mudança na pressão expiratória é a
está entubado (ventilações mecânica invasiva), inspiração e expiração do paciente
usamos para um paciente que está em VNI, tendo os O paciente respira espontaneamente, onde é inserido
benefícios da observação dos parâmetros do paciente. a ele um fluxo contínuo/sinusal nas VAs associado a
uma pressão positiva - PEEP.
Isto é, a respiração é dada por um fluxo contínuo de ar
(como se estivesse com uma janela aberta do carro
em alta velocidade e respirando aquele ar) e uma
pressão expiratória positiva somente ao final da
respiratória para manter os alvéolos abertos (o que
chamamos efetivamente de CPAP)
Aqui nós estamos mais preocupados em abrir as
unidades alveolares colapsadas, tentar reverter
atelectasia, melhorar edema, melhorar na
ventilação/expansão de unidades alveolares
hipoventiladas → aproximando o alvéolo do capilar e
assim, há melhora da troca gasosa.
CPAP simples Pode ser feito por aparelho portátil ou pela união
gerador de fluxo + CPAP utilizado em pacientes que
precisamos manter os alveolos abertos,
principalmente no final da expiração. Usado para
reabrir alveolos colapsados, redistribuir o líquido
existente dentro do alveolo no caso de edema agudo
CPAP portátil Cervo pulmonar de origem cardiogênica, por ex.
BIPAP portátil
O ventilador maior é o cervo, no meio é o CPAP portátil BIPAP: (IPAP+EPAP) ou
(bastante utilizado em apneia do sono), acima a esquerda é o
CPAP simples (antigo - feito com gerador de fluxo e válvula de PSV+PEEP
Pressão positiva bifásica das vias aéreas estejam hipoventilando, aumenta a pressão
Também chamado de bilevel dentro do alvéolo e seu volume, tornando-o mais
Dois níveis pressóricos, ou seja, há uma pressão próximo do capilar, sendo uma forma de também
inspiratória e uma expiratória durante a respiração melhorar a oxigenação (porque aumenta a CRF).
→ Obs: quando o paciente inspirar vai ter ajuda de Interessante em pacientes com hipoxemia.
um fluxo maior e quando expirar o fluxo diminui  BIPAP = por ter dois níveis pressóricos na ins e na
Pode ser bipap (IPAP + EPAP) ou PSV + PEEP ex, se aumenta o volume pressórico na inspiração
No BIPAP existem dois modos pressoricos: um ao final provoca uma maior variação de volume dentro do
da inspiração (IPAP – Pressão elevada) e outro ao final alvéolo, logo, resolve uma possível hipercapnia,
da expiração (EPAP ou PEEP– Pressão menor). através da lavagem de CO2. Sendo mais
O CPAP seria semelhante ao EPAP por ser pressão interessante em uma IResp do tipo 2 ou
expiratória. A diferente do BIPAP pro CPAP que no hipercapnia, ou uma hipoxemia associada a
BIPAP tem o IPAP, para aumentar o volume de reserva hipercapnia. Em geral, o BIPAP pode atender a
inspiratório e, consequentemente, o volume corrente. necessidade de aumento e variação de volume, e
A diferença entre BIPAP (IPAP + EPAP) e PSV + PEEP que necessite de um final de expiração maior.
está na nomenclatura onde no ventilador mecânico Sendo ainda mais confortável. Também pode ser
não é encontrado o nome BIPAP para essa utilizado em IRa hipoxemica aumentando o EPAP
modalidade e, sim, PSV (semelhante ao IPAP - vai (semelhante ao CPAP).
ajudar o pct a variar o volume corrente durante a
inspiração) + PEEP.
Tem o objetivo de abrir o alveolo. Neste sentido,
durante a inspiração dá-se um fluxo maior e durante a
expiração o fluxo diminui mas mantendo sempre uma
pressão para manter o alveolo aberto
O fluxo deixa de ser contínuo, onde vai ter uma
pressão inspiratória e uma expiratória (IPAP e EPAP).
Ou seja, é um modo mais próximo do fisiológico, pois
durante a inspiração nós precisamos de uma pressão
maior e já na expiração deve ser menor para facilitar a
Como fazer a adaptação do paciente?
expiração.
 Explicar e apresentar o material
Nesse modo o fluxo é desacelerado, tornando essa
 Sempre ficar junto do paciente durante os
ventilação mais confortável para os pacientes.
primeiros minutos para saber se houve a
Aqui também há melhora de ventilação, melhora a
adaptação correta
expansão pulmonar, ajuda a manter o alvéolo
 Colocar mascará sem fixa-la inicialmente, para ver
aberto ao final da expiração, aproxima mais o alvéolo
como vai ser a adaptação do paciente e ele se
do capilar - através do ajuste do EPAP/PEEP. Nesse
sentir seguro
modo há também o benefício que é dado pelo
 Começar com baixos fluxos e pressões e
IPAP/PSV, quando há ajuda na inspiração (pressão
aumentar progressivamente
positiva final na inspiração), ajudando numa maior
 Explicar ao paciente que ele pode chamar alguém
variação de volume corrente, ou seja, na melhora da
para tirar a máscara a qualquer momento com as
ventilação. O IPAP vai favorecer a “lavagem” de CO2
mãos pois ele não vai conseguir falar. Ex: ficar
durante o ciclo respiratório, sendo importante para
desconfortável, enjoado etc
pacientes com retenção desse CO2 – hipercapnia.
 Explicar que pode ficar durante 1 a 2h, que pode
→ Obs: Dependendo da fisiopatologia do paciente,
ressecar a boca, que deve avisar se vazar o fluxo
cada modo pode não ter diferença ou um modo
→ É importante a colaboração do paciente - pessoas
ventilatório pode ser superior ao outro.
agitadas, nervosas não deve ser feito!

CPAP X BIPAP
 CPAP = mais interessante em pacientes em que
Critérios clínicos
precise manter o alvéolo aberto continuamente Deve-se analisar:
ao final da expiração, seja para reabrir alvéolos Ajuste dos parâmetros
colapsados ou para redistribuir o líquido dentro Duração - quantas horas o paciente vai ficar
do alvéolo, aumenta a ventilação em alvéolos que Frequência - quantas vezes irá fazer
Critérios para interrupção - normalmente quando os *O CPAP é utilizado como pressão expiratória. Em
critérios para indicação foram interrompidos (edema casos que não tenha CPAP pode utilizar BIPAP pelo
agudo de pulmão, hipoxemia, hipercapnia, uso de ajusto da PEEP. O benefício maior é com CPAP.
musculatura acessória etc) → CPAP é utilizado em pacientes que precisamos
manter os alveolos abertos, principalmente no final da
Indicações para VNI expiração. Usado para reabrir alveolos colapsados,
Como técnica de desmame; redistribuir o líquido existente dentro do alveolo no
Edema agudo pulmonar de origem cardiogênica (nível caso de edema agudo pulmonar de origem
de evidência A fazer CPAP nestes pacientes) cardiogênica, por ex.
Exacerbação da DPOC *BIPAP → O BIPAP apesar de não ser padrão ouro
Insuficiência respiratória de maneira geral. também pode ajudar um pouco através do ajuste do
EPAP (=PEEP) um pouco mais alto (de 8 a 10 cmH2O),
VNI no desmame de maneira que possa auxiliar na redistribuição desse
líquido.
 VNI facilitadora: facilita o desmame → O BIPAP acaba sendo mais indicados para
(principalmente pacientes DPOC ou doenças pacientes quando houver hipercapnia. Se
neuromusculares), reduz mortalidade, reduz PAV aumentamos o volume corrente durante a inspiração
(=pneumonia associada a ventilação mecânica) (IPAP) vai estar favorecendo uma maior variação de
 VNI preventiva: para pacientes que têm fatores volume dentro do alveolo. Se ocorre uma maior
de risco para insuficiência respiratória (idosos, variação de ar podemos aumentar a pressão do
com doenças pulmonar prévia, cirurgias - depois alveolo ao final da expiração, expulsar CO2 e resolver
faz extubação da VM pode colocar nesta VNI para uma hipercapnia que possa estar acontecendo. Por
prevenir que estes pacientes tenham insuficiência isso é bem utilizado em insuficiência respiratória tipo
respiratória), reduz taxa de reintubação e 2 quando tem hipercarpnia porque durante a
mortalidade na UTI inspiração é possível variar mais volume corrente
 VNI curativa: pacientes que já fizeram a dentro do alveolo e "lavar CO2" preso do alveolo.
insuficiência respiratória e o fisioterapeuta tenta Assim, redistribui melhor o fluxo, promove
fazer o resgaste. Há evidências de benefícios recrutamento alveolar se estiver colapsado, se o
apenas em pacientes cirúrgicos. É associada ao alveolo estiver hipoventilado podemos aumentar a
retardo na decisão de iniciar e interromper a VNI. pressão nele para ficar mais aberto e mais próximo ao
capilar melhorando a oxigenação etc. Ocorre um
Edema agudo pulmonar de aumento da ventilação pelo IPAP (PSV) e aumento da
pressão no final da expiração (EPAP/PEEP).
origem cardiogênica
Pacientes com edema agudo de pulmão tem Exacerbação da DPOC
insuficiência cardíaca que não consegue bombear o sg Na literatura sabemos que VNI reduz a taxa de
de forma adequada e este sg extravasa do vaso pro intubação e mortalidade para este tipo de paciente.
interstício e dai para o alveolo. Assim, o líquido Neste sentido, qual modo utilizar? CPAP ou BIPAP?
intravascular chega no alveolo impedindo a troca BIPAP, pois é um paciente já retentor de CO2 de
gasosa eficaz maneira crônica (hipercapnico e hiperinsuflado).
A VNI atua reduzindo a taxa de intubação e Então não deve-se usar um modo ventilatório que só
mortalidade desses paciente. Obviamente aliada ao varia pressão e não volume. Logo se há uma
tratamento medicamentoso de diuréticos (↑ urina exacerbação ele vai reter ainda mais. Já o BIPAP é
sendo produzida então ↑ líquido sendo eliminado do modo mais indicado porque permite ajustar uma
corpo) pressão inspiratória e uma pressão expiratória de
forma que haja maior variação de volume corrente,
Neste caso do DPOC, qual modo da VNI utilizar, CPAP aumentando a pressão inspiratória.
ou BIPAP?
CPAP→ Melhor estratégia para estes pacientes. Por Hipoxemia
ter líquido dentro do alvéolo, isso acaba Como agir na hipoxemia?
comprometendo a ventilação. Ao colocar a pressão Podemos ajudar melhorando a ventilação. Como?
positiva continua nas VAs, esse líquido é “empurrado” Aumentando o volume corrente, ou seja, aumentando
para dentro do vaso de novo, ou seja, funciona como
um mecanismo de expulsão.
o delta entre EPAP (pressão ao final da expiração) e A VNI é indicada para pacientes com insuficiência
IPAP. respiratória pós extubação apenas em pacientes
Ex: IPAP= 1 e EPAP = 5 então variação do volume cirúrgicos. Neste caso, o paciente passou nos critérios
corrente é 4. Já IPAP= 15 e EPAP = 5 então variação do para extubação (TRE) mas em seguida teve IRa.
volume corrente é 10, que é maior. Quanto maior Lembre-se que os pacientes submetidos a algum tipo
esse delta maior é a variação de volume corrente. de cirurgia cardiorrespiratória, torácica ou abdominal
O ajuste da EPAP é para melhorar oxigenação. alta estão sujeitos a complicações pulmonares no pós
↑VC ↓ CO2 operatório em CTI uma vez que muitas destas
↑CRF ↑Oxigenação cirurgias tem o tórax aberto ou inserção de gás no
tórax pra melhor visualização - o medo de respirar,
 OBS: VNI melhora a relação V/Q mas não melhora difícil controle da tosse etc.
perfusão (passagem de sg)
 Obs 2: VNI + Tratamento medicamentoso Complicações pulmonares no
(diurético) = padrão ouro para edema pulmonar
de origem cardiogênica pós operatório
 Obs 3: Como melhorar oxigenação (deve avaliar
As maiores complicações e seu consequente recurso
PaO2)? Oxigenoterapia (FiO2) e aumento da CRF,
terapêutico são:
através da pressão positiva CPAP. Em último caso,
 Edema hidrostático (4,9%) - CPAP
pode-se utilizar o BIPAP com aumento do EPAP.
 Falência respiratória (3%) - depende
 Broncoespasmo (1,8%) - BIPAP pelo conforto
Indicações da VNI na  Derrame pleural (1,7%) - CPAP
insuficiência respiratória aguda  Pneumonia (1,5%) - CPAP
 Atelectasia (0,5%) - CPAP
 Pneumotórax (0,3%) - CPAP se já estiver drenado.
Nível de evidência A (alta evidência):
Sem drenar pode piorar o pneumotórax
 Exacerbação da DPOC
 Facilitação do desmame na DPOC
 Edema pulmonar agudo de origem cardiogênica
(EAP)
 Pacientes imunossuprimidos

Nível de evidência B
 Cuidado paliativo
 Prevenção de falência respiratória pós extubação
 Pneumonia (PNM)

Relatividade da escolha
Na insuficiência respiratória aguda o melhor modo a
ser escolhido depende da doença que vai atingir o
paciente. Por exemplo, no caso de DPOC, o BIPAP será
melhor, já no caso de edema agudo de pulmão o CPAP Vemos na imagem pacientes que não tiveram complicação
pulmonar (linha superior) e pacientes que tiveram
será melhor.Ou seja, hipercapnia o BIPAP é mais complicação pulmonar (linha inferior). Pacientes com
indicado e mais hipoxemia (colapso sem insuficiência complicação pulmonar tem uma sobrevida menor do que os
respiratória muito grave) o CPAP é mais indicado. Mas que não tiveram complicações.
na dúvida, o BIPAP pode atender os dois casos: tanto
o paciente que precisa de uma pressão respiratória O papel do fisioterapeuta é minimizar ou anular as
maior quanto o paciente que precisa de variação de complicações ao máximo. Como?
volume. Além disso, o BIPAP é mais confortável para O fisioterapeuta deve saber identificar o paciente de
os pacientes uma vez que tem um fluxo maior durante risco e saber acerca dos mecanismos de complicação
a inspiração e menor durante a expiração permitindo peri e pós operatório
melhor adaptação, seria melhor para pacientes em
casos paliativos. 1- Identificar os pacientes de risco
A forma primordial é identificar os pacientes de risco -
Insuficiência respiratória pós extubação pacientes que apresentem critérios de risco de falha
na extubação podemos utilizar a VNI de forma
profilática. Uma das formas de avaliar quais pacientes
são de risco são avaliações que avaliem idade, SpO2
antes da cirurgia, infecções respiratórias no último
mês, anemia no pré operatório, se o procedimento
cirúrgico foi de emergência ou não, onde foi a incisão
cirúrgica (se for periférica como cirurgia ortopédica
em MMII não há tantos riscos de complicação
pulmonar; já cirurgias abdominais altas como no
fígado, intestino o risco é médio; se for uma cirurgia
intra torácica o risco é maior), tempo de cirurgia
(quanto maior o tempo de cirurgia, maior o risco de
desenvolver complicações pulmonares no pós
Relação da atelectasia com outras complicações pulmonares
operatório). Exemplo de avaliação → ARRISCAT com
pós operatórias
valor maior a 26 tem risco pulmonar de complicações

Questionário ARRISCAT que avalia risco de


complicações pós cirurgica
Imagem de tomografia de um paciente saudável que foi
anestesiado e musculatura respiratória paralisada - podemos
2- Mecanismos de complicação peri e pós operatório observar em preto os pulmões bem ventilados antes do
Os procedimentos cirurgicos dependendo do tipo e procedimento a esquerda e a direita algumas áreas brancas
tempo de cirurgia podem gerar diversas adversidades (hipodensas) indicando diminuição na ventilação. Ou seja, só
no paciente. É sabido que a anestesia provoca a anestesia já promove a atelectasia em pacientes saudáveis.
diminuição do driving respiratório, hipoventilação e Quando pensamos em pacientes obesos, podemos ver na
atelectasia. Sendo a atelectasia recorrente parte inferior direita da imagem que a área de atelectasia
após o procedimento de anestesia e paralisia dos mm
dependendo do tipo de cirurgia feita (ex: em cirurgia
respiratórios é muito maior, principalmente pelo peso da
abdominal alta em que haja manutenção as vísceras é gordura visceral do paciente sob o próprio tórax piorando a
comum), principalmente. ventilação pulmonar. Logo, a obesidade é um fator de risco
Além disso, os procedimentos cirúrgicos podem para atelectasia.
provocar dor para respirar (pode gerar medo de
respirar profundamente e tossir → favorece a Quando pensamos em pacientes que desenvolvem
hipoventilação e retenção de secreção), risco de insuficiência respiratória pós extubação. Qual modo
infecção, diminuição da resposta respiratória devido utilizar?
diafragma superiorizado, inabilidade da tosse (que Depende de qual tipo de IRa hipoxemica ou
pode gerar infecção e risco de insuficiência hipercapnica, pode ser CPAP ou BIPAP
respiratória aguda), hipoxemia etc. Ainda é
importante ressaltar que pacientes obesos têm um Evidências - VNI terapêutica
risco maior.
Estudo: "Continuos positive airway pressure for
treatment of postoperative hypoxemia" (JAMA) -
Avaliou o efeito do CPAP no tratamento da hipoxemia
no pós operatório. Foi conclusivo que os grupos que
se submeteram a esta terapia tiveram uma taxa de
entubação muito menor do que os que não fizeram a
VNI. Além disso, neste mesmo estudo foi visto que o
uso da VNI no tratamento da hipoxemia no pós
operatório diminuiu também a incidência de
pneumonia e infecções de maneira geral diminuindo o (intratoracica) e neste caso o bipap diminuiu a
risco de sepse porém não acompanhado por menor atelectasia e o tempo de internação
internação hospitalar e na CTI.

Estudo: "Continuous positive airway pressure for


treatment of respiratory complications after
abdominal surgery" - uma metanálise (revisão de
outros estudos anteriores) que avaliou vários estudos
que utilizavam CPAP nas complicações respiratórias
após cirurgia abdominal. Concluiu que a maioria dos
estudos mostrou o CPAP como boa terapia para
prevenção de atelectasia e pneumonia. Apenas um
estudo foi desfavorável.
VNI na SARA
A SARA é uma inflamação intensa do parenquima
pulmonar. Ocorre pós covid, por exemplo. Podemos
indicar VNI porém com cuidado
Em quais situações podemos indicar VNI?
 Volume minuto < 15L/min (ou seja, não
taquipneico ou desconfortável)
 Ausência de choque
 PaO2/FiO2 >120 mmHg, ou seja, não é utilizado
em SARA grave. Em casos greves utiliza-se VM
invasiva
Estudo: "VNI em pacientes com IRespA após cirurgia  Hipodensidade lobar ao raio X - mais localizada,
abdominal" - VNI diminuiu o tempo no CTI e a não difusa não mostrando comprometimento
mortalidade. A VNI é considerada uma importante difuso do parenquima lobar
alternativa em relação a ventilação convencional em  Capacidade de proteger as VAs
alguns pacientes após cirurgia abdominal com IRespA
que precise de suporte ventilatório Interromper a VNI caso:
PaO2/FiO2 < 175 mmHg após 1-6h, ou seja, não
melhorou na VNI e continua com troca gasosa ruim →
Evidências clínicas - VNI
lembre-se que este é apenas um dos critérios
Profilática
Onde utilizar a VNI na SARA?
Estudo: "Noninvasive ventilation for prevention of Utilizar sempre na UTI, com monitoração constante,
post extubation respiratory failure in obese patients" - pois este é um paciente grave
Investigou o uso da VNI pra prevenir a falência
respiratória pós extubação em pacientes obsesls. Foi
visto que a utilização de BIPAP gerou menor falência
respiratória assim como diminuiu o tempo de
internação no CTI e a mortalidade

VNI na COVID 19
Estudo: "Prophylactic use of noninvasiv ventilation in
patients undergoing lung resectional surgery"Viu o
efeito de pacientes com ressecção pulmonar
Artigo: "High flow noninvasive ventilation and awake
(nonintubation) proning in patients with coronavirus
disease 2019 with respiratory failure" - No inicio da
pandemia era contraindicação absoluta a VNI devido
dispersão do vírus. Porém hoje sabe-se que com uso
de filtros é possível o uso. Este artigo avalia diversos
estudos que falam acerta de prós e contras no uso de
VNI, alto fluxo e posição pron no uso em pacientes de
COVID 19. Analisa também outro método de suporte
não invasivo de ventilação por alto fluxo (antigamente
só utilizado em grandes centros em Pediatria) → Este
Tabela 2 - observamos os efeitos fisiológicos, indicações e
tipo de ventilação chama-se CNAF (=cateter nasal de precauções
alto fluxo)

Tabela 3: explicação da aplicação da técnica e motorização -


Ex: quarto com pressão negativa, FiO2 controlada,
monitorização constante do paciente, como fazer se estiver
na posição prona etc
Tabela 1- mostra quais recomendações da sociedade
internacional (Brasil, Australia, China, Canadá, Chile, Itália etc) Cateter nasal de alto fluxo (=CNAF)
relacionado ao uso do CNAF e da VNI durante a pandemia de
covid. Em relação ao cateter nasal de alto fluxo alguns são a Mecanismo de ação:
favor, contra ou sugerem devido condição x. Redução da resistência inspiratória fisiológica (narina
e nasofaringe)
Lavagem do espaço morto anatômico (narina e
nasofaringe - são espaços mortos porque tem
passagem de ar sem troca gasosa): CO2 por ar fresco
Trabalho metabolico reduzido porque este dispositivo
já oferta um ar aquecido para o paciente: reduz
perdas insensíveis de água e do gasto energético para
aquecer o gás inspirado a temperatura corporal
Condutância das vias aéreas e clearence mucociliar  Hiperssecretivo
 Obstrução das vias aéreas ou trauma de face - no
Efeitos clínicos trauma não tem como acoplar a terapia)
Redução do espaço respiratório pela redução do  Redução do nível de consciência, agitação ou
espaço morto recusa do paciente
Oferta precisa de FiO2 (até 100%)  Cirurgia recente de VAS ou gastrointestinal
Melhora do transporte mucociliar superior - devido o alto fluxo proporcionado em
Melhora a tolerância a alimentação: porque o VAS. É uma contraindicação relativa. No caso,
dispositivo está no nariz liberando a boca para entrada principalmente, de cirurgias de esôfago os
de alimentos cirurgiões contraindicam na maioria das vezes
porque pode prejudicar a cirurgia.
 Distensão abdominal, náuseas ou vômitos - o
paciente pode broncoaspirar se usar VNI

Limitações da VNI
Saber selecionar adequado
Avaliar o grau de cooperação do paciente
Paciente deve ser capaz de proteger as VAS, deglutir e
tossir
Deve-se avaliar a gravidade do paciente e
instabilidade hemodinâmica

Oxigenoterapia x VNI
Existem várias formas comerciais. O modo mais simples é A oxigenoterapia é utilizada quando o paciente tem
através da utilização de misturador de gás acoplado a um uma saturação baixa mas ainda não há uma
umidificador e aquecedor e uma cânula nasal (vemos na insuficiência respiratória, só há uma hipoxemia. Ou
imagem a esquerda). Algumas marcas mais modernas seja, a beira do leito o paciente não apresenta sinais
podemos controlar o fluxo em L/min, a FiO2 e a temperatura de desconforto (dispneico, taquipneico,
(vemos na imagem central e a direita). descompensação, saturação cair de forma muito
abrupta, uso de musculatura acessória etc). Já em
Indicações de CNAF pacientes com insuficiência respiratória pede o uso de
Alterações da complacência ou resistência ventilação não invasiva, que pode até ser associada
(pneumonia, SDRA, asma), após extubação, PO com oxigenoterapia.
cirurgia cardíaca, reduzir o espaço morto, melhorar a Ex: paciente idoso com pós operatório de cirurgia
função mucociliar) abdominal e ausculta reduzida com dor abdominal,
raio x com área de atelectasia na base (risco de
Contraindicações da VNI pneumonia) mas a beira do leito está bem → neste
 Parada respiratória caso mesmo estando bem a beira do leito é
 Instabilidade hemodinâmica necessário uso de VNI devido risco de complicar.
 Incapacidade de proteger as vias aéreas Lembre-se que oxigênio não trata atelectasia,
derrame pleural, edema agudo de pulmão etc.

Objetivos de antibióticos. No entanto, a VM como um recurso


de suporte, vai ajudar a manter as trocas gasosas
Não é um recurso de cura propriamente dito e, sim, adequadas até que o problema de base seja resolvido.
de suporte ao paciente. Possui objetivo de oferecer
suporte ao paciente até que o problema básico (clínico)
seja resolvido, ou manter um suporte ventilatório ao Perspectiva histórica
paciente com problemas ventilatórios crônicos. Ventilação por pressão negativa (=pulmões de aço):
→ Ex: paciente com pneumonia e está em VM, a VM primeira forma de ventilação mecânica utilizada
não vai tratar essa pneumonia. O tratamento é o uso clinicamente, desde de 1928, no Boston Children's
Hospital. Também foi muito utilizada durante a o ar é puxado para dentro dos pulmões através da
pandemia de poliomielite entre os anos de 1940 e expansão pulmonar e redução da pressão pleural,
1950. Esta modalidade foi substituída por ventilação fazendo com que haja um gradiente de pressão. Essa
em pressão positiva, em 1955. normalização ou aumento da ventilação
Ventilação por pressão positiva: começou a ser proporcionada pelo ventilador faz com que haja uma
utilizada em 1955, no Massachusetts General Hospital ventilação alveolar mais adequada, proporcionando a
e é o método padrão de ventilação atualmente melhora da troca gasosa. Isto é, remoção de CO2 e
Os ventiladores mecânicos passaram por grandes suprimento de O2 para os capilares pulmonares.
inovações tecnológicas até que nos dias de hoje a Ventilação com ressuscitador manual: uma outra
grande maioria das UTIs dispõe de ventiladores forma de ventilação com pressão positiva bastante
multiprocessados, equipamentos que oferecem uma utilizada é a ventilação com ressuscitador manual. É
série de recursos de segurança, modalidades usado de forma temporária, durante alguns
ventilatórias, forma de ventilar o paciente procedimentos, como a própria intubação traqueal ou
proporcionando maior conforto para o paciente e durante a parada cardiorrespiratória. O seu uso
eficiência para terapia ventilatória. também pode ser feito pelos fisioterapeutas,
Ventilador x respirador: Os aparelhos de ventilação objetivando a remoção de secreção e a expansão
mecânica servem para ventilar os pulmões, para pulmonar.
promover a assistência ventilatória. Portanto, devem
ser chamados de ventiladores. A respiração se refere a
troca gasosa e não é isso que o ventilador mecânico
faz, embora ele auxilie/melhore esse processo de
troca gasosa. Dessa forma, o termo respirador está
errado.

Modelo da VM invasiva
Ventilação por ressuscitador manual (ambu)

Respiração celular

Circuito inspiratório: por onde vai as misturas de


gases para o paciente insuflando seus pulmões. O
ramo inspiratório está conectado a um umidificador,
que vai umidificar o gás que é propulsionado pelo
ventilador antes de chegar aos pulmões do paciente. Durante o metabolismo aeróbico, há produção de CO2
Na inspiração, a válvula inspiratória estará aberta e consumo de O2, acontecendo de forma constante
permitindo que os gases cheguem até os pulmões. Na para atender a demanda metabólica celular. Dessa
expiração, essa válvula estará fechada. forma, o sistema respiratório deve proporcionar a
Circuito expiratório: por onde ocorre a exalação de remoção de CO2 de forma adequada e o suprimento
CO2 de maneira passiva, ou seja, sem interferência do continuo de O2 para os capilares pulmonares para que
ventilador. Na inspiração, a válvula expiratória estará essas necessidades metabólicas sejam atendidas e não
fechada impedindo um escape dos gases para garantir haja sofrimento, nem morte celular.
que eles cheguem até os pulmões. Já na expiração, No entanto, na vigência das disfunções respiratórias
essa válvula estará aberta permitindo a livre exalação que impedem a homeostasia do CO2 e O2, há uma
do paciente. redução da oxigenação arterial e aumento da retenção
de CO2. Ou seja, ocorre uma incapacidade de ofertar
Vent. fisiológica x mecânica normalmente O2 aos tecidos e de remover
O ventilador mecânico “empurra o gás para dentro normalmente CO2 dos tecidos. Este processo
dos pulmões do paciente”, através de pressão positiva, chamado de insuficiência respiratória aguda e é
expandindo os pulmões. Já na ventilação espontânea
caracterizada por: PaO2 < 60 mmHg e/ou PaCO2 > 50 Classificação de doença
mmHg
respiratória aguda
Sinais e sintomas de hipoxemia Tipo 1 (=hipoxemica): PaO2 reduzida com PaCO2
 Dispneia (sintoma mais frequente junto com a normal ou reduzida. Principais causas: redução de V/Q,
cianose) shunt e distúrbio difusional
 Taquicardia ou arritmia cardíaca Tipo 2 (=hipercápnica): PaCO2 aumentada (>50mmHg)
 Agitação psicomotora e PaO2 pode estar reduzida. Principais causas:
 Cianose hipoventilação e efeito do espaço morto
 Uso de musculatura respiratória acessória
 Tiragem intercostal e supraclavicular Indicações VM
Quando saber que o indivíduo necessita de ventilação
Sinais e sintomas de hipercarpnia mecânica invasiva? Observamos os parâmetros
 Alteração do nível de consciência (depressão da utilizados com mais frequência:
consciência)  PaCO2 > 55 (o normal é entre 35-45)
 Taquicardia  pH <7,2 (o normal é de 7,35-7,45)
 Cefaleia  volume corrente <5ml/kg (o normal é de 5-8)
 Letargia  frequência respiratória >35 (o normal é 12-20irpm)
 Rubor  PaO2/FiO2 <200 (o normal é de 350-450)
 Alteração do padrão ventilatório (Biot ou
bradipneia)
 Sudorese
Benefícios da VM
A ventilação mecânica atua para:
Correção da hipoxemia arterial.
Causas da insuficiência

 Correção da acidose respiratória.
respiratória aguda  Redução do desconforto/esforço respiratório.
 Prevenção ou redução da incidência de atelectasia.
Redução da relação ventilação/perfusão (↓V/Q):  Prevenção e reversão de fadiga muscular
quando a ventilação diminui ou há um aumento da respiratória.
perfusão exagerado. Ex: DPOC, asma, doenças  Permissão de sedação e bloqueio neuromuscular.
restritivas e obstrutivas em um geral  Redução do consumo sistêmico e miocárdico de
Efeito shunt: Quando a relação V/Q=0. Caracterizado O2.
por doenças em consolidação ou colapso alveolar. Ex:  Estabilização torácica.
pneumonia grave, atelectasia, hemorragia pulmonar,
SDRA.
Aumento da relação ventilação/perfusão (↑V/Q): Classificação da ventilação
quando ocorre redução importante da perfusão
pulmonar (como no caso de redução do débito
mecânica
cardíaco, embolia pulmonar ou a própria ventilação A ventilação mecânica com pressão positiva pode ser
mecânica devido efeito da pressão positiva). Se não classificada em invasiva e não invasiva
houver compensação ventilatória, ocorrerá o aumento Invasiva: quando a interface entre o ventilador e as
da PaCO2. vias aéreas do paciente é feita por um dispositivo que
Distúrbio difusional: espessamento da barreira alveolo invade as vias aéreas do paciente, como um tubo
capilar. Ex: fibrose pulmonar, SDRA e edema pulmonar endotraqueal ou cânula de traqueotomia.
Diminuição do volume minuto (↓VE): Ocorre uma
ventilação de forma genérica devido, principalmente,
causa extra pulmonar. É caracterizada por um
aumento da PaCO2 e redução da PaO2. Ex: fadiga
muscular respiratória, doenças do SNC como arritmias
respiratórias, doenças neuromusculares, sedação com
depressão do SNC.

Tubo endotraqueal e traqueostomia


A diferença entre as pressões alveolar e pleural
Não-invasiva: Quando se utiliza uma interface que não denomina-se pressão transpulmonar, considerada
invade as vias aéreas do paciente. Tem como objetivo uma motriz do sistema respiratório em ventilação
evitar a VMI com pressão positiva. Ex: máscara facial espontânea.
(cobre nariz e boca), máscara facial total, máscara
nasal, pronga nasal, healmt (=capacete). Pressões respiratórias em ventilação espontânea:
Diferente do que ocorre em ventilação espontânea,
em ventilação mecânica com pressão positiva o
ventilador mecânico propulsiona uma mistura de
gases para o interior dos pulmões do paciente. Dessa
forma, a insuflação pulmonar não depende
exclusivamente do esforço do paciente para reduzir a
pressão pleural, mas também do nível de suporte
oferecido pelo ventilador mecânico.
Diversas formas de ventilação não invasiva Ao contrário do que muitos imaginam, o pct em
ventilação mecânica invasiva tem seu driving neural
Mecanismos fisiológicos da VM preservado, ou seja, apresenta algum nível de
atividade muscular respiratória. Por isso, é muito
importante que o ventilador funcione com a demanda
ventilatória do paciente e seja ajustado com níveis
adequados de suporte.
Durante a ventilação mecânica, a pressão
intrapulmonar é positiva durante toda fase inspiratória
aumentando gradualmente devido a entrada de
volume e das propriedades mecânicas do sistema
respiratório. Esse aumento progressivo da pressão
Na imagem é possível visualizar o modelo mecânico simplificado intrapulmonar faz com que a pressão pleural fique
do sistema respiratório. menos negativa durante a fase inspiratória.
Em ventilação mecânica:
Modelo simplificado do sistema respiratório Pressão positiva próxima as vias aéreas + pressão
Os músculos respiratórios promovem a expansão da exercida pelos mm respiratórios = pressão motriz do
parede torácica, provocando uma redução maior da sistema respiratório
pressão pleural (que já é negativa). A pressão negativa
pleural é importante para garantir a adesão entre as Para que o ar chegue do meio externo até os alvéolos,
pleuras. ele necessita vencer duas barreiras básicas: a
Logo, nesse modelo é possível verificar que quando resistência das vias aéreas (artificiais e naturais) e a
ocorre a expansão da parede torácica por ação dos dificuldade de distensão do tórax (pulmão + caixa
músculos respiratórios, há uma queda de pressão ao torácica). Portanto, a “energia” necessária para levar o
redor dos balões (queda da pressão transmural). ar até os alvéolos (seja pela contração muscular
Esta queda da pressão transmural promove a respiratória ou pela força do ventilador) deve
expansão dos balões – figura B. A expansão dos balões ultrapassar esses dois itens:
gera uma pressão subatmosférica. Uma vez que a 1) resistência de vias aéreas
diferença entre dois pontos gera deslocamento de ar, 2) retração elástica dos pulmões e da parede torácica
ocorre a entrada de ar nos balões. (esta última representada pelas molas na figura
Quando é cessada a força que determinou a expansão abaixo).
torácica a própria força de retração elástica dos balões
torna a pressão positiva (=subatmosférica)
determinando o fluxo expiratório (figura C).
De forma análoga, os mm respiratórios promovem a
expansão da parede torácica provocando a redução da
pressão pleural, o que leva a expansão pulmonar e a
queda da pressão intrapleural. A pressão alveolar sub
atmosferica determina a entrada de ar nos pulmões. Dessa forma, na ventilação espontânea essas barreiras
são vencidas através da contração dos músculos
respiratórios que expandem a caixa torácica, 1 ciclo - 5s
reduzindo a pressão pleural que promove a expansão x ciclos - 60s
dos pulmões. Já na ventilação mecânica as barreiras x= 60/5= 12
são vencidas através da pressão positiva que somada a Por convenção, no gráfico de fluxo, o fluxo inspiratório
pressão exercida pelos músculos inspiratórios “forçam” tem valor positivo; e o expiratório, negativo.
a abertura das vias aéreas e a entrada de ar para os Agora em relação aos gráficos de volume e pressão, o
pulmões. volume corrente e a pressão aumentam durante a
fase inspiratória e reduzem ao longo da fase
expiratória
Ventiladores O valor de pressão pode não alcançar o 0 no final da
expiração caso algum valor de PEEP seja programado
no ventilador mecânico.

PEEP
A PEEP é a pressão nos pulmões (pressão alveolar) no
final de cada respiração (expiração). Nos pacientes em
ventilação mecânica, a PEEP trabalha contra o
esvaziamento passivo do pulmão e o colapso dos
sacos de ar (alvéolos).
Em suma, a PEEP consiste em um valor de pressão em
torno de 3 a 5 cmH2O, que fisiologicamente possuímos
Os ventiladores modernos permitem a monitorização acima da pressão atmosférica, responsável pelo não
da pressão proximal (Paw, em cmH2O), dos fluxos colabamento dos alvéolos na expiração. Por mais que
inspiratórios e expiratórios (Flow, em L/min), e do você expire forçadamente, não conseguirá esvaziar os
volume corrente em função do tempo (VT, em ml) pulmões e manterá um volume residual, graças à PEEP
Essa monitorização é muito útil para o ajuste que é gerada majoritariamente pela epiglote em
adequado dos parâmetros ventilatórios. conjunto com a ação do surfactante pulmonar.
A PEEP ajuda a manter os alvéolos abertos
naturalmente banhados com o surfactante. Quando
temos um pulmão sadio (ex: pacientes em cirurgia
eletiva), podemos facilmente trabalhar com baixos
valores de PEEP (ex: 5 cmH2O) sem
comprometimento respiratório. Um baixo valor de
PEEP é suficiente para manter esses alvéolos abertos e
oxigenando. Quando temos um pulmão mais
comprometido a coisa muda de figura. O clássico
exemplo de comprometimento pulmonar é a SDRA
(síndrome do desconforto respiratório agudo), quando
por algum fator agressor direto ou indireto, os
pulmões inflamam, com isso ocorre a perda da
adequada produção e ação do, gerando o
colabamento da unidade alveolar, culminando em
Representação das curvas de fluxo, volume corrente e pressão hipoxemia.
em função do tempo em ventilação mecânica

O intervalo entre os pontos A e B é a fase inspiratória. Pressão motriz no sistema respiratório


Entre o ponto B e C são a fase expiratória. Para promover a entrada de gás no sistema
Nesse sentido, o tempo expiratório é o tempo entre o respiratório é necessário reduzir a pressão pleural ou
final da inspiração e o início de uma nova inspiração. aumentar a pressão na abertura das vias aéreas. Dessa
O intervalo entre A e C é o ciclo respiratório. O tempo forma, se aumenta a pressão motriz, ou seja,
total do ciclo respiratório determina a frequência transpulmonar. Tanto em ventilação espontânea
respiratória. Dessa forma, se 1 ciclo durar 5s cabem 12 quanto em ventilação mecânica será necessário
ciclos em 1 minuto então a incursão respiratória será vencer a resistência e elastancia do sistema
de 12 irpm. respiratório para movimentá-lo proporcionando a
insuflação pulmonar. Nesse sentido, a elastância é o
inverso da complacência.

Complacência
Capacidade do pulmão estirar e acomodar volumes de
ar que gerem pressões. Fato do pulmão esticar

Elastância
Capacidade do pulmão retrair (ele sempre tende a
retrair). Ou seja, é a capacidade de voltar a seu estado
inicial. Fato do pulmão voltar ao normal.

Equação de movimento do sistema respiratório


A partir deste conceito e das equações para calcular a
resistência e a complacência do sistema respiratório é Exemplo de aplicação da equação do movimento - aumento
possível então descrever a equação do movimento do de fluxo VCV modo controlado. Na primeira linha, vemos que
o primeiro pico de pressão atingido (na primeira curva) é
sistema respiratório:
menor que o segundo pico (na segunda curva). Isto ocorreu
Pressão motriz de VM= [pressão elástica] + porque no segundo ciclo o fluxo foi aumentado. De acordo
[componente resistivo] com a equação de movimento, a pressão observada na
Pressão motriz de ventilação mecânica → pressão abertura das vias aéreas é diretamente proporcional ao fluxo,
monitorizada nos gráficos ou no manômetro do ao volume, a resistência e ao valor de PEEP ajustado. Assim,
ventilador durante a insuflação pulmonar este mesmo aumento na pressão também seriam observados
caso estas variáveis fossem aumentadas. Considerando um
paciente em que não houve alteração dos parâmetros
ventilatórios (fluxo, volume ou PEEP) ao observar este
aumento na pressão deve-se identificar se o mesmo foi
decorrente de redução da complacencia ou aumento da
resistência do sistema respiratório.

Estrutura básica dos ventiladores mecânicos


O ventilador mecânico é um equipamento que
permite manipular as variáveis tempo, fluxo, volume e
Resistência = pressão/fluxo pressão para proporcionar ventilação pulmonar de um
Complacência = ∆volume/∆pressão paciente. Estas variáveis possuem uma interrelação e
Pressão= volume/complacencia + fluxo x resistência podem se tornar dependentes ou independentes de
Logo: acordo com a modalidade ventilatória empregada.
Quanto maior o volume, o fluxo e a resistência do
sistema respiratório, maior será a pressão.
Inversamente, quanto maior for a complacencia do
sistema respiratório, menor será o valor de pressão
correspondente.

Durante a ventilação mecânica, dependendo da


modalidade respiratória, o paciente pode ter maior ou
menor participação na pressão motriz. Assim, um
elemento adicional deve ser considerado na equação:
a pressão muscular exercida pelo paciente.
As variáveis complacencia e resistência são
propriedades mecânicas do paciente. Enquanto as
variáveis volume, fluxo e PEEP são ajustadas por
influência do operador do ventilador mecânico.
Na parte de baixo da imagem podemos ver o que pode ser
modificada pelo ventilador: fração inspirada de oxigênio (O2
conc), pressão positiva ao final da expiração (PEEP),
frequência respiratória (resp rate) e o volume corrente (tidal
volume). Ao lado direito, é possível observar os parametros
monitorizados na ventilação mecânica. E no centro temos as
curvas de pressão, fluxo e volume que são observadas em
tempo real ao longo da ventilação mecânica. Além destas
funcionalidades, é possível abrir várias janelas (next page)
para o controle de parâmetros ventilatórios, alarmes e
recursos de monitorização.

Critérios de fase
Estão relacionados a forma como ocorre o ciclo
respiratório e incluem os componentes: ciclagem,
disparo e limite.

Disparo
Quando falamos sobre disparo estamos nos referindo
Parte posterior do ventilador mecânico em que é possível se a forma como a fase inspiratória é deflagada.
identificar a entrada para energia elétrica e entrada de gases Ou seja, é como é feito o início do ciclo respiratório.
(ar comprimido e oxigênio). Os ventiladores microprocessados
possuem também bateria interna para casos de queda de Disparo a tempo
energia da rede e transporte de pacientes mas devem ser No disparo a tempo os ciclos respiratórios são
alimentados continuamente pela rede elétrica. Todos os
iniciados em intervalos de tempo pré determinados de
ventiladores devem receber abastecimento de oxigênio da
rede hospitalar. Quanto ao ar comprimido alguns acordo com a frequência respiratória programada no
ventiladores possuem turbina interna dispensando a ventilador mecânico.
alimentação da rede hospitalar. Tempo total = 60/FR
Ex: Desta forma, se o programador coloca 15 irpm a
Componentes estruturais básicos do ventilador cada 4s o ventilador iniciará um ciclo respiratório.
mecânico T Total = 60/15 = 4s
No painel ajustamos os parâmetros da ventilação
(input) e dentro dele sabemos que há um
microprocessador (=realiza cálculos e tomada de
decisão através de análises e comparações), que está
conectado ao sistema de controle (coordena, controla
a ação do compressor ou turbina que vão propulcionar
os gases para dentro dos pulmões do paciente e
controle das válvulas, como a da válvula expiratória
que deve está fechada durante a fase inspiratória.
Desta forma, de acordo com determinada
programação é possível ventilar o pct. Ainda é
importante ressaltar que também há a presença de Sensibilidade
alguns sensores, como os de pressão e fluxo, que Uma vez que os pcts em ventilação mecânica
monitoram todo o tempo a ventilação do paciente e geralmente apresentam drive ventilatório foi
fornece as informações para o microprocessador necessário implementar nos ventiladores algum
permitindo a melhora da qualidade da ventilação e a mecanismo de detecção do início do esforço
execução de modos convencionais ou avançados de inspiratória do paciente para que o ventilador inicie a
VM. entrega de volume, ou seja, a fase inspiratória. Desta
forma, evita-se que o paciente realize um esforço
ineficaz sem receber o volume do ventilador. Este
mecanismo é denominado sensibilidade.
Em todas as situações em que o paciente é capaz de
disparar o ventilador mecânico, o tempo do ciclo
respiratório não é fixo e a frequência respiratória é
controlada pelo próprio paciente. Assim, evita-se que
o paciente realize esforços ineficazes, ou seja, sem a Este é uma forma de ciclagem característica pelo
inspiratória entregue pelo ventilador e da mesma modo de ventilação por controle de volume (=volume
forma evita-se que o ventilador entregue a fase controlado)
inspiratória no momento que o paciente está
inspirando. Neste caso, em que o paciente tem driving Ciclagem a fluxo
ventilatoria, o disparo é a fluxo ou a pressão. A terceira forma de ciclagem é a ciclagem a fluxo,
característica do modo de ventilação com pressão de
Disparo a pressão suporte
Na sensibilidade a pressão quando o paciente realiza Neste modo de ventilação, o fluxo é livre
algum esforço para inspirar ocorre queda de pressão apresentando uma forma descendente inspiratória,
abaixo da linha de base, o que interpretado pelo termina um percentual do fluxo inspiratorio pré
ventilador como esforço inspiratório. Assim, o definido é atingido
ventilador inicia inicialmente a entrega de volume, ou
seja, a fase inspiratória. Ciclagem a pressão
A forma de ciclagem a pressão é característica dos
Disparo a fluxo ventiladores mecanicos mais antigos. Nesta forma de
Ao detectar que o paciente está consumindo fluxo, ou ciclagem uma pressão máxima ou limite é pré
seja, realizando inspiração, o ventilador entende que a determinada. O ventilador começa sua entrega de
inspiração foi iniciada pelo paciente e, portanto, ele volume e ao atingir este valor de pressão pré
deve iniciar também a entrega de volume. determinado a fase inspiratória é terminada

Critérios de limite
A denominação da limitação está relacionada a
variável que cujo valor final é alcançado antes do
término da fase inspiratória. Geralmente está variável
mantêm um valor constante durante a fase
inspiratória.
Os modos ventilatórios podem ser limitados a pressão,
Na esquerda vemos o disparo a pressão, em que há uma leve volume e fluxo.
queda de pressão abaixo da linha de base é capaz de
provocar a entrega de volume (início da inspiração) realizada
pelo ventilador. Na direita, no disparo a fluxo, identificamos
Limitação a pressão
que um pequeno aumento fluxo inspiratório é detectado pelo Os modos de ventilação com pressão controlada
ventilador e compreendido pelo aumento ou início da (=pressão de suporte) são modos limitados a pressão.
demanda do paciente e, desta forma, o ventilador entrega Isto significa que a pressão é constante durante toda a
fluxo e volume iniciando a fase inspiratória. fase inspiratória

Critérios de ciclagem
É a variável que determina o final da fase inspiratória
deteminando também, desta forma, o tempo
inspiratório
Pode ser a tempo, a volume, a fluxo e a pressão

Ciclagem por tempo


Existe uma forma de ciclagem a tempo em que o
critério de ciclagem é o tempo inspiratorio
programado pelo operador do ventilador mecânico.
Esta forma de ciclagem é característica do modo de
ventilação por controle por pressão (=ventilação com
pressão controlada) Vemos na imagem modo ventilação contrada a pressão

Ciclagem a volume Limitação a fluxo


Uma outra forma ciclagem é a volume quando a fase No modo de ventilação controlada a volume quando a
inspiratória termina quando todo o volume corrente onda de fluxo é quadrada (ou seja, fluxo inspiratorio é
que foi programado pelo programador é entregue
constante durante toda a fase inspiratória) está
caracterizado a limitação a fluxo.

Exemplos:

No modo ventilação com pressão controlada (PCV) pode ser


disparo a tempo (quando os ciclos respiratórios são
Verificamos nesta figura o modo VCV (=modo de respiração disparados pelo ventilador mecânico independentemente do
controlada a volume) em que observamos o disparo (neste esforço do paciente), a pressão ou a fluxo (quando o
caso parece ser a pressão porém poderia ser a fluxo ou a ventilador é capaz de detectar o início da respiração do
tempo), a ciclagem que no modo VCV é a volume (ou seja, paciente para iniciar a entrega de volume. É um modo
quando o volume corrente programado é atingido termina a limitado a pressão (porque a pressão é cte durante toda a
fase inspiratória e o ventilador abre a válvula expiratória para fase inspiratória) e ciclado a tempo (porque o tempo é uma
o paciente expirar) e quando o fluxo programado é constante variável pré programa pelo programador e quando este
(=onda quadrada) é um modo limitado a fluxo. tempo é alcançado termina a fase inspiratória e o ventilador
abre a válvula expiratória para o pct expirar)

Aula de hoje: modos de ventilação mais utilizados na Os tipos de disparo levam em consideração a
VMI. sensibilidade do ventilador. Não pode ser muito baixa
Email prof: { HYPERLINK nem muito alta para não haver auto disparo ou
"mailto:fguimaufrj@yahoo.com.br" } assincronia paciente-ventilador

Conceitos iniciais 2- Ciclagem


É o final da fase inspiratória, ou seja, quando abre a
1- Disparo
válvula expiratória.
Disparo é o início do ciclo ventilatório. Pode ser: Na curva de pressão vemos no momento que a
a) a tempo: O manuseador do aparelho coloca o pressão diminui; na curva de fluxo vemos quando toca
número de irpm (incursões respiratórias por minuto) o 0 e na curva de volume vemos quando o volume
que prefere e assim é decidido o tempo a cada ciclo. diminui
Neste tipo de disparo o paciente não dispara o Pode ser a volume, a tempo ou a fluxo.
ventilador, ou seja, o ventilador diz quando é
disparado o ciclo. É utilizado em pacientes com 3-Relação P/F
bloqueadores neuromusculares.
P/F = PaO2/FiO2
Ex: 15 irpm indica que a cada 4s o ciclo respiratório é
disparado (60/15=4).
Ex2: Se está instaurado uma sensibilidade de -1 e a 4- Pressão de pico
PEEP está programada em 5, se a PEEP bater 4, o Pressão máxima nas vias aéreas no final da inspiração.
ventilador dispara É calculada pela pressão controlada + PEEP
b) a pressão: quando a pressão abaixa, o ventilador
dispara. Neste caso, "o paciente diz quando". É menos 5- Pressão de platô
confortável (devido contração isométrica de fluxo) Pausa inspiratória; momento em que Pboca=Palveolar.
Ex: quando o paciente está fazendo um esforço para Antigamente era utilizado para estimar a pressão
puxar o ar, a pressão cai no final da expiração, assim, o alveolar quando apertava-se o botão de desinsuflação
ventilador dispara
c) a fluxo: o ventilador dispara quando o fluxo diminui 6- PEEP
na válvula expiratória. "Paciente diz quando". Tem
sensibilidade maior, sendo mais confortável.
Pressão positiva no final da expiração. Evita o colapso
alveolar porque lembre-se que "ventilar um alveolo já Lembre-se que coloquialmente é comum utilizar a
aberto é melhor do que abrir um alveolo" expressão VCV, ventilação controlada a volume, para
7- Volume minuto nos referirmos a qualquer tipo de disparo neste modo.
Volume corrente x frequência respiratória. Porém quando falamos de ventilação controlada é
Sendo o volume corrente quantidade de ar inspirada apenas o disparo a tempo, ou seja, quando o
ou expirada espontaneamente em cada ciclo ventilador é quem controla a ventilação.
respiratório.
Já a frequência respiratória é o número de vezes que Ventilação espontânea:
dispara o ventilador ou o indivíduo para começar um O paciente interfere na ciclagem.
ciclo respiratório, ou seja, FR também pode ser É o modo PSV (pressão de suporte ventilatório). Neste
definida como o número de ciclos respiratórios por caso, o paciente dispara o ventilador, logo, o disparo
minuto. só pode ser a fluxo ou a pressão. Não há disparo a
tempo porque o paciente é capaz de influenciar a
8- Relação I:E duração do ciclo.
Os ciclos são sempre assistidos (o paciente dispara o
Relação entre o tempo inspiratório e expiratório ventilador sempre)

Tipos de ventilação
A ventilação pode ser mandatória ou espontânea

Ventilação mandatória:
O paciente não interage na ciclagem, ou seja, no
critério de término da fase inspiratória. São os modos
PCV e VCV. Este tipo de ventilação pode ser
classificada em:
 Controlada: o paciente não dispara o ventilador
então o ciclo ocorre independente da vontade do
paciente. Ou seja, é sempre um disparo a tempo
(disparado pelo ventilador mecânico)
 Assistida: o paciente dispara o ventilador, ou seja, A forma mais comum de ventilação espontânea que
o disparo é a fluxo ou a pressão. conhecemos é como estamos respirando sem
 Assisto-controlada: o paciente dispara o aparelhos ou assistência ventilatória. Porém é possível
ventilador porém se houver uma apnéia (ou considerar que um paciente com assistência
reduzir bastante a sua frequência respiratória) o ventilatoria esteja com ventilações espontânea, como
ventilador dispara para que o paciente não morra. por exemplo: pressão positiva contínua nas vias aéreas
Este modo entra quando o paciente não começa o (CPAP), ventilação com pressão de suporte ou modos
ciclo inspiratório no tempo ajustado pelo avançados (ventilação assistida proporcional ou
ventilador pela frequência respiratória. Ex: Se foi ventilação assistida ajustada neuralmente)
ajustado 15 irpm, o paciente tem que iniciar um A diferença entre ventilação espontânea sem
ciclo em até 4s (60/15=4). Esta modalidade agrega assistência ventilatória e outros modos de ventilação
a sincronia do modo assistido, porque o paciente espontânea é que nestes outros modos sempre
que dispara a VM, e a segurança do modo haverá auxílio do ventilador mecânico em algum grau.
controlado.
Obs: um erro comum é colocar uma frequência
respiratória padrão no ventilador muito alta, de 16 a
20 irpm, por exemplo, devido ser a frequência
fisiológica normal do ser humano. Porém quanto mais
alta a FR instaurada, menor será o tempo que o
ventilador espera para o paciente fazer o ciclo
(↓tempo= 60/↑FR). Assim, o ventilador pode
disparar muito rápido sem sequer dar a chance para o
paciente realizar a manobra podendo ocorrer
assincronia paciente-ventilador.
Imagem para entender melhor a classificação em mandatória
ou espontânea. Para fazer esta análise tem que saber se o
paciente dispara o ventilador e se influencia a duração do ciclo Curvas de pressão, fluxo e volume respectivamente no modo
(o tempo inspiratório e a ciclagem) VCV

Modos convencionais de VM Resumindo:


Na ventilação mandatória com volume controlado as
Os modos convencionais de ventilação mecânica são: variáveis primárias a serem programadas no
ventilador mecânico são o volume corrente e o fluxo
VCV (=ventilação controlada a volume) inspiratório.
Atualmente mais chamada de ventilação mandatória O disparo pode ser a pressão, a fluxo ou a tempo.
contínua com volume controlado ou volume control É um modo ciclado a volume
ventilation O volume corrente e o fluxo inspiratório são pré
Disparo: a tempo, a fluxo ou a pressão determinados (ajustados) pelo operador. A pressão
Variável limite: a volume. O volume é uma variável gerada nas vias aéreas depende destes ajustes e da
primária, será ajustado pelo operador e é igual em mecânica respiratória do paciente (complacência e
cada ciclo respiratório. resistência)
Ciclagem: a volume. Quando o paciente bate o volume Pressão é uma variável dependente
programado no aparelho a válvula expiratória abre, ou Lembre-se que na equação de movimento do sistema
seja, termina a inspiração respiratório: fluxo, volume, complacencia e resistência.
Controle: volume e fluxo ventilatório programados
gerando um controle preciso fluxo/volume PCV (=ventilação controlada a pressão)
O que varia? Pressão é variável e dependente da Atualmente mais chamada de ventilação mandatória
mecânica respiratória de acordo com fluxo/volume contínua com pressão ou pressure control ventilation
instaurados Disparo: a tempo, a fluxo ou a pressão
Vantagem: bom para patologias em que se precisa Variável limite: pressão. A pressão acima da PEEP
controlar o volume corrente, como a SARA →usada durante a inspiração é uma variável primária. Será
em PCV ajustada pelo operador e igual a cada ciclo respiratório.
Desvantagem: ausência do controle da pressão e Ou seja, há um controle preciso da pressão e a
volume corrente fixo (diferente do fisiológico). Não é pressão é constante durante toda fase inspiratória.
muito utilizado em pacientes acordados. Ciclagem: a tempo. Programa-se o tempo que vai
durar a inspiração. Depois que o tempo programado
expirar, a válvula expiratória se abre e termina-se a
inspiração
Controle: controle preciso da pressão
Gráfico de fluxo é desacelerado (vai caindo)
O que varia? Fluxo e volume corrente variáveis
Vantagem: evita barotraumas (controle preciso da
pressão)
Desvantagem: não controla o volume corrente porque
se a pressão aumenta, o volume corrente também
aumenta
Utilizada para pacientes que tem mecânica
ventilatória ruim
Imagem 5:58 - Curvas de pressão, fluxo e volume

Resumindo:
As variáveis primárias que devem ser ajustadas são a
pressão (acima do valor de PEEP ajustado) e o tempo
inspiratório
Disparo pode ser a tempo, pressão ou fluxo
É um modo limitado a pressão, ou seja, a pressão de
insuflação (=pressão controlada = PC) é determinada
pelo operador e terá o mesmo valor durante toda fase
inspiratória
É um modo ciclado a tempo porque o tempo
inspiratório é determinado pelo operador PSV (=ventilação com pressão de suporte)
O volume corrente dependerá do valor da pressão
Modo de ventilação espontâneo
controlada (PC), do tempo inspiratório ajustado e da
Disparo a fluxo ou a pressão → disparo não é a tempo
mecânica respiratória do paciente
pois no PSV o paciente tem que ser capaz de disparar
Este modo não garante um volume corrente constante
a ventilação mecânica e influenciar na ciclagem
durante a respiração, o VC será o resultado da
Variável limite: pressão. É escolhida pelo programador
combinação do que foi ajustado de pressão controlada
(∆P e PEEP)
e tempo inspiratório e também mecânica respiratória
Ciclagem: a fluxo; quando o fluxo da fase inspiratória
do paciente
atinge 25% do fluxo colocado termina a fase
É considerado um modo de fluxo inspiratório livre, ou
inspiratória. Ex: se colocamos 100L/min, em 25L/min,
seja, o fluxo inspiratório dependerá dos ajustes
a inspiração termina
ventilatórios porém é altamente influenciado pela
Controle: a pressão - é constante, ou seja, a mesma
demanda espontânea (=esforço inspiratório) do
durante todo fase inspiratória
paciente.
O que varia? Fluxo e volume variáveis.
Vantagem: Os tempos inspiratório e expiratório são
variáveis gerando conforto para o paciente. Além
disso é a ventilação mais próxima da fisiológica, por
isso bastante utilizada para desmame
Desvantagem: necessidade de cooperação do
paciente e limitação da monitorização

VCV x PCV e suas variáveis primárias

Curvas de pressão, fluxo e volume


Resumindo:
A PSV é um modo espontâneo em que as variáveis
primárias a serem ajustadas pelo operador são:
pressão de suporte (pressão acima da PEEP) e a
ciclagem a fluxo.
Disparo a pressão ou a fluxo
Por ser um modo de ventilação espontanea, sempre
será disparo pelo paciente. Logo, não existe disparo a
tempo neste modo.
Ciclagem a fluxo: O fluxo inspiratório é livre e tem uma
forma desacelerada, ou seja, tem um valor máximo e
depois uma redução ao longo da inspiração. Quando
este valor de fluxo atinge o valor pré determinado
pelo programador termina a fase inspiratória.
O nível de suporte que o paciente recebe ventilado VCV
neste modo é diretamente proporcional ao nível de  Volume corrente: constante (programado pelo
pressão de suporte ofertado, ou seja, quanto maior a operador; a ciclagem é a volume)
pressão de suporte programada pelo operador, menos  Fluxo inspiratório: constante (programado)
esforço o paciente terá que fazer para ventilar.  Pressão nas vias aéreas: variável dependente
Quanto menor o nível de pressão de suporte (depende do fluxo e volume programados, além
programado, mais esforço o paciente terá que fazer da mecânica respiratória do paciente)
para realizar a ventilação.  Tempo inspiratório: constante (não é programado
Limitado a pressão: a pressão é constante durante diretamente no ventilador mecânico mas é
toda a fase inspiratória resultado do ajuste de fluxo e volume)
 Frequência respiratória: é variável se o paciente
está em modo assisto-controlado determinando a
FR. Se o paciente não tiver drive ventilatório, ou
seja, não dispara o ventilador mecânico, a
ventilação é controlada e a frequência respiratória
é ajustada pelo controlador para determinar
como será o disparo a tempo.

PCV
 Volume corrente: variável (não é programado
pelo programador, ou seja, depende da pressão e
tempo inspiratório programados, além da
Curva de fluxo, volume e pressão no modo PSV. mecânica respiratória do paciente)
Observe na imagem acima que os ciclos são espontâneos, com  Fluxo inspiratório: variável e desacelerado
disparo a fluxo ou a pressão, feitos pelo paciente. Pressão  Pressão nas vias aéreas: constante (programada -
constante. Na curva de pressão (última da imagem) vemos programa-se a pressão acima da PEEP)
que quando a pressão abaixou muito o ventilador entendeu  Tempo inspiratório: constante (programado pelo
como esforço inspiratório e respondeu com maior oferta de
programador já que o modo é ciclado a tempo)
fluxo (primeira curva - fluxo pico) para alcançar o critério de
ciclagem. A este aumento de esforço inspiratório e
 Frequência respiratória: se é assisto controlada é
consequente aumento de fluxo haverá uma maior entrega de determinada pelo paciente. Se é controlada é
volume inspiratório. Logo, o volume corrente depende do determinado pela programação do ventilador.
nível de pressão ajustado, do critério de fluxo (ciclagem)
ajustado e esforço inspiratório do paciente PSV
Volume corrente variável  Volume corrente: variável (depende da pressão
e % de ciclagens programadas, além da mecânica
Quadro esquemático: VCV x PCV x PSV respiratória do paciente)
 Fluxo inspiratório: variável e desacelerado
(também considerado de fluxo livre). Ciclagem a
fluxo.
 Pressão nas vias aéreas: constante (programada) Vemos as curvas de pressão, volume e fluxo em SIMV
 Tempo inspiratório: variável. Sofre influência do % realizada com ventilação mandatória por volume controlado
de ciclagem programado e do tempo neural do (VCV), que vemos em amarelo, e a respiração espontanea
(PSV), em azul. Ainda observamos que é assisto-controlado,
paciente para realizar a respiração. Ou seja, o logo, os ciclos mandatórios quanto os espontâneo é disparado
fluxo (ciclagem) é programado pelo operador e pelo paciente
influencia no tempo inspiratório.
Frequência respiratória: sempre determinada pelo
Considerações finais

paciente. Este modo só pode ser utilizado se o
paciente tiver drive ventilatório, ou seja, for capaz Não há evidência de superioridade de um modo
de disparar o ventilador mandatório sobre outro, porém a ventilação com
pressão controlada (PCV) é geralmente preferível para
SIMV pacientes com mecânica ventilatória desfavorável, ou
seja, pacientes com aumento importante da
(=ventilação mandatória intermitente sincronizada) resistência do sistema respiratório ou redução
Esta forma de ventilação se intercala ciclos importante da complacencia do sistema respiratório.
mandatórios com espontaneos Para estes pacientes a PCV além de permitir uma
A quantidade de ciclos mandatórios, em VCV ou PCV, melhor acomodação de volume, por ter uma onda de
é determinada pelo ajuste da FR. fluxo desacelerada, é um modo limitado a pressão -
Entre os ciclos mandatórios são realizados ciclos evitando, desta forma, que a mecânica desfavorável
espontaneos (PSV). cause pressões elevadas nas vias aéreas
Foi criado como modo de desmame mas atualmente Sempre que possível deve-se manter o paciente em
não é mais utilizado para esta finalidade porque foi ventilação com pressão de suporte (PSV - modo de
constatado que a SIMV prolonga o tempo de ventilação espontanea) para evitar a disfunção
desmame, atrasa a retirada do paciente do ventilador diafragmática associada a ventilação mecânica. Mas
mecânico para que isto ocorra o modo deve ser bem ajustado
Feito em assisto controlado permitindo um nível de esforço respiratório que não
cause lesão muscular respiratória associada ao esforço
excessivo tampouco atrofia por uma sobreassistência,
ou seja, assistência ventilatoria excessiva.

Introdução  Estabiliza as vias aéreas evitando o colapso


dinâmico em pacientes com instabilidade, como
Benefícios da PEEP em pcts com doença pulmonar obstrutiva crônica
 Aumenta CRF
 Aumenta volumes alveolares ao final da expiração Como minimizar a lesão pulmonar induzida pelo
 Aumenta complacencia estática do sistema ventilador?
respiratório, se bem aplicada Ajuste correto da PEEP e do VC! Pois alta PEEP causa
 Aumenta relação V/Q (↓ shunt) hiperdistensão pulmonar e baixa PEEP causa
 Aumenta a oxigenação arterial (vista pela PaO2 e atelectasia
SatO2) Senão pode ocorrer:
 Volutrauma: lesão causada por excesso de volume redução será reduzida. Há alteração da relação V/Q e
pulmonar durante a inspiração promovendo aumento da pressão parcial de CO2.
hiperdistensão do tecido pulmonar. Para se evitar
deve-se evitar valores de PEEP e VC excessivos. Avaliação da mecânica
Deve-se evitar a P1 > 28 cmH2O e driving pressure
(=pressão de distensão = P1-PEEP) >15 cmH2O. respiratória
 Barotrauma: lesão por altas pressões nas VAs.
 Atelectrauma: fechamento e abertura ciclicos de
unidades alveolares excessivamente. Evita-se
fazendo um bom ajuste de PEEP.
Os valores usuais de PEEP durante a ventilação
mecânica são de 5 cmH2O com função respiratória
normal ou pouco comprometida e valores maiores de
5 cmH2O para pacientes com função respiratória
moderadamente ou muito comprometida.

Lembre-se:
Para evitar transmissão excessiva de energia do
ventilador mecânico para os pulmões do paciente,
causando volutrauma ou barotrauma, deve-se evitar a
P1 > 28 cmH2O. Esses parâmetros podem ser
otimizados através do ajuste do volume corrente
(reduzir o VC até 4ml/peso predito) e da PEEP
(titulação da PEEP)

No eixo x vemos a pressão vascular pulmonar e no eixo y o


volume pulmonar. A imagem explica a relação do ajuste da A avaliação da mecânica respiratória é fundamental
PEEP com atelectasia ou hiperdistensão*
para ventilar adequadamente um paciente. Está
avaliação pode ser feito pelo modo VCV utilizando
*O ajuste da PEEP deve ser adequado para melhorar uma onda quadrada (=onda de fluxo cte), aplica-se
V/Q, estabilizar as vias aéreas e evitar colapso uma pausa de 2s ao final da inspiração e a partir dai
pulmonar: podemos extrair os parâmetros de interesse.
→ Quando a PEEP está abaixo do ideal ocorre Pressão de pico: pressão máxima nas vias aéreas.
atelectasias - efeito shunt, vasoconstrição e hipóxia. Ocorre uma queda rápida desta pressão na pausa
Ou seja, não há ventilação e redução do fluxo sg inspiratória devido eliminação do componente
devido vasoconstrição hipóxica resistivo até um ponto determinado, chamado de P1 -
→ Quando a PEEP está acima do ideal, a pressão esta queda é denominada Ppico - P1. A partir dai
transmural (=pressão transmitida dos alveolos para os ocorre uma queda lenta de pressão por acomodação
capilares) provoca a compressão deste capilar do tecido pulmonar e redistribuição dos gases da fase
adjacente causando aumento da resistência vascular inspiratória (P1-platô) até se alcançar uma pressão de
pulmonar e consequentemente, aumento da pós equilíbrio elástico, chamado de pressão de platô.
carga do VD (vai ter que realizar mais trabalho para Pressão de platô: pressão de equilíbrio elástico do
conseguir bombear o sg na ventilação pulmonar). Este sistema respiratório.
efeito compressivo sobre os capilares também
aumenta o espaço morto alveolar uma vez que a
Nos cálculos de mecânica respiratória utilizamos o VC, pressão de platô não reflete o que ocorre em
fluxo inspiratório, Ppico, P1, Pplatô e PEEP. condições dinâmicas (durante a ventilação mecânica).
A pressão de platô é uma pressão de equilíbrio
Cálculos para caracterização elástico, ou seja, só existe perante uma pausa
fisiopatológica, ou seja, para inspiratória.

caracterização do grau de restrição e de


Titulação da PEEP com
obstrução pulmonar:
método decremental
Método mais utilizado, é feita o ajuste da PEEP de
acordo com avaliação da mecânica respiratória
Consiste em uma manobra de hiperinsuflação
pulmonar com valor de PEEP elevada e diminuição
progressiva do valor de PEEP acompanhada de
avaliação da mecânica respiratória, pela driving
pressure. Quando ocorre aumento da driving pressure,
significa que aquele valor de PEEP correspondente não
é suficiente para manter os alveolos abertos
(=recrutados). Então nova manobra é realizada e a
PEEP é ajustada para o valor imediatamente anterior
 Restrição pulmonar → avaliada pela complacência ao que correspondeu ao aumento da driving pressure.
estática do sistema respiratório (=Cst,sr). Sendo: Ou seja, o paciente após a última manobra de
Cst,sr = volume corrente/(Pplatô-PEEP) recrutamento é mantido com a PEEP identificada.

 Obstrução pulmonar → avaliado pela resistência


do sistema respiratório (=Rrs). Sendo:
Rrs= Ppico - Pplatô/Fluxo

Cálculos para ajuste da PEEP e do


Volume Corrente:

Volume corrente

Driving pressure: pressão de distensão do sistema


respiratório. Proporcional a energia mecânica
transmitida aos alveolos de forma dinâmica. Sendo:
DP = P1 - PEEP*
P1= pressão entre queda lenta e queda rápida na
manobra de oclusão.

Complacencia dinâmica do sistema respiratório:


Cdyn, sr = Volume corrente/P1-PEEP = Volume
corrente/driving pressure
Usualmente, os pacientes são ventilados com 6 a 8
Obs*: Alguns autores definem a driving pressure como: ml/kg de peso predito. Em SARA, usa-se 4 a 6 ml/kg
DP= pressão de platô - PEEP. Isso é inadequado pois a
devido complacencia do sistema respiratório bastante Lembra que o ajuste do VC precede o ajuste da FR!
reduzida. Sempre.
Cálculo de peso predito:
Homens: 50 + 0,91 x (altura em cm - 152,4) 1- Ajuste do volume corrente:
Mulheres: 45,5 + 0,91 x (altura em cm - 152,4) VC = 6 x peso predito
Homens: 50 + 0,91 x (altura em cm - 152,4)
Peso ideal sexo masculino: 50 + 0,91 x (170 - 152,4)=
66kg
VC=66x6= 396mL = 400 mL de volume corrente
Depois do ajuste do VC, houve alteração no volume
minuto, resultado disto foi que: PaCO2= 72mmHg na
nova gasometria, ou seja, aumentou!

2- Ajuste da FR - para normalizar a PaCO2


Lembre-se que os valores normais de PaCO2 é de 35 a
45 mmHg, vamos arrendondar para 40 na PaCO2
desejada
FR= FR atual x PaCO2 atual/PaCO2 desejada
FR= 12x72/40= 21,6 irpm
Podemos observar uma curva de volume (mL) x
pressão (cmH2O) em percebemos uma zona de Considerações:
atelectrauma (baixos volumes pulmonares Pacientes com drive ventilatório, diferente do caso
especialmente na fase expiratória) e uma zona de clínico anterior, podem ditar a frequência respiratória
volutrauma (altos volumes pulmonares gerando para manter a homeostasia de CO2, através dos
hiperdistensão pulmonar). Entre elas, existe a zona quimiorreceptores centrais e periféricos - em modo
segura. Para evitar o atelectrauma deve-se ajustar assisto-controlado em VCV ou PCV ou em modo
valor de PEEP adequada, para que os alveolos não espontâneo em PSV.
colapsem ao final da expiração, e para evitar o Um aspecto importante que deve ser lembrado
volutrauma é importante que os valores de volume quando o operador for ajustar a FR do ventilador para
corrente não sejam muito elevados. pacientes que apresentam drive ventilatório e estão
em modo mandatório, é que a FR programada no
Ventilação ventilador mecânico deve sempre ser inferior a FR
natural do paciente. É importante que o paciente
Volume minuto = VC x FR dispare todos os ciclos e a FR do ventilador seja só
A PaCO2 (=pressão parcial de CO2 no sg arterial) é uma FR de segurança caso o paciente não dispare o
inversamente proporcional a VA (=ventilação alveolar). ventilador e tenha uma apneia prolongada. Neste caso,
De modo geral: o ventilador vai disparar por critério de tempo.
 Quanto maior o volume-minuto, maior a
ventilação alveolar e menor a PaCO2 - ou seja, se
aumenta a frequência respiratória, aumenta o Ajustes no modo PCV
volume minuto e diminui a PaCO2 No modo PCV, as variáveis primárias são o tempo
 Quanto menor o volume-minuto, menor a inspiratório (modo ciclado a tempo) e a pressão
ventilação alveolar e maior será a PaCO2 - ou seja, controlada (pressão acima da PEEP). A combinação
quanto menor a frequência respiratória, menor o destas variáveis que determina o volume corrente,
volume minuto e maior será a PaCO2. pois neste modo o VC não é uma variável primária.
Valores usuais de tempo inspiratório: 0,7 a 1,2s.
Caso clínico Quando o paciente apresenta drive, o tempo
Paciente JL, sexo masculino, com 1,70m de altura, inspiratório deve ser ajustado de forma que não
sendo ventilado em VCV, modo controlado (="sem ocorra assincronia de ciclagem ou duplo disparo. Ou
drive"= disparo a tempo) com volume corrente = seja, o ventilador tem um tempo inspiratório
600mL e FR=12irpm. Gasometria arterial programado no ventilador que deve coincidir com o
demonstrando uma PaCO2= 67 mmHg (↑) tempo neural do paciente (=tempo inspiratória
Resposta: fisiológico). Se eles forem diferentes, ocorre
assincronia.
Em relação ao ajuste do fluxo inspiratório, devemos
lembrar que este é uma variável primária, junto com o
volume corrente, no modo VCV.

Gráfico de pressão x tempo acima e fluxo x tempo


abaixo. No primeiro ciclo respiratório há uma onda de
Na figura acima, vemos um exemplo de ciclagem fluxo quadrada (= fluxo cte, o mesmo o início da
tardia, ou seja, quando o tempo do ventilador é maior inspiração até o fim da inspiração). No segundo ciclo,
que o tempo neural do paciente. Ou seja, o paciente já há uma onda de fluxo desacelerado, ou seja, a fase
terminou sua inspiração (output dos centros inspiratória se inicia com valor de fluxo elevado que
respiratórios) no entanto o ventilador continua na fase vai se reduzindo ao longo da inspiração. No fluxo
inspiratória. O que ocorre é que o pct tenta inspirar e desacelerado, o pico de pressão inspiratória é menor -
o ventilador não permite. Neste modo PCV, vamos logo, um fluxo desacelerado permite uma
observar nesta situação um aumento de pressão no acomodação maior de volume no entanto com tempo
final da da fase inspiratória (forma-se uma espícula). inspiratória maior do que o tempo inspiratório quando
Delimitando assincronia de ciclagem, uma vez que é se utiliza fluxo cte.
um modo limitado a pressão e a pressão deveria ser
constante até o final da fase inspiratória. Os valores usuais de fluxo inspiratório com VCV é de
40 a 60 L/min.
Também é importante lembrar que o fluxo inspiratório
deve ser suficiente para atender a demanda
inspiratória do paciente. Senão, teremos uma
assincronia chamada de assincronia de fluxo (=fome
de fluxo), ou seja, o paciente quer inspirar e o fluxo é
Na figura vemos um exemplo de ciclagem precoce, ou insuficiente para atender sua demanda.
seja, quando o tempo neural do paciente é maior que O pico de fluxo (=valor de fluxo) ajustado no
o tempo inspiratório ajustado no ventilador. Neste ventilador é inversamente proporcional ao tempo
caso, "o paciente quer continuar inspirando" mas o inspiratório. Neste sentido, ajustes de VC e de fluxo
ventilador já terminou a fase inspiratória e iniciou a inspiratório no modo VCV determinam o tempo
expiratória. O que observa-se neste caso é uma inspiratório. Assim, ajustes inadequados também
deformação da curva de fluxo expiratório, visto que podem causar assincronia de ciclagem.
durante a fase expiratória ainda há esforço
inspiratório do paciente, e também pode ocorrer o Ajustes no modo PSV
duplo disparo porque o paciente ainda está fazendo
esforço inspiratório durante a fase expiratória do São ajustados o valor de corte (=cycling off) e a
ventilador acaba por disparar novamente o ventilador pressão de suporte (=pressão acima do valor da PEEP)
gerando duas ondas de disparo (assincronia de para chegar ao volume corrente.
disparo).
Cycling off
Usualmente, utiliza-se um valor de corte da PSV de
Ajustes no modo VCV 25%, ou seja, o critério de ciclagem corresponde a
25% do pico de fluxo inspiratório. Quanto maior o sincronia entre tempo neural e tempo inspiratório do
cycling off, menor será o tempo inspiratório. paciente.
Quanto menor o cycling off, maior o tempo
inspiratório. Logo, o ajuste de cycling off é individual para cada
Portanto, o cycling off (=corte da PSV) deve ser paciente e muda de acordo com o drive e mecânica
ajustado de forma que não ocorra assincronia de ventilatórias.
ciclagem. Uma vez que ele interfere no tempo
inspiratório deve ser ajustado para não ocorrer *Como medir a pressão de oclusão em 100
assincronia de ciclagem. milissegundos em ventilação mecânica para ajudar a
Geralmente pcts com drive respiratório aumentado, ajustar o nível de pressão de suporte?
esforço respiratório aumentado ou alta FR se Realiza-se uma pausa expiratória (=pausa ao final da
beneficiam de um cycling off maior, ou seja, valores expiração), ou seja, todas as válvulas do ventilador são
acima de 25%. fechadas e o pct, que tem drive, faz um esforço
inspiratório gerando uma queda de pressão. Esse valor
Pressão de suporte detectado nos primeiros 100 milissegundos (=0,1
Quanto ao nível de PS, deve ser ajustado para evitar segundo) corresponde a pressão de oclusão, a P01 -
sobreassistência (causa disfunção diafragmatica diretamente proporcional ao drive ventilatório.
induzida pela ventilação mecânica -
descondicionamento muscular respiratório) e
subassistência (também causa disfunção diafragmatica
induzida pela ventilação mecânica mas promovendo
lesão muscular respiratória por esforço excessivo).
Como ajustar a PS para evitar sobreassistência ou
subassistência? Utilizando como referência a pressão
de oclusão (=P01)*, que deve estar entre 1,6 e
3,5cmH2O.

A esquerda vemos um paciente com PS de 7cmH2O


com pressão de oclusão 3.8cmH2O - subassistência
(insuficiente)
A direita vemos quando essa essa pressão de suporte
foi aumentada para 14 cmH2O, gerando mais suporte
ao paciente, a pressão de oclusão caiu para 0.7cmH2O
- sobreassistência (exagerada).
Lembre-se que o valor de referência para a pressão de
Ajuste de cycling off de acordo com a mecânica
oclusão (=P01) é entre 1,6 e 3,5cmH2O. No primeiro
ventilatória de cada paciente e seu tempo neural. No
caso, de subassistência, deve-se aumentar a pressão
exemplo A, o tempo neural do pct coincide com o
de suporte acima de 7cmH2O, aguardar uns minutos e
ventilador mecânico então não há assincronia de
medir novamente a P01 para ver se ela se situará na
ciclagem - neste caso o cycling off está ajustado em
faixa de 1,6 a 3,5cmH2O. No segundo caso, de
25%.
sobreassistência, deve-se diminuir a pressão de
Lembre-se que este valor corresponde a um
suporte para abaixo de 14cmH2O, aguardar uns
percentual do pico de fluxo inspiratório durante a fase
minutos e medir novamente a P01 para ver se ela se
inspiratória, o que deve corresponder ao término da
situará na faixa de 1,6 a 3,5cmH2O.
fase inspiratória.
Desta forma, a P01 (disponível automaticamente em
Na situação B verificamos que este mesmo valor de
vários ventiladores mecânicos) é útil para se titular o
25% de cycling off não é adequado para coincidir com
valor de pressão de suporte, preservando, desta forma,
o tempo neural do paciente fazendo com que haja um
a musculatura respiratória do paciente evitando a
tempo inspiratório excessivo para o ventilador
sobreassistência e a subassistência no PSV.
mecânico. Deve-se ajustar, para evitar assincronia de
ciclagem, utilizaria-se o valor de 60% para ocorrer
Oxigenação arterial
Os dois parâmetros que interferem na ventilação
arterial e devem ser bem ajustados pelo operador no
ventilador mecânico é a PEEP (tem como objetivo
melhorar a relação V/Q, melhorando a PaO2) e a FiO2
(aumento da pressão alveolar de oxigênio,
transferindo mais oxigênio para o sg arterial, também
melhorando a PaO2).
Primeiro deve-se ajustar a PEEP e depois a FiO2.
O ajuste de FiO2 é feito com gasometria arterial ou oxímetro
monitorização contínua através do oxímetro de pulso.
Sendo os parâmetros de normalidade: SatO2 92-96%
em geral e 88-92% em DPOC.
Considerações finais
Lembre-se que deve-se evitar hipoxemia mas a A ventilação mecânica tem necessidade ajustes
hiperóxia também é lesiva, podendo aumentar as frequentes, principalmente no que se deve ao ajuste
chances de mortalidade em pacientes com ventilação de alarmes, que deve ser feito antes de iniciar a
mecânica. Logo, deve-se evitar saturação acima de ventilação mecânica.
96% em VM.

Introdução cardiovascular (devido restrição ao leito por muito


tempo), lesões pulmonares induzidas pela VM (devido
Em pacientes entubados, a ventilação mecânica (VM) ajuste errado dos parâmetros), fraqueza da
oferece o suporte ventilatório essencial enquanto o musculatura respiratória (principalmente se utilizar
sistema respiratório se recupera da insuficiência bloqueador neuromuscular ou ficar em ventilações
respiratória aguda. No entanto, a VM está associada a controladas). Deve-se tentar reduzir o tempo de VM e,
riscos e complicações que prolongam sua duração e assim, otimizar o processo de desmame (=processo de
aumentam o risco de vida. Portanto, realizar o retirada da VM)
desmame ventilatório do paciente de maneira segura,
logo que possível, é primordial – abrange todo o Desmame x interrupção da VM
processo de libertação do paciente do suporte
O desmame refere-se à gradual redução do suporte
ventilatório e do tubo endotraqueal.
ventilatório mecânico que permite ao paciente
Assim, podemos dividir os objetivos da ventilação
reiniciar a respiração espontânea de maneira
mecânica em fisiológicos ou clínicos:
progressiva.
 Objetivos fisiológicos: manter ventilação alveolar,
Esse processo só é chamado de desmame se o
oxigenação arterial, prevenir/tratar atelectasia,
paciente ficar em VM por mais de 24h. É chamado de
diminuir trabalho respiratório.
interrupção da VM se esse paciente ficar menos que
 Objetivos clínicos: reverter hipoxemia; reverter
24 na VM (a maioria dos casos é em situações de pós-
acidose respiratória; diminuir desconforto/fadiga
operatório).
respiratória; permitir sedação, anestesia e
Desmame → VM por mais de 24h
bloqueio neuromuscular
Interrupção → período < 24h em VM
Uma vez que o problema de base esteja resolvido, a
Retirar o paciente da VM pode ser mais difícil que
maioria dos pacientes retornam para a ventilação
mantê-lo. Por isso, muitos parâmetros precisam ser
espontânea de maneira rápida e fácil a partir de uma
avaliados.
extubação simples, como em pós-operatório, crise
O processo de retirada do suporte ventilatório ocupa
asmática (muito raro ser entubado por isto), overdose
ao redor de 40% a 50% do tempo total de ventilação
de drogas. Em pacientes mais graves, podem ficar
mecânica.
dependentes do ventilador (1-2 semanas ou mais).
É necessário avaliar bem se está no momento ideal
Quanto mais tempo o paciente fica em VM, mais
para desmame pois se for realizado um desmame
complicações ele poderá ter uma vez que a ventilação
precoce, é muito provável que gere um estresse do
mecânica prolongada gera complicações como: lesão
sistema cardiovascular e que esse paciente precise ser
traqueal (devido o tubo por muito tempo,
reintubado (falha na extubação aliada com
posicionamento do tubo, hiperinsuflagem do cuff),
reintubação aumenta muito a chance de mortalidade).
infecções (mais sucetiveis a pneumonia), insuficiência
Já em casos de desmame tardio, o risco de infecções e
pneumonia é bem alto, piorando o prognóstico do vasopressores e anti hipertensivos - a
paciente. noradrenalina, por exemplo, aumenta a pressão
Logo, um dos aspectos mais importantes na arterial);
descontinuação da VM não é como fazê-lo, mas sim  Capacidade de proteger as vias aéreas (pico de
quando fazê-lo. Reconhecer quando o paciente está fluxo da tosse maior ou igual a 60/min - analisado
pronto para tentar o teste de respiração espontânea com o peak flow - e com pouca secreção e com
(=TRE) coloração adequada);
 Nível de consciência adequado (paciente deve
Teste de respiração espontânea estar acordado, sem agitação pois ele precisa
colaborar com o procedimento);
(TRE)  Grau de colaboração do paciente (atendendo o
mínimo de comandos - tossir, respirar fundo) -
Teste realizado com o paciente para saber se ele está
podemos avaliar pedindo comandos simples como
pronto para sair da VM
mexer o pé pra cima, apertar a mão, piscar o olho
A partir deste teste, podemos classificar os pacientes
etc. O paciente precisa está acordado e
de acordo com o processo de desmame:
colaborando com o procedimento de extubação
 Desmame simples: pacientes que toleram o
 Tenha um equilíbrio ácido-básico;
primeiro TRE e são extubados com sucesso.
 Balanço hídrico zerado ou negativo nas últimas 24
 Desmame difícil: pacientes que falharam no
horas → a quantidade de líquido no paciente deve
primeiro TRE mas foram desmamados com
ser equilibrada – fazemos o balanço através da
sucesso após a no máximo três tentativas de TREs
quantidade de líquido administrado, como soro
ou no máximo em sete dias após a primeira
fisiológico, medicação, nutrição por sonda +
tentativa
quantidade sai do paciente, como urina, fezes,
 Desmame prolongado: paciente que falharam
drenos. Este balanço hídrico pode interferir no
após três testes ou permaneceram em VM por
organismo do paciente. Ex: um balanço muito alto
mais de 7 dias após o primeiro TRE
pode indicar congestão, fazendo um edema
Devem ser identificados os pacientes elegíveis para o
intersticial (entre o alveolo e capilar), diminuindo
teste de respiração espontânea (TRE) para saber se
o espaço de troca gasosa, afetando sua respiração
consegue ficar fora do VM ou não.
→ gera paciente anasarca (=excesso de líquido
generalizado)
Critérios para identificar pacientes elegíveis para o TRE:
 Eletrólitos séricos (K, Ca, Mg, P) em valores
 Paciente com doença de base e/ou insuficiência
normais - importantes pois estes atuam
respiratória revertida ou controlada → os motivos
diretamente no potencial de ação, contratilidade
que levaram ao paciente entrar ventilação
cardíaca
mecânica deve ser resolvido.
 Ausência de intervenção cirúrgica próxima -
 Troca gasosa adequada, ou seja, uma fração
verificar se o paciente precisa ser entubado de
inspirada de oxigênio e uma PEEP não tão alta isso
novo.
quer dizer pouco suporte ventilatório do
 Paciente deve ter a capacidade de iniciar esforço
ventilador. Usamos os seguintes parâmetros:
inspiratório sozinho - o paciente deve apresentar
PaO2 maior ou igual a 60 mmHg; FiO2 menor ou
drive respiratório, ou seja, estar em PSV;
igual a 0,40 e PEEP maior ou igual a 5 a 8 cmHg)
 Cuff leak teste positivo (=teste de permeabilidade
→ FiO2 e PEEP não podem estar muito altas
das vias aéreas) - esvazia o cuff do paciente (para
porque quando pensamos uma relação P/F
ocorrer passagem de ar) e avaliamos a diferença
uma FiO2 e uma PEEP torna o paciente ainda
entre VC inspiratório e VC expiratório. Positivo se
bem dependente do ventilador, ou seja, tem
VCe for pelo menos 10 a 12% inferior VCi
muito suporte ventilatório ainda.
programado indicando boa permeabilidade das
→ Lembre-se que o aumento da PEEP "abre o
vias aéreas superiores. Necessário saber se nas
alveolo", aumenta a área de troca gasosa no
vias aéreas não possuem edema (ex: edema de
alveolo
laringe) - se o ar não vasa a via aérea pode ta
→ Os dois parâmetros para aumentar a troca é
edemasiada. Se tiver problema faz corticoide e
aumento da FiO2 e PEEP
fisioterapeuta avalia 24h depois
→ P/F> 300 é adequada
→ VCe (volume corrente expiratório) também
 Estabilidade hemodinâmica → o paciente não
é chamado de VTe
precisar de nenhuma droga vasoativa, como
→ VCi também é chamado de VTi
→ O cuff evita broncoaspiração e não tenha Este estudo (Yang K, N Engl - med 1991) teve o objetivo de
passagem de ar indicar quais parâmetros poderiam predizer o sucesso ou a
Recomenda-se avaliação diária desses parâmetros nos falha no desmame. Na esquerda vemos o índice de Tobin
(IRRS) que mostra que FR/VC > 105 é preditivo de falha no
pacientes. desmame. Já na direita vemos que se o paciente tiver uma
Uma vez que foi identificado se o paciente era elegível PImax < -20 (ex: em caso de fraqueza de musculatura
ao TRE, deve-se identificar se ele é capaz de tolerar o respiratória) há mais chances de fracasso no desmame. Os
teste. testes não devem ser instrumentos isolados para tomada de
decisão e sim é complementar a avaliação fisioterapeutica.

Índices preditivos de fracasso


Técnicas de desmame
ao desmame São utilizados alguns modos ventilatórios em que
São outros parâmetros a serem analisados se o pode-se colocar o paciente para submetê-lo ao teste
paciente está pronto ou não. de respiração espontânea. São eles:
 Força: capacidade vital <10 a 15mL/kg, volume  Ventilação mandatória intermitente sincronizada
corrente < 5mL/kg e pressão inspiratória máxima (SIMV) – Não é mais utilizado para realizar o
(PImax > -20cmH2O) desmame, pois pode aumentar o tempo que o
 Endurence: ventilação voluntária paciente precisará de VM.
máxima >10L/min, P01 (=pressão pico inspiratório  Tentativas de respiração espontânea (TREs – Tubo
máximo no primeiro segundo) > 6cmH2O, padrão T).
ventilatório (FR) >35irpm  Redução gradual da pressão de suporte (PSV).
 Misto: FR/VC (índice de Tobin = IRRS= índice de  Compensação automática do tubo (ATC)
respiração rápida e superficial) → índice mais  Modos ventilatórios avançados – fazem a
utilizado. Se a frequência respiratória/volume ventilação de maneira automática.
corrente > 105 irpm/L indica provável fracasso ao Os modos mais utilizados são: Tubo T e PSV
desmame
Estes testes estão associados a mudanças pequenas 1. Tentativas de respiração espontânea
ou moderadas na probabilidade de sucesso e fracasso
(Tubo T)
ao desmame. Não devem ser instrumentos isolados
para a tomada de decisão. Deve-se ser analisado todos Deve ser feito o TRE (avaliar força muscular
os parâmetros inspiratória, índice de Tobin etc)
O paciente é desconectado do VM e adaptado a um
sistema de macronebulização, acoplado a uma peça T
(por isso chamado de tubo T) e vamos oferecer
oxigênio suplementar.

Outros índices preditivos ao fracasso. Ex: PaO2/FiO2<200

Esse teste dura de 30 minutos a 2 horas dependendo


do paciente e da rotina do CTI.
Nesse período o paciente deve manter um VC
adequado e uma FR adequada → Protocolo:
 VC>5mL/kg,
 FR <30-35 irpm
 PImax <-20cmH2O.

Vantagens:
Fácil conexão; Como o paciente se comportar durante esse
Permite testes em ventilação espontânea, ou seja, procedimento determinará se ele será ou não
vamos o tirar da pressão positiva e colocá-lo a prova extubado.
Vantagem para pacientes com comprometimento
cardíaco pra ver se consegue se adequar sem a
pressão positiva - único grupo de pacientes com real
benefício para peça T

Desvantagens:
Aumento do trabalho respiratório (aumento do
espaço morto pela presença do tubo, aumento da
resistência a passagem do ar pela presença do tubo
etc)
Incapacidade de garantir o volume mínimo;
Compara qual método seria mais eficaz para manter o
Pode levar ao colapso alveolar (porque sai da pressão paciente fora do ventilador mecânico uma vez que fosse
positiva); extubado. Compara PSV x tubo T x SIMV. O grupo de pacientes
FiO2 imprecisa, porque passa a ser uma mistura do utilizados PSV promoveu maior eficácia de promover o
oxigênio com ar ambiente paciente fora da ventilação mecânica, o que não ocorreu com
Ausência de alarmes - o fisioterapeuta tem que ficar o SIMV nem com o Tubo T. (brochard, 1994)
ao lado e próximo do paciente durante todo o período
para verificar taquipnéia Porém outros estudos mostraram que tanto PSV
quanto tubo T tem eficiência para realizar o TRE de
2. Redução gradual da pressão de forma adequada nos pacientes.
suporte (PSV)
É o método mais utilizado Novos modos ventilatórios
Utiliza-se o modo de pressão de suporte (PSV) Realizam o desmame de maneira automática:
reduzindo de  ATC – Automatic Tube Compensation
maneira progressiva essa pressão aos valores mínimos (compensação automática do tubo)
Deve-se manter VC e FR em níveis adequados.  ASV – Adaptive Support Ventilation (ventilação de
O paciente deve tolerar esses parâmetros. suporte adaptativa)
 Pressão de suporte= 5-7 cmH2O
 PEEP= 3-5 cmH2O (geralmente é usado 5) Não são modos de desmame especificamente mas
 VC= 5ml/kg (pode ser de 5 a 6 ml/kg) seriam modos ventilatórios que poderiam promover
 FR < 25irpm adaptação a ventilação mecânica e provocar menos
 FiO2 < 40% lesão pulmonar:
Por 30-120min e o paciente deve ficar bem  PAV – Proportional Assist Ventilation.
 NAVA – Neurally Adjusted Ventilatory Assist
Vantagens:
Monitorização contínua do paciente através do VM Pacientes que não toleraram o TRE
(alarmes) Após o paciente passar alguns minutos dentro das
Auxilia no esforço inspiratório (existe certo grau de condições do TRE (teste de respiração espontanea =
vantagem) redução progressiva do suporte ventilatório ao
Confortável para o paciente mínimo através do PSV ou peça T), ele pode tolerar ou
não.
Desvantagens: Como saber se o paciente tolerou ou não?
Não garante volume (PSV é a pressão então não
garante volume; depende do esforço do próprio Parâmetros para interromper o TRE:
paciente)  FR > 35 irpm (taquipnéia)
Pressão positiva  SaO2 < 90% (dessaturação; mas temos que saber
(o paciente ainda continua em pressão positiva e a condição clínica porque pacientes DPOC já têm a
quando ele sair não ficará) saturação abaixo de 90)
 FC > 140 bpm (taquicárdico)
 PA> 180 mmHg (hipertenso) ou < 90 mmHg polineuropatia grave, distúrbio eletrolítico ou
(hipotenso) fadiga
 Agitação, sudorese ou alteração do nível de  Incapacidade de gerar estímulo respiratório (drive
consciência respiratório) devido lesão do SNC ou medicação -
isto é identificado antes de iniciar o TRE: o
fisioterapeuta precisa saber se o pct tem drive ou
não; além disso precisa saber histórico de AVE
que afete o centro respiratório.

Logo, se o paciente apresentar um desses parâmetros


deve-se interromper o TRE
Retorná-lo à VM caso estivesse antes (ex: estava no
PSV com suporte de 12) e estava com peça T, retorná-
lo aos mesmos parâmetros que ele estava
anteriormente.
Com isso, esse paciente deve permanecer em VM por
24h para repouso da musculatura respiratória. Figura ilustrativa de como se comporta o volume corrente, a
Realizar uma nova tentativa 24h depois – deve ser pressão intrapleural e a pressão da artéria pulmonar durante a
reavaliado. ventilação mecânica. Vimos a ventilação mecanica em si
(coluna mechanical ventilation) começo da falha do desmame
(coluna start), final da falha do desmame (coluna end) e
paciente saudável (healthy subject). No início do desmame
falhado, a pressão intrapleural fica mais negativa devido
esforço inspiratório e ao final do desmame o volume
intrapleural aumenta muito devido o esforço sem aumentar o
volume corrente, mostrando cansaço.

Caso o paciente durante os 30-120 minutos sobre as


Sinais de falha do TRE condições do TRE demonstre estabilidade, os
Além dos indicados anteriormente em relação aos parâmetros permanecem normais sem alteração e
sinais vitais, deve-se observar: nenhuma descompensação, podemos considerar que
 Movimento paradoxal abdominal: atividade da ele tolerou o TRE e está apto para a realização do
musculatura acessória sobrepondo o diafragma e procedimento de extubação propriamente dito.
fraqueza diafragmática
 Taquipnéia: desenvolvida por ansiedade (pode Extubação
não gerar alteração na gasometria + PaCO2 e VC
Procedimentos para a realização da extubação:
normais) ou falha (PaCO2 e VC diminuídos).
 Orientação ao paciente sobre o procedimento do
 Queda do débito cardíaco (ocorre principalmente
TRE e posteriormente o processo de extubação.
quando realiza o TRE em tubo T porque o
Ou seja, explicar quem você é e o que irá realizar.
paciente sai da pressão positiva e vai pra pressão
 Importante para reduzir ansiedade e para que o
intrapleural negativa aumenta a pré carga e
pct colabore.
diminui o débito cardíaco. Para este grupo
 Posicionamento correto do paciente – Cabeceira
específico de pacientes é importante usar tubo T
elevada à 30o ou mais.
e não PSV pra colocá-lo a prova e saber se isto vai
 Realização da aspiração das vias aéreas superiores
acontecer). Efeitos: congestão pulmonar,
acima do cuff (supra cuff) e do tubo endotraqueal
disfunção diafragmática e hipoxemia.
(TOT).
 Fraqueza muscular respiratória em função: pode
 Retirada da fixação do tubo.
ser devido desenvolvimento de uma
 Desinsuflação do cuff – Para não machucar a após a extubação, o tratamento é através do
traqueia do paciente. corticoide. Logo, se o edema gerar risco de
 E por último, a retirada do tubo. obstrução de vias aéreas deve-se considerar uso
de corticoide 24h antes do processo de extubação
O ideal não é realizar a retirada do tubo no momento (EOT).
em que o paciente tosse, pois nesse momento há um
estreitamento das vias aéreas, não se tornando
adequada para a retirada. Logo, o ideal é ser feito no
momento da inspiração do paciente antes dele tossir,
em que há um aumento das vias aéreas para se
preparar para a tosse. Geralmente, quando é feito a
desinsuflação do cuff, há um reflexo de tosse, assim
quando o paciente realizar novamente a inspiração
profunda para se preparar para outra tosse, deve ser
retirado o tubo

Uma vez retirado o tubo, deve ser feito:


Fatores de risco para falhas na extubação:
 A instituição de uma oxigenoterapia previamente
Não impedem que o paciente seja extubado mas gera
escolhida (pode ser cateter nasal ou
atenção maior da equipe no pós extubação. Ou seja,
macronebulização - geralmente macronebulização
condições que o paciente tinha antes mesmo da
através da tenda facial
intubação:
 Auxílio/Orientação ao paciente da importância
 Hipercapnia.
dele expectorar a secreção através da tosse ou
 ICC.
deglutição.
 Tosse ineficaz.
 Realizar a ausculta pulmonar.
 Secreção excessiva.
 Observar o padrão respiratório e sinais vitais do
 Mais de uma falha no TRE.
paciente
 Mais de uma comorbidade.
 Acompanhamento do paciente ao longo de 48 a
 Histórico de obstrução das VAS.
72h.
 Pacientes com mais de 72h de VM.
 Idade maior ou igual a 65 anos.
Sucesso na extubação
É considerado um sucesso da extubação quando há
manutenção da ventilação espontânea por mais de Utilização da ventilação não
48h após a retirada da VM.
Caso paciente precise ser reintubado nesse período de invasiva
48h, considera-se falha na extubação. E isso piora o Usada imediatamente após a extubação para prevenir
prognóstico desse paciente, aumentando a taxa de reintubação de pacientes DPOC (medida profilática)
mortalidade. É uma medida profilática em pacientes com alto risco
de reintubação
Durante as 48/72h após extubação deve-se preocupar
com: Evidências sobre VNI no desmame
 Proteção das vias aéreas: se o reflexo de tosse
está presente, se está vomitando ou não, se há Estudo: Noinvasive ventilation immediately after
aumento no volume de secreções, se consegue extubation improves weaning outcome after acute
proteger as vias aéreas respiratory failure: a randomized controlled trial
 Edema de laringe: a presença de edema dificulta a (Ornico, Crit Care, 2013)
respiração desse paciente - é algo comum em Avalia o papel da VNI imediatamente após a
40% das entubações prolongadas e as chances extubação pra prevenir a falência respiratória aguda
para acontecer são maiores se foi uma intubação em pacientes DPOC, com alto risco de ser reintubados.
traumática. Durante a ausculta se o paciente Comparou a macronebulização com oxigênio e VNI.
estiver com edema de laringe ele vai apresentar Vimos que pacientes com VNI tem oxigenação melhor
um som chamado de estridor. Para verificar isso é e nível de PACO2 melhores ao longo de 24h. Além
feito o teste de permeabilidade. Porém, caso o disso, a FR e a PAM foram menores no grupo VNI. A
paciente apresente o edema durante o TRE ou probabilidade do paciente permanecer fora da VM
invasiva e os pacientes que usaram VNI tiveram paciente é considerado desmamado quando
respostas muito melhores. Ademais, menor tempo em consegue dormir 2 noites fora da VM. E também
ventilação mecânica invasiva e uso da VNI profilática caso o paciente apresentar falha, é só reconectar
(logo após a extubação) se refletiu diretamente na o VM no ósteo da traqueostomia rapidamente.
mortalidade hospitalar dos pacientes. A mortalidade Quando não tem traqueostomia e precisa
foi mais baixa do que em pacientes que usaram reintubar tem que anestesiar e encontrar a
oxigenoterapia. posição de via aérea do paciente novamente
Ex: paciente ficar 2h fora da VM e estar só com
VNI Facilitadora sistema de macronebulização. Ir progredindo
Facilita o desmame, principalmente DPOC ou doenças isto (4h/6h/dormir sem ventilador mecânico
neuromusculares. uma noite) → é considerado desmamado
Reduz mortalidade. quando consegue ficar duas noites fora da VM,
Reduz PAV (=pneumonia associada à VM). só com suporte de macronebulização
A VNI facilitadora deve auxiliar no desmame do
paciente. Como deve ser feita? O fisioterapeuta
extuba e imediatamente coloca VNI no paciente

VNI Preventiva
Previne a intubação em pacientes com fatores de risco
à insuficiência respiratória
Reduz taxa de reintubação e mortalidade na UTI.

VNI Curativa
Evidências de benefícios apenas em pacientes
cirúrgicos.
Associada ao retardo na decisão de iniciar e
interromper a VNI
Ex: caso seja usada a VNI apenas na falha da
extubação e depois que o paciente apresentou
insuficiência respiratória aguda após 24h da extubação
→ gera mau prognóstico Não há uma regra geral em relação ao tempo que se
deve retirar a VM e realizar a traqueostomia. Este
Traqueostomia procedimento deve ser feito de maneira
individualizada.
Caso o paciente não teve indicação pra VNI, já falhou
Normalmente, espera-se um período de 14 dias (2
3x no TRE ou está em ventilação mecânica por mais de
semanas) para ser indicado a traqueostomia.
2 semanas, é indicada a traqueostomia
Realiza-se uma TQT precoce (traqueostomia precoce),
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico através
ou seja, em pacientes em VM durante 48h, quando já
do qual se exterioriza a traqueia, fixando a cânula de
se sabe previamente que ele permanecerá em VM por
traqueostomia à abertura da pele) .A incisão é feita
mais de 14 dias. Isso reduz mortalidade, reduz a
entre o segundo e terceiro anel traqueal.
incidência de PAV (pneumonia associada à VM), reduz
Indicado para pacientes em VM prolongada.
tempo de UTI
e de VM.
Objetivos:
A “extubação” do paciente traqueostomizado é
 Não prejudicar as cordas vocais do paciente.
denominada decanulação (=retirar a cânula) → é um
 Diminuir a resistência e o trabalho respiratório -
procedimento simples, feito no próprio CTI. Gera
gera maior conforto para o paciente.
cicatriz leve no pescoço.
 Facilita o desmame – permite a retirada
progressiva e programada da VM, onde o

Caso clínico 1 Paciente 65 anos, sexo feminino, com diagnóstico de


Lúpus Eritematoso Sistêmico há mais de 30 anos,
internada na UTI do HUCFF por descompensação
clínica e tratamento de insuficiência renal crônica
agudizada. Devido à dificuldade de acesso periférico,
foi submetida a punção da veia subclávia esquerda
para administração de drogas. Algumas horas após o
procedimento, evoluiu com insuficiência respiratória
aguda, com murmúrio vesicular diminuído em
hemitoráx esquerdo, sem ruídos adventícios,
timpanismo à percussão em hemitórax esquerdo,
taquipneia, dessaturação (SpO2: 83%) e uso de
musculatura acessória.
Radiografia de tórax apresentada ao lado. O
fisioterapeuta que avaliou a paciente iniciou 55% aproximadamente (traçar uma linha entre SatO2 e
oxigenoterapia através da macronebulização (MNBZ) à PaO2
6 LO2/min. Através da ventilometria, observou-se que
o paciente realizava um volume corrente de 500 ml e Caso clínico 3
FR = 32 irpm. A gasometria arterial realizada em MNBZ José Luiz, sexo masculino, 66 anos, deu entrada no
evidenciou: pH =7,45; PaO2 = 110 mmHg; SatO2 = HUCFF com diagnóstico de hemorragia subaracnoide.
98%; PaCO2 =33 mmHg; HCO3- = 24 mEq/L. Diante Ao exame, encontra-se letárgico, com abertura ocular
deste quadro responda: aos chamados, desorientando no tempo e no espaço,
atendendo aos comandos simples. Pupilas isoformes e
fotorreagentes, reflexo corneopalpebral presente.
Apresenta hemiparesia a esquerda, com MRC: 52. À
ausculta pulmonar apresentou murmúrio vesicular
universalmente audível, sem ruídos adventícios. sibilos
difusos. Defina o Glasgow desse paciente.
3 + 0 + 4 + 6=13
Abertura ocular: 3 (ao estímulo verbal)
Pupila: 0 (reação pupilar bilateral)
Resposta verbal: 4 (confuso/desorientado)
Resposta motora: 6 (atende comandos)

1)Qual seria a causa da insuficiência respiratória aguda Caso clínico 4


desta paciente? Paciente internado na UTI do HUCFF em pós-
Insuficiência respiratória hipoxêmica devido operatório de laparotomia exploradora. No momento,
pneumotórax - timpanismo a percussão no hemitórax encontra-se em ventilação mecânica, bem adaptado.
esquerdo, hipertransparência no raio X e taquipnéia Sedado com Fentanil a 10 ml/h e Midazolan a 5 ml/h,
restrito ao leito, reagindo apenas a estímulos
2)Qual seria a FiO2 aproximada ofertada à paciente? dolorosos. Defina o nível de sedação do paciente de
6L = 45% aproximadamente acordo com as escalas de RASS e Ramsay.
ou RASS: -4 (sedação profunda)
VM= FRxVC = 32x500=16000ml=16L Ramsay: 5 (reagindo apenas a estímulo álgico)
16L= 6x100%+10x21%=600+210=810/16=50%
Caso clínico 5
3)Identifique o distúrbio gasométrico. Paciente J.S.S., 75 anos, 55 Kg, tabagista de longa data,
Sem distúrbio gasométrico apresenta diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC). Deu entrada no pronto socorro em ar
Caso clínico 2 ambiente, descompensado, com dispneia intensa e
O fisioterapeuta foi chamado na emergência, pois um sinais de desconforto respiratório, utilizando a
paciente de 30 anos, masculino, com fibrose pulmonar respiração frenolabial. Ausculta pulmonar: murmúrio
está apresentando a saturação aferida no oxímetro de vesicular presente, diminuído bilateralmente com
pulso (SpO2) = 85%. Analisando a curva de dissociação sibilos expiratórios. Gasometria: pH: 7,22 / PaCO2 = 65
da hemoglobina, o valor da pressão arterial de / PaO2 = 50 / HCO3- = 30 / SatO2 = 82%. De acordo
oxigênio (PaO2) esperada é de, aproximadamente:
com o caso apresentado, descreva e justifique a sua Caso clínico 7
conduta. Paciente com 85 anos, sexo feminino, independente
Gasometria: acidose respiratória com compensação nas AVD’s, é internada para cirurgia de colelitíase, mas
metabólica precisou permanecer em ventilação mecânica invasiva
Conduta: uso de BIPAP para melhorar oxigenação e e na unidade fechada no pós-operatório devido à
hipercapnia. Por ter dois níveis pressóricos, na complicação cirúrgica, instabilidade hemodinâmica e
iinspiração e expiração, se aumenta o volume doença pulmonar prévia. No 2º dia de pós-operatório
pressórico provoca uma maior variação de volume a paciente já estava sem sedação, despertou aos
dentro do alvéolo resolvendo a hipercapnia (lavagem chamados, atendeu as solicitações verbais simples e
de CO2) mobilizava ativamente os 4 membros. Ventilando via
TOT, em PCV: 10 cmH2O, FR: 18 (paciente)/14
Caso clínico 6 (ventilador) irpm, PEEP: 6, FiO2: 0,35, VC: 380 ml,
Paciente sexo feminino, 60 kg, sedada com Propofol a saturando a 95%.
10 ml/h, RASS -3, em ventilação mecânica com volume 1)Defina o Glasgow dessa paciente.
corrente de 600 ml, FR: 16 irpm, FiO2: 40%. 3+1+6= 10
Gasometria: pH: 7,49 / PCO2: 30 / PO2: 123 / HCO3: Resposta ocular= 3 (despertou a chamados)
23 / SatO2: 99%. Resposta verbal= 1 (com TOT não verbaliza)
1)Defina o distúrbio gasométrico. Resposta motora= 6 (mobiliza os quatro membros)
Alcalose respiratória com hipóxia
2)A paciente estaria apta a realização do TRE?
2)Explique a possível causa dessa alteração. Justifique.
VC muito elevado (o correto seria 30x6=360) e FiO2 Não está apta porque está em PCV e não PSV além de
elevada já que PaO2 está elevada indicando hiperóxia apresentar instabilidade hemodinâmica. Apesar de
apresentar FiO2<0,4, PEEP entre 5 e 8, FR/VC<104 e
3)O que fazer para corrigir esse distúrbio? possuir drive respiratório
Diminuir VC (para evitar barotrauma) e corrigir FiO2
3) Qual seria a sua conduta? Justifique.
4)Como a troca gasosa poderia ser calculada? Mudar para PSV com valores mínimos de suporte e
Relação P/F= PaO2/FiO2=123/0,4=307,5 verificar critérios para TRE (ex: índice de Tobin<105)

Introdução Técnicas de fisioterapia


Vamos dividir a aula em: respiratória em UTI
 Tipos de técnicas de fisioterapia respiratória em
pacientes ventilados mecanicamente.  Técnicas expansivas;
 Causas e consequências da retenção de secreção  Técnicas de remoção de secreção (desobstrutivas);
em pacientes ventilados mecanicamente.  Treinamento muscular respiratório.
 Como detectar a retenção de secreção em  Expansão e remoção de secreção
pacientes ventilados mecanicamente.
 Técnicas de expansão e remoção de secreção. Técnicas expansivas e desobstrutivas
para pacientes sem via aérea artificial

Para pacientes que não estão sob o uso de uma via


aérea artificial existem diversas técnicas de expansão
pulmonar e remoção de secreção, como:
 Espirometria de incentivo e VNI (CPAP; BIPAP –
IPAP + EPAP ou PSV + PEEP) > expansão pulmonar
 Flutter e shaker > higiene brônquica (remoção de
secreção)
respiratórios dos casos de desmame difícil de
pacientes com fraqueza muscular respiratória.
EPAP

Espirometria de incentivo

CPAP
VNI - expansão e
desobstrução

Shaker e flutter

Paciente traqueostomizada, desconectada do VM e um


Técnicas expansivas e desobstrutivas pequeno circuito resistor foi conectado a sua via aérea, para
para pacientes com via aérea artificial realização do treinamento muscular respiratório. Esse resistor
tem como objetivo oferecer carga com o objetivo de melhorar
(ventilação mecânica) o condicionamento muscular respiratório, ou seja, a força
e/ou o endurece dos músculos respiratórios.
Para pacientes que estão sob VM, há técnicas de:
 Hiperinsuflação manual: Consiste na utilização de
um ressuscitador manual (ambu) com o objetivo
Retenção de secreção em
de promover a expansão pulmonar e remoção de pacientes em VM
secreção pulmonar.
 Hiperinsuflação com ventilador mecânico: O
próprio VM realiza a expansão e remoção de 1- Causas para retenção de secreção
secreção. Pacientes em terapia intensiva, especialmente os em
uso de via aérea artificial apresentam uma
predisposição para a retenção de secreção pulmonar.
Essa pré disposição acontece devido:
Existência de uma via aérea artificial que leva:
 Interrupção mecânica do transporte mucociliar
pela presença do balonete endotraqueal

Treinamento muscular respiratório


balonete endotraqual
Esse treinamento pode ser feito através do uso de
diversos tipos de resistores com características  Redução da eficácia da tosse – Através da
diferentes. alteração dos mecanismos da tosse.
 Promoção de lesões no epitélio traqueal,
reduzindo a velocidade de transporte
 Promoção de um mecanismo reflexo de produção
de secreção através da irritação desse epitélio.
Trauma de aspiração, que ocorre devido:
 Lesões traqueais (epitélio) causadas pela própria
aspiração traqueal que leva a redução da
velocidade de transporte e redução da eficiência
do sistema mucociliar.
A principal indicação do treinamento muscular  Temperatura e umidificação do gás inspirado
respiratório é melhorar a função dos músculos inadequadas: promovem inflamação, destruição
dos cílios e necrose.
Para promover a umidificação pode ser 3- Como detectar a retenção de secreção
utilizado um filtro HME (filtro trocador de em pacientes ventilados mecanicamente?
umidificador e calor), mas em casos de
secreções muito abundantes ou muito viscosas Precisamos distinguir primeiro retenção de secreção
usar um umidificador aquecido acoplado ao em vias aéreas centrais (=grande calibre) de retenção
circuito do ventilador mecânico é mais em vias aéreas periféricas (=pequeno calibre)
adequado.
As técnicas de fisioterapia respiratória tem como
objetivo primário mobilizar as secreções das vias
aéreas periféricas, deslocando as para as vias aéreas
centrais, de onde essas podem ser removidas através
da aspiração traqueal, da tosse ou do ruff.

A presença de secreção em vias aéreas centrais


(=proximais = de grande calibre), podem ser
Umidificador aquecido acoplado ao VM detectadas com:
 Doenças pré existentes  Observação dos roncos na ausculta pulmonar,
 Drogas que reduzem a eficácia do sistema especialmente os verificados na região cervical ou
mucociliar apical pulmonar.
 TET  Aspecto serrilhado da curva fluxo-volume ou
 Posição do paciente que inerfere no fluxo-tempo. Principalmente do fluxo expiratório
deslocamento de secreção  Presenca de tosse - pct começa a tossir ou há
 Ventilação mecânica: a própria VM favorece a presença de muita secreção de vias aéreas
retenção de secreção pulmonar. Nesse caso, os proximais (neste local há a presença de muitos
fluxos inspiratórios maiores que os fluxos receptores de tosse)
expiratórios promovem essa retenção de secreção,  Aumento da pressão de pico quando em modo
dificultando o seu deslocamento céfalo-caudal. VCV devido ao aumento da resistência das vias
- aéreas.
Os pacientes em terapia intensiva, são normalmente  Queda da saturação arterial - observada no
posicionados com elevação da cabeceira - o que, em oximetro de pulso
tese, dificultaria, por ação gravitacional, o  Desconforto/assincronia durante a VM.
deslocamento das secreções mais periféricas dos
pulmões para a via aérea superior.

2- Consequências da retenção de
secreção no sistema respiratório Aumento da pressão de pico em modo VCV
 Aumento do trabalho/esforço respiratório;
 Potencial para aumentar o tempo necessário para Esses método de detecção da necessidade da
o desmame; aspiração traqueal em pacientes ventilados
 Assincronias respiratórias; mecanicamente foi validado por Guglielminotti et al,
 Aumenta a incidência de pneumonia associada à em 2000 pelo estudo: “Bedside detectiom of retained
ventilação mecânica; tracheobronquial secretions in patients receiving
 Aumento da chance de atelectasias; mechanical ventilation”.
 Piora as trocas gasosas
Técnicas de remoção de
secreção em ventilação
mecânica invasiva

1- Para vias aéreas centrais (maior


calibre)

Dispositivos de tosse mecanicamente assistida


Vários pacientes hospitalizados apresentam prejuízo
do mecanismo da tosse, por isso o uso de dispositivos
A presença de secreção em vias aéreas periféricas de tosse mecanicamente assistida tem sido cada vez
(=distais = de pequeno calibre), podem ser detectadas mais utilizado.
com: Esses dispositivos promovem a insuflação pulmonar
 Creptações à ausculta pulmonar. através da pressão positiva e ao atingir uma
 Radiografia torácica (presença de infiltrados e determinada pressão programada o dispositivo gera
condensação pulmonar, broncograma aéreo). uma pressão negativa que promove a sucção do gás
 Ultrassom torácico – pode ser utilizado pelo contida nos pulmões do paciente, imitando assim o
fisioterapeuta na UTI mecanismo da tosse.

Imagem da esquerda: vemos no raio x infiltrado difuso com


área de consolidação de broncogramas aéreas especialmente Dispositivos de tosse assistida
na base pulmonar direita. Imagem da direita: vemos no raio x
uma consolidação justa cardíaca com um grande broncograma Podem ser utilizados tanto em indivíduos em
aéreo que pode ser observado. ventilação espontânea com acoplamento de uma
máscara a face do paciente, quanto em indivíduos em
ventilação com via aérea artificial através da conexão
do circuito do equipamento, ao tubo ou cânula de
traqueostomia.

Aspiração traqueal
A técnica mais utilizada para remoção de secreção de
vias aéreas centrais de pacientes em VM é a aspiração
traqueal.
Deve ser indicada de forma apurada pois o excesso de
procedimento aumenta a incidência de efeitos
adversos. Enquanto a demora (paciente não ser
aspirado no momento que precisa) na aspiração pode
causar deterioração clínica (piora das trocas gasosas,
assincronias e desconforto respiratório).
Através da adoção de recomendações simples é
possível reduzir a incidência de efeitos adversos
Uso do ultrassom para diagnóstico - pulmão normalmente durante a aspiração traqueal em pacientes em VM
aerado tem coloração mais escura ao ultrassom (“preto”). Já o
Recomendações para reduzir efeitos adversos durante
pulmão com edema intersticial leve a moderado apresenta
imagens alternadas entre o preto e branco (“preto e branco”). a aspiração:
O pulmão com edema intersticial grave e também com edema  Atentar-se para a frequência de aspirações
alveolar apresenta uma imagem esbranquiçada (“branco”). (somente aspirar quando necessário);
 Evitar desconexões do paciente com o VM – ser conectado ao umidificador passivo (sistema trocador de
Nesse sentido, os sistemas de aspirações fechados calor e umidade)
são mais interessantes pois evitam a necessidade
de desconexão do ventilador. 2- Para vias aéreas periféricas (menor
 Introduzir de forma não profunda – A calibre)
extremidade da sonda não deve ultrapassar a Técnicas clássicas de fisioterapia respiratória em UTI
extremidade inferior do tubo endotraqueal. para esta finalidade:
 Evitar a instilação de soro ou água destilada na via  Posicionamento corporal.
aérea do paciente.  Fisioterapia torácica (=convencional)
 Diâmetro da sonda Não deve ser superior a 50%  Hiperinsuflação manual.
do diametro interno do tubo endotraqueal.  Hiperinsuflação com ventilador mecânico.
 Realizar a técnica em tempo < 10-15s  Técnicas de compressão torácica.
 Manter a pressão de sucção (pressão de rede)
entre 200-250 mmHg. Revisão do posicionamento corporal dos pacientes
Devido a distribuição da pressão pleural, quando o
indivíduo está em posição ortostática ou sentado,
devido a uma menor pressão pleural em região apical
pulmonar, os alvéolos dessa região se encontram mais
insuflados ao final da expiração do que os localizados
na base pulmonar. No entanto, modificações na
posição corporal, modificam o perfil da distribuição
pressão pleural e, dessa forma, o perfil de distribuição
ou apresentação dos volumes pulmonares nas
diferentes regiões pulmonares ao final da expiração.

Paciente entubado, com via aérea artificial, sendo aspirado


com um sistema de aspiração aberto.

É necessário o uso de material estéril (luva e sonda). A


inserção da sonda não não deve ultrapassar a parte
distal do tubo e deve ser mantida por no máximo 15s
Material deve estar estéril visto que entrara na via
aérea artificial.
Ao inserir a sonda esta deve estar aberta, ou seja, não
realizando a sucção ainda, e o vácuo será somente
acionado após a introdução da sonda para que não se
retire de forma desnecessária parte do volume Nesta imagem podemos avaliar como as diferentes
intrapulmonar do paciente durante a aspiração. posições corporais alteram a capacidade residual
funcional num indivíduo em respiração espontânea,
desde a posição de céfalo declive até a posição
sentada.
Em VM também haverá esse comportamento, onde na
posição de céfalo declive( 30°) teremos uma menor
capacidade residual funcional e a medida que o
indivíduo vai ficando cada vez mais com o tórax mais
verticalizado, essa CRF vai aumentando, ou seja, o
volume que sobra nos pulmões ao final de uma
expiração normal vai aumentando, e é diretamente
Sistema de aspiração fechado que permite a aspiração sem proporcional à verticalização do tronco.
necessidade de desconectar o paciente do ventilador
→ Ainda na posição sentada temos uma considerável
mecânico, como no sistema aberto. A aspiração fechada evita
que haja perda da pressão positiva ao final da expiração, o CRF, muito maior que na posição de declive cefálico,
que pode levar ao colapso alveolar e haja redução abrupta da no entanto, um pouco menos que na posição
fração inspirada de oxigênio para 21% (ar ambiente. Ele deve ortostática.
Decúbito lateral e VM: Envolve os procedimentos de drenagem postural,
percussão e vibração torácica.
Há falta de evidências científicas da efetividade e
sobre seus efeitos adversos – por isso é cada vez
menos utilizado na terapia intensiva.
Utiliza a ação da gravidade para promover o
deslocamento de muco.
Diversos estudos evidenciaram a incidência de
complicações com essa técnica, especialmente a
vibração e percussão torácica. Sendo elas:
 aumento do metabolismo (aumento do consumo
de oxigênio e da produção de CO2)
Durante a ventilação mecânica com pressão positiva
 arritmias cardíacas e atelectasias
quando o indivíduo está em DL, observamos uma
 aumento do tempo de ventilação mecânica
maior CRF no pulmão que não está apoiado no leito
Chest physiotherapy prolongs duratiom of ventilation
(não dependente), em comparação com o pulmão
in the critically ill ventilated for more than 48h
dependente (que está apoiado no leito).
(Intensive Care Med, 2007)
No pulmão dependente a CRF é menor, uma vez que o
Além das complicações, um estudo em 2008, mostrou
pulmão está apoiado no leito a pressão pleural tende
que, em individuos com função respiratória normal, a
a ser menos negativa neste hemitórax, bem como o
percussão toracica diminuiu a complacencia dinâmica
pulmão também sente o peso das estruturas
do sistema respiratório. Esse comportamento da
mediastinais e torácicas e o apoio a superfície no leito
mecânica respiratória sugere que essa técnica pode
fazendo com que haja um volume menor, um
causar colapso pulmonar e atelectasia mesmo em
esvaziamento menor desse pulmão durante a
pacientes com função respiratória normal
expiração, e, consequentemente, uma menor CRF.
Com relação a ventilação mecânica, devemos lembrar
que essa é uma situação de um paciente em DL com
ventilação com pressão positiva em que a pressão
motriz do sistema respiratório é a pressão na abertura
das vias aéreas.
Assim, quando o ventilador impulsiona o gás para
dentro do pulmão do paciente é normal que a
ventilação seja direcionada principalmente para as
regiões de menor impedância, ou seja, regiões onde
seja mais fácil a entrada desse gás que está sendo
entregue. Essa região de menor impedância é a região
não dependente, uma vez que o pulmão de baixo está
sendo comprimido tanto pelo seu apoio no leito
A técnica de percussão tem potencial para gerar menor
quanto pelas estruturas intratorácicas contralaterais e complacência pulmonar
mediastinais, apresentara uma impedância maior para
a sua insuflação. Drenagem postural
Assim a maior parcela do volume corrente deve ser Alguns estudos recentes, principalmente os realizados
direcionada, durante a ventilação por pressão positiva, com animais, têm mostrado que a ação gravitacional
para o pulmão que está na posição não dependente. pode influenciar positivamente no deslocamento de
Essas características de maior CRF e maior ventilação secreções pulmonares. Assim, a drenagem postural
do pulmão não dependente sugerem que os pulmões tem sido utilizada de forma complementar a utilização
comprometidos devem ser posicionados nessa de técnicas de fisioterapia respiratória em pacientes
posição, para cima. Para que isso facilite tanto por criticos.
uma maior CRF quando por uma maior ventilação para Importante observar que a drenagem postural no
que haja uma facilitação de expansão pulmonar, contexto da terapia intensiva não adota todas as
expansão de atelectasias, de regiões de colapso e posições recomendadas classicamente para aplicação
também de remoção de secreção pulmonar. desse procedimento. Adotando a forma simplificada
que consiste apenas na utilização de decúbitos laterais,
Fisioterapia Torácica (=fisioterapia convencional) e, muito raramente, em céfalo-declive para facilitar o
deslocamento de secreções por meio da ação da maior que o fluxo expiratório favorece em tese a
gravidade. retenção de secreção no sistema respiratório.
Assim, ao posicionar o pct com o pulmão mais Assim, durante as técnicas de hiperinsuflação, é
comprometido para cima, na posição não dependente, importante que a insuflação seja lenta. Ou seja,
temos 3 efeitos que podem auxiliar na expansão fluxo inspiratórios baixos para que o fluxo
pulmonar e deslocamento de secreções: expiratório apresente um pico maior do que o
 maior CRF pico de fluxo inspiratório favorecendo assim o
 maior ventilação deslocamento das secreções em direção a via
 potencial efeito de ação gravitacional área superior.
favorecendo o deslocamento de secreções
intrapulmonares. Hiperinsuflação manual
Também conhecida como “bagging” ou “bag-
squeezing”, faz aplicação de pressão positiva pelo
ressuscitador manual (ambu)
Foi descrita em 1968 com o objetivo:
 Melhora da oxigenação pré e pós aspiração
traqueal
 Mobilizar o excesso de secreção bronquica
 Reexpandir áreas pulmonares colapsadas
Atualmente é aplicada para atingir apenas os dois
Técnicas de hiperinsuflação pulmonar ultimos objetivos: mobilizar excesso de secreção e
Para ser feito a técnica deve-se aplicar um VC acima reexpandir áreas colapsadas.
do VC normal dos pacientes. Isso pode ser alcançado
com o ressuscitação manual (ambu), o que requer a Consiste em inspirações lentas e profundas
desconexão do paciente da VM, ou uso do próprio consecutivas, seguidas de pausa inspiratória e rápida,
ventilador mecânico. liberação da pressão, associada ou não a vibração
Mecanismos da técnica: torácica, promovendo aumento do fluxo expiratório
 Volume e pressão de distensão elevados Tem que ser com movimentos lentos e profundos
promovem a abertura de áreas colapsadas: a
aplicação de VC elevados aumenta a pressão de
distensão pulmonar promovendo a abertura de
áreas colapsadas, aumentando gradualmente a
insuflação pulmonar com o desaparecimento das
áreas de atelectasia. Assim, ao se administrar
volumes elevados, pressões de distensão elevadas
é possível recrutar áreas pulmonares
atelectasiadas. → Técnicas de hiperinsuflação terapêutica tem
 Outro mecanismo importante que ocorre durante melhor evidencia científica para remoção de
a hiperinsuflação pulmonar é o aumento de fluxo secreções e expansão de áreas de atelectasias – gerou
de gás através da ventilação colateral. O aumento aumento da remoção de secreção pulmonar (STB),
do fluxo de gás de regiões pulmonares saudáveis, melhora da complacencia pulmonar e oxigenação
bem ventiladas para regiões abaixo de um nível arterial sem repercussão hemodinâmicas significativas
de obstrução favorece a remoção de secreções.
Esta área que recebeu volume de gás através do Apesar disso tem riscos devido uso da pressão positiva:
fluxo colateral possui agora um volume suficiente  Barotrauma
para deslocar as secreções à obstrução.  Volutrauma
 Outro mecanismo muito importante é a interação  repercussão hemodinâmica
gás líquido, que é o papel que o fluxo de gás nas  Além disso há efeito deletério inerentes a
vias áreas desempenha no deslocamento de desconexão do ventilador mecânico: menor
secreções. Para que tenhamos um deslocamento controle de pressão média, volume corrente,
de secreções no sentido das vias aéreas fluxo, FiO2 e limite de pressão.
superiores, é importante que o fluxo expiratório  E, além disso, a retirada da PEEP pode acarretar
seja maior que o fluxo inspiratório. O fato de lesão por cisalhamento relacionada com a
termos situações em que o fluxo inspiratório é
abertura e o fechamento ciclicos de unidades
pulmonares instáveis

Hiperinsuflação realizada com ventilador mecânico


É utilizada há muitos anos por fisioterapeutas no Brasil
mas a primeira publicação foi em 2002. Para realizar a hiperinsuflação com ventilador
É eficaz assim como a hiperinsuflação manual no mecânico, o volume corrente deve ser no mínimo 50%
aumento da complacencia estatica do sistema acima do volume corrente ideal, a pressão máxima
respiratório e depuração de muco em pacientes não deve ultrapassar 40 cmH2O podendo ajustar o
entubados e ventilados mecanicamente alarme (limite de pressão do ventilador) entre 42 e 45
cmH2O
É um modo volume controlado (VCV) deve se
programar o fluxo inspiratório entre 20 e 40L/min
para favorecer a expulsão da secreção porque o fluxo
inspiratório < pico de fluxo expiratório
É preferível reduzir a FR programada no ventilador e
deixar o paciente controlar a FR para não haver
hiperventilação e aumento da pressão média das vias
aéreas
 A PEEP e a FiO2 não deve ser alteradas
Devido não precisar desconectar o paciente do VM, a  Se usar modo VCV → aumenta VC
hiperinsuflação com ventilação mecânica é mais  Se usar PSV/PCV → aumentar a pressão de
segura do que a hiperinsuflação manual suporte ou pressão controlada
 Tempo de aplicação: 10 a 20 min monitorando FR,
PA, SpO2 durante todo procedimento
fluxo insp 20L/min e VC aumentado até alcançar
pressão de pico entre 35 e 40 cmH2O

Compressão do tórax
A compressão manual torácica durante a expiração
pode ter potencial para aumentar o fluxo expiratório e
melhorar o deslocamento das secreções.
Alguns profissionais associam a esta técnica uma
liberação rápida das mãos, ou seja, das compressões,
ao final da expiração acreditando que está liberação
causará uma maior insuflação pulmonar

Acima vemos uma hiperinsuflação com VM no modo VCV e


abaixo no modo PCV/PSV

Não encontrou-se até os momentos resultados consistentes


em sua utilização

Considerações finais

Estudo “Selecting the best ventilator hyperinflation techniche


based on physiologic markers: a rondomized controlled
crossover study”(Menezes, Sara; Guimarães, Fernando et al)

 Paciente com drive ventilatório: PSV + PEEP deve


resultar em uma pressão de pico de 35 a 40
cmH2O
 Pacientes sem drive ventilatório (em ventilação
mecânica controlada): deve-se usar VCV com

Introdução 28 dias de vida) e do lactente (até 2 anos de vida) para


não gerar iatrogenia e técnicas sem efeito.
A quantidade de avanços técnicos científicos em
neonatologia nos últimos anos aumentou a sobrevida Diferenças anátomo-fisiológicas:
de bebês que não sobreviviam há algumas décadas.  Alta complacência da parede torácica → gradil
Isto também acarreta o aumento das possibilidades de costal essencialmente cartilaginoso com
sequelas respiratórias e no neurodesenvolvimento. orientação horizontal das costelas gerando
Estes bebês estão em crescimento e desenvolvimento inserção horizontal do diafragma que gera
então a sequela respiratória e neurológica “andam amplitude de movimento e biomecânica reduzida
juntas”. Por isto é importante o conhecimento da desta região
fisiologia da respiração e particularidades do RN (até
 Baixa complacência pulmonar (principalmente
prematuro) → queda de fibras elásticas antes de
32 semanas, o que é normal, ou na disfunção do
surfactante
 Inserção horizontal do diafragma
 Menos fibras tipo I no diafragma → baixa
resistência a fadiga
 Hipotonia (prematuros)
 Uso de musculatura acessória → devido
debilidade do diafragma
 Imaturidade muscular global → imaturidade de
musculatura de gradil costal e dificuldade de
organização toracoabdominal. Também apresenta Bebê com 320g (bem pequeno; fralda do tamanho de um care
hipotonia global então com dificuldade de free) nascido com 23 semanas de idade gestacional – pela
OMS a garantia de vida é com 25 semanas em diante. O
apresentar postura extensora, postura em rã
quadro clínico é: entubação em prótese ventilatória, foto
 Esterno, abdômen distendido → imaturidade da proteção para fototerapia e proteção da retina; fixação do
musculatura primária da respiração fazendo com tubo em esparadro; o tubo não tem cuff em neoped; o rosa é
que a acessória seja bastante ativa tracionando o uma sonda orogastrica (leva a dieta para o estômago);
gradil para cima – gera, por exemplo, tração de EC costelas horizontais (retificação); rotação interna de ombro;
e esterno trazido para frente pele hiperemiada em volta do coto umbilical; com cateter
 Ausência de ventilação colateral → os canais de umbilical para colocação de medicação e hidratação (comum
nas primeiras horas de vida); hipotonia tendendo a extensão;
Lambert, Martin, poros de Conca (?) estão
oximetro de pulso no pé (usa-se protetor pq a pele é frágil);
pobremente desenvolvidos até 6 anos tendo uma encubadora está aquecida e umidificada (notada pela névoa
dificuldade entre comunicação do ar com na foto). Lembre-se que com esta idade gestacional, o bebê
estruturas anatômicas dentro do pulmão. Isso cria tem poucos alveolos e predominância de via aérea de
dificuldade na ventilação mecânica porque as condução então vamos ventilar poucos alveolos mas que vão
pressões de volume em unidades alveolares de crescer ao longo do tempo recebendo ventilação pulmonar
cte de tempo diferentes podem gerar lesão positiva quando na fisiologia o correto é ventilação negativa.
Na literatura mostra que bebês ventilados por muito tempo
pulmonar por excesso de volume/pressão com
tiveram crescimento alveolar diferenciado devido distribuição
facilidade maior de força ao longo do parenquima pulmonar.
 ↓ CRF → Numa situação típica, a parede torácica
tem muita complacencia e o pulmão baixa
complacencia. Logo, a parede torácica tende a Intubação orotraqueal (IOT)
expandir e pulmão tende a colabar, gerando Não diferente do adulto, só o tamanho do laringo é
equilíbrio devido pressão subatmosférica negativa diferente para o médico realizar a intubação.
entre as pleuras. Quando falamos em prematuros, Não usa-se cuff porque a traquéia é muito pequena e
o pulmão menos complacente (mais duro) e a pode gerar uma lesão potencialmente irreversível
parede torácica mais complacente (mais maleável) devido falta de controle do cuff
no momento de equilíbrio o pulmão “ganha” da
parede torácica, que se molda e se movimenta Constante de tempo
com muito mais facilidade (balance a orelha pra
perceber a mobilidade da cartilagem). Logo, ao Tempo necessário para que 63% do volume corrente
final da expiração há equilíbrio com menos seja mobilizado na inspiração ou na expiração pelos
volume dentro do pulmão. Assim ocorre uma pulmões. Então na primeira cte de tempo inspira 63%
baixa CRF e área de troca gasosa reduzida. É do pulmão, sobram 37% então na segunda constante
comum ter bebês cianóticos por inteiro porque de tempo vai ser insuflado 63% dos 37 faltantes
não há reserva na troca. totalizando 85% do pulmão. Vai faltar 15% para chegar
a 100%, logo, na próxima cte de tempo vamos ter 63%
de 15, chegando a 95%.
Pelo gráfico, observamos que entre 3 e 5 constantes
de tempo temos insuflação acima de 95% do pulmão.
Se gastarmos menos tempo para insuflar este pulmão
corre o risco de hipoventilar o paciente (colocar
menos ar do que ele precisa) e se passar disso pode
ocorrer lesão de hiperinsuflação. Por isso,
normalmente ficamos entre 3 constantes de tempo.

Resistência
Por que isto é importante? Porque utilizamos este
conceito para escolher o tempo inspiratório do Outro conceito importante que temos que relembrar
paciente. Esta constante de tempo fazemos através do é a resistência. O gráfico a seguir mostra os diferentes
seguinte cálculo: tamanhos de tubo e as resistências que eles trazem.
Constante de tempo = resistência x complacencia Neste sentido, precisamos lembrar da Lei de Pouselli
Sendo resistencia cmH2O/L/s e complacência em → Resistência = 8 x viscosidade do fluido x
L/cmH2O comprimento do tubo/ π√4. Ou seja, se o raio está a
Temos valores médios para cada idade 4ª potência, quanto mais estreito for o tubo, maior a
resistência que ele gera.
A escolha do tubo é baseada no peso, na altura e na
idade da criança.

Se durante a ventilação mecânica, os tempos


inspiratório e expiratório forem menores que 3 ou 5
constantes de tempo, poderá ocorrer redução do
volume pulmonar mobilizado durante o ciclo Fases do ciclo ventilatório
respiratório, ou seja, hipoventilação na inspiração e
auto PEEP na expiração. Ou seja, não tempo suficiente
para jogar o ar pra fora e nem expirou o suficiente.
Valores:
 1 constante de tempo a termo = ≈0,15s
 1 constante de tempo no prematuro = ≈ 0,12 s
Ou seja, em um bebê a termo vamos fazer um tempo
inspiratório mínimo de 0,15s x 3 (porque é preciso
está no mínimo em 3 constante de tempo). No
prematuro o tempo mínimo é 0,12 x 3, ou seja, 0,36
segundos.
1-Fase inspiratória Tipos de modo e controle de cada um.
2-Ciclagem (transição entre a ins e a expiração)
3-Fase expiratória Os ciclos controlados são caracterizados por disparo,
4-Disparo para a fase inspiratória limite e ciclagem todos feitos pelo ventilador (VM).
O ciclo respiratório corresponde a fase inspiratória + Quando a gente pensa em assisto-controlado, temos
fase expiratória. É importante que pensemos em um duas situações: ventilador ou paciente fazendo
tempo suficiente para manter uma ventilação esforço para disparar a máquina porém quem limita e
adequada tanto na inspiração quanto na expiração – quem cicla é a máquina. Nos modos assistidos (sem
também trabalhamos com a relação de 1:2, no muita utilização) só o paciente dispara – então mesmo
mínimo, como no adulto. que o paciente entre em apneia a máquina não
dispara gerando perigo.
Disparo No modo de suporte, o paciente dispara, a máquina
manda o nível de suporte determinado (limite) e o
É o início do ciclo ventilatório, ou seja, abertura da
paciente cicla.
válvula inspiratória
No modo espontâneo, o paciente faz disparo, limite e
Em neopediatria, o disparo mais usado é o disparo a
ciclagem (ex: CPAP- paciente neonatal usa muito, mas
tempo, em que.a frequência respiratória é pré
precisa ter drive respiratório e condição de ter bom VC
ajustada nos ciclos controlados e o tempo estabelece
e saturação adequada)
a duração do ciclo
→ Apneias no recém nascido: quando pausa na
O ajuste de sensibilidade se torna útil quando é
respiração dura mais de 5s com queda da oxigenação
necessário transportar o paciente do ciclo controlado
pela saturação ou alteração da FR
para o assisto controlado. A sensibilidade é a
percepção do ventilador do esforço do paciente e
entra de acordo com o que o terapeuta pré ajustou. Ciclos controlados
Em neopediatria entre fluxo e pressão é mais Os ciclos são iniciados, controlados e finalizados pelo
frequente o disparo a fluxo, pois é mais sensível. O ventilador
disparo a pressão é necessária uma queda de pressão O início do ciclo controlado segue:
para a abertura da válvula. Ex: FR 30 irpm – a cada 2 segundos, o ventilador
iniciará os ciclos ventilatórios (cálculo: 60/30=2)
Ciclagem Indicações:
É uma mudança de fase inspiratória para a expiratória  Crianças em apneias
Pode ser feita de várias formas:  Choque
 A pressão: a fase inspiratória termina quando a  Situações clinicas graves com comprometimento
pressão pré programada é atingida pulmonar e das funções vitais
 A tempo: ocorre quando o tempo inspiratório é Desvantagem
atingido → mais frequente em neonatologia  Atrofia por desuso da musculatura respiratória
 A fluxo: quando ocorre uma queda no fluxo  Assincronia (quando o pct sai da sedação e curare)
inspiratório até determinado valor → ex:PSV → todo dia o paciente deve despertar para saber
 A volume: a fase inspiratória termina quando o a possibilidade de desmame
volume pré determinado é atingido
Ciclos assisto controlados
Modos de ventilação O ventilador oferta, no mínimo, os ciclos
determinados que podem ser controlados ou
assistidos.
Caso o paciente não faça esforço muscular algum,
todos os ciclos serão controlados
Ao cair a pressão, o ventilador viu um esforço do pct e
começou o ciclo
É muito utilizado na pediatria. Na neonatologia vem
crescendo ao longo do tempo porém ainda há uma
grande resistência.
respiração espontânea sempre que o paciente desejar.
Ainda muito utilizado em neonatos e lactentes.

Fluxo contínuo x fluxo a demanda


 Fluxo de demanda: quando se coloca x litros por
segundo toda vez que o paciemte for inspirar a
valvula inspiratória abre, o fluxo é enviado para o
Equação do movimento do paciente
 Fluxo contínuo: é trabalhado apenas a válvula
sistema respiratório exalatoria, que fecha e abre e o fluxo permanece
P= V/C + R.V’ + PEEP continuamente na mangueira do ventilador. Ou
Ou seja: seja, a qualquer momento que a criança quiser
Pressão motriz = componente elástico + componente respirar, há fluxo de gás no sistema
resistivo + PEEP Ciclagem a tempo – o ventilador passa da fase
Atenção: em neoped, PEEP se chama “pépi” e ao inspiratória para a expiratória pelos ajustes Tinsp e
pronunciar “pêepe” estariamos falando de pressão de Texp
pico. Limitação a pressão – como o volume não é
controlado, depende de:
Valores de acordo com a literatura  Fluxo
 Tempo inspiratório e expiratório
Complacência pulmonar:
 Gradiente pressórico (=Pinsp – PEEP)
 RN saudável: 3 a 6 mL/cmH2O
 Característica de cada criança: complacência
 RNPT com SDR ou PNM: 0,5 a 1mL/cmH2O
resistência do sistema respiratório
Resistência: Não sabemos nessa situação o volume que estamos
RN saudável: 20-40 cmH2O/L/s → são valores maiores dando para o paciente mas esperamos que seja de 6 a
que no adulto 8mL/kg predito → Como? O terapeuta verifica 0,5cm
Não é medido complacencia e resistência de expansibilidade e conta as costelas ao raio x mas
normalmente no CTI neopediatrico porque os não é uma monitorização precisa
pacientes raramente ficam curarizados e o tubo não
tem cuff então o escape aéreo comprometeria a Informações gerais do IMV:
mecânica. Logo, a monitorização em neonatal é Cicla com parâmetros pré programados
precária A frequência é ajustada de modo a permitir
respirações espontâneas durante o TER
Ventilação mandatória O paciente pode respirar livremente entre os ciclos
(fluxo contínuo de gás)
intermitente (=IMV) Não possui controle de sensibilidade (pode gerar
assincronia)
No Brasil ainda é utilizado um ventilador chamado
Inter 3 que é bem utilizado na realidade brasileira
porém na literatura não é recomendado mais este
modo. É um modo da década de 70.
É um modo de fluxo contínuo, cicla a tempo e limita a
pressão
Obs: De acordo com a equação respiratória:
→ Se ventilo a pressão, tenho um volume “livre”
dependente das características do paciente e de
alguns parâmetros
→ Se ventilo a volume, a pressão que vai gerar
também é “livre”
→ Logo, se este modo limita a pressão, não temos
controle sobre o volume Na imagem vemos os ciclos mandatórios, que o ventilador
Fluxo contínuo – o fluxo de gás circula o tempo todo manda, e entre eles os ciclos espontâneos que o paciente faz
pelo circuito de acordo com o valor ajustado, evitando com ciclo continuo. Mas se o paciente respirar
espontaneamente quando a mandatória estiver sendo
retenção de CO2 nas mangueiras e possibilitando a
entregue pode ocorrer picos de volume diferentes. Neste caso
ocorre o “empilhamento aéreo”, quando temos a mandatória paciente; não é saturação! A saturação se vê no monitor
junto com o ciclo espontâneo. Logo, temos assincronia pois paramétrico na encubadora).
não há controle de sensibilidade neste modo. Observa-se na imagem na curva volume x pressão (a direita)
que estamos fechando a curva, ou seja, não tem vazamento.
Mas uma curva aberta que não se fecha por muito tempo
mostra um vazamento, que se for muito alto gera auto
ciclagem

Imagem mostrando o equipamento Inter3, que ventila a IMV.


MAP é o somatório de pressões que o bebê está recebendo –
MAP altos significa que o suporte que o bebê está precisando
é muito alto. PEEP é usada de 3 a 5 cm de água em
prematuros – cuidado com PEEPs muito altas porque o
pulmão tem poucas unidades alveolares e podem ser Na foto vemos um Inter 3 completo. Temos um blander (onde
comprimidas regiões de troca (gera espaço morto sem troca); colocamos a FiO2); também vemos um umidificador (em
Pinsp varia pode ser 20-35; tempo inspiratório (começa-se adultos usamos filtros para filtrar o ar mas em bebês usamos
com 0,35 a partir do prematura extremo); relação tempo insp umidificadores).
e exp (ex: 1:2) e a frequência respiratória (o neném tem
incursões respiratórias maiores, um prematuro extremo pode
fazer 60 irpm fisiologicamente sem ventilador – ex: na foto do Ventilação sincronizada
ventilador está em 33irpm)
desencadeada pelo paciente
(SIMV)

Ventilador dixtal. Na imagem vemos o modo TCPL, que Chamada de “sim vi”
trabalha com fluxo contínuo. Abaixo vemos o que o terapeuta É uma modificação do IMV, onde o aparelho libera
configura – 13 de pressão, tempo inspiratório de 0,4 (deve ser ciclos mandatórios assistidos na FR determinada,
um prematuro pra ter esse tempo), relação I:E de 1:6, imediatamente após o início do esforço inspiratório do
frequência respiratória de 20, fluxo contínuo de 8, PEEP de 5, paciente
sensibilidade a fluxo de 1L/min; FiO2 0,35. Acima temos o que
Esforços inspiratórios acima da FR ajustada não são
o paciente está fazendo: tempo insp mantido, relação I:E,
frequência respiratória=20 (como ta igual o ventilador o respondidos com ciclos mandatórios, permitindo a
paciente está entregue ao ventilador, ou seja, o ventilador respiração espontanea do paciente
está atuando de modo controlado – observamos na curva de Se não for detectado esforço respiratório dentro da
pressão, a primeira, com cte + inspiração apenas sem janela, o aparelho fornece ventilações mecânicas
respiração espontanea); vemos a direita a curva VxP, a curva controladas na FR predeterminada
fluxo x volume, oxigênio 36% (o quanto está dando ao
Já há descrição de que interfere no padrão de Modo limi tação a pressão e ciclado a fluxo
ventilação espontânea da criança e que aumenta o A pressão de suporte é mantida durante toda a
tempo de desmame → utilizado em larga escala inspiração até que o aparelho detecte um mecanismo
mesmo assim de gatilho expiratório, ou seja, queda no fluxo
Dificuldades para trabalho com este modo: inspiratório. Ex: pôs 100% e vai descendo, quando
 Tubo sem cuff → escapes podem subestimar o VC chega em 25% no adulto cicla para expiração. Na
e mimetizar a queda na taxa do volume neonatal, trabalhamos um valor abaixo de 25 porque
expiratório, levando a um aparente esforço o bebê tem dificuldade de manter esse fluxo (devido a
realizado pelo bebê → parece que o bebê anatomofisiologia). Quando o bebê inspira a queda do
ventilador porque a alteração de fluxo é muito fluxo, se não setar abaixo de 25 o bebê cicla muito
baixa para ocorrer o disparo do ventilador pela rápido. Com diminuição do % há tempo maior do bebê
sensibilidade qualquer esforço (até mudança de respirar e possibilidade maior de sincronizar o pct no
decúbito) o ventilador percebe e acha que foi um modo → tem vasamento do sistema porque não tem
esforço respiratório. Desta forma, ocorre a auto cuff, deixando difícil sincronizar um bebê em PSV
ciclagem. Quando o valor cai abaixo do volume limite → sugere
 Autociclagem→ movimentos e escapes que que os mm inspiratórios já estejam relaxando →
disparam o ventilador (muito comum em interrupção da inspiração e início da expiração
neonatologia).

Na SIMV há janelas fixas (diferente do assisto Imagem do Inter 3 x Distal – circuito similar ao adulto com
controlado que são janelas móveis porque dependem diferença do umidificador. A mangueira vai pro umidificador e
do esforço que o paciente faça). O primeiro ciclo da vai pro pct
SIMV é sempre controlado, se o paciente entrar o
segundo é sempre assistido e se o paciente entrar será Ventilação com volume
o espontâneo. É possível num fluxo contínuo que o
paciente respire espontaneamente. Se o paciente não alvo/volume garantido
entrar uma janela inteira o próximo ciclo é o Evidência científica mais atual e mais correta para o
controlado. Alterna então entre controlado e uso em neoped
espontaneo dependendo da situação. Os ciclos É um modo avançado
espontâneos que o paciente faz não tem nenhum Variação da ventilação a pressão com garantia de VC
suporte, apenas a PEEP (CPAP). → é um modo que ventila a pressão mas garante o
volume corrente. Ex: em bebês “muito duros”, ao
A fase mandatória entra com os parâmetros jogar muita pressão, o volume fica baixo. Já em
determinados e a fase espontânea não tem nenhuma pulmões muito complacentes pode ser mandado um
ajuda, só o fluxo contínuo que está no sistema e a volume alto demais para este pulmão. O ideal é que
PEEP. Mas se trabalhamos com SIMV + PSV (o que é seja controlado este volume.
frequente nos lactentes) significa uma fase TOT sem cuff → vazamento pode subestimar o volume
mandatória mas quando o paciente entra no medido pelo ventilador
espontâneo é em PSV (ajuda um pouco mais a criança). Pode ser associado a qualquer modo básico de
ventilação (controlado, assisto controlado, SIMV ou
PSV PSV)
Cada respiração é iniciada e finalizada pelo paciente
Dependendo do modo, as pressões sobem lentamente
entre os ciclos até atingir o volume alvo escolhido →
pode levar vários ciclos (depende do ventilador)
Determinação do V

Precisa por o final na aula!

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