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INTRODUÇÃO A

TERAPIA
INTENSIVA
UTI. Aula I
Definição

Uma Unidade de Terapia Intensiva destina-se à internação de pacientes com algum tipo de
instabilidade clínica, que necessitem de vigilância permanente. Não precisam,
necessariamente, correr risco de vida, mas apresentar condições de gravidade.
Podem ser enviados para estas unidades pessoas com alguma enfermidade aguda, cuja
evolução do tratamento deva ser monitorada porque pode levar para alguma insuficiência
orgânica, isto é, aquelas que acabaram de sair de grandes cirurgias com elevado risco de
intercorrências ou até pacientes em fase pós-operatória, mesmo os de cirurgias de menor
porte mas que, por doenças associadas, merecem maior atenção pelo risco de
complicações.
Surgimento

■ O surgimento das UTIs teve origem nos anos 1960, durante a Guerra do Vietnã, quando
os soldados feridos necessitavam de um local específico para que pudessem ter acesso a
um atendimento, rápido e eficiente, por uma equipe de médicos e enfermeiros. Foram
acrescentadas inovações terapêuticas que contribuíram para o crescimento da terapia
intensiva, como a terapia intravenosa para o choque, a transfusão sanguínea, a anestesia,
além da remoção de pacientes para meios que estavam melhores equipados.
■ No Brasil, as UTIs foram implantadas na década de 1970, contribuindo para que a
enfermagem em um curto período de tempo adquirisse bases teóricas para sua prática
neste novo campo de atuação (GOMES, 1988). Também foi nessa década que surgiram
os primeiros cursos de especialização de enfermagem em terapia intensiva, e
expandiram por todo o país.
O tempo de permanência do paciente
na unidade
Isso dependerá muito do caso. Em fase pós-operatória, pode variar de 24 horas para
cirurgias menores, ou de 3 a 5 dias no caso daquelas de maior porte, como transplantes.
Depende também do tipo detratamento que o paciente está recebendo. Quando se trata de
quadros de natureza neurológica, por exemplo, a resposta terapêutica costuma ser mais
lenta, e a permanência, na maioria das vezes, se prolonga
Modalidades

Os serviços de tratamento intensivo dividem-se de acordo com a faixa etária dos pacientes atendidos, nas seguintes modalidades
(BRASIL, 2010):

a)Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional
especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia;
b) Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI destinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos,
podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição;
c) Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI destinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença ou
intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre outras;
d) Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI destinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre zero e 28 dias;
e) Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI destinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos,
sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição;
f) Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTI-Pm): UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos
numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
Diferença entre UTI e CTI

CTI significa Centro de Terapia Intensiva e engloba a UTI, a Unidade Semi-Intensiva, e


a Unidade Coronariana (UCO).
Na UTI ficam os doentes mais graves, que requerem mais cuidados que na semi-intensiva.
Já para a UCO são mandados aqueles doentes que apresentam algum problema cardíaco.
Equipe e função

“A principal função de uma UTI é monitorar o paciente”, diz a médica Lilian Moreira Pinto, do
Programa de Residência em Medicina Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, em São
Paulo.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), a UTI é um local de grande especialização
e tecnologia, identificado como espaço laboral destinado a profissionais da saúde, principalmente
médicos e enfermeiros, possuidores de grande aporte de conhecimento, habilidades e destreza para
a realização de procedimentos. Nesse sentido, subentende-se que os profissionais que atuam nessas
Unidades, necessitam de muito preparo, pois invariavelmente, podem se defrontar com situações
cujas decisões definem o limite entre a vida ou a morte das pessoas.
Uma equipe multiprofissional atende a unidade com médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, fisioterapeutas, além de nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes
sociais.
TERMOS
TÉCNICOS
USADOS EM UTI
•Bipap: Aparelho utilizado para suporte a respiração de forma não invasiva, utilizando máscaras
nasal ou facial, para evitar a necessidade de intubação.
•Bomba de infusão: Equipamento utilizado para infundir medicamentos e soluções com precisão e
segurança.
•Cateter de Swan-Ganz: Tipo de cateter instalado no lado direito do coração, e utilizado para
medidas diretas de pressões e determinação do débito cardíaco, permitindo um melhor controle da
evolução clínica do paciente, facilitando as decisões terapêuticas.
•Cateter venoso central e intra-cath: Cateter introduzido em veias centrais (mais profundas),
permitindo a infusão de soros, medicamentos e monitoração de pressões.
•Choque: situação em que a circulação dos órgãos é prejudicada,geralmente acompanhada de
queda da pressão arterial.
•Choque séptico: situação em que a circulação dos órgãos é prejudicada, geralmente
acompanhada de queda da pressão arterial. Decorre de uma infecção instalada em um ou mais
órgãos , e que pode se espalhar por todo o organismo. O tratamento deve se basear em reposição
de soro (volume), antibióticos e uso de drogas especiais que auxiliem a manutenção da pressão
arterial até que o organismo se recupere.
•Coma induzido: Expressão utilizada para descrever a condição de alteração da consciência pelo
uso de drogas sedativas.
•Desmame da ventilação mecânica: Procedimento de gradual retirada do suporte oferecido pelo
respirador mecânico. Poderá durar algumas horas ou vários dias.
•Desmame difícil: Condição clínica em que existem dificuldades para interrupção do suporte com
ventilação mecânica, relacionada a gravidade da doença atual e reserva funcional respiratória
prévia.
•Derrame Pleural: excesso de líquido no espaço pleural. O espaço pleural é um espaço virtual,
habitualmente preenchido por 50 ml de líquido. Este espaço fica entre a parede interna da caixa
torácica (revestida pela pleura chamada de parietal) e o pulmão (revestido pela pleura pulmonar).
Várias causas podem causar desequilíbrio na produção e absorção contínua deste líquido pleural.
Quando isso ocorre, o líquido se acumula e acaba comprimindo o pulmão. Se for um derrame
pleural muito volumoso, pode afetar a capacidade de respirar do paciente. O tratamento dependerá
da causa que levou ao acúmulo e muitas vezes implica em punção e drenagem do líquido para
análise e alívio.
•Diálise: Método de substituição da atividade renal, permitindo a retirada de substâncias
tóxicas ao organismo e remoção de líquidos, não eliminados pela falta de diurese. Poderá
ser feita a filtragem direta do sangue(hemodiálise), ou indiretamente utilizando-se a
membrana peritoneal(diálise peritoneal).
•Drenos: Tubos colocados em feridas operatórias ou cavidades, para drenagens de
hematomas e outros líquidos orgânicos.
•Escaras: São feridas que surgem em pacientes graves, principalmente nas regiões sacral,
quadril e tornozelos, decorrentes do comprometimento da circulação local.
•F.A.: Fibrilação Atrial, é uma arritmia (irregularidade no batimento do coração), que pode
ser aguda ou crônica. Em sendo aguda, deve ser revertida na maioria dos casos. No caso
das crônicas, geralmente o paciente convive bem com a arritmia, estando, na maioria das
vezes, contra-indicada sua reversão.
•Fisioterapia respiratória: Conjunto de procedimentos e manobras executados para manter
a integridade das vias aéreas e pulmão, além de participar ativamente na ventilação
mecânica e desmame da mesma.
■ Infecção Generalizada – ver sepse/choque séptico
■ Intra-cath: ver “Cateter Venoso Central”
■ Intubação: Passagem de tubo endotraqueal através da boca ou narina, até a traquéia, para
garantir a permeabilidade das vias aéreas e utilização de ventilação artificial(ver respirador
mecânico).
■ Isolamento: leitos especiais em que são colocados pacientes com bactérias resistentes a um
grande número de antibióticos, para evitar a disseminação destas bactérias.
■ Marca-passo: Equipamento responsável pela geração de estímulo elétrico artificial para o
coração.
■ Morte encefálica ou cerebral: Disfunção neurológica irreversível com perda total da atividade
cerebral.
■ Politraumatizado, politraumatismo : condição em geral decorrente de acidentes com trauma direto de várias
regiões e aparelhos do corpo, com evolução grave e instável; é frequente haver coma quando existe traumatismo
cranio-encefálico grave. Geralmente o paciente é operado de emergência.
■ PVC – Pressão Venosa Central – É uma pressão medida geralmente na veia cava (já bem próximo ao coração),
através da inserção de um cateter de veia central (ver intra-cath).
■ Reanimação cardiopulmonar: Conjunto de manobras realizadas para garantir a circulação de órgãos nobres
(coração e cérebro), quando ocorre parada cardíaca súbita e inesperada.
■ Sedação: Medicamentos utilizados para tornar o paciente inconsciente (ver coma induzido), propiciando maior
conforto em fases do tratamento em que o estado de vigília (alerta) é desnecessário.
■ Sepse/choque séptico: Infecção que provoca uma inflamação generalizada, levando a disfunção
cardiopulmonar, dos vasos sanguíneos e celular.
■ Síndrome de disfunção dos múltiplos órgãos e sistemas: Condição clínica associada a grave lesão orgânica,
que, quando não revertida progride para a morte.
■ Sondas: Geralmente de PVC ou outros materiais, são introduzidas em diferentes orifícios (vesical, na bexiga,
nasogástrica, no estômago e etc) para permitir a drenagem de líquidos orgânicos, ou algumas vezes infusão de soluções
ou medicamentos.
■ Suporte Hemodinâmico: expressão que significa o controle das condições do sistema circulatório do paciente (vigiar e
manter em valores adequados a pressão arterial, a pulsação, a produção de urina, a oferta de nutrientes e oxigênio ao
organismo, bem como sua utilização pelo mesmo), visando com isso que o paciente tenha condição de se recuperar da
causa que o levou a alteração de sua “condição hemodinâmica” habitual (ou normal).
■ Traqueostomia : Procedimento cirúrgico realizado com pequena incisão na traquéia para retirar cânula de intubação
orotraqueal (tubo na boca) e colocar uma pequena cânula nessa incisão. Isto é realizado para proporcionar maior
conforto nos pacientes que se encontram com desmame difícil da ventilação ou com quadro neurológico sem a
percepção de desmame precoce da ventilação. Além do conforto, diminui a incidência de lesões na faringe e cordas
vocais.
■ Traumatismo craniano, TCE , traumatismo cranio-encefálico: lesão das estruturas do cérebro decorrente de
acidentes, com edema (inchaço) ou formação de coágulos ,exigindo freqüentemente cirurgia de emergência e/ou coma
induzido.
■ Tubo endotraqueal: Cânula introduzida através da boca ou narina, até a traquéia para
permitir a passagem do ar até os pulmões.
■ Ventilador Pulmonar: Também conhecido com Ventilador Mecânico, e muitas vezes
chamado equivocadamente de respirador mecânico ou artificial, é o aparelho
responsável por manter a ventilação pulmonar, propiciando ao organismo condições
para que possa manter as trocas gasosas ( = respiração, esta feita pelo paciente e não
pela máquina).
A maioria desses aparelhos permitem otimizar, além da ventilação, a troca gasosa,
através de estratégias ventilatórias adequadas para esse fim.

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