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Pós-Graduação Enfermagem em Neonatologia

Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório Imediato de RN’s


em cirurgias cardíacas

Disciplina: Intervenções de Enfermagem no RN em Emergências Clínicas


Docente: Professor Marcos Thomazin

Aluna: Monica A. Rodrigues da Silva

São Paulo
2017
Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório Imediato de RN’s em cirurgias cardíacas

O RN deve ser reavaliado continuamente e os cuidados a serem aplicados devem


ser propostos conforme necessidades surgirem, realizando-se a avaliação do quadro
quantas vezes se mostrarem necessárias. Esta avaliação deverá levar em consideração o
tipo de procedimento ao qual o RN foi submetido, sinais vitais, idade e quais dispositivos
(invasivos ou não) se fazem necessários para a manutenção da homeostase do paciente.
Assim sendo os cuidados abaixo listados servem como norteadores básicos do cuidado,
podendo ser adaptados se assim for necessário.

 Mínimo manuseio: devido ao risco de instabilidade hemodinâmica e risco de


infecção, devido à região esternal aberta. Além disso, o manuseio sem controle
pode levar a perda de calor e a hipotermia do RN.
 Controle laboratorial: Riscos de distúrbios eletrolíticos, metabólicos e ventilatórios.
 Monitorização da Oximetria de pulso: existe risco de alteração da função
respiratória (Oxigenação) sendo também indicador do débito cardíaco, shunt
intrapulmonar e intracardíaco.
 Temperatura das extremidades, cor e pulsos: para avaliação da perfusão tissular;
 Monitorização cardíaca e Proteção do fio de marca-passo: Risco de variações da
frequência e do ritmo cardíaco. Risco de arritmias ou bloqueio átrio-ventricular por
edema do músculo cardíaco. Deve ser instalada assim que a criança chega ao
setor e é monitorada de forma contínua, devido ao risco de arritmias no pós-
operatório.
 Acompanhamento da Temperatura corporal: Risco de infecção e sangramento
causado pela hipotermia que leva ao aumento da resistência vascular sistêmica
(RVS), pós-carga e o trabalho do VE; Risco de vasodilatação periférica e
hipotensão causada pela hipertermia que leva ao aumento do consumo de oxigênio
e diminuição da RVS.

Pressão arterial
 Monitorização da pressão arterial sistólica, diastólica e media (PAM): avaliação
continua do estado hemodinâmico, possibilitando ajustes rápidos de drogas.
 Monitorização da Pressão venosa central (PVC) ou pressão de átrio direito (AD):
possibilita a verificação da pressão diastólica final do ventrículo direito (VD) em
especial nos pacientes com hipertensao pulmonar residual.

Na avaliação hemodinâmica, os parâmetros observados servem para nos fornecer


uma melhor visão do funcionamento da dinâmica circulatória. Os que encontramos
rotineiramente monitorados são:
 P.A.M.: pressão arterial média. Deve ser identificada e mantida permeável e livre
de coágulos. O local da punção deve ser avaliado constantemente quanto à
presença de edema, sangramento e condições circulatórias do membro
puncionado.
 P.A.E.: pressão de átrio esquerdo. O cateter se localiza dentro do átrio esquerdo,
por isso sua manipulação tem que ser cuidadosa. Deve ser identificado e mantido
permeável.
 P.V.C.: pressão venosa central. Deve ser identificado e mantido permeável.

Desempenho respiratório: deve ser mantido manutenção do suporte ventilatório


mecânico com aspiração de TOT e VAS devido ao risco de atelectasias e alteração na
relação ventilação/perfusão, com consequente queda da complacência e da oxigenação;
A importância de uma adequada ventilação no pós-operatório deve-se à manutenção do
paciente em condições basais, que mantenham o tecido do miocárdio livre de excessos
funcionais.
Após a instalação do respirador (previamente testado), deve ser verificado o seu
adequado funcionamento, observando-se a expansão torácica, ausculta pulmonar e sinais
de sofrimento respiratório (cianose, sudorese, batimento de asa de nariz e aumento da
frequência cardíaca). Em caso de inadequada ventilação, é necessário o reajuste dos
parâmetros do aparelho e a reavaliação do quadro clínico.
Deve-se assegurar a permeabilidade do tubo oro ou nasotraqueal através da
realização de higiene traqueal a cada três horas com rigorosa técnica asséptica tem,
assim como a escolha de sonda de material adequado e calibre compatível com o tubo.
A extubação tem que ser programada e o desmame gradativo, conforme tolerância
da criança, sempre sendo testados os sinais de insuficiência respiratória. Com uma
resposta favorável ao processo de desmame, que é acompanhado da avaliação dos
gases arteriais, procede-se a extubação. O material específico para a ventilação e
reintubação em casos de urgência tem que estar preparado, próximo ao leito.
Após a extubação, é necessária nova avaliação da criança para a identificação da
necessidade ou não de suporte de oxigenioterapia. Sudorese intensa pode ser sinal
indicativo de esforço respiratório.

Desempenho renal: deve ser avaliado continuamente devido ao Risco de ligúria e


insuficiência renal, devido ao tempo de exposição à CEC. A insuficiência renal no pós-
operatório de cirurgia cardíaca tem como causa mais frequente o baixo fluxo renal, em
consequência da diminuição do débito cardíaco. Outras causas podem ser: desidratação,
hiponatremia, jejum pré-operatório prolongado e hemoglobinúria. O débito urinário não
deve ser inferior a 01ml/kg/h e as características da urina eliminada devem ser
cuidadosamente observadas.
Deve-se suspeitar de insuficiência renal deve ocorrer quando o fluxo urinário
permanecer baixo após tentativas de correção hipovolêmica e de melhora do débito
cardíaco.
Quando o aumento de potássio se torna irreversível, a acidose metabólica é persistente, a
ureia está elevada ou há sobrecarga de líquido no paciente, indica-se a diálise peritoneal.

Avaliação neurológica: As manifestações neurológicas que aparecem no pós-operatório


imediato estão relacionadas a fatores pré, trans e pós-operatório. Uma avaliação
detalhada da criança no pré-operatório e o conhecimento das intercorrências no
transoperatório tornam o pós-operatório melhor controlado.
Normalmente a criança é recebida na sala de recuperação em coma pós-
anestésico, vindo a acordar nas primeiras horas do pós-operatório. Periodicamente se
realiza a avaliação neurológica dessa criança, em que se observa o nível de consciência,
sinais de agitação psicomotora, presença de coma além do tempo esperado,
movimentação dos quatro membros e convulsões.
Algumas intercorrências como distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos
acentuados, hipóxia ou hipotensão prolongadas, crise hipertensiva, embolia aérea ou má
ventilação devem ser valorizados ao se realizar a avaliação neurológica.

Sistema hematológico: A hemorragia pode aparecer no pós-operatório de cirurgia


cardíaca por diversas razões, sendo a principal delas a hemostasia insuficiente. O
reconhecimento precoce, a identificação da causa e a terapêutica rápida e eficaz visam
manter o estado geral do paciente e não comprometer o desempenho cardiovascular.
As perdas sanguíneas deverão ser consideradas medindo a quantidade drenada pelos
drenos por hora.
Sondas e cateteres
 Cateteres venosos profundos: são um meio seguro e eficiente para a infusão
contínua de soros, eletrólitos e outras drogas. Sua permeabilidade deve ser
sempre verificada e o curativo trocado periodicamente, de acordo com o protocolo
institucional. É importante a observação de sangramento e/ou sinais de infecção
no óstio de inserção.
 Cateteres venosos periféricos: servem para uma rápida e adequada reposição
volêmica, seja com o uso de colóides ou por intermédio de cristalóides. Devese
observar sua permeabilidade, fixação adequada e presença de extravasamento.
 Drenos torácicos: Acompanhamento de drenagem através dos drenos pleural e
mediastinal devido ao risco de sangramento pós-operatório, devido coagulopatia
ou hemostasia cirurgica inadequada. O volume de drenagem deve ser medido e
anotado a cada hora. Nos casos de sangramento intenso, esse espaço de tempo
pode ser reduzido para trinta minutos. Sua permeabilidade é mantida através da
ordenha e efetiva aspiração contínua. O selo d’água deve ser trocado a cada seis
horas. Sua retirada respeita o tipo de cirurgia efetuada, as complicações
pleuropulmonares presentes e o sangramento que possa ocorrer pelos mesmos.
Deve ser sempre precedida da retirada dos cateteres centrais, devido ao risco de
sangramento.
 Sonda nasogástrica: devido ao risco de acumulo de secreção gástrica e/ ou liquido
de estase deve ser mantida aberta, o que propicia o alívio da distensão abdominal
causada pela assistência ventilatória e previne a compressão do coração e da veia
cava pelo estômago distendido e pelo diafragma elevado. Deve permanecer
aberta sempre que houver íleo paralítico, úlcera de stress, estase ou outras
complicações. Caso contrário, mantida fechada após doze horas de pós-operatório
para evitar espoliação hidroeletrolítica. Será testada e mantida aberta em frasco,
observando-se seu adequado posicionamento e efetividade da drenagem. As
características e volume do líquido drenado deverão ser atentamente observados.

Balanço hídrico: Todos os volumes das infusões parenterais e por sonda nasogástrica
serão rigorosamente observados e registrados a cada hora em folha própria, assim como
as perdas hídricas e coloides. O balanço parcial deverá ser fechado a cada seis horas,
para uma melhor avaliação da criança.
Diagnósticos de Enfermagem

(00004) Risco de infecção


(00030) Troca de gases prejudicada
(00092) Intolerância à atividade
(00032) Padrão respiratório ineficaz
(00094) Risco de intolerância à atividade
(00029) Débito cardíaco diminuído
(00155) Risco de quedas
(00204) Perfusão tissular periférica ineficaz
(00111) Atraso no crescimento e desenvolvimento
(00116) Comportamento desorganizado do lactente
(00062) Risco de tensão do papel do cuidador
(00039) Risco de aspiração
(00031) Desobstrução ineficaz de vias aéreas
(00206) Risco de sangramento
(00200) Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída
(00007) Hipertermia
(00205) Risco de choque
(00046) Integridade da pele prejudicada
(00011) Constipação
(00132) Dor aguda
(00025) Volume de líquidos excessivo
Referências

 Batista JFC, Silva ACSS, Azeredo AN, Moura SM, Mattos VZ. A enfermagem no cuidado
integrado ao recém-nascido com cardiopatia congênita cianótica: relato de caso. Online Braz
J Nurs. [on-line]. 2005 abr; 4(1). Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/index.

Pileggi SO. Validação clínica do diagnóstico de enfermagem desobstrução ineficaz de vias


aéreas de crianças e adolescentes submetidos à correção cirúrgica de cardiopatia congênita
[dissertação]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2007.

BOAZ, M. R.; LAGEMANN, R. C.; LIMA, L. L. Pós-operatório de cirurgia cardíaca e


transplante cardíaco pediátrico. In: EINLOFT, L.; ZEN, J.; FUHRMEISTER, M.; DIAS, V. L.
Manual de enfermagem em UTI pediátrica, 3ª ed., Rio de Janeiro: Medsi, p. 126-43, 1996.

SILVA, Valéria Gonçalves et al . Diagnósticos de Enfermagem em crianças com cardiopatias


congênitas: mapeamento cruzado. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 28, n. 6, p. 524-530,
Dec. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002015000600524&lng=en&nrm=iso>. access on 05 Dec. 2017.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500088.
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