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PRIMEIROS SOCORROS

UNIDADE 3 - CASOS DE HEMORRAGIA E


DISTÚ RBIOS DE GLICEMIA: O QUE O
SOCORRISTA DEVE FAZER?

Ana Paula Felizatti


Introdução
Um corpo saudável vive em equilíbrio natural, com volume sanguíneo e concentração de nutrientes
adequados para a manutenção das funçõ es fisioló gicas que sustentam a vida. O sangue é o que mantém nosso
corpo em funcionamento, uma vez que é o responsável pelo funcionamento dos ó rgãos, pelo transporte de
nutrientes e outras funçõ es essenciais para a nossa sobrevivência (MORAES, 2010).
Sendo assim, vale um questionamento: você sabe reconhecer situaçõ es em que pode ocorrer desequilíbrios
do volume sanguíneo, comprometendo, assim, o bom funcionamento do corpo? Podemos citar, por exemplo,
uma vítima que sofreu uma lesão grave, havendo extravasamento de sangue. Com isso, seu volume sanguíneo
pode cair bruscamente, levando o corpo da vítima a um estado grave, em que as funçõ es vitais ficam
comprometidas pela falta de suprimento sanguíneo, podendo chegar à ó bito rapidamente se o processo
hemorrágico não for contido.
Outro conceito importante são os componentes presentes no sangue, entre os quais podemos destacar a
glicose. Uma vez que nosso corpo possui um processo complexo para transporte e controle da concentração
de glicose na circulação sanguínea, isso assegura que cada região receba o aporte necessário. Todavia, em
alguns casos, podem ocorrer distú rbios que alteram a concentração da glicose sanguínea, fazendo com que a
vítima tenha seus processos vitais comprometidos.
Você já ouviu falar em hiperglicemia e hipoglicemia? Eles refletem a concentração de glicose no sangue,
sendo, respectivamente, o excesso e a falta dela (KARREN et al., 2013).
Aliás, você saberia como agir se alguém iniciasse um processo hemorrágico ou de alteração da glicemia?
Neste capítulo, abordaremos conceitos importantes sobre essas situaçõ es, destacando as açõ es de primeiros
socorros associadas para o auxílio da vítima de hemorragia ou em processos de alteração da glicemia.
Vamos em frente!

3.1 Primeiros socorros em hemorragia: técnicas específicas


para diferentes tipos hemorrágicos
As hemorragias são o resultado de lesõ es internas, ou seja, que atingem as veias. Por conta disso, elas também
são chamadas de lesõ es vasculares.
Os processos hemorrágicos podem ser visíveis ou não, mas ambos devem ser levados a sério com cuidados
de primeiros socorros imediatos e bem executados para a manutenção da segurança da vítima (FLEGEL,
2015).
Clique no vídeo a seguir para ver uma videoaula sobre curativo para ferimento por corte.
É indispensável que o socorrista esteja preparado para agir e conter a situação, evitando que a vítima perca um
volume de sangue muito alto, o que poderá causar problemas sérios, vindo, inclusive, à ó bito. É necessário,
também, que o socorrista saiba reconhecer os diferentes tipos de hemorragias e os cuidados essenciais, além
dos conceitos sobre essas lesõ es vasculares tão importantes no contexto de primeiros socorros.
A partir de agora, estudaremos os conceitos sobre lesõ es vasculares, suas diferenciaçõ es e os tipos de auxílio
em primeiros socorros que devem ser realizados para acolhimento da vítima.

3.1.1 Hemorragias: conceitos sobre lesões vasculares e a importância da


circulação sanguínea
É importante que saibamos que o sangue é composto por duas partes, uma líquida e uma só lida. A parte
líquida é composta pelo plasme e pelo soro, enquanto que a parte só lida é composta pelos gló bulos brancos e
vermelhos. Com isso, a coloração avermelhada do sangue é consequência das hemácias, células sanguíneas
responsáveis por carregar oxigênio e sangue por todo o corpo (MORAES, 2010; FLEGEL, 2015).
A importância do sangue para a sobrevivência de um organismo é incontentável, visto que a circulação
sanguínea é responsável pela manutenção dos processos vitais, como respiração, nutrição, defesa contra
pató genos, excreção e regulação corpó rea.
As lesõ es vasculares são as causas das hemorragias, ou seja, quando ocorre a lesão de um vaso sanguíneo, há
extravasamento de sangue, o que pode extrapolar pela derme e epiderme ou permanecer no interior do
organismo (FLEGEL, 2015; ROSALES, 2007).
Explica-se, então, que a gravidade de um processo hemorrágico se dá pela interrupção da circulação
sanguínea, obstruindo, consequentemente, a distribuição de compostos essenciais, como o oxigênio, além de
comprometer o funcionamento de ó rgãos que dependem da pressão sanguínea, como o coração e o cérebro
(KARREN et al., 2013).
Dessa forma, é incontestável, também, a importância do atendimento em primeiros socorros para a imediata
reparação e contenção do processo de extravasamento sanguíneo.
No entanto, o que acontece com o corpo quando o sangramento se inicia?
Sabemos que a diminuição de sangue leva o corpo a tentar reequilibrar o líquido perdido, e,
consequentemente, a concentração de oxigênio e nutrientes que ficarão comprometidas. Como efeito, os
principais ó rgãos afetados pela falta de oxigênio são o cérebro, o coração e o pulmão (MORAES, 2010;
KARREN et al., 2013).
Para compensar o decaimento da circulação, o corpo passa a priorizar os ó rgãos vitais, restringindo os vasos
que levam sangue para pele, por exemplo, além de aumentar a frequência cardíaca e a produção de hemácias,
liberar vias endó crinas para a regulação e a captação de nutrientes, bem como direcionar plaquetas para o
ferimento. O direcionamento das plaquetas, por sua vez, auxilia na contenção da hemorragia, acelerando a
coagulação e recrutando gló bulos brancos para que a infecção seja combatida pela exposição resultante do
ferimento (FLAGEL, 2015).
A hemorragia compromete todo o equilíbrio fisioló gico do corpo, devendo ser contida com rapidez para que
os efeitos possam ser revertidos pelo fornecimento de sangue e nutrientes perdidos via venosa no cuidado
hospitalar, pó s-primeiros socorros.
VOCÊ QUER LER?
Algumas pessoas possuem problemas de coagulaçã o sanguínea, o que torna um caso
de hemorragia ainda mais severo, pois se perde um auxílio importante do corpo para
estancar o sangramento. Uma das possíveis causas desse problema é uma doença
chamada “hemofilia”, em que o coá gulo de plaquetas e glóbulos brancos nã o é
formado, e a hemorragia persiste, levando à vítima ao óbito rapidamente. Para saber
mais sobre o assunto, você pode ler o “Manual da Hemofilia”, criado pelo Ministé rio da
Saú de: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf )>.

Flegel (2015) menciona que o processo hemorrágico tem a severidade atrelada a quantidade de sangue que a
vítima está perdendo. Isto é, a velocidade de fluidez do sangue ao sair do ferimento, bem como o local onde
ocorreu o ferimento. Por exemplo, ferimentos na região do pescoço podem ser fatais em poucos segundos;
enquanto que em outras regiõ es a perca de um litro e meio de sangue já torna a situação bastante grave,
podendo a vítima chegar à ó bito.

3.1.2 Tipos hemorrágicos e princípios de primeiros socorros


A gravidade do processo hemorrágico é diretamente relacionada ao local da lesão, ou seja, onde se origina o
vazamento sanguíneo. Contudo, de acordo com Flegel (2015), outros fatores também podem influenciar, como
os que você poderá ver, clicando no recurso a seguir.

Tamanho do vaso

Vasos com calibre alto, ou seja, com espessuras maiores, são capazes de expulsar sangue em uma
velocidade maior, acelerando a perda de volumetria.

Hemorragia interna ou externa

O processo interno não é facilmente detectado, agravando o caso.


Idade e peso da vítima

Fatores que podem influenciar no volume total de sangue no corpo.

Condição física da vítima

A condição física influencia diretamente na saú de cardíaca e na capacidade do coração se


sobrecarregar para equilibrar a distribuição sanguínea durante o período crítico.

Possibilidade de comprometimento das vias aéreas

A lesão pode ocorrer pró xima a vias aéreas, causando entupimentos, que podem gerar afogamentos
ou engasgos.

Entre os fatores que afetam a gravidade da hemorragia, a origem é um dos pontos mais importantes,
principalmente no atendimento de primeiros socorros. A rápida identificação do local é essencial para o
estancamento imediato e interrupção da perda sanguínea (FALCÃ O, 2015).
Apó s a aplicação dos primeiros socorros para a interrupção do processo hemorrágico, os cuidados
hospitalares incluem a transfusão sanguínea para a recuperação do líquido perdido. Contudo, para que a
vítima sobreviva para receber a doação, é necessário que os procedimentos de primeiros socorros sejam
realizados corretamente.

VOCÊ SABIA?
O processo de doaçã o de sangue, que, a grosso modo, é o vazamento sanguíneo
controlado, considera o peso dos candidatos. O volume de sangue é diretamente
proporcional ao peso corporal, assim, para mulheres, o permitido é que se doem
8ml/kg corporal; enquanto que, para homens, 9mL/kg. Uma pessoa com 50 kg
poderia doar entre 400 e 450 mL, por exemplo, volume nã o suficiente para as
bolsas padronizadas de coleta (PRÓ SANGUE, s/d).
Além disso, há alguns pontos que devem ser conhecidos durante a análise do ferimento e a busca pela sua
origem, não apenas no contexto da busca física e externa, mas se o vaso que sofreu a lesão foi uma artéria,
uma veia ou um capilar. A figura a seguir traz a representação desses três tipos de vasos, bem como o fluxo
sanguíneo que os perpassam.

Figura 1 - O reconhecimento da lesão tendo origem em uma veia, um capilar ou uma artéria é essencial para
a prestação do auxílio.
Fonte: Alila Medical Media, Shutterstock, 2018.
Analisando e sabendo reconhecer a origem da hemorragia, pode-se estabelecer um procedimento mais seguro
de primeiros socorros, pois se obtém um panorama sobre a profundidade e a gravidade da lesão (FLEGEL,
2015; SANTOS, 2014; MORAES, 2010).
Podemos diferenciar os três tipos hemorrágicos de acordo com sua origem. Clique no recurso a seguir.

Consequência do rompimento de artérias, ocorrendo na forma de jatos de sangue


vermelho-vivo. Caso ocorra bolhas, é uma indicação da presença de oxigênio.
Hemorrag
Geralmente surge em ferimentos profundos ou internos, sendo considerada a mais
ia arterial
grave, com maior velocidade de perda volumétrica por intervalo de tempo. Neste
tipo, as artérias levam sangue do coração para o corpo.

Consequência do rompimento de veias, ocorrendo em filete de sangue vermelho-


Hemorrag
escuro. Geralmente ocorre devido a ferimentos mais profundos ou internos, em que
ia venosa
as veias levam sangue do corpo para o coração.

Consequência do rompimento de capilares sanguíneos. Geralmente, ocorre devido a


Hemorrag
escoriaçõ es, ou seja, ferimentos que atingem a derme. Neste caso, os capilares levam
ia capilar
sangue aos tecidos e ligam artérias a veias.

Além do tipo de vaso atingido, é necessário reconhecer que as hemorragias podem ser externas, sendo
facilmente detectadas; ou internas, de difícil detecção a olho nu. As internas, inclusive, não apresentam
exteriorização do sangue, pois são resultado de traumas e hematomas internos (ROSALES, 2007).

Figura 2 - As características dos ferimentos permitem identificar sua origem, podendo o socorrista saber se
o ferimento foi em capilares, artérias ou veias, a fim de aplicar a técnica adequada.
Fonte: NoPainNoGain, Shutterstock, 2018.
O atendimento em primeiros socorros para ferimentos externos deve seguir medidas de segurança para o
socorrista, que deve se proteger com luvas, ó culos e máscaras, evitando o contato com o sangue da vítima.
Afinal, a transmissão de pató genos por contato sanguíneo é um agravante das hemorragias, expondo a vida de
socorristas e outras pessoas à riscos. Vale lembrar, ainda, que doenças como a AIDS ou hepatites são
transmitidas por contato sanguíneo e comprometem a saú de e a qualidade de vida do paciente (FLEGEL,
2015).
Dessa maneira, a primeira ação de primeiros socorros é a proteção do socorrista. De acordo com Moraes
(2010), Santos (2014) e Karren et al. (2013), entre as açõ es para proteção, estão as que você poderá ver a
seguir, clicando nos ícones.

Usar luvas descartáveis nã o porosas.

Usar ó culos e má scaras para proteçã o do rosto.

Lavar á reas que entraram em contato com sangue


ou fluídos em á gua corrente imediatamente.

Lavar as mã os imediatamente apó s a remoçã o


das luvas.

Separar roupas ou toalhas contaminadas com


sangue para lavagem isoladamente de outros
materiais nã o contaminados.

Remover as luvas com segurança, sem entrar em


contato com a parte contaminada, descartando-
as em um recipiente adequado.
VOCÊ QUER VER?
O mé todo para a remoçã o correta das luvas é muito importante no que diz respeito a
manutençã o da biossegurança do socorrista. Sã o muitos patógenos que podem ser
transmitidos pelo sangue. Portanto, devemos ter cuidado para que a nossa saú de nã o
seja comprometida, aumentando o nú mero de vítimas durante um acidente. Um vídeo
curto, intitulado “Como retirar luvas de procedimento sem contaminar as mã os”, sobre
o mé todo correto da remoçã o, pode ser visto no link:
<https://www.youtube.com/watch?v=kP4zN7GGmoE
(https://www.youtube.com/watch?v=kP4zN7GGmoE)>.

Apó s assegurar sua proteção e a chamada do resgaste médico, o socorrista deve auxiliar a vítima
imediatamente, realizando a análise do ambiente e a abordagem da vítima, em busca por lesõ es e suas
origens.
A etapa seguinte, ou seja, o estancamento da hemorragia, deve ser realizada com responsabilidade para não
aumentar o ferimento. Conforme Flegel (2015), é preciso. Clique nos ícones a seguir.

1- Proteger o local com gaze limpa e estéril.

2- Pressionar firme e diretamente com as mã os o


local do ferimento sobre a gaze.

3- Trocar as gazes quando saturarem de sangue.

4- Atentar-se para a respiraçã o, os batimentos


cardíacos e os sinais vitais do acidentado.
Nesse contexto, os cuidados em primeiros socorros são essenciais para a sobrevivência da vítima, visto que a
agilidade na contenção da hemorragia e a chamada ao resgate são etapas cruciais. Deve-se, porém, agir com
responsabilidade e conhecimento para que as açõ es sejam realizadas de forma correta e efetiva.
Em suma, os primeiros socorros em casos de hemorragia incluem duas etapas primordiais: proteção do
socorrista e contenção do sangramento. Diversas técnicas podem ser usadas para contenção, dependendo do
tipo de ferimento e sua origem, a fim de evitar que a vítima entre em choque. Os métodos para restabelecer o
equilíbrio, estancando o vazamento, são chamados de métodos hemostáticos, sendo importantes ferramentas
tratadas na sequência.

3.2 Mecanismo hemostáticos e choque hipovolêmico: o que


são e como controlar
O controle de uma hemorragia é importante para evitar que o volume sanguíneo perdido seja elevado a ponto
de comprometer irreversivelmente as funçõ es vitais da vítima. Os métodos para conter o extravasamento
devem ser estudados e aplicados pelo socorrista (FLEGEL, 2015).
Por isso, o estudo de conceitos de primeiros socorros em emergências de hemorragia é essencial para a
formação de profissionais que lidam com a formação de recursos humanos. Na prática esportiva, por
exemplo, podem ocorrer quedas e ferimentos que necessitam da aplicação de técnicas de contenção da perda
sanguínea. Dessa forma, o profissional da área deve estar preparado para auxiliar o acidentado.
Figura 3 - Atletas podem sofrer acidentes durante a prática esportiva, que podem se agravar se os cuidados
primários não forem efetivamente aplicados.
Fonte: katatonia82, Shutterstock, 2018.

Uma vez que vítima perde um volume consideravelmente alto de sangue (aproximadamente um litro ou 20%
do volume total), o coração perde a capacidade de bombeamento, surgindo sérios problemas para a
manutenção das funçõ es vitais. É essencial que se estanque o ferimento e encaminhe a vítima para transfusão,
que deve ser realizado pelo suporte médico apó s o chamado do resgate (MORAES, 2010).
VOCÊ O CONHECE?
James Blundell foi o primeiro a realizar transfusões em humanos, após executar
experimentos em animais. James, em 1818, realizou a transfusã o em mulheres que
haviam sofrido hemorragias após o parto, salvando diversas vidas. O processo é
extremamente importante na história da humanidade, tendo salvo inú meras vidas
durante crises histórias causadas por doenças e guerras (INSTITUTO HOC, s/d).

Em casos de hemorragia externa, a identificação de um possível início de choque é facilitada, pois se observa
diretamente o fluxo sanguíneo que está sendo expelido pelo corpo. O grande problema, contudo, encontra-se
na análise de um possível choque em hemorragias internas. Alguns sintomas podem auxiliar na
identificação do problema, que, quando observados na vítima, ajudam o socorrista a preparar as medidas
necessárias.
Segundo Flegel (2015), Rosales (2007) e Falcão (2010), entre os sintomas, destacam-se os que você poderá
ver clicando no recurso a seguir.

Taquicardia
O bombeamento do coração é comprometido e o pulso fica fraco e
acelerado.
Pele com aspecto ú mido, frio e
A redução do volume sanguíneo prioriza ó rgãos essenciais,
pegajoso
restringindo o aporte sanguíneo epitelial.

Pupilas com reatividade baixa à luz,


Os olhos ficam com reatividade lenta e as pupilas se tornam
dilatadas
dilatadas devido à dificuldade na circulação sanguínea local.

Hipotensão
A queda da pressão sanguínea é característica da redução do aporte
sanguíneo circulante.

Respiração acelerada e profunda


A diminuição do transporte de oxigênio compromete os pulmõ es,
tornando a respiração dificultada.

Sede e inquietação
A sede e a inquietação são características da perda de volume de
líquidos e nutrientes. Contudo, vale lembrar que não deve fornecer
líquidos para a vítima, apenas umedecer seus lábios.

Náuseas e vô mitos
O corpo pede o equilíbrio e a baixa pressão sanguínea causa mal-
estar, o que se reflete em tonturas, náuseas e possíveis vô mitos.

Perda da consciência Em casos mais graves, a vítima, ao perder um volume de sangue


muito alto, tem o corpo respondendo com o “desligamento”
cerebral, em uma tentativa de salvamento e economia de energia.

Aliás, o reconhecimento dos sintomas do choque hipovolêmico é fundamental para a chamada do


atendimento médico, que deve ser imediato nesses casos, principalmente se a hemorragia não for aparente.
Além dos sintomas de choque hipovolêmico, outros sintomas de hemorragias internas também podem ser
considerados, como edemas; hipotermia; saída de sangue pelo nariz, ouvido, ânus, vagina, vô mito e tosse;
traumas ou feridas penetrantes no crânio, na pelve, no abdô men ou no tó rax; rigidez e espasmos musculares; e
dores na região do abdô men (FLEGEL, 2015).
Os primeiros socorros em hemorragias internas se resumem a identificação do problema, abordagem e
estabilização da vítima, afastamento de possíveis riscos e chamada imediata do serviço de emergência, visto
que apenas exames médicos podem confirmar e localizar os processos hemorrágicos internos. Deve-se, então,
aguardar pelo resgate e realizar açõ es para estabilização e redução de danos, que incluem manter as vias
aéreas desobstruídas; monitorar a respiração e a pulsação; manter a vítima em repouso; afrouxar as vestes e
manter o corpo aquecido; hiperventilar e realizar manobras de PCR se necessário; posicionar a vítima
lateralmente em caso de vô mito para evitar afogamento; manter-se pró ximo da vítima e em alerta até a
chegada do resgate.
Já em casos de hemorragias externas, a contenção do vazamento deve ser realizada assim que o socorrista
identificar o problema, a fim de evitar que o choque se instaure. As técnicas aplicadas precisam ser bem
estudadas para que a prática seja satisfató ria em um contexto emergencial.
Vamos analisar um caso a seguir.
CASO
Renata é uma atleta de alto rendimento, campeã de ciclismo. Entretanto, nas vé speras
de um campeonato, ela saiu para pedalar com seu instrutor, Roberto, profissional de
Educaçã o Física. Em uma curva, Renata perdeu o equilíbrio devido a um buraco na
pista de corrida, caindo em um local com terra, gravetos e folhagens. A atleta, entã o, se
assusta, com medo de perder o campeonato, tentando se levantar. Mas Roberto
imediatamente a impede, pedindo que ela se deite.
Ao analisar os ferimentos, Roberto nota que o sangue está apenas superficial,
acalmando-a, dizendo haver apenas hemorragias capilares aparentes. No entanto, ele
se preocupa com ferimentos internos ao notar sintomas característicos.
Sabendo da importâ ncia dos primeiros socorros em hemorragias internas e externas,
Roberto pede que Renata fique deitada enquanto ele pega em sua mochila um kit
com gazes e á gua limpa. O educador limpa os ferimentos da atleta e chama auxílio
mé dico.
No hospital, uma hemorragia cerebral é detectada e rapidamente controlada pelos
mé dicos. A equipe mé dica elogia Roberto por sua postura correta em primeiros
socorros, estabilizando a vítima corretamente e encaminhando para o atendimento
mesmo quando a situaçã o parecera controlada e sem riscos, salvando a vida de
Renata.

Conforme vimos, as açõ es de primeiros socorros para contenção das hemorragias, incluem, inicialmente, a
proteção do socorrista contra os pató genos de transmissão via fluídos corporais. Uma vez protegido, o
socorrista deve analisar a situação e abordar a vítima com calma e delicadeza, em busca da origem sanguínea.
Além disso, deve analisar a coloração do sangue para identificar se a hemorragia é arterial, venosa ou capilar
(FLEGEL, 2015).
Basicamente, em casos de hemorragias venosa e arterial, devem ser inseridas gazes e realizar pressão no
local. Já para ferimentos capilares, a limpeza do ferimento se adiciona a lista de açõ es de primeiros socorros,
além da cobertura com gazes e pressão no local (FLEGEL, 2015).
De modo mais completo e detalhado, há três técnicas principais para contenção de hemorragias externas:
compressão direta do local, elevação do membro e compressão indireta.
A compressão direta exige que o socorrista encontre exatamente o local de vazamento, a fim de cobrir a região
com gaze e atadura, visando controlar o volume de sangue perdido e acelerar o processo de coagulação pela
pressão do curativo. Ao realizar a compressão direta, pode-se elevar o membro acima do nível do coração, se
possível, para evitar que o fluxo sanguíneo tenha auxílio da gravidade, diminuindo o aporte volumétrico
direcionado ao ferimento.
Ainda como método de diminuir o aporte volumétrico, caso seja possível, pode-se localizar externamente o
caso, usualmente a artéria ou veia, onde deve ser realizada a compressão, impedindo e dificultando a
passagem de sangue (FLEGEL, 2015; MORAES, 2010).
Figura 4 - O procedimento de compressão direta e elevação, seguida da compressão indireta, são as medidas
de primeiros socorros mais adequadas em casos de hemorragias externas.
Fonte: Luciano Cosmo, Shutterstock, 2018.

Outro método popularmente difundido em filmes e meios midiáticos é o torniquete ou garrote. Entretanto, ele
não é indicado, a menos que a situação seja de extrema emergência, como em caso de mú ltiplas vítimas.
O torniquete é realizado pela compressão da região com tecidos, torcendo-os para pressionar a região e
estancar o aporte sanguíneo que chega ao ferimento. Todavia, o risco de gangrenar e aumentar a lesão é
grande, por isso, o método não é recomendado para primeiros socorros, sendo preferível a realização da
tríade compressão-elevação-compressão.
Segundo Moraes (2010, p. 91), as etapas para realização de um torniquete são:

• Use uma bandagem larga dobrada [...];


• Amarre essa atadura larga duas vezes ao redor da
extremidade lesada [...];
• Dê um nó firme na atadura;
• Coloque um bastão de madeira ou outro material similar
sobre o nó e amarre novamente com um segundo nó firme
[...];
• Aperte o torniquete até o sangramento cessar [...], não rode
mais o bastão e mantenha-o firme no lugar;
• O torniquete deve ficar no máximo 120 minutos, não sendo
necessário desapertar (afrouxar) antes de chegar ao hospital.
Figura 5 - A utilização de torniquetes não é a ação mais indicada, podendo ser utilizada apenas em casos de
extrema urgência.
Fonte: corbac40, Shutterstock, 2018.

Vale ressaltar que essas são situaçõ es que podem ocorrer em nossa rotina, sendo importante estarmos ciente
dos riscos e das açõ es adequadas para amenizar as sequelas para o acidentado.
Agora, prosseguiremos com outro tipo de emergência importante nesse contexto, que inclui o desequilíbrio de
um composto essencial para as funçõ es fisioló gicas do organismo: a glicose.

3.3 Hipoglicemia e hiperglicemia: diferenciação e ações de


socorro
A corrente sanguínea transporta vários nutrientes e moléculas pelo corpo, como a glicose. A concentração de
glicose na corrente da sanguínea, chamada de glicemia, permanece em equilíbrio em indivíduos saudáveis.
Entretanto, quando atinge níveis abaixo ou acima do normal, causa problemas que podem ser agravar,
chegando até à ó bito.
Os processos chamados hipoglicemia e hiperglicemia são, respectivamente, a falta e o excesso dessa glicose
no sangue. Constantemente associadas a diabetes, a hipoglicemia e hiperglicemia podem ocorrer devido a
descuidos da rotina.
Podemos citar como exemplos de hipoglicemia um elevado período de tempo sem se alimentar, esgotando as
reversas de glicose da corrente sanguínea; realizar exercícios físicos exageradamente, aumentando o consumo
da glicose como fonte energética para o corpo; ou o consumo de bebidas alcoó licas, vô mitos e diarreias.
Já com relação a hiperglicemia, temos casos de ingestão em excesso de alimentos, principalmente açú cares e
carboidratos; poucos exercícios físicos; e situaçõ es de tensão ou doenças infecciosas.
VOCÊ SABIA?
Que o Brasil é quarto país do mundo com mais incidê ncia de diabetes? A prá tica
esportiva é uma grande aliada para melhorar essa situaçã o, pois reduz o risco do
desenvolvimento de diabetes do tipo II em até 60%. Uma simples caminhada de
30 minutos por dia, por exemplo, já diminui as chances de diabetes e outras
doenças relacionadas ao sedentarismo. Alé m disso, a prá tica esportiva també m
auxilia no aumento da qualidade de vida de pacientes diabé ticos.

Os sinais de hipoglicemia incluem fome brusca, fraqueza, tremor, desorientação e irritabilidade. Em casos
mais graves, há, também, a chance de crises convulsivas.
Já os sinais de hiperglicemia incluem forte sensação de fome e sede, urina constante, visão turva, cansaço,
sonolência, indigestão, dor abdominal. Em casos mais graves, pode haver perda da consciência (MORAES,
2010).
O quadro a seguir detalha os sintomas, diferenciando-os de maneira mais completa e apresentando possíveis
situaçõ es associadas a cada distú rbio.
Figura 6 - Os sintomas e causas da hipoglicemia e hiperglicemia auxiliam o socorrista a identificar a ação de
primeiros socorros necessária.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em KARREN et al., 2013; MORAES, 2010.

Ao analisar a lista comparativa, nota-se que alguns sintomas são essenciais para diferenciação entre
hiperglicemia e hipoglicemia. Assim, o socorrista pode analisá-los para tentar identificar qual é o tipo de
ocorrência com que está lidando, caso a análise da situação não seja suficiente (FLEGEL, 2015).
Apesar de outras situaçõ es causarem a queda ou a elevação da glicemia, de modo geral, a diabetes é a
principal causa desses problemas.
A diabetes é uma doença que atinge milhõ es de pessoas em todo o mundo. Ela está associada ao
sedentarismo, sendo que o papel da prática esportiva para conter a evolução de quadros. Além disso, devido
sua ampla disseminação, é importante que se conheça os sintomas e as práticas de primeiros socorros
associadas à doença, as quais são semelhantes às aplicadas em casos de hiperglicemia e hipoglicemia.
Todavia, em relação a vítima com diabetes, é necessário que, durante os primeiros socorros, a vítima possa
responder sobre ter ou não a doença, bem como o seu tipo e se possui seringas reversíveis do quadro.

3.3.1 Diabetes
A diabetes é uma doença de ampla abrangência, em que problemas hormonais resultam em alteraçõ es da
glicemia. A insulina é o hormô nio chave nessa doença, pois é a responsável por carregar a glicose através da
corrente sanguínea, até chegar ao seu destino final, ou seja, nas células, que necessitam da glicose como
aporte energético.
Na chamada diabetes mellitus, a insulina não é capaz de realizar seu papel efetivamente, e a glicose se
acumula, gerando um quadro de hiperglicemia.
Karren et al. (2013, p. 312) apontam um paradoxo associado a doença, visto que há a presença de açú car na
corrente sanguínea de diabéticos, mas não onde é necessário:

Em pessoas com diabetes mellitus, o açú car se acumula na corrente sanguínea, porque a insulina
não o desloca para as células do corpo. É uma situação paradoxal: o indivíduo diabético apresenta
níveis extremamente elevados de açú car no sangue, mas ocorre uma depleção do seu suprimento
nas células, nas quais é essencialmente necessário.

Como forma de garantir a sobrevivência, as células deslocam sua fonte de energia, consumindo de fontes de
lipídios e proteínas, o que, a longo prazo, leva à perda de peso e ao enfraquecimento muscular. Já em curto
prazo, pode ocorrer a subtração de massa de ó rgãos vitais.
Dessa forma, o excesso de açú car é excretado pelos rins, uma vez que não consegue ser consumido, exigindo
uma demanda de água alta para sua eliminação, gerando quadros de desidratação na vítima (MORAES, 2010;
FALCÃ O, 2010).
A longo prazo, a diabetes pode ter consequências sérias devido a deterioração de vasos e ó rgãos, como
cegueira e perda de membros, além de problemas no sistema nervoso e gastrointestinal. É comum, por
exemplo, que pessoas diabéticas sofram acidentes vasculares encefálico e ataques cardíacos.
De acordo com Moraes (2010) e Karren et al. (2013), há dois tipos de diabetes, sendo diabetes tipo I e tipo II.
A diabetes tipo I é caracterizada quando o sujeito não produz insulina, devendo ter a quantidade diária injetada
de modo intravenoso. Ela é mais comum em jovens e adolescentes.
Já com relação a diabetes tipo II, o sujeito tem a habilidade de produzir insulina, porém em níveis muito
baixos, o que compromete o transporte para as células, gerando o quadro de hiperglicemia. Nesses casos, é
preciso controlar a quantidade de açú cares ingeridos para ser compatível com o nível de insulina produzido.
Inclusive, ela é mais comum do que a diabetes tipo I, estando relacionada ao sedentarismo e a obesidade. Sua
incidência é mais popular em pessoas acima dos 40 anos.
Há, também, um tipo especial de diabetes, que ocorre em mulheres durante a gravidez. Nesse caso, os
hormô nios da placenta combatem o hormô nio da insulina, gerando hiperglicemia gestacional, que pode
causar sérios problemas (KARREN et al., 2013).
A diabetes, como um distú rbio metabó lico que pode se tornar grave, exige cuidados de primeiros socorros
específicos para o auxílio rápido da vítima.

3.3.2 Primeiros socorros em distúrbios de glicemia


Uma vez identificado os sintomas associados aos distú rbios de glicemia, deve-se realizar açõ es de primeiros
socorros, bem como a chamado do serviço de resgate.
Pela popularidade do distú rbio associado a doença, a diabetes é uma das primeiras consideradas ao encontrar
uma pessoa com sintomas de pré-perda da consciência. Usualmente, os diabéticos possuem sinais de
identificação, como pulseiras e bombas de insulina (MORAES, 2010; FLEGEL, 2015).
Outra forma de realizar o reconhecimento de um diabético é a busca pelos sinais de injeção de insulina, que
são realizadas nas coxas e no abdome. Dessa forma, ao ser identificado um diabético, deve-se chamar o
resgate e buscar medicamentos ou aplicadores de insulina — os quais são usualmente carregados por esses
pacientes (FLEGEL, 2015; KARREN et al., 2013).
Como a identificação dos sintomas de hipoglicemia e hiperglicemia são parecidos, podendo ser difícil
identificar se está ocorrendo um ou outro, a medida mais indicada para atendimento pré-hospitalar é o
fornecimento de açú car.
Deve-se pedir ou fazer com que a vítima se alimente com compostos açucarados, como balas de açú car ou
chocolate, por exemplo. Essa medida é efetiva porque, caso a vítima esteja com hiperglicemia, a quantidade
adicional de açú cares não irá piorar o quadro, mas, caso esteja com hipoglicemia, sua vida pode ser salva
(MORAES, 2010; FLEGEL, 2015).
O atendimento de emergência para hiperglicemia é o acionamento imediato do serviço médico, mantendo a
atenção para o estado da vítima, que pode ter náuseas e vô mitos, o que requer devidos posicionamentos.
Também se deve atentar para a pulsação, a fim de evitar ataques cardíacos, realizando as manobras de
ventilação e ressuscitação se necessário (MORAES, 2010; FLEGEL, 2015).
É preciso, também, afastar a vítima de locais perigosos e aglomerados, em casos de acidente vascular
encefálico, para evitar que a vítima entre em crise. Caso não haja suspeita de traumas, a posição voltada para
baixo pode auxiliar com relação a náuseas e vô mitos. Além disso, o socorrista deve, acima de tudo, atentar-se
para os sinais vitais, mantendo a vítima aquecida e ventilada até a chegada do resgate.
Já o atendimento para casos identificados como hipoglicemia requer que sejam ministrados líquidos ou
compostos açucarados, como suco de laranja ou grãos de açú car, na falta de glicose oral. Um ponto importante
é que os compostos devem ser macios, pois balas de consistência rígida, por exemplo, podem causar
engasgamento.
É importante, também, que não se ofereça líquidos para vítimas cujo estado mental pareça comprometido,
devendo apenas estabilizar e afastar os perigos, aguardando a chegada do resgate. O posicionamento em
decú bito lateral pode prevenir engasgos e afogamentos em casos de vô mito.
Apesar de alguns sintomas serem importantes para diferenciar as situaçõ es de hipo e hiperglicemia, há um
método mais fácil e ágil de medir a glicemia, porém, nem sempre é acessível. Todavia, o socorrista deve saber
de sua importância e correta utilização, para que, quando possível, possa agilizar o reconhecimento da
situação.

3.4 Medida da glicemia


A medida da glicemia é uma ferramenta importante para a análise da concentração de glicose no sangue e
identificação do problema, caracterizando se é um caso de hiper ou hipoglicemia.
O equipamento utilizado para medida da glicemia é chamado de Glicosímetro. Seu funcionamento básico
consiste na transformação da glicose, presente na gota de sangue do paciente, em outro produto pela ação
enzimática da glicose oxidase, peroxidase ou glicose-6-fosfato, dependendo do mecanismo do equipamento
em questão (BRASIL, 2010).
A ação da enzima sob a glicose dá origem ao ácido glucô nico e ao peró xido de hidrogênio, no caso das
oxidases; bem como a NADH, no caso da glicose-6-fosfato.
Essas reaçõ es enzimáticas são utilizadas como sonda para a concentração da glicose, em que os subprodutos
formados são capazes de alterar a cor de uma fita medidora ou a amperagem de um amperímetro. Uma vez
que os compostos formam os sinais característicos da medida, o equipamento converte o sinal obtido em
concentração de glicose (BRASIL, 2010).
Todos os glicosímetros devem seguir as regras de precisão e qualidade impostas por agências
regulamentadoras, a fim de garantir a segurança do paciente pela medida com acurácia do estado glicêmico. A
medida deve ter precisão assegurada, visto que possíveis erros podem induzir a vítima a deixar de tomar o
medicamento necessário e entrar em crises hiper ou hipoglicêmicas graves.
VOCÊ QUER LER?
O INMETRO lançou um dossiê sobre diversos glicosímetros utilizados no Brasil,
destacando o modo de funcionamento de cada um e aspectos interessantes sobre a
glicemia. É importante que se tenha conhecimento desse equipamento, visto que ele
pode ser utilizado durante o atendimento de primeiros socorros. Você pode encontrar
o material para leitura no link:
<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/glicosimetro.pdf
(http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/glicosimetro.pdf )>.

Atualmente, há mais de 50 modelos diferentes de glicosímetros comercializados no Brasil, mas todos


funcionam sob o mesmo princípio: remoção de uma gota de sangue e inserção no equipamento para detecção
automática no monitor digital.

Figura 7 - Uma gota sanguínea é direcionada para a fita medidora, que emite um sinal por reaçõ es
enzimáticas e permite a detecção do nível de açú car no sangue da vítima.
Fonte: Kwangmoozaa, Shutterstock, 2018.
Os valores considerados para cada caso precisam ser conhecidos durante o procedimento. Dessa forma, o
socorrista deve coletar uma gota de sangue de um dos dedos da vítima, inserindo no equipamento. Aliás, é
comum que pessoas diabéticas tenham o equipamento consigo.
Assim, ao retornar o valor, caso esteja menor do que 70mg/dl, considera-se uma vítima com hipoglicemia,
sendo que a ação do oferecimento de compostos doces deve ser realizada imediatamente para aumentar os
níveis de açú car no sangue. Contudo, se o equipamento acusar valores acima de 140 mg/dl, um episó dio de
hiperglicemia é caracterizado, devendo o socorrista, se possível, fornecer insulina ou estabilizar a vítima,
chamando o resgate imediatamente (BRASIL, 2010).
Alguns cuidados devem ser realizados durante a medida de glicose. Deve-se atentar para não coletar uma gota
de sangue muito pequena, bem como as fitas e o equipamento precisam estar em boas condiçõ es. Com isso,
torna-se mais seguro o auxílio de primeiros socorros em casos de transtornos glicêmicos, pela facilidade e
agilidade de detecção.

Síntese
Encerramos o terceiro capítulo desta disciplina com conceitos importantes que devem ser fixados para que a
aplicação correta de primeiros socorros em diferentes casos possa ser sucesso quando a prática exigir. Agora,
você está apto para colocar as manobras em ação.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Compreender a importância da compreensão dos diferentes tipos


de hemorragias;
• Diferenciar hemorragias venosas, capilares e arteriais;
• Reconhecer a gravidade relacionada a cada tipo de hemorragia,
bem como a importância das ações corretas de primeiros
socorros;
• Analisar a situação para escolha das ações adequadas para o
auxílio primário;
• Reconhecer as diferentes situações, os sintomas e as suas
exigências para salvamento de vítimas;
• Saber conceitos sobre diferenciação e importância do
reconhecimento de uma hemorragia interna;
• Compreender a aplicação dos primeiros socorros em hemorragias
externas pela tríade compressão – elevação – compressão;
• Identificar os fatores que agravam os processos hemorrágicos;
• Analisar a importância da proteção do socorrista frente a
patógenos do sangue, garantindo sua biossegurança;
• Reconhecer a abrangência da diabetes e a importância do
reconhecimento da situação de emergência pela análise da vítima,
além de sinais da doença;
• Diferenciar os conceitos sobre hipo e hiperglicemia, bem como a
diferença entre a sintomatologia;
• Conhecer as ações necessárias em primeiros socorros em casos
de distúrbios de glicemia e a necessidade de utilização de
glicosímetros para a medida da concentração de glicose.

Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saú de. Manual de Hemofilia. 2. ed. Brasília: Ministério da Saú de, 2015. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf)>. Acesso em: 26/01/2018.
______. Ministério do Desenvolvimento, Indú stria e Comércio Exterior. Programa de Análise de Produtos:
Relató rio sobre a análise em manuais de instrução de uso de Glicosímetros e seus acessó rios. INMETRO,
2010. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/glicosimetro.pdf
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DONATELLI, L. Como retirar luvas de procedimento sem contaminar as mãos. 13 jan. 2015. Disponível em:
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FALCÃ O, L. F. dos R.; BRANDÃ O, J. C. M. Primeiros socorros. São Paulo: Martinari, 2010.
FLEGEL, M. J. Primeiros socorros no esporte. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015.
INSTITUTO HOC. Histó ria da Transfusão de Sangue. São Paulo, s/d. Disponível em:
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KARREN, K. J. et al. Primeiros socorros para estudantes. 10. ed. São Paulo: Manole, 2013.
MORAES, M. V. G. de. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico
ao Avançado. São Paulo: Iatria, 2010.
PRÓ SANGUE. Dú vidas. Governo do Estado de São Paulo, s/d. Disponível em:
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ROSALES, S. Prevenção e primeiros socorros. São Paulo: Vergara Brasil Ltda, 2007.
SANTOS, E. F. Manual de Primeiros Socorros da Educação Física aos Esportes: O papel do Educador Físico no
atendimento de Socorro. 1. ed. Rio de Janeiro: Galenus, 2014.

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