Você está na página 1de 38

AUDITORIA HOSPITALAR

QUAL A
METODOLOGIA DO
TRABALHO DE
AUDITORIA?
Autoria: Ma. Celi Gonzales
Revisão técnica: Ma. Tania Rodrigues
Introdução

Neste capítulo vamos estudar como se realiza uma auditoria. Muitos conhecem
a auditoria apenas pela inquietação que ela traz previamente à sua realização.
Outros conhecem a auditoria apenas pelo impacto que ela traz após a sua
execução. Mas, de fato, o que acontece entre o comunicado de realização de
uma auditoria e a sua conclusão?
O que é necessário para se realizar uma boa auditoria? A auditoria é um
processo complexo e precisa ser planejado corretamente para que sejam
obtidos os resultados esperados. Mas, quais são os resultados esperados?
Quem estabelece os objetivos da auditoria?
Ora, todo trabalho em que se espera um resultado satisfatório necessita ter uma
metodologia adequada para sua realização. É necessário escolher as pessoas
certas, elaborar cronograma de atividades, analisar o contexto da instituição,
verificar a disponibilização do material e demais recursos necessários, analisar
distâncias, situações, notícias da mídia e tantas outras providências.
Vamos estudar o perfil do auditor, suas habilidades profissionais e
comportamentais, o planejamento dos trabalhos de auditoria, as principais
técnicas utilizadas pelos auditores e a apresentação de seus resultados, por
meio de um relatório. É um assunto bastante amplo, desta forma, vamos focar o
que é mais usual na auditoria hospitalar.
Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 44 minutos.

2.1 O perfil do auditor

Vamos descrever o conjunto de características que compõem um bom auditor e


entender por que elas são necessárias para a realização de um bom trabalho de
auditoria.
Naturalmente, são competências, habilidades e atitudes aprendidas ao longo do
tempo, por meio de cursos, estudos, experiência adquirida por meio de trabalhos
realizados, enfim, das mais diversas formas.
É importante ressaltar que o que faz um bom auditor, não é apenas o
conhecimento técnico do trabalho, mas também suas atitudes
comportamentais, como estudaremos a seguir.

2.1.1 Princípios profissionais


O auditor deve ter conhecimentos técnicos suficientes para a realização da sua
tarefa. Deve ser um estudioso, de forma que sempre busque atualização e
aprimoramento em suas atividades, das mais variadas formas: cursos, livros,
congressos, portais especializados, artigos acadêmicos, discussões produtivas
com colegas de profissão etc. São muitas as formas de se obter conhecimento e
atualização.

VOCÊ SABIA?
Todos têm o direito de receber dos órgãos públicos informações de
interesse particular. A Lei n. 12.527 (BRASIL, 2011) regula o acesso às
Informações. A partir dessa lei, o acesso é a regra e o sigilo a exceção,
portanto, ela tornou mais fácil a obtenção de dados e informações dos
órgãos públicos. Acesse o portal do Governo Federal e saiba mais
clicando no link a seguir!

Acesse (http://www.acessoainformacao.gov.br/central-de-
conteudo/infograficos/arquivos/entenda-a-lai/)

Naturalmente, um profissional nunca vai possuir todo o conhecimento sobre


variados assuntos tratados em uma auditoria. Por isso, é importante que ele
saiba trabalhar em equipe, complementando com o colega aquilo que falta em
seu conhecimento. “Os membros da equipe de auditoria devem possuir,
coletivamente, o conhecimento, as habilidades e a competência necessários
para concluir com êxito a auditoria” (INTERLOCUS, 2017, p. 34).
Também é importante ter espírito investigativo para pesquisar e descobrir aquilo
que se desconhece. É preciso conhecer as fontes corretas onde buscar
informações confiáveis. Além das técnicas de realização de auditoria, deve
estudar profundamente a atividade que vai auditar, neste caso, a área hospitalar,
seu funcionamento, regulamentações, especificidades, etc. Há hospitais em
locais onde a mão de obra é escassa que mantém escolas justamente com o
objetivo de capacitar pessoal (SALU, 2013).

Figura 1 - O auditor deve procurar incessantemente pelo conhecimento, de inúmeras formas


Fonte: sheff, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um livro aberto
em cima de uma mesa de madeira. Ao fundo,
desfocados, podemos observar outros livros
fechados e enfileirados, um do lado do outro, na
vertical.

E, mais importante, o auditor deve conseguir aplicar todo esse conhecimento no


momento adequado, em conjunto com os demais membros da equipe, a fim de
realizar um bom trabalho de auditoria.

2.1.2 Princípios éticos


Dentro dos princípios éticos, há uma série extensa de comportamentos que
podemos explorar no nosso aprendizado. Primeiro, vamos buscar um conceito
para a palavra ética. A palavra ética é derivada da língua grega e significa aquilo,
ou algo, que pertence aos valores e comportamentos do indivíduo (AULETE,
2018). Então, quando falamos em princípios éticos, estamos nos referindo às
condutas do profissional, que são consequências de seu caráter.

VOCÊ QUER LER?


Para conhecer mais sobre “integridade nas empresas”, visite o link a
seguir, que traz leituras sobre temas como nepotismo, conflito de
interesses, corrupção, legislações correlatas etc. O objetivo é estimular a
integridade no serviço público e privado.

Acesse (http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade)

Ora, então vamos falar das características do caráter do auditor que vão
influenciar muito na execução e resultado da auditoria. Ressalte-se aqui que o
auditor recebe, algumas vezes, pressões das mais variadas formas, de pessoas
que tentam influenciar no resultado de seu trabalho. Claro, ele deve sempre agir
com integridade. Veja na tabela abaixo:
Quadro 1 - Algumas das principais características de comportamento de um bom auditor
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de INTERLOCUS, 2017; BRASIL, 2017.

#PraCegoVer
No quadro, temos sete linhas e três colunas
indicando as características comportamentais
do bom auditor. Entre elas, temos
independência (um auditor deve sentir-se
seguro o suficiente para não se deixar influenciar
pelas pressões do auditado ou de terceiros, que
possam afetar seu julgamento), imparcialidade
(não deve deixar situações pessoais interferirem
no seu trabalho, procurando abster-se de auditar
casos em que ocorram conflitos de interesse),
objetividade (deve pautar suas opiniões em
fundamentações concretas. Suas conclusões
devem ser apresentadas com convicção),
distanciamento (precisa conseguir se afastar
suficientemente da situação para questionar e
julgar com precisão e profissionalismo),
capacidade de manter sigilo (não revelar ou
utilizar em seu proveito, ou de terceiros, os
dados obtidos por meio da execução de seu
trabalho) e cortesia (tratar todas as pessoas com
o devido respeito, mesmo quando as opiniões
são divergentes).

Outro aspecto importante é que o auditor seja cauteloso ao se comunicar, pois


aquilo que o auditor fala ou escreve causa grande impacto no auditado.
Confira, no vídeo a seguir, um exemplo prático no qual um auditor teve um
comportamento inadequado. Isso trouxe prejuízos à equipe e causou uma
repreensão por parte do seu superior.

É importante destacar ainda que o auditor, além de ter essas características,


deve demonstrá-las no desenvolvimento dos seus trabalhos, fazendo da sua
forma de agir um testemunho em favor da credibilidade da auditoria. Ou seja,
não basta ser, é necessário transparecer essas características.

2.1.3 Experiência
Em relação à experiência do auditor, podemos dizer que ela acrescenta
maturidade à realização do trabalho e possibilita desenvolver as atividades com
pertinência e agilidade. A experiência também permite administrar situações
inesperadas que podem ocorrer no desenvolvimento da auditoria com
desenvoltura.
Quando falamos em experiência consideramos todos os trabalhos de auditoria
dos quais o profissional tenha participado. Mas isso envolve mais ainda: os
trabalhos anteriores em outras empresas públicas ou privadas, na função de
auditor ou não, cargos de chefia exercidos, a apresentação de trabalhos
acadêmicos, aulas ministradas, todo esse conhecimento é computado na
qualificação de um auditor experiente.
Uma das áreas de conhecimentos indispensáveis é a financeira, pois ela envolve
todas as operações de uma instituição. De nada adiantaria o hospital prestar um
ótimo serviço se seu custo fosse impagável e o acesso a seu serviço fosse
inatingível.

VOCÊ O CONHECE?
Frei Luca Pacioli nasceu na Itália, foi matemático, teólogo, contabilista
entre outras profissões. É considerado o pai da Contabilidade. A
formalização da Contabilidade ocorreu na Itália, pois foi neste país que se
instaurou a mercantilização, sendo as cidades italianas os principais
interpostos do comércio mundial, além de ter as principais tipografias da
época. O conhecimento de contabilidade é sempre muito importante na
execução de auditorias (HANSEN, 2001).

É importante também a experiência de trabalho na área auditada, mesmo que


em outras empresas ou hospitais, exercendo outras atividades. Especificamente
com relação aos hospitais, é necessário conhecimento sobre a estrutura, como
os serviços funcionam e interagem entre si, informações sobre as áreas
administrativas, de apoio e de assistência. Ou seja, é preciso que o auditor tenha
uma visão macro do hospital, inclusive com relação ao meio no qual ele está
inserido.
ESTUDO DE CASO
Em geral, os hospitais que se afiliam a um Programa de Qualidade
passam por diversas auditorias a fim de atender aos critérios
determinados e atingir o nível de qualidade esperado. Quando isto ocorre,
é atribuído ao hospital um selo, ou um título, que ratifica que aquela
instituição atingiu o nível de qualidade desejado pelo programa. Esse selo
é uma grande conquista e costuma ser bem divulgado. Veja, por exemplo,
o caso do Hospital São Luís, que recebeu o selo da Joint Commission
International (JCI), uma importante certificadora. Ao receber a
certificação o hospital divulgou que: “A unidade Itaim do Hospital e
Maternidade São Luiz foi acreditada pela Joint Commission International
(JCI), uma das certificações mais importantes do mundo”. Para conseguir
a acreditação, o Hospital passou por um processo de preparação, que
durou cerca de três anos. Nesse período de preparação foram realizadas
diversas auditorias simuladas de caráter educativo. Leia mais sobre o
tema clicando no link a seguir!

Acesse (http://blog.saoluiz.com.br/2014/10/hospital-e-maternidade-sao-
luiz-itaim-conquista-acreditacao-da-joint-commission-international-jci/)

Quando falamos em Auditoria de Qualidade em hospitais, torna-se imperativo


conhecer o Programa de Qualidade do qual o hospital está participando. É
costume ter à mão um roteiro elaborado para a auditoria de programas de
qualidade em hospitais. Muitos têm regras e critérios próprios, portanto, torna-se
necessária a observação exata do que o critério auditado pede.
Embora as regras e critérios sejam diferentes para cada programa, a realização
de constantes auditorias é rotineira, como no caso citado acima. Por fim, o
auditor deve ser um conhecedor dos processos de auditoria e dos processos
relativos aos serviços que está auditando.
Além disso, é preciso que ele características pessoais que vão facilitar o seu
trabalho e garantir a obtenção de bons resultados na atividade. Muitas vezes,
esse perfil é aproveitado nos hospitais para o desenvolvimento de atividades de
educação, como cursos, treinamentos, palestras, transformando as auditorias
em ações educativas, visando tanto a correção das não conformidades
encontradas como a prevenção de novos erros e falhas.
2.2 O planejamento da auditoria

A fim de que a auditoria atinja seus objetivos, esta atividade deve ter um
planejamento minucioso e realista. Para garantir a execução do trabalho com
tranquilidade, o planejamento também deve propiciar que os resultados da
auditoria sejam traduzidos em soluções e recomendações pertinentes para a
solução dos problemas encontrados no decorrer da auditoria na empresa ou no
hospital (LUONGO, 2011).
As recomendações que serão feitas deverão ser baseadas em critérios objetivos,
tais como legislação, regulamentos, regimentos, normas e padrões relativos ao
objeto da auditoria (INTERLOCUS, 2017). Por isso, deve ser utilizada como base
uma legislação atualizada e dirigida para aquela determinada situação.
O auditor não determina como deverá ser feita a correção de um problema
encontrado, mas recomenda aos gestores da instituição propostas para corrigir
as não conformidades. Ou seja, auditor não exige, sugere e convence.
Figura 2 - Todo o planejamento da auditoria deve ser focado nos resultados que se deseja obter
Fonte: garagestock, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de diversas pessoas
segurando um grande balão de fala vermelho.
Esse balão traz a palavra "resultados". Aparecem
apenas parte do braço e as mãos das pessoas
envolvidas.

No momento do planejamento da atividade é necessário pensar e decidir sobre


vários aspectos: a equipe que realizará o trabalho, os prazos para execução de
cada etapa, os recursos logísticos necessários, os custos da auditoria, o
ambiente no qual a instituição está inserida, legislação pertinente, etc.

2.2.1 Solicitação da auditoria


Um dos itens mais importantes nesta fase é a análise de quem é o solicitante da
auditoria. Quem está demandando esta ação? No caso de uma auditoria externa,
possivelmente pode ter sido solicitada por um órgão regulamentador ou mesmo
por uma determinada legislação, que exige a sua execução periodicamente.
Se for uma auditoria interna, provavelmente terá sido solicitada pela alta
administração da empresa ou do hospital. No caso de uma auditoria de
qualidade, pode ter sido solicitada pela Comissão Interna de Auditoria do
hospital ou pelo próprio programa de qualidade, ao qual o hospital está afiliado.
As auditorias de qualidade nos hospitais normalmente têm um objetivo mais
especifico: a acreditação ou certificação do hospital naquele nível de qualidade.
Vamos aproveitar para diferenciar certificação de acreditação, termos estes que
muitas vezes causam confusão entre alunos e mesmo entre profissionais da
área. Clique nas abas a seguir para acompanhar.

Certificação

A certificação é concedida pela International Organization for


Standardization (ISSO) ou Organização Internacional de
Normatização e garante que todos os procedimentos daquele
hospital ou daquele departamento do hospital estejam
padronizados. Com a padronização dos processos, todos os
produtos ou serviços deverão ter qualidade idêntica.

Acreditação

Pode ser concedida por diversas instituições acreditadoras.


Avalia tanto os profissionais como a própria organização,
aplicando normas iguais, garantindo que todas as organizações
da mesma categoria tenham o mesmo nível de qualidade. Não
se avalia um setor ou seção do hospital isoladamente, mas sim
todos juntos. O propósito deste enfoque é ratificar o quanto
todos os setores do hospital são interligados, já que um sempre
vai interferir no resultado do outro. Vale aqui o dito popular
“uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco”.

Quanto à qualidade, podemos dizer que um serviço de saúde tem um bom nível
de qualidade quando seus serviços são prestados em conformidade com ótimos
critérios pré-estabelecidos (MENDES, 2011).
O importante é ter em mente que solicitantes diferentes podem ter objetivos
diversos e exigir métodos e respostas diferentes. Cabe à equipe entender o que
está sendo solicitado na auditoria, quais são as questões que se espera que
sejam respondidas e quais as dúvidas que devem ser esclarecidas com muita
atenção e cuidado.

2.2.2 Fase analítica


Uma vez que foi compreendido quem é o solicitante e quais são as questões
para as quais se buscam respostas, define-se os próximos passos da atividade.
Estuda-se o ambiente no qual a instituição está inserida, recursos existentes e
transferidos, dados do município, notícias de imprensa, informações contidas
em sistemas públicos, denúncias, auditorias anteriores, etc.

VOCÊ SABIA?
O Fundo Nacional de Saúde (FNS) é um fundo especial, ele é o gestor
financeiro de todos os recursos destinados ao Sistema Único de Saúde
(SUS). Por meio dele os recursos federais destinados à Saúde são
transferidos aos municípios do Brasil todo. Você pode pesquisar os
valores que foram repassados a qualquer município, em um determinado
período, e ajudar a fiscalizar o setor. Leia mais sobre o tema clicando no
link a seguir!

Acesse (https://consultafns.saude.gov.br/#/detalhada)

E quais são as questões da auditoria? As questões são aquelas que trarão


respostas para aquilo que o solicitante precisa saber. Após o estudo de todo o
contexto externo, no qual o hospital está inserido, e da sua estrutura interna, é
possível delinear o trabalho que será feito.
Nesta fase são definidos alguns tópicos, que você conhece clicando a seguir.

Qual a equipe de auditores que detém


1
conhecimento específico para aquele trabalho.
Quem será o coordenador da equipe, quais os
2 métodos e procedimentos que deverão ser
utilizados na auditoria.

Quais os critérios que serão utilizados para


3
análise.

4 Quais informações serão coletadas.

5 Quais técnicas serão utilizadas.

6 Quais papéis de trabalho serão elaborados.

7 Onde e como serão coletadas as informações.

Enfim, todos os detalhes da atividade são planejados.


A fase analítica é muito importante e procura antecipar tudo o que irá ocorrer no
desenvolvimento da auditoria no momento da sua execução. Assim, antecipa
possíveis riscos e minimiza erros e resultados indesejados.

2.2.3 Coleta das informações


Uma vez definidas quais serão as perguntas que devem ser respondidas para se
atender ao solicitante da auditoria, estabelece-se quais informações são
necessárias para se chegar a essas respostas.
Neste momento se define o escopo da auditoria. O escopo é o foco, o alvo. Por
exemplo: o período que será auditado, quais unidades serão visitadas, etc. A
auditoria tem que ter o tamanho certo para atender ao solicitante, não pode ser
menor, nem maior. Se for menor, não alcançará as respostas que busca, se for
maior, irá mobilizar tempo e recursos além do necessário.
Sabendo quais informações serão requeridas ao auditado ou sobre ele, resta
definir como elas serão coletadas. Muitas vezes a mesma informação é coletada
em duas fontes diferentes, por exemplo, o saldo de uma conta corrente pode ser
encontrado em relatórios contábeis e também em extratos bancários, para fins
de comparação de valores.
Diversas são as fontes de informações em uma auditoria: documentos, pessoas,
Organizações Não Governamentais (ONGs), imprensa, sites relacionados,
sistemas de informação, órgãos oficiais, etc. (INTERLOCUS, 2017).
Assim, definidas quais informações serão necessárias, falta estabelecer como
serão coletadas. Os métodos utilizados para obter essas informações são
chamados de técnicas de auditoria. Nesta fase da auditoria também são
elaborados os papéis de trabalho: planilhas a serem preenchidas, questões de
entrevistas a serem respondidas, checklist que serão utilizados, etc. Esses são
os papéis que vão documentar e organizar a análise das informações ou mesmo
a sua coleta. Conheça exemplos clicando nas abas a seguir:

Entrevistas e perguntas que serão realizadas.

Itens dos contratos que serão analisados.

Formulários de inspeção física que serão preenchidos; etc.

Os papéis de trabalho devem ser elaborados e organizados de tal forma que


outros auditores, que não participaram da auditoria, consigam entender as
informações e o processo.

2.3 Técnicas de auditoria


As técnicas que serão utilizadas na realização da auditoria dependerão das
informações requeridas, das fontes onde serão encontradas, dos métodos que
serão utilizados. Todos esses aspectos devem ser definidos na fase analítica da
auditoria, na fase de planejamento, antes da execução em campo propriamente
dita.
O conhecimento e a experiência dos auditores da equipe serão fundamentais
para a definição das técnicas escolhidas. Outros fatores também são
importantes, como tempo e recursos disponíveis, situação do auditado, etc.

Figura 3 - O trabalho realizado em equipe é muito importante, pois uma auditoria hospitalar pode exigir
conhecimentos especializados em diversas áreas de formação
Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um grupo de
pessoas sentado ao redor de uma mesa branca
oval. A foto está em um ângulo de cima. As
pessoas estão mexendo em pranchetas e folhas
com anotações. À direita, há uma mulher com
um notebook à sua frente.

Vamos estudar mais profundamente dois desses métodos que são os mais
utilizados: Requisição de documentos e Extração de dados. Em seguida veremos
um resumo de outras técnicas.
2.3.1 Requisição de documentos
Requisição de documentos é uma das principais técnicas utilizadas. É a
solicitação ao auditado de diversos documentos necessários para análise a fim
de se obter as respostas desejadas. Em um documento formal, um comunicado
de auditoria, o coordenador da equipe informa ao auditado dados básicos da
auditoria que será realizada, tais como data, nome dos participantes da equipe,
objetivo da auditoria e solicita claramente quais documentos requer para
análise.
Naturalmente, os documentos solicitados irão variar de acordo com o objetivo
da auditoria, mas como exemplos de documentos solicitados em uma auditoria
hospitalar, podemos citar:

estatuto (ou contrato social) e regulamento do hospital;

organograma;

folha de salários de pessoal;

balanços e balancetes contábeis;

composição da direção da instituição (com cargos, nomes


e formação);

plantas físicas;

dados estatísticos e indicadores hospitalares;

atas de reuniões das comissões existentes;

relação do corpo clínico;

inventário patrimonial;

contratos diversos, como de manutenção preventiva e


corretiva dos principais equipamentos ou contratos de
aquisição de produtos e serviços;

processos licitatórios ou procedimentos de compras;

alvarás de funcionamento etc.


Nessa forma de coleta de informações, todos os documentos recebidos devem
ser rigorosamente checados com a solicitação anteriormente feita a fim de
verificar se estão de acordo com o solicitado. Também é preciso estar atendo à
sua autenticidade e validade, assim como também deve ser observado se
contém data, assinatura e identificação de quem os emitiu.

Figura 4 - Geralmente em uma auditoria muitos documentos são solicitados e precisam ser
detalhadamente analisados
Fonte: Chatchai Kritsetsakul, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma pilha de
papéis. Há blocos separados por elásticos
amarelos e demarcados com itens coloridos
(verde e rosa).
Após o recebimento, a análise dessa documentação será feita pela equipe de
auditoria, buscando-se evidências para as constatações que irão compor o
relatório. Caso necessário, esses documentos serão guardados e intitulados
como papéis de trabalho.
Dentre os documentos solicitados, que citamos acima como exemplos, alguns
merecem destaque especial: o Estatuto Social ou Contrato social é o documento
que institui a mantenedora do hospital como pessoa jurídica. É a “certidão de
nascimento” da instituição. A existência da entidade começa com o registro do
estatuto ou contrato social.
O texto legal de criação de um hospital governamental é a sua lei de criação.
Tratando-se, porém, de hospital não governamental, sua criação pode estar
prevista:

especificamente no Estatuto do mesmo ou da instituição


ou associação que o mantém, para hospitais não
lucrativos; ou

no Contrato Social, para os hospitais privados lucrativos.

O Estatuto/Contrato Social é normalmente composto por estes capítulos:

Denominação - Sede – Duração – Finalidades;

Quadro Associativo;

Administração;

Disposições Gerais.

Por meio deste documento, o auditor saberá a tipologia do hospital que ele está
auditando. Algumas vezes, as aparências enganam e um hospital que parece
público pode ser particular ou vice-versa. Quanto às regras, a legislação que
disciplina o funcionamento de um ou de outro são diferentes.
É importante conhecer o Regulamento: é o texto que, contendo regras
destinadas a esclarecer ou completar os dispositivos de uma lei (ou estatuto ou
contrato social), facilita a sua execução. É um documento estável que contém
normas ou explicações para o funcionamento do hospital e que devem ser
obrigatoriamente observadas.
Qualquer parte do regulamento só pode ser alterada após aprovação do
Conselho ou Mesa Diretora da autoridade que o promulgou. Assim sendo, seus
termos devem ser genéricos, a fim de não travar o funcionamento do hospital,
deixando-se os detalhes das disposições, para instruções ou para as ordens de
serviço.
O conteúdo do regulamento varia muito, mas em geral contém:

Entidade Mantenedora;

Finalidades;

Manutenção;

Organização do Hospital;

Funções das Unidades;

Atribuições dos ocupantes dos cargos;

Recursos Humanos;

Assistência;

Disposições Gerais.

Por meio deste documento, o auditor entenderá a estrutura e funcionamento do


hospital auditado e a origem das verbas que o sustentam.
Também é importante conhecer o organograma da organização. O organograma
é a representação gráfica da organização que existe no hospital. Permite ao
auditor a visualização do conjunto dos setores do hospital, sua distribuição,
linhas de comando, níveis de hierarquia, amplitude de comando, etc. O
organograma facilitará muito o trabalho do auditor e seu relacionamento com as
pessoas da organização.
Entre outros documentos que podem ser solicitados estão as atas de reuniões
das comissões existentes: elas são solicitadas com a finalidade de comprovar
se as comissões existentes são atuantes, se se reúnem com regularidade,
discutem assuntos pertinentes e, quando necessário, deliberam. Nos hospitais
encontramos muitas comissões, algumas obrigatórias, outras não. Por exemplo:
Comissão de Controle de Infecções Hospitalares, de Óbitos, de Revisão de
Prontuários, de Padronização de Materiais e Medicamentos, de Ética Médica, de
Segurança, de Transplantes, etc.
Outro ponto que deve ser verificado são os indicadores hospitalares. Em uma
auditoria hospitalar eles são muito utilizados para avaliar a qualidade dos
serviços prestados pela instituição. Segundo o Programa Compromisso com a
Qualidade Hospitalar (CQH) (2009), indicadores constituem a representação
quantificada da qualidade de um produto ou serviço. Como exemplos de
indicadores podemos citar indicadores ligados à estrutura, aos processos e aos
resultados.
Conheça exemplos clicando a seguir.

Indicadores de estrutura

Relacionados aos investimentos e/ou provimento de recursos


necessários para o hospital, tais como a porcentagem de
médicos com título de especialistas, relação entre o número de
enfermeiros e número de leitos hospitalares, relação entre
número de pessoal e número de leitos, etc.

Indicadores de processo

Relacionados à otimização e/ou racionalidade na realização


das atividades. Demonstram o conhecimento daqueles que
realizam as ações, tais como taxa de ocupação hospitalar,
tempo médio de permanência, taxa de cirurgias suspensas,
índice de exames laboratoriais por paciente-dia, taxa de
acidentes de trabalho, etc.

Indicadores de resultados
Relaciona os objetivos e as metas propostas e compara-os aos
resultados atingidos. Algumas vezes inclui a estrutura e o
processo. Em resumo, estão relacionados à gestão, tais como
taxa de absenteísmo, taxa de mortalidade, taxa de cesáreas,
taxa de rotatividade, etc.

Importante ressaltar que, para uma análise consistente, é necessária a


construção de uma série histórica dos indicadores. Mais importante do que o
número em si é a tendência para a qual o mesmo aponta. Ou seja, naquela velha
metáfora do copo com água pela metade, não importa necessariamente saber
se o copo está meio cheio ou meio vazio, mas sim se ele está enchendo ou
esvaziando. Por isso, para uma análise de tendência são necessários, pelo
menos, a apresentação de 3 resultados consecutivos dos indicadores
solicitados (CQH, 2009).
Além de analisar a tendência do indicador no tempo, é importante analisá-lo
comparativamente com um parâmetro escolhido. O parâmetro escolhido para
comparação pode ser um dado de literatura, uma meta estipulada ou um
resultado de benckmarking.
Benchmarking é um termo que significa buscar os melhores resultados em
outras empresas concorrentes, mais fortes e líderes no mercado, com atividades
ou processos similares. Significa conhecer e estudar os processos e resultados
dos melhores na área para aprender, e seguindo as melhores práticas, superar
seus próprios resultados. É um processo positivo (CQH, 2009).

2.3.2 Extração de dados


Nesta técnica, os dados são extraídos de sistemas de informática e analisados
em planilhas eletrônicas. Diversos são os sistemas que podem ser utilizados:
sistemas do próprio auditado, sistemas de órgãos governamentais, sistemas de
uso público, etc. Conheça alguns exemplos que podemos consultar em uma
auditoria hospitalar clicando a seguir.
É o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde, traz toda a estrutura física e funcional dos
estabelecimentos de serviços de saúde
localizados em todo o território nacional. É um
cadastro que dá visibilidade, a todos os
CNES
interessados, sobre os estabelecimentos de
saúde do país, sejam públicos, privados,
conveniados, pessoa física ou jurídica, bem
como sua capacidade instalada (leitos,
equipamentos, pessoal, estrutura, etc).

Sistema de Informações sobre Orçamentos


Públicos em Saúde. É um instrumento que
SIOPS permite o acompanhamento da aplicação
mínima de recursos em ações e serviços
públicos de saúde.

TABNE Sistema que permite elaborar relatórios diversos


T contendo informações em saúde.

Fundo Nacional de Saúde. Informa os repasses


FNS de verbas federais destinadas à saúde para os
municípios.

Sistema de Apoio à Construção do Relatório de


SARGS Gestão. Neste sistema, além do Relatório de
US Gestão, encontramos o Plano Municipal de
Saúde e a Programação Anual de Saúde.

Considere sempre que as auditorias devem ser realizadas de forma prática,


objetiva, segura e ocupar o menor tempo e o menor custo possível.
VOCÊ QUER LER?
Uma boa forma de acesso aos variados sistemas citados é portal do
DATASUS. O endereço a seguir contém links para vários sistemas de
saúde, como o CNES, o SIOPS, o SARGSUS, entre outros, que permitem
obter uma infinidade de dados e informações. Confira!

Acesse (https://datasus.saude.gov.br/sistemas/)

Assim, se necessário, o auditor pode usar técnicas de amostragem que possam


lhe dar soluções confiáveis no menor tempo e custo possível, com a menor
margem de risco ou erro. A amostragem pode ser estatística ou não estatística.
Na amostragem não estatística o auditor usa critérios subjetivos, de acordo com
a importância dada pelo seu julgamento. Já, na amostragem estatística ele usa
modelos estatísticos para selecionar a amostra.

VOCÊ QUER VER?


As auditorias podem envolver muitos dados numéricos difíceis de
trabalhar. A critério dos auditores, há trabalhos que são feitos com dados
amostrais, pois a totalidade de dados pode tornar o trabalho difícil e até
mesmo inviável. Você quer conhecer um pouco mais sobre amostragem?
Acesse o vídeo do Tribunal de Contas da União (TCU) (RIBEIRO, s.d.)
clicando no link a seguir!

Acesse (https://portal.tcu.gov.br/imprensa/videos/amostragem-
estatistica-para-testes-de-controle.htm)
A técnica de auditoria por amostragem é muito utilizada para a análise de dados
quantitativos, normalmente em grandes quantidades. No entanto, tem vantagens
e desvantagens, tais como:

a-Vantagens:

menor tempo de auditoria;

menor custo na realização da auditoria;

respostas mais rápidas ao solicitante e ao auditado;

análises mais acuradas, em razão do menor número de


itens.

b-Desvantagens:

aumento do risco de erros;

escolha de amostra inadequada;

estimativas incorretas.

Portanto, cabe analisar se a auditoria por amostragem é viável considerando


cada caso específico.

2.3.3 Outras técnicas


Outras técnicas de coleta de informações são utilizadas na realização da
auditoria, tais como a observação direta, entrevista e grupo focal. No quadro
abaixo foram descritas várias destas técnicas:
Quadro 2 - Algumas das principais técnicas de coleta de informações em auditoria
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em INTERLOCUS, 2017.

#PraCegoVer
No quadro, temos sete linhas e três colunas
indicando as principais técnicas de coleta de
informações em uma auditoria. Entre elas,
temos entrevista (utilizada para obter
informações de pessoas que detém
conhecimento sobre o assunto auditado),
sondagem (aplicação de questionários para se
obter informações padronizadas), grupo focal
(técnica utilizada para descobrir as percepções
de um pequeno grupo de pessoas sobre
determinado assunto relevante), observação
direta (utilizam-se os sentidos, tais como a visão
e audição, para compreender uma determinada
situação), inspeção física (serve para localização
de bens, identificação de pessoas, existência de
empresas, serviços, etc.), confirmação externa
(também conhecida como circularização, é a
confirmação com terceiros de dados obtidos
com o auditado) e triangulação (é a utilização de
diferentes técnicas para se chegar a uma
conclusão a fim de corroborar a consistência da
auditoria).
A escolha correta das técnicas de coleta de informações que serão utilizadas na
auditoria é fundamental para o sucesso do trabalho. Uma técnica escolhida de
forma incorreta pode atrapalhar a obtenção dos resultados
necessários. Também é necessário utilizar a técnica corretamente. Por exemplo,
uma entrevista mal feita, com perguntas mal formuladas, poderá resultar em
informações e conclusões ambíguas ou mesmo incorretas.

2.4 Relatório de auditoria

O relatório é a forma da equipe apresentar o resultado do trabalho de auditoria


aos solicitantes. É o produto final da auditoria. “Visa dar conhecimento do
resultado da auditoria ao demandante, ao órgão/instituição auditada e ao
público.” (INTERLOCUS, 2017, p. 26).
Existem diversas formas de escrever um relatório de auditoria, dependendo dos
objetivos da atividade, o tipo de auditoria que foi realizada, a instituição que a
realizou, o solicitante da atividade, etc. Os auditores devem levar em
consideração essas diferenças ao relatar seu trabalho. No entanto, alguns
aspectos são imprescindíveis. Precisam ser observados para que o relatório seja
claro, preciso, coerente, tempestivo e sirva à sua destinação, ou seja, responda
às questões da auditoria.
Figura 5 - Os relatórios da auditoria também podem ser utilizados como instrumentos de gestão em
diversas organizações
Fonte: tsyhun, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um homem
segurando um tablet. Aparece apenas os braços
e as mãos do indivíduo, que está à esquerda. Na
tela do aparelho, mais à direita, aparecem
informações quantitativas a partir de gráficos.
Ao fundo, pode-se observar alguns papéis
desfocados.

Vamos estudar algumas características deste relatório, tão específico, a seguir.

2.4.1 Estrutura do Relatório


Um relatório minimamente organizado apresenta os tópicos: introdução,
metodologia, desenvolvimento e conclusão. Com o relatório de auditoria não é
muito diferente, mas há algumas particularidades.
VOCÊ QUER LER?
Você quer conhecer como é um relatório de auditoria pronto? No portal do
Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) você pode
acessar todos os relatórios de auditorias que foram publicados pelo
órgão, realizados na área da saúde, inclusive em hospitais. Pesquise por
data e Estado/município no link a seguir!

Acesse
(http://consultaauditoria.saude.gov.br/visao/pages/principal.html?1)

A estrutura do relatório deve conter, além dos itens citados acima, os dados
básicos da auditoria, como a identificação dos dirigentes da instituição, as
constatações encontradas e as evidências que as fundamentam, bem como
recomendações para corrigir as não conformidades que foram encontradas. As
não conformidades devem ser atribuídas aos respectivos responsáveis.
Os relatórios também podem conter anexos e adendos, como fotos, planilhas, e
declarações. Ou seja, tudo o que for necessário para a sua correta interpretação
por parte dos leitores.
A elaboração do relatório de auditoria (BRASIL, 2011) envolve muitas escolhas: o
desenvolvimento do texto, a organização dos papéis de trabalho, o destaque que
será dado a cada um dos achados de auditoria e – principalmente – o que será
informado, analisado, argumentado e proposto em cada seção do texto. A
qualidade do relatório poderá influenciar na decisão do gestor para cumprir as
recomendações ali propostas.
É importante ressaltar que, em algumas auditorias, é primeiramente elaborado
um relatório preliminar, que é enviado para o auditado para que o mesmo tenha a
oportunidade de justificar as não conformidades encontradas. Só depois é
elaborado o relatório final, já contendo as justificativas do auditado, a análise e
acatamento das mesmas por parte dos auditores.
É importante destacar que após a elaboração do relatório ele deve ser
sistematicamente revisado antes de ser entregue.

2.4.2 Constatações e evidências


Constatar algo é comprovar. E comprovar é apresentar evidências sobre
determinado fato. Um relatório de auditoria tem na sua essência constatações e
evidências. Ou seja, os fatos que foram comprovados, como foram
comprovados, quais as suas evidências.

Figura 6 - Em uma auditoria todos os fatos relatados devem ser devidamente comprovados
Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma mulher
apoiada levemente sobre quatro pastas de
arquivos. Essas pastas são cinza e estão em
primeiro plano. A mulher aparece atrás,
desfocada. Suas mãos estão sobre as pastas.

As constatações podem ser positivas ou negativas se comparadas com o


critério escolhido para ser utilizado na auditoria, por exemplo: legislações,
regulamentos, estatutos, etc. Exemplos de constatações:

Indisponibilidade de transporte para o desenvolvimento


das atividades externas.

Atraso no cronograma da execução das obras da UPA 24h


no Município ABC.
E como são conseguidas as evidências? Por meio das informações coletadas
com as técnicas explicadas anteriormente.
As evidências podem ser de três tipos. Conheça-os clicando nas abas a seguir.

1
Documental

Consiste em registros, contratos, relatórios,


memorandos, cartas, notas fiscais, recibos, etc.

2
Analítica

Análises, conferências e cálculos.

3
Testemunhal

Consiste em informações apropriadas de


pessoas que tenham conhecimento dentro e
fora da organização auditada.

Exemplos de evidências:

“A existência de veículo permanente para realização das


visitas foi observada em 55,3% das Unidades visitadas;
outras 42,5% contavam com veículo eventual/agendado.”
(INTERLOCUS, 2017, p. 213).
“Informações e fotos registradas no SISMOB indicam que,
até a data de 11/9/2015, a obra, prevista para 10/4/2015,
não havia sido concluída” (INTERLOCUS, 2017, p. 212).

Em um relatório de auditoria não é permitido o relato de fatos sem comprovação,


sem as evidências, pois isso iria contrariar suas características mais
importantes, conforme veremos a seguir.

2.4.3 Atributos do Relatório de auditoria


Um relatório de auditoria é um documento técnico e formal (BRASIL, 2017). Não
é uma peça literária, uma notícia de jornal ou uma tese científica, portanto sua
elaboração precisa atender às suas características próprias (INTERLOCUS,
2017). Ele deve ter atributos como os apresentados no quadro abaixo.
Quadro 3 - Principais atributos de um relatório de auditoria
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em INTERLOCUS, 2017; BRASIL, 2017.

#PraCegoVer
No quadro, temos 10 linhas e três colunas
indicando os principais atributos de um relatório
de auditoria. Entre eles, temos apresentação
(legível, sem rasuras ou erros), coerência (não
pode contradizer a si mesmo em nenhum
momento), oportuno (viável de utilizar),
convicção (relata os fatos de forma consistente.
Demonstra evidências), integridade (completo,
mas sem conter inverdades ou exageros),
objetividade (representação fiel dos fatos),
tempestividade (entregue no tempo adequado.
De nada adianta um bom relatório entregue
quando ele não é mais necessário), clareza
(linguagem clara) e conclusão (deve responder
às questões da auditoria que são necessárias ao
solicitante).

Um relatório de auditoria também deve ter (BRASIL, 2011):

linguagem impessoal;

conteúdo de fácil compreensão;

conteúdos isentos de imprecisões e ambiguidades;


apenas informações devidamente apoiadas por evidências
adequadas e pertinentes; e, sobretudo,

ser objetivo, convincente, construtivo e útil.

Após a elaboração do relatório deve-se dar os devidos encaminhamentos a ele,


normalmente para aqueles que solicitaram a auditoria e para os auditados, mas,
dependendo do caso, também para os órgãos regulamentadores.

Figura 7 - O relatório da auditoria deve ter uma boa apresentação e uma linguagem apropriada
Fonte: Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma mulher
sentada em frente a um computador, levemente
virada para a câmera. Ela está sorrindo e com o
corpo virado para a direita, em direção ao
aparelho. Atrás da mulher, há outros
profissionais, também sentados em frente aos
seus computadores. Ao fundo, temos um
homem de costas, sentado em frente à um
computador e com três telas acima da sua
cabeça.
O auditado receberá recomendações para corrigir as não conformidades
encontradas. Por isso, muitos consideram o relatório de auditoria como um
instrumento de gestão, que irá ajudar na melhoria da qualidade dos serviços
prestados pelo hospital.
Dessa forma, teremos um documento formal que têm em sua essência
características que lhe conferem credibilidade e que poderá, inclusive, servir de
comparação para uma próxima auditoria, a fim de verificar o que foi modificado.

CONCLUSÃO

Neste capítulo foi apresentada a metodologia da execução de uma auditoria.


Analisamos diferentes metas para a auditoria e estudamos também o perfil de
auditor, as características desejadas para esse profissional, as etapas do
planejamento de uma auditoria, os instrumentos que podem ser utilizados nela,
assim como as principais técnicas de auditoria e as características de um bom
relatório, produto final desta atividade.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

conhecer o perfil de um auditor, tanto a parte profissional


quanto a parte comportamental;

aprender sobre as etapas que constituem o planejamento


de uma auditoria e sua importância;

entender quais são e como funcionam as principais


técnicas de auditoria;

aprender como deve ser um relatório de auditoria,


considerando as partes que o constituem;

observar exemplos de dados que podem ser coletados


durante a auditoria;

analisar diferentes métodos de coleta de dados.


Clique para baixar conteúdo deste tema.

Referências
AULETE. Ética. Dicionário digital. Disponível em:
https://www.aulete.com.br/etica/ (https://www.aulete.com.br/etica/).
Acesso em: 24 jul. 2021.

BRASIL. Curso de auditoria governamental. Tribunal de Contas da União.


Conteudistas: Antonio Alves de Carvalho Neto, Carlos Alberto Sampaio
de Freitas, Ismar Barbosa Cruz, Luiz Akutsu. Coordenador: Antonio Alves
de Carvalho Neto. Brasília: TCU, Instituto Serzedello Corrêa, 2011.
Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/curso-de-
auditoria-governamental-FF8080816364D7980163E56ACC1C1909.htm
(https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/curso-de-auditoria-
governamental-FF8080816364D7980163E56ACC1C1909.htm). Acesso
em: 24 jul. 2021.

BRASIL. Integridade. Ministério da Transparência. Controladoria-Geral da


União. Disponível em: http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-
integridade (http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade).Acesso
em: 24 jul. 2021.

BRASIL. Leia de Acesso à Informação. Governo Federal. Acesso à


informação. Disponível em:
http://www.acessoainformacao.gov.br/central-de-
conteudo/infograficos/arquivos/entenda-a-lai/
(http://www.acessoainformacao.gov.br/central-de-
conteudo/infograficos/arquivos/entenda-a-lai/). Acesso em: 24 jul. 2021.
BRASIL. Princípios, diretrizes e regras da auditoria do SUS no âmbito do
Ministério da Saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa, Departamento Nacional de Auditoria do SUS.
Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em:
http://sna.saude.gov.br/download/Manual%20de%20Auditoria-2017.pdf
(http://sna.saude.gov.br/download/Manual%20de%20Auditoria-
2017.pdf). Acesso em: 24 jul. 2021.

DATASUS. Sistemas e aplicativos. Ministério da Saúde. Departamento de


Informática do SUS. Disponível em:
http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos
(http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos). Acesso em: 24 jul.
2021.

DENASUS. Consulta auditorias. Ministério da Saúde. Departamento


Nacional de Auditoria do SUS. Disponível em:
http://consultaauditoria.saude.gov.br/visao/pages/principal.html?1
(http://consultaauditoria.saude.gov.br/visao/pages/principal.html?1).
Acesso em: 24 jul. 2021.

FUNDO NACIONAL DE SAÚDE. Consulta detalhada. Ministério da Saúde.


Disponível em: https://consultafns.saude.gov.br/#/detalhada
(https://consultafns.saude.gov.br/#/detalhada). Acesso em: 24 jul. 2021.

HANSEN, J. E. A evolução da Contabilidade: da Idade Média a


Regulamentação Americana. Pensar Contábil. Conselho Regional de
Contabilidade do RJ, Ago./Out., 2001. Disponível em:
http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-
06/index.php/pensarcontabil/article/viewFile/2408/2086
(http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-
06/index.php/pensarcontabil/article/viewFile/2408/2086). Acesso em:
24 jul. 2021.

HOSPITAL SÃO LUÍS. Itaim conquista sela da JCI. Disponível em:


http://www.saoluiz.com.br/sobre_o_sao_luiz/paginas/Noticias/materia/1
4-10-23/Itaim_conquista_selo_da_JCI.aspx
(http://www.saoluiz.com.br/sobre_o_sao_luiz/paginas/Noticias/materia/
14-10-23/Itaim_conquista_selo_da_JCI.aspx). Acesso em: 24 jul. 2021.
INTERLOCUS. Auditoria do SUS no contexto do SNA - Qualificação do
Relatório de Auditoria. Brasília, 2017.

LUONGO, J. et al. Gestão de qualidade em Saúde. 1. ed. São Paulo:


Rideel, 2011.

MENDES, E. V. As Redes de Atenção à Saúde. Organização Pan-


americana da Saúde (OPAS) – Representação Brasil. 2. ed. Brasília,
2011.

PROGRAMA CQH. Compromisso com a Qualidade Hospitalar. 3º Caderno


de Indicadores CQH. 1. ed. São Paulo, 2009.

RIBEIRO, A. Amostragem Estatística para Testes de Controle. Tribunal de


Contas da União. Secretaria de Métodos e Suporte ao Controle Externo.
Instituto Serzedello Corrêa. 15 min. Sonoro. Disponível em:
https://portal.tcu.gov.br/imprensa/tv-tcu/amostragem-estatistica-para-
testes-de-controle.htm (https://portal.tcu.gov.br/imprensa/tv-
tcu/amostragem-estatistica-para-testes-de-controle.htm). Acesso em: 24
jul. 2021.

SALU, E. J. Administração hospitalar no Brasil. 1. ed. Barueri: Manole,


2013.

Você também pode gostar