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SAÚDE COLETIVA
Este material é parte integrante da disciplina “Saúde Coletiva I” oferecido pela
UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os exercícios, chats,
fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos
diretamente no ambiente de aprendizagem online.
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SAÚDE COLETIVA
Sumário
AULA 01 • O PROCESSO SAÚDEDOENÇA: CONCEITUAÇÃO BÁSICA EM SAÚDE COLETIVA
........................................................................................................................................................6
Introdução ...................................................................................................................................6
As concepções na história...........................................................................................................8
Exercícios..................................................................................................................................10
AULA 02 • MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDEDOENÇA (UNICAUSAL,
MULTICAUSAL E DETERMINAÇÃO SOCIAL DA DOENÇA) .......................................................12
Introdução .................................................................................................................................12
Modelo Unicausal ou monocausal .............................................................................................13
Modelo multicausal....................................................................................................................15
Modelo da determinação social das doenças ............................................................................17
Exercícios..................................................................................................................................19
AULA 03 • A HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL ..............................................21
Introdução .................................................................................................................................21
Brasil Colônia e Brasil Império...................................................................................................22
Brasil República.........................................................................................................................22
Ditadura Civil: “era Vargas” .......................................................................................................24
A Ditadura Militar .......................................................................................................................25
A Crise do modelo de assistência à saúde ................................................................................26
Abertura Política e os reflexos no novo modelo de assistência à saúde ....................................27
Exercícios..................................................................................................................................27
AULA 04 • PANORAMA DE SAÚDE NO BRASIL..........................................................................29
Introdução .................................................................................................................................29
Desigualdade na transição demográfica e de indicadores sociais .............................................30
Distribuição desigual dos estabelecimentos de saúde em 2006 ................................................31
Carga global de doenças no Brasil: a distribuição desigual da mortalidade...............................31
Nascimento e desigualdade no Brasil........................................................................................32
Mortalidade infantil no Brasil: determinantes e desigualdades...................................................33
Desigualdade e determinantes da saúde dos adolescentes ......................................................34
Desigualdade da mortalidade materna ......................................................................................35
Exercícios..................................................................................................................................36
AULA 05 • SERVIÇOS DE SAÚDE E NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE .......................................38
Introdução .................................................................................................................................38
Estrutura do Sistema de Serviços de Saúde..............................................................................40
Atenção Primária à Saúde ou Atenção Básica ..........................................................................42
Exercícios..................................................................................................................................44
AULA 06 • PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – CIDADE SAUDÁVEL................46
Introdução .................................................................................................................................46
Evolução do conceito de Promoção à Saúde ............................................................................47
Como fazer a Promoção da Saúde acontecer de fato?..........................................................50
A Promoção da Saúde no contexto do Sistema Único de Saúde...............................................51
Exercícios..................................................................................................................................52
AULA 07 • REFORMA SANITÁRIA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE • SUS ..............................54
Introdução .................................................................................................................................55
Em busca da cidadania e acesso à saúde.................................................................................55
Exercícios..................................................................................................................................58
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SAÚDE COLETIVA
AULA 08 • SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: HISTÓRICO, LEGISLAÇÃO E PRINCÍPIOS E
DIRETRIZES • PARTE 1 ...............................................................................................................60
Introdução .................................................................................................................................60
Um pouco de História ................................................................................................................61
Princípios e diretrizes que norteiam o SUS................................................................................63
Exercícios..................................................................................................................................64
AULA 09 • SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: DIRETRIZES, OBJETIVOS, ATRIBUIÇÕES E
COMPETÊNCIAS – PARTE 2 .......................................................................................................66
Continuação ..............................................................................................................................66
Objetivos, atribuições e competências do SUS..........................................................................67
Exercícios..................................................................................................................................70
AULA 10 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 1 ........................................................71
Introdução .................................................................................................................................71
Do sanitarismo campanhista ao modelo liberalprivatista ..........................................................72
Principais Modelos de Atenção à Saúde ...................................................................................74
Ação Programática em Saúde ou “Oferta Organizada”..............................................................74
Exercícios..................................................................................................................................75
AULA 11 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 2 ........................................................77
Principais Modelos de Atenção à Saúde ...................................................................................77
Sistemas Locais de Saúde (Silos) .........................................................................................77
Vigilância da Saúde...................................................................................................................78
Modelo de Atenção em Defesa da Vida (MDV)..........................................................................80
Exercícios..................................................................................................................................82
AULA 12 • PROGRAMA AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE PACS.......................................84
Introdução .................................................................................................................................84
Aspectos Legais do PACS.........................................................................................................84
A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde e suas atribuições .................................86
Exercícios..................................................................................................................................88
AULA 13 • ESF OU PSF: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS • PARTE I.90
Introdução .................................................................................................................................90
Um pouco de História da ESF/PSF............................................................................................91
Conceitos Básicos .....................................................................................................................93
AULA 14 • ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) OU PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
(PSF): HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS – PARTE II ............................95
Prioridades e planejamento das ações na ESF/PSF: ................................................................98
Roteiro para planejamento das ações na ESF/PSF:..................................................................99
Exercícios................................................................................................................................100
AULA 15 • PACTO PELA SAÚDE ...............................................................................................102
Introdução ...............................................................................................................................102
O Pacto pela Vida:...................................................................................................................103
O Pacto em Defesa do SUS: ...................................................................................................104
O Pacto de Gestão do SUS.....................................................................................................105
Exercícios................................................................................................................................106
AULA 16 • SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)......................................................107
Introdução ...............................................................................................................................107
Algumas fontes de informação no SUS ...................................................................................108
Principais problemas para viabilização do Sistema de Informação em Saúde .....................112
Exercícios................................................................................................................................112
AULA 17 • PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE SAÚDE ...........................................................................114
Organização Mundial da Saúde (OMS) ...................................................................................114
Organização PanAmericana da Saúde (OPAS)......................................................................115
Ministério da Saúde (MS) ........................................................................................................116
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SAÚDE COLETIVA
Secretarias de Saúde ..............................................................................................................119
Exercícios................................................................................................................................120
AULA 18 • ATUALIDADES DO SUS: CARTÃO SUS, ACOLHIMENTO E FARMÁCIA POPULAR
....................................................................................................................................................122
Introdução ...............................................................................................................................122
Cartão Nacional de Saúde ou Cartão SUS ..............................................................................122
Acolhimento.............................................................................................................................124
Farmácia Popular ....................................................................................................................125
Exercícios................................................................................................................................126
AULA 19 • CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO (CRIANÇA, ADOLESCENTE, ADULTO, IDOSO E
PROFISSIONAIS DE SAÚDE) ....................................................................................................128
Introdução ...............................................................................................................................128
Um pouco de História ..............................................................................................................128
Programa Nacional de Imunização (PNI).................................................................................130
Exercícios................................................................................................................................131
AULA 20 • PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.....133
Introdução ...............................................................................................................................133
A prática do profissional de saúde...........................................................................................133
Em busca de uma adequação de conduta...............................................................................136
Exercícios................................................................................................................................139
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................141
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SAÚDE COLETIVA
Quando se fala em doença, identificase, de imediato, o seu oposto: a saúde, desejo
incontestável de todas as pessoas. A doença aparece como o lado sombrio da vida, aquele que
poderá levar à morte. À resposta dinâmica que as sociedades manifestam, de forma diferenciada,
essa forma de adoecer e morrer, levando em consideração a dimensão não apenas dos
sofrimentos físicos, mas também psíquicos, morais e éticos, denominamos Processo Saúde
Doença, ou seja, a síntese da totalidade das determinações que operam sobre a qualidade de
vida e está articulado aos processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e
de responsabilidade humana.
“Saúde é o resultado do equilíbrio entre o indivíduo e o seu meio ambiente”. (OMS,
1949)
Introdução
Quando se fala em doença, identificase, de imediato, o seu oposto: a saúde – desejo
incontestável de todas as pessoas. A doença aparece como o lado sombrio da vida, aquele que
poderá levar à morte. À resposta dinâmica que as sociedades manifestam, de forma
diferenciada, essa forma de adoecer e morrer, levando em consideração a dimensão não apenas
dos sofrimentos físicos, mas também psíquicos, morais e éticos, denominamos Processo Saúde
Doença, ou seja, a síntese da totalidade das determinações que operam sobre a qualidade de
vida, e está articulado aos processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e
de responsabilidade humana.
O processo saúdedoença vem apresentando diferentes significados conforme a época. O
conceito que se tem de saúde depende do entendimento que há do organismo vivo e de suas
relações com o meio ambiente. Como essa compreensão muda de uma cultura para outra e de
um momento histórico para outro, as noções de saúde e de doença também se modificam. Desse
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SAÚDE COLETIVA
Sociedade pode ser definida como sendo o complexo integrado por homens diferenciados
ocupando determinado espaço geopolítico. Os homens interagem entre si a partir da inserção no
trabalho, no qual eles se relacionam, e também com a natureza, na produção da vida material.
Esse trabalho está estruturado pela base econômicosocial. Toda essa estruturação está
assentada no modo de produção, síntese concreta , histórica e dinâmica das relações sociais e
das forças produtivas. Tal modo de produção conforma e é conformado pela superestrutura
jurídicopolíticoideológica. Essa sociedade encontrase em permanente transformação, criando
se e recriandose pela ação humana em um processo de criação, no qual o homem é também
transformado.
A sociedade brasileira assentase num modo de produção capitalista periférico, existindo,
portanto, em seu interior, agrupamentos humanos que se inscrevem em diferentes classes sociais
conflitantes. Diferentes classes sociais têm distintas condições de vida e, portanto, diferentes
condições de saúdedoença, ou seja, diferentes condições de adoecer e morrer.
O conceito de saúde foi definido pela Organização Mundial de Saúde – OMS – em 1948,
como sendo “ um estado de completo bemestar físico, mental e social, e não a mera
ausência da doença” . Doença (do latim dolencia = padecimento) é o estado resultante da
consciência da perda da homeostasia de um organismo vivo, total ou parcial. Desse modo, a
saúde deve ser entendida, em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida e,
assim, não é um "bem de troca", mas um "bem comum", um bem e um direito social, no sentido
de que a cada um e a todos possam ter assegurados o exercício e a prática desse direito à saúde,
a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimentos e tecnologia que a
sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo nesse campo, adequados às suas necessidades,
envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de
doenças. Ou seja, considerar esse bem e esse direito como componente e exercício da cidadania,
compreensão esta que é um referencial e um valor básico a ser assimilado pelo poder público,
para o balizamento e a orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações.
A noção de que a saúde é um processo continuado e interdependente de preservação da
vida, criou uma nova dimensão social. A saúde passou a ser também um processo de
cidadania. Assim, todos cidadãos têm direitos, mas são igualmente responsáveis pela sua
manutenção. A saúde, dentro desse enfoque, ocorre e é conseqüência de ações realizadas em
toda a sociedade. Isso não exime o Estado, o médico e outros profissionais de saúde de suas
responsabilidades, mas agrega uma variável fundamental de respeito ao indivíduo, doente ou
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SAÚDE COLETIVA
sadio, através do compromisso social solidário na consecução do objeto maior de garantir
condições dignas de vida a cada ser humano. Esse modo de entender a saúde abrange aspectos
individuais e coletivos, envolvendo questões ambientais e sociais.
As concepções na história
Os povos antigos explicavam a doença dentro de uma visão mágica do mundo. Os
demônios e espíritos malignos, motivados por um castigo, vitimavam o doente, podendo leválo à
morte. A cura do doente caberia ao feiticeiro ou xamã, o único com poderes de convocar os
espíritos capazes de erradicar o mal. Essas concepções estavam mais presentes entre os
assírios, caldeus e hebreus, detentores de uma visão religiosa do mundo e capazes de atribuir o
caráter religioso ao surgimento e à cura das doenças, advinda das plantas e dos recursos
naturais.
Para os hindus e chineses, a doença era causada pelo desequilíbrio entre os elementos do
organismo humano, ocasionado pelas influências do ambiente físico – astros, clima, etc. Os
chineses alegavam que as doenças eram determinadas por causas externas, as quais,
supostamente, provocariam o desequilíbrio entre os princípios Yin e Yang. Argumentavam que
para o restabelecimento da saúde, que se daria através do reequilíbrio da energia interna, a
pessoa deveria ser sujeita às terapêuticas da acupuntura e doin. Nesse entendimento, o homem
atua ativamente no processo de doença e cura, e o caráter mágico/religioso, predominante na
idéia anterior, perde influência.
Na Grécia, as concepções recepcionaram as idéias dos hindus e chineses através de
explicações que davam à saúde o significado de harmonia entre os quatro elementos que
compõem o corpo humano – água, terra, ar e fogo.
Hipócrates, o criador da Medicina moderna, que negou a concepção de doença causada
por demônios ou forças sobrenaturais, já apontava em seu livro Dos Ares, das Águas e dos
Lugares (480 a.C), enfatizando ser a base da arte médica a compreensão da interação entre
mente, corpo e ambiente. Ele considerava que os fatores culturais – como modos de vida – e os
fatores psicológicos ou “componentes da natureza humana” – como humores e paixões –
somavamse aos fatores ambientais na influência sobre o bemestar dos indivíduos. No entanto, a
história das ciências médicas não foi sempre linear, ou constante, mas conflituosa e antagônica, e
os aspectos da medicina hipocrática foram negligenciados com o predomínio da ciência
cartesiana. Porém, nas últimas décadas, a relação entre fatores sócioambientais e o organismo
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SAÚDE COLETIVA
biológico vem sendo bastante pesquisada, e há a necessidade da compreensão de que a
pobreza, condições de trabalho, moradia, alimentação, costumes e práticas de saúde, etc, são
fatores intervenientes no estado de bemestar.
Na Idade Média conhecida como a Era das Trevas sob influência do cristianismo, a
doença volta a ser explicada como purificação, uma forma de atingir a graça divina, que incluía a
cura, quando merecida. A Peste Negra assolava o continente europeu e, acusados de haver
provocado a doença, numerosos judeus foram jogados à fogueira. Surgiram os hospitais ou asilos
no intuito de segregar as pessoas portadoras de doenças infecciosas.
A Renascença (século XVIII), considerada um período de transição, convive com a
dicotomia entre as práticas esotéricas e a ciência. A percepção hipocrática de organicidade
continua relegada em favor dos elementos externos que penetram no organismo. Surge a teoria
do contágio e, mais uma vez, prevalece a compreensão das alterações anatômicas decorrentes
da doença, centrando as atenções nos sinais e sintomas, consolidando as práticas de saúde na
abordagem particular e do indivíduo.
No final do século XVIII, após a Revolução Francesa, com o aumento da população urbana
nos países europeus e a ascensão do sistema fabril, surge a explicação social na causalidade
das doenças, relacionandoas com as condições de vida e trabalho das populações. Desse
cenário, emergiu a idéia de Medicina Social, e o termo data de 1848. Dentre os defensores dessa
abordagem, temos Rudolph Virchow, considerado o “pai” da Patologia moderna, que se dedicou
aos estudos da Patologia porque a medicina social mostrouse inócua com as descobertas do
microorganismo por Robert Koch e Louis Pasteur, na metade do século XIX .
Com as descobertas da Bacteriologia, volta prevalecer a idéia das partículas externas
provocando o aparecimento da doença. As concepções sociais dão lugar ao agente etiológico.
Assim, essa relação orgânica, como proposto por Hipócrates, na Antiguidade clássica, entre o
biológico e o social no processo saúdedoença, ficou completamente esquecida.
Dessa forma, o objeto do sistema de saúde deve ser entendido como as condições de
saúde das populações e seus determinantes, ou seja, o seu processo de saúde/doença, tendo em
vista produzir, progressivamente, melhores estados e níveis de saúde dos indivíduos e das
coletividades, atuando articulado e integralmente nas prevenções primária, secundária e terciária,
com redução dos riscos de doença, seqüelas e óbito.
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SAÚDE COLETIVA
Exercícios
2. À resposta dinâmica que as sociedades manifestam, de forma diferenciada, essa forma de
adoecer e morrer, levando em consideração a dimensão não apenas dos sofrimentos físicos,
mas também psíquicos morais e éticos, denominamos Processo SaúdeDoença, ou seja, a
síntese da totalidade das determinações que operam sobre a qualidade de vida, e está
articulado aos processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e de
responsabilidade humana.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúdedoença vem apresentando diferentes
significados conforme a época.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Com as descobertas da Bacteriologia, volta a prevalecer as concepções sociais e a relação
orgânica, conforme proposto por Hipócrates, na Antiguidade clássica, entre o biológico e o
social no processo saúdedoença.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
2. À resposta dinâmica que as sociedades manifestam, de forma diferenciada, essa forma de adoecer e morrer, levando em
consideração a dimensão não apenas dos sofrimentos físicos, mas também psíquicos morais e éticos, denominamos Processo
SaúdeDoença, ou seja, a síntese da totalidade das determinações que operam sobre a qualidade de vida, e está articulado aos
processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e de responsabilidade humana.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúdedoença vem apresentando diferentes significados conforme a época.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente o processo saúdedoença vem apresentando diferentes significados conforme a época.
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SAÚDE COLETIVA
3. Com as descobertas da Bacteriologia, volta a prevalecer as concepções sociais e a relação orgânica, conforme proposto por
Hipócrates, na Antiguidade clássica, entre o biológico e o social no processo saúdedoença.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Com as descobertas da Bacteriologia, volta a prevalecer a idéia das partículas externas provocando o aparecimento da doença. As
concepções sociais dão lugar ao agente etiológico. Assim, essa relação orgânica, como proposto por Hipócrates, na Antiguidade
clássica, entre o biológico e o social no processo saúdedoença, ficou completamente esquecida
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SAÚDE COLETIVA
O homem sempre buscou uma maneira de explicar a origem das doenças. Assim, houve a
teoria mística sobre a doença, superada, posteriormente, pela teoria de que a doença era um fato
decorrente das alterações ambientais no meio físico e concreto em que o homem vivia,
envolvendo as teorias dos miasmas e do contágio. Com os estudos de Louis Pasteur (na França),
entre outros, veio a prevalecer a Teoria da Unicausalidade, com a descoberta dos micróbios (vírus
e bactérias) e, portanto, do Agente Etiológico. Posteriormente, surgindo a explicação da
multicausalidade na determinação da doença, e não apenas a presença exclusiva de um agente
e, finalmente, uma série de outros estudos e conhecimentos provindos principalmente da
epidemiologia social.
AULA 02 • MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE
DOENÇA (UNICAUSAL, MULTICAUSAL E DETERMINAÇÃO
SOCIAL DA DOENÇA)
Introdução
O homem sempre buscou uma maneira de explicar a origem das doenças. Assim, houve a
teoria mística sobre a doença, que os antepassados a julgavam como um fenômeno
"sobrenatural", ou seja, além da sua compreensão do mundo, superada, posteriormente, pela
teoria de que a doença era um fato decorrente das alterações ambientais no meio físico e
concreto que o homem vivia, envolvendo as teorias dos miasmas e do contágio. Com os estudos
de Louis Pasteur (na França), entre outros, veio a prevalecer a Teoria da Unicausalidade, com a
descoberta dos micróbios (vírus e bactérias) e, portanto, do Agente Etiológico, ou seja, aquele
que causa a doença. Teoria esta que, pela sua incapacidade e insuficiência de explicar a
ocorrência de uma série de outros agravos à saúde do homem, veio a ser complementada como
uma série de conhecimentos produzidos pela epidemiologia, que evidencia a multicausalidade na
determinação da doença e não apenas a presença exclusiva de um agente e, finalmente, uma
série de outros estudos e conhecimentos provindos, principalmente, da epidemiologia social nos
meados deste século, veio esclarecer melhor a determinação e a ocorrência das doenças nos
indivíduos e, especialmente, das populações, do coletivo e entre as classes sociais.
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SAÚDE COLETIVA
Desse modo, surgiram vários modelos – entendese modelos como sínteses provisórias de
debates sobre a idéia de doença e seus determinantes – expressando a explicação e
compreensão da saúde, da doença e do processo saúde/doença, como o modelo epidemiológico
baseado nos três componentes agente, hospedeiro e meio, considerados como "fatores
causais", evoluindo para modelos mais abrangentes, como o do "campo de saúde" de Lalonde
(este modelo será estudado na disciplina Epidemiologia), envolvendo ambiente (não apenas o
ambiente físico), estilo de vida, biologia humana e sistema/serviços de saúde, numa permanente
interrelação e interdependência. Assim, os conceitos de contágio, transmissão, constituição
epidêmica, miasma, risco e vulnerabilidade fundamentaram as explicações sobre os fenômenos
de adoecimento das populações.
De qualquer modo, e em última instância, o importante é saber e reconhecer essa
abrangência e complexidade causal, que saúde e doença não são estados estanques, isolados,
de causação aleatória, não se está com saúde ou doença por um acaso. Há uma determinação
permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade. Daí
se dizer que há uma produção social da saúde e ou da doença. Em última instância, "o processo
saúdedoença constitui uma expressão particular do processo geral da vida social".
Modelo Unicausal ou monocausal
O conceito de constituição epidêmica vem dos escritos de Hipócrates, que atribuiu a
uma série de condições climáticas locais um estado da atmosfera produtor de certas doenças
capazes de se espalharem, creditandose , portanto, no meio circulante, a predisposição ao
adoecimento de vários corpos ao mesmo tempo. Essa concepção desenvolveuse durante os
séculos XVI e XVII, período denominado de epidemiologia medieval, e foi a primeira idéia a
influenciar o conhecimento médico sobre as epidemias (aumento no número de doenças acima do
esperado, em uma população, em determinado tempo e espaço) no Ocidente.
A teoria dos miasmas influenciou o pensamento médico até o início do século XX. Vinda
da concepção de Aristóteles, que atribuía às entidades materiais alguns atributos inerentes à sua
“natureza”, os “vapores” emanados dos pântanos propiciariam o aparecimento de doenças, como
a malária, as prisões provocavam a “febre das prisões” (Tifo Exantemático), e assim por diante.
Esse atributo dos lugares serviu por séculos como explicação para o surgimento das doenças.
Até o começo do século XX, a manutenção de um fluxo contínuo de mercadorias e
pessoas entre os continentes exigiu um controle dessas mercadorias, de navios estrangeiros e
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SAÚDE COLETIVA
áreas portuárias. As florescentes cidades comerciais eram as mais vulneráveis às epidemias de
doenças, principalmente aquelas ligadas aos portos (Peste Bubônica, Tifo, Febre Amarela,
Tuberculose, Cólera, Varíola).
Medidas foram instituídas, como quarentena e o isolamento das áreas (cordão sanitário)
para proteger as cidades do contágio de doenças vindas do exterior. Essas medidas, por mais
drásticas que fossem, eram as únicas possíveis, já que pouco se sabia efetivamente da etiologia
(causa) das doenças e seus mecanismos de transmissão. De fato, até o início do século XX, a
teoria dos “miasmas” era o modelo médico/sanitário dominante.
Quarentena
Isolamento imposto a um navio que transporta pessoas, animais ou mercadorias
provenientes de país em que grassa moléstia contagiosa. / Isolamento de certas
pessoas, lugares e animais que podem acarretar perigo de infecção.
O período de quarentena depende do tempo necessário como proteção contra a
propagação de uma doença determinada. O nome quarentena provém do fato de
outrora, quando as autoridades de um porto suspeitavam que houvesse portadores de
infecção entre os passageiros ou tripulantes de um navio, este ter de ficar 40 dias ao
largo do porto, sem atracar.
A confirmação definitiva da teoria do contágio viria em 1876, graças aos estudiosos de
Louis Pasteur (18221895) e Robert Koch (18431910), que estabeleceram a teoria dos germes
ou teoria bacteriana, que modificou profundamente as representações sobre o corpo e sobre as
relações homemambiente. Segundo esta teoria, todo germe é considerado ofensivo ou perigoso
para a saúde e causadores de diversos agravos.
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SAÚDE COLETIVA
Até o aparecimento da teoria dos germes, a relação saúde e ambiente era vista sob uma
perspectiva predominantemente determinista, estabelecendo relações lineares de causa e efeito
com o meio físico. Como pode ser observado, o tratado de Hipócrates, Dos Ares, das Águas e dos
Lugares – 480 a . C – e os escritos sobre medicina nas civilizações egípcias de Heródoto – 500 a .
C são considerados as primeiras abordagens da temática das relações entre a saúde e os
“lugares”.
Nesse processo, o campo de saber dos profissionais de saúde foi se restringindo ao corpo
humano e à biologia humana, tornando irrelevante o conhecimento sobre o ambiente. Devido à
crença na unicausalidade das doenças secundárias aos processos biológicos, ficaram conhecidas
como correntes “biologicistas”, pois asseguravam a primazia do biológico na determinação das
doenças. Esse modelo centra a explicação num único fator: o agente biológico, e impõe que as
causas sociais da doença são secundárias, não importando para o processo de cura.
Como modelo organizador do pensamento epidemiológico, a teoria microbiana do contágio
permaneceu incontestada até 1912, quando Casimir Funk enunciou a teoria das “deficiências” que
se tornou base da explicação para as doenças nutricionais. Dessa forma, a observação científica,
no decorrer do tempo, demonstrou que tais teorias, embora apresentassem fenômenos
concorrentes, não eram suficientes para justificar amplamente a ocorrência de doenças; somente
a presença do agente etiológico, em muitas situações, não determina o aparecimento de
doenças. Portanto, a teoria unicausal foi comprovada como inconsistente.
Modelo multicausal
Há um avanço relativo em relação ao modelo anterior, pois ele incorpora os fatores sócio
econômicos, culturais, físicos, químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos
de doença, freqüência, gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiais de
vida (moradia, salário, alimentação, educação, saneamento, etc) , embora procure traçar, entre os
mesmos, relações de natureza apenas quantitativa.
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SAÚDE COLETIVA
O modelo multicausal coloca grande ênfase na avaliação estatística e quantitativa das
variáveis do processo saúdedoença, fazendo com que os indivíduos e fatores de doença sejam
agrupados e organizados, ignorandose, contudo, o peso e a hierarquia dos fatores de origem
social e de origem biológica. Não obstante, definiu um propósito prático para a descoberta das
relações que oferecem possibilidades para prevenção de doenças.
O complexo processo de estruturação de saúde é, na verdade, resultado de interações
multicausais, não se admitindo mais o conceito de singularidade , de unicausalidade, que ficou
estrito às possíveis ações bacteriológicas dos postulados de Pasteur e Koch, mas resultantes de
interações de ordem sócioeconômicas, culturais, nutricionais, psicológicas, imunológicas, etc.
Assim, o homem foi construindo os modelos de explicação causal para o processo saúde
doença. Avançando cronologicamente, surge, no início do século XX, o modelo multicausal de
Leavel & Clarck, que se caracteriza por ser uma variante mais dinâmica e desenvolvida desse
modelo multicausal, e se torna o pensamento hegemônico, apoiado na teoria ecológica de
causação de doenças.
Baseandose na dinâmica do equilíbrio ou desequilíbrio dos três fatores considerados
(hospedeiro, agente e meio), propõe três níveis de intervenção: prevenção primária, através da
promoção à saúde e da proteção específica em relação a um agravo determinado – a ser
desencadeada ainda na fase prépatogênica da doença (na qual surge a doença); prevenção
secundária, constante de diagnóstico e tratamento; e prevenção terciária, que supõe ações
destinadas à recuperação do dano e à reabilitação. Essas duas últimas intervenções aplicamse à
fase patogênica (depois do aparecimento da doença).
Surge aí a idéia de risco, definido como possibilidade de perda ou responsável pelo dano.
A idéia de risco envolve uma relação de probabilidade entre eventos e interações causais
(fonte/exposição). Esse modelo tornouse hegemônico e permeia todo o conhecimento das
doenças nas populações até os dias atuais, não estando, no entanto, livre de críticas por ignorar a
categoria social do homem, satisfazendose com correlações biológicoecológicas,
independentemente da necessidade de transformações estruturais que alterem o equilíbrio do
sistema, o que afasta a questão da determinação social da doença.
16
SAÚDE COLETIVA
Causa Direta e Indireta
Causa Direta: picada de um mosquito infectado.
Causa Indireta: a cegada das chuvas (estações chuvosas) favorece a formação de
charcos temporários e a recuperação dos níveis de lagoas e pântanos. Esses
reservatórios de água se convertem em criadouros de mosquitos adultos, os quais
trazem um aumento na densidade de anofelinos, e, portanto, um aumento do IPH
(número de picadas pessoa/noite).
Modelo da determinação social das doenças
Neste modelo, superase a concepção da mera relação de causaefeito para explicar o
adoecimento e a morte. Apontase, ao contrário, para o modo de adoecer, como um processo que
tem como elemento modelador a estrutura social. Tais abordagens apareceram na literatura,
especialmente na América Latina, nos anos de 1970, e se tornaram referência para a constituição
de um novo campo científico, o da chamada Epidemiologia Social (baseada na determinação),
como uma contraposição à Epidemiologia Clínica tradicional, baseada na casualidade.
17
SAÚDE COLETIVA
Xochimilco, da Cidade do México. Ao enunciar a concepção saúdedoença da coletividade como
sendo o “ modo específico pelo qual ocorre, no grupo, o processo biológico de desgaste e
reprodução” . Mesmo em se tratando do processo saúdedoença de um grupo, a sua expressão é
social na medida em que não é possível focalizar a normalidade biológica do homem desvinculado
do momento histórico por ele vivido.
Dessa forma, a saúdedoença ganha objetividade: é uma realidade concreta, expressa em
grupos sociais marcados por traços sócioeconômicos particulares, que evidenciam as suas
similaridades em termos de condições materiais de vida e condições materiais de trabalho. Nesse
caso, o processo saúdedoença é a síntese do conjunto de determinações que operam numa
sociedade concreta, produzindo, nos diferentes grupos sociais, o aparecimento de riscos ou
potencialidades característicos, por sua vez manifestos na forma de perfis ou padrões de doença
ou saúde.
O modo como os homens vivem, adoecem e morrem depende de fatores diversos, tais
como a produção de riquezas pela sociedade; as relações sociais que se estabelecem dentro dela
e o modo como a sociedade faz a regulação e o controle de tais relações. Ao conjunto articulado
dessas três dimensões denominamos modo de produção.O conhecimento do modo de produção
ajuda a compreender as raízes dos processos de saúdedoença, o que equivale a dizer que o
modo de viver, adoecer e morrer dos homens constitui, também, um processo socialmente
determinado, embora possam existir influências de outras naturezas, por exemplo, genéticas,
imunológicas, agressões por parasitas, acidentes, etc.
Certamente, a qualidade de vida à qual cada grupo sócioeconômico está exposto é
diferente e, portanto, é igualmente diferente sua exposição a processos de risco que produzem o
aparecimento de doenças e formas de morte específicas, assim como seu acesso a processos
benéficos ou potencializadores da saúde e da vida.
18
SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. De qualquer modo, e em última instância, o importante é saber e reconhecer essa abrangência
e complexidade causal, que saúde e doença não são estados estanques, isolados, de
causação aleatória, não se está com saúde ou doença por um acaso. Há uma determinação
permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade.
Daí se dizer que há uma produção social da saúde e ou da doença. Em última instância, "o
processo saúdedoença constitui uma expressão particular do processo geral da vida social".
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúdedoença não apresenta relações com a
formação da sociedade em diferentes épocas.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. A Teoria dos Miasmas influenciou o pensamento médico até o início do século XX. Segundo
essa teoria, seriam os diminutos agentes infecciosos, transmissíveis e que reproduzem por si
mesmos os causadores das doenças. Essas “sementes” da moléstia ou “seminária prima”
seriam específicas para cada doença. A doença instalarseia quando as “sementes”,
transmitidas de um indivíduo a outro por contato direto ou por meio de roupas e objetos,
alterassem os humores, os princípios vitais do corpo.
Podese dizer que essa idéia está:
19
SAÚDE COLETIVA
a) Correta.
b) Incorreta.
3. O Modelo da História Natural da Doença, desenvolvido por Leavel & Clarck, em 1965,
diferenciase dos seus antecessores por enunciar que o processo saúdedoença da
coletividade como sendo o “modo específico pelo qual ocorre, no grupo, o processo biológico
de desgaste e reprodução”.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. De qualquer modo, e em última instância, o importante é saber e reconhecer essa abrangência e complexidade causal, que saúde e
doença não são estados estanques, isolados, de causação aleatória, não se está com saúde ou doença por um acaso. Há uma
determinação permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade. Daí se dizer que há
uma produção social da saúde e ou da doença. Em última instância, "o processo saúdedoença constitui uma expressão particular
do processo geral da vida social".
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúdedoença não apresenta relações com a formação da sociedade em diferentes
épocas.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
O processo saúdedoença vem apresentando relações com a formação da sociedade em diferentes épocas.
2. A Teoria dos Miasmas influenciou o pensamento médico até o início do século XX. Segundo essa teoria, seriam os diminutos
agentes infecciosos, transmissíveis e que reproduzem por si mesmos os causadores das doenças. Essas “sementes” da moléstia ou
“seminária prima” seriam específicas para cada doença. A doença instalarseia quando as “sementes”, transmitidas de um indivíduo
a outro por contato direto ou por meio de roupas e objetos, alterassem os humores, os princípios vitais do corpo.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
A teoria dos miasmas, derivada da concepção de Aristóteles, atribuía às entidades materiais alguns atributos inerentes à sua
“natureza”. Os “vapores”, emanados dos pântanos, propiciariam o aparecimento de doenças, como a malária, as prisões
provocavam a “febre das prisões” , e assim por diante.
3. O Modelo da História Natural da Doença, desenvolvido por Leavel & Clarck, em 1965, diferenciase dos seus antecessores por
enunciar que o processo saúdedoença da coletividade como sendo o “modo específico pelo qual ocorre, no grupo, o processo
biológico de desgaste e reprodução”.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
O modelo da História Natural da Doença, desenvolvido por Leavel & Clarck, em 1965, diferenciase dos seus antecessores pelo
dinamismo dos processos de saúdedoença, expressos na relação dos seus três elementos: o homemhospedeiro, o agente
patogênico e o meio.)
20
SAÚDE COLETIVA
A evolução histórica das políticas de saúde no Brasil está relacionada diretamente à
evolução políticosocial e econômica da sociedade. A descoberta e posterior colonização
brasileira pela Coroa Portuguesa apresentou diferentes formas de exploração humana e de
recursos naturais. Podese afirmar que as primeiras ações de saúde pública surgiram com a vinda
da Família Real para a Colônia. Com o advento da Proclamação da República, e persistência de
várias doenças infecciosas, houve a necessidade de estender as minguadas ações de saúde para
os espaços urbanos. Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades
brasileiras, o modelo campanhista deslocou sua ação para o combate das endemias rurais. Com o
governo de Getúlio Vargas vieram as investidas nas questões de saúde e previdência da massa
assalariada. O golpe militar de 1964 trouxe a institucionalização do INPS e do INAMPS. Na
década de 1985, o movimento da Reforma Sanitária e das “Diretas Já” clama por um Sistema de
saúde inclusivo e integral.
AULA 03 • A HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Introdução
Sabemos que a evolução histórica das políticas de saúde no país está relacionada
diretamente à evolução políticosocial e econômica da sociedade brasileira. Em 22 de abril de
1500, chegava, ao Brasil, 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. À
primeira vista, eles acreditavam tratarse de um grande monte, e chamaramno de Monte Pascoal.
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e
Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do
Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que
ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e
com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de
Tordesilhas, em 1494.
Portugal realizava, no Brasil, o extrativismo do paubrasil, explorando da Mata Atlântica
toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Nesse caso, foi
utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas
21
SAÚDE COLETIVA
(apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de
madeira até as caravelas.
Brasil Colônia e Brasil Império
Nesse período, a atenção à saúde limitavase aos próprios recursos da terra (plantas e
ervas) e às pessoas que desenvolviam a arte de curar através de conhecimentos empíricos,
denominados de curandeiros. A vinda da família real para o Brasil criou a necessidade de uma
estrutura sanitária mínima na cidade do Rio de Janeiro. Até 1850, as atividades de saúde pública
estavam limitadas em: delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais, controle de
navios e saneamento dos portos.
A carência dos profissionais médicos e de uma assistência médica estruturada, no Brasil
Colônia e no Brasil Império, fez com que proliferassem pelo país os Boticários (farmacêuticos).
Não dispondo de aprendizado acadêmico, o processo de habilitação consistia em acompanhar um
serviço de uma botica já estabelecida durante certo período de tempo. Em 1808, Dom João VI
fundou, na Bahia, o Colégio médicocirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador. No
mês de novembro do mesmo ano, foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real
Hospital Militar.
Brasil República
Com a Proclamação da República, em 1889, observase que a falta de um modelo
sanitário deixou as cidades brasileiras a mercê das epidemias. O Rio de Janeiro apresentava um
quadro sanitário caótico, caracterizado pela presença de várias doenças graves, como a varíola, a
malária, a febre amarela, e, posteriormente, a peste, o que acabou gerando sérias conseqüências
22
SAÚDE COLETIVA
tanto para a saúde coletiva quanto para outros setores, como o do comércio exterior, visto que os
navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em função da situação
sanitária existente na cidade.
Apesar dos excessos cometidos, o modelo campanhista obteve importantes vitórias no
controle das doenças epidêmicas, o que o tornou hegemônico como proposta de intervenção na
área de saúde coletiva durante décadas. Nesse período Oswaldo Cruz organizou a diretoria geral
de saúde pública, criando uma seção demográfica, um laboratório bacteriológico, um serviço de
engenharia sanitária e de profilaxia da febreamarela, a inspetoria de isolamento e desinfecção, e
o instituto soroterápico federal, posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz.
Em 1920, Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, reestruturou o Departamento
Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça, e introduziu a propaganda e a educação
sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista já existente. Importamse
conhecimentos dos maiores centros de saúde do mundo, entre eles a Escola Jonh Hopkins;
segundo seus modelos, é fundado o Instituto de Higiene e Saúde Pública, hoje atual Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras, o modelo
campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias
rurais, dado ser a agricultura a atividade hegemônica da economia da época. Ainda no início do
século XX, a economia era basicamente agroexportadora, assentada na manocultura do café. A
acumulação capitalista advinda do comércio exterior tornou possível o início do processo de
industrialização no país, que se deu principalmente no eixo RioSão Paulo.
A industrialização resultou de uma urbanização crescente e da necessidade de mãode
obra nas indústrias. Os operários da época não tinham quaisquer garantias trabalhistas, o que
resultou em duas greves gerais no país: uma em 1917 e outra em 1919. Através desses
movimentos, os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais. Em 24 de janeiro de
1923, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, a Lei Eloi Chaves, marco inicial da previdência
23
SAÚDE COLETIVA
social no Brasil. Através dessa lei, foram instituídas as Caixas de Aposentadoria e Pensões
(CAP’s).
A Lei Eloi Chaves deveria ser aplicada somente aos operários urbanos, as caixas deveriam
ser organizadas por empresa e não por categorias profissionais, as CAP’s não eram criadas
automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de
determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas
e consumidores dos serviços das mesmas.
A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, o que pode ser explicado pela importância que
esse setor desempenha na economia do país naquela época e pela capacidade de mobilização
que a categoria dos ferroviários possuía. A extensão progressiva desse sistema, abrangendo cada
vez maior número de usuários de serviços, com a criação de novas Caixas e Institutos, veio,
afinal, fazer o ônus recair sobre o público em geral e, assim, a se constituir efetivamente em
contribuição da União. O mecanismo de contribuição tríplice (em partes iguais) referese à
contribuição pelos empregados, empregadores e União e foi obrigatoriamente instituído pela
Constituição Federal de 1934.
A crise dos anos 30 imobilizou temporariamente o setor agrárioexportador, redefinindo a
organização do estado que imprimirá novos caminhos à vida nacional. Assim é a crise do café, a
ação dos setores agrários e urbanos que vão propor um novo padrão de uso do poder no Brasil.
Ditadura Civil: “ era Vargas”
Investindo na Presidência da República pela Revolução de 1930, Getúlio Vargas instalou a
reforma política e administrativa, entre elas, a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública.
As dificuldades encontradas para governar democraticamente a nação levaram à instalação, a
partir de 1937, da ditadura do Estado Novo, com centralização da máquina governamental e
também bloqueamento das reivindicações sociais.
No que se refere à previdência social, a política do estado pretendeu estender a todas as
categorias do operariado urbano organizado os benefícios da previdência. Como resultado, as
antigas CAP’s são substituídas pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP”s). Nesses
institutos, os trabalhadores eram organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários,
bancários), e não por empresa.
Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde, o que, na verdade, limitouse a um mero
desmembramento do antigo Ministério da Saúde e Educação sem que isso significasse uma nova
24
SAÚDE COLETIVA
postura do governo. Em 1960, foi promulgada a lei 3.807, denominada Lei Orgânica da
Previdência Social, que veio estabelecer a unificação do regime geral da previdência social,
destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao regime da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e, naturalmente, os
servidores públicos e de autarquias, e que tivessem regimes próprios de previdência. Os
trabalhadores rurais só viriam a ser incorporados ao sistema 3 anos mais tarde, quando foi
promulgada a lei 4.214 de 2/3/63/, que instituiu o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
(FUNRURAL).
A Ditadura Militar
No entanto, ao aumentar o número de contribuintes e, conseqüentemente, de
beneficiários, era impossível ao sistema médico previdenciário atender a toda essa população,
levando o governo militar a direcionar os recursos públicos para a iniciativa privada. Dessa forma,
foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no
país, formando um complexo sistema médicoindustrial.
Esse sistema foi se tornado cada vez mais complexo dentro da estrutura do INPS, o que
acabou levando a criação de uma estrutura própria administrativa: o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), em 1978. Nesse momento, o Ministério da
Previdência e Assistência Social ditava as políticas de saúde; juntamente com esse ministério foi
criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), que proporcionou a remodelação e
ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados.
Incapacitado de atender à extensa massa de usuários com serviços próprios, recorre às
instituições privadas no sentido de complementar o atendimento à demanda. A medicina liberal
também perde espaço, organizase em redes de clínicas e hospitais com caráter lucrativo, que
25
SAÚDE COLETIVA
passam a conveniarse com a previdência e empresas, garantindo assistência a seus funcionários
(surgem aí os primeiros seguros privados de saúde).
A Crise do modelo de assistência à saúde
O modelo econômico, implantado pela ditadura militar, entra em crise em 1975,
caracterizada pela crise econômica internacional e diminuição do fluxo de capital estrangeiro e
nacional. O país diminui o ritmo de crescimento resultando em desnivelamento social, os pobres
ficaram mais pobres e os ricos mais ricos, sendo o país um dos que apresentavam um dos
maiores índices de concentração de renda em nível mundial.
A população com baixos salários passou a conviver com o desemprego e as suas graves
conseqüências sociais, como aumento da marginalidade, das favelas, da mortalidade infantil. O
modelo de saúde previdenciário começa a mostrar as suas deficiências. O setor médico privado,
que se beneficiou do modelo médicoprivatista durante quinze anos, a partir de 64, observando
que o setor público estava em crise, passou a formular novas alternativas para sua estruturação,
direcionando o seu modelo de atenção para parcelas da população, classe média e categorias de
assalariados, procurando através da poupança desses setores sociais organizar uma nova base
estrutural.
Desse modo foi concebido um subsistema de Atenção MédicaSupletiva composto de 5
modalidades assistenciais: medicina de grupo, cooperativas médicas, autogestão, segurosaúde
e plano de administração. Esse sistema baseiase num universalismo excludente, beneficiando
somente aquela parcela da população que tem condições financeiras de arcar com o sistema e
sem investimento na saúde preventiva e na mudança de indicadores de saúde. Ao subsistema
público compete atender a grande maioria da população brasileira com os minguados recursos
dos governos federal, estadual e municipal.
Nesse momento, a atuação do Ministério da Saúde resumiase às atividades de promoção
de saúde e prevenção de doenças, realizadas em caráter universal, e à assistência médico
hospitalar para poucas doenças servia a pessoas que não tinham acesso ao atendimento do
INAMPS. Esses indivíduos eram caracterizados como indigentes e encaminhados a serviços
filantrópicos para atendimento.
26
SAÚDE COLETIVA
Abertura Política e os reflexos no novo modelo de assistência à saúde
Ao longo da década de 1980, o INAMPS passaria por sucessivas mudanças, até a
universalização progressiva do atendimento, prevista pelo Sistema Único e Descentralizado de
Saúde (SUDS), defendida na 8º Conferencia Nacional de Saúde como estratégia viável para a
eliminação da assistência à saúde excludente, conforme vinha sendo imposta pelo Sistema de
Saúde anterior, já numa transição para o Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o que
imprimiu a nova lógica de direitos civis e acesso aos serviços de saúde advém com a Assembléia
Nacional Constituinte de 1986, a qual culminou com a Promulgação da Constituição da República
Federativa do Brasil, em 5 de outubro de 1988, que garante, no Artigo 196: “ A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” .
Retomaremos o assunto nas aulas 8 e 9 referente ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Exercícios
2. “Os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais. Em 24 de janeiro de 1923, foi
aprovada, pelo Congresso Nacional, a Lei Eloi Chaves, marco inicial da previdência social no
Brasil. Através dessa lei formam instituídas as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP’s). As
CAP’s não eram criadas automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização
dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por
empregados, empresas e consumidores dos serviços das mesmas”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que as CAP’s eram organizadas pelo Estado e todos os
operários, sem exceção, tinham direito à assistência médica.
Podese afirmar que essa idéia está:
a) Correta.
27
SAÚDE COLETIVA
b) Incorreta.
3. O modelo econômico, implantado pela ditadura militar, entra em crise em 1975, caracterizada /
Ao ler o texto, podemos afirmar que, nesse momento, o Estado provia assistência médica a
toda à população.
Podese afirmar que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. “Com a Proclamação da República, em 1889, observase que a falta de um modelo sanitário deixou as cidades brasileiras a mercê
das epidemias. O Rio de Janeiro apresentava um quadro sanitário caótico caracterizado pela presença de várias doenças graves,
como a varíola, a malária, a febre amarela, e, posteriormente, a peste, o que acabou gerando sérias conseqüências tanto para a
saúde coletiva quanto para outros setores, como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar
no porto do Rio de Janeiro em função da situação sanitária existente na cidade”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a necessidade de reordenação dos espaços e de solucionar a situação sanitária leva à
implementação de um programa de saneamento conhecido como modelo campanhista, liderado pelo médico sanitarista Oswaldo
Cruz.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, reordenação dos espaços e de solucionar a situação sanitária leva à implementação de um programa de saneamento
conhecido como modelo campanhista, liderado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz.
2. “Os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais. Em 24 de janeiro de 1923, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, a
Lei Eloi Chaves, marco inicial da previdência social no Brasil. Através dessa lei formam instituídas as Caixas de Aposentadoria e
Pensões (CAP’s). As CAP’s não eram criadas automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização dos
trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas e consumidores
dos serviços das mesmas”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que as CAP’s eram organizadas pelo Estado e todos os operários, sem exceção, tinham direito à
assistência médica.
Podese afirmar que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
As CAP’s não eram criadas automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determinada
empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas e consumidores dos serviços das mesmas.
3. O modelo econômico, implantado pela ditadura militar, entra em crise em 1975, caracterizada pela crise econômica internacional e
diminuição do fluxo de capital estrangeiro e nacional. O país diminui o ritmo de crescimento, resultando em desnivelamento social,
os pobres ficaram mais pobres e os ricos mais ricos, sendo o país um dos que apresentavam um dos maiores índices de
concentração de renda a nível mundial.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, nesse momento, o Estado provia assistência médica a toda à população.
Podese afirmar que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
No momento da crise de 1975, o modelo de atenção à saúde ainda permanecia excludente, sendo que somente na década de 1980,
com o advento do SUS, é que o Estado provê assistência médica a toda à população indiscriminadamente.
28
SAÚDE COLETIVA
Há muito se sabe que a saúde e doença são processos históricos e sociais determinados
pelo modo como vive, está organizada e produz cada sociedade humana. Assim, as profundas
mudanças históricas e sociais, que a sociedade brasileira vem atravessando ao longo das
décadas, têm levado a profundas alterações no perfil epidemiológico no que diz respeito à
produção e a distribuição social dos problemas de saúde. Quando se discute a desigualdade no
acesso à saúde, verificase que sua complexidade é grande, pois se traduz em diferentes
expressões de desigualdade, que exigem diferentes aproximações. O estudo da desigualdade em
saúde busca entender as diferentes expressões e as determinações dessas desigualdades para
seu melhor enfrentamento.
AULA 04 • PANORAMA DE SAÚDE NO BRASIL
Custa o rico a entrar no Céu,
(Afirma o povo e não erra).
Porém, muito mais difícil,
É um pobre ficar na terra.
(Mário Quintana)
Introdução
Há muito sabemos que saúde e doença, longe de serem fatalidade ou destino, são
processos históricos e sociais determinados pelo modo como vive, organizase e produz cada
sociedade. Assim, as profundas mudanças históricas e sociais que a sociedade brasileira vem
atravessando ao longo das décadas têm levado a profundas mudanças no perfil epidemiológico
no que diz respeito à produção e à distribuição social dos problemas de saúde.
Tomados aqui os problemas de saúde na dimensão social e coletiva; fica claro que sua
superação não é possível apenas mediante decisões de âmbito hospitalar ou de assistência
médica, mas depende de ações intersetoriais mais amplas. Por exemplo, a redução da taxa de
mortalidade infantil para valores aceitáveis, abaixo de dez óbitos por mil nascidos vivos, só poderá
29
SAÚDE COLETIVA
ocorrer com ampla articulação do setor saúde com setores governamentais e da sociedade civil,
visto que vários determinantes do óbito infantil estão fora das ações de saúde.
Outro exemplo é o da violência, que é hoje uma importante causa de morte no nosso país,
o homicídio é a terceira causa de óbito entre os homens e o acidente de transporte é a quarta
causa. Para superar esse problema, somente ações articuladas entre governos e sociedade
podem ter resultado significativo na redução.
Quando se discute a desigualdade na saúde como importante determinante dos problemas
de saúde–doença–atenção observados, vemos que sua complexidade é grande, pois se traduz
em diferentes expressões de desigualdade, que exigem diferentes aproximações. O estudo da
desigualdade em saúde busca entender as diferentes expressões e as determinações da
desigualdade para seu melhor enfrentamento.
Desigualdade na transição demográfica e de indicadores sociais
Em 2006, o Brasil apresenta uma população de 186.770.613, com 5.564 municípios. Dos
municípios brasileiros, 72% tinham até 20 mil habitantes e somente 4,5% tinham mais de 100 mil.
Em números absolutos, a Região Nordeste tem o maior número de municípios com até 20 mil
habitantes que as demais regiões, sendo seguido pela Região Sudeste e pela Região Sul. Os
municípios com mais de 100 mil habitantes estão em maior número situados na Região Sudeste.
O Nordeste é a região com menor expectativa de vida. Um nordestino vive, em média,
cinco anos a menos que um residente da Região Sul, quatro anos a menos que um residente na
Região Sudeste e três anos a menos que uma pessoa vivendo na Região Norte.
Nenhum estado brasileiro enquadrase nos níveis ideais de instrução internacionalmente
aceitáveis, estando mais próximos destes o Distrito Federal e alguns estados das Regiões Sul e
Sudeste. A proporção da população com 15 anos ou, mais ainda, sem capacidade de ler ou
escrever um bilhete simples ainda é muito alta, e mesmo estados como São Paulo, Rio Grande do
Sul e Rio de Janeiro mostravam, em 2005, que 5% da população com 15 anos ou mais era
analfabeta funcional. As proporções são ainda maiores no Nordeste e no Norte – o estado de
Alagoas tinha 30% de analfabetos funcionais em 2005.
Observase também que a população com maior taxa de analfabetismo concentrase nos
pequenos municípios (< 100 mil habitantes). Os municípios com mais de 500 mil habitantes
mostraram as menores taxas. A população rural teve cobertura mais baixa de saneamento básico
30
SAÚDE COLETIVA
que a população urbana. Os municípios com menos de 100 mil habitantes também apresentaram
pior cobertura.
Distribuição desigual dos estabelecimentos de saúde em 2006
O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) teve aumento de 49% de
estabelecimentos cadastrados no Brasil entre 2004 e 2006. Esse aumento no Cadastro foi mais
concentrado na Região Sudeste e nos municípios mais populosos, reforçando a distribuição
desigual dos estabelecimentos de saúde entre as regiões e os estados.
O Brasil apresentou 66,1% do total de estabelecimentos cadastrados como serviço de
atenção básica. As diferenças entre estados são imensas: em um extremo, temos o Distrito
Federal, com grande concentração de unidades de atenção básica (14,5/10 mil habitantes) e, no
outro, o Amazonas, com poucas unidades (1,7/10 mil habitantes) em seus municípios. A maior
parte dos estabelecimentos cadastrados é privada, contudo os privados não SUS representam
pouco mais de 40% dos estabelecimentos.
Carga global de doenças no Brasil: a distribuição desigual da
mortalidade
Além disso, a carga de doenças transmissíveis mostrouse maior que a de causa externa,
evidenciando a importância dessas doenças e mostrando a complexidade da transição
epidemiológica no Brasil. De forma geral, observaramse diferenças relevantes na mortalidade
segundo a faixa etária, o sexo e as regiões do Brasil em 2004.
O principal grupo de causas de morte no Brasil, em todas as regiões e para ambos os
sexos, foram às doenças do aparelho circulatório. Em seguida, vêm os agravos por causas
31
SAÚDE COLETIVA
externas na Região CentroOeste e no Nordeste e as neoplasias no Sul e no Sudeste. O risco de
morte por causas externas difere segundo o sexo, sendo o segundo grupo de causas de morte
para os homens nas Regiões Sudeste. Para as mulheres, as neoplasias foram o segundo grupo
de causas de morte em todas as regiões.
Os homens morreram mais precocemente que as mulheres. Entre os óbitos masculinos,
um percentual de 17,3% ocorreu na faixa etária de 15 a 39 anos, enquanto para as mulheres esse
percentual foi de 7,4%. A partir dos 50 anos, as doenças do aparelho circulatório foram o principal
grupo de causas de morte, seguidas das neoplasias e depois das causas externas.
Aproximadamente 30% dos óbitos de pessoas indígenas ocorreram antes dos 5 anos de
idade; em contrapartida, aproximadamente 55% dos óbitos de pessoas amarelas ocorreram após
os 70 anos de idade. A população preta apresentou maior risco de morte por doenças infecciosas
e parasitárias, gravidez, parto e puerpério, causas externas e causas mal definidas.
Um resultado importante na análise do perfil de mortalidade dos beneficiários de planos de
saúde é o fato das pessoas negras (pardos e pretos) morrerem mais jovens que os brancos,
mostrando a desigualdade mesmo na saúde suplementar.
Na análise pelas causas específicas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório,
observouse que as doenças cerebrovasculares e as doenças isquêmicas do coração são as
causas mais incidentes de morte dentre o grupo de doenças do aparelho circulatório e
apresentam distribuição etária bastante semelhante, tanto para a população do Brasil quanto para
beneficiários. Em comparação com a população brasileira em geral, observase que no grupo de
beneficiários há maior número de óbitos por neoplasias, reflexo da distribuição etária, pois essa
doença atinge a população mais idosa.
A condição sócioeconômica tem sido abordada como importante fator na determinação da
situação de saúde de uma população. Nesse sentido, a diferença no perfil de mortalidade em
beneficiários de plano de saúde, em face daquelas observadas para a população brasileira, deve
ser abordada como resultado de um conjunto complexo de determinantes, que vai além do acesso
à rede assistencial suplementar, como as desiguais condições de renda, ocupação, habitação e
desenvolvimento sóciocultural, que determinam as diferentes condições de saúde.
Nascimento e desigualdade no Brasil
O acesso à consulta de prénatal foi tomado como medida da desigualdade no acesso aos
serviços de saúde, por uma mãe, no ano de 2004. Os dados mostraram que ter tido sete ou mais
32
SAÚDE COLETIVA
consultas de prénatal foi explicado pela maior escolaridade das mães e pelas boas condições
sócioeconômicas do município. Também as diferenças de raça/cor se mostraram determinantes
no acesso desigual ao prénatal.
Os nascidos vivos negros tiveram uma maior chance de ter recebido menos consultas de
prénatal comparadas às mães dos nascidos vivos de cor branca, independentemente da
escolaridade e das condições sócioeconômicas dos municípios. Observase que ser um nascido
vivo negro foi fator de risco para ter tido menor assistência no prénatal e, portanto, a todas as
situações que resultam desse menor acesso.
Outra diferença que gera desigualdade é o estado civil das mães, pois as solteiras
referiram ter recebido menos consultas de prénatal que as casadas. Da mesma forma, as mães
adolescentes referiram ter recebido menos consultas de prénatal em relação às mães maiores de
19 anos. Os grupos socialmente mais vulneráveis receberam atenção prénatal deficiente em
2004. Esse resultado aponta para a necessidade de intervenções direcionadas para a redução da
desigualdade no acesso ao prénatal.
Mortalidade infantil no Brasil: determinantes e desigualdades
Os dados revelam desigualdades sociais na determinação dos riscos de morte Infantil e
nos padrões reprodutivos no Brasil. Indicam ainda diferenciais no acesso aos serviços de saúde.
As condições de adoecimento e morte, atingindo um maior número de crianças de grupos sociais
desfavorecidos, são evidentes.
Os dados apontam uma redução importante nos óbitos em crianças menores de 1 ano de
vida em todas as regiões. Entre as faixas de idade, a maior redução verificada no Brasil ocorreu
no período pósneonatal. A mortalidade por causas perinatais representa atualmente o principal
contingente das mortes no primeiro ano de vida. A proporção de óbitos decorrentes de causas
perinatais apresentou aumento entre 1996 e 2004 e houve uma redução dos óbitos em menores
de 1 ano por doenças infecciosas e respiratórias. Os óbitos das causas mal definidas caíram 39%
no mesmo período.
Os dados dos nascidos vivos mostram que o baixo peso e a prematuridade no Brasil têm
uma alta freqüência, tendo aumentado no período recente. A desigualdade na mortalidade infantil
pode ser expressa pela alta taxa entre os indígenas. Observouse que 12% dos óbitos das
crianças menores de 1 ano indígenas foram por desnutrição; para os nãoindígenas essa causa
de morte foi seis vezes menor, contribuindo com 2% da mortalidade.
33
SAÚDE COLETIVA
Desigualdade e determinantes da saúde dos adolescentes
Dos nascidos vivos, 20% tinham mães adolescentes em 2004. As maiores taxas de
nascimento – 1.000 meninas com idade entre 10 e 19 anos – foram observadas na Região Norte;
nessa região, foi especialmente mais destacada a maior freqüência de maternidade na
adolescência entre as meninas negras. Já na Região Sul, a maternidade na adolescência foi
maior entre as meninas brancas.
Em 2004, 26.276 meninas com idade até 14 anos tornaramse mães no Brasil, com chance
50% maior para as meninas negras. Nessa faixa etária, a taxa de nascimentos entre as meninas
negras chegou a 6,2/1.000 meninas na Região Norte.
A análise dos fatores associados a ser mãe antes dos 14 anos sugere que meninas
negras, residentes em municípios com até 100 mil habitantes e alto índice de pobreza, em
especial das Regiões Norte e CentroOeste, estão mais sujeitas a se tornarem mães tão
precocemente. Podese supor que as meninas residentes em municípios com essas
características têm menor oferta de suporte social e de recursos educacionais e de saúde
disponíveis para lidarem com o início de sua vida sexual. Também é possível que, para muitas
meninas, tornarse mãe seja a conseqüência de situações de violência doméstica.
Apesar de os óbitos entre adolescentes representarem apenas 2% do total de óbitos
captados pelo SIM em 2004, é alarmante o número de óbitos em conseqüência de causas
externas, com especial destaque para os homicídios e os acidentes de trânsito. A análise dos
óbitos por homicídio mostra uma grande desigualdade de gênero (rapazes têm taxa nacional de
mortalidade 11 vezes maior que as meninas) e de raça/cor (maior risco para negros). A análise
dos fatores associados à morte por homicídio mostrou que esses dois fatores (sexo masculino e
raça/cor negra) mantêmse importantes mesmo após o ajuste por variáveis sócioeconômicas. O
risco de morte por homicídio também esteve fortemente associado ao porte do município de
residência: quanto maior o município, maior o risco de morrer assassinado.
Embora os óbitos por suicídio representem 0,8% do total de óbitos ocorridos no país, eles
foram a quinta causa de óbitos em adolescentes, e na população adulta concentraramse três
quartos dos óbitos. O principal meio utilizado para cometer suicídio foi enforcamento, para ambos
os sexos, nas idades superiores a 9 anos. A proporção de suicídios praticados com uso de arma
de fogo foi maior entre os homens, enquanto as mulheres utilizaram mais freqüentemente
pesticidas e outras substâncias farmacológicas. Em 2004, as maiores taxas padronizadas de
mortalidade por suicídio foram observadas no estado do Rio Grande do Sul, para ambos os sexos.
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SAÚDE COLETIVA
No caso da morte por suicídio entre adolescentes, a característica mais fortemente
associada foi ser indígena (mesmo após o ajuste pelas variáveis sócioeconômicas), mostrando
um problema importante nesse grupo social e que tem sido pouco abordado na política social.
Desigualdade da mortalidade materna
A análise da morte em conseqüência de causas relacionadas à gravidez, ao parto e ao
puerpério entre adolescentes (274 óbitos no país em 2004, o que representa 16,4% do total de
óbitos por esse grupo de causas e a terceira causa de morte entre meninas adolescentes) mais
uma vez apontou para as desigualdades regionais e raciais na distribuição dos óbitos (maiores
taxas na Região Norte e entre meninas negras). Após o ajuste pelo índice de pobreza, manteve
se a associação entre raça/ cor negra e morte por esse grupo de causas; todavia, apenas residir
somente nas Regiões Sul e CentroOeste permaneceu como um fator de risco (ou seja, residir em
municípios pobres torna as meninas mais expostas a morrer por causas maternas do que suas
outras características).
Quando analisamos a mortalidade associada ao ciclo gravídicopuerperal e ao aborto entre
as mulheres em idade fértil, observase que essa causa de morte não aparece entre as dez
primeiras causas, somente entre as adolescentes aparece como causa importante. No entanto, a
gravidade do problema é evidenciada quando se chama a atenção para o fato de que a gravidez é
um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto, não é doença, e que, na maioria dos
casos, as mortes maternas são evitáveis.
Foram notificados, ao SIM, 1.645 óbitos maternos em 2004, o que significa uma razão de
morte materna de 54,4/100 mil nascidos vivos, com amplo predomínio das causas obstétricas
diretas (70,9%). O aborto contribuiu com 9,5% desses óbitos, a doença hipertensiva específica da
gestação (a eclampsia O15 e a préeclampsia O14) foi a que mais se destacou, representando
25,6% dentre todas as causas de óbito materno no parto ou no puerpério.
A situação de ilegalidade na qual o aborto é realizado no Brasil afeta a existência de
estatísticas confiáveis que subsidiem a implementação de políticas públicas mais precisas para as
diferentes realidades regionais e faixas etárias, nas quais a gravidez indesejada é mais freqüente.
Os resultados encontrados devem ser considerados com certo cuidado, uma vez que são
afetados pelo pequeno número de eventos notificados.
Por fim, os resultados encontrados pelo relacionamento de banco de dados de 29
maternidades/hospitais no Brasil apontam que, mesmo com políticas de sensibilização, ainda é
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SAÚDE COLETIVA
considerável o número de óbitos de mulheres logo após o parto e no puerpério sem definição da
causa básica, mesmo em mulheres que vieram a falecer no mesmo dia do parto, após intervenção
cirúrgica.
Exercícios
1. O Nordeste é a região com menor expectativa de vida. Um nordestino vive, em média, cinco
anos a menos que um residente da Região Sul, quatro anos a menos que um residente na
Região Sudeste e três anos a menos que uma pessoa vivendo na Região Norte.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, com relação à expectativa de vida do brasileiro, o Sul e
Sudeste são regiões com menor expectativa de vida.
Podemos afirmar que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Com relação à mortalidade no Brasil: entre as doenças nãotransmissíveis, em todas as regiões
do Brasil, os agravos por causas externas foram a primeira causa de óbito.
Podemos afirmar que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Quanto aos determinantes de saúde na adolescência, podemos afirmar: O suicido entre
adolescentes descendentes dos povos indígenas é alto e a gravidez na adolescência está
relacionada ao baixo nível sócioeconômico.
Podemos dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. O Nordeste é a região com menor expectativa de vida. Um nordestino vive, em média, cinco anos a menos que um residente da
Região Sul, quatro anos a menos que um residente na Região Sudeste e três anos a menos que uma pessoa vivendo na Região
Norte.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, com relação à expectativa de vida do brasileiro, o Sul e Sudeste são regiões com menor
expectativa de vida.
Podemos afirmar que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Uma pessoa que vive no Nordeste vive, em média, cinco anos a menos que um residente da Região Sul, quatro anos a menos que
um residente na Região Sudeste.
2. Com relação à mortalidade no Brasil: entre as doenças nãotransmissíveis, em todas as regiões do Brasil, os agravos por causas
externas foram a primeira causa de óbito.
Podemos afirmar que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Entre as doenças não transmissíveis, em todas as regiões do Brasil, as doenças do sistema circulatório foram as primeiras causas
de óbito.
3. Quanto aos determinantes de saúde na adolescência, podemos afirmar: O suicido entre adolescentes descendentes dos povos
indígenas é alto e a gravidez na adolescência está relacionada ao baixo nível sócioeconômico.
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SAÚDE COLETIVA
Podemos dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, o suicido entre adolescentes descendentes dos povos indígenas é alto e a gravidez na adolescência está relacionada ao
baixo nível sócioeconômico.
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SAÚDE COLETIVA
Atenção à saúde pode ser definida como sendo tudo o que envolve o cuidado com a saúde
do ser humano, incluindo as ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento
de doenças e/ou agravos. No sistema de saúde brasileiro, o cuidado com a saúde está ordenado
em níveis de atenção. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e
serviços do sistema. Não se deve, no entanto, considerar um desses níveis de atenção mais
relevante que outro, porque a atenção à saúde deve ser integral. Antes de falar sobre os níveis
de atenção à saúde e sistema de distribuição de serviços a ela relacionados, é importante atentar
para as variáveis que interferem sobre a saúde do indivíduo, como forma de posicionar as
organizações de saúde dentro de um macroambiente.
Introdução
Atenção à saúde pode ser definida como sendo tudo o que envolve o cuidado com a saúde
do ser humano, incluindo as ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento
de doenças e/ou agravos. No sistema de saúde brasileiro, o cuidado com a saúde está ordenado
em níveis de atenção, que são a básica, a de média complexidade e a de alta complexidade. Essa
estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e serviços do sistema. Não se
deve, no entanto, considerar um desses níveis de atenção mais relevante que outro, porque a
atenção à saúde deve ser integral.
Antes de se falar sobre os níveis de atenção à saúde e sistema de distribuição de serviços
a ela relacionados, é importante atentar para as variáveis que interferem sobre a saúde do
indivíduo, como forma de posicionar as organizações de saúde dentro de um macroambiente. Em
outras palavras, ao analisar a saúde, não se pode considerar apenas as instituições que estão
voltadas para o serviço de saúde propriamente dito , mas também considerar outros fatores de
grande importância que, da mesma forma, influenciam e atingem a saúde e o bemestar, tais
como meioambiente (ambiente físico, social, econômico, relações de trabalho, etc),
hereditariedade, gênero, estilo de vida, dentre outros tantos. Pensando assim, atribuise a
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SAÚDE COLETIVA
merecida importância à questão da intersetorialidade, que permite a interdependência entre os
pressupostos econômicos, sociais, culturais, políticos, etc.
Visando contrastar essa interdependência, Henrik Blum desenvolveu, em 1970, um
modelo que ilustra bem a ação dessas variáveis sobre a saúde do indivíduo. Segundo esse
modelo, existe uma interação dessas variáveis na definição da saúde e do bemestar.
O modelo de Sistema de Saúde de Blum mostra que há uma relação de dependência
entre as variáveis: Serviços Médicos (Organizações de Saúde), Ambiente, Hereditariedade e
Estilo de Vida no impacto sobre a saúde e bemestar que, por sua vez, depende dos quesitos
social , psíquico e somático. O mais importante deste modelo devese à possibilidade de
observação de que o Sistema de Serviço de Saúde (Serviços Médicos ou Organizações de
Serviços de Saúde) não é a única variável no Sistema de Saúde. Sua ação é limitada e visa,
principalmente, atuar como um agente corregedor, quando, como diria Hipócrates, influências
negativas anulam o que deve ser feito naturalmente pelo sistema.
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SAÚDE COLETIVA
Estrutura do Sistema de Serviços de Saúde
Uma vez analisado o Sistema de Saúde ou, em outras palavras, o Macroambiente,
passaremos a mostrar como está estruturado e como funciona o Sistema de Serviços de Saúde,
suas instituições e suas principais características.
O Sistema de Serviços de Saúde pode ser analisado pelas características das
organizações que o compõem. A classificação pode ser feita relacionada à visão de lucro,
lucrativa e nãolucrativa; pela composição acionária, privada, de domínio público ou composição
mista (terceiro setor); pelo tempo de permanência do cliente, curto prazo e longo prazo; pelo corpo
clínico, fechado e aberto; pelo tamanho, pequeno porte, médio porte e grande porte. Entretanto, a
classificação mais utilizada é aquela que define o estágio de cuidado que demanda o cliente.
Os Estágios de Cuidados, nos quais se posicionam as Organizações de Serviços de
Saúde, serão descritos baixo, assim como suas principais características e os tipos de
Organizações de Serviços de Saúde mais adequados a cada um deles:
1) Cuidados Primários ou Preventivos – O objetivo maior, neste estágio, é evitar o
aparecimento da doença através de educação e medidas de prevenção básica. Os
tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns, neste estágio, são:
Unidades Básicas de Saúde, Unidades Saúde da Família, consultórios médicos,
Escolas de Educação em Saúde, Centros de Informação e Controle de Tóxicos, Clínicas
de Planejamento Familiar, etc.
2) Cuidados Secundários – Neste estágio, a preocupação já está no diagnóstico precoce
e tratamento da doença em seu estágio inicial ou em cuidados de rotina, assim como
tratamento de urgência e emergência e cuidado intensivo, que demanda um elaborado e
constante processo de diagnóstico e acompanhamento de média complexidade. Os
tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns, neste estágio, são:
Hospitais com serviços médicos e cirúrgicos em geral, Serviços de Tratamento de
Emergências.
3) Cuidados Terciários – Está voltado para cuidados médicos super especializados de
alta complexidade, que atendam pacientes de uma extensa área geográfica. Seu
objetivo é o acompanhamento do cliente, seja em fase pósoperatória ou em cuidados
de rotina para reabilitação. Os tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais
comuns, neste estágio, são: Hospitais especializados em doenças crônicas ou hospitais
geral com equipamento de alta tecnologia.
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SAÚDE COLETIVA
4) Cuidados Restaurativos – Seu objetivo é o acompanhamento do cliente, seja em fase
pósoperatória, em cuidados de rotina, em reabilitação ou cuidados domésticos. Os
tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns, neste estágio, são: Clínicas
de reabilitação/fisioterapia, clínicas para pacientes psiquiátricos e agências de Serviços
de saúde domésticos.
5) Cuidado Contínuo – Neste estágio, estão as pessoas que necessitam de cuidados de
saúde a todo momento, em função de doenças crônicas, de cuidados pessoais ou de
problemas psiquiátricos. Os tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns,
neste estágio, são: Centros Geriátricos de cuidados diários, serviços de enfermagem
domiciliar e centros de tratamento psiquiátrico.
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SAÚDE COLETIVA
Como se pode observar existem três grandes grupos de Organizações de Serviços de
Saúde: As Unidades Básicas de Saúde, as clínicas e os consultórios médicos voltados para
prevenção e diagnóstico de doenças e com abrangência de atuação limitada (vizinhança); os
hospitais voltados para tratamentos especializados e de emergência e com abrangência mais
regional e, por último, os Serviços de reabilitação e acompanhamento de atendimento domiciliar .
No Brasil, para a consolidação do sistema de atenção à saúde pública, o eixo central do
modelo de assistência foi direcionado para privilegiar a Atenção Primária à Saúde.
Atenção Primária à Saúde ou Atenção Básica
A Atenção Primária à Saúde surgiu na Conferência de Almaata, em 1978, com a
proposta de “ Saúde para Todos no Ano 2000” , e alcançou destaque especial na Primeira
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, com a promulgação da Carta de Otawa, em
1986, e que vem sendo somada a uma série de declarações internacionais formuladas em
conferências realizadas sobre o tema.
A Conferência de Almaata definiu atenção primária à saúde, como:
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SAÚDE COLETIVA
Tomando alguns trechos da Declaração de Almaata:
VII 1 – A atenção primária de saúde é, ao mesmo tempo, um reflexo e uma
conseqüência das condições econômicas e das características sócioculturais, políticas
do país e de suas comunidades;
VII 3 – Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os principais
problemas de saúde e sobre os métodos de prevenção e de luta correspondentes; a
promoção do aportamento de alimentos e de uma nutrição apropriada; um
abastecimento adequado de água potável e saneamento básico; a assistência materno
infantil, com inclusão da planificação familiar; a imunização contra as principais
enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra enfermidades endêmicas locais; o
tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns; e a disponibilidade de
medicamentos essenciais.
No Brasil, a Atenção Primária à Saúde foi denominada, na década de 1990, de Atenção
Básica. Expressão brasileira que, conforme consta nos princípios gerais da Política Nacional de
Atenção Básica do Ministério da Saúde – MS – significa “ um conjunto de ações de promoção e
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde, desenvolvida no individual e nos coletivos, por meio de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob a forma do trabalho em equipe,
dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a
responsabilidade sanitária...orientase pelos princípios da universalidade, da acessibilidade
e da coordenação do cuidado, do vínculo e da continuidade, da integralidade, da
responsabilização, da humanização, da eqüidade e da participação social” . (Portaria nº 648,
MS, 2006)
Segundo o Ministério da Saúde, nem sempre um município necessita de todos os níveis de
atenção à saúde instalados em seu território para garantir a integralidade do atendimento à saúde
de sua população. Isso pode ser feito por meio de pactos regionais que garantam às populações
dessas localidades acesso a todos os níveis de complexidade do sistema. A prioridade para todos
os municípios é ter a atenção básica operando em condições plenas e com eficácia.
Para tanto, a Política nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde define que a
organização da atenção básica darseá mediante a implementação da estratégia Saúde da
Família (Programa Saúde da Família), como “porta de entrada” do sistema veremos PSF em
aulas posteriores.
43
SAÚDE COLETIVA
Da mesma forma, visando à operacionalização da Atenção Básica, o Ministério da Saúde
define como áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional:
• a eliminação da Hanseníase;
• o controle da Tuberculose;
• o controle da Hipertensão Arterial;
• o controle do Diabetes Mellitus;
• a eliminação da Desnutrição Infantil;
• a Saúde da Criança;
• a Saúde da Mulher;
• a Saúde do Idoso;
• a Saúde Bucal; e
• a Promoção da Saúde.
Outras áreas serão definidas regionalmente, de acordo com prioridades e pactuações
definidas pelos municípios.
Exercícios
1. A classificação dos Sérvios de Saúde, conforme o estágio de cuidados que demanda o cliente,
prevê que os cuidados primários sejam aqueles instituídos antes que se instale o processo
mórbido. Dessa forma, podemos concluir que as Unidades Básicas de Saúde – UBS – e os
Consultórios Médicos são as Organizações de Serviços de Saúde mais apropriadas para
prestar assistência à saúde neste estágio.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. VII 3 – Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os principais
problemas de saúde e sobre os métodos de prevenção e de luta correspondentes; a promoção
do aportamento de alimentos e de uma nutrição apropriada; um abastecimento adequado de
água potável e saneamento básico; a assistência maternoinfantil, com inclusão da planificação
familiar; a imunização contra as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra
enfermidades endêmicas locais; o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos
comuns; e a disponibilidade de medicamentos essenciais.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o Programa Fome Zero contempla a exigência da
Declaração de AlmaAta.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
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SAÚDE COLETIVA
b) Incorreta.
3. Visando à operacionalização da Atenção Básica, o Ministério da Saúde define como áreas
estratégicas para atuação em todo o território nacional a eliminação da Hanseníase; o controle
da Tuberculose; o controle da Hipertensão Arterial e o controle da obesidade.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. A classificação dos Sérvios de Saúde, conforme o estágio de cuidados que demanda o cliente, prevê que os cuidados primários
sejam aqueles instituídos antes que se instale o processo mórbido. Dessa forma, podemos concluir que as Unidades Básicas de
Saúde – UBS – e os Consultórios Médicos são as Organizações de Serviços de Saúde mais apropriadas para prestar assistência à
saúde neste estágio.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, as Unidades Básicas de Saúde – UBS – e os Consultórios Médicos são as Organizações de Serviços de Saúde mais
apropriadas para prestar assistência à saúde nos cuidados primários.
2. VII 3 – Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os principais problemas de saúde e sobre os métodos de
prevenção e de luta correspondentes; a promoção do aportamento de alimentos e de uma nutrição apropriada; um abastecimento
adequado de água potável e saneamento básico; a assistência maternoinfantil, com inclusão da planificação familiar; a imunização
contra as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra enfermidades endêmicas locais; o tratamento apropriado
das enfermidades e traumatismos comuns; e a disponibilidade de medicamentos essenciais.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o Programa Fome Zero contempla a
exigência da Declaração de AlmaAta.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, o Programa Fome Zero contempla a exigência da Declaração de AlmaAta, uma vez que recomenda a promoção do
aportamento de alimentos e de uma nutrição apropriada.
3. Visando à operacionalização da Atenção Básica, o Ministério da Saúde define como áreas estratégicas para atuação em todo o
território nacional a eliminação da Hanseníase; o controle da Tuberculose; o controle da Hipertensão Arterial e o controle da
obesidade.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
O controle da obesidade não está entre as áreas estratégicas para atuação em programas de saúde para todo o território nacional.
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SAÚDE COLETIVA
Promoção da Saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle
desse processo. Essa é a definição mais conhecida e aceita sobre Promoção da Saúde no
mundo e foi cunhada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, na
cidade de Ottawa, no Canadá, em 1986. Em 1984, no Congresso Canadense de Saúde Pública,
foram definidos os princípios para o que se delineava como Promoção da Saúde. Ao final dessa
reunião, é apresentada uma nova estratégia, denominada cidades saudáveis.
Durante a leitura, acesse os links, eles vão mostrar para você coisas muito
interessantes, que vão complementar seu aprendizado!
Introdução
Promoção da Saúde “É o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle
deste processo” (BRASIL, 2001). Essa é a definição mais conhecida e aceita sobre Promoção da
Saúde no mundo e foi cunhada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde,
na cidade de Ottawa, no Canadá, em 1986.
Para um melhor entendimento, precisamos relacionar essa definição com o conceito
ampliado de saúde, que nos mostra que saúde ou doença são resultados de uma série de
processos interativos entre o homem e seu ambiente social, ecológico, biológico, psíquico,
cultural, econômico, entre outros. Sendo assim, o homem é agente ativo de transformação do
meio em que vive, da realidade na qual está inserido e também é transformado por esta. A
Promoção da Saúde, conforme consta na Carta de Ottawa, parte do princípio de que a saúde é
um instrumento para se viver, não um objetivo. Sendo instrumento, são necessários recursos para
se alcançar a saúde, sejam eles pessoais ou sociais, tornando a busca pela saúde uma
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SAÚDE COLETIVA
responsabilidade coletiva, sendo necessária a atuação da sociedade civil organizada, como um
todo, além das ações políticotécnicoadministrativas desenvolvidas no setor saúde.
Até chegar ao atual conceito de promoção de saúde, um longo caminho foi percorrido por
várias pessoas profissionais da saúde, governantes, pesquisadores, usuários dos serviços de
saúde, etc. Vamos conhecer, portanto, um pouco dessa evolução histórica!
Evolução do conceito de Promoção à Saúde
A Promoção à Saúde foi assim denominada, pela primeira vez, por Henry Sigerist, no início
do séc. XX, que a colocou entre as quatro funções da medicina, sendo as outras: Prevenção de
doenças, Tratamento dos doentes e Reabilitação. Para ele, Promoção da Saúde significava
ações de educação para a saúde e ações estruturais do Estado para melhorar a qualidade de vida
da população.
Desde o século XIX, já se discutia a influência das condições de vida na saúde das
populações: Rudolf Virchow, em seu estudo sobre a Epidemia de Tifo, na Prússia, relacionou a
saúde com a liberdade, democracia e prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar
os fatores causais da mortalidade na Inglaterra, mostrou que os fatores que mais contribuíram pra
a melhoria das condições de vida foram: o desenvolvimento econômico, nutrição, mudança nos
níveis de vida.
A discussão da Promoção da Saúde passou também pelo modelo explicativo de Leavell e
Clark, a História Natural da Doença, em meados do século XX, que coloca a Promoção como
parte do nível Primário de Prevenção, não a diferenciando desse conceito, o que causou
controvérsias entre os profissionais da saúde e pesquisadores. Mesmo com essa discussão, o
modelo explicativo foi um avanço considerável para entender o fenômeno saúdedoença, pois
colocava a atuação sobre os determinantes como parte crucial no controle das doenças. As
diferenças entre esses dois conceitos estão descritas no quadro 1.
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SAÚDE COLETIVA
Quadro 1. Diferenças entre os conceitos presentes nas abordagens de
Promoção da saúde versus Prevenção de doenças.
Promoção da Saúde Prevenção de Doenças
• Saúde: conceito positivo e
• Saúde: ausência de doença.
multidimensional.
• Modelo participativo de saúde. Modelo médico.
• Direcionado à população em seu • Direcionado principalmente aos grupos
ambiente total. de alto risco da população.
• Envolve uma rede de questões de
• Envolve patologias específicas.
saúde.
• Estratégias diversas e complementares. • Estratégia única.
• Abordagens facilitadoras e integradoras. • Estratégias diretivas e persuasivas.
• Medidas incentivadoras são fornecidas • Medidas diretivas são fortalecidas em
para a população. gruposalvo.
• Mudanças no status dos homens e de
• Programas focalizando principalmente
seu ambiente são buscadas nos
tópicos individuais e de grupos.
programas.
• Organizações nãoprofissionais, grupos
• Programas preventivos são assuntos
cívicos e governos municipais, regionais
dos grupos profissionais das disciplinas
e nacionais são necessários para se
da saúde.
atingir as metas de promoção da saúde.
Fonte: Stachtenko & Jenicek (1990) Extraído de: Freitas (2003)
Na década de 1970, o ministro canadense Lalonde publica o Informe Lalonde, onde mostra
o resultado de suas investigações sobre a causalidade do processo saúde doença em seu país e
verificou que os estilos de vida e ambiente eram responsáveis por 80% das doenças e que não
havia investimento sobre esses fatores. Esse informe tornouse um marco, pois questionava o
papel da medicina como principal ator na resolução dos problemas de saúde da população e
atribuía ao governo a responsabilidade de atuar sobre o controle dos fatores que influenciam o
meio ambiente, tais como poluição e tratamento de água e esgoto. Lalonde denominou as
intervenções no meio ambiente de Proteção da Saúde, aquelas dirigidas ao sistema de saúde,
como Prevenção e as que tinham como foco o estilo de vida, Promoção da Saúde. Cabe lembrar,
que esta definição não corresponde ao enfoque discutido em Ottawa.
A Conferência de AlmaAta, Cazaquistão, em 1978, trouxe mais uma variável para o
campo da Promoção: os cuidados primários de saúde, definidos como cuidados de baixa
complexidade tecnológica, mas alta penetração e resolutividade nas populações. Sua meta era
“Saúde para todos no ano 2000”.
48
SAÚDE COLETIVA
Exigência de que, quando um indivíduo ou coletividade busca o atendimento ou quando
surge um problema de saúde com impacto sobre a coletividade, o serviço
correspondente esteja capacitado para resolvêlo até o nível de sua competência”.
Em 1984, no Congresso Canadense de Saúde Pública, foram definidos princípios para o
que se delineava como Promoção da Saúde: esta envolve a população como um todo e suas
ações são dirigidas aos determinantes ou causalidades social, econômica, cultural, política e
ambiental; combina abordagens diversas e complementares, objetiva a participação social. Ao
final dessa reunião, é apresentada uma nova estratégia denominada Cidades Saudáveis.
O objetivo dos Municípios e Comunidades Saudáveis é promover a saúde junto com as
pessoas e as comunidades, nos espaços onde as pessoas estudam, trabalham, se
divertem, amam... e onde vivem. A estratégia de MCS encontrase inserida em um
processo global de democratização e descentralização, baseada em iniciativas locais,
sob o marco da gestão local e da participação comunitária.
Na I Conferência Internacional de Promoção da Saúde, em 1986, em Ottawa, Canadá, é
aprovada a Carta de Ottawa, documento marco da Promoção da Saúde, que deixa cada vez mais
clara a necessidade de parcerias entre os setores da sociedade para a melhoria das condições de
vida em todos os países. Outras conferências se seguiram, como a Conferência de Adelaide,
Austrália, onde de demonstrou que as políticas públicas de todo os setores do governo
influenciam os determinantes de saúde. Nessa conferência também se determinou quatro áreas
prioritárias para promover ações imediatas em políticas saudáveis: Saúde da Mulher, Alimentação
e Nutrição, Tabaco e álcool, criando ambientes saudáveis.
Políticas Públicas compreendem as decisões de governo em diversas áreas que
influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. São os atos que o governo faz ou deixa
de fazer e os efeitos que tais ações ou a ausência destas provocam na sociedade.
Em 1991, na Suécia, na cidade de Sundsvall, o tema ambiente foi colocado na agenda de
discussões e o tema central foi a criação de “ambientes saudáveis”. Na América Latina, as
discussões acontecem, pela primeira vez, em 1992, na I Conferência LatinoAmericana de
Promoção da Saúde, realizada em Bogotá, Colômbia, onde a equidade foi tema recorrente das
discussões, devido à enorme desigualdade social presente em todos os países da América Latina.
Na Conferência de Jacarta, Indonésia, em 1998, os problemas relacionados ao processo de
globalização, principalmente a pobreza e a violência, foram colocados em pauta.
49
SAÚDE COLETIVA
Princípio segundo o qual a distribuição de recursos é feita em função das necessidades
de saúde de uma determinada população.
A V Conferência de Promoção da Saúde aconteceu no México em 2000, onde houve o
comprometimento dos governos participantes em elaborar Planos Nacionais de Ação, com o
objetivo de monitorar e incorporar estratégias de ação para a Promoção da Saúde. A VI
Conferência Global ocorreu em Bancoc, Tailândia, em 2005, e seu foco de trabalho foi como a
globalização trouxe impactos positivos e negativos para a saúde das populações. O resultado
dessas discussões ainda não pode ser percebido.
Você pode conhecer mais sobre esses países em: http://www.ibge.gov.br/paisesat/
Como fazer a Promoção da Saúde acontecer de fato?
Para responder a esse questionamento, a Carta de Ottawa traz uma matriz de ação:
Políticas públicas saudáveis que diminuam as desigualdades sociais por meio de ações
sobre os determinantes dos problemas de saúde, como, por exemplo: Política Nacional de
Trânsito, Política Nacional do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente.
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SAÚDE COLETIVA
Reforço da ação comunitária/ participação, com envolvimento concreto e efetivo das
comunidades, para a tomada de decisões, definição de prioridades e estratégias de ação. Para
isso, devese aumentar o poder das comunidades para a posse e controle dos seus esforços e
destino.
Desenvolvendo habilidades pessoais, apoiando o desenvolvimento pessoal por meio de
educação, cultura, intensificação das habilidades vitais. Devese capacitar as pessoas para
aprenderem por toda a vida.
Reorientação dos serviços de saúde: a responsabilidade da Promoção da Saúde deve
ser compartilhada entre todos os níveis de atenção à saúde, governo e sociedade. O setor saúde
deve ser orientado para a promoção, mas sem deixar de lado sua responsabilidade em prover
serviços clínicos e de urgência. Os serviços devem também conhecer e respeitar as
peculiaridades de cada região.
A Promoção da Saúde no contexto do Sistema Único de Saúde
Ao conhecermos os princípios e diretrizes do SUS, nos deparamos com o princípio de
Integralidade da assistência, que prevê que as ações de saúde sejam realizadas em todos os
níveis de atenção, focando a promoção, prevenção, cura, restauração e reabilitação dos
indivíduos e comunidades. No texto Constitucional, assim como na Lei Orgânica de Saúde n o
8080/1990, não encontramos aprofundamento de como a Promoção deve acontecer, e isso pode
ser atribuído ao fato desses conceitos serem recentes à época da elaboração dos documentos
citados.
Atualmente, existe um esforço conjunto entre o Ministério da Saúde, universidades,
serviços de saúde e organismos internacionais de fomento à saúde para a elaboração de
estratégias de implantação, avaliação e implementação de ações promotoras de saúde, em todos
os níveis do sistema de saúde. Alguns casos de sucesso podem ser encontrados no site do
CEPEDOC Cidades Saudáveis (Centro de Estudos, Pesquisa e Documentação).
Ao analisar todo esse o panorama, podemos chegar a várias conclusões, e uma delas é a
de que estamos no meio do caminho para Promover Saúde. Como profissionais de Saúde,
devemos repensar nosso foco de atuação e trabalhar com as populações no sentido de ajudálas
51
SAÚDE COLETIVA
a manter e alcançar níveis satisfatórios de saúde. Está na hora de deixarmos para trás aquela
impressão de que “não estamos fazendo nada”, quando trabalhamos com pessoas saudáveis!
Estamos fazendo muito! Afinal, quem quer ficar doente?
Para saber mais sobre Promoção da Saúde no Brasil: http://www.cedaps.org.br
Exercícios
1. Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu
ambiente social, ecológico, biológico, psíquico, cultural, econômico, entre outros. Sendo assim,
o homem é agente ativo de transformação do meio em que vive, da realidade na qual está
inserido, entretanto, não há possibilidade de o homem sofrer transformações impostas pelo
meio em que vive.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Rudolf Virchow, em seu estudo sobre a Epidemia de Tifo na Prússia, relacionou a saúde com a
liberdade, democracia e prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar os fatores
causais da mortalidade na Inglaterra, mostrou que os fatores que mais contribuíram para a
melhoria das condições de vida foram: o desenvolvimento econômico, nutrição, mudança nos
níveis de vida.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, para Rudolf Virchow, os fatores sociais, políticos e
econômicos não estão diretamente relacionados com a melhoria da qualidade de vida da
população
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos
citar as Políticas Públicas Saudáveis, que diminuam as desigualdades sociais por meio de
ações sobre os determinantes dos problemas de saúde, e o Reforço da ação comunitária/
participação, com envolvimento concreto e efetivo das comunidades, para a tomada de
decisões, definição de prioridades e estratégias de ação.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
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SAÚDE COLETIVA
Respostas dos Exercícios
1. Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu ambiente social, ecológico, biológico,
psíquico, cultural, econômico, entre outros. Sendo assim, o homem é agente ativo de transformação do meio em que vive, da
realidade na qual está inserido, entretanto, não há possibilidade de o homem sofrer transformações impostas pelo meio em que vive.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu ambiente social, ecológico, biológico,
psíquico, cultural, econômico, entre outros. Sendo assim, o homem é agente ativo de transformação do meio em que vive, da
realidade na qual está inserido, e também é transformado por esta.
2. Rudolf Virchow, em seu estudo sobre a Epidemia de Tifo na Prússia, relacionou a saúde com a liberdade, democracia e
prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar os fatores causais da mortalidade na Inglaterra, mostrou que os fatores
que mais contribuíram para a melhoria das condições de vida foram: o desenvolvimento econômico, nutrição, mudança nos níveis de
vida.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, para Rudolf Virchow, os fatores sociais, políticos e econômicos não estão diretamente
relacionados com a melhoria da qualidade de vida da população
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Os trabalhos de Virchow postulam que os fatores sóciopolíticos e econômicos estão diretamente relacionados com a melhoria da
qualidade de vida da população.
3. Entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos citar as Políticas Públicas Saudáveis,
que diminuam as desigualdades sociais por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde, e o Reforço da ação
comunitária/ participação, com envolvimento concreto e efetivo das comunidades, para a tomada de decisões, definição de
prioridades e estratégias de ação.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA:A
Realmente, entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos citar as Políticas Públicas
Saudáveis, que diminuam as desigualdades sociais por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde, e o Reforço
da ação comunitária/ participação, com envolvimento concreto e efetivo das comunidades, para a tomada de decisões, definição de
prioridades e estratégias de ação.
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SAÚDE COLETIVA
No alvorecer do século XX, três grandes flagelos assolavam as principais cidades
brasileiras: a varíola, a febre amarela e a peste bubônica. Embora não fossem as únicas doenças
a afligir as cidades e os demais estados da federação, essas enfermidades, além de atingir de
forma indiscriminada a população e gerar grandes prejuízos ao comércio exterior, comprometiam
a política de imigração estrangeira, considerada vital para os setores agroexportadores e para a
incipiente indústria manufatureira. Assim, foram implementadas reformas urbanas e sanitárias no
governo do então presidente Rodrigues Alves e colocadas em prática por Osvaldo Cruz, as quais
obrigavam a vacinação em massa de toda a população do Rio de Janeiro.
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SAÚDE COLETIVA
Introdução
No alvorecer do século XX (1904), três grandes flagelos assolavam as principais cidades
brasileiras: a varíola, a febre amarela e a peste bubônica. Embora não fossem as únicas doenças
a afligir as cidades e os demais estados da federação, essas enfermidades, além de atingir de
forma indiscriminada à população e gerar grandes prejuízos ao comércio exterior, comprometiam
a política de imigração estrangeira, considerada vital para os setores agroexportadores e para a
incipiente indústria manufatureira.
Assim, foram implementadas reformas urbanas e sanitárias no Governo do então
Presidente Rodrigues Alves e colocadas em prática por Osvaldo Cruz, as quais obrigavam a
vacinação em massa de toda a população do Rio de Janeiro, atrelando a prática da vacinação aos
direitos civis da sociedade, ou seja, aquele que se recusasse a receber a vacinação não poderia
tomar o bonde, casarse, trabalhar, transitar em locais públicos, etc.
Fato este que deflagrou um dos mais importantes levantes populares ocorridos no Brasil,
a Revolta da Vacina, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, incrementada pelo
descontentamento da população com a lei da vacinação obrigatória contra a varíola e acirrados
ainda pela política do “botaabaixo”, nome pelo qual ficou conhecida a reorganização do espaço
urbano da cidade do Rio de Janeiro, empreendida pelo Prefeito Pereira Passos.
Esse fato foi, sem duvida, o marco inicial da participação popular nas questões
relacionadas à saúde. Participação popular que, desde então, passa a ser um elemento
articulador nas relações entre o Estado e a Sociedade, a qual evolui até seu ponto máximo: o
movimento denominado Reforma Sanitária, que culminou com o Sistema Único de Saúde SUS.
Em busca da cidadania e acesso à saúde
A Reforma Sanitária Brasileira advém de muitos anos de uma luta, e podemos encontrar
indícios de sua existência desde o princípio do Século XX. No entanto, a conquista da proteção
jurídica ocorreu na década de 1980, devendo ser compreendida como início de uma nova fase
pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria da qualidade de vida da população.
Lembrando que a lei não garante a aplicabilidade das ações e serviços de saúde, o que
garante é a efetiva conquista da democracia, através da participação e do exercício de uma
cidadania plena, que advém da participação consciente dos vários segmentos da população na
55
SAÚDE COLETIVA
construção de uma sociedade com menores desigualdades sociais, e na qual o SUS, certamente,
deverá ser protegido como a mais importante conquista.
As décadas de 1970 e 1980 são muito produtivas em estudos sobre as questões da saúde
no Brasil. O movimento da Reforma Sanitária conta com a liderança dos intelectuais da área da
saúde coletiva, congregando estudiosos da saúde pública e da medicina social, e de profissionais
do setor público dos serviços de saúde. Isso se materializa numa larga produção de textos com
forte teor de denúncia e na formulação de propostas para o setor saúde, que buscam viabilizar a
constituição da saúde como um direito do cidadão brasileiro, tendo, dessa forma, a cidadania
como eixo comum de lutas.
Essas proposições comuns ao movimento concentram seus princípios articuladores na
estabilização dos serviços de saúde, na constituição de um Sistema Único de Saúde, na
descentralização, na universalização e na eqüidade do direito à saúde. Princípios esses que,
formulados já na segunda metade da década de 1970, vão se traduzindo e aperfeiçoando, em
medidas concretas, na década posterior.
Em 1985, o fim do regime militar e a implantação da chamada “Nova República”
trouxeram, para o país, a perspectiva da reforma da Constituição Federal; a fim de subsidiar a
discussão da saúde na Assembléia Nacional Constituinte, foi convocada a VIII Conferência
Nacional de Saúde – VIII CNS – para o ano de1986, que contou com a participação de dirigentes
institucionais, técnicos, estudiosos, políticos, lideranças sindicais e representantes da sociedade
civil organizada. O relatório final da VIII CNS continha recomendações que passaram a constituir o
projeto da Reforma Sanitária Brasileira. Esse projeto reconhecia a saúde como um direito básico
do cidadão e um dever do Estado, entendendo o conceito de saúde de forma ampliada. Dessa
forma, foi levado à Assembléia Nacional Constituinte, em 1987, para disputar, com outras
propostas, o que seria inscrito na Constituição Federal brasileira sobre a Saúde.
Em decorrência do ideário do movimento da Reforma Sanitária, foi promulgada a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual garante, no artigo 196, que “ a
saúde é um direito de todos e dever do Estado” , em contraponto com uma mera assistência
médica que segregava a população em indigentes e segurados do INAMPS (Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social), com vistas à implementação da cidadania e de uma
ordem democrática.
A nova Constituição Brasileira criou o Sistema Único de Saúde – SUS – em conformidade
com os princípios basilares da Reforma Sanitária e prevê, no artigo 198, que as ações e serviços
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SAÚDE COLETIVA
públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema
único, organizado, de acordo com as seguintes diretrizes:
• Conceito Ampliado de Saúde – A saúde é resultante das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra, acesso aos serviços de saúde.
• Reconhecimento da Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado – É dever do
Estado reduzir o risco das doenças através das políticas sociais, da promoção, proteção
e recuperação da saúde e da garantia do acesso aos serviços para todos os cidadãos.
• Promoção da Justiça Social – Busca de soluções que visem recuperar a cidadania e
promover a justiça social, acabando com as desigualdades, através da equidade,
universalidade, integralidade da atenção e controle social.
• Princípios Organizativos – Propõe estratégias para construção do SUS de acordo com os
princípios que orientam a democracia, cidadania e equidade (descentralização,
regionalização e hierarquização).
Nada do que se discute no âmbito da saúde brasileira continua mais atual do que o desafio
que se coloca para o presente e às futuras gerações: tornar concreto, no cotidiano da vida dos
cidadãos, os princípios que motivaram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde.
A viabilização das reformas acima descritas passou necessariamente pela reformulação do
arcabouço jurídicoconstitucional materializado na Constituição Federal de 1988, que se
caracteriza como a Lei fundamental do nosso país. A partir dos princípios nela inseridos, foi
possível a edição de Leis para regulamentar o funcionamento do sistema proposto pela Reforma
Sanitária – Lei 8080/90 e Lei 8142/90. Contudo, não obstante à regulamentação legal, para que
sejam efetivadas as reformas, urge que a sociedade exerça seu direito de cidadania, reivindicando
a aplicação dos dispositivos constitucionais e legais reguladores da matéria.
Metáfora:
Maneira de descrever as coisas de uma forma tal que, uma vez clarificada, analisada,
traria a verdade, o essencial. A metáfora contém uma mensagem a ser decodificada.
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SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. A Reforma Sanitária Brasileira advém de muitos anos de uma luta que não se iniciou apenas na
década de 1970. Podemos encontrar indícios de sua existência desde o princípio do século XX.
No entanto, a conquista da proteção jurídica ocorreu na década de 1980, devendo ser
compreendida como início de uma nova fase pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria
da qualidade de vida da população. Lembrando que a lei não garante a aplicabilidade das
ações e serviços de saúde, o que garante é a efetiva conquista da democracia, através da
participação e do exercício de uma cidadania plena, e na qual o SUS, certamente, deverá ser
protegido como a mais importante conquista.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a lei garante a conquista da democracia.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. As lutas sociais pelas reformas contribuíram para os direitos previstos na atual Constituição
Federal, porém a reforma sanitária não contém propostas para democratização do país.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Em decorrência do ideário do movimento da Reforma Sanitária, foi promulgada a Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, a qual garante, no artigo 196, que “a saúde é um
direito de todos e dever do Estado”, em contraponto com uma mera assistência médica que
segregava a população em dependentes e nãodependentes do INAMPS (Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social), com vistas à implementação da cidadania e de uma
ordem democrática.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a Constituição Federal de 1988 garante o acesso de todos
aos serviços de saúde.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
4. A mensagem que a metáfora da música de Chico Buarque, “A Banda”, pode nos passar, é a de
que a participação popular se faz necessário para a articulação de possíveis mudanças sociais.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. A Reforma Sanitária Brasileira advém de muitos anos de uma luta que não se iniciou apenas na década de 1970. Podemos
encontrar indícios de sua existência desde o princípio do século XX. No entanto, a conquista da proteção jurídica ocorreu na década
de 1980, devendo ser compreendida como início de uma nova fase pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria da qualidade
de vida da população. Lembrando que a lei não garante a aplicabilidade das ações e serviços de saúde, o que garante é a efetiva
conquista da democracia, através da participação e do exercício de uma cidadania plena, e na qual o SUS, certamente, deverá ser
protegido como a mais importante conquista.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a lei garante a conquista da democracia.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
A efetiva conquista da democracia advém da participação e do exercício de uma cidadania plena.
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SAÚDE COLETIVA
2. As lutas sociais pelas reformas contribuíram para os direitos previstos na atual Constituição Federal, porém a reforma sanitária não
contém propostas para democratização do país.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
As lutas sociais pelas reformas contribuíram para os direitos previstos na atual Constituição Federal, e a reforma sanitária contém
propostas para democratização do país.
3. Em decorrência do ideário do movimento da Reforma Sanitária, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, a qual garante, no artigo 196, que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”, em contraponto com uma mera
assistência médica que segregava a população em dependentes e nãodependentes do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência
Médica e Previdência Social), com vistas à implementação da cidadania e de uma ordem democrática.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a Constituição Federal de 1988 garante o acesso de todos aos serviços de saúde.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, a previsão, no texto constitucional, de que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”, garante o direito ao
acesso de todos aos serviços de saúde.
4. A mensagem que a metáfora da música de Chico Buarque, “A Banda”, pode nos passar, é a de que a participação popular se faz
necessário para a articulação de possíveis mudanças sociais.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
A metáfora da música “A Banda” representa a organização popular, quando descreve que todos saíram de seus afazeres e
preocupações individuais e se envolveram juntos em torno da “Banda”.
59
SAÚDE COLETIVA
O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança, que
foi iniciado com o movimento da Reforma Sanitária, implementada na década de 1986, tendo,
como resultado, conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal, que definiu, entre
outras, a reformulação das organizações prestadoras de serviços de assistência à saúde e
estabelecimentos sanitários. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a saúde como um direito
dos cidadãos e um dever do Estado, e essa universalidade de acesso aos serviços de atenção à
saúde será possível apenas com a estruturação de um sistema unificado, integral e
descentralizado, o SUS.
Introdução
O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança que
foi iniciado com o movimento da Reforma Sanitária, implementada na década de 1986, tendo
como resultado conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal, que definiu, entre
outras, a reformulação das organizações prestadoras de serviços de assistência à saúde e
estabelecimentos sanitários. Tornouse consenso que fosse abandonada a lógica tradicional que
definiu o funcionamento do sistema por muitos anos. Assim, foi estabelecida a necessidade de se
criar condições para que, de forma descentralizada e permanente, o sistema de saúde esteja
mais próximo dos indivíduos, tornandose mais humanizado, solidário e, sobretudo, mais
resolutivo.
Para integrar a assistência à saúde, nos diversos níveis, e aproveitar os recursos
disponíveis nos municípios, há que se considerar a importância da regionalização, que busca
organizar pólos de referência para o atendimento de maior complexidade dentro do sistema de
60
SAÚDE COLETIVA
referência e contrareferência, assim considerando uma oferta mais abrangente dos serviços
oferecidos à população.
Um pouco de História
A prioridade atribuída à prevenção tem sua gênese na história da discriminação social, e
que leva em consideração a trajetória da atenção à saúde no Brasil. O texto Constitucional de
1988 busca resgatar a dívida do sistema de saúde diante da prevenção das doenças da
população brasileira, necessitando que se desse um sentido de mudança radical à forma como se
desenvolveu a assistência à saúde no Brasil.
As organizações no setor saúde sempre dividiram suas ações em médicoassistenciais e
preventivas, sendo oferecidas de maneira desigual, como nos lembra a proposta do primeiro
Sistema de Saúde implementada em 1975, o qual previa que o Ministério da Saúde ficaria com as
ações de saúde preventiva e o Ministério da Previdência e Assistência Social permaneceria com
as ações curativas, ambas oferecidas de maneira desigual. Tal situação provocou a hegemonia
das ações curativas sobre as ações preventivas, caracterizadas pelo enfraquecimento financeiro e
político do Ministério da Saúde em relação ao Ministério da Previdência e Assistência Social, e a
estratificação da oferta de serviços de saúde, que diferenciava os indivíduos em indigentes
(pessoas que não contribuíam para a seguridade social) e segurados da Previdência Social
(pessoas que contribuíam para a seguridade social).
Os arranjos políticoideológicos ocorridos no Brasil, durante a década de 1985, que
culminaram com o movimento das “Diretas Já” e, conseqüentemente, com a derrubada do regime
militar instituído com o golpe de 1964, exigiam uma nova perspectiva jurídica e política para a
nação, o que foi possível com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Assim, o texto constitucional prevê que a saúde é um direito de todos e um dever do
Estado, e que deve ser provida mediante políticas públicas adequadas e que correspondam às
reais necessidades da população.
Com o advento da abertura política e da Nova República, sob forte pressão dos
movimentos populares e da sociedade civil organizada, surge um novo sistema de saúde, com
uma concepção ampliada de saúde, que incluiu os condicionantes econômicos, sociais, culturais e
bioecológicos, e uma visão abrangente e integrada das ações e serviços de saúde, superando a
visão dominante de enfocar a saúde pela doença, sobretudo nas dimensões biológica e individual.
Esse novo sistema proposto estava calcado nos direitos fundamentais da pessoa humana e
61
SAÚDE COLETIVA
centrado na integralidade dos cuidados, porém com franca preferência pelas ações primárias
(básicas) de saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi um produto da Reforma Sanitária Brasileira, previsto
no texto constitucional de 1988, que se dedica, desde o artigo 196 até o artigo 200, às questões
inerentes à saúde. No artigo 196, observamos que “ a saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação” .
Apesar de a saúde haver sido prevista na Constituição Federal de 1988 como um direito
dos cidadãos e um dever do Estado, e essa universalidade de acesso aos serviços de atenção à
saúde ser possível apenas com a estruturação de um sistema unificado, integral e
descentralizado, foi apenas no ano de 1990 que surgiu a Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, que
regulamenta o SUS, e a Lei 8142/90, que prevê a participação popular no sistema. Porém, a
despeito de sua normalização, foi implementado apenas no ano de 1993, com a Norma
Operacional Básica 93 NOB 93.
Esse espaço temporal de cinco anos decorridos entre a previsão constitucional /legal do
SUS e sua efetiva implementação técnicopolítica devese ao conturbado cenário político
brasileiro do começo da década de 1990. Estava ocorrendo o processo do impeachment do então
Presidente Fernando Collor de Melo e a IX Conferência Nacional de Saúde repercutiu a
indignação nacional, bradando: fora Collor! Com a renúncia de Collor, assumiu Itamar Franco, que
entregou a Jamil Haddad o Ministério da Saúde. Foi constituído, pelo então Ministro, o Grupo
Especial de Descentralização (GED), que começou, de forma colegiada, a discutir uma proposta
de descentralização, cuja expressão maior era a própria temática da IX Conferência:
" Municipalização é o Caminho" . Surge, então, o documento " Municipalização das ações e
serviços de saúde: a ousadia de cumprir e fazer cumprir as leis" . Assim, temos o início
efetivo do Sistema Único de Saúde –SUS.
62
SAÚDE COLETIVA
Princípios e diretrizes que norteiam o SUS
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001) define “diretriz” como sendo uma
linha reguladora do traçado de um caminho ou de uma estrada; conjunto de instruções
para se tratar e levar a termo um plano, uma ação, etc. Por princípios, entendese a
origem, começo; elemento predominante na constituição de um corpo; proposições
diretoras de uma ciência, às quais todo o desenvolvimento posterior dessa ciência deve
estar subordinado.
O SUS está assentado em diretrizes organizacionais e princípios doutrinários incorporados
ao texto constitucional e às leis ordinárias que o regulamentam.
Esses princípios e diretrizes se articulam e se complementam na conformação do ideário e
da lógica de organização do sistema e podem ser considerados como “regras do jogo do SUS”,
oferecendo a legitimidade e a direcionalidade do sistema. Tais princípios e diretrizes constituem,
portanto, as regras pétreas do SUS, apresentandose como linhas de base às proposições de
reorganização do sistema, dos serviços e das práticas de saúde.
• Integralidade: considera as várias dimensões do processo saúdedoença que afetam os
indivíduos e as coletividades, e pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações
e serviços, visando garantir a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação dos
indivíduos e da coletividade. Este princípio orientou a expansão e qualificação das ações
e serviços de saúde do SUS, que ofertam desde um elenco ampliado de ações básicas
de saúde até os serviços de reabilitação física e mental, além das ações de promoção da
saúde de caráter intersetorial.
• Eqüidade: no acesso às ações e aos serviços de saúde, dentro do atual debate relativo
à igualdade, prevista no texto da Lei, e justifica a prioridade das ações e serviços aos
63
SAÚDE COLETIVA
segmentos populacionais que enfrentam maiores riscos de adoecer e morrer em
decorrência da desigualdade na distribuição de renda, bens e serviços. Incluise aí o
princípio da discriminação positiva em favor dos grupos sociais mais vulneráveis,
buscando assegurar prioridade no acesso às ações e serviços de saúde aos grupos
excluídos e com precárias condições de vida, considerando as desigualdades de
condições decorrentes da organização social.
Designase por discriminação positiva a eleição de determinados grupos populacionais
aos quais se destinam ações prioritárias, haja vista seu grau de vulnerabilidade.
Pessoas vulneráveis são pessoas relativa ou absolutamente incapazes de proteger
seus próprios interesses. De modo mais formal, podem ter poder, inteligência,
educação, recursos e forças insuficientes ou outros atributos necessários à proteção de
seus interesses. Diante de tal definição, a principal característica da vulnerabilidade
seria “uma capacidade ou liberdade limitada”, mostrando que os grupos específicos
poderiam ser considerados vulneráveis.
• O Direito à Informação: apontado por CAMPOS e colaboradores, em sua obra Tratado
de Saúde Coletiva (2006), é assegurado por lei e outorga ao cidadão usuário do SUS o domínio
das informações sobre sua saúde individual e acerca dos riscos e dos condicionantes que afetam
a saúde coletiva, atribuindo aos profissionais e aos gestores do SUS a responsabilidade pela
viabilização deste direito.
Exercícios
1. O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança que foi
iniciado com o movimento da reforma sanitária implementada na década de 1986, tendo como
resultado conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal, que definiu, entre
outras, a reformulação das organizações prestadoras de serviços de assistência à saúde e
estabelecimentos sanitários. Tornouse consenso que fosse abandonada a lógica tradicional
que definiu o funcionamento do sistema por muitos anos. Assim, foi estabelecida a
necessidade de se criar condições para que, de forma descentralizada e permanente, o sistema
de saúde esteja mais próximo dos indivíduos, tornandose mais humanizado, solidário e,
sobretudo, mais resolutivo.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, após a reforma sanitária, fica estabelecida a
necessidade de se criar condições para que o sistema de saúde se tornasse mais centralizado.
Podese dizer que esta idéia está:
64
SAÚDE COLETIVA
a) Correta.
b) Incorreta.
2. O princípio da Eqüidade considera as várias dimensões do processo saúdedoença que afetam
os indivíduos e as coletividades, e pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações e
serviços, visando garantir a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação dos indivíduos e da
coletividade. Este princípio orientou a expansão e qualificação das ações e serviços de saúde
do SUS, que ofertam desde um elenco ampliado de ações básicas de saúde até os serviços de
reabilitação física e mental, além das ações de promoção da saúde de caráter intersetorial.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem
discriminação ao conjunto das ações e serviços de saúde ofertados pelo sistema. O exercício
deste princípio traz a perspectiva da oferta, a todos os brasileiros, no sistema público de saúde,
dos procedimentos mias simples aos mais complexos, alterando, assim, a situação anterior em
que o acesso era diferenciado entre os que tinham vínculo com a previdência e os demais
usuários dos serviços de saúde tipificados como indigentes.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança que foi iniciado com o movimento da reforma
sanitária implementada na década de 1986, tendo como resultado conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal,
que definiu, entre outras, a reformulação das organizações prestadoras de serviços de assistência à saúde e estabelecimentos
sanitários. Tornouse consenso que fosse abandonada a lógica tradicional que definiu o funcionamento do sistema por muitos anos.
Assim, foi estabelecida a necessidade de se criar condições para que, de forma descentralizada e permanente, o sistema de saúde
esteja mais próximo dos indivíduos, tornandose mais humanizado, solidário e, sobretudo, mais resolutivo.
Ao ler o texto, podemos afirmar que, após a reforma sanitária, fica estabelecida a necessidade de se criar condições para que o
sistema de saúde se tornasse mais centralizado.
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Após a reforma sanitária, fica estabelecida a necessidade de se criar condições para que o sistema de saúde se tornasse mais
descentralizado.
3. O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto das ações
e serviços de saúde ofertados pelo sistema. O exercício deste princípio traz a perspectiva da oferta, a todos os brasileiros, no
sistema público de saúde, dos procedimentos mias simples aos mais complexos, alterando, assim, a situação anterior em que o
acesso era diferenciado entre os que tinham vínculo com a previdência e os demais usuários dos serviços de saúde tipificados como
indigentes.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, o princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto
das ações e serviços de saúde ofertados pelo sistema.
65
SAÚDE COLETIVA
As diretrizes operacionais ou organizativas do sistema visam imprimir racionalidade ao seu
funcionamento, e as mais significativas são: a Descentralização com comando único, a
Regionalização e a Hierarquização dos serviços e a Participação Comunitária. O SUS tem, como
objetivo principal, formular e implementar a política nacional de saúde destinada a promover
condições de vida saudável, a prevenir riscos, doenças e agravos à saúde da população, e
assegurar o acesso eqüitativo ao conjunto dos serviços assistenciais para garantir atenção
integral à saúde. As competências específicas estão previstas com base na descentralização das
ações e serviços de saúde.
Continuação
Por sua vez, as diretrizes operacionais ou organizativas do sistema visam imprimir
racionalidade ao seu funcionamento, e as mais significativas são: a Descentralização com
comando único, a Regionalização e a Hierarquização dos serviços e a Participação Comunitária.
Campos e colaboradores (2006) acrescentam ainda a Integração das ações e recursos, com base
no planejamento ascendente.
• A Descentralização com ênfase na municipalização da gestão dos serviços e ações de
saúde constituiuse na mudança mais significativa no aspecto políticoadministrativo da
reforma do Sistema de Saúde no Brasil. Foi definido pelas normas regulamentadoras do
SUS (Lei Orgânica da Saúde 8080/90 e Lei 8142/90) que a base do sistema de saúde
seria o município, o qual fica responsável pela prestação direta da maioria dos serviços
em ações coordenadas sob a direção de um único gestor em cada espaço político
institucional, ou seja, o secretário municipal de saúde no âmbito do município, o
secretário estadual no âmbito do estado e o ministro da saúde no âmbito da União.
• A Regionalização se faz necessária, uma vez que a descentralização não se esgota na
municipalização e a organização racionalizada dos serviços de saúde é uma
necessidade do sistema. O objetivo da regionalização é distribuir, de forma racionalizada
e equânime, os recursos assistenciais no território, com base na distribuição da
66
SAÚDE COLETIVA
população, promovendo a integração das ações e das redes assistenciais, de forma a
garantir o acesso aos serviços, assim como a continuidade do cuidado e economia dos
recursos.
• Com a Hierarquização buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e
estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços, de modo que regule o acesso aos
serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
Existindo aí uma crítica à estrutura piramidal da “porta de entrada” dos serviços (o
usuário entra no sistema pelas Unidades Básicas de Saúde e pelas Unidades Saúde da
Família e “sobe” para níveis de cuidados mais complexos com o estágio de cuidados que
demanda).
• A Participação comunitária, assegurada pela Constituição Federal de 1988 e regulada
pela Lei nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos segmentos sociais organizados
nas Conferências e nos Conselhos de Saúde, nas três esferas do governo, e através da
participação em colegiados de gestão nos serviços locais de saúde (Conselhos
Gestores). Isso evidencia os anseios da sociedade por uma democracia participativa de
fato, em que os cidadãos influenciam, de maneira decisiva, a definição e a execução da
política de saúde nas três esferas de governo.
• A Integração das ações entre os subsistemas que conformam o sistema de saúde, e dos
serviços em redes assistenciais integradas, é um pressuposto de idéia de sistema e uma
condição para a garantia da continuidade do cuidado aos usuários, sem a qual fica
comprometida a idéia de integralidade do cuidado. A integração de recursos, de meios e
de pessoal na gestão do sistema é preconizada nas leis e normas como condição básica
para assegurar eficácia e eficiência ao sistema.
Objetivos, atribuições e competências do SUS
O SUS tem como objetivo principal formular e implementar a política nacional de saúde
destinada a promover condições de vida saudável, a prevenir riscos, doenças e agravos à saúde
da população, e assegurar o acesso eqüitativo ao conjunto dos serviços assistenciais para
garantir atenção integral à saúde.
A atuação do sistema abrange um conjunto de serviços e ações de:
67
SAÚDE COLETIVA
1) Vigilância em saúde, em que se inclui a vigilância ambiental, inclusive dos ambientes de
trabalho, a vigilância sanitária, a vigilância epidemiológica e a vigilância nutricional;
3) Prestação de assistência terapêutica integral, com destaque para a assistência
farmacêutica;
4) Apoio diagnóstico e de terapia (Sadt) na assistência à saúde , e nas investigações de
interesse da vigilância em saúde pública;
5) Formulação e execução da política de sangue e seus derivados, e a coordenação das
redes de hemocentros;
6) Regulação da prestação dos serviços privados de assistência à saúde;
7) Definição e implementação de políticas de Ciência e Tecnologia para o setor saúde,
incluindo a definição de normas e padrões para a incorporação tecnológica;
8) Promoção da saúde em articulação intersetorial com outras áreas e órgãos
governamentais.
A Lei nº 8080/90 define as atribuições comuns e as competências das três instâncias
governamentais na gestão do SUS. Entre as atribuições comuns aos três entes federados
destacamse:
• planejamento das ações com a formulação e atualização do plano de saúde;
• a articulação de planos e políticas, e a coordenação das ações;
• o financiamento, a orçamentação, a administração e o controle dos recursos financeiros;
• a avaliação e a fiscalização sobre as ações e serviços de saúde;
• a elaboração de normas pertinentes à saúde;
• a organização e coordenação dos sistemas de informação;
• a realização de estudos e pesquisas na área de saúde;
• a implementação de políticas específicas, como a do sangue e hemoderivados;
• a participação na formulação e execução da política de formação e desenvolvimento de
recursos humanos para a saúde;
68
SAÚDE COLETIVA
• a participação na formulação e execução das políticas de saneamento e meio ambiente
com ênfase nas ações que repercutem na saúde da população.
O SUS é responsável pela oferta do conjunto da atenção à saúde, que reúne ações
promocionais, preventivas e assistenciais. As ações de prevenção e vigilância em saúde são
operadas pelos serviços públicos de saúde, com abrangência nacional e cobertura universal, e
compreendem ações de vigilância sanitária sobre alimentos, produtos e serviços, as ações de
vigilância epidemiológica sobre doenças e agravos, a vigilância ambiental , também dos
ambientes de trabalho, e as ações de imunização em relação a um conjunto de doenças, tais
como Tuberculose, Hepatite B, Febre Amarela, Rubéola, Difteria, Sarampo, Caxumba, entre
outras.
Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e
ainda oferecem serviços especializados a 40 milhões de usuários dos planos de saúde, em
situações que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços, como na maioria
das situações de emergências e urgências. Compete ao SUS, ainda, a oferta de serviços básicos
de atenção à saúde para a maioria da população brasileira, ações essas de responsabilidade
intransferível dos municípios, organizada por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e
Unidades de Saúde da Família (USF).
Enfim, os desafios na busca do atendimento integral à saúde é reestruturar a forma como
as organizações prestadoras de serviços de saúde trabalham para o atendimento da população.
Primeiro, devendose considerar a importância da articulação dos serviços e da integralidade da
assistência. Segundo, das práticas dos profissionais da saúde que devem ser voltadas para a
humanização da assistência e a interdisciplinaridade entre os profissionais e, principalmente, que
o sujeito e ator principal determinante do processo de estruturação das práticas integrais à saúde
seja o usuário do serviço público e a comunidade a que pertence.
69
SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. Com a Regionalização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e
estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços, de modo que regule o acesso aos serviços
mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde são os que
ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda
oferecem serviços especializados a 40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações
que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços, como na maioria das
situações de emergências e urgências.
Ao ler o texto, podemos afirmar que os planos de saúde não contemplam todas as
necessidades de saúde do usuário dos serviços.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. Com a Regionalização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Com a Hierarquização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda oferecem serviços especializados a
40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços,
como na maioria das situações de emergências e urgências.
Ao ler o texto, podemos afirmar que os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços, ficando uma boa parte dessa
cobertura por conta do SUS.
70
SAÚDE COLETIVA
Modelos assistenciais ou Modelos de Atenção à Saúde têm sido definidos como
combinações tecnológicas utilizadas pela organização dos serviços de saúde em determinados
espaçospopulação, incluindo ações sobre o ambiente, grupos populacionais, equipamentos
comunitários e usuários de diferentes unidades prestadoras de serviços de saúde com distinta
complexidade. Assim, modelo de atenção é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias
para resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas.
AULA 10 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 1
“Porque no final, a única forma de medir o significado de nossas vidas é valorizando a
vida dos outros”.
Jacques Lacan
Introdução
Modelos assistenciais ou Modelos de Atenção à Saúde têm sido definidos como
combinações tecnológicas utilizadas pela organização dos serviços de saúde em determinados
espaçopopulações, incluindo ações sobre o ambiente, grupos populacionais, equipamentos
comunitários e usuários de diferentes unidades prestadoras de serviços de saúde com distinta
complexidade (unidades básicas de saúde, centros de saúde, hospitais, etc). Nesse sentido, não
deveriam ser entendidos como um padrão nem exemplo. Modelo também não é uma forma de
organizar serviços de saúde nem um modo de administrar o sistema e os serviços de saúde.
Assim, modelo de atenção é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para
resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas. É uma razão de ser,
uma racionalidade, uma espécie de “lógica” que orienta a ação. É uma maneira de organizar os
meios de trabalho (saberes e instrumentos) utilizados nas práticas ou processo de trabalho em
saúde. Orienta as intervenções técnicas sobre os problemas e necessidades de saúde,
constituindo um modo de intervenção e correspondendo, portanto, à dimensão técnica das
práticas de saúde.
71
SAÚDE COLETIVA
De maneira mais resumida, poderíamos utilizar a definição de Jairnilson Paim, que
assegura ser o modelo de atenção à saúde uma forma de organização das relações entre sujeitos
(profissionais de saúde e usuários) mediadas por tecnologia (materiais e nãomateriais) utilizadas
no processo de trabalho em saúde, cujo propósito é intervir sobre problemas (danos e riscos) e
necessidades sociais de saúde historicamente definidas.
Do sanitarismo campanhista ao modelo liberalprivatista
No Brasil, durante todo período colonial e até meados do século XIX, os problemas de
saúde e higiene ficavam sob a responsabilidade das localidades, que adotavam medidas para
garantir a limpeza das ruas e quintais. A assistência à saúde da população pobre e indigente
ficava sob os cuidados da iniciativa filantrópica de figuras de importância econômica e social e de
instituições beneficentes, ligadas à Igreja Católica, como as Santas Casas de Misericórdia. A
parcela restante da população buscava socorro dos médicos existentes, ou então de cirurgiões,
barbeiros, sangradores, curandeiros, parteiras e curiosos. Predominava, nesse período, as
doenças pestilenciais, como varíola, febre amarela, malária e tuberculose.
O início da República Velha, começo do século XX, foi marcado pelo domínio dos grupos
sociais ligados a agroexportação cafeeira, que exigia basicamente uma política de saneamento
dos espaços e circulação das mercadorias exportáveis e o controle de doenças que
prejudicassem as exportações. Foi aí que se deu o nascimento da saúde pública no Brasil,
marcado pela busca dos saberes fundamentados na bacteriologia e na microbiologia e pelo
questionamento dos saberes tradicionais baseados na teoria dos miasmas.
Nessa época, tem início uma reestruturação do sistema de saúde, que pode ser
denominado sanitarismo campanhista, e que predominou até meados dos anos de 1960.
O processo de industrialização acelerado e o crescimento da economia brasileira a partir
da década de 1950, determinaram um deslocamento da economia para os centros urbanos,
gerando uma massa de assalariados para trabalhar na incipiente indústria manufatureira,
juntamente com suas necessidade de assistência médica e previdenciária. Dessa forma, surge o
modelo denominado médicoassistencial privatista, que vigorará hegemônico até meados dos
anos 1980. Esse modelo médicoassistencial é predominantemente curativo, não reconhece o
atendimento integral ao paciente e à comunidade, além de não se comprometer com o impacto
sobre o nível de saúde da população. Assentase na garantia de que o Estado é o seu grande
72
SAÚDE COLETIVA
financiador por intermédio da Previdência Social, e o setor privado assistencialcurativo o seu
grande prestador de serviços.
Em 1975, foi organizado o primeiro Sistema Nacional de Saúde e estabelecidas as
principais competências das distintas esferas de governo. Em 1977, com a criação do Sistema
Nacional de Previdência Social (Sinpas), a área de atenção médica fica sob a responsabilidade e
competência do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social INAMPS,
enquanto o subsistema estatal, representado pela rede de serviços assistenciais do Ministério da
Saúde, Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Saúde exerceria a medicina
simplificada destinada à cobertura de populações não integradas economicamente. Esse fato
aprofunda ainda mais a dicotomia coletivo versus individual, quando reforça a atuação da
Previdência na atenção médica, por meio de seus serviços próprios e dos
contratados/conveniados.
Com o retrocesso do “Milagre Econômico” brasileiro, no final da década de 1970, a
Previdência Social entra em crise. Por sua vez, o modelo médicoassistencial privatista,
dependente da Previdência Social, igualmente explicita sua fragilidade e incoerência.
Diante disso, vêm sendo elaboradas, desde a década de 1980, propostas alternativas
visando à integralidade da atenção e ao impacto sobre os problemas de saúde, bem como a
concretização dos princípios básicos e diretrizes estabelecidos pela Constituição Federal de 1988,
tais como:
1) Acesso universal e igualitário às ações e serviços;
2) Rede regionalizada e hierarquizada;
3) Descentralização;
4) Atendimento integral;
5) Participação comunitária.
73
SAÚDE COLETIVA
Principais Modelos de Atenção à Saúde
Há um amplo debate no Brasil sobre qual seria o modelo de atenção à saúde ideal para
organizar a denominada rede básica (atenção primária), viabilizando, na prática, as diretrizes do
Sistema Único de Saúde. Entre as diversas propostas experimentadas no país temos as Ações
Programáticas em Saúde, Sistemas Locais de Saúde (Silos), Vigilância da Saúde, Modelo de
Atenção em Defesa da Vida (MDV), Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e
Programa Saúde da Família (PSF). Aqui descreveremos alguns desses modelos e, em aulas
posteriores, desenvolveremos aqueles considerados pelo Ministério da Saúde como norteadores
para o compromisso das unidades básicas de saúde com a população: PACS e PSF.
Ação Programática em Saúde ou “ Oferta Organizada”
No modelo assistencial baseado na “demanda espontânea”, o sistema de saúde esperaria
que um indivíduo sentisse “algo errado com sua saúde” para ter a iniciativa de procurar um serviço
que se dispusesse a atendêlo prontamente. No modelo assistencial, cujos serviços estivessem
voltados para as necessidades de saúde, os principais problemas deveriam ser identificados na
comunidade mediante estudos que orientariam a “oferta organizada” (ou programada) no nível
local. O melhor impacto na solução do problema seria conseguido por meio de uma combinação
de recursos e tecnologias capazes de garantir alto grau de efetividade, sempre estabelecidas e
realizadas no âmbito local (unidades de saúde dos distritos sanitários ou municípios), como, por
exemplo, na busca ativa de sintomáticos de uma determinada doença e recuperação de
pacientes faltosos.
Constatase que a “oferta organizada” tende a superar as formas de organização da
produção das ações de saúde vigentes, tais como campanhas e aqueles voltados exclusivamente
para a demanda espontânea. Assim, numa unidade local de saúde , ao adotar esse modelo,
atenderia à demanda espontânea e também à oferta organizada. Nesse caso, estaria voltada para
o atendimento de indivíduos, famílias e comunidade que constituem a “demanda espontânea” por
consulta, prontoatendimento, urgências/emergências, etc, e voltada, simultaneamente, para o
desenvolvimento de ações sobre o ambiente e sobre o indivíduo, visando ao controle de agravos
e ao atendimento de grupos populacionais específicos. Desse modo, procuraria compatibilizar a
“demanda espontânea” à “oferta organizada”. O que ocorre na proposta do modelo da Ação
Programática em Saúde ou “ Oferta Organizada” ?
74
SAÚDE COLETIVA
O modelo da Ação Programática em Saúde ou “ Oferta Organizada” surgiu dos
discursos produzidos por professores do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade
de São Paulo – USP – e tinha como principais características tecnológicas organizar o processo
de trabalho a partir de:
1) Atividades eventuais conforme a demanda espontânea de quem procurasse o serviço
ou atividades de rotina para demanda organizada;
2) Programas definidos por ciclo de vida, por doenças especiais ou por importância
sanitária;
3) Definição das finalidades e objetivos gerais assentados em categorias coletivas;
4) Hierarquização interna de atividades;
5) Articulação das atividades por equipes multiprofissionais;
6) Padronização de fluxograma de atividades e de condutas terapêuticas principais;
7) Sistema de informação que permita avaliação na própria unidade;
8) Gerência da unidade por médicossanitaristas; e
9) Regionalização e hierarquização das unidades
Exercícios
1. Com a Regionalização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e
estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços, de modo que regule o acesso aos serviços
mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde são os que
ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda
oferecem serviços especializados a 40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações
que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços, como na maioria das
situações de emergências e urgências.
Ao ler o texto, podemos afirmar que os planos de saúde não contemplam todas as
necessidades de saúde do usuário dos serviços.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
75
SAÚDE COLETIVA
3. No modelo assistencial baseado na “demanda espontânea”, o sistema de saúde esperaria que
um indivíduo sentisse “algo errado com sua saúde” para ter a iniciativa de procurar um serviço
que se dispusesse a atendêlo prontamente. No modelo assistencial, cujos serviços estivessem
voltados para as necessidades de saúde, os principais problemas deveriam ser identificados na
comunidade mediante estudos que orientariam a “oferta organizada” (ou programada ) no nível
local.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a busca ativa de sintomáticos de uma determinada
doença e recuperação de pacientes faltosos são exemplos de “demanda espontânea”.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. Com a Regionalização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Com a Hierarquização, buscase ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente.
2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda oferecem serviços especializados a
40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços,
como na maioria das situações de emergências e urgências.
Ao ler o texto, podemos afirmar que os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços, ficando uma boa parte
dessa cobertura por conta do SUS.
76
SAÚDE COLETIVA
Entre todas as propostas de modelos tecnoassistenciais que buscaram superar o modelo
médicoassistencial privatista, a que talvez tenha sido a mais discutida em âmbito nacional,
durante o processo inicial de operacionalização do SUS, foi a dos Sistemas Locais de Saúde,
bastante difundida pela representação da Organização PanAmericana de Saúde (OPAS) e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil e foi operacionalizada principalmente nos
estados de Ceará e da Bahia.
AULA 11 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 2
Principais Modelos de Atenção à Saúde
Sistemas Locais de Saúde (Silos)
Entre todas as propostas de modelos tecnoassistenciais que buscaram superar o modelo
médicoassistencial privatista, a que talvez tenha sido a mais discutida em âmbito nacional,
durante o processo inicial de operacionalização do SUS, foi a dos Sistemas Locais de Saúde,
bastante difundida pela representação da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil e foi operacionalizada principalmente nos
estados de Ceará e da Bahia.
A proposta de Silos caracterizouse por formulaçõeschave como território e problema. O
enfoque por problemas pressupõe a interdisciplinaridade, ou seja, a interposição de disciplinas do
conhecimento humano, buscandose integração conceitual e metodológica entre elas. Há uma
contraposição à abordagem multidisciplinar, que fragmenta o conhecimento nas especialidades
envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas. De acordo com essa proposta, o
planejamento local das ações baseiase na análise da situação de saúde e na definição da
situação desejada.
Para tanto, desenhamse estratégias e um modelo de operação para estruturar a oferta de
serviços e atender à demanda identificada (“oferta organizada”) e, ao mesmo tempo, captar os
usuários provenientes da demanda espontânea, quando se espera que o usuário ao “sentir algo
errado em sua saúde” tenha a iniciativa de procurar um serviço de saúde que se disponha a
atendêlo prontamente.
77
SAÚDE COLETIVA
Vigilância da Saúde
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epidemiologia
Cuidado à saúde ligase ao paradigma de Vigilância da Saúde que, entre outras
pretensões, tem por meta a interconexão dos campos vigilância epidemiológica, vigilância
ambiental e vigilância sanitária, dentro da função do Estado brasileiro, definida na Constituição
Federal, de cuidar da saúde e realizar a proteção e a defesa da saúde individual e coletiva.
A Lei 8080, de 19 de setembro de 1990, em seu capítulo 1, artigo 6 o , inciso onze,
parágrafos1 o e 2 o , define, respectivamente:
• Vigilância sanitária é o conjunto de ações de eliminação, diminuição e prevenção de
riscos à saúde, intervenção em problemas sanitários desencadeados pelo meio
ambiente, produção e circulação de bens e prestação de serviços de interesse da saúde;
• A Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado como Subsistema de Vigilância em
Saúde Ambiental (SNVSA) e inclui as políticas de construção e de manutenção de
Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis.
O modelo da Vigilância da Saúde aproximase da construção do que tem sido chamado de
concepção, enfoque, paradigma, abordagem, teoria ecossocial, ecossistêmica de saúde e cuja
conceituação é a de saúde de ecossistemas : atualmente, o grande foco desses estudos segue
o desenvolvimento teóricopolítico da Medicina Social e parte do movimento da Saúde Coletiva
para as ciências humanas e sociais na saúde. Em suma, a concepção ecossocial ou
ecossistêmica de saúde parte da tese de que as questões sanitárias, ambientais e
epidemiológicas estão interconexas às questões sociais, políticas, éticas, culturais, econômicas,
no intuito de identificar e divulgar fatores sócioambientais condicionantes e determinantes de
78
SAÚDE COLETIVA
problemas de saúde; fatores sócioambientais condicionantes referemse ao modo de vida
(condições de vida e estilos de vida).
Apesar do não haver consenso de concepções, programas, projetos, ações e estratégias
no campo da Vigilância da Saúde, pelo menos seis metas o caracterizam:
• Superação das dicotomias entre práticas coletivas de saúde (Vigilância Epidemiológica e
Vigilância Sanitária) e práticas individuais de saúde (Assistência ambulatorial, Assistência
hospitalar), entre clínica e epidemiologia, entre preventivo e curativo, entre individual e
coletivo;
• Descentralização e reorganização dos serviços e das práticas locais de saúde vigentes;
• Incorporação de novos agentes ou sujeitos de mudança, além dos profissionais e
trabalhadores de saúde;
• Atenção inseparável às determinações clínicoepidemiológicassociais de saúde;
• Inclusão de conhecimentos, tecnologias, saberes e práticas não médicosanitários;
• Ultrapassagem dos espaços institucionalizados dos sistemas de serviços de atenção à
saúde.
79
SAÚDE COLETIVA
Modelo de Atenção em Defesa da Vida (MDV)
A proposta Em Defesa da Vida surgiu em Campinas no final da década de 1980,
capitaneada por um grupo de profissionais engajados no Movimento da Reforma sanitária, que
tinha atuação no Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e que criou o Laboratório de
Planejamento e Administração em Saúde (LAPA) do Departamento de Medicina Preventiva e
Social da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade estadual de Campinas (Unicamp). O
LAPA publicou suas proposta de Modelo tecnoassistencial durante a IX Conferência Nacional de
Saúde, em 1992, que ratifica o conceito de saúde afirmado pela 8ª Conferência Nacional de
Saúde: “a saúde é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos
serviços de saúde (...)”, e que “o direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições
dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações de promoção, proteção e recuperação
da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional (...)” .
80
SAÚDE COLETIVA
O Modelo Em Defesa da Vida está pautado na defesa das diretrizes básicas do SUS,
procurando construir dispositivos e arranjos institucionais com o objetivo de garantir a gestão
democrática dos estabelecimentos de saúde, o acolhimento humanizado da clientela, o acesso a
serviços resolutivos e o fortalecimento de vínculos entre profissionais e usuários com a clara
definição de responsabilidades. Para tanto, está fundamentado nos seguintes princípios:
1) Gestão democrática;
2) Saúde como direito de cidadania;
3) Serviço público de saúde voltado para a defesa da vida individual e coletiva.
• Valorização de ações em microespaços, consideradas estratégias para mudança;
• O entendimento de que, sem a participação dos trabalhadores, não é possível haver
mudanças no setor público de saúde;
• O resgate do usuário como sujeito da mudança, valorizando o papel do mesmo no diaa
dia dos serviços de saúde, assim como fóruns de deliberação coletiva, tais como os
conselhos de saúde;
• A compreensão de que, se a demanda espelha, por um lado, a oferta de serviços e a
cultura dominante, por outro lado, ela traduz as aspirações da sociedade por novos
padrões de direitos sociais;
• A necessidade de se reformular a clínica e a saúde pública com base nas reais
necessidades dos usuários;
81
SAÚDE COLETIVA
Toda essa produção catalisou o surgimento de várias iniciativas em distintas cidades
brasileiras, que buscaram construir alternativas de superação do modelo baseado no INAMPS,
herdado após o processo de municipalização da saúde.
Como podemos observar, o Modelo de Atenção à Saúde no Brasil tem sido historicamente
marcado pela predominância da assistência médica curativa e individual e pelo entendimento de
saúde como ausência de doença. O rompimento com esse entendimento veio com o ordenamento
jurídicoconstitucional e criação do Sistema Único de Saúde, ao mesmo tempo que novos
princípios emergiam da sociedade como apelo à sedimentação do conceito de saúde como
condição de cidadania. Nesse sentido, o atual Modelo de Atenção à Saúde inclui elementos de
diferentes modelos, ao propor ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação, tanto ao
indivíduo, quanto à família e comunidade, por meio de serviços assistenciais (ambulatoriais,
hospitalares e de apoio diagnóstico), quanto à vigilância em saúde (ambiental, epidemiológica e
sanitária).
Exercícios
1. A proposta de Silos caracterizouse por formulaçõeschave como território e problema. O
enfoque por problemas pressupõe a interdisciplinaridade, ou seja, a interposição de disciplinas
do conhecimento humano, buscandose integração conceitual e metodológica entre elas.
Ao ler o texto, podemos afirmar que há uma contraposição à abordagem multidisciplinar, que
fragmenta o conhecimento nas especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa
dos problemas.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. A Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado como Subsistema de Vigilância em Saúde
Ambiental (SNVSA) e inclui as políticas de construção e de manutenção de Ambientes
Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. O Modelo Em Defesa da Vida está pautado na defesa das diretrizes básicas do SUS,
procurando construir dispositivos e arranjos institucionais com o objetivo de garantir a gestão
democrática dos estabelecimentos de saúde, o acolhimento humanizado da clientela, o acesso
a serviços resolutivos e o fortalecimento de vínculos entre profissionais e usuários com a clara
definição de responsabilidades.
Ao ler o texto, podemos afirmar que dentro da proposta do Modelo Em Defesa da Vida, há o
compromisso de responsabilidade compartilhada entre os profissionais e usuários dos serviços
de saúde.
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SAÚDE COLETIVA
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. A proposta de Silos caracterizouse por formulaçõeschave como território e problema. O enfoque por problemas pressupõe a
interdisciplinaridade, ou seja, a interposição de disciplinas do conhecimento humano, buscandose integração conceitual e
metodológica entre elas.
Ao ler o texto, podemos afirmar que há uma contraposição à abordagem multidisciplinar, que fragmenta o conhecimento nas
especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, há uma contraposição à abordagem multidisciplinar, que, segundo a visão interdisciplinar, fragmenta o conhecimento
nas especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas.
2. A Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado como Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental (SNVSA) e inclui as
políticas de construção e de manutenção de Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, a Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado que inclui as políticas de construção e de manutenção de
Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis.
83
SAÚDE COLETIVA
O desenvolvimento do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início
em 1987, no Ceará, quando foi utilizado como “frente de trabalho”, voltado para as mulheres, em
regiões de seca, que executavam ações básicas de saúde voltadas para a prevenção de doenças.
A partir de 1991, o Ministério da Saúde começou a implantar o Programa Nacional de Agentes
Comunitários de Saúde (PNAS), que em 1992 passou a se chamar Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS). Em 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da
Família (PSF). Atualmente, o PACS é visto como uma estratégia transitória para implantação do
PSF.
Introdução
O desenvolvimento do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início
em 1987, no Ceará, quando foi utilizado como “frente de trabalho”, voltado para as mulheres, em
regiões de seca, que executavam ações básicas de saúde voltadas para a prevenção de doenças.
A partir de 1991, o Ministério da Saúde começa a implantar o Programa Nacional de Agentes
Comunitários de Saúde (PNAS), que, em 1992, passa a se chamar Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS). Em 1994, o Ministério da Saúde cria o Programa Saúde da
Família (PSF). Atualmente, o PACS é visto como uma estratégia transitória para implantação do
PSF.
Esse programa é considerado uma estratégia de reorientação dos serviços de saúde, com
uma proposta de consolidar as ações de atenção básica e aproximar os serviços de saúde da
população. É também um modo de fazer acontecer, na prática, o princípio de integralidade,
previsto pela Lei n o 8080/90.
Aspectos Legais do PACS
Apesar de os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) fazerem parte das equipes de PACS
e PSF desde sua criação, somente em 1997 foram definidas suas atribuições e seus limites de
84
SAÚDE COLETIVA
atuação, pela Portaria n o 1886/ GM de 18 de dezembro de 1997, que explicita, dentro do item
Normas Operacionais:
“O Agente Comunitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das
doenças e promoção da saúde, através de visitas domiciliares e de ações educativas
individuais e coletivas nos domicílios e na Comunidade, sob supervisão e
acompanhamento do enfermeiro InstrutorSupervisor, lotado na unidade básica de
saúde da sua referência. É vedado ao ACS desenvolver atividades típicas do serviço
interno das unidades básicas de saúde de sua referência”. (BRAZIL, 1997)
E, apenas em 2002, foi criada a profissão de ACS, pela Lei 10.507 de 10 de julho de
2002. Onde, de acordo com o art. 2º:
“A profissão de Agente Comunitário de Saúde caracterizase pelo exercício de atividade
de prevenção de doenças e promoção de saúde, mediante ações domiciliares ou
comunitárias individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes
do SUS e sob supervisão do gestor local deste”. (BRASIL, 2002)
Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil”
adequado à função. Entre os requisitos legais, temos as seguintes exigências:
• Residir na área da comunidade em que atuar, há pelo menos dois anos;
• Haver concluído com aproveitamento curso de qualificação básica para a formação de
ACS;
• Possuir o ensino fundamental completo.
A exigência em morar na área de atuação se faz necessária, pois o Programa trabalha
com a lógica de territorialização e adscrição da clientela, que é delimitar geograficamente uma
área de atuação para as equipes, tornando possível o reconhecimento de todas as famílias que
vivem na região, a fim de estabelecer vínculos entre equipe e comunidade e delimitar um perfil de
saúde.
Entre as características ligadas ao perfil, o ACS deve ter espírito de liderança, ser ético, ter
boa comunicação, saber trabalhar em equipe e vontade de aprender. Ele também precisa se
identificar com sua comunidade, nos costumes, linguagem e modo de viver, pois somente assim
pode cumprir seu papel de elo entre o serviço de saúde e a comunidade assistida. O Ministério da
Saúde e pesquisadores colocam que essas competências podem ser desenvolvidas a partir de
85
SAÚDE COLETIVA
programas de capacitação contínua em serviço, isto é, educar a equipe dentro de seu local de
trabalho.
A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde e suas atribuições
A equipe é composta por, no máximo, 30 ACS, sob a responsabilidade de um enfermeiro
instrutor supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde. Esse enfermeiro
também é responsável pelas atividades de capacitação dos ACS. Cada agente tem, sob sua
responsabilidade, uma área com uma população entre 400 e 750 pessoas, devendo o ideal girar
em torno de 550. O mesmo deve realizar ações preventivas e promotoras de saúde, individuais e
coletivas, e suas atividades são:
• Visitar uma vez por mês cada família de sua região;
• Incentivar o aleitamento materno;
• Pesar, medir e registrar todas as crianças de 0 a 2 anos de idade, mensalmente;
• Identificar situações de risco e comunicar responsável;
• Acompanhar vacinação de crianças e gestantes, por meio do cartão de vacina;
• Orientar sobre prevenção de DST/ AIDS;
• Identificar gestantes e encaminhálas para prénatal;
• Orientar família sobre uso do soro de reidratação oral para prevenir desidratação;
• Orientar sobre métodos de planejamento familiar;
• Monitorar dermatoses e parasitoses em crianças;
• Realizar atividade de educação nutricional na comunidade;
• Realizar atividades de promoção e prevenção na saúde do idoso;
• Realizar orientações sobre climatério;
• Realizar orientações sobre prevenção de doenças em épocas endêmicas/ epidêmicas;
86
SAÚDE COLETIVA
• Realizar ações educativas para prevenção do câncer de colo uterino e mama;
• Realizar ações preventivas de saúde bucal, voltados para o grupo infantil.
O trabalho das equipes de PACS é organizado da seguinte forma:
• Cadastramento/ diagnóstico: primeira etapa do trabalho, na qual os agentes coletam
informações sobre as características das famílias (condições de moradia, via, presença
de doenças, entre outros) da área adscrita. Essas informações devem ser lançadas no
SIAB e servem para traçar um diagnóstico da área de abrangência;
• Mapeamento: essa etapa consiste no registro de um mapa, onde devem estar as áreas
de risco da região, e os pontos de referência, tanto físicos, quanto culturais, da área
assistida. Abaixo, um exemplo de mapa.
• Identificação das microáreas de risco: após o mapeamento, o agente deve identificar
as áreas que podem se configurar como fatores de risco naquela comunidade: lixões,
esgoto a céu aberto, etc..
• Ações coletivas: consiste em mobilizar a comunidade para discutir e definir as
prioridades de saúde daquele local, incentivando a participação de todos, tendo como
referencial a Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças, ajudando a comunidade a
se organizar para atuar sobre os determinantes de saúdedoença.
Vale lembrar que o ACS não trabalha sozinho! Ele faz parte de uma equipe, na qual o
enfermeiro tem o importante papel de supervisionar e capacitar os agentes, de uma forma
participativa, em que todos são responsáveis pelo próprio desenvolvimento profissional e pessoal!
Hoje, estimase que existam mais de 120.000 ACS atuando em todo o Brasil, dentro do
PACS e do PSF, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Podemos perceber que eles são
atores importantes para a mudança dos padrões de saúde da população, pois sua presença nas
comunidades possibilita uma discussão maior dos problemas e estimula a tomada de decisões
conjuntamente com os profissionais de saúde, atendendo as necessidades reais e percebidas de
saúde do território atendido.
87
SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. O Agente Comunitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das doenças e
promoção da saúde, através de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e
coletivas nos domicílios e na Comunidade, sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro
InstrutorSupervisor lotado na unidade básica de saúde da sua referência. É vedado ao ACS
desenvolver atividades típicas do serviço interno das unidades básicas de saúde de sua
referência.
Ao ler o texto, podemos afirmar que é permitido ao ACS desenvolver atividades relacionadas
com a assistência direta à saúde do usuário, como, por exemplo, técnica de curativos em
feridas.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado
à função. Entre os requisitos legais, temos as seguintes exigências: residir na área da
comunidade em que atuar, há pelo menos um ano, e possuir o ensino médio completo.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde – PACS é composta por no máximo 30
ACS, sob a responsabilidade de um enfermeiro instrutor supervisor, que deve estar lotado em
uma Unidade Básica de Saúde. Esse enfermeiro também é responsável pelas atividades de
capacitação dos ACS.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. O Agente Comunitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das doenças e promoção da saúde, através de visitas
domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na Comunidade, sob supervisão e acompanhamento do
enfermeiro InstrutorSupervisor lotado na unidade básica de saúde da sua referência. É vedado ao ACS desenvolver atividades
típicas do serviço interno das unidades básicas de saúde de sua referência.
Ao ler o texto, podemos afirmar que é permitido ao ACS desenvolver atividades relacionadas com a assistência direta à saúde do
usuário, como, por exemplo, técnica de curativos em feridas.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Não é permitido ao ACS desenvolver atividades relacionadas com a assistência direta à saúde do usuário, como, por exemplo,
técnicas de curativos em feridas.
2. Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado à função. Entre os requisitos legais,
temos as seguintes exigências: residir na área da comunidade em que atuar, há pelo menos um ano, e possuir o ensino médio
completo.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado à função. Entre os requisitos legais,
temos as seguintes exigências: residir na área da comunidade em que atuar, há pelo menos dois anos, e possuir o ensino
fundamental completo.
3. A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde – PACS é composta por no máximo 30 ACS, sob a responsabilidade de um
enfermeiro instrutor supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde. Esse enfermeiro também é responsável
pelas atividades de capacitação dos ACS.
88
SAÚDE COLETIVA
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, a equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde – PACS é composta por no máximo 30 ACS, sob a
responsabilidade de um enfermeiro instrutor supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde, sendo também
responsável pelas atividades de capacitação dos ACS.
89
SAÚDE COLETIVA
A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu no Brasil em 1994 e consiste em uma decisão
política de reorganizar a rede de assistência à saúde mediante uma política que apontasse para a
universalização do acesso da população brasileira à Atenção Básica e consolidasse o recente
progresso de descentralização, inaugurado com o advento do Sistema Único de Saúde, foi o
norte inspirador da implementação da ESF nos mais diversos municípios brasileiros.
AULA 13 • ESF OU PSF: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS
E ESTRATÉGIAS • PARTE I
Introdução
A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu no Brasil em 1994 e chegou ao final de 2005
com mais de 24.000 equipes. A decisão política de reorganizar a rede de assistência à saúde
mediante uma política que apontasse para a universalização do acesso da população brasileira à
Atenção Básica e consolidasse o recente progresso de descentralização, inaugurado com o
advento do Sistema Único de Saúde, foi o norte inspirador da implementação da ESF nos mais
diversos municípios brasileiros.
Essa experiência, no âmbito municipal, trouxe um impacto na gestão e assistência à saúde
representado pelo comprometimento dos recursos federais para a expansão da rede assistencial
local e autonomia municipal na orientação da estratégia; entretanto, impôs novas
responsabilidades de gestão e demanda por profissionais qualificados e comprometidos com a
filosofia proposta por essa política.
A Estratégia de Saúde da Família é considerada um modelo de Atenção Primária à Saúde,
focado na unidade familiar e construído operacionalmente na esfera comunitária. Então, a
experiência brasileira de ESF pode ser considerada como um modelo coletivo de atenção
primária, com a peculiaridade de ser construído no âmbito de um sistema de saúde público com
amplitude nacional e centrado na universalidade, cuja capacidade de impacto na saúde dos
usuários do SUS vai depender, essencialmente, da sua capacidade de integração com as redes
de atenção à saúde: ambulatorial especializada, hospitalar secundária e terciária, redes de
serviços de urgência e emergência e rede de serviços de atenção à saúde mental. Embora
historicamente rotulada como um programa (Programa Saúde da Família – PSF), a Estratégia
90
SAÚDE COLETIVA
Saúde da Família, por suas especificidades, foge à concepção dos demais programas concebidos
pelo Ministério da Saúde, já que não se trata de uma intervenção verticalizada e paralela às
atividades dos serviços de saúde.
Pelo contrário, caracterizase como uma estratégia que possibilita a integração e promove
a organização das atividades em um território definido, com o propósito de propiciar o
enfrentamento e a resolução dos problemas identificados no nível local. Nesta aula, iremos
denominar de Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF), uma vez
que ambas as denominações são encontradas na literatura, sendo pertinentes ao tema.
Um pouco de História da ESF/PSF
A medicina comunitária está inserida em um dos projetos de reforma em saúde, compondo
uma das ideologias sanitárias elaboradas na segunda metade do século XX, tanto para as
instituições de ensino, quanto para a organização dos serviços de saúde. O movimento
estruturouse em 1966, nos Estados Unidos da América (EUA), quando alguns comitês formados
pela Associação Médica Americana (AMA) e outras entidades elaboraram documentos para uma
política federal e estadual para o financiamento da formação de médicos de família em cursos de
pósgraduação. Esse acontecimento recebeu um mote ideológico porque visava responder aos
impasses e questionamentos sobre o modelo médico hegemônico, sobretudo no que se refere aos
altos custos, sofisticação tecnológica e superespecialização do cuidado, assim como tratava de
questões acerca dos direitos humanos, racismo e pobreza. Nos EUA, sua implantação foi
baseada nos centros comunitários de saúde, focalizando setores minoritários e permanecendo
hegemônica a assistência médica convencional.
91
SAÚDE COLETIVA
Único de Saúde, alicerçado nos princípios de universalidade, integralidade, descentralização e
participação popular. Estava posta, assim, uma outra lógica de sistema de saúde que exigia uma
nova estratégia de modelo de atenção à saúde.
A incipiente medicina comunitária deitou raízes quando da implantação do Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS), no ano de 1986, como programa institucional no estado
do Ceará e, a partir de 1991, foi implantado em outros estados brasileiros, servindo de inspiração
para discussão e formulação do modelo atual da Estratégia Saúde da família/Programa Saúde da
Família. Até que, por fim, no 1994, teve início a ESF/PSF enquanto instrumento de reorganização
do SUS, sendo definida sua implantação prioritária em áreas de risco, de acordo com o Mapa da
Fome, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ganhando expressão
nacional apenas no ano de 1995.
A integração PACS/PSF foi apresentada pelo governo como sendo uma “estratégia de
mudança do modelo assistencial”, ou melhor, como uma estratégia de consolidação dos princípios
do Sistema Único de Saúde. Momento este em que foi lançado, pelo governo federal, como uma
política de governo para a saúde, intenção esta que ficou patente com o lançamento do
documento, ratificando a prevenção e o atendimento básico, assim, o Ministério da Saúde admite
a Atenção Primária de Saúde como primeiro nível de atenção e como estratégia de reorientação
do sistema de saúde.
Quadro: Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a
Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF)
Modelo Hegemônico ESF/PSF
• Saúde como ausência de doença. • Saúde como qualidade de vida.
• Base em prática freqüentemente • Prestação dos serviços de saúde como
clientelista, em que a prestação de um direito de cidadania.
serviços era realizada como favor e não
como direito do cidadão.
• Atenção centrada no indivíduo. • Atenção centrada no coletivo.
• Centrado em ações curativas • Centrado na atenção integral à saúde,
incluindo ações de promoção, proteção,
cura e recuperação.
• Hospital como serviço de saúde • Hierarquização da rede de atendimento,
dominante. ou seja, garantindo níveis de atenção
primária, secundária e terciária,
articulados entre si.
• Serviços de saúde centrados nos • Serviços de saúde distribuídos em todo
centros urbanos dos municípios. o território dos municípios, permitindo
acesso de toda população.
• Predomínio da intervenção do • Predomínio da intervenção de uma
profissional médico. equipe interdisciplinar.
92
SAÚDE COLETIVA
• Planejamento e programação • Planejamento e programação com base
desconsiderando o perfil de saúde da em dados que consideram o perfil de
população. saúde da população e priorizando as
famílias ou grupos com maior risco de
adoecer e morrer.
• Desconsideração da realidade e • Estimulação da participação
autonomia local, não valorização da comunitária, garantindo autonomia das
participação comunitária. ações de planejamento no nível dos
territórios das equipes de saúde da
família .
• Funcionamento baseado na demanda • Funcionamento dos serviços baseado
espontânea. na organização da demanda e no
acolhimento da população adscrita.
Fonte: GASTÃO e col. , 2006.
Conceitos Básicos
• Família é o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência
doméstica ou normas de convivência que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui
empregado (a) doméstico (a) que reside no domicílio, pensionistas e agregados.
• Microárea O espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e
corresponde à área de atuação de um agente comunitário de saúde (ACS).
• Área O conjunto de microáreas sob a responsabilidade de uma equipe de saúde da
família. A composição da equipe de saúde e as coberturas assistenciais variam de
acordo com o Modelo de Atenção adotado e a área pode assumir configurações
distintas.
• Área, no Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) – é o conjunto de
microáreas cobertas por uma equipe do PACS (1 instrutor /supervisor e, no máximo, 30
agentes comunitários de saúde) dentro de um mesmo segmento territorial. Nesse caso,
93
SAÚDE COLETIVA
embora as microáreas sejam referenciadas geograficamente, elas nem sempre são
contíguas.
• Área, no PSF – é o conjunto de microáreas contíguas sob a responsabilidade de uma
equipe de saúde da família, onde residem em torno de 3.00 a 4.500 pessoas.
94
SAÚDE COLETIVA
Compete a ESF/PSF a coordenação/ordenação de todo o espectro assistencial em saúde,
quando por meio da Atenção Primária à Saúde se identificam as necessidades de atendimentos
mais especializados, coordenamse as referências para os profissionais e serviços adequados e
acompanhamse os resultados terapêuticos e a evolução clínica dos pacientes acompanhados.
Assim, a existência de uma rede de Atenção Primária à Saúde permite a prevenção de um
importante número de doenças e agravos de relevância sanitária.
• Segmento territorial – O segmento é um conjunto de áreas contíguas que pode
corresponder à delimitação de um Distrito Sanitário, de uma zona de informação do
IBGE ou a outro nível de agregação importante para o planejamento e avaliação em
saúde no Município. É a divisão territorial utilizada para a análise espacial dos dados em
um determinado município.
• Unidade Saúde da Família (USF) – A Unidade Saúde da Família (USF) é o espaço
físico representado pelo antigo Posto ou Centro de Saúde reestruturado, trabalhando
numa nova lógica, que lhe atribui maior capacidade de resposta às necessidades de
saúde básica da população de sua área de abrangência. A USF deve se constituir no
primeiro contato do usuário com o Sistema de Saúde, isto é, a “porta de entrada”.
Entretanto, a USF não pode ser apenas um local de triagem e encaminhamento, onde a
maior parte dos casos é encaminhada (referenciada) para os serviços especializados.
Necessita ser resolutiva (resolver o problema de saúde do usuário do serviço), com
profissionais capazes de assistir aos problemas de saúde mais comuns e de manejar
novos saberes que, por meio de processos educativos, promovam a saúde e previnam
doenças e/ou agravos em geral. A USF deve realizar uma assistência integral, contínua e
de qualidade, desenvolvida por uma equipe interdisciplinar na própria unidade e também
em domicílios, em locais comunitários, como escola, asilos, presídios, dentre outros.
• Agente Comunitário de Saúde (ACS) – O agente comunitário de saúde (ACS) deve ser
uma pessoa da própria comunidade, que deve estar preparado para orientar as famílias
95
SAÚDE COLETIVA
a cuidarem de sua própria saúde e também da saúde da comunidade. É um trabalhador
que faz parte da equipe de saúde da família, responsável por uma determinada área.
Devendo atender os moradores de cada domicílio em todas as questões relacionadas
com a saúde. Como requisitos para se enquadrar no trabalho do ACS, há necessidade
de ser maior de 18 anos; saber ler e escrever; residir na comunidade há pelo menos dois
anos; ter disponibilidade de tempo integral para exercer suas atividades. Entre as
atividades desenvolvidas pelo ACS estão:
• Realizar mapeamento de sua área;
• Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro;
• Identificar indivíduos e famílias expostas a situações de risco;
• Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhandoos e
até agendando consultas, exames e atendimentos odontológicos quando necessário;
• Realizar ações e atividades, no nível de suas competências, nas áreas prioritárias de
Atenção Básica;
• Realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias sob
sua responsabilidade;
• Estar sempre bem informado e informar aos demais membros da equipe sobre a situação
das famílias acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco;
• Desenvolver ações educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da saúde e
na prevenção de doenças;
• Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas
de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras;
• Traduzir para a Equipe Saúde da Família a dinâmica social da comunidade, suas
necessidades, potencialidades e limites;
• Equipe Saúde da Família – O Programa Saúde da Família está estruturado em equipes
de saúde, ou seja, no trabalho interdisciplinar, ao invés de estar centrado na figura do
médico, tratase de equipes de saúde da família. Assim, são propostas equipes para uma
população de 600 até 100 famílias ou 3.00 a 4.500 pessoas, dispondo de uma
composição variável: 1 médico generalista, 1 enfermeiro, 1 auxiliar de enfermagem, 6
96
SAÚDE COLETIVA
agentes comunitários de saúde; eventualmente a equipe pode ser composta pelos
trabalhadores citados e ainda o odontólogo, além de técnicos de consultório dentário,
técnico higiene dental, assistentes sociais e psicólogos. A atuação da equipe ocorre,
principalmente, nas unidades básicas de saúde, nas unidades saúde da família, nas
residências e na mobilização da comunidade, caracterizandose: como porta de entrada
de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde; por ter território definido, com
uma população delimitada, sob a sua responsabilidade (população adscrita); por intervir
sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; por prestar assistência
integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de educação e promoção da
saúde. Assim, a equipe saúde da família deve estar preparada para:
• Reconhecer o território;
• Conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, com ênfase nas suas
características sociais, demográficas e epidemiológicas;
• Identificar os problemas de saúde existentes e condições de risco às quais a população
está exposta;
• Prestar assistência integral, incorporando como objeto das ações o indivíduo, a família e
o meio ambiente, buscando responder de forma contínua, racionalizada e humanizada à
demanda organizada e espontânea;
• Realizar visita domiciliar com a finalidade de monitorar a situação de saúde das famílias e
de prestar assistência domiciliar quando indicado, garantindo conforto ao usuário;
• Participar de grupos comunitários e educativos;
• Resolver 100% dos problemas de saúde existentes no território, elaborando o plano local
para atendimento de processo saúdedoença.
• SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica – A informação no PSF constitui
ferramenta essencial para o planejamento, monitoramento e avaliação das ações
desenvolvidas. Criado em 1998, o SIAB foi pensado como instrumento gerencial dos
Sistemas Locais de Saúde (SILOS), adotando como conceitos básicos: território,
problema e responsabilidade sanitária, dentro do conceito de reorganização do SUS. É
97
SAÚDE COLETIVA
um sistema que, a parir de relatórios que produz, possibilita a microespacialização de
problemas de saúde e avaliação das intervenções. A partir da identificação dos
problemas e da consolidação progressiva da informação, partindo de níveis menos
agregados para níveis mais agregados, as equipes de saúde da família, as unidades de
saúde às quais estão ligadas e os gestores podem acompanhar o trabalho e avaliar seu
impacto sobre a saúde da população adscrita. Entre os instrumentos a serem
preenchidos no SIAB, destacase a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias ,
que deve ser preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento
das famílias residentes em sua microárea, devendo ser preenchida uma ficha por
família, já nas primeiras visitas realizadas.
As informações colhidas devem constar de: identificação, cadastro de todos os seus
membros, situação de moradia e outras informações adicionais que permitem à equipe de saúde
conhecer as condições de vida das pessoas de sua área de abrangência e melhor planejar suas
intervenções. A ficha A deve ser arquivada pelo ACS no prontuário familiar. Para evitar a
duplicação do formulário, deve ser montado um prontuário único por família com livre acesso às
informações para a equipe.
Acesse a plataforma de estudo para visualizar a ficha para cadastramento das
famílias.
O Ministério da Saúde define algumas prioridades de saúde a serem consideradas pela
atenção básica – PSF – em todo o território nacional, devido sua relevância sanitária. Além
destas, outras poderão ser identificadas conforme especificidades de cada área de atuação das
equipes e unidades de saúde, assim como no contexto geral do Município, porém as bases para
seu enfrentamento devem seguir a mesma lógica e roteiro propostos para as demais.
Prioridades e planejamento das ações na ESF/PSF:
• Gestantes/puérperas;
• Saúde da Mulher – agravos ginecológicos: câncer de colo de útero e de mama; Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST);
• Crianças até dois anos;
98
SAÚDE COLETIVA
• Hipertensão Arterial;
• Diabetes;
• Tuberculose;
• Hanseníase;
• Saúde Mental;
• Saúde Ambiental;
• Pessoas com deficiência;
• Outros detectados pela equipe/unidade/secretaria de saúde.
Roteiro para planejamento das ações na ESF/PSF:
• Levantamento de dados, tendo como fonte os Sistemas de Informação disponíveis (SIAB,
SISPRENATAL, HIPERDIA, SINAN, SINASC – ver aula 16, outros);
• Definição de objetivos (o quê);
• Definição de estratégias (como);
• Definição de prazos e distribuição ao longo do ano (quando);
• Definição de responsabilidades e competências (quem);
• Definição de necessidades de recursos materiais (quanto);
• Definição de necessidades em investimentos de Recursos Humanos (capacitação);
• Definição de metas em relação a cada prioridade – o que deverá ser pactuado com a
Secretaria Municipal de Saúde;
• Avaliação e readequação das metas e estratégias para alcançálas.
99
SAÚDE COLETIVA
auxilia a condução clínica e o manejo terapêutico de pacientes com demanda de saúde
especializada. Logo, uma rede universal de Atenção Primária à Saúde, como está se buscando
pelo modelo brasileiro de ESF, possibilita melhor controle de desperdício de recursos de saúde,
redução da duplicação da oferta de serviços, estabilidade e confiança na relação entre usuário e o
sistema de saúde e maior eficácia no alcance de resultados de saúde.
Exercícios
1. Em 1978, em Almaata, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde,
promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reafirmou a saúde como direito do
homem e estabeleceu a Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta “Saúde Para
Todos no Ano 2000”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o princípio da Universalidade insere o Sistema Único de
Saúde (SUS) brasileiro na proposição determinada pela Declaração de Almaata de “Saúde
para todos”.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta
2. Por ser a Microárea o espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas
e corresponder à área de atuação de um Agente Comunitário de Saúde (ACS), cada Equipe
Saúde da Família pode cobrir até seis microáreas, contemplando um total de 4.500 pessoas.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta
3. Entre os instrumentos a serem preenchidos no SIAB, destacase a Ficha A – Ficha para
cadastramento das famílias, que deve ser preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde
(ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma única ficha
por pessoa e preenchida já nas primeiras visitas realizadas.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta
4. Assim, a existência de uma rede de Atenção Primária à Saúde permite não somente a
prevenção de um importante número de doenças e agravos de relevância sanitária e
resolutividade direta de até 90% da demanda comunitária, como também auxilia a condução
clínica e o manejo terapêutico de pacientes com demanda de saúde especializada.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que todo usuário do
Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de
saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta
100
SAÚDE COLETIVA
Respostas dos Exercícios
1. Em 1978, em Almaata, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde, promovida pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), reafirmou a saúde como direito do homem e estabeleceu a Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta
“Saúde Para Todos no Ano 2000”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que o princípio da Universalidade insere o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro na proposição
determinada pela Declaração de Almaata de “Saúde para todos”.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, o princípio da Universalidade insere o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro na proposição determinada pela
Declaração de Almaata de “Saúde para todos”, uma vez que garante o acesso irrestrito aos serviços de saúde.
2. Por ser a Microárea o espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e corresponder à área de atuação de
um Agente Comunitário de Saúde (ACS), cada Equipe Saúde da Família pode cobrir até seis microáreas, contemplando um total de
4.500 pessoas.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Uma Equipe Saúde da Família pode cobrir até 6 microáreas, uma vez que conta com até seis Agentes Comunitários de Saúde, num
total de 4.500 pessoas.
3. Entre os instrumentos a serem preenchidos no SIAB, destacase a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias, que deve ser
preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma
única ficha por pessoa e preenchida já nas primeiras visitas realizadas.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Entre os instrumentos a serem preenchidos no SIAB, destacase a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias , que deve ser
preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma
única ficha por família e preenchida já nas primeiras visitas realizadas.
4. Assim, a existência de uma rede de Atenção Primária à Saúde permite não somente a prevenção de um importante número de
doenças e agravos de relevância sanitária e resolutividade direta de até 90% da demanda comunitária, como também auxilia a
condução clínica e o manejo terapêutico de pacientes com demanda de saúde especializada.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar
atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
A resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu
problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.
101
SAÚDE COLETIVA
AULA 15 • PACTO PELA SAÚDE
“ Saúde é um direito de todos e dever do estado” .
(Constituição Federal de 1988)
Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma rede de mais de 63 mil unidades ambulatoriais
e cerca de 6 mil unidades hospitalares, com mais de 440 mil leitos. Sua produção anual é de,
aproximadamente, 12 milhões de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de atenção
primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; 2 milhões de partos; 300 milhões de exames
laboratoriais; 132 milhões de atendimentos de alta complexidade e 14 mil transplantes de órgãos.
Além de ser o segundo país do mundo em número de transplantes, é reconhecido
internacionalmente pelo seu progresso no atendimento universal às Doenças Sexualmente
Transmissíveis/AIDS, na implementação do Programa Nacional de Imunização e no atendimento
relativo à Atenção Básica. É avaliado positivamente pelos que o utilizam rotineiramente e está
presente em todo território nacional.
Transcorridas quase duas décadas do processo de institucionalização do Sistema Único
de Saúde (SUS), a sua implantação e implementação evoluíram muito, especialmente em relação
aos processos de descentralização e municipalização das ações e serviços de saúde. O processo
de descentralização ampliou o contato do Sistema com a realidade social, política e administrativa
do país e com suas especificidades regionais, tornandose mais complexo e colocando os
gestores à frente de desafios que busquem superar a fragmentação das políticas e programas de
saúde por meio da organização de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e
da qualificação da gestão. Frente a essa necessidade, o Ministério da Saúde, o Conselho
Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
pactuaram responsabilidades entre os três gestores do SUS, no campo da gestão do Sistema e
da atenção à saúde.
Ao longo de sua história, houve muitos avanços e também desafios permanentes a
superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS, um movimento constante de mudanças, pela via
das reformas incrementais. Contudo, esse modelo parece ter se esgotado, de um lado, pela
102
SAÚDE COLETIVA
dificuldade de imporemse normas gerais a um país tão grande e desigual; de outro, pela sua
fixação em conteúdos normativos de caráter técnicoprocessual, tratados, em geral, com
detalhamento excessivo e enorme complexidade.
Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gestores do SUS assumem o
compromisso público da construção do Pacto pela Saúde 2006, que será anualmente revisado,
com base nos princípios constitucionais do SUS, ênfase nas necessidades de saúde da
população e que implicará o exercício simultâneo de definição de prioridades articuladas e
integradas nos três componentes: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de
Gestão do SUS. Essas prioridades são expressas em objetivos e metas no Termo de
Compromisso de Gestão e estão detalhadas no documento Diretrizes Operacionais do Pacto pela
Saúde 2006.
O Pacto pela Vida:
O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários,
expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde
do país e das prioridades definidas pelos governos federal, estadual e municipal. Significa uma
ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em resultados e com a
explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses
resultados.
São seis as prioridades pactuadas:
1) Saúde do idoso: Implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, buscando a
atenção integral.
2) Câncer de colo de útero e de mama: Contribuir para a redução da mortalidade por
câncer de colo do útero e de mama.
103
SAÚDE COLETIVA
3) Mortalidade infantil e materna: Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal, infantil
por doença diarréica e por pneumonias.
4) Doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose,
malária e influenza: Fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde às
doenças emergentes e endemias.
5) Promoção de saúde: Elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde,
com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população brasileira, de forma
a internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física regular,
alimentação saudável e combate ao tabagismo.
6) Atenção básica à saúde: Consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como
modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à
saúde do SUS.
O Pacto em Defesa do SUS:
O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias
federativas no sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de
governos; e de defender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política pública, inscritos
na Constituição Federal.
A concretização desse Pacto passa por um movimento de repolitização da saúde, com
uma clara estratégia de mobilização social envolvendo o conjunto da sociedade brasileira,
extrapolando os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde como direito de
cidadania, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais.
As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são:
1) Implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de:
• Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal
garantidor desses direitos;
• Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, pelo
Congresso Nacional;
• Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a
saúde;
104
SAÚDE COLETIVA
2) Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS.
O Pacto de Gestão do SUS
O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades claras de cada ente federado de
forma a diminuir as competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê,
contribuindo, assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária do SUS.
Esse Pacto parte de uma constatação indiscutível: o Brasil é um país continental e com
muitas diferenças e iniqüidades regionais. Mais do que definir diretrizes nacionais, é necessário
avançar na regionalização e descentralização do SUS, a partir de uma unidade de princípios e
uma diversidade operativa que respeite as singularidades regionais.
Esse Pacto radicaliza a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os
estados e para os municípios, promovendo um choque de descentralização, acompanhado da
desburocratização dos processos normativos. Reforça a territorialização da saúde como base
para organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de
gestão regional.
Reitera a importância da participação e do controle social com o compromisso de apoio à
sua qualificação.
Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento público tripartite: busca critérios de
alocação eqüitativa dos recursos; reforça os mecanismos de transferência fundo a fundo entre
gestores; integra em grandes blocos o financiamento federal e estabelece relações contratuais
entre os entes federativos.
As prioridades do Pacto de Gestão são:
1) Definir de forma inequívoca a responsabilidade sanitária de cada instância gestora dos
SUS: federal, estadual e municipal, superando o atual processo de habilitação.
2) Estabelecer as diretrizes para a gestão do SUS: com ênfase na Descentralização;
Regionalização; Financiamento; Programação Pactuada e Integrada; Regulação;
Participação e Controle Social; Planejamento; Gestão do Trabalho e Educação na
Saúde.
105
SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. “O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que
apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira, ele é constituído por
um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados
derivados da análise da situação de saúde do País”.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. “O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pela instância federal no
sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos”.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. “O Pacto de Gestão radicaliza a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os
estados e para os municípios, promovendo um choque de descentralização, acompanhado da
desburocratização dos processos normativos. Reforça a territorialização da saúde como base
para organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de
gestão regional”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a descentralização é valorizada na lógica do Pacto de
Gestão.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. “O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação
de saúde da população brasileira, ele é constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de
processos e resultados derivados da análise da situação de saúde do País”.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
O Pacto pela Vida é o compromisso entre gestores do SUS em torno de prioridades decorrentes dos resultados derivados da análise
da situação de saúde do país.
2. “O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pela instância federal no sentido de reforçar o SUS como política
de Estado mais do que política de governos”.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como
política de Estado mais do que política de governos.
3. “O Pacto de Gestão radicaliza a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os estados e para os municípios,
promovendo um choque de descentralização, acompanhado da desburocratização dos processos normativos. Reforça a
territorialização da saúde como base para organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de
gestão regional”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a descentralização é valorizada na lógica do Pacto de Gestão.
Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
A descentralização é realmente valorizada na lógica do Pacto de Gestão.
106
SAÚDE COLETIVA
As determinações legais vigentes no Sistema Único de Saúde mostram a descentralização
e a participação popular como diretrizes de atuação políticoadministrativa que devem ser
acatadas pelas três instâncias de governo. Os municípios são reconhecidos como entes
governamentais autônomos que devem responsabilizarse pelo planejamento, organização,
controle e avaliação das ações e serviços de saúde de sua região.
AULA 16 • SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)
Introdução
A finalidade da informação em saúde consiste em identificar problemas individuais e
coletivos do quadro sanitário de uma população, propiciando elementos para análise da situação
encontrada e subsidiando a busca de possíveis alternativas para resoluções. Assim, as
informações em saúde devem abranger aquelas relativas ao processo saúde/doença, e as de
caráter administrativo, todas essenciais para elaboração de políticas para o setor. O Sistema de
Informação em Saúde (SIS) pode ser entendido como um instrumento para adquirir, organizar e
analisar dados necessários à definição de problemas e riscos para a saúde, avaliar a eficácia,
eficiência e influência que os serviços prestados possam ter no estado de saúde da população,
além de contribuir para a produção de conhecimento acerca da saúde e dos assuntos a ela
ligados. No Brasil, tradicionalmente, a produção e utilização da informação em saúde, dando
origem a diagnósticos sobre a situação sanitária de cada município, quase sempre foram
realizadas pelos governos federal ou estadual, sem participação local. Contudo, a própria lei
orgânica da saúde prevê, como competência e atribuição comuns à União, estados e municípios,
a organização e coordenação do sistema de informação em saúde.
Ao município é atribuído, portanto, juridicamente, um papel bem mais amplo do que o de
mero coletor de dados, sendo capaz de produzir, organizar e coordenar a informação em saúde
de sua região.
107
SAÚDE COLETIVA
Algumas fontes de informação no SUS
O Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) vem sendo desenvolvido desde
1990 pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE) mediante os dados
contidos no Registro Civil. Um dos maiores problemas encontrados, diz respeito ao subregistro
de nascimentos, preocupação de alguns pesquisadores desde a década de 1940. Essa situação
compromete sobremaneira a cobertura do sistema, uma vez que as informações subestimadas
prejudicam a qualidade de todos os indicadores que utilizam o número de nascidos vivos,
acarretando falsas conclusões nas análises do comportamento evolutivo dos indicadores no
Brasil. A base desse sistema é a Declaração de Nascimento (DN), a qual deverá ser preenchida
para todos os nascimentos vivos ocorridos no país. É importante assinalar que o Estatuto da
Criança e do Adolescente – Lei 8069 de 130790, em seu artigo 10, no IV – considerou
obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o objetivo de garantir à criança proteção
à vida e à saúde, juntamente com outras medidas.
O preenchimento da DN pode ser efetuado por qualquer profissional qualificado do
estabelecimento onde ocorreu o evento. A DN deve ser preenchida em três vias: a primeira,
permanece no estabelecimento de saúde para ser recolhida posteriormente pela Secretaria
Estadual de Saúde (SES); a segunda via é entregue à mãe ou responsável pelo recémnascido
para ser levada ao Cartório com vistas ao registro de nascimento; a terceira via é entregue ao
Serviço de Saúde em que a criança receberá os primeiros cuidados, possibilitando que o pediatra
obtenha informações adequadas referentes às condições do nascimento. A gradativa implantação
do SINASC, em âmbito nacional, vem ocorrendo sob responsabilidade dos órgãos estaduais (SES
ou Fundações das Secretarias de Planejamento), sendo enviado posteriormente ao Ministério da
Saúde para a consolidação dos dados. Alguns ajustes operacionais diferenciaram a capacidade
de implantação do SINASC nos diversos municípios brasileiros.
O Sistema de Informação de Mortalidade – SIM foi criado em 1976, a partir do modelo
padronizado de Declaração de Óbito (DO) em todo o território nacional. Justificado não apenas
para o atendimento das exigências legais, o SIM tem o objetivo principal de fornecer subsídios
para traçar o perfil de mortalidade no país. Contém informações sobre o óbito, como a causa
básica, data, local e município de ocorrência, assim como o indivíduo que faleceu, tais como a
idade, sexo, grau de escolaridade, ocupação e município de residência.
Porém um dos problemas que limitam as análises de mortalidade no Brasil é o subregistro
dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as crianças menores de um ano de idade.
108
SAÚDE COLETIVA
O Sistema de Informações de Agravos de Notificação – SINAN contém informações
sobre todos os agravos de notificação compulsória no Brasil, com o objetivo de fornecer dados
para caracterizar o perfil de morbidade (relativo às doenças) vigente. O sistema contém
informações relevantes que têm sido utilizadas para caracterizar a dinâmica temporal das
ocorrências das doenças, assim como para subsidiar as ações de prevenção e controle das
mesmas.
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – SIPNI tem como
maior objetivo possibilitar, aos gestores envolvidos no Programa Nacional de Imunização (PNI),
uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de casos das doenças possíveis de serem
prevenidas por imunização, a partir dos produtos imunizantes (vacinas e soros) aplicados e do
quantitativo populacional que foi beneficiado, os quais são agregados por faixa etária, em
determinado período de tempo, em uma área geográfica. Por outro lado, possibilita também o
controle do estoque de produtos imunizantes necessários aos administradores que têm a
incumbência de programar sua aquisição e distribuição.
O DATASUS – Gerência de Informatização de Programas de Saúde – para alcançar os
objetivos da informatização das atividades do Sistema Único de Saúde, dentro das diretrizes
tecnológicas adequadas, foi atribuída, ao Departamento de Informática do SUS –DATASUS,
órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, a responsabilidade de coletar, processar e
disseminar informações sobre saúde. Sendo um órgão de informática de âmbito nacional,
representa papel importante como centro tecnológico de suporte técnico e normativo para a
montagem dos sistemas de informática e informação da saúde. Suas extensões estaduais
constituem a linha de frente no suporte técnico às Secretarias Estaduais e Municipais se Saúde.
Seu papel é prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de informática,
necessário ao processo de planejamento, operação e controle do Sistema Único de Saúde,
através da manutenção de base de dados nacionais, apoio e consultoria na implantação de
sistemas e coordenação das atividades de informática inerentes ao funcionamento integrado dos
mesmos.
Sistema de Informações Hospitalares do SUS – SIH/SUS é um sistema gerido pelo
Ministério da Saúde, através da Secretaria de Assistência à Saúde, em conjunto com as
Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, fornece os dados sobre
internações hospitalares do SUS. As unidades hospitalares participantes do SUS (públicas ou
particulares conveniadas e/ou contatadas) enviam as informações das internações efetuadas
através da Autorização de Internação Hospitalar – AIH, para os gestores municipais ou estaduais.
Essas informações são processadas no DATASUS, gerando os créditos referentes aos serviços
109
SAÚDE COLETIVA
prestados e construindo uma valiosa base de dados de morbidade (referente às doenças)
hospitalar, que contém informações de grande parte das internações hospitalares realizadas no
Brasil.
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SAI/SUS) Os dados disponíveis são
gerados a partir das informações enviadas pelas Secretarias Municipais de Saúde e/ou pelas
Secretarias Estaduais de Saúde. As bases de dados municipais e estaduais são recebidas pelo
DATASUS, que gera o banco de dados nacional SAI/SUS e disponibiliza informações sobre a
rede ambulatorial do SUS. Onde são obtidos dados sobre todas as unidades ambulatoriais
prestadoras de serviço para o SUS. O sistema compreende informações sobre toda a produção
ambulatorial, incluindo atendimentos médicos e odontológicos, aplicação de vacinas e realização
de exames laboratoriais.
1) Concentrar esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna
e perinatal;
2) Adotar medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do
acompanhamento prénatal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal; e
3) Ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante,
como os investimentos nas redes estaduais de assistência à gestação de alto risco, o
incremento do custeio de procedimentos específicos e outras ações, como o Projeto de
Capacitação de Parteiras Tradicionais, do financiamento de cursos de especialização
em enfermagem obstetrícia e a realização de investimentos nas unidades hospitalares
integrantes dessas redes.
1) toda gestante tem o direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer
da gestação, parto e puerpério;
2) toda gestante tem direito de conhecer e ter assegurado o acesso à maternidade em que
será atendida no momento do parto;
110
SAÚDE COLETIVA
3) toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que seja realizada de
forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições
estabelecidas pelo conhecimento médico; e
4) todo recémnascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura.
Para ilustrar a natureza dos dados constantes no sistema, foi selecionado os indicadores
do SISPRENATAL do município de Porto Alegre dos anos de 2005 e 2006 (Tabela Abaixo).
Outros Sistemas de Informações em Saúde:
• Sistema de Controle de Exames Laboratoriais SISCEL destinado às informações
referentes ao diagnóstico, monitoramento e terapia antiretroviral para pessoas
infectadas com o vírus HIV/AIDS.
• Sistema de Informação da Atenção Básica – visto na aula de ESF/PSF.
111
SAÚDE COLETIVA
Principais problemas para viabilização do Sistema de Informação em Saúde
Apesar de haver um Sistema de Informação em Saúde nos moldes de diversos países, no
Brasil, observamse problemas na viabilização desse sistema nas diversas esferas de governo: no
âmbito federal, as informações em saúde encontramse dispersas em vários órgãos e ministérios.
Observase falta de padronização nos procedimentos de obtenção, tratamento e disseminação e a
periodicidade adotada nem sempre é a mais adequada. na esfera estadual, é possível dizer que,
atualmente, todas as secretarias estaduais de saúde possuem alguma estrutura específica para
informação, ainda que nem sempre com o grau de desenvolvimento adequado; no âmbito dos
municípios, a maioria deles efetua apenas procedimentos de coleta de dados para os sistemas de
âmbito federal ou estadual. E entre os principais problemas que enfrentam para produzir a
informação em saúde de sua região, encontramse:
• A falta ou deficiência de infraestrutura de informática;
• A insuficiência de recursos humanos qualificados; falta de padronização e normatização
dos procedimentos de coleta de dados;
• A falta de hierarquização na produção e uso das informações nos diversos níveis da
rede;
• O insuficiente grau de utilização dos dados para análise do sistema e dos serviços de
saúde;
• Dificuldade ao acesso de informações, etc.
É fundamental, ainda, que as três esferas de atuação governamental (federal, estadual e
municipal) permitam e facilitem o acesso às informações por elas produzidas, inclusive às
instâncias de controle social, e promovam o intercâmbio de dados e experiências. A adoção de
diretrizes e práticas que permitam a utilização das informações existentes nos três segmentos de
governo e o livre fornecimento de dados pode contribuir, significativamente, para a ampliação e
aperfeiçoamento do relacionamento entre as estruturas que compõem o SUS.
Exercícios
1. A finalidade da informação em saúde consiste em identificar problemas individuais e coletivos
do quadro sanitário de uma população, propiciando elementos para análise da situação
encontrada e subsidiando a busca de possíveis alternativas para resoluções. Assim, as
112
SAÚDE COLETIVA
2. A base do Sistema de Informação de Nascidos Vivos SINASC é a Declaração de Nascimento
(DN), a qual deverá ser preenchida para todos os nascimentos vivos ocorridos no país. É
importante assinalar que o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069 de 130790, em
seu artigo 10, no IV – considerou obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o
objetivo de garantir à criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. Pode
se dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Um dos problemas que limitam o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e as análises de
mortalidade no Brasil é o subregistro dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as
crianças menores de um ano de idade. Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. A finalidade da informação em saúde consiste em identificar problemas individuais e coletivos do quadro sanitário de uma
população, propiciando elementos para análise da situação encontrada e subsidiando a busca de possíveis alternativas para
resoluções. Assim, as informações em saúde devem abranger apenas aquelas relativas ao processo saúde/doença. Podese dizer
que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
As informações em saúde não devem abranger apenas aquelas relativas ao processo saúde/doença, mas também aquelas de
caráter administrativo, todas essenciais para elaboração de políticas para o setor.
2. A base do Sistema de Informação de Nascidos Vivos SINASC é a Declaração de Nascimento (DN), a qual deverá ser preenchida
para todos os nascimentos vivos ocorridos no país. É importante assinalar que o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069 de
130790, em seu artigo 10, no IV – considerou obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o objetivo de garantir à
criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considerou obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o objetivo de
garantir à criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas.
3. Um dos problemas que limitam o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e as análises de mortalidade no Brasil é o sub
registro dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as crianças menores de um ano de idade. Podese dizer que essa idéia
está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente, um dos problemas que limitam o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e as análises de mortalidade no Brasil é o
subregistro dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as crianças menores de um ano de idade.
113
SAÚDE COLETIVA
AULA 17 • PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE SAÚDE
Organização Mundial da Saúde (OMS)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada em saúde, fundada
em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). Sua sede é em
Genebra, na Suíça. O diretor geral é, desde 2006, o sueco Anders Nordstrom.
A OMS teve sua origem nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia), após a
Primeira Guerra Mundial. Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver, ao
máximo possível, o nível de saúde de todos os povos. A saúde, sendo definida nesse mesmo
documento como um “estado de completo bemestar físico, mental e social, e não consistindo
somente da ausência de uma doença ou enfermidade”.
Veja o quadro 1 com as obras que representam os agravos da modernidade,
disponível no ambiente de estudo.
O desafio contido nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
ODM: Síntese do Ciclo de Conferências da Organização das Nações Unidas (ONU)
(década de 90).
Os objetivos propostos pela ODM para o milênio são:
1) Erradicar a extrema pobreza e a fome;
2) Atingir o ensino básico universal;
3) Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres;
4) Reduzir a mortalidade infantil;
5) Melhorar a saúde materna;
6) Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7) Garantir a sustentabilidade ambiental;
8) Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.
114
SAÚDE COLETIVA
Outro objetivo e apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) é em relação ao
tabagismo, buscando por medidas mais rígidas no combate ao fumo, e têm sido atendidas em
todo o mundo. A OMS propôs que todos os países proíbam o fumo em locais de trabalho e
ambientes públicos fechados. A sua ampla campanha, nos riscos do fumo passivo, revela que
cerca de 200 mil nãofumantes morrem por ano devido à exposição à fumaça dos cigarros em
locais de trabalho. Com outro dado alarmante, a organização pede que os pais redobrem os
cuidados com seus filhos: cerca de metade das crianças do mundo, aproximadamente 700
milhões, respiram ar com fumaça de tabaco.
Considerado uma doença gravíssima pela comunidade científica, o tabagismo figura como
a segunda maior causa de morte em todo o mundo: a cada ano, 5 milhões de pessoas perdem a
vida. Se os níveis de consumo atuais perdurarem, a cifra deve dobrar até 2020.
O Brasil tem participação fundamental na história da Organização Mundial da Saúde,
criada pela ONU para elevar os padrões mundiais de saúde. A proposta de criação da OMS, em
1948, foi de autoria dos delegados do Brasil, que propuseram o estabelecimento de um
"organismo internacional de saúde pública de alcance mundial". Desde então, Brasil e OMS
desenvolvem intensa cooperação.
Organização PanAmericana da Saúde (OPAS)
A Organização PanAmericana da Saúde é um organismo internacional de saúde pública
com um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos países das
Américas. Ela também atua como Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para as
Américas e faz parte dos sistemas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da
Organização das Nações Unidas (ONU). A OPAS contribui para o fortalecimento do setor saúde
nos países, para que os programas prioritários sejam executados e para que sejam utilizados
115
SAÚDE COLETIVA
enfoques multisetoriais e integrais de saúde. Temos sede da OPAS nos Estados Unidos da
América, sediada em Washington e, no Brasil, em Brasília, juntamente com a OMS.
As atividades da OPAS são dirigidas à busca da eqüidade nas ações que beneficiem
grupos mais vulneráveis, em especial, as mães e as crianças, os trabalhadores, os mais pobres,
os mais velhos, os refugiados e os desabrigados. A Organização coopera com os países nos
preparativos para situações de emergência e na coordenação de socorro em casos de desastres,
bem como no controle de doenças transmissíveis, como malária, chagas, raiva urbana, lepra e
outras que afetam a população americana.
Ministério da Saúde (MS)
Muito embora a história da Saúde Pública Brasileira tenha início em 1808, o Ministério da
Saúde só veio a ser instituído no dia 25 de julho de 1953, com a Lei nº 1.920, que desdobrou o
então Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios: Saúde e Educação; e Cultura. A partir
da sua criação, o Ministério passou a encarregarse, especificamente, das atividades até então de
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (DNS), mantendo a mesma estrutura que,
na época, não era suficiente para dar ao órgão governamental o perfil de Secretaria de Estado,
apropriado para atender aos importantes problemas da saúde pública existentes. Na verdade, o
Ministério limitavase a ação legal e a mera divisão das atividades de saúde e educação, antes
incorporadas num só ministério. Mesmo sendo a principal unidade administrativa de ação sanitária
direta do Governo, essa função continuava, ainda, distribuída por vários ministérios e autarquias,
com pulverização de recursos financeiros e dispersão do pessoal técnico, ficando alguns
vinculados a órgãos de administração direta, outros às autarquias e fundações.
Ao longo desses cinqüenta anos de existência, o Ministério da Saúde passou por diversas
reformas na estrutura. Destacase a reforma de 1974, na qual as Secretarias de Saúde e de
Assistência Médica foram englobadas, passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para
reforçar o conceito de que não existia dicotomia entre Saúde Pública e Assistência Médica. No
mesmo ano, a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública SUCAM passa à
subordinação direta do Ministro do Estado, para possibilitarlhe maior flexibilidade técnica e
administrativa, elevandose a órgão de primeira linha. Foram criadas as Coordenadorias de
Saúde, compreendendo cinco regiões: Amazônia, Nordeste, Sudeste, Sul e CentroOeste, ficando
as Delegacias Federais de Saúde compreendidas nessas áreas subordinadas às mesmas. As
Delegacias Federais de Saúde deixavam, assim, de integrar órgãos de primeira linha. É criada
também a Coordenadoria de Comunicação Social como órgão de assistência direta e imediata do
116
SAÚDE COLETIVA
Ministro de Estado, e instituído o Conselho de Prevenção Antitóxico como órgão colegiado,
diretamente subordinado ao Ministro de Estado.
Do final da década de 80 em diante, destacase a Constituição Federal de 1988, que
determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população e, para tanto, criou o Sistema
Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha
o funcionamento do Sistema.
É função do Ministério da Saúde dispor de todas as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças endêmicas e
parasitárias, melhorando a vigilância à saúde e dando qualidade de vida ao brasileiro. É por causa
dessas atribuições que o Ministério da Saúde impõese o desafio de garantir o direito do cidadão
ao atendimento à saúde e prover condições para que esse direito esteja ao alcance da população,
independente da condição social de cada um.
A Constituição Federal de 1988 deu um importante passo na garantia do direito à saúde
com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Seus princípios apontam para a
democratização nas ações e nos serviços de saúde, que deixam de ser restritos e passam a ser
universais, da mesma forma, deixam de ser centralizados e passam a nortearemse pela
descentralização. Ou seja, o objetivo é capacitar os municípios a assumir suas responsabilidades
e prerrogativas diante do SUS, bem como desenvolver ações que dêem prioridade à prevenção e
à promoção da saúde.
Nem sempre é possível ao município executar sozinho todos os serviços de saúde.
Pequenos municípios carecem de recursos humanos, financeiros e materiais, e sua população é
insuficiente para manter um hospital ou serviços especializados. Por isso, a descentralização dos
serviços implica também em sua regionalização. Num país imenso como o nosso, para evitar
desperdícios e duplicações fazse necessário organizar os serviços, visando dar acesso a todos
os tipos de atendimento.
Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o
funcionamento do SUS. Foram mudanças profundas na Saúde Pública brasileira que exigiram,
para sua implantação e funcionamento, o aprimoramento do sistema de informação em saúde. Em
suma, compete ao Ministério da Saúde:
• Política nacional de saúde;
• Coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;
117
SAÚDE COLETIVA
• Saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e
coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos índios;
• Informações de saúde;
• Insumos críticos para a saúde;
• Ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos
marítimos, fluviais e aéreos;
• Vigilância de saúde, especialmente drogas, medicamentos e alimentos;
• Pesquisa científica e tecnologia na área de saúde.
O atual Ministro da Saúde é o Senhor José Gomes Temporão.
Veja o quadro 2 com figura que representa um programa desenvolvido pelo MS,
disponível no ambiente de estudo.
118
SAÚDE COLETIVA
Secretarias de Saúde
Na esfera estadual, o gestor é o Secretário Estadual de Saúde e suas funções são a
formulação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS, bem como o
financiamento das ações e serviços de saúde. Na esfera municipal, o gestor é o Secretário
Municipal de Saúde, abrangendo a formulação da política municipal de saúde e a provisão das
ações e serviços de saúde, financiada com recursos próprios ou transferida pelo gestor federal
e/ou estadual do SUS.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo coordena e dirige atividades de
assistência à saúde e prestação de serviços na área médica e hospitalar em todo o Estado. É
responsável pela administração e pela política social de saúde do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto e Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo, os maiores do país.
A SES também faz o controle de endemias em todo o território paulista, além de
administrar três fundações: a do Remédio Popular, que fabrica e distribui remédios aos 645
municípios; o Oncocentro de São Paulo, que desenvolve pesquisas na área da saúde pública; e a
PróSangue Hemocentro de São Paulo, que viabiliza a coleta e distribuição de sangue aos
hospitais.
Veja o quadro 3 com figura que representa um programa desenvolvido pela Secretária
Municipal de Saúde da Cidade de São Palo, disponível no ambiente de estudo.
Coração de Estudante,Milton Nascimento
Composição: Wagner Tiso / Milton Nascimento
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
119
SAÚDE COLETIVA
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renovase a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.
Exercícios
1. A OMS teve sua origem nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia), após a Primeira
Guerra Mundial. Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver, ao máximo
possível, o nível de saúde de todos os povos. A saúde, sendo definida nesse mesmo
120
SAÚDE COLETIVA
documento como um “estado de completo bemestar físico, mental e social, e não consistindo
somente da ausência de uma doença ou enfermidade”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a OMS é responsável pelas políticas e ações de saúde de
todos os povos. Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. “É função do Ministério da Saúde dispor de todas as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças endêmicas e
parasitárias, melhorando a vigilância à saúde e dando qualidade de vida ao brasileiro”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a MS é responsável pelas políticas e ações de saúde
apenas dos municípios da Região Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Podese dizer que essa idéia
está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. “Na esfera estadual, o gestor é o Secretário Estadual de Saúde e suas funções são a
formulação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS, bem como o
financiamento das ações e serviços de saúde. Na esfera municipal, o gestor é o Secretário
Municipal de Saúde, abrangendo a formulação da política municipal de saúde e a provisão das
ações e serviços de saúde, financiada com recursos próprios ou transferida pelo gestor federal
e/ou estadual do SUS”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação
das políticas de saúde e a provisão das ações e serviços. Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
1. A OMS teve sua origem nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia), após a Primeira Guerra Mundial. Segundo sua
constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver, ao máximo possível, o nível de saúde de todos os povos. A saúde, sendo definida
nesse mesmo documento como um “estado de completo bemestar físico, mental e social, e não consistindo somente da ausência
de uma doença ou enfermidade”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a OMS é responsável pelas políticas e ações de saúde de todos os povos. Podese dizer que
essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
A OMS tem por objetivo desenvolver, ao máximo possível, o nível de saúde de todos os povos, estabelecendo e definindo as metas
a serem seguidas pelos Ministérios da Saúde dos países membros.
3. “Na esfera estadual, o gestor é o Secretário Estadual de Saúde e suas funções são a formulação da política estadual de saúde,
coordenação e planejamento do SUS, bem como o financiamento das ações e serviços de saúde. Na esfera municipal, o gestor é o
Secretário Municipal de Saúde, abrangendo a formulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e serviços de
saúde, financiada com recursos próprios ou transferida pelo gestor federal e/ou estadual do SUS”.
Ao ler o texto, podemos afirmar que as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação das políticas de saúde e a provisão
das ações e serviços. Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Realmente as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação das políticas de saúde e a provisão das ações e serviços.
121
SAÚDE COLETIVA
Segundo as determinações do Ministério da Saúde, o “nível federal” deve colocar à
disposição dos demais gestores instrumentos que possam estimular, subsidiar e dar suporte à
administração e aperfeiçoamento dos sistemas estaduais e municipais e às transformações do
modelo e reorganizações dos sistemas e redes de atenção” e, sob tal enfoque, o Cartão Nacional
de Saúde é um desses instrumentos.
Introdução
Segundo as determinações do Ministério da Saúde, em artigo de difusão técnicocientífica,
no qual são feitos alguns apontamentos acerca da relação entre conceito e ações para promoção
da saúde e reorientação do modelo de atenção, o “nível federal deve colocar à disposição dos
demais gestores instrumentos que possam estimular, subsidiar e dar suporte à administração e
aperfeiçoamento dos sistemas estaduais e municipais e às transformações do modelo e
reorganizações dos sistemas e redes de atenção”, e, sob tal enfoque, o Cartão Nacional de Saúde
é um desses instrumentos. Da mesma forma, o acolhimento do cidadão nas unidades de saúde
deve ser entendido como instrumento extremamente importante para viabilizar o processo de
inclusão dos usuários dos serviços de saúde proposto pelo SUS. Acolher significa, entre outras
coisas, “dar crédito a; dar ouvidos; tomar em consideração”, tendo como objetivo principal o
oferecimento da assistência adequada.
Ainda nessa direção, apontamos a Farmácia Popular, programa montado a partir de
parcerias estabelecidas entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Ministério da Saúde
e executora do programa e laboratórios farmacêuticos públicos ou do setor privado, quando
necessário, que visa disponibilizar vários medicamentos a baixo custo.
Cartão Nacional de Saúde ou Cartão SUS
O Cartão SUS está fundamentado na necessidade de identificação individualizada dos
usuários. Segundo seus idealizadores, a partir de um Cadastro do SUS, baseado no número do
122
SAÚDE COLETIVA
Programa de Integração social (PIS) e do Programa de Assistência ao Servidor público (PASEP),
cada cidadão terá um cartão identificador de abrangência nacional. A introdução desse
mecanismo de registro vem atender à necessidade apresentada, qual seja, conhecer o fluxo dos
usuários entre os diversos serviços de saúde, na medida em que são associadas às informações
sobre os atendimentos ou ações de saúde à clientela atendida nos diversos níveis do sistema. Ao
vincular a informação ao usuário (e não ao procedimento), tornase possível o cruzamento de
dados entre os sistemas e prestadoras, ampliandose a capacidade de controle e auditoria.
De fato, os sistemas de informações de base nacional atualmente existentes captam,
primeiramente, informações referentes aos eventos da vida relacionados à saúde: nascimentos,
ações assistenciais, ocorrências de agravos, diagnósticos, terapias e óbitos. Entretanto, nenhum
desses sistemas consegue identificar a clientela do Sistema Único de Saúde – SUS e explicar sua
vinculação a um gestor sanitário ou a cobertura pretendida pelas ações praticadas.
Nesse sentido, o Cartão Nacional de Saúde tem como objetivo a modernização dos
instrumentos de gerenciamento da atenção à saúde e sua característica principal é a possibilidade
de identificação dos usuários. Para tanto, será utilizado o Cadastro Nacional dos usuários,
baseado no número do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Assistência ao
Serviço Público (PASEP). Cada cidadão deve receber um Cartão identificador que identificará o
usuário em todos os seus contatos com o SUS e acompanhará a sua evolução dentro do sistema,
com efeitos na atenção individual e no planejamento das ações em saúde. Em relação aos
sistemas de informações de base nacional, essa identificação permite a integração entre os
eventos de vida e as ações desenvolvidas e a avaliação de processo e impacto dessas ações.
O Cartão Nacional de Saúde é um cartão magnético que identifica nacionalmente todos
os usuários do SUS. Sendo utilizado para a operacionalização do Sistema Nacional de Informação
em Saúde (SNIS), que consiste de um sistema padronizado e articulado de informações, que visa
subsidiar as ações em saúde, que contém informações sobre profissionais, unidades de saúde e
procedimentos em saúde.
O SNIS permite a identificação do usuário do SUS, registro de informações sobre o
histórico clínico deste, agilidade no agendamento de consultas e exames, encaminhamento a
outras Unidades de Saúde, além do controle do acesso a medicamentos. Possibilita ainda um
melhor monitoramento da rede assistencial, do fluxo de usuários e das necessidades de saúde
dos cidadãos, subsidiando as ações de planejamento e programação de saúde e permitindo maior
integração das atividades de assistência à saúde. A utilização do cartão é simples, funciona como
se fosse um cartão eletrônico de banco.
123
SAÚDE COLETIVA
Acolhimento
Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o
gerenciamento do fluxo do usuário dos serviços de saúde, visando a efetivação do princípio da
Resolutividade. Sendo necessariamente um ato coletivo, uma estratégia que visa a ampliação do
acesso à assistência integral, com abordagem de risco e vulnerabilidade, um diálogo construído
dentro do serviço com os profissionais de saúde e com a comunidade, fortalecendo o poder de
participação dos usuários, enquanto sujeitos ativos do processo.
O Acolhimento surge como uma estratégia para promover mudanças na organização do
processo de trabalho e propõe uma recepção técnica com escuta qualificada por profissionais da
equipe de saúde, para atender a demanda espontânea que procura os serviços, com o objetivo de
identificar risco/vulnerabilidade no adoecer e, desta forma, orientar, priorizar e decidir sobre os
encaminhamentos necessários para a resolução do problema apresentado pelo usuário. Visa
potencializar o conhecimento técnico e agregar resolutividade na intervenção dos diversos
profissionais de saúde, promovendo o vínculo e a responsabilidade com o usuário dos serviços. O
Acolhimento está fundamentado na necessidade de melhoria da qualidade de atenção à saúde.
No entanto, para que o profissional de saúde reconheça as reais necessidades dos
usuários e estabeleça o Acolhimento na rede de serviços, há necessidade de conhecer os
fluxogramas (figuras) assistenciais, rotinas e orientações para as queixas e problemas mais
freqüentes que 4 surgem no atendimento à demanda espontânea nas unidades de saúde, de
acordo com os ciclos de vida e temas transversais, devendo ser destacadas as dimensões
biológicas e sociais no processo saúdedoença, as quais devem ser consideradas na identificação
de risco e vulnerabilidade para priorização da atenção, bem como ações e orientações de
prevenção e diagnóstico precoce que devem ser oferecidas pelos profissionais de saúde no
momento do acolhimento.
O Acolhimento estabelece que o profissional de saúde deve fazer e, para fazer, tem que
saber. Estes profissionais têm extrema importância nas ações de acolhimento porque são eles
que recebem o usuário, conhecem os cuidados e podem tomar decisões. Para tanto, se faz
necessário que nos locais de trabalho haja espaços para discussões coletivas de casos, do
processo de trabalho e adequação das normas, protocolos e orientações à realidade local, para o
desenvolvimento de seus próprios fluxogramas e normas de atendimento, no intuito de formular
propostas que possam romper com um modelo baseado na oferta e formulem propostas que
transformem o cotidiano na construção de um modelo que tenha como eixo o usuário e suas reais
necessidades de saúde.
124
SAÚDE COLETIVA
Farmácia Popular
A Farmácia Popular do Brasil é um programa do Governo Federal para ampliar o acesso
da população aos medicamentos considerados essenciais. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
órgão do Ministério da Saúde e executora do programa, adquire os medicamentos de laboratórios
farmacêuticos públicos ou do setor privado, quando necessário, e disponibiliza nas Farmácias
Populares a baixo custo. O programa “Farmácia Popular” tem como principal objetivo facilitar o
acesso da população aos medicamentos básicos e essenciais, disponibilizando remédios a preço
de custo, atendo, assim, à parcela população que não busca assistência no SUS, mas tem
dificuldade para manter tratamentos, medicamentos devido aos altos preços dos remédios. A
implementação das farmácias populares é feita em parceria com governos estaduais, municipais
ou entidades filantrópicas.
Estão disponíveis 95 itens que tratam das doenças com maior incidência no país, como
hipertensão, diabetes, úlcera gástrica, depressão, asma, infecções e verminoses, além dos
anticoncepcionais. Em alguns casos, a economia para o usuário pode ser superior a 80%,
comparando o preço do medicamento em uma farmácia convencional. Os produtos
disponibilizados são adquiridos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Ministério da
Saúde e executora do programa, e disponibilizados na farmácia a preço de custo e em
consignação.
Para utilizar a Farmácia Popular, basta o usuário ter uma receita da rede pública ou
particular, contendo medicamentos disponíveis no programa. A Farmácia Popular funciona em
horário comercial, de segundafeira a sábado, e conta com farmacêuticos e funcionários
qualificados para orientar o usuário sobre os cuidados com a saúde e o uso correto da medicação.
Importante lembrar que, quanto à dispensação dos medicamentos, todo usuário que apresentar
receita oriunda da rede pública deve ser orientado sobre o direito à assistência farmacêutica
enquanto usuário do SUS. Somente após essa informação e consulta ao usuário sobre sua opção
pela obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação.
Alguns questionamentos vêm sendo feitos acerca do programa Farmácia Popular, o que
fica evidente nas criticas sobre o copagamento de medicamentos, fato que, para teóricos como
125
SAÚDE COLETIVA
Eugênio Vilaça Mendes, “esse compartilhamento de custos lesa fortemente o princípio da
equidade”.
Segue o link indicado para aprofundamento da aula:
Exercícios
1. Nesse sentido, o Cartão Nacional de Saúde tem como objetivo a modernização dos
instrumentos de gerenciamento da atenção à saúde e sua característica principal é a
possibilidade de identificação dos usuários. Ao ler o texto, podemos afirmar que cada cidadão
deve receber um Cartão identificador que identificará o usuário em todos os seus contatos com
o SUS e acompanhará a sua evolução dentro do sistema, com efeitos na atenção individual e
no planejamento das ações em saúde. Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
2. Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o gerenciamento do
fluxo do usuário dos serviços de saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
3. Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública
deve ser orientado sobre o direito à assistência farmacêutica enquanto usuário do SUS.
Somente após essa informação e consulta ao usuário sobre sua opção pela obtenção do
medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação do medicamento.
Podese dizer que essa idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
4. Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o gerenciamento do
fluxo do usuário dos serviços de saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. Ao
ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema
Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de saúde
resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. Podese dizer que essa
idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.
Respostas dos Exercícios
126
SAÚDE COLETIVA
3. Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública deve ser orientado sobre o direito à
assistência farmacêutica enquanto usuário do SUS. Somente após essa informação e consulta ao usuário sobre sua opção pela
obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação do medicamento. Podese dizer que essa
idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública deve ser orientado sobre o direito à
assistência farmacêutica enquanto usuário do SUS. Somente após essa informação e consulta ao usuário sobre sua opção pela
obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação do medicamento.
4. Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o gerenciamento do fluxo do usuário dos serviços de
saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. Ao ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que
todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de saúde resolvido, dentro
da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. Podese dizer que essa idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
A resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu
problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.
127
SAÚDE COLETIVA
Introdução
Na segunda metade do século XX, criouse na opinião pública, uma falsa expectativa de
que todas as doenças transmissíveis estariam próximo à extinção. Esse quadro não é verdadeiro
para o Brasil, nem mesmo para os país desenvolvidos, como demonstrado pelos movimentos de
emergência de novas doenças transmissíveis como a Aids, de ressurgimento, em novas
condições, de doenças antigas como a cólera e o dengue, de persistência de endemias
importantes , como a tuberculose, e de surtos inusitados de doenças, como a febre do Nilo
Ocidental, nos Estados Unidos, e da pneumonia atípica em várias partes do mundo. A idéia de
que, naturalmente, todas as doenças transmissíveis seriam erradicadas contribuiu para que, no
passado, as ações de prevenção e controle fossem sendo subestimadas na agenda de
prioridades em saúde, com evidentes prejuízos para o desenvolvimento de uma adequada
capacidade e resposta governamental e com a perda de oportunidade de tomada de decisão
sobre medidas que teriam um impacto positivo nessa área. Com diferenças associadas às
condições sociais, sanitárias e ambientais, as doenças transmissíveis ainda se constituem em um
dos principais problemas de saúde pública no mundo. A erradicação completa de doenças, como
no caso da varíola na segunda metade da década de 1970, ainda o único e solitário exemplo de
erradicação em escala mundial, é produto de décadas de esforço continuado de governos, da
sociedade, e da disponibilidade de medidas amplamente eficazes e efetivas.
Um pouco de História
Nas primeiras décadas do séc. XX, houve um grande crescimento econômico no Brasil, no
entanto , foi um período de crise sócioeconômica e sanitária, porque as epidemias ameaçavam a
economia agroexportadora brasileira, prejudicando principalmente, a exportação do café, pois as
tripulações dos navios estrangeiros recusavamse a atracarem nos portos brasileiros, o que
também reduzia a imigração de mão–deobra.
Eleito presidente da República Federativa do Brasil em 1902, Rodrigues Alves, que
perdera a filha vitimada pela febre amarela, centra seu programa de governo na mudança da
128
SAÚDE COLETIVA
imagem do país no exterior. O programa visava melhoria do porto da Cidade do Rio de Janeiro, a
reforma e o embelezamento da cidade e combate às epidemias. Sua realização ficou sob a
responsabilidade de Oswaldo Cruz e Pereira Passos, sendo o primeiro indicado , em 1903, para a
direção da Saúde Pública e o segundo para ocupar a Prefeitura do Distrito Federal. Esta não era a
primeira vez que Rodrigues Alves patrocinava ações de vulto na área da saúde. Já em 1900,
quando à frente do governo do Estado de São Paulo, apoiara as iniciativas de Emílio Ribas e
Adolfo Lutz no combata à febre amarela.
As reformas urbanas e sanitárias atraíam grande oposição e agitavam as páginas dos
jornais e as conversas dos moradores da cidade do Rio de Janeiro. Protestos populares e
sublevações militares resultaram na Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 a 16 de novembro de
1904. Deflagrada a partir da divulgação da Lei da vacinação obrigatória contra a varíola, a Revolta
foi considerada como um dos maiores levantes populares ocorridos no Brasil no século XX e
integravam movimentos antigovernamentais militares ligados à Floriano Peixoto; intelectuais
positivistas, republicanos radicais, monarquistas e parcelas da população afetadas pelo “bota
abaixo”, nome pelo qual ficou conhecida a política de reorganização do espaço urbano da cidade
do Rio de Janeiro, implementada pelo prefeito Pereira Passos.
Não esquecendo que o Brasil havia deixado recentemente de ser uma monarquia para ser
alçado à condição de República Federativa em 1989, sendo assim, os interesses políticos das
diversas ideologias ainda impregnavam quaisquer manifestações populares. Além do que, a
recente abolição da escravatura um ano antes (em 1888) levou para as cidades as pessoas que
até então, exploradas e violentadas sob a condição de escravos, não possuíam qualificação para
pleitear trabalho na incipiente manufatura a ser desenvolvida nos centros urbanos.
Em que pese à ação desses grupos, é inegável que a obrigatoriedade da vacinação trazia
consigo força suficiente para provocar reações violentas em defesa da privacidade e da livre
determinação. Houve aproximadamente 30 mortes, 110 feridos, 945 prisioneiros, dos quais 454
enviados para o Acre e, dentre os revoltosos destacouse o lendário “Prata Preta”, exescravo
que, da mesma forma revoltado com a imposição da obrigatoriedade da vacinação, enfrenta às
autoridades. Algumas frases foram cunhadas nessa época: “isso para não andarem dizendo que o
povo é carneiro”, “é para mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”, “abaixo
a vacina” . Diziase na época que a vacina podia matar ou, no mínimo, deixar a pessoa com a
cara de bezerro (isso porque Edward Jenner havia descoberto a vacina contra a varíola em 1796
a partir da observação e experiências com a as vacas acometidas pela doença vaccinia).
Observase assim, a total falta de informação da população acerca dos reais benefícios da
vacinação.
129
SAÚDE COLETIVA
Contudo a saúde pública brasileira aprendeu a lição. Informar às pessoas faz parte de
qualquer programa de controle de doenças. As vacinas, devidamente aperfeiçoadas, são hoje
bem aceitas; mães e pais procuram as unidades de saúde em busca do cumprimento do
calendário vacinal de seus filhos, assim como os adolescentes, adultos, idosos e profissionais de
saúde apresentam aceitação para este eficiente método de prevenção das doenças, mesmo
tendo a certeza de que ainda existem brasileiros que não podem contar com a cobertura total de
vacinação para todas as doenças imunopreveníveis disponibilizadas pela ciência e tecnologia,
uma vez que várias doenças possíveis de imunoprevenção não estão disponíveis na rede pública,
como é o caso da varicela; meningite meningocócica (apenas para os casos de surtos ou
epidemias); gripe (disponível apenas para idosos, profissionais de saúde); hepatite B (disponível
para pessoas até 19 anos, profissionais de saúde e grupos de risco). Ficando evidente o não
cumprimento dos princípios filosóficos de universalidade, igualdade e integralidade contemplados
no Sistema Único de Saúde.
“ Eu não vou nesse arrastão
Sem fazer o meu barulho
Os doutores da ciência
Terão mesmo que ir no embrulho
Não embarco na canoa
Que a vacina me persegue
Vão meter ferro no boi
Ou nos diabos que os carregue”
(Canção popular, autor desconhecido)
Programa Nacional de Imunização (PNI)
O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi instituído em 1973 e tem como objetivo
proteger a população contra as doenças imunopreveníveis (aquelas que contam com vacinas
como modo de prevenção). Impulsionado pelos excelentes resultados obtidos pela Campanha da
Erradicação da Varíola, foi transformado ao longo dos tempos, em um dos mais bemsucedidos
programas de vacinação do mundo. O PNI tem ampla cobertura: crianças, adolescentes, adultos,
idosos, moradores de grandes centros urbanos ou das regiões mais longínquas são da mesma
130
SAÚDE COLETIVA
forma, alvo da cobertura vacinal deste programa que conta com a FUNASA (Fundação Nacional
de Saúde) como órgão responsável pelas ações programáticas desenvolvidas, atuando sempre
em parceria com estados e municípios, e totalmente financiado por recursos públicos. O PNI,
como formulador e executor de políticas públicas, trabalha de maneira articulada coma vigilância
epidemiológica e, entre suas atividades incluem o monitoramento de efeitos adversos
relacionados à vacina e o incentivo ao aprofundamento dos processos de controle de qualidade e
produção de vacinas pelos laboratórios públicos nacionais.
Veja os calendários de vacinação disponível no ambiente de estudo.
Exercícios
1. As reformas urbana e sanitária atraíam grande oposição e agitavam as páginas dos jornais e as
conversas dos moradores da Cidade do Rio de Janeiro. Protestos populares e sublevações
militares resultaram na Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 a 16 de novembro de 1904.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a Revolta da Vacina foi um importante movimento popular
de oposição à obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, doença considerada erradicada no
mundo na segunda metade da década de 1970.
Podese dizer que esta idéia está:
a) correta
b) incorreta
2. Contudo a saúde pública brasileira aprendeu a lição. Informar às pessoas faz parte de qualquer
programa de controle de doenças. As vacinas, devidamente aperfeiçoadas, são hoje bem
aceitas; mães e pais procuram as unidades de saúde em busca do cumprimento do calendário
vacinal de seus filhos, assim como os adolescentes, adultos, idosos e profissionais de saúde
apresentam aceitação para este eficiente método de prevenção das doenças, mesmo tendo a
certeza de que ainda existem brasileiros que não podem contar com a cobertura total de
vacinação para as doenças imunopreveníveis disponíveis pela ciência e tecnologia.
Ao ler o texto, podemos afirmar que todas as doenças imunopreviníveis que a ciência e a
tecnologia possibilitam, estão disponíveis para o acesso de todos os brasileiros, indistintamente.
Podese dizer que esta idéia está:
a) Correta
131
SAÚDE COLETIVA
b) Incorreta
3. Dentre as vacinas previstas no PNI para o cumprimento do calendário de crianças de 0 a 6
meses, podemos apontar a BCG (contra as formas graves de tuberculose); a hepatite B; a
Tetravalente; a VOP e a febre amarela
Podese dizer que esta idéia está:
a) Correta
b) Incorreta
Respostas dos Exercícios
1. As reformas urbana e sanitária atraíam grande oposição e agitavam as páginas dos jornais e as conversas dos moradores da
Cidade do Rio de Janeiro. Protestos populares e sublevações militares resultaram na Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 a 16 de
novembro de 1904.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a Revolta da Vacina foi um importante movimento popular de oposição à obrigatoriedade da
vacinação contra a varíola, doença considerada erradicada no mundo na segunda metade da década de 1970.
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
2. Contudo a saúde pública brasileira aprendeu a lição. Informar às pessoas faz parte de qualquer programa de controle de doenças.
As vacinas, devidamente aperfeiçoadas, são hoje bem aceitas; mães e pais procuram as unidades de saúde em busca do
cumprimento do calendário vacinal de seus filhos, assim como os adolescentes, adultos, idosos e profissionais de saúde
apresentam aceitação para este eficiente método de prevenção das doenças, mesmo tendo a certeza de que ainda existem
brasileiros que não podem contar com a cobertura total de vacinação para as doenças imunopreveníveis disponíveis pela ciência e
tecnologia.
Ao ler o texto, podemos afirmar que todas as doenças imunopreviníveis que a ciência e a tecnologia possibilitam, estão
disponíveis para o acesso de todos os brasileiros, indistintamente.
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
3. Dentre as vacinas previstas no PNI para o cumprimento do calendário de crianças de 0 a 6 meses, podemos apontar a BCG (contra
as formas graves de tuberculose); a hepatite B; a Tetravalente; a VOP e a febre amarela
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
132
SAÚDE COLETIVA
Introdução
Quando se fala em paradigma, estamos falando de visão de mundo que norteiam as ações
das pessoas. Um paradigma é um conjunto de premissas implícitas que não se pretende testar;
na verdade são essencialmente inconscientes. O paradigma é o que permeia as nossas
percepções, dentro dele está tudo o que é considerado verdadeiro, um paradigma é sustentado
pelo sistema de crenças, vivese essas crenças, pensase e age conforme essas crenças.
O atual paradigma que oferece suporte à maioria das práticas profissionais fundamenta –
se na ciência. Desta forma, as profissões são baseadas em um modelo materialista para se
desenvolverem, utilizando a aquisição de conhecimento pelo aspecto racional e objetivo. O
paradigma cientifico atual entende o mundo como sendo mecânico, em que existem recursos a
serem controlados e explorados. O problema é que esse modelo de paradigma não deixa espaço
para a liberdade de escolha, para a consciência ou espírito, tornando o ser humano parcial e
incompleto.
Entretanto, um paradigma não é estático, ele é mutável, nem sempre a ciência determinou
o que é verdade e o que é falso, cada período histórico demonstrou uma visão de mundo e
paradigmas característicos.
A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido,
em que o entendimento da natureza é de ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de
ser apenas um corpo separado da mente. É necessário um novo paradigma que entenda a
natureza enquanto um organismo que reage e tem necessidades e que entenda o ser humano
enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, sem que deixe de lado a evolução e aquisição do
conhecimento científico, mas que ele seja flexível, e sem deixar de lado a tecnologia, mas que ela
seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um todo e não
só á ciência, assim como na prática profissional.
A prática do profissional de saúde
133
SAÚDE COLETIVA
Para escrever sobre o compromisso dos profissionais de saúde neste momento de
transição paradigmática, lembro que já não se fala de um compromisso deste ou daquele
profissional isoladamente , mas sim do compromisso dos profissionais de saúde e, no intuito de
ilustrar essa integralidade na construção de um novo paradigma ético, recorro ao poema de João
Cabral de Melo Neto, numa assunção à metáfora da tessitura dos galos evocando o resplandecer
da manhã:
Tecendo a manhã
Poema de João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele lançou
E o lance para outro; de um outro galo que
Apanhe o grito que um galo antes
E o lance a outro; e de outros galos
E que com muitos outros galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
Se encorpando em tela, entre todos,
Se erguendo tenda, onde entrem todos,
Se estendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação,
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.
134
SAÚDE COLETIVA
Da mesma forma que os galos, numa necessária ação colaborativa, estão tecendo a
manhã, também os profissionais da saúde necessitam tecer uma teia de relações absolutamente
produtivas, na perspectiva da construção de um novo paradigma, que possa gerar ações que
redundem em benefício do ser humano.
Outra ilustração interessante para ressaltar a urgente mudança de paradigma prescritivo
de conduta para os profissionais da saúde, é a metáfora do curador ferido. Consta na mitologia
grega, que a arte de curar foi ensinada por Apolo ao centauro Quíron. Este, por sua vez,
transmitiua para Esculápio, o deus da Medicina. Com Quíron, Esculápio aprendeu a praticar a
cura pelas ervas. Entretanto, Quíron possuía uma ferida que jamais cicatrizava: ele vivia curando
os outros, mas estava sempre doente, sempre sofrendo e, por isso era capaz de compreender o
sofrimento daqueles a quem tratava. Esse mito pode ser interpretado como uma sugestão para o
necessário envolvimento de pessoas que travam uma relação de ajuda – como a vivenciada pelo
profissional da saúde com as pessoas que atende.
Todos reconhecemos a insuficiência dos serviços de saúde, o que contribui para os
sentimentos de angústia, muitas vezes vivenciados pelos usuários. Sendo necessário uma relação
de alteridade (alter – outro) entre profissionais e seus clientes. É muito produtivo para ambos
quando essa relação de ajuda acontece de forma plena e afetuosa, no intuito de reconhecer as
principais dimensões do ser humano: sentir, pensar, falar e agir, numa relação de respeito entre
pessoas livres e iguais.
No cotidiano das práticas de assistência à saúde podemos observar a falta de preparo dos
diversos profissionais. Esta inadequação de conduta pode ser atribuída à crise de valores éticos e
morais que regem a sociedade. Isso se dá, pois as fontes de moral que orientam a sociedade, não
mais correspondem às necessidades que surgem das relações entre as pessoas e o seu entorno
técnico/científico, assim como de consumo.
Interessante ressaltar que este momento de crise dos valores morais e éticos oferece a
possibilidade de revermos as origens do atual paradigma e, com isso, refletirmos sob que ética
estamos vivendo. Os profissionais da saúde devem, portanto, rever sua prática baseandose em
135
SAÚDE COLETIVA
uma ética critica e reflexiva e, principalmente que tenha sentido na sua existência e nos valores
que os movem, estruturando uma ética que, segundo Leonardo Boff deve ser em torno de valores
fundamentais ligados à vida, ao seu cuidado, ao trabalho, às relações cooperativas e a cultura da
nãoviolência e da paz.
A prática cotidiana dos serviços públicos de saúde, que se mostra desprovida do
reconhecimento dos direitos dos usuários, exige um resgate de ideais humanísticos por parte dos
profissionais de saúde. É importante que o usuário, ao procurar os serviços de saúde seja visto
não apenas como um doente ou uma pessoa que procura ajuda para sanar as seqüelas físicas
que o aflige. É necessário que ele seja visto como um ser integral, que seja tratado com dignidade
que seja visto como um ente único e possuidor de características físicas, psicológicas,
sociais,culturais, econômicas,espirituais, etc.
Em busca de uma adequação de conduta
A Atenção Básica ou primária se constitui em uma das principais portas de entrada para o
sistema de saúde (não a única, o pronto socorro, por exemplo, é outra porta possível e
necessária) e, como sabemos, as funções da rede de atenção básica no sistema de saúde é à
busca da universalidade, eqüidade e integralidade.
No intuito de colaborar para uma reflexão, provocadora de adequação de conduta, por
parte daquele que será “O Profissional de Saúde” destacamos, em nível exemplificativo e não
taxativo, o seguinte:
Conhecer a essência dos problemas das comunidades em conformidade com a realidade
social a que está inserida;
• Implementar as evidências da ciência no contínuum saúdedoença;
136
SAÚDE COLETIVA
• Utilizar instrumentos necessários de comunicação com os diversos grupos sociais;
• Capacitar a população para que, em conjunto, (re)descubram novas fórmulas de
reavaliação social em seus enfrentamentos;
• Valorizar experiências já desenvolvidas nas quais se faz presente os processos de
conscientização e capacitação da comunidade;
• Instrumentalizar tecnicamente os trabalhadores e as unidades para operarem com dados,
informações e indicadores de saúde;
• Travar um envolvimento baseado nas prioridades e decisões comunitárias ajudandoas a
desenvolver habilidades significativas, identificar necessidades e planejar atividades
futuras;
• Encorajar a implementação de serviços preventivos e de saúde básica ao invés de
serviços curativos;
• Capacitar a comunidade na utilização da hierarquização do sistema – referência e contra
referência;
• Utilizar a técnica do Acolhimento como uma ação do campo de competência e
responsabilidades de todos os trabalhadores das unidades de saúde, envolvendo a
escuta, a responsabilização pelo outro, pelo problema apresentado, pelo cuidado, assim
como favorecendo o desenvolvimento de sua autonomia e cidadania;
• Reforçar as ligações com os centros locais de saúde e com o pessoal de saúde da área;
• Informar sobre os recursos formais e informais colocados à disposição da comunidade;
• Incentivar a participação social no planejamento/programação, execução e avaliação das
ações de saúde propostas, através de comissões locais ou outras modalidades de
organização social;
• Promover a intersetorialidade exercida pela relação com todos os níveis de governo
como resposta ao enfoque ampliado de saúde;
137
SAÚDE COLETIVA
• Incentivar o desenvolvimento de um Novo Modelo de Atenção à Saúde que contemple
não só a revisão das práticas assistenciais, mas que garanta a integração de
conhecimentos, o uso racional de recursos e a efetiva participação e controle social;
• Levar em consideração as dimensões sociais econômicos e culturais da população
apreendendo o processo saúdedoença no âmbito familiar e não apenas no nível
individual;
• Estimular que a comunidade se torne plenamente consciente e possa tomar controle do
seu processo de desenvolvimento –“empoderamento” .
Desta maneira, podemos afirmar que as práticas de assistência à saúde necessariamente
dependem de um conjunto de profissionais e procedimentos e que, mesmo o mais preparado e
valorizado entre eles, está intrinsecamente dependente dos outros para atingir seus objetivos. Os
atendimentos aos usuários dos serviços de saúde precisam articular diferentes profissionais,
desde a acolhida, passando pelo diagnóstico, os exames complementares, as prescrições
terapêuticas, os encaminhamentos de referência e contrareferência necessários, promovendo
cuidados sem interrupção, até o total restabelecimento ou o equilíbrio possível da pessoa
atendida. As equipes multiprofissionais, com práticas interdisciplinares e conhecimentos
transdisciplinares atuam em conjunto, diluindose desta maneira a hegemonia dos técnicos e das
técnicas.
Para não finalizar, esta reflexão!
A pedra
O homem distraído, nela tropeçou
O pastor, cansado da lida, usoua como assento para descansar
Davi fêla aliada no seu confronto contra Golias
O bruto, dela instrumentalizouse para ferir seus oponentes
O poeta eternizoua nos seus versos
Michelangelo, dela se serviu para criar a mais bela das esculturas
Em todos os casos, a diferença esteve nos homens, e não na pedra.
138
SAÚDE COLETIVA
Exercícios
1. A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido, em
que o entendimento da natureza é de ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de
ser apenas um corpo separado da mente. É necessário um novo paradigma que entenda a
natureza enquanto um organismo que reage e tem necessidades e que entenda o ser humano
enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, sem que deixe de lado a evolução e aquisição do
conhecimento científico, mas que ele seja flexível, e sem deixar de lado a tecnologia, mas que
ela seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um todo
e não só á ciência, assim como na prática profissional.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a ciência deve ser desconsiderada no contexto da prática
do profissional de saúde.
Podese dizer que esta idéia está:
a) correta
b) incorreta
2. Leia o poema e responda as questões nº 2 e nº 3
Tecendo a manhã
Poema de João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele lançou
e o lance para outro; de um outro galo que
apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
e que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
Se encorpando em tela, entre todos,
Se erguendo tenda, onde entrem todos,
Se estendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação,
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.
2. Ao ler o poema Tecendo a Manhã de João Cabral de Melo Neto, podemos afirmar que, numa
interpretação metafórica, quando o galo tece a manhã com seus gritos está favorecendo
apenas a si mesmo.
Podese dizer que esta idéia está:
a) correta
b) incorreta
3. Ainda numa interpretação metafórica do poema Tecendo a Manhã, podemos afirmar que as
práticas de assistência à saúde necessariamente dependem de um conjunto de profissionais e
procedimentos e que mesmo o mais preparado e valorizado entre eles, está intrinsecamente
dependente dos outros para atingir seus objetivos.
Podese dizer que esta idéia está:
a) correta
b) Incorreta
139
SAÚDE COLETIVA
Respostas dos Exercícios
1. A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido, em que o entendimento da natureza é de
ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de ser apenas um corpo separado da mente. É necessário um novo paradigma
que entenda a natureza enquanto um organismo que reage e tem necessidades e que entenda o ser humano enquanto um ser
biopsicossocial e espiritual, sem que deixe de lado a evolução e aquisição do conhecimento científico, mas que ele seja flexível, e
sem deixar de lado a tecnologia, mas que ela seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um
todo e não só á ciência, assim como na prática profissional.
Ao ler o texto, podemos afirmar que a ciência deve ser desconsiderada no contexto da prática do profissional de saúde.
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: B
2. Leia o poema e responda as questões nº 2 e nº 3
Tecendo a manhã
Poema de João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele lançou
e o lance para outro; de um outro g0alo que
apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
e que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
Se encorpando em tela, entre todos,
Se erguendo tenda, onde entrem todos,
Se estendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação,
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.
3. Ainda numa interpretação metafórica do poema Tecendo a Manhã, podemos afirmar que as práticas de assistência à saúde
necessariamente dependem de um conjunto de profissionais e procedimentos e que mesmo o mais preparado e valorizado entre
eles, está intrinsecamente dependente dos outros para atingir seus objetivos.
Podese dizer que esta idéia está:
RESPOSTA CORRETA: A
140
SAÚDE COLETIVA
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