Você está na página 1de 28

GESTÃO DE OPERAÇÕES EM SAÚDE

PANORAMA DO SISTEMA DE
SAÚDE BRASILEIRO (PÚBLICO
E PRIVADO)
Autor: Esp. Arnaldo Silva Santana Menezes
Revisor: Franciele D. Canello

INICIAR
introdução
Introdução
Abordaremos, nesta unidade, as relações entre saúde pública e privada no
Brasil; compreenderemos com maior profundidade o mix público-privado,
além de abordarmos os níveis de planejamento em sistema de saúde
(operacional, tático e estratégico), e a cadeia de suprimentos em saúde
(logística em saúde). Identificamos diversas transições ocorridas nas últimas
décadas, considerando principalmente os contextos político, ideológico e
econômico de diversos países, tanto de primeiro mundo quanto países em
desenvolvimento, intensificando estudos e discussões acerca das atribuições
do Estado na sociedade. Uma das principais observações cabíveis no cenário
em discussão aos sistemas de saúde nacionais é a questão da complexidade e
deficiência em dar assistência às necessidades individuais, priorizando e
interagindo, quase que exclusivamente, apenas nas demandas coletivas.

Identificamos que grande parte dessas transições está atrelada diretamente


às funções desempenhadas pela saúde complementar (serviço privado de
saúde), num crescente da sua participação financeira no financiamento da
Saúde, bem como a migração de atendimento de serviços da rede pública
para a rede privada, com regulação ainda em desenvolvimento, em parcerias
público-privadas.
Panorama do Sistema de
Saúde Brasileiro (Público e
Privado)

Após iniciado o movimento de industrialização do país, e, principalmente a


partir dos da década de 1930, o movimento sanitarista campanhista perdeu o
ímpeto, diminuíram os investimentos em saúde pública e a atenção coletiva
cedeu lugar à atenção individualizada. Não obstante, sob a direção de Carlos
Chagas, o Departamento Nacional de Saúde Pública, criado em 1920 pela
influência da Liga Pró-Saneamento do Brasil, liderada por Belisário Penna,
coordenou os esforços no combate às epidemias que ainda ameaçavam os
grandes centros e corredores de exportação, como a febre amarela no Rio de
Janeiro, a malária e mal de Chagas no interior do país, combatidas pelos
serviços federais de profilaxia rural. Em 1923, a Lei Eloy Chave (Decreto
Legislativo 4.682/1923), criou a primeira Caixa de Aposentadoria e Pensões
(CAP), para os empregados de cada uma das empresas ferroviárias então
existentes. Organizadas com base individual nas empresas, financiadas por
contribuições dos empregados e empregadores, sem participação do
governo, as CAPs se tornaram o modelo adotado para oferecer assistência
médica e previdenciária, sempre por meio de vinculação ao trabalho. As CAPs
começaram a ser unificadas com o passar do tempo, agora organizadas por
categoria profissional e não mais por empresa, surgindo em seu lugar os
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). A partir de 1937, o Ministério da
Educação e Saúde Pública (MESP), fundado em 1930, passou a ser Ministério
da Educação e Saúde (MES), sendo criado o Departamento de Saúde (DNS).
Em 1953, o Ministério da Saúde foi criado, mas em função do
desmembramento da Educação e Cultura, provisionou-se apenas um terço do
orçamento vigente, sendo responsável pelo cuidado da saúde pública, e a
medicina curativa previdenciária sob responsabilidade dos IAPs. Tendo como
referência a Constituição de 1988, o SUS – Sistema Único de Saúde, é o atual
sistema de saúde brasileiro. O SUS foi elaborado a partir dos princípios
clássicos de um Sistema Nacional de Saúde (com maior destaque ao modelo
de Portugal e Inglaterra), a saber: direito à gratuidade de acesso à saúde,
financiado por tributos, igualdade e universalidade. Entretanto, o SUS trouxe,
como herança dos modelos anteriores à sua implantação, forte influência dos
prestadores de assistência privada à saúde, os seguros privados, fundos de
investimentos e planos de saúde.

Em sua concepção, o SUS foi maciçamente influenciado pelo Movimento da


Reforma Sanitária Brasileira, que se desencadeou da visão de acolhimento
social, solidariedade, tendo como referência as transições ocorridas nos
sistemas de saúde europeus ao final da Segunda Guerra Mundial, a fim de
servir de resistência à ditadura, tendo como objetivo a democracia e a
liberdade.

Uma peculiaridade relacionada ao mix público-privado no atual sistema de


saúde brasileiro trata-se da prestação e produção de serviços. Identificamos a
produção de serviços do SUS em diversos segmentos, como unidades básicas
de saúde, hospitais públicos, complexos hospitalares, clínicas, hospitais
privados com parcerias públicas, com relação estabelecida por convênio ou
contrato. Vale salientar que nestes casos, nos quais o serviço de atendimento
não é realizado em unidades públicas, consideramos uma forma de parceria
público-privada: a negociação dos serviços de saúde acontece entre as
entidades gestoras da saúde pública, em suas esferas (federal, estadual ou
municipal), e os prestadores de serviços privados.

Há também a possibilidade que a aquisição de serviços médico-hospitalares


de média e/ou alta complexidade seja privada direta, ou por seguro de saúde,
realizados por profissionais referenciados presentes em complexos
hospitalares de referência, como hospitais-escola, que realizam atendimento
para o SUS. Esse tipo de prestação de serviço ocorre porque, apesar do SUS
não autorizar o custeio particular dos seus serviços, há um limbo legislativo
que, na prática, permite a transação de serviços ao setor privado, oriundos de
estabelecimentos contratados e/ou criados para gerenciamento dos serviços
destes hospitais; dessa maneira, não têm nenhuma irregularidade ao vender
ou negociar serviços para o setor privado.

praticar
Vamos Praticar
Avaliando os conceitos oportunos apresentados por Cordeiro et al . (2010), as
distinções entre o SUS e a saúde suplementar podem ser descritas da seguinte
maneira:

“Convivem de forma contraditória a abundância e a escassez de alguns serviços e de


tecnologias tanto no SUS como no segmento suplementar, ainda que de natureza e
em graus diferentes. No primeiro, nota-se o aparecimento e o recurso a tecnologias
leves enquanto no segundo predominam as tecnologias duras. [...] diferença
importante entre o SUS e o segmento suplementar [...] é a ocorrência de
abundância de tecnologias leves e da escassez de procedimentos mais complexos
no SUS, ocorrendo o contrário no segmento suplementar. Essa situação tem
implicações importantes para a qualidade da atenção, ainda que de natureza
diferente” (CORDEIRO et al ., 2010, p. 131).

CORDEIRO, H. A.; CONILL, E. M.; SANTOS, I. S.; BRESSAN, A. I. Por uma redução nas
desigualdades em saúde no Brasil: qualidade e regulação num sistema com
utilização combinada e desigual. In: SANTOS, N. R.; AMARANTE, P. D. C. (org.).
Gestão Pública e Relação Público-Privado na Saúde . Rio de Janeiro: Editora
Cebes, 2010.

Com base no trecho apresentado, qual é a alternativa correta em relação à


realidade da narrativa entre a saúde pública e privada?

a) A saúde pública é referência em tecnologia para procedimentos


complexos, pois o repasse de verbas é equacionado, a fim de direcionar
maiores recursos para serviços de maior complexidade.
b) A característica de maior relevância na saúde suplementar é o
atendimento exclusivamente a usuários de forma particular, mantendo a
excelência dos serviços prestados sem atender beneficiários do SUS.
c) A principal diferença entre a saúde privada e pública é o volume de
atendimento, não importando a complexidade do atendimento ou a
tecnologia disponível.
d) A ausência de tecnologias mais complexas faz do SUS um serviço limitado
de recursos, enquanto a saúde suplementar apresenta abundância destes
recursos e tecnologias.
e) O SUS não tem como objetivo atender aos casos complexos e graves, que
demandem tecnologia, e, por essa razão, a saúde suplementar se destaca
nestes quesitos.
Perspectivas para a Saúde
no Brasil

Um dos aspectos essenciais para a consolidação da saúde conforme


princípios estabelecidos em Constituição é a centralização do beneficiário;
isso demanda integração dos cuidados, considerando o acolhimento e
tratamento da população em processo de envelhecimento e com doenças
crônicas – mais relevantes hoje que nas décadas anteriores, em virtude de a
transição demográfica cursar para a longevidade. Em suma, cada sistema de
saúde tem suas particularidades, portanto, cada planejamento estratégico
para gestão/integração do cuidado deve ser elaborado para cada contexto
específico, podendo gerar inconsistências quando adotados em outros
cenários. Apesar disso, em geral, eixos norteadores elaborados a partir destes
guias de orientação vêm ganhando cada vez mais notoriedade, mesmo em
outros contextos.

Podemos dizer que essa ocorrência vem de encontro com a transição


demográfica, produzindo – do ponto de vista epidemiológico – padrões
similares de morbimortalidade, intensificando a necessidade de cuidados
integrados, multiprofissionais e contínuos, demandando flexibilidade de
gestão, bem como interação com tecnologias e tratamentos distintos de
forma acessível.

Alguns princípios são diferenciais para a promoção da rede integrada de


cuidados. Podemos elencá-los por relevância da seguinte forma:

Referenciamento das necessidades : dentre todos os processos de


organização e gestão de saúde, o foco é na qualidade de vida e bem-
estar dos usuários, de modo que os planos elaborados para gestão
dos cuidados tenham como referência os impactos reais sobre os
diversos níveis de saúde desta população. A gestão das informações,
principalmente nos contextos socioeconômicos onde este usuário e
sua família estão inseridos, potencializa a capacidade de organização
e ações assertivas, coordenadas pelo sistema de saúde.
Compreender o contexto de vida do indivíduo, vínculos familiares e
interação na sociedade permite tornar as ações de intervenção mais
assertivas.
Abordagem Complexa : a cronicidade das doenças, bem como as
comorbidades associadas, são cada vez mais comuns, necessitando
estudos mais amplos e abrangentes, além da necessidade de equipe
multidisciplinar, para complementaridade dos estudos. Disciplinas
distintas favorecem a análise mais variada e aprofundada,
permitindo soluções mais especializadas de assistência, além de
possibilitar novos modelos de organização e gestão da atenção à
saúde: integração de redes de atenção à saúde – nacionais, regionais
e locais – com integração de recursos e saberes da assistência à
população.
Intervenção Multidisciplinar : quando interagimos com uma gama
diversificada de conhecimentos e habilidades, torna-se possível a
construção de vertentes focadas na problemática e as soluções são
elaboradas de maneira assertiva para lidar com diversas causas, bem
como seus desdobramentos simultaneamente.

Essa abordagem viabiliza o tratamento adequado com recuperação


efetiva, trazendo resultados positivos na qualidade de vida da
população usuária dos serviços de saúde pública. Não podemos
deixar de comentar a fundamental participação da tecnologia em
prol do fortalecimento da saúde, identificando de forma mais
sistematizada o problema, tendo em mente o usuário como foco da
assistência prestada.
Descentralização Territorial : a elaboração de estratégias
terapêuticas deve ir ao encontro das estruturas sanitária, cultural e
socioeconômica da população, considerando a interdependência
destes fatores. A partir da familiaridade com o perfil epidemiológico
regionalizado de cada população, é possível visualizar estratégias que
tenham como objetivo compreender todos os determinantes do
processo saúde-doença, buscando garantir o bem-estar dos
indivíduos e suas famílias.

Essa compreensão deve ser a base da definição dos fundamentos do


modelo de atenção mais adequado à população, permitindo a
identificação dos perfis populacionais em termos de situação de
saúde e a projeção de soluções adequadas a cada um deles. A
territorialização da política de saúde pode compreender ainda,
sempre que se verificar necessário, o referenciamento espacial
(georreferenciamento) das estruturas de provisão (unidades de
saúde), das informações, indicadores, relações, fluxos, estruturas
físicas (transporte, comunicação, energia, serviços, produção, lazer,
etc.) e dos equipamentos sociais (escolas, centros de referência da
assistência social, tribunais de justiça), considerados relevantes para
o sistema de saúde (SILVA, 2006).
Melhoria Contínua da Qualidade : uma vez que há a integração dos
envolvidos no planejamento do serviço de saúde, torna-se ainda mais
definido o escopo de atuação dos profissionais de saúde e das
unidades de atendimento à saúde, favorecendo suporte adequado,
qualidade no atendimento, dentro da necessidade de cada usuário.
Os modelos de sistematização do cuidado são norteados por
padrões de eficácia do cuidado cada vez mais elevados no manejo de
doenças crônicas, doenças de alta complexidade e de longo prazo de
tratamento. Uma vez que essa sistematização entra em vigor, o
acompanhamento e refinamento dos cuidados prestados no
tratamento favorecem parâmetros e balizadores para as melhores
práticas assistenciais, avaliando e monitorando os serviços de saúde,
estabelecendo metas e pactos (serviços contratos para gestão, de
natureza privada ou pública), certificando e qualificando tanto
profissionais quanto às unidades de atendimento.

praticar
Vamos Praticar
Agora que compreendemos os principais elementos responsáveis pelo avanço da
saúde no Brasil, vindo ao encontro da visão globalizada da saúde, assinale a
alternativa mais adequada ao comparar os tópicos mencionados como perspectivas
para a saúde no Brasil e a ilustração da integração global da saúde.

a) A eficiência econômica e a melhoria contínua da qualidade combinam dois


princípios que visam respectivamente otimizar a utilização dos recursos na
saúde – garantir a gestão, monitoramento e implementação de tecnologias e
recursos em prol da população, nos segmentos público-privados.
b) A liderança estratégica e a centralização da tomada de decisões,
combinadas, fazem da saúde do Brasil um promissor país, se comparado
com países de primeiro mundo.
c) Melhoria contínua da qualidade e centralização da tomada de decisões são
os pilares para garantir que a economia e as políticas de saúde no Brasil
sejam equacionadas.
d) Gestão bipartite e tripartite são as melhores possibilidades de garantir a
sustentabilidade da saúde no Brasil, vindo ao encontro da visão globalizada
da saúde, integração de conhecimentos e tecnologias.
e) A eficiência econômica é a principal ferramenta para equiparação da saúde
público-privada no Brasil.
Níveis de Planejamento
em Sistemas de Saúde
(Operacional | Tático |
Estratégico)

Dando início à temática relacionada à logística e operações em saúde,


podemos definir que o principal objetivo da logística é garantir a
intermediação adequada entre o produto, da sua origem ao destino
estabelecido.
Figura 1.1 - Gestão de operações em saúde
Fonte: Pop Nukoonrat / 123RF.
Sendo assim, é necessário definir três aspectos essenciais para alcançar êxito,
em termos gerais, seja na saúde e/ou qualquer outro segmento, a saber:

planejamento estratégico;
planejamento tático;
planejamento operacional.

Dominar as peculiaridades desses elementos é ter entendimento dos níveis


de planejamento, que se diferenciam pelo tempo de resposta para cada ação,
níveis hierárquicos e, de maneira geral, o papel de cada elemento e seu
impacto no resultado final.

Planejamento Estratégico
No que diz respeito ao processo, vem ao encontro das expectativas da alta
gestão; é o início do planejamento, em que são alinhados os objetivos, as
metas, os caminhos e rumos que a empresa espera alcançar, o panorama do
futuro da organização. Além disso, é a maneira como a organização se
estrutura com relação aos impactos dos ambientes internos e externos, e é a
partir desse conjunto de fatores que são elaborados a missão, visão e valores
da instituição. Vale ressaltar que o poder decisório e a responsabilidade do
planejamento estratégico são da alta gestão da empresa. Essas ações são
estabelecidas habitualmente para longo prazo (entre 5 e 10 anos); nesse
processo, o objetivo é obter um vislumbre mais abrangente da empresa, sem
pormenorização das ações, uma vez que, por serem ações de longo prazo,
torna-se inviável o ajuste dos mesmos num longo período.

Vale ressaltar que o planejamento precisa de revisão e atualização contínua,


garantindo que as informações e necessidades identificadas sejam alinhadas
e possam contribuir para direcionamento e tomada de decisões reais dentro
da empresa. Essa etapa tem como objetivo auxiliar na minimização de
inconsistências entre o que foi idealizado e de fato o que foi executado.

Planejamento Tático
Enquanto o planejamento estratégico abrange toda a corporação, o
planejamento tático é mais restrito, responsável (em alguns casos) por apenas
um processo, do começo ao fim. É também responsável pela elaboração de
metas racionais que visam o atingimento das metas criadas no planejamento
estratégico. Por ser um nível mais segmentado, o poder decisório pode ser
estabelecido por indivíduos que atuam em posições de alta direção, como
diretores e gerentes.

Aqui, ocorre o detalhamento e desdobramento do planejamento estratégico,


interagindo com as propostas estabelecidas, visando o plano concreto, com o
envolvimento de outras áreas corporativas, para elaboração de estratégias –
por exemplo da área financeira, gestão e gente, marketing, a fim de
concretizar os planos idealizados. Podemos identificar que outro aspecto que
diferencia o tático é o aprazamento do planejamento, que tem como período
esperado algo entre 1 a 3 anos, intervalo suficientemente capaz de mensurar
as ações necessárias em curto e em médio prazos, ao contrário do
planejamento estratégico, com ações de longo prazo.

Planejamento Operacional
É nesta etapa que tudo ocorre com precisão cirúrgica, demandando
assertividade na elaboração das atividades, tendo em vista que é desse ponto
que são estabelecidos os prazos, ações e ajustes na execução, além da
redução de tempo para as atividades planejadas. De forma integrada, é nessa
etapa que são executadas as ações e metas elaboradas no nível tático, vindo
de encontro com os objetivos das decisões tomadas no nível estratégico. Aqui,
as ações são executadas em curto prazo de tempo, de maneira geral, entre 3
e 6 meses. Nesse nível, todos os demais participam e acompanham as ações
em andamento, garantindo a execução adequada das tarefas estabelecidas e
operações necessárias, conforme os procedimentos e rotinas validadas para
cumprimento dos resultados.

É por essa razão que todos os colaboradores devem ser envolvidos com os
planejamentos, incentivando-os e envolvendo-os para corresponsabilização
das metas estabelecidas e dos resultados esperados pela alta gestão da
empresa. Um dos grandes desafios com relação à construção e execução do
planejamento estratégico, tático e operacional é estar familiarizado com as
necessidades reais dos níveis de serviço demandados pelos clientes.

O conceito de planificação (planejamento), que significa a arte de governar em


situações de poder compartido, formula uma das metodologias de
planejamento estratégico mais utilizada na área da saúde: o Planejamento
Estratégico Situacional, originado na tradição da planificação normativa no
âmbito econômico.

Nesse contexto, observamos que planifica quem governa; que os elementos


com inconsistências demandam abordagem individualizada da planificação
situacional; além de ser necessário compreender que ainda somos limitados
em relação à ciência social, não sendo capazes de acurácia na avaliação causal
dos resultados das escolhas que tomamos. Sendo assim, a única forma de
entender a planificação é vê-la como um processo de aprendizagem
constante.

O Planejamento Estratégico em Saúde (PES), pode ser organizado em quatro


momentos do processo de planificação, que são
Momento
Explicativo
é o momento equivalente ao diagnóstico
da
planificação normativa com a complexa
tarefa de solucionar problemas e descartar
outros. A partir dessa seleção, surge a
necessidade de explicar as causas de cada
problema e do conjunto de problemas que
marcam a situação inicial do plano. Para
visualizar as escolhas usa-se o fluxograma
situacional.

A partir dessa concepção de planejamento e toda sua história, percebe-se que


representa a perspectiva de racionalizar e otimizar a produção dos serviços
de saúde. Atualmente, a competição global, a dinâmica dos mercados e novas
tecnologias estão abrindo novas oportunidades para a criação de valor. Nesse
sentido, a análise estratégica não deve se pautar somente em uma empresa
ou mesmo setor, mas no sistema de criação de valor no qual diferentes atores
econômicos, fornecedores, parceiros de negócio, cliente e demais envolvidos
trabalham em conjunto. Assim a estratégia deve ser vista como a forma com
que uma empresa define seu negócio e conecta os únicos dois recursos que
realmente interessam na economia atual: conhecimento e relacionamentos,
ou seja, as competências de uma empresa com seus cliente e fornecedores.

Considerando a quase impossibilidade de controlar precisamente todos os


processos em um hospital a partir de uma visão puramente funcional, torna-
se imperativa uma atenção voltada para os processos estratégicos sob uma
perspectiva transdisciplinar, compreendendo o papel dos diversos atores na
organização. Sejam eles atores diretos ou terceirizados. Diante das limitações
de uma visão ampla dos processos trazida pela gestão funcional, a gestão é
direcionada a executar e controlar os processos sob uma referência técnica e
legal buscando garantir minimamente o alinhamento à estratégia do seu
negócio.

praticar
Vamos Praticar
Dentro do que foi abordado acerca de planejamento organizacional, identifique a
questão incorreta, com relação à definição do planejamento, no que diz respeito
aos níveis de planejamento (Estratégico, Tático e Operacional):

I. Planejamento Tático é onde ocorre o registro documental dos métodos e modelos


estabelecidos de desenvolvimento, assim como a idealização de resultados
específicos a serem atingidos pelas áreas distintas da empresa.

II. Planejamento Operacional é o método administrativo que visa à otimização de


determinado resultado e não de toda a organização. Serve para desdobramento de
objetivos, políticas e estratégias firmadas.

III. Planejamento Estratégico é a fase administrativa, que visa ao alicerce


metodológico para garantir o rumo a ser seguido pela empresa, interagindo com
fatores não controláveis (fatores externos), buscando para a empresa inovação e
diferencial competitivo.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas
b) I e III, apenas.
c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III, apenas.
Cadeia de Suprimentos
em Saúde (Logística em
Saúde)

No que diz respeito à prestação de serviço de saúde com qualidade e


otimização dos custos, a cadeia de suprimentos hospitalar é uma grande
aliada. Esse recurso é oriundo do segmento industrial, embora, sua
adequação, seja, por vezes, árdua. O funcionamento adequado da
organização hospitalar está atrelado diretamente à autonomia e capacidade
de suprimento dos produtos e insumos médico-hospitalares, que assegurem
a execução das intervenções com qualidade, a produtividade, e, acima de
tudo, a excelência e satisfação dos usuários.
reflita
Reflita
Identificamos nas cadeias de suprimentos o poder de gerar
lucro e valor agregado ao acionista e, ainda mais relevante,
sua gestão assertiva é refletida no valor final dos produtos. É
fundamental que as empresas passem a buscar novas
tendências e tecnologias para estarem alinhadas com as
necessidades e interesses dos seus consumidores, buscando
a integração entre fornecedores e clientes, num único modelo
de negócio. Tendo esse objetivo em mente, o foco passa a
estar relacionado com o desenvolvimento e aprimoramento
de competências, desenvolvimento de parcerias cada vez mais
estratégicas e melhoria contínua dos serviços prestados,
agregando valor à cadeia de suprimentos. Com esse objetivo,
foca-se o desenvolvimento de competências, formação de
parcerias e aprimorar os serviços que realmente agregam
valor à cadeia de suprimentos. Reflita sobre tal processo.

Segundo Infante e Santos (2007), as cadeias de suprimentos hospitalares,


assim como representantes de outros setores da economia, são compostas
de diferentes categorias de fornecedores e clientes, com diferentes
características de suprimento e demanda. Diversas irregularidades
identificadas no abastecimento e na falta de material, são frequentemente
identificadas em serviços de saúde e geram impactos negativos sobre o
desempenho e a imagem junto aos profissionais de saúde e à população. O
gestor hospitalar deve se comprometer com uma visão crítica e garantir que
os processos estejam voltados para a entrega de valor ao paciente,
considerando que ele não está em busca do consumo de produtos
(procedimentos), e sim do desfecho ou resultado advindo deste consumo. O
desfecho esperado do consumo de um produto, ou conjunto de produtos,
seria a melhoria do estado de saúde do paciente no menor tempo e sem
intercorrência ou danos. Gestão da cadeia de suprimentos pode ser definida
como o planejamento e administração das atividades associadas à logística
interna e entre organizações. Bem como colaboração e coordenação entre
todos os envolvidos da cadeia, sejam prestadores de serviço, fornecedores
e/ou consumidores. Em termos gerais, é uma rede complexa, pois se
relaciona com empresas em níveis distintos: distribuidores, fabricantes,
fornecedores e usuários.

saiba mais
Saiba mais
Este artigo é uma referência do impacto
negativo que pode ser ocasionado em
virtude da ruptura do abastecimento de
insumos hospitalares em um hospital
público, e, que pode ser replicado o mesmo
impacto na saúde suplementar. Leia
“Vulnerabilidade e riscos de ruptura no
abastecimento de materiais e medicamentos
na cadeia de suprimento em um hospital
público”.

ACESSAR

Apesar da grande variedade de definições sobre o termo, o objetivo comum a


todas é integração. Não só às empresas e instituições, mas também abrange
fluxos de informação e processos. A integração globalizada dos mercados,
associada a clientes cada vez mais envolvidos com a qualidade dos serviços
recebidos, as empresas têm encontrado na gestão de cadeia de suprimentos
um grande aliado como diferencial para agregar valor, bem como otimizar a
competitividade na redução de custos, tempo-resposta mais assertivo, além
de sistemas eficientes de integração de informações.

Podemos elencar alguns dos principais fatores que interferem positiva ou


negativamente a performance da cadeia de suprimentos:
Ambiente Colaborativo : relaciona-se com o alinhamento
estratégico com os parceiros da cadeia de suprimentos, em suas
atividades de fabricação, distribuição e suprimentos;
Negociação Justa dos Riscos e Recompensas : transparência nas
negociações, com equalização dos custos, riscos e lucros entre os
envolvidos da cadeia de suprimentos, objetivando a consolidação da
parceria entre as partes;
Objetivos Alinhados : todos os membros possuem o atendimento
ao cliente como objetivo principal;
Gerenciamento Efetivo : gestão efetiva dos processos, produtos,
atividades, pessoas e informações nos seus diversos níveis de
gerenciamento, interagindo com os diversos participantes da cadeia;
Política Just in Time : pautada no uso racional dos recursos, tendo a
demanda como elemento impulsionador e estoque reduzido;
Interação Positiva com os Clientes : conjunto de processos para o
gerenciamento das reclamações e sugestões, construção de
relacionamentos de longa duração e satisfação do cliente;
Práticas Lean : voltadas para a eliminação de desperdícios e
eficiência interna.

Os hospitais disponibilizam diversos serviços relacionados à saúde, e, dessa


forma, proveem uma gama de recursos a favor do diagnóstico adequado e
tratamento efetivo dos seus usuários. Há envolvidos a mão de obra
qualificada, como médicos, enfermeiros, equipamentos, infraestrutura para
cirurgias, pronto atendimento, insumos como esparadrapo e bandagens,
próteses, dispositivos implantáveis de alta tecnologia, bem como grande
variedade de recursos medicamentosos. Numa visão mais indireta, podemos
falar ainda dos serviços de higiene e limpeza, lavanderia, nutrição e dietética,
resíduos, engenharia clínica e recursos de transporte. Observa-se então o
quanto a cadeia de suprimentos hospitalar é complexa e multissetorial.
Importante relembrar que seus desafios centrais são pautados na
organização das atividades e tarefas para atendimento das demandas
geradas com otimização dos recursos disponíveis.
praticar
Vamos Praticar
Muitas empresas tiveram prejuízos financeiros nas últimas décadas, em virtude de
não identificarem o impacto da distribuição física de seus produtos. Atualmente,
muitas tecnologias e inovações vêm sendo aplicadas, a fim de atender de forma
inteligente e econômica os clientes geograficamente afastados das fontes
produtoras. Assinale a alternativa correta que apresenta uma solução viável para a
distribuição física de produtos e insumos:

a) Implantação de sistema integrado entre fábrica e fornecedores, sem a


obrigatoriedade de incluir pedidos de clientes.
b) Estocar a matéria-prima sem equipamentos de movimentação e
transporte dos depósitos.
c) Gerenciar todas as informações de maneira efetiva dos fornecedores de
insumos.
d) Operacionalizar níveis melhores de serviço, com melhoria contínua, em
termos de disponibilidade de estoque e otimização do atendimento ao
cliente.
e) Efetuar o transporte dos produtos sem embalagens ou empacotamentos
de proteção, haja visto o custo elevado deste serviço.
indicações
Material
Complementar

LIVRO

Gestão Hospitalar
Editora : Martinari
Autores : Ariadne da Silva Fonseca e Marcelo Ricardo
de Andrade Sartori
ISBN : 9788581160672
Comentário : esse livro aborda os principais assuntos
relacionados ao exercício do gestor hospitalar, dando
subsídios para o aprimoramento de métodos e
métricas de avaliação, para elaboração de indicadores
(quantitativos e qualitativos), tendo como base os
hospitais de excelência em saúde no Brasil; reforça a
necessidade da busca pela capacitação contínua do
profissional, contudo, sem deixar de considerar a visão
holística do cuidado, bem como multidisciplinaridade
na gestão dos serviços de saúde.

WEB

Entrevista: por dentro da Logística


Hospitalar e da Gestão de Insumos e
Medicamentos
Ano : 2015
Comentário : conforme o conteúdo abordado sobre
logística e cadeia de suprimentos hospitalares, este
vídeo apresenta um debate entre o presidente da
UniHealth Logística Hospitalar, Domingos Fonseca, e
um especialista em gestão de saúde, analisando o
papel da logística efetiva para os gestores hospitalares.

ACESSAR
conclusão
Conclusão
Este material abordou a linha do tempo da saúde no Brasil. Além disso,
identificamos que a gestão da cadeia de suprimentos hospitalar passa a
ganhar relevância à medida que proporciona um direcionamento para
disruptura e superação da dicotomia da melhoria da qualidade atrelada à
efetiva redução de custos. A natureza das atividades realizadas na cadeia de
suprimentos, bem como a complexa interação dos ambientes externo e
interno – envolvendo prestadores de serviços em saúde, hospitais e clínicas –
apresentam grandes desafios para implantação e consolidação desse tipo de
gestão na saúde atualmente. Não podemos esquecer que temos no Brasil o
choque de diversas culturas, influências, por isso a cadeia de suprimentos
vem ganhando relevância ao buscar ações para garantir o aumento da
produtividade, melhorando a qualidade com menores custos de
operacionalização.

O planejamento estratégico e otimização das aquisições, além da procura


constante de possibilidades para ganhos em larga escala, controle do
consumo dos recursos, são algumas das ações para redução dos gastos em
saúde, e, simultaneamente, provém a utilização de insumos de forma
racional, poupando possíveis desperdícios, tendo como objetivo principal a
excelência operacional da cadeia de suprimentos em saúde.

referências
Referências
Bibliográficas
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial
da União . Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
. Acesso em: 10 nov. 2019.

CORDEIRO, H. A.; CONILL, E. M.; SANTOS, I. S.; BRESSAN, A. I. Por uma redução
nas desigualdades em saúde no Brasil: qualidade e regulação num sistema
com utilização combinada e desigual. In : SANTOS, N. R.; AMARANTE, P. D. C.
(org.). Gestão Pública e Relação Público-Privado na Saúde . Rio de Janeiro:
Editora Cebes, 2010.

INFANTE, M.; SANTOS, M. A. A organização do abastecimento do hospital


público a partir da cadeia produtiva: uma abordagem logística para a saúde.
Ciência e Saúde Coletiva , v. 12, n. 4, p. 995-954. 2007.

OLIVEIRA, D. P. R. de. Planejamento Estratégico : conceitos, metodologia e


práticas. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

OUVERNEY, A. M.; NORONHA, J. C. Modelos de organização e gestão da


atenção à saúde: redes locais, regionais e nacionais. In: FUNDAÇÃO OSWALDO
CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 : prospecção estratégica do sistema de
saúde brasileiro: organização e gestão do sistema de saúde. Rio de Janeiro:
Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, 2013. v. 3. p. 143-182. ISBN 978-85-8110-017-3.
Disponível em http://books.scielo.org/id/98kjw/pdf/noronha-9788581100173-
06.pdf . Acesso em: 10 nov. 2019.

SILVA, S. F.; MAGALHÃES, E. Redes de atenção à saúde na agenda de


prioridades do SUS. Revista do Conasems , Brasília, 2008.

Você também pode gostar