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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - (UEMG)

Faculdade Psicologia 2°período


Campus Divinópolis
Aluno: Gabriel Eduardo Farias Santos
Disciplina: História da Saúde
Professor: Guilherme Gonzaga Duarte Providello

Exercício III
Resenha do livro “O que é SUS?”
Como descrito no próprio título, o livro “O que é SUS?” de Jairnilson Silva Paim
trata de maneira ampla e detalhada a utilidade e importância do SUS para com a
saúde, não só visando solucionar enfermidades, mas também promover o bem-estar
físico, mental e social da sociedade. Mas para responder à pergunta do título, o autor
descreve o Sistema Único de Saúde como um conjunto de agências (instituições e
empresas) tanto públicas como particulares e também agentes (profissionais e
trabalhadores da saúde) que atuam juntos para garantir a saúde da população. O
autor também destaca a importância das ações e projetos realizados pelas
organizações que não integram o setor, dando como exemplo as escolas, rádios e
televisões que contribuem através da divulgação e propagação de informações como
malefícios do cigarro, cuidados de trânsito, prevenção de doenças entre outros dados.
Além de proporcionar saúde para as pessoas, os serviços de saúde também
integram interesses externos como gerar emprego e lucro para os empresários, e por
isso é necessária uma maior organização política, econômica e cultural afim de
compreender as dificuldades e conciliar as divergências para que o sistema se torne
eficiente e sustentável. Afim de conquistar essa organização, existem países com
diferentes tipos de sistema de saúde, tendo destaque o sistema de assistência como
nos Estados Unidos, que há intervenção do estado, e o atendimento é para aqueles
que se comprovem pobres, e se sustenta através do mercado. Também o sistema de
seguridade, com atendimento universal e financiado de forma solidária pela sociedade
através de contribuições e impostos. E por ultimo o sistema seguro social, também
universal, mas os serviços são garantidos aqueles que contribuem com a previdência
social.
A respeito do Brasil, o sistema utilizado foi alterado com o passar do tempo, em
1920 o sistema era baseado no seguro social, mas a partir de 1988 foi decidido o
sistema de seguridade social. E para entender se esse sistema é realmente o melhor
e eficiente para população brasileira, o autor afirma a necessidade de conhecer o que
existia antes do SUS, e também conhecer a história da organização sanitária no Brasil,
e compreender a conquista do SUS para o povo brasileiro. E assim comenta sobre a
organização dos serviços de saúde ser bem confusa e complicada, e que durante a
republica velha, uma concepção liberal de Estado era responsável de intervir apenas
nos casos em que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse responder.
As epidemias como febre amarela, peste e varíola, comprometeram a
economia agroexportadora, havendo assim a necessidade que o poder público
promovesse a adoção de medidas sanitárias nas cidades, saneamento dos portos e
obrigação da vacinação. E por volta de 1910, médicos juntamente de autoridades
políticas e intelectuais realizam um movimento com objetivo de mudar a organização
sanitária, esse movimento foi reconhecido a partir da criação do Departamento
Nacional de Saúde Pública (DNSP) e de uma estrutura permanente de serviços de
saúde pública em áreas rurais. Porém ainda não havia um ministério da saúde, e as
ações eram voltadas apenas para doenças específicas como febre amarela,
tuberculose, lepra e varíola.
O autor comenta que “A saúde era tratada mais como caso de polícia do que
como questão social. E o órgão que cuidava da saúde pública se vinculava ao
Ministério da Justiça e Negócios Interiores. A realização de campanhas lembrava uma
operação militar, e muitas das ações realizadas se inspiravam no que se denomina
polícia sanitária.” E também é dito sobre as fábricas que ofereciam serviços médicos
em troca de parte do salário dos trabalhadores. Foi então que na década seguinte
houve a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) por Carlos
Chagas, responsabilizando-se pela profilaxia, propaganda sanitária, saneamento,
higiene industrial, vigilância sanitária e controle de endemias. Nesse período também
teve o início da previdência social no Brasil, que através das caixas de aposentadoria
e pensões (CAPs), os trabalhadores vinculados a essas caixas passavam a ter acesso
a alguma assistência médica. Sobre o desenvolvimento do sistema público de saúde,
mesmo que a reforma de Carlos Chagas contemplasse a higiene industrial, foi a partir
de 1930 com a criação do Ministério do trabalho, que o trabalhador passou a ter direito
a saúde.
Ocorre que no decorrer da evolução do sistema de saúde brasileiro, houveram
momentos de crise devido a má administração, o sistema passou a ser insuficiente,
mal distribuído, descoordenado, inadequado e ineficiente, isso devido ao grande
autoritarismo, injustiça e corrupção presentes nesse sistema. Foi então que com o
propósito de democratizar a saúde Brasileira, foi organizado um movimento social de
estudantes, pesquisadores e profissionais da saúde que propuseram a Reforma
Sanitária e a implantação do SUS. Dessa forma tanto o RSB quanto o SUS nasceram
da sociedade, não de governos ou partidos.
Sobre a proposta do SUS, Jairnilson comenta que está vinculada a uma ideia
central, “todas as pessoas têm direito à saúde. Este direito está ligado à condição de
cidadania. Não depende do “mérito” de pagar previdência social, nem de provar
condição de pobreza, nem do poder aquisitivo, muito menos da caridade. Com base
na concepção de seguridade social, o SUS supõe uma sociedade solidária e
democrática, movida por valores de igualdade e equidade, sem discriminações ou
privilégios.” E para que essa proposta do SUS seja garantida, foi promulgada uma
constituição que reconhece a saúde como direito social, contando com cinco artigos
destinados à saúde.
No livro também é descrito sobre o futuro do sistema de saúde no Brasil, que
devido as grandes transformações econômicas, culturais e políticas ocorrendo pelo
mundo, se torna muito difícil prever com certeza a situação da saúde no futuro, porém
o autor cita três cenários interessantes, o cenário otimista e possível, em que a
população brasileira terá um nível de vida maior, com menor mortalidade infantil, maior
transparência da ação pública e acesso a informação, maior confiança da população
para com o SUS, e também a redução do déficit na balança comercial nos segmentos
que integram o CEIS.
Também é descrito um cenário pessimista e plausível, em que ocorre um
empobrecimento da população brasileira e impactos negativos na distribuição de
renda, aumento da mortalidade infantil, fragilidade da capacidade do estado em
conduzir as políticas de saúde, e assim o SUS funcionará sob restrições políticas e
financeiras voltadas para população mais pobre do país. E o ultimo cenário, inercial e
provável, com o impacto da crise internacional sobre a economia brasileira ocorreria
a adoção de instrumentos de política econômica voltada para o crescimento e
promoção do emprego será tímida, também haverá uma ligeira queda de mortalidade
e um aumento da esperança ao nascer, o SUS terá magnitude importante e será
utilizado por uma parcela expressiva da população, porém 30% desta terão planos
privados de saúde ou pagarão diretamente por serviços privados, e também os
recursos públicos para o SUS continuarão insuficientes para que haja melhoria da
qualidade dos serviços prestados pelo sistema público.
Outra informação interessante descrita no livro é a opinião dos brasileiros em
relação ao SUS, os dados descritos são que 47% dos entrevistados sentem falta de
médicos, 43% afirmaram haver falta de enfermeiros, 37% para falta de medicamentos,
31% reclamaram da demora para marcar consultas, e 29% reclamaram da falta de
hospitais. Problemas ligados à insuficiência de recursos na infraestrutura do sistema
particularmente no seu componente público. E o fato de três quartos da população
necessitar dos serviços do SUS, deixa evidente a necessidade de investimento na
rede assistencial e fortalecimento da infraestrutura.
Na etapa final do livro, o autor comenta tanto dos avanços como também os
desafios enfrentados pelo SUS, afirmando que a grande maioria dos estabelecimentos
de apoio diagnóstico e de tratamento são privados, e destes, são poucos que prestam
serviços ao SUS, então para que os usuários tenham acesso a serviços
complementares, o SUS apresenta extrema dependência em relação ao setor privado.
E apesar dos prestadores de serviços buscarem contratos ou convênios com o SUS,
muitas vezes ocorre discriminação com os pacientes, que recebem menor acesso e
qualidade de atendimento.
Sobre os avanços, Jairnilson diz que o SUS precisa construir seu futuro,
explorando caminhos para sua sustentabilidade tanto econômica, como política e
científico-tecnológica e conquistando uma autonomia relativa perante o Estado e os
governos, reiterando, porém, sua natureza pública e seu caráter republicano. E ao
conquistar a sustentabilidade, o SUS poderá alcançar uma nova institucionalidade,
que lhe permita consolidar a sua natureza pública, porém, não necessariamente
estatal. E talvez assim, ele deixe de ser refém das manobras da política.

Paim, Jairnilson. O que é o SUS. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2009

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