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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

MANNUELA RAPOZO GUIMARÃES SOARES

RESENHA CRÍTICA SOBRE O SEGUNDO CAPÍTULO DO LIVRO


“O QUE É O SUS: E-BOOK INTERATIVO”

NOVA FRIBURGO
2020
MANNUELA RAPOZO GUIMARÃES SOARES
120080014

RESENHA CRÍTICA SOBRE O SEGUNDO CAPÍTULO DO LIVRO


“O QUE É O SUS: E-BOOK INTERATIVO”

Projeto de resenha apresentado aos


Professores Ester Monteiro Acylino,
Fabíola Giodarni, Gilson Saippa de
Oliveira, Karla Anacleto de Vasconcelos
como requisito parcial à aprovação na
disciplina Políticas Públicas do Curso de
Graduação em Fonoaudiologia da
Universidade Federal Fluminense.

NOVA FRIBURGO
2020
O segundo capítulo do livro “O Que É o SUS: e-book interativo” escrito

por Jairnilson Silva Paim, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia

Campus Olinda), apresenta um apanhado histórico relacionando como as

práticas de saúde eram realizadas antes da criação do Sistema Único de Saúde.

Esse capítulo tem como objetivo apresentar ao leitor uma visão ampla e

mostrar – através de fatos históricos – a total evolução do sistema de saúde

pública. E quando falamos de saúde pública é necessário ressaltar que não

necessariamente são os recursos vindos do Governo, e sim a saúde da

população e os elementos relacionados, como por exemplo, determinantes

sociais.

A estrutura do livro promove um ambiente leve para a leitura do

mesmo. O e-book disponibilizado no site da Fundação Fiocruz possui vídeos,

abas interativas, materiais anexados e explicações sucintas para os

acontecimentos que se desdobraram até a implementação do SUS. Já a escrita,

por sua vez, é acessível, o que contribui para o entendimento do texto. É

possível perceber que o livro foi escrito com o intuito de atingir todos os

públicos, se tornando então uma utilidade pública.

No primeiro parágrafo do capítulo, Paim (2015) argumenta que “É

preciso saber o que existia antes do SUS para que possamos avaliá-lo, valorizá-

lo e aperfeiçoa-lo” (p. 20). Essa citação deixa claro para o leitor que o livro

será um objeto para alcançar tais almejos. Adiante, o autor fornece um resumo

da situação da saúde pública, dividindo essas etapas a partir da organização

e/ou sistema político vigente.


Todavia, após o resumo, o escritor foca em como a saúde era tratada no

início da Nova República, onde o mesmo é detalhista para com os

acontecimentos. É compreensível que haja um foco maior nesse período da

história brasileira, pois é quando as práticas de saúde pública serão

implementadas com mais rigor e os estudos nessa área levaram a ciência para

outro patamar.

O segundo capítulo apresenta vídeos que ajudam na contextualização e

deixam a leitura muito mais dinâmica. E tais vídeos fazem um ótimo trabalho

em auxiliar na narrativa histórica. Paim (2015) conseguiu imprimir uma ótima

didática e argumentação na forma em que organizou o texto. O mesmo utiliza

dados quantitativos, um ligeiro quadro comparativo com a saúde públicas entre

os Estados Unidos da América (EUA) e o Brasil, a história de leis relacionadas

a saúde, desmistificando alguns fatos históricos, como a real motivação da

Revolta da Vacina. Em suma, o trabalho realizado no segundo capítulo do livro

em relação ao período da primeira república foi primoroso.

Logo depois, o escritor mostra ao leitor como a saúde e sua organização

se desdobraram após os avanços nas práticas da saúde. É apresentado as

diversas maneiras como a saúde dos brasileiros passou a ser administrada e

consequentemente os demais eventos que culminaram na criação do SUS.

Contudo, a sobrevivência do Sistema Único de Saúde é ameaçada e

defendida constantemente pelas linhas de pensamento que denominadas de

focalização, seguro social e universalização das políticas de saúde.

É impossível explicar como cada ideal se relaciona com o SUS sem

antes explicar o que cada visão legitima. Nos slides (“II Encontro Políticas
Remoto 2020”) apresentados pelo professor Gilson Saippa (2020), durante a

disciplina de Políticas Públicas Direitos e Cidadania, são apresentadas as

visões que cada vertente defende. Em defesa do universalismo Saippa (2020)

coloca que o mercado de sociedades capitalistas não produz um acesso justo a

direitos básicos como saúde, educação ou moradia, por si só. Também é

defendido que as desigualdades não podem ser consideradas uma consequência

de decisões do indivíduo. Esse raciocínio contribui para que o SUS continue

existindo, pois, é a visão que entende o sistema injusto e o quanto ele afeta o

cidadão, principalmente os marginalizados, e como o mesmo não consegue

oferecer as soluções para a falta de acesso aos direitos dos brasileiros.

No mesmo slide Saippa (2020) expõe outro pensamento: o seguro

social. O seguro social se vende como um meio da redução da pobreza, porque

defende que os benefícios e serviços seriam oferecidos apenas para aqueles que

trabalham no setor formal da economia. Essa afirmação sustenta que dessa

forma o indivíduo evitaria que o mesmo recorresse ao trabalho informal.

Todavia, essa visão soa quase como um conto de fadas quando os dados de

desemprego e informalidade são analisados. Segundo o IBGE, em uma

pesquisa divulgada pelo site G1 no ano de 2020, 12,8 milhões de brasileiros

estão desempregados e segundo a Agência Brasil (2020) 38 milhões de

cidadãos trabalham de maneira informal. Em conclusão, pensar oferecer apenas

serviços a pessoas com trabalhos formais deveria ser uma última etapa de uma

política séria para a resolução dos problemas econômicos e sociais, e não uma

decisão tomada apenas visando uma ideologia utópica.

E por fim a focalização é colocada pelo professor Gilson Saippa (2020)

sendo a visão mais radicalizada, já que interpreta educação, saúde, moradia e


etc como bens que não públicos e que devem ser providos pelo mercado. Em

relação aos serviços é pré estabelecido que os mesmos deveriam ser pagos, as

pessoas em situação de pobreza teriam isenção ou redução dos preços dos

serviços, que a isenção seria concedida através da comprovação de

vulnerabilidade e que o próprio mercado forneceria esse ambiente. Porém, é

um tanto misterioso a forma com que o próprio mercado regularia esses

serviços de maneira totalmente justa, já que não seria regulado por um órgão

com um interesse populacional, seria regulado por empresas ou pessoas com

interesses pessoais. É possível traçar em paralelo uma linha de reconhecimento

com o sistema de saúde estadunidense, onde a saúde é privatizada, o sistema de

isenção é extremamente falho e quase não existente e o próprio governo possui

um rombo na economia, devido empréstimos feitos aos cidadãos, sem contar

nos preços exorbitantes que serviços básicos, medicamentos ou até mesmo

vacinas – que são importantes para um não contágio geral de doenças.

Todas essas visões apresentadas são, na verdade, heranças de uma série

de acontecimentos históricos listados no segundo capítulo do livro “O Que É o

SUS: e-book interativo”. Ao entender os ideais defendidos em relação à saúde

no Brasil uma releitura deve ser realizada. Assim, o leitor conseguirá perceber

quais foram os fatores que geraram os conceitos apresentados.

Em conclusão, o autor Jairnilson Silva Paim conseguiu de maneira

extraordinária passar os conhecimentos sobre a história da saúde pública no

Brasil de maneira simples, rápida e bem dinâmica. Os fatos apresentados

ajudam o leitor a c acompanhar o caminho traçado pelo próprio país e de como

o mesmo possui uma coisa única e que não deveria ser extinta, e sim

defendida: o SUS.
REFERÊNCIAS:
ALVARENGA, Darlan; SILVEIRA, Daniel. Desemprego no Brasil sobre para 13,8%
em julho, maior taxa desde 2012, e atinge 13,1 milhões. G1. Publicado em 30/09/2020
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/08/06/desemprego-sobe-
para-133percent-em-junho-diz-ibge.ghtml. Acesso em: 10 de out. 2020

NITAHANA, Akemi. Informalidade cai, mas atinge 38 milhões de trabalhadores.


Agência Brasil, Publicado em 31/03/2020. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-03/informalidade-cai-mas-
atinge-38-milhoes-de-trabalhadores#:~:text=A%20informalidade%20inclui
%20trabalhadores%20sem,(1%2C97%20milh%C3%A3o).. Acesso em: 10 de out.
2020

PAIM, Jairson Silva. O Que É o SUS: e-book interativo. E-book Rio de


janeiro: Editora Fiocruz. 2015.

SAIPPA, Gilson. II Encontro Remoto 2020. 22p. Slide docente em –


Fonoaudiologia, Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde de Nova
Friburgo, Nova Friburgo, 2020.

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