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Qual a relação entre a mídia e os serviços públicos de saúde?

E como a população
pode lutar pelos seus direitos em saúde?

Por fim, vamos entender onde a mídia se encaixa nesse cenário e discutir como a
população pode lutar por seus direitos em saúde

A mídia está presente, hoje, em todas as instâncias sociais, sendo incontestável a sua
grande influência sobre os comportamentos adotados pela sociedade moderna, em especial
no que tange a utilização dos recursos de saúde.

Essa relação especial produz diversos sentidos acerca do Sistema Único de Saúde,
capturando suas diferentes dimensões, como o SUS atuante (perspectiva que emerge na
pandemia, apresentando as ações do SUS e o esforço dos profissionais da área), o SUS
constitucional (evidenciando a saúde como direito universal), o SUS em disputa (que aborda
a tensão entre os segmentos público e privado do sistema de saúde) e o SUS problema (em
que há o destaque das adversidades do sistema único de saúde). Quem dera que todos
esses sentidos fossem noticiados de maneira homogênea. No entanto, devido ao clássico
princípio do meio midiático de noticiabilidade, em que uma notícia só é publicada se for
considerada relevante por quem a produz, há uma ênfase desproporcional na dimensão
problemática do serviço público de saúde, propagando uma visão negativa sobre o SUS,
contribuindo para o seu enfraquecimento e dos movimentos sociais que promovem a sua
resistência.

Assim, o discurso midiático presente na maioria das reportagens de saúde constrói uma
extensa narrativa de desafios históricos do Sistema único de saúde, citando os problemas
da gestão, superlotação, falta de médicos, subfinanciamento e desfinanciamento, além do
acesso desigual a serviços e o possível colapso do SUS. Desse modo, ao abordar
predominante e constantemente os aspectos negativos, em detrimento das conquistas do
SUS e a sua importância na prevenção e promoção à saúde, há a infeliz e irreal construção
de uma percepção de ineficiência dos serviços públicos em dar respostas aos problemas da
população. Dessa forma, a mídia promove a alienação do povo, dando a ideia de que o
SUS não é capaz de fornecer um serviço de qualidade, fortalecendo e privilegiando dessa
maneira o setor privado. É uma pena o poder de influência da mídia ser pouco aproveitado
positivamente para a valorização dos serviços públicos de saúde, conquistados através de
muita luta ao longo da nossa história.

A saúde é reconhecida como um direito da população e um dever do Estado desde a


Constituição Federal de 1988, mas há um desconhecimento populacional quanto a isso,
sendo um fator que facilita o controle social exercido pela mídia. O resultado desse
desconhecimento é a ideia equivocada do clientelismo (as pessoas lutam por favores de
políticos, mal sabendo elas que pedem coisas que na verdade lhe são direitos), a
passividade e conformismo da população (ficando à mercê dos seus representantes
políticos), a visão negativa acerca do SUS e o silenciamento do povo (pois ao não
reconhecer seus direitos, se calam ao ver eles sendo negados na sua frente).
Nesse sentido, é fundamental estabelecer estratégias positivas que forneçam ao povo
brasileiro um meio de lutar por seus direitos sociais. Primeiro, deve haver a disseminação
do acesso a informações através da mídia e de observatórios de saúde (espaços que
identificam, avaliam e produzem informações e conhecimentos de saúde, reduzindo a
dependência da mídia tradicional). Esses meios serão importantes na conscientização da
população acerca da saúde como direito e do SUS ser universal, integral, equânime,
gratuito e de qualidade. A partir disso, a população estará qualificada para lutar pela
efetivação dos seus direitos, criando uma forte resistência por meio dos movimentos sociais
de saúde, conduzindo o processo de construção e melhorias do nosso sistema universal de
saúde, tornando o país mais justo e igualitário, pois como o professor Tiago falou em uma
de nossas aulas de Vigilância em Saúde , o governo tem a força hegemônica e as coisas se
movem para o lado que ele quer, mas não necessariamente como ele quer, é nesse sentido
que entra a participação popular ativa. A luta pelo sistema público de saúde é a luta pela
democracia

Vamos ficando por aqui, obrigado por assistir e até a próxima.

REFERÊNCIAS:

ANÁLISE POLÍTICA EM SAÚDE. Documentário OAPS - Movimentos sociais. Youtube, 4


de maio de 2018. Disponível em: <https://youtu.be/BNHoAU5Ex6E>. Acesso em: 22 de
maio de 2023.

AKIRA, Francisco; MARQUES, André Coelho. O papel da mídia nos serviços de saúde.
Revista Associação Médica Brasileira, V. 55, N. 3, P. 229-250, 2009. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0104-42302009000300010. Acesso em: 22 de maio de 2023.

DE MEDEIROS, Aline Grimberg Pereira; DE SOUZA, Elizabethe Cristina Fagundes. O


sistema único de saúde e a mídia televisiva: análise de um telejornal local em emissora
nacional. Revista Ciência Plural, V. 3, N. 3, P. 111-127, 2018. Disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/13417. Acesso em: 22 de maio de 2023.

SANTOS, Maria Ligia Rangel; LAMEGO, Gabriela; PAIM, Marcele; BROTAS, Antonio;
LOPES, Arthur. SUS na mídia em contexto de pandemia. SAÚDE DEBATE, Rio de Janeiro,
V. 46, N. 134, P. 599-612, 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sdeb/a/NLscddd6DJQmNN6skXfL3bH/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 22 de maio de 2023.

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