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DISCIPLINA: Aspectos Teóricos e

Interventivos em Saúde

DISCENTE: Leonardo Piva Botega

Lucas Gustavo Peruchi

DOCENTE: Mauro Fernando Duarte

TURMA: Psicologia - 2000

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RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL:


UM SÉCULO DE LUTA PELO DIREITO À SAÚDE”

A saúde, como retratada no documentário, a partir do início do século XX,


sempre esteve vinculada às forças políticas e econômicas vigentes no país. Os
investimentos e o próprio conceito de saúde oscilavam de acordo com essas forças,
uma vez que eram elas as responsáveis por delimitarem as condições desse âmbito.
Junto a isso, também há uma dicotomia que divide as formas de se acessar saúde
ao longo do tempo: médicos privados versus casas de caridade; contribuintes do
Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs) versus não contribuintes;Hospitais
Gerais versus Centros de Saúde; Movimentos sociais versus sucateamento da
saúde; Sistema Único de Saúde (SUS) versus atendimento privado.

a) Médicos privados versus Casas de caridade


A primeira dicotomia da saúde brasileira é percebida pelo separação entre
ricos e pobres, na qual os primeiros possuem recursos financeiros para pagar
consultas particulares, enquanto que os últimos dependem exclusivamente de
benzedeiras ou de casas filantrópicas ligadas à instituição religiosa.
Em seguida, as configurações sociais supracitadas se desenvolveram ao
longo da história por meio do fluxo do poder político brasileiro, ou seja, com as
trocas de presidentes e seus respectivos modos de governar. Um dos primeiros
exemplos dessa movimentação política - que envolve a saúde brasileira - foi no
período da abolição da escravatura. Neste momento houve uma diminuição da mão
de obra no país concomitante ao surgimento de diversas epidemias que se
alastraram nas grandes cidades, impedindo a vinda de imigrantes para suprir tal
demanda. A fim de melhorar a imagem do país perante os imigrantes, o governo
investe em vacinas obrigatórias e em saneamento básico, levando ao surgimento de
revoltas populares conhecidas como a “Revolta da Vacina”. Elas ocorreram devido a
obrigatoriedade e a intervenção militar, e eram protagonizadas pelos trabalhadores.
A classe trabalhadora assumiu um papel de extrema importância no jogo de
forças que moldaram a criação de leis que garantem o acesso dos mesmos à saúde.
Foi só a partir de greves e revoltas que essa população conquistou o direito à
assistência médica e aposentadoria.

B) Contribuintes do Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs) versus não


contribuintes
Com o advento dessas leis e o surgimento do Instituto de Aposentadoria e
Pensões (IAPs), oriundas do governo de Getúlio Vargas, observar-se uma nova
forma de acesso à saúde. Os IAPs são responsáveis por arrecadar uma fração do
salário do trabalhador para investir em assistência médica e fundos para
aposentadoria, unificando essa arrecadação em um único órgão governamental.
Com essa configuração vigente, as pessoas passaram a ter uma assistência à
saúde, porém com uma única condições: ser contribuinte dos IAPs.
Entretanto, apesar dessa primeira iniciativa, parte do montante arrecadado
com os IAPs era direcionado à investimentos industriais para o crescimento do setor.
Foi sob esse panorama que a indústria brasileira se respaldou financeiramente para
se desenvolver. Ainda nesse momento a saúde brasileira ocupava um lugar
secundário nas prioridades do governo e, assim, as ações e o conceito de saúde se
respaldavam na ideia de tratamento de doenças já instaladas.

C) Hospitais Gerais versus Centros de Saúde


Até o começo da Segunda Guerra Mundial, os moldes de saúde
permaneceram sem grandes mudanças. Com o surgimento da Segunda Guerra
Mundial o Brasil passou a sofrer grande influência dos Estados Unidos, resultado na
implantação de um modelo de saúde baseado em hospitais gerais que comportam
diversas especialidades e fragmentam o atendimento.
Em oposição a esse sistema, encontravam-se os Centros de Saúde,
instalados a vinte anos atrás, que tinham como foco a família e um trabalho baseado
em ações preventivas e educativas. A oposição desses dois modelos ficou mais
evidente neste período em decorrência do crescimento dos hospitais gerais e da
criação do Ministério da Saúde, que tinha como principal propósito investir na saúde
pública.
Pouco depois os militares assumem o governo brasileiro e passa a investir
mais em iniciativas privadas, colocando a saúde pública em segundo plano. Além do
sucateamento proveniente dessas ações, o governo passa a censurar as notícias
relacionadas a saúde públicas nas mídias, mascarando a real dimensão dos
problemas.
Com esse cenário a saúde no Brasil toma um formato no qual também se entendia
a prevenção de doenças como cuidado em saúde, porém as censuras acabaram por
dificultar a disseminação de informações relevantes sobre a saúde.

D) Movimentos sociais versus sucateamento da saúde


Nessa época surgiram movimentos sociais que começaram a questionar o
modelo de saúde vigente, por meio de conselhos populares para a discussão de
possíveis ações. A saúde encontrava-se em uma situação na qual os valores
arrecadados com os IAPs eram menores que o custos da execução da assistência à
população. Com essa situação, a participação popular começa a tomar um espaço
maior dentro das discussões da saúde, sendo essas ações a semente do SUS. A
partir dessas discussões foram pensados modelos alternativos de saúde pública que
carregam a participação social como principal característica.
A expansão desses movimentos sociais culminaram na “8º Conferência
Nacional de Saúde” em Brasília, na qual propuseram um sistema único de saúde
baseado na igualdade, equidade e universalidade, que foi incorporado na
constituinte de 1988.

E) Sistema Únicos de Saúde versus Atendimento Privado


Após a aprovação da constituinte de 1988, o acesso à saúde passa a ser
reconhecido como um direito de todo cidadão brasileiro e dever do Estado fornecer o
cuidado prescrito em lei. Atualmente, o SUS ainda é o sistema vigente em saúde
pública e encontra-se espalhado por todo território brasileiro em diferentes níveis de
atenção para tentar suprir a demanda populacional.
Em oposição ao SUS, existe o atendimento privado oferecido pelos planos de
saúde, que em decorrência de um menor número de pessoas que pagam para
utilizar tal serviço, conseguem realizar algumas atividades com menor tempo e maior
“qualidade” em comparação ao SUS.
Entretanto, o atendimento privado permanece voltado principalmente a
assistência médica, se baseando em um conceito de saúde como ausência de
doença e articulado ao capitalismo, sendo seu foco a internação pois, quanto mais
tempo se permanece em tratamento, maior lucro é gerado para a empresa. Em
contrapartida, o SUS tem suas ações norteadas pela ideia de promoção de saúde e
prevenção de doença, aproximando-se da população não somente para curar
doenças, mas também para preveni-las.

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