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Advogado militante e sócio-fundador do escritório Do Val & Cavalcante Sociedade de Advogados. Pós-Graduado em
Direito Médico e da Saúde, Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Pós-graduado em Direito Público:
Tributário. Professor e palestrante. Membro efetivo da Comissão Especial de Direito Material do Trabalho da OAB São Paulo
(Triênio 2016/2018; 2019/2021). Membro da Comissão de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho da OAB Subseção
Tatuapé (Triênio 2019/2021). Membro efetivo da Comissão Especial de Direito à Adoção da OAB São Paulo (Triênio
2016/2018). — Autor das obras: Manual de Iniciação do Advogado Trabalhista; O vínculo de emprego dos corretores de
imóveis; Reforma Trabalhista Comentada Artigo por Artigo – De acordo com Princípios, Constituição Federal e Tratados
Internacionais; e da obra Audiência Trabalhista Teoria e Prática com modelos, de acordo com a Reforma Trabalhista. Autor
de diversos artigos jurídicos. http://lattes.cnpq.br/6074761031825648 E-mail: rodrigo_arantescavalcante@yahoo.com.br
RENATA DO VAL
Advogada militante e sócia-fundadora do escritório Do Val & Cavalcante Sociedade de Advogados. Mestranda em
Direito. Pós-Graduada em Direito Médico e da Saúde; Pós-graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho;
Pós-graduada em Direito Público: Tributário. Professora e palestrante. Membro efetivo da Comissão Especial de Direito
Material do Trabalho da OAB São Paulo (Triênio 2016/2018; 2019/2021). Membro da Comissão de Direito do Trabalho e
Processo do Trabalho da OAB Subseção Tatuapé (Triênio 2019/2021). Membro efetivo da Comissão Especial de Direito
à Adoção da OAB São Paulo (Triênio 2016/2018). — Autora das obras: Manual de Iniciação do Advogado Trabalhista;
O vínculo de emprego dos corretores de imóveis; Reforma Trabalhista Comentada Artigo por Artigo — De acordo com
Princípios, Constituição Federal e Tratados Internacionais; e da obra Audiência Trabalhista Teoria e Prática com modelos,
de acordo com a Reforma Trabalhista. Autora de diversos artigos jurídicos. http://lattes.cnpq.br/5990185958279452
E-mail: renata_doval@yahoo.com.br
Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
© Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
EDITORA MIZUNO 2021
Revisão: Gal Correia
303 p. : 17 x 24 cm
Inclui bibliografia.
Inclui índice alfabético remissivo.
ISBN 978-65-5526-171-4
1. Direito médico. 2. Medicina – Legislação – Brasil. I. Val, Renata Do. II. Título.
CDD 344.81041
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extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
apresentação
Obra que possibilita ao profissional do direito, ao profissional da área da
saúde ou outros que tenham interesse em estudar e se aprofundar em direito
médico e da saúde ampliar seus conhecimentos, seja nas relações privadas ou
nas relações públicas.
Neste livro o leitor encontrará de forma simples e didática conhecimentos
em responsabilidade civil na área da saúde, desde sua configuração até sua fixa-
ção, as causas excludentes de dano. Também as questões de cobertura de trata-
mentos e medicamentos. Aumento abusivo dos planos de saúde. Documentos
obrigatórios e seu regramento como o prontuário, termo de consentimento
informado, anotações de enfermagem entre outros. Os procedimentos éticos
disciplinares e judiciais da teoria à prática.
Logo, a obra é indicada desde profissionais que iniciam nesta área àqueles
que pretendem se atualizar.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL................................................................................................................ 11
1.1 Conceito de responsabilidade civil médica ou da saúde........................................................... 11
1.2 Aplicação do direito do consumidor nas relações abrangidas pelo direito médico e da saúde. 12
1.3 Elementos da responsabilidade civil......................................................................................... 14
1.4 Espécies de danos. .................................................................................................................. 16
1.4.1 Dano material . ............................................................................................................... 16
1.4.2 Dano moral . .................................................................................................................... 21
1.4.3 Dano estético ................................................................................................................. 30
1.5 Redução do valor dos danos..................................................................................................... 30
1.6 Prescrição aplicada nas ações de responsabilidade civil por erro médico............................... 31
1.7 Justiça competente para as ações de responsabilidade civil por erro médico ou da saúde . .. 33
1.8 Do polo passivo das ações envolvendo erro médico ............................................................... 33
1.9 Dos direitos de personalidade dos pacientes . ......................................................................... 37
1.10 Do sigilo.................................................................................................................................. 38
1.11 Iatrogenia................................................................................................................................. 43
1.12 Erro escusável . ...................................................................................................................... 45
1.13 Culpa exclusiva da vítima........................................................................................................ 46
1.14 Fato de terceiro....................................................................................................................... 47
1.15 Caso fortuito ou força maior.................................................................................................... 47
1.16 Cirurgia Plástica...................................................................................................................... 48
1.17 Prontuário e termo de consentimento informado.................................................................... 51
1.18 Erro de diagnóstico e o prognóstico . ..................................................................................... 55
1.19 Recusa terapêutica pelo paciente........................................................................................... 56
1.20 Violência Obstétrica e a responsabilidade civil....................................................................... 58
1.21 Tutela Provisória de Urgência no Direito Médico e da Saúde................................................. 60
1.22 Produção antecipada de provas.............................................................................................. 62
1.23 Da perícia................................................................................................................................ 64
1.23.1 Possibilidade do Advogado (a) acompanhar a perícia................................................... 68
1.23.2 A importância de parecer médico e/ou indicação de médicos assistentes pela(s)
parte(s)................................................................................................................................. 70
1.24 Responsabilidade civil do médico anestesiologista ............................................................... 71
1.25 Responsabilidade civil do ato extra médico............................................................................ 74
1.26 Infecção hospitalar responsabilidade civil do hospital............................................................. 75
CAPÍTULO 2
ALGUNS PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS......................................................................................... 81
2.1 Cirurgia Bariátrica . ................................................................................................................... 81
2.2 Home Care – internação domiciliar.......................................................................................... 84
CAPÍTULO 3
DOS PLANOS DE SAÚDE LEI 9.656/98.. ........................................................................................... 87
3.1 Espécies de planos de saúde.................................................................................................... 87
3.2 Carência ................................................................................................................................... 88
3.3 Cobertura e exclusão de cobertura........................................................................................... 89
3.4 Carência e doença pré-existente ............................................................................................. 96
3.5 Reembolso................................................................................................................................ 99
3.6 Da vigência e renovação do plano contratado.......................................................................... 99
3.7 Prazos para atendimento do consumidor.................................................................................. 100
3.8 Aumento abusivo das mensalidades dos planos de saúde coletivos e empresariais por adesão..... 101
CAPÍTULO 4
DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS .................................. 111
CAPÍTULO 5
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PERANTE O CONSELHO DE CLASSE..................................... 115
5.1 Código de Ética Médica – Responsabilidade Ética Administrativa do Médico e diretor clínico. 115
5.2 O processo ético-disciplinar nos Conselhos Regionais de Medicina........................................ 117
CAPÍTULO 6
RESPONSABILIDADE PENAL DO MÉDICO.......................................................................................... 127
6.1 Os tipos penais.......................................................................................................................... 127
6.2 Prescrição.................................................................................................................................. 127
CAPÍTULO 7
DAS CLÍNICAS VETERINÁRIAS E PETS SHOPS................................................................................... 129
7.1 Responsabilidade civil............................................................................................................... 129
7.2 Dos locais de atendimento veterinário...................................................................................... 133
7.3 Dos pets Shops......................................................................................................................... 137
CAPÍTULO 8
DAS CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS E DOS DENTISTAS.. ...................................................................... 141
8.1 Do Código de ética . ................................................................................................................. 141
CAPÍTULO 9
DA SAÚDE PÚBLICA.......................................................................................................................... 145
9.1 Base legal, fornecimento de tratamento e medicamento.......................................................... 145
9.2 Responsabilidade civil dos hospitais públicos........................................................................... 149
9.3 Mandado de segurança em face do Estado.............................................................................. 152
CAPÍTULO 10
DO BIODIREITO................................................................................................................................. 153
10.1 Direitos do nascituro . ............................................................................................................. 153
10.2 Reprodução Assistida . ........................................................................................................... 156
10.3 Canabidiol .............................................................................................................................. 160
CAPÍTULO 11
PRÁTICA E MODELOS DE PETIÇÕES.................................................................................................. 163
11.1 Prontuário médico, termo de consentimento informado e anotações de enfermagem........... 163
11.1.1 Modelo de pedido da cópia do prontuário médico, termo de consentimento informado e
anotações de enfermagem.................................................................................................. 163
11.2 Petição inicial . ........................................................................................................................ 165
11.2.1 Modelo de inicial com pedido de tutela provisória para tratamento médico - menor
portador de Transtorno do Espectro Autista........................................................................ 166
11.2.2 Modelo inicial erro médico - perfuração de útero em cirurgia de histeroscopia e alta
médica (óbito) ..................................................................................................................... 176
11.2.3 Modelo de inicial de infecção hospitalar......................................................................... 203
11.3 Da contestação........................................................................................................................ 217
11.3.1 Modelo de contestação.................................................................................................. 217
11.4 Modelo de Réplica – Infecção Hospitalar................................................................................ 222
11.5 Quesitos médicos e indicação de assistente técnico por parte do autor da ação................... 237
11.5.1 Modelo de petição de quesitos médicos e indicação de assistente técnico por parte do
autor..................................................................................................................................... 237
11.6 Contrarrazões.......................................................................................................................... 240
11.6.1 Modelo de contrarrazões à apelação da seguradora..................................................... 240
11.6.2 Modelo de contrarrazões ao recurso de apelação da operadora de saúde................... 250
11.7 Modelo de Recurso Especial (Majoração – Danos morais e aplicação de juros da data do
evento danoso) ......................................................................................................................... 271
11.8 Representação ao CRM.......................................................................................................... 295
11.8.1 Modelo de representação para o CRM.......................................................................... 295
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Súmula 608 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saú-
de, salvo os administrados por entidades de autogestão. (Súmula 608, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 11/04/2018, DJe 17/04/2018).
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
do RISTJ). 14. Recurso especial de JOSÉ ARNALDO DE SOUZA e RITA DE CASSIA MORAIS
DE MENDONÇA não conhecidos. Recurso especial de RODRIGO HENRIQUE CANABAR-
RO FERNANDES conhecido e desprovido.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Assim, o ato ilícito é aquele praticado por uma pessoa e no caso do erro
do médico, seria este o agente causador do ato ilícito.
Quanto à ação, vem a ser o dolo do agente, e omissão voluntária consiste
na culpa deste, que agiu com negligência, imprudência ou imperícia.
A negligência é a omissão ou o não fazer; a imprudência consiste em assu-
mir o risco um agir sem o cuidado necessário; e a imperícia vem a ser a falta de
aptidão técnica.
Na doutrina existe uma discussão no seguinte sentido: O médico legal-
mente habilitado pode ser considerado imperito?
Para parte da doutrina, como Genival Veloso de França, o médico por
possuir diploma que lhe confere o grau de doutor não pode ser considerado
imperito. No entanto, para Miguel Kfouri Neto e José de Aguiar Dias, o médico
pode ser considerado imperito.
Resta mencionarmos que em alguns acórdãos é possível observar que al-
gumas câmaras de Tribunais do país têm entendido pela imperícia do médico.
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica.
Para que haja a responsabilidade civil, além do dano, também se faz neces-
sária a existência do nexo causal, ou seja, ligação entre o prejuízo e a conduta
lesante.
Assim, deve se atentar que para que seja configurado o nexo causal deve
ser realizado a causa de pedir de forma a demonstrar o mesmo, posto que se
da causa de pedir não se verificar o nexo causal adequado pode haver a impro-
cedência da ação.
Dessa forma, se faz necessária a indicação correta do dano e do nexo
causal.
Estando presentes os elementos da responsabilidade civil podemos ingres-
sar com a ação indenizatória em face do médico ou profissional da saúde, sendo
que a responsabilidade deste é subjetiva nos termos do art. 14 § 4º do CDC.
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
Súmula 387 STJ - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Súmula 37 STJ - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de al-
gum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Dessa forma, nas ações de lucros cessantes por erro médico deve se rea-
lizar o pedido de cobertura dos danos pelo período de convalescença e, se após
a perícia ficar constatada a incapacidade permanente, deve-se requer a pensão
vitalícia em razão da dignidade da pessoa humana nos moldes do inciso III, art. 1º
da Constituição Federal combinado com o art. 950 do Código Civil.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que
ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada
e paga de uma só vez.
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao
executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o paga-
mento do valor mensal da pensão.
§ 1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre
imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em
banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado,
além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§ 2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha
de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento
do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato
pelo juiz.
§ 3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme
as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§ 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§ 5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
quantum devido a título de dano material. Entretanto, a pretensão deve ser devidamente
individualizada de modo a permitir sua correta compreensão para que não haja prejuízo
ao direito de defesa da parte adversa. Precedentes. 3. Nos casos de responsabilidade
contratual decorrente de erro médico, os juros moratórios devem fluir a partir da citação.
Precedentes. 4. Agravo interno a que se dá parcial provimento. Vistos e relatados estes
autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Quarta Turma, por unanimidade,
dar parcial provimento ao agravo interno de NEUSA MARIA BONATTO, nos termos do
voto do Senhor Ministro Relator. Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos
Ferreira (Presidente) e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justifi-
cadamente, o Sr. Ministro Luis Felipe Salomão. (STJ - AgInt nos EDcl no REsp 1390086 /
PR 2013/0188115-9, Relator: Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CON-
VOCADO DO TRF 5ª REGIÃO) (8400), Data do Julgamento: 14/08/2018, Data da Publi-
cação: 20/08).
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta
a duração provável da vida da vítima.
“(...) A esse respeito, deflui do r. julgado de primeiro grau, verbis:“Quanto aos danos ma-
teriais, a parte autora comprova nas notas fiscais exibidas em fls. 245/247 os gastos que
teve com o funeral da autora em R$ 1.751,46.Analisando o conteúdo das notas, observo
que os produtos adquiridos estão relacionados ao tratamento da autora, de modo que pro-
cede o pedido de ressarcimento” (fls. 1.092).Na peculiaridade dos autos, os apelados efe-
tivamente comprovaram o dispêndio dos seguintes valores:- R$ 1.250,00 (tanatopraxia)
fls. 242;- R$ 1.522,55 (serviço funerário) fls. 245;- R$ 11.780,00 (jazigo) fls. 246/247.
Sobreleva marcar que a reparação do dano material, consistente nas despesas havidas
com o funeral é devida, nos moldes do art. 948, I, do Código Civil. De qualquer forma,
note-se que a recorrente não impugna as despesas elencadas, mas tão somente a falta de
fundamentação da r. sentença, detalhe processual que não desnatura a respectiva exigibi-
lidade do reembolso determinado, sobretudo à míngua de qualquer mácula ao adequado
entendimento tocante à solução jurídica ofertada.
Seja como for, não se vislumbra desrespeito à garantia constitucional da fundamentação
das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF), afastando-se, portanto, a preliminar suscitada.
A concisão e a brevidade dessa parte da fundamentação, portanto, não importam em
desvalia processual do julgado atacado. (...)”
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
Súmula 491 - É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não
exerça trabalho remunerado.
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
curso especial para: a) determinar que a pensão mensal seja paga desde o falecimento da
vítima, à razão de 2/3 do salário mínimo, até a data em que completaria 25 anos de idade;
a partir daí, à base de 1/3 do salário mínimo, até a data em que a vítima completaria 65
anos de idade e b) fixar a indenização por danos morais em 300 salários mínimos. Inverti-
dos os ônus de sucumbência.” (RECURSO ESPECIAL N.º 674.586 - SC (2004/0096228-0)
MINISTRO LUIZ FUX. Publicação DJ 02/05/2006).
“Não há falar na prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofri-
mento, sentimentos íntimos que o ensejam”. (REsp. 86.271-SP, 30 T., DJ 9.12.97).
“O autor da ação de indenização por danos morais deixe ao arbítrio do juiz a especificação
do quantum indenizatório” (REsp 1.704.541).
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
“(...) Com efeito, a escolha da dignidade da pessoa humana como fundamento da Repú-
blica, associada ao objetivo fundamental de erradicação da pobreza e da marginalização,
e de redução das desigualdades sociais, juntamente com a previsão do § 2º do art. 5º no
sentido da não exclusão de quaisquer direitos e garantias, mesmo que não expressos, des-
de que decorrentes dos princípios adotados pelo texto maior, configuram uma verdadeira
cláusula geral de tutela e promoção da pessoa humana, tomada como valor máximo pelo
ordenamento (…)”1
1 TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Rio de janeiro: Renovar, 1999, p. 48.
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CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegura-
do o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
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Direito Médico e da Saúde - Manual Prático
Rodrigo Arantes Cavalcante e Renata Do Val
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
Além dos dispositivos acima, é interessante que o profissional que for atu-
ar em processo de erro médico conheça o Código de Ética Médica, isto porque
em referida legislação observamos que o médico deve guardar absoluto respeito
pela vida humana, atuando em benefício do paciente.
Além disso, entendemos que em referidos processos, principalmente de
óbito por erro médico, é perfeitamente possível fundamentar no art. 3º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU), de 1948.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede ma-
nifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Além disso, nos termos do parágrafo único do art. 927 do Código Civil
observamos a responsabilidade objetiva, isto porque segundo tal dispositivo
haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Repisa-se que a responsabilidade objetiva também se dá por defeito na
prestação de serviços.
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