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1 COMO ERA A ESTRUTURA NO PRIMEIRO GOVERNO VARGAS

Vargas buscou centralizar a máquina governamental e também bloquear as

reivindicações sociais. Para isso recorreu a medidas populistas, pelas quais o Estado se

apresentava como pai, como tutor da sociedade, provendo o que julgava ser

indispensável ao cidadão. As políticas sociais foram a arma utilizada pelo ditador para

justificar diante da sociedade o sistema autoritário, atenuado pela 'bondade' do

presidente.

No plano da política de saúde, pode-se identificar um processo de centralização

dos serviços que objetivava dar um caráter nacional a esta política. Nesta época,

uniformizou-se a estrutura dos departamentos estaduais de saúde do pais e houve um

relativo avanço da atenção à saúde para o interior, com a multiplicação dos serviços de

saúde".

No período 38/45 o Departamento Nacional de Saúde é reestruturado e

dinamizado, articulando e centralizando as atividades sanitárias de todo o País. Em 1942

é criado o Serviço Especial de Saúde Pública - SESP, com atuação voltada para as áreas

não cobertas pelos serviços tradicionais. "(...)compreendendo a conjuntura de

ascendência e hegemonia do Estado populista, observamos a criação dos institutos de

seguridade social (institutos de Aposentadorias e Pensões, IAPs), organizados por

categorias profissionais

2 CAMPANHAS E DOENÇAS A SEREM ATACADAS NO GOVERNO E

CONVÊNIOS PRIVADOS

Portanto, neste período, as doenças transmissíveis continuavam a ser destaque

no panorama epidemiológico brasileiro, com registros de surtos epidêmicos de outras


doenças, tais como o surto de poliomielite ocorrido na cidade do Rio de Janeiro no ano

de 1939, além de tentativas de erradicação do Aedes aegypti.

As ações destinadas à erradicação do Aedes aegypti no Brasil, Peru e Bolívia

resultaram em voto de aplauso, e, mais uma vez, a febre amarela constituiu tema

prioritário do debate entre as autoridades sanitárias do continente americano. Outras

doenças transmissíveis, como a doença de Chagas, a influenza, a lepra, a peste, o tifo e a

tuberculose, também foram objeto de teses e resoluções. No que diz respeito à

tuberculose, deliberação importante consistiu na recomendação do método de

diagnóstico criado pelo médico brasileiro Manoel de Abreu (LIMA, 2002, p. 60).

Ainda neste período também são introduzidas as doenças consideradas “da

modernidade”. Doenças ligadas a distúrbios do coração, pressão arterial, câncer, dentre

outras, começam a ocupar um espaço significativo a este cenário. De tal modo, podemos

pensar que havia uma dicotomia na questão da saúde no Brasil neste período. As ações

de saúde pública, tais como controle de endemias, vacinas em centros urbanos eram de

responsabilidade estatal, que se restringia, em grande parte, a uma atuação focalizada,

pois o usuário e a iniciativa privada não se interessavam por essas questões. As ações da

previdência social davam suporte à assistência médica que era basicamente pautada em

ações individuais, curativas e excludentes.

Começam a se estabelecer contratos e convênios com hospitais e ambulatórios

privados para que estes atendessem à população e a partir daí a previdência transferia

seus recursos para esses hospitais através de contratos, sendo que cada tipo de

procedimento estabelecia uma tabela, o que levava como consequência a uma série de

situações.
Podemos apreender que esse foi se estruturando um sistema que visava drenar os

recursos públicos através da previdência social subsidiado pelos recursos dos

trabalhadores tendo como foco a lógica de que a iniciativa privada gerava um conjunto

de situações na atenção em torno do fomento da lucratividade da iniciativa privada.

Saúde

3 O MESP E SUAS ATRIBUIÇÕES

Fonseca nos apresenta um quadro vivo das políticas de saúde discutindo a

institucionalização do Ministério do Trabalho, Industria e Comércio (MTIC) e do

Ministério da Saúde e Educação Pública (Mesp), serviços que dividiam as atribuições

da saúde pública. A proposta de mergulhar nos questionamentos sobre a consolidação

de um modelo de Welfere State no Brasil, resultou na hipótese de que coexistiam dois

modelos distintos de prestação de serviço de saúde: o previdenciário e o cooperativo.

Coube ao Mesp, objeto central da pesquisa, a apresentação de um modelo de saúde não

excludente, de caráter universal, garantindo a presença do Governo nos municípios

rurais e não apenas nos centros industriais e comerciais do país. Mesmo reagindo com

certa violência às propostas de contemporização por parte do poderes regionais e da

Para a autora a saúde pública passa a ser, sobretudo um problema administrativo

e não só a resposta técnica a questões de importância social. Nada mais atual. A

relevância de sua obra não se encerra somente na discussão sobre o papel do Mesp na

formulação da política de saúde no Governo Vargas. Vai mais além, mostra que o

modelo adotado norteou e ainda prevalece, sob vários aspectos, na administração das

políticas sociais nacionais.


Mesmo com a forte influência de propostas norte-americanas, principalmente na

adoção de medidas como a criação de centros de saúde e divisões distritais, o Governo

Vargas adotou o modelo universal de origem escandinava, em oposição ao modelo da

previdência social e da lógica privada das políticas de saúde. O Mesp organizou-se

como instituição pública de saúde voltada para o projeto de construção nacional,

responsável pela presença da união em todo território nacional. Entre benefícios e

serviços, populações urbanas e rurais, comerciantes, industriais e imigrantes, tinham sua

própria inserção nos serviços de saúde, via mercado de trabalho. O mesmo acontecia

com as mulheres, crianças, idosos e com os portadores de doenças transmissíveis ou

não.

Nas palavras do sanitarista Ernani Braga a intenção era ‘canalizar a ajuda federal

para os estados’. Na visão de Maria Regina Soares de Lima, que prefaciou a obra, os

sanitaristas eram os responsáveis por esta relação descrita acima. Na prática, atuavam

num limiar entre a proposta do governo centralizador e a dimensão universalista.

Acredito que esta experiência pode ser estendida também às visitadoras e enfermeiras,

que dividiam seu trabalho entre as orientações formais do Departamento Nacional de

Saúde (DNS) e as experiências no campo do domínio das lideranças regionais.

Com o fechamento do Congresso Nacional em 1937, a situação adquire novos

contornos, evidenciados na disputa velada entre os poderes Executivo e Legislativo. O

resultado foi a descentralização administrativa na saúde pública, para uma maior

centralização política. Segundo o modelo de descentralização administrativa, quanto

maior o número de municípios integrantes, maior a rede da articulação do interior para a

capital federal.

Houve, de fato, um relativo avanço no setor da saúde, sobretudo no interior do

país com a criação, em 1937, do Serviço Nacional da Febre Amarela — primeiro


serviço de saúde pública de dimensão nacional — e, em 1939, do Serviço de Malária do

Nordeste, ambos em convênio com a Fundação Rockefeller.

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