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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

EM SAÚDE
PLANO DE
GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DA
SAÚDE E
BIOSSEGURANÇA
Autor: Me. Ronei Tiago Stein
Revisor: Ma. Carla Fernandes de Moura Caruso

INICIAR
introdução
Introdução
Visto que a população mundial cresce a cada dia, e, em contrapartida, os recursos
ambientais são finitos, é fundamental que as empresas estejam preocupadas com
a sustentabilidade. Cada vez mais, a sociedade e os clientes/consumidores
buscam consumir produtos que agridam menos o ambiente.

A gestão ambiental em organizações públicas ou privadas, como empresas,


universidades, órgãos públicos e, até mesmo, na área da saúde, vem ganhando
cada vez mais espaço. Isso porque a gestão ambiental busca reduzir os impactos
ambientais, como a geração de resíduos, diminuindo o desperdício e,
consequentemente, otimizando processos/atividades, sempre numa melhoria
contínua.

Uma das formas de promover a gestão ambiental é realizar a correta gestão dos
resíduos. Para isso, os profissionais da área ambiental têm um papel
fundamental, pois eles ajudarão a encontrar formas de diminuir os resíduos, a
realizar o armazenamento de forma correta e a encontrar empresas ou
tecnologias para tratamento ou disposição final dos resíduos.
Principais Fatores
que Interferem na
Gestão dos Resíduos

Além da diminuição de resíduos, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode


auxiliar na organização de documentos e papelada dentro da empresa/instituição.
Andrade, Tachizawa e Carvalho (2004) descrevem que a gestão ambiental visa
integrar políticas, programas e procedimentos como elemento essencial de
gestão, em todos os seus domínios e setores das empresas. Porém existem
alguns fatores que interferem na gestão dos resíduos (sejam resíduos de saúde
ou demais fontes geradoras):

Processo de Aperfeiçoamento: o conhecimento nunca é demais, e deve


ser constante, visto que normativas são alteradas ou criadas. Além disso,
novas tecnologias surgem constantemente, as quais podem auxiliar na
gestão dos resíduos.
Formação de pessoas: visa treinar, formar e motivar os colaboradores,
visando que esses realizem suas atividades de forma responsável.
Avaliação prévia: analisar os impactos ambientais antes de iniciar uma
nova atividade ou um novo projeto e antes de desativar uma instalação
ou abandonar um local.
Instalações e atividades: é essencial realizar melhorias contínuas na
estrutura física da empresa e, principalmente, na forma como os
resíduos são armazenados temporariamente. Investir em locais com piso
impermeabilizante, com cobertura, e principalmente, evitando que
pessoas não autorizadas tenham acesso a esses resíduos.
Medidas preventivas: é essencial adequar a fabricação, a
comercialização, a utilização de produtos ou serviços e a demais
atividades, visando evitar o risco de contaminação humana ou impactos
ambientais ao meio ambiente. Ou seja, as medidas preventivas visam
garantir a biossegurança.
Empreiteiros e fornecedores: é essencial que as empresas busquem
parceiros e fornecedores preocupados não só com as questões
ambientais, mas principalmente, em fornecer produtos/mercadorias de
qualidade. Logo, as empresas devem encorajar/exigir melhorias de seus
procedimentos de modo compatível com aqueles traçados pela empresa.
Planos de emergência: procurar fixar procedimentos e ações em caso de
emergência/acidentes. É necessário definir o que fazer em caso de
acidentes, quem deve ser avisado, quais os responsáveis, dentre outros.
Transferência de tecnologia: sempre que se verifica que determinada
tecnologia ou prática adotada é ineficiente, deve-se investir em
melhorias.
Contribuição para o esforço comum: estabelece procedimentos para o
desenvolvimento de políticas públicas, de programas empresariais,
governamentais e intergovernamentais, assim como de iniciativas
educacionais que valorizem a consciência e a proteção ambiental.
Abertura ao diálogo: o diálogo deve prevalecer sempre dentro das
empresas, a fim de encontrar problemas e buscar soluções para eles.
Cumprimento de regulamentos e informações: verificar se as legislações
e a política ambiental traçada para a empresa/instituição realmente
estão sendo cumpridas é essencial. Caso contrário, deve-se identificar
quais são os critérios que não vem sendo atendidos e os motivos para
isso acontecer.

Esses são alguns dos fatores que interferem na gestão dos resíduos em
empresas/instituições, porém pode haver vários outros, pois cada empresa é
única e apresenta suas particularidades, não havendo obrigatoriamente de um
padrão a ser aplicado a todas as empresas.
A seguir, será apresentado um infográfico com as doze formas de promover a
gestão ambiental empresarial, garantindo um desenvolvimento mais sustentável:

FORMAS DE PROMOVER A GESTÃO


AMBIENTAL EM EMPRESAS, GARANTINDO
UM DESENVOLVIMENTO MAIS
SUSTENTÁVEL

#PraCegoVer : o infográfico interativo apresenta doze tópicos em linhas verticais. O


título do infográfico é: “Formas de promover a gestão ambiental em empresas,
garantindo um desenvolvimento mais sustentável”. Ao clicar no tópico de número um,
apresenta-se o seguinte conceito: “Estudar os possíveis impactos ambientais
relacionados à localização, à instalação, à operação ou à ampliação do
empreendimento.” A imagem apresentada mostra cinco pessoas, dois homens e três
mulheres, todos sentados em cadeiras ao redor de uma mesa, tomando café,
utilizando notebook e conversando. Ao clicar no tópico de número dois, apresenta-se
o seguinte conceito: “Traçar diretrizes, escolhendo, por exemplo, insumos/matéria-
prima que agridam pouco o meio ambiente”. A imagem apresentada mostra o
símbolo da reciclagem na cor verde, formado por três setas, uma apontada para a
outra, traçando um formato triangular. Ao clicar no tópico de número três, apresenta-
se o seguinte conceito: “É fundamental organizar um orçamento, pois, muitas vezes, é
necessário realizar investimentos em melhorias ou em novas tecnologias." A imagem
apresentada mostra duas mãos de uma pessoa segurando uma calculadora na cor
branca e uma caneta na mão direita; a pessoa está com os braços apoiados na mesa,
que tem um notebook em cima. Ao clicar no tópico de número quatro, apresenta-se o
seguinte conceito: “Analisar os impactos na qualidade do ar, do solo ou das águas,
instalando sistemas de controle de poluição”. A imagem apresentada é de uma pessoa
em um laboratório, fazendo análises de materiais com microscópico, essa pessoa usa
roupas brancas e luvas na cor azul-claro. Ao clicar no tópico de número cinco,
apresenta-se o seguinte conceito: “Cuidar do nível de ruídos, pois a
empresa/empreendimento não deve gerar incômodos ao bem-estar público”. A
imagem apresentada é de um alto-falante na cor amarela. Ao clicar no tópico de
número seis, apresenta-se o seguinte conceito: “A empresa deve estar informada
sobre legislações ambientais.”. A imagem apresentada é de um martelo utilizado por
juízes em tribunais, ao lado, há um estetoscópio utilizado por médicos e, ao fundo,
encontram-se quatro livros, um em cima do outro. Ao clicar no tópico de número sete,
apresenta-se o seguinte conceito: “Pensar na logística da empresa, visando diminuir
custos e materiais, reduzindo os resíduos ou poluentes”. A imagem apresentada
mostra o globo terrestre ao fundo e, na frente dele, encontram-se dois caminhões, um
trem, um navio de cargas e um avião. Ao clicar no tópico de número oito, apresenta-se
o seguinte conceito: “Promover atividades que reduzam os impactos ambientais, como
reuso de efluentes em fins menos nobres”. A imagem apresentada é de uma mão
segurando um pequeno globo terrestre e, em volta do globo terrestre, há vários
símbolos representando as atividades que reduzem os impactos ambientais, como
reciclagem, economia de energia, de água etc.; o fundo da imagem é verde. Ao clicar
no tópico nove, apresenta-se o seguinte conceito: “É fundamental que a empresa
possua o licenciamento ambiental.”. A imagem apresentada é o símbolo da justiça,
metade dele é feito com plantas, na cor verde, e a outra metade dele é feito com
conchas. Ao clicar no tópico de número dez, apresenta-se o seguinte conceito:
“Promover a educação ambiental, por meio de treinamento para os colaboradores”. A
imagem apresentada é de um livro aberto, com uma árvore bem pequena em cima
dele, aparentemente plantada nele. Ao fundo apresentam-se duas pilhas de livro, uma
do lado direito e a outra do lado esquerdo da imagem. Ao clicar no tópico de número
onze, apresenta-se o seguinte conceito: “É importante neutralizar as emissões de
carbono, através do plantio de árvores (por exemplo).”. A imagem apresentada mostra
duas pessoas plantando uma muda de árvore, mexendo na terra. Ao clicar no tópico
de número doze, apresenta-se o seguinte conceito: “Investir em melhorias e em
formas constantes de reduzir os impactos ambientais”. A imagem apresentada mostra
três homens instalando um painel solar.

Cabe aos profissionais da área ambiental entender as atividades e as fontes de


poluição e de geração de resíduos, buscando soluções para solucionar esse
problema. A gestão ambiental, após traçar a política ambiental para a empresa,
deve ocorrer de forma constante e ininterrupta, investindo sempre em melhorias
e em capacitação dos colaboradores.

Problemas relacionados aos lixões


Infelizmente, muitos resíduos industriais e da área da saúde ainda são dispostos
em aterros sanitários, ou, pior ainda, em lixões. Isso porque os lixões
compreendem o método mais barato de disposição de resíduos. Apesar de sua
operação estar proibida em todo o território Nacional, infelizmente, sua utilização
ainda é uma realidade em muitos locais.

Nos lixões, os resíduos são lançados diretamente sobre o solo, sem segregação. O
resultado é a degradação do recurso solo por meio da lixiviação de todo o tipo de
contaminantes orgânicos e inorgânicos (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).

Materiais com resquícios de sangue e demais resíduos orgânicos humanos


dispostos em lixões podem conter inúmeros contaminantes biológicos e
químicos, que, por lixiviação, acabam sendo incorporados aos solos. Ademais,
alguns resíduos do serviço de saúde incluem materiais com elementos
radioativos, como equipamentos de Raio X, sendo seus efeitos desastrosos.
Normalmente, a contaminação dos solos é mais preocupante, pois estão
relacionados com os seguintes problemas:
1. Riscos à saúde humana:
● exposição a poluentes químicos perigosos;
● acúmulo de gases em residências a partir de solos e águas
subterrâneas contaminadas por substâncias voláteis.
2. Danos aos ecossistemas:
● contaminação das águas subterrâneas utilizadas para abastecimento
público e domiciliar.
3. Limitações dos usos possíveis do solo:
● restrições quanto ao desenvolvimento urbano em áreas de risco.

Os lixões são considerados locais totalmente insalubres, favoráveis a uma


particular comunidade de animais vetores, como ratos, baratas e, até mesmo,
aves, que podem carregar patógenos para o entorno, podendo contaminar
recursos hídricos, alimentos e o próprio ser humano.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Os principais critérios para a classificação dos resíduos são quanto à sua origem e à sua
periculosidade. Tal mapeamento é importante para saber onde, como e quais impactos
ambientais podem estar determinando o aumento da poluição e, também, as suas
consequências.

Considerando o apresentado, sobre resíduos sólidos, analise as afirmativas a seguir:

I. É fundamental que as empresas adotem medidas para, além de diminuir a geração de


resíduos, aumentar a vida útil dos materiais.
II. É importante que as empresas disponibilizem lixeiras nas suas imediações, mas a
distribuição por cor somente é necessária em empresas de grande porte.

III. As empresas são responsáveis pelos resíduos gerados, e, para comprovar a correta
destinação, elas devem elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS).

IV. Uma empresa com um SGA (Sistema de Gestão Ambiental) deve destinar os resíduos
para uma empresa que tenha licença ambiental de operação, mas não,
necessariamente, está necessita ter um SGA.

Está correto o que se afirma em:

a) I, III e IV, apenas.


b) II e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, II e III apenas.
e) I, II e IV, apenas.
Biossegurança

A biossegurança refere-se a ações, técnicas, métodos e procedimentos com o


objetivo central de eliminar, ou, caso não seja possível, prevenir e minimizar os
riscos das atividades com alta periculosidade, seja para a saúde humana, dos
animais ou do meio ambiente. Essas atividades podem envolver: pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico ou prestação de serviços
(TEIXEIRA; VALLE, 1996).

Existem diferentes tipos de riscos relacionados à biossegurança, sendo esses


químicos, físicos ou biológicos. Existe uma simbologia universal padrão para
representar a biossegurança, a qual é indicada na Figura 4.1. Na área da saúde,
normalmente, os agentes biológicos são os maiores fatores de risco ocupacional,
constituindo uma parte importante das normas de biossegurança. Essas normas
dizem respeito a procedimentos de armazenamento, de esterilização e de
proteção (tanto individual como coletiva), conforme apresentam Stapenhorst et al .
(2018).
Figura 4.1 - Símbolo utilizado na biossegurança, referindo-se ao risco biológico
Fonte: Aleksandr Tsurikov / 123RF.

#PraCegoVer : a imagem apresenta o símbolo universal da biossegurança, que é


representado por um triângulo amarelo, com contorno preto. No centro do triângulo,
encontra-se um pequeno círculo, e ao redor dele, existem três símbolos em formato
de “U”, os quais estão virados um contra o outro.

A biossegurança, quando relacionada aos riscos à saúde, está atrelada


principalmente a patologias. Sendo assim, é fundamental considerar alguns
princípios básicos, sendo esses apresentados por Stapenhorst et al . (2018):

análise de riscos que determinada atividade/prática pode ocasionar a


saúde humana;
uso de equipamentos de segurança, como luvas, máscaras, capacetes,
roupas impermeabilizantes, jalecos, botas, dentre outros;
técnicas e práticas de laboratório: estão relacionados à atividade e ao
uso de produtos que possam causar risco à saúde humana;
estrutura física dos ambientes de trabalho: estão relacionados aos
equipamentos ou, até mesmo, ao ambiente de trabalho;
descarte apropriado de resíduos: os resíduos classificados como
perigosos devem apresentar um descarte ambientalmente correto;
gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde: diretores,
administradores, técnicos, dentre outros, devem identificar os riscos de
determinada atividade.
Normalmente, as bibliografias mencionam que a biossegurança se refere a um
conjunto de ações que buscam eliminar/prevenir/reduzir/controlar os riscos
relacionados às atividades que possam causar riscos à saúde humana ou ao
ambiente. Mas além dos riscos, a biossegurança visa eliminar tanto os riscos
como os perigos. Em relação ao perigo, este se refere à:

Palavra de origem latina periculum (contingência iminente ou não de


perder alguma coisa ou de que suceda um mal). Em outras palavras, é
a concretização de um dano indesejado, de um evento prejudicial à
integridade física, à psíquica ou ao patrimônio (BARSANO et al ., 2014,
pág. 38).

O perigo pode ocasionar lesões físicas ou danos à saúde das pessoas. Como
exemplos, podemos citar os perigos da queda de objetos ou, então, os perigos
relacionados a um acidente de trânsito. Já em relação aos riscos, esses estão
relacionados a probabilidade de um evento indesejável ocorrer (perigo). De
acordo com a Portaria nº 25, de 1994, do Ministério do Trabalho e Emprego, os
riscos podem ser divididos em cinco categorias distintas:

Grupo 1: riscos físicos, como ruídos, mudanças bruscas de temperatura


(calor e frio), vibrações, umidade, dentre outros.
Grupo 2: riscos químicos, como poeiras, gases, vapores, produtos
químicos em geral, dentre outros.
Grupo 3: riscos biológicos, como bactérias, vírus, fungos, parasitas,
protozoários, dentre outros.
Grupo 4: riscos ergonômicos, como esforço físico em excesso,
movimentos repetitivos, postura inadequada, dentre outros.
Grupo 5: riscos de acidentes, como máquinas e equipamentos sem
proteção, ferramentas inadequadas, riscos de incêndios ou explosões,
animais peçonhentos, dentre outros.

Em relação aos resíduos de saúde (RSS), os principais riscos relacionados são os


biológicos, principalmente com objetos perfurocortantes, podendo, além de
causar ferimentos, transmitir patologias. Barsano et al . (2014) apresentam alguns
cuidados ao manusear objetos perfurocortantes, como: ter cuidado durante o
manuseio de materiais perfurocortantes, ser atento e cauteloso; não utilizar os
dedos como anteparo durante o manuseio de perfurocortantes; lavar as mãos
antes e depois da aplicação de uma injeção; jamais brincar com materiais
perfurocortantes, como utilizar agulhas para fixar papéis; ser profissional com
responsabilidade humana, bem como seguir todas as normas de segurança.

Níveis de biossegurança dos agentes


biológicos
Um dos principais riscos relacionados aos resíduos de saúde refere-se aos riscos
biológicos. Esses tipos de riscos são subdivididos em cinco categorias distintas, as
quais são apresentadas pela Comissão de Biossegurança em Saúde, do Ministério
da Saúde, (BRASIL, 2006a).

Classe de risco 1: baixo risco individual e coletivo, não causando doenças


em pessoas ou em animais adultos sadios.
Classe de risco 2: risco individual moderado e risco limitado para a
comunidade, provocando infecções no homem ou nos animais.
Classe de risco 3: alto risco individual e risco moderado para a
comunidade, pois os agentes biológicos têm capacidade de transmissão
por via respiratória e causam patologias em humanos ou animais. As
patologias podem ser transmitidas de um humano para outro humano,
e, dessa forma, requer-se medidas de prevenção e tratamento.
Classe de risco 4: alto risco individual e comunitário: inclui os agentes
biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória
ou de transmissão desconhecida. Essa classe inclui, principalmente, os
vírus, como o Vírus Ebola.
Classe de risco especial: alto risco de causar doenças animais graves e de
disseminação no meio ambiente. Inclui agentes biológicos de doença
animal.

Mas como é possível controlar os agentes patológicos? Em relação aos Resíduos


dos Serviços de Saúde (RSS) com risco biológico, esses devem ser descartados em
recipientes específicos para tal. Além disso, devem ser manipulados com uso de
equipamentos de proteção individual (EPIs). Porém materiais utilizados em
cirurgias ou em laboratórios podem passar por diferentes métodos de controle
microbiano, sendo os métodos físicos com controle de temperatura os mais
empregados. O Quadro 4.1 apresenta um pequeno resumo dos principais
métodos de calor úmido e calor seco.
Método de esterilização por calor úmido

Método Descrição

Após 15 minutos de fervura, destrói bactérias, fungos


Fervura e muitos vírus, porém não é eficaz para todos os
endósporos.

Método de esterilização que requer um equipamento


Autoclavação chamado autoclave. A esterilização é alcançada após
45 minutos a 115 °C ou 15 minutos a 121 °C.

Técnica de esterilização usada, principalmente, na


indústria de tratamento do leite, com a finalidade de
manter suas propriedades nutricionais. O alimento é
Pasteurização submetido a altas temperaturas, seguida
rapidamente de um brusco resfriamento. A
pasteurização é uma técnica muito eficaz de
esterilização.

Método de esterilização por calor seco

Pode ser considerada a técnica de esterilização mais


simples que adota o calor seco. Consiste na ação
Flambagem direta da chama (fogo) sobre o objeto a ser
esterilizado, até atingir um brilho vermelho
(incandescência).

É a técnica de esterilização que consiste na oxidação


completa do material, até formar cinzas.
Incineração
Recomendado para carcaças de animais, restos de
curativos, resíduos hospitalares descartáveis etc.

Fornos/estufas Método de esterilização capaz de promover, dentro


de uma câmara, aquecimento mais rápido, controlado
e uniforme. Recomendado para vidrarias,
instrumentos cirúrgicos e outros materiais resistentes
ao calor.

Quadro 4.1 - Diferentes métodos de esterilização por calor úmido e seco


Fonte: Adaptado de Barsano et al . (2014).

#PraCegoVer : o quadro apresenta o resumo dos principais métodos de


esterilização por calor úmido e seco. O quadro está dividido em 2 colunas e 7
linhas. Na primeira linha, são apresentados os métodos de calor úmido.
Seguindo as colunas, da esquerda para a direita, temos, na segunda linha, os
itens “Método” e “descrição”. Na terceira linha, temos a fervura, que deve
ocorrer durante 15 minutos em água fervente, para eliminar vírus e
bactérias. A quarta linha tem a autoclavação, em que os materiais são
colocados em um equipamento específico, a autoclave. A quinta linha é a
pasteurilização, que ocorre, principalmente, em indústrias alimentícias, na
qual o alimento é aquecido a altas temperaturas e resfriado rapidamente. Já
em relação aos métodos de esterilização por calor seco, tem-se a flambagem,
que consiste em colocar um determinado objeto metálico sobre o fogo, até
que ele fique vermelho. A incineração refere-se à queima total do material,
até que virarem cinzas. Por fim, tem-se os fornos/estufas, em que os
materiais (principalmente vidrarias) são aquecidas em câmara fechada.

Infelizmente, muitos RSS são depositados em aterros sanitários ou, até mesmo,
em lixões. Os riscos relacionados a esse descarte incorreto são enormes,
principalmente em relação às patologias que podem ser transmitidas. Dessa
forma, é essencial que os locais geradores de RSS tenham um controle rígido, não
apenas na disposição final, mas, também, na geração, no armazenamento, no
transporte e no seu manuseio.

ti
praticar
Vamos Praticar
Em uma determinada indústria química, existem os seguintes avisos em uma placa:
evitar contato com a pele; utilizar meios de proteção: luvas, viseiras, dentre outros; não
trabalhar com estes produtos em áreas fechadas; não comer/beber durante o manuseio
destes produtos; ao término do manuseio, lavar bem as mãos. De acordo com esses
avisos, que tipos de químicos a indústria em questão tem?
Plano de
Gerenciamento de
Resíduos Sólidos da
Saúde

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), deve “obedecer


critérios técnicos, legislações sanitárias e ambientais, normas locais de coleta e
transporte dos serviços de limpeza urbana, especialmente os relativos aos
resíduos gerados nos serviços de saúde” (BRASIL, 2006b, p. 65).

Conforme o manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do


Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), existem 8 passos básicos para se elaborar um
PGRSS, sendo estes apresentados a seguir:

1. Identificação do(s) problema(s): nessa etapa, deve-se identificar


políticas nacionais ou legislações em vigor em relação aos resíduos
sólidos. Além disso, é essencial estudar sobre a gestão de resíduos,
procurar informações sobre como outras empresas estão realizando a
gestão dos resíduos, analisar literaturas sobre o assunto, buscar
estatísticas oficiais, dentre outros. É preciso entender, também, quais são
os resíduos gerados pela empresa em questão e sua classificação em
relação ao grau de periculosidade. Deve-se mapear todas as áreas do
estabelecimento envolvidas com RSS.
2. Definição da equipe de trabalho: nessa etapa, deve-se definir quais são
os colaboradores envolvidos com o PGRSS. É importante que cada setor/
área da empresa tenha colaboradores encarregados, sendo que esses
colaboradores devem estar cientes das suas funções, objetivos e quem
deve ser avisado, caso ocorram falhas, erros ou acidentes.
3. Mobilização da organização: mesmo que nem todos os colaboradores
da empresa estejam envolvidos diretamente com o PGRSS, deve-se
avisar todos os demais colaboradores, falando sobre a importância da
correta gestão dos resíduos, dos riscos relacionados ao descarte
incorreto, bem como das responsabilidades, das metas e dos objetivos
traçados para a empresa.
4. Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos de saúde (RSS): antes de
elaborar o PGRSS, é fundamental entender quais são as principais
dificuldades e desafios que a empresa enfrenta na gestão dos resíduos.
Nessa etapa, deve-se avaliar, também, os setores/áreas que geram os
resíduos, os tipos de resíduos e o grau de periculosidade.
5. Definição de metas, objetivos, período de implementação e ações
básicas: definir objetivos e metas é essencial para atingir resultados
positivos. Os objetivos e metas devem condizer com a realidade, sendo
que a empresa/instituição precisa ter condições (econômicas,
tecnológicas, treinamento) para poder atingir os resultados esperados.
Deve-se definir um prazo para que os objetivos e as metas sejam
atingidos.
6. Elaboração do PGRSS: após analisar e traçar todas as demais etapas,
finalmente a equipe responsável pelo PGRSS deve sentar e elaborar
formas de promover a gestão dos resíduos. Nessa etapa, devem ser
analisados os pontos de geração, os tipos de resíduos, as formas de
armazenamento (interno e externo), as responsabilidades, as formas de
diminuição ou eliminação dos resíduos, bem definir as empresas
responsáveis pelo recolhimento dos resíduos, e principalmente, as
formas de disposição final dos resíduos gerados.
7. Implementação do PGRSS: busca traçar ações, procedimentos e rotinas
concebidos no PGRSS. Dessa forma, é necessário estabelecer um plano
de contingência, buscando implementar o PGRSS. Caso haja necessidade
de se implantar obras de melhorias, elas devem ser realizadas. É
fundamental que os profissionais envolvidos na elaboração do PGRSS
realizem o acompanhamento estratégico e operacional de todas as ações
traçadas.
8. Avaliação do PGRSS: o PGRSS não tem a função de ser uma “receita de
bolo”, pois ele precisa ser revisto pela equipe de tempos em tempos,
buscando identificar acertos, erros, pontos de melhorias, novas
tecnologias, matérias-primas que gerem menos resíduos, dentre outros.

A elaboração, a implementação e a avaliação do PGRSS devem considerar


indicadores que consistem em critérios que devem ser respeitados ou atingidos.
Caso a análise dos indicadores apresente resultados positivos, é sinal de que o
PGRSS está sendo eficaz. Para facilitar o entendimento, o Quadro 4.2 apresenta
alguns exemplos de indicadores que podem ser utilizados nos PGRSSs.
Item a ser avaliado Indicadores

- Taxa de acidentes com


perfurantes em profissionais de
Acidente com perfurantes
limpeza;
- total de acidentes.

- Variação da quantidade de
resíduos;
Geração de resíduos
- total de resíduos gerados em “x”
período.

- Variação da quantidade de
resíduos do grupo A;
Geração de resíduos do Grupo A
- total de resíduos gerados em “x”
período.

- Variação da quantidade de
resíduos do grupo B;
Geração de resíduos do Grupo B
- total de resíduos gerados em “x”
período.

- Variação da quantidade de
resíduos do grupo C;
Geração de resíduos do Grupo C
- total de resíduos gerados em “x”
período.

- Variação da quantidade de
resíduos do grupo D;
Geração de resíduos do Grupo D
- total de resíduos gerados em “x”
período.

Geração de resíduos do Grupo E - Variação da quantidade de


resíduos do grupo E;
- total de resíduos gerados em “x”
período.

- Variação do percentual de
pessoas capacitadas em
Capacitação de colaboradores gerenciamento de resíduos;
- total de pessoas capacitadas, com
gerenciamento de resíduos

- Custo do gerenciamento total;


Custo com o PGRSS
- variação dos custos com o RSS.

Quadro 4.2 - Exemplo de indicadores para avaliação de um PGRSS


Fonte: Adaptado de Brasil (2006b).

#PraCegoVer : o quadro demonstra alguns exemplos de indicadores


utilizados em PGRSS. O quadro está dividido em 2 colunas e 10 linhas. Na
primeira coluna, são apresentados alguns itens a serem avaliados
(exemplos), e, na segunda coluna, apresentam-se exemplos de indicadores.
Na segunda linha, temos os acidentes com perfurantes, sendo os indicadores
as taxas de acidentes desses materiais e o total de acidentes. Na terceira
linha, temos a geração de resíduos, que, como indicadores, pode-se avaliar a
quantidade de resíduos gerados durante um determinado período de tempo.
Na quarta, na quinta, na sexta, na sétima e na oitava linha, temos a geração
de resíduos para os grupos A, B, C, D e E, respectivamente. Como indicadores
(segunda coluna) para esses grupos, deve-se avaliar a variação de
quantidade de resíduos gerados de cada grupo e o total desses resíduos
gerados durante um determinado período. Na nova linha, tem-se a
capacitação dos colaboradores, adotando-se, como indicadores, o total de
pessoas capacitadas no gerenciamento de resíduos ou a variação de
colaboradores capacitados. Na última linha, temos os custos com o PGRSS,
adotando-se, como indicadores, o custo do gerenciamento total e a variação
dos custos com o gerenciamento de resíduos.
Normalmente, o PGRSS é solicitado pelos órgãos ambientais ou de vigilância
sanitária, a fim de saber como ocorre a gestão dos resíduos. Porém é importante
que os diretores/administradores dessas empresas se preocupem com a gestão
dos resíduos, devido aos riscos atrelados a eles, principalmente para a saúde
humana. O PGRSS deve respeitar a Resolução Anvisa RDC nº 306/2004 (BRASIL,
2004) e a Resolução Conama nº 358/2005 (BRASIL, 2005), legislações que
apresentam a base da gestão de resíduos de saúde.

Ciclo PDCA no gerenciamento de


resíduos
NBR ISO 14001:2004 pode ser uma grande aliada na elaboração do PGRSS. Essa
norma contém requisitos de sistema de gestão e busca promover a melhoria
contínua dos processos/atividade/gestão por meio de um circuito de quatro
ações: Planejar ( Plan ), Fazer ( Do ), Checar ( Check ) e Agir ( Act ), conforme
indicado na Figura 4.2. O ciclo PDCA, além de analisar e entender o surgimento de
determinado problema, busca encontrar soluções, sempre focando a causa, e não
as consequências que determinado problema pode ocasionar.
Figura 4.2 - Etapas do Ciclo PDCA
Fonte: Schwanke (2013, p. 235).

#PraCegoVer : a imagem apresenta as etapas do ciclo PDCA. Ela contém cinco


quadrados, sendo dois à esquerda e três à direita. O primeiro quadrado apresenta a
frase "Política ambiental", logo abaixo, o segundo, apresenta a palavra
"Planejamento". Abaixo, segue o quadrado com a frase "Implementação e Operação".
Interligados por uma linha, o quarto quadrado, à esquerda, apresenta a palavra
"Verificação". Logo acima, o quinto quadrado apresenta a frase "Análise pela
administração". Acima de todos os quadrados, interligado por uma linha que finaliza
em seta, está um círculo, com a frase "Melhoria Contínua".

O ciclo PDCA pode ser utilizado em diferentes projetos e problemas. Essa


ferramenta é uma grande aliada dos profissionais, visando montar um PGRSS
completo e, principalmente, eficiente. Braga et al (2005); Mattos (2010) e
Schwanke (2013) descrevem as etapas do ciclo PDCA:

Planejar: nessa etapa, ocorre o planejamento, ou seja, busca-se a lógica


construtiva e suas interfaces, gerando informações de prazos e metas
físicas. Basicamente, nessa etapa, deve-se estudar o
projeto/empreendimento, definir uma metodologia e gerar o
cronograma e as programações. Esta última consiste em coordenar as
informações de modo que o empreendimento tenha um cronograma
racional e factível.
Desempenhar (ou implementar): essa etapa representa a
materialização do planejamento no campo, ou seja, tudo que foi
colocado no papel na primeira etapa agora começa a tomar forma. Deve-
se considerar dois cuidados: o primeiro é de informar e motivar todos os
envolvidos e tirar as dúvidas da equipe; o outro cuidado necessário é
como serão executadas as atividades, ou seja, é necessário que aquilo
que foi informado por meio do planejamento seja realmente cumprido.
Checar/verificar: essa é a etapa em que se manifesta o monitoramento
e o controle do projeto de gestão ambiental; para tal, dois setores
podem ser utilizados, o de aferir o realizado e o de comparar o previsto e
o realizado. O primeiro consiste em levantar em campo o que foi
executado no período de análise. O segundo setor visa aferir o que
efetivamente foi realizado, comparando com o que estava previsto no
planejamento. Nessa etapa, podem ser detectados os desvios e os
impactos que eles trazem, bem como os prazos de início e término das
atividades em relação às datas planejadas.
Agir/analisar: ocorrem reuniões com todos os envolvidos na operação, a
fim de coletar opiniões e sugestões, contribuindo para identificação de
oportunidades de melhoria, de aperfeiçoamento do método, de detecção
de focos de erro, de mudança de estratégia, de avaliação de medidas
corretivas a serem tomadas, dentre outros.

É importante ressaltar que o ciclo PDCA não prevê um fim para sua execução. A
cada ciclo concluído, dá-se início a outro, sucessivamente, até que seja possível
encontrar um padrão mínimo de qualidade esperada para determinado
empreendimento ou projeto.
saiba
mais
Saiba mais
O ciclo PDCA pode ser utilizado em qualquer
tipo de empresa, indiferente do porte ou
segmento. Além disso, pode ser utilizado em
qualquer setor da empresa. Inclusive, cada
setor pode inserir um ciclo PDCA de forma
isolada, e, no final, são analisados todos os
ciclos de forma coletiva. A cada ciclo concluído
dá-se início a outro sucessivamente, até que
seja possível encontrar um padrão mínimo de
qualidade ambiental para o empreendimento.
Saiba mais assistindo ao vídeo a seguir:

ASSISTIR

O PGRS é uma excelente ferramenta de gestão e pode ser implantado em


diferentes áreas, e não apenas na gestão de resíduos. Dentre as vantagens de
adotar o ciclo PDCA, estão: maior gerenciamento de riscos/falhas; análise da
eficácia do PGRSS ou de algum outro projeto; redução de custos; dentre outros
(TAJRA, 2015).

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
O PDCA refere-se a uma ferramenta mundialmente consagrada, auxiliando na resolução
de problemas. A metodologia plan-do-check-act (PDCA) pode ser utilizada no
planejamento ambiental em um sistema de gestão ambiental estruturado pela ABNT
NBR ISO 14001 (2004).

A respeito da metodologia PDCA, assinale a alternativa correta.

a) Na etapa de planejar, ocorre o estudo do projeto, definindo a metodologia e


gerando o cronograma e as programações.
b) O intuito do ciclo PDCA é evitar que ocorram problemas. Caso eles ocorram,
deve-se procurar as consequências.
c) Na etapa de desempenhar, ocorre a aferição de tudo que foi realizado, ou seja,
ocorre o monitoramento e o controle do projeto.
d) Na etapa de checagem, ocorre o estudo do projeto, a fim de verificar se não foi
esquecida nenhuma etapa. Em seguida, será definida uma metodologia.
e) Na etapa de agir, ocorre a aferição de tudo que foi realmente realizado, e para
isso, é indicado criar um cronograma
Papel dos
Profissionais da Área
Ambiental na
Gestão dos Resíduos

Em relação à gestão dos resíduos, os profissionais da área ambiental têm papel


fundamental, visto o risco de contaminação ambiental. Especificamente falando
dos resíduos de saúde, o risco ocorre diante da possibilidade de os acidentes
acontecerem em razão das falhas no acondicionamento e na segregação dos
materiais perfurocortantes, sem utilização de proteção mecânica. Os riscos
também estão atrelados ao ambiente, devido:

A possibilidade potencial de contaminação do solo, dos lençóis


subterrâneos, pelo lançamento dos resíduos sólidos da saúde em
lixões ou aterros controlados, que também causam riscos aos
catadores, por lesões provocadas por materiais cortantes e/ou
perfurantes, e, ainda, por ingestão de alimentos contaminados ou
aspiração de material parti- culado contaminado em suspensão”
(BARBOSA; IBRAHIN, 2014, p. 151).

Os profissionais da área ambiental têm um papel fundamental no que se refere à


gestão dos resíduos (seja da área da saúde ou de outras). Quando falamos de
profissionais da área ambiental, estamos falando de gestores ambientais, de
biólogos, de químicos, de geólogos, de engenheiros (civil, ambientais, florestais
etc.), dentre outros, que tenham formação e conhecimento específico sobre a
gestão de resíduos.

Esses profissionais têm o dever de encontrar formas/maneiras de, em primeiro


lugar, diminuir a quantidade de resíduos gerados. Obviamente que reduzir 100%
a quantidade de resíduos gerados é uma missão “quase impossível”, e, dessa
forma, os profissionais devem identificar quais as melhores formas de
armazenamento, de transporte, de tratamento e de disposição final desses
resíduos.

Promover a educação ambiental é mais uma das funções dos profissionais da


área ambiental. Esses profissionais precisam transmitir seus conhecimentos,
alertando os colaboradores da empresa sobre os riscos relacionados a cada tipo
de resíduos, as formas corretas de manuseá-los, quais Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) devem ser utilizados, quem deve ser avisado em caso de
acidentes, dentre outros (FILHO, 2015).

Não basta simplesmente elaborar um PGRS e entregá-lo ao órgão ambiental ou


sanitário. É preciso realizar a fiscalização, sendo essa mais uma das funções dos
profissionais da área ambiental. É fundamental verificar in loco se realmente a
empresa vem respeitando o PGRSS.
reflita
Reflita
Você sabe o que é Anotação de
Responsabilidade Técnica?

É fundamental que os profissionais da


área ambiental responsáveis por
elaborar o Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos (PGRS) apresentem ao
órgão ambiental a Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART). Essa
anotação consiste em um instrumento
de defesa da sociedade, garantido que
as obras e os serviços serão prestados
por profissionais habilitados, bem como
proporciona segurança jurídica para o
contratante, caso haja problemas com a
obra/estudo.

A ART é a garantia de que o profissional


tem registro no Conselho de Classe, que
pode ser o Crea, o CRQ ou o CrBio.
Dessa forma, o cliente e o órgão
ambiental tem a garantia de que o
serviço está sendo realizado por um
profissional formado na área.

Quando um profissional elabora uma ART, ele informa ao seu Conselho de Classe
que ele é responsável por determinada obra/serviço/atividade. Dessa forma,
quando uma ART é emitida para um PGRS, o profissional fica responsável pela
gestão dos resíduos durante um determinado período (informado na ART). Isso
quer dizer que, caso haja acidentes ou descarte incorreto dos resíduos por parte
da empresa/cliente, além de ela poder responder criminalmente, o próprio
profissional também poderá responder por crime ambiental.

praticar
Vamos Praticar
Carlos Eduardo é engenheiro ambiental, sendo responsável pela gestão ambiental dos
resíduos e pelo PGRSS de um grande hospital da região metropolitana de Porto Alegre.
Com relação ao descarte de materiais perigosos, como materiais perfurocortantes e EPIs
utilizados em cirurgias, eles são destinados a uma empresa especializada na sua
disposição final, o qual está apresentado no PGRSS.

Imagine que essa empresa em questão, após ter recolhido os resíduos perigosos no
hospital, sofre um acidente durante o transporte até o local de disposição final,
culminando no espalhamento desses resíduos na rodovia. Dessa forma, Carlos Eduardo
poderá sofrer alguma penalidade do seu Conselho de Classe e por parte do Órgão
Ambiental, visto que ele é responsável pela gestão dos resíduos?
indicações
Material
Complementar

WEB

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


(PGRS) | Passo a passo para elaboração
Ano: 2020
Comentário: O PGRSS é um documento técnico utilizado
pelas empresas para realizar a gestão de seus resíduos
sólidos. Todos os setores de uma empresa devem ser
analisados, a fim de verificar os diferentes tipos de
resíduos gerados. Para conhecer mais sobre o assunto,
acesse ao vídeo a seguir:

ACESSAR
LIVRO

Resíduos sólidos: impactos, manejo e gestão


ambiental
Autores: Rildo Pereira Barbosa e Francini Imene Dias
Ibrahin
Editora: Érica
ISBN: 978-85-365-2174-9
Comentário: Existem diferentes tipos de resíduos, por
exemplo, domiciliares/domésticos, de construção civil,
industriais, de saúde, agrícolas, dentre outros. Entender as
características e a periculosidade relacionadas a cada um
desses resíduos é fundamental para a elaboração do
Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Nesse livro,
os critérios mencionados e outros são apresentados de
forma mais ampla.
conclusão
Conclusão
A biossegurança é um tema crucial quando falamos da gestão de resíduos de
saúde, devido ao risco de contaminações. Dessa forma, os profissionais
envolvidos na elaboração do PGRSS precisam dar uma atenção especial a esse
tema, definindo as formas corretas de manuseio dos resíduos. Logo, investir na
educação ambiental e em Equipamentos de Proteção Individual é crucial nesse
setor.

O PGRSS não pode ser visto apenas como uma mera burocracia, ele precisa ser
encarado como uma forma de diminuir os riscos de contaminações, sejam elas
humanas ou ambientais. O PGRSS, para ser completo, deve considerar todos os
setores de uma empresa/instituição, por menor que ela seja.

Analisar o tipo de resíduos, sua classificação quanto à periculosidade, sua forma


de armazenamento, seu transporte e sua disposição final são itens básicos e
obrigatórios em um PGRSS. Porém isso não quer dizer que outros itens não
possam ser descritos e apresentados no PGRSS, pois quanto mais completo o
plano for, menores os riscos de acidentes e contaminações.

referências
Referências
Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14.001 :
Sistemas de Gestão Ambiental - requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro, ABNT, 2004.

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estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: makron
Books, 2004.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306, de 7 de


dezembro de 2004 . Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde. Brasília: ANVISA, 2004.

BARBOSA, R. P.; IBRAHIN, F. I. D. Resíduos sólidos : impactos, manejo e gestão


ambiental. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVEZ, E.; SOARES, S. P. S. Biossegurança :


ações fundamentais para promoção da saúde. 1. ed. São Paulo: Editora Érica,
2014.

BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. G. L.; MIIERZWA, J. C.; BARROS, M. T. L.


SPENCER, M.; PORTO, M. NUCCI, N.; JULIANO, N. EIGER, S. Introdução à
engenharia ambiental : o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos


Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Classificação de risco dos
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/classificacao_risco_agentes_biologicos.pdf
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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de


gerenciamento de resíduos de serviços de saúde . Brasília: Ministério da Saúde,
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CICLO PDCA: o que é o Ciclo PDCA? Como funciona o Ciclo PDCA?.[S. l.: s. n.], 2017.
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CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 358, de


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Disponível em: http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=5046 .
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MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras . São Paulo: PINI, 2010.

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Ministério do Trabalho e Emprego, 1994.

PLANO de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) | Passo a passo para


elaboração. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal Valor
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Puo&ab_channel=ValorAmbiental . Acesso em: 21 dez. 2020.

ROCHA, J.C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental . 2.


ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

SCHWANKE, C. Ambiente : tecnologias. Porto Alegre: Bookman, 2013.

STAPENHORST, A. et al . Biossegurança . Porto Alegre: SAGAH, 2018.

TAJRA, S. F. Gestão em saúde : noções básicas, práticas de atendimento, serviços


e programas de qualidade. São Paulo: Saraiva, 2015.

TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança : uma abordagem multidisciplinar. Rio de


Janeiro: Fiocruz, 1996.

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