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Gestão ambiental

e responsabilidade
social
PRODUÇÃO
MAIS LIMPA

Você já ouviu falar em um modelo de gestão denominado produção mais limpa? Não? Então,
fique de olho nesta unidade para conhecer as especificidades e as principais certificações e selos
ambientais desse modelo.

Ao longo da sua jornada, você viu que o desenvolvimento sustentável é o modelo de desenvolvimento
que atende às necessidades do presente, sem comprometer as gerações futuras de satisfazerem as
suas próprias necessidades. Mas como lidar com a questão ambiental nos processos produtivos e
industriais? Como lidar com os resíduos gerados no processo? Esse é o assunto desta unidade.

Portanto, após esta unidade, você vai ser capaz de entender o conceito de rotulagem ambiental e
identificar selos e rótulos ambientais.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 3

COM O
PÉ DIREITO

Para iniciar seus estudos com o pé direito, acesse este link ou escaneie
o QR Code ao lado e assista ao vídeo sobre esta unidade.

Além disso, na atividade “O que eu pensava”, aproveite para deixar


suas primeiras percepções sobre a situação descrita no vídeo.

Produção mais limpa (P+L) e ecoeficiência


Desde o início da história humana, a indústria
tem sido um sistema aberto de fluxo de
materiais. As pessoas transformaram materiais
naturais, plantas, animais e minerais em
ferramentas, roupas e outros produtos.
Quando esses materiais se desgastavam, eles
eram descartados ou jogados fora, e quando
o acúmulo de lixo se tornava um problema, os
moradores mudavam de local, o que era fácil na
Figura 1. Acúmulo de lixo
época, devido ao pequeno número de habitantes
e às vastas áreas de terra.

Além do sistema de gestão ambiental (SGA),


existem outros modelos de gerenciamento
disseminados no meio produtivo e de serviços.
De modo simplificado, o objetivo é o mesmo:
aumentar a eficiência do uso de insumos,
energia, recursos naturais e resíduos. Como
resultado, tem-se a minimização dos impactos
ambientais dos empreendimentos e de seus
processos e a melhora do desempenho tanto
ambiental quanto econômico. Figura 2. Estudo de modelos de gerenciamento do meio produtivo
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O relatório Brundtland (WCED, 1987) apontou três componentes básicos para o desenvolvimento
sustentável: o meio ambiente, a economia e a sociedade, os quais, do ponto de vista da indústria,
devem ser estudados de maneira sistêmica. Para isso, as organizações devem adotar novos princípios
e ferramentas para a produção de bens e serviços com foco na sustentabilidade.

TOUR
Acesse o conteúdo no AVA
360°
Falando sobre isso, no Tour 360°, disponível no ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você vai
conhecer as “Orientações para o Triple Bottom Line”.

O surgimento de novos princípios e ferramentas impulsionou a evolução da estratégia da manufatura,


de forma a incentivar as mudanças incrementais nos processos industriais. Em função disso, o
desempenho ambiental de produtos e processos tornou-se uma questão fundamental, razão pela
qual algumas empresas estão investigando maneiras de minimizar seus efeitos sobre o ambiente.
O planejamento de princípios ambientais está intrínseco à implantação de um sistema de gestão
ambiental e à implantação da P+L no sistema de produção (OLIVEIRA NETO et al., 2015).

Nesse sentido, tem-se um exemplo de gerenciamento ambiental que objetiva dar prioridade para
atividades que visem a reduzir a fonte (CALIJURI; CUNHA, 2013). A produção mais limpa (P+L ou P
mais L) tem sido definida de forma diferente ao longo das últimas décadas, sobretudo devido aos
avanços das tecnologias e ao aprendizado com os erros do passado.

PENSO,
LOGO REFLITO
A inclusão do compromisso com a prevenção na política ambiental é um pré-requisito da norma
ISO 14001 (ABNT, 2015), e a ACV busca analisar todo o fluxo de um produto ou processo no
que tange aos impactos ambientais. Você acredita que organizações vêm procurando programas
complementares para não gerar impactos ou para não precisar lidar com eles?

Glossário

Processos industriais: Os processos industriais são caracterizados por entradas (matérias-primas,


energia e mão de obra) e saídas (produtos, serviços, emissões para o ar e água e resíduos).
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A produção mais limpa (P+L) foi elaborada


pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA; United Nations Environment
Programme) na década de 1990. Desde 1994,
esse programa vem desenvolvendo esse modelo
de produção, quando se estabeleceu o Centro
Nacional de Produção Mais Limpa (CNPML),
que tem por finalidade incentivar a criação de
centros de P+L nos países em desenvolvimento.
No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologias
Limpas (CNTL) foi fundado em 1995. Entre suas
atribuições e atividades, tem-se a disponibilização Figura 3. Produção mais limpa (P+L)

de informação e a implantação de programas


de P+L nos setores produtivos. Além disso, o
CNTL capacita os profissionais para que tenham
condições de atuar em políticas ambientais.

A produção mais limpa é uma estratégia para prevenir as emissões na fonte e iniciar uma melhoria
preventiva contínua do desempenho ambiental das organizações. O foco da gestão deve ser a
prevenção, em vez da cura, para evitar problemas ambientais.

Assim, uma forma de definir uma P+L é o comum conjunto de regras com o desígnio de proteger o
meio ambiente e tornar mínimo o desperdício, que vão desde os processos de fabricação até todo o
ciclo de vida de um produto. Esse conceito pode até ser aplicado em um nível pessoal, abordando o
estilo de vida e as escolhas diárias de cada um (SILVA; GOUVEIA, 2019).

Você sabe como se aplicam as ações que fazem parte da estratégia de gestão ambiental P+L?
Descubra a seguir!

Glossário

Produção mais limpa (P+L): Corresponde à aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada
aos processos, produtos e serviços para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao ambiente.
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Processos de produção Produtos Serviços

Figura 4. Processos de produção Figura 5. Produtos com Figura 6. Produtos orgânicos nas
embalagem sustentável prateleiras de uma loja

Conservação de matérias- Redução dos impactos Incorporação de preocupações


primas e energia, eliminação negativos ao longo do ciclo ambientais na concepção e
de matérias-primas tóxicas de vida de um produto, desde na prestação de serviços.
e redução da quantidade a extração da matéria-prima
e da toxicidade de todas até a sua disposição final.
as emissões e resíduos.

A P+L requer a mudança de atitudes de gestão


ambiental responsável, por meio da criação de
ambientes de políticas nacionais favoráveis e da
avaliação das opções de tecnologia. Os principais
atores da P+L são as empresas que controlam
os processos de produção. Eles são fortemente
influenciados por seus clientes (empresas
privadas, públicas ou outras) e pela política (leis,
regulamentos, impostos).
Figura 7. Mudança de atitude na gestão ambiental

Ao se considerar o desenvolvimento de um programa de P+L em uma organização, é importante


que seja feita a pré-sensibilização da alta administração a partir de uma visita técnica feita pelos
responsáveis pela implantação do P+L, chamados de ecotime. Nessa visita, serão apresentados
casos de sucesso, enfatizando as vantagens econômicas e ambientais da implantação. Veja, a seguir,
os passos para a implementação de um programa de P+L.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 7
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 8

Com o fluxo da P+L, você pôde perceber que o foco principal é criar consciência para a prevenção da
poluição, encontrar a fonte de resíduos e emissões, definir um programa para reduzir as emissões
e aumentar a eficiência dos recursos por meio da implementação e da documentação de opções
de produção mais limpa. As ações podem ser organizadas em duas categorias e, estas, em níveis.
Confira mais detalhes no infográfico disponível no AVA.

Acesse o conteúdo no AVA

Um ponto importante de se ressaltar é que, ao contrário dos tratamentos de fim de linha, a prevenção
da poluição na fonte pode ser aplicada às diferentes etapas do processo produtivo na maioria dos
processos industriais. Veja melhor a seguir.

O desempenho técnico, ambiental e econômico das empresas industriais pode ser aumentado com
a aplicação de estratégias de produção mais limpa. Além disso, sabe-se que as medidas de produção
mais limpa oferecem vantagens em termos de padrões/limites legais de descarte. Entretanto, muitas
são as barreiras que interferem na implementação de práticas e modelos de negócios sustentáveis,
retendo o potencial de inovação e melhoria ambiental e retardando-o ou até mesmo revertendo-o,
tal como: questões econômicas, motivacionais, tecnológicas, educacionais, entre outras.

Em contrapartida a essas barreiras, estão os fatores que estão começando a ganhar impulso e estão
se tornando impossíveis de ignorar. Confira, a seguir, exemplos desses fatores.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 9

Assim, P+L é um conceito dinâmico no qual


novos procedimentos e tecnologias surgem
constantemente, introduzindo métodos e
práticas para prevenir danos ao meio ambiente.
Apesar dos fatores limitantes, aspectos tidos
como motivadores estão impulsionando as
empresas e até mesmo indústrias a mudarem
seus métodos atuais, melhorando a sua pegada
ecológica geral. Ao mesmo tempo, em muitos
casos, esses aspectos estão estimulando
simultaneamente a economia de custos, devido Figura 8. Métodos e práticas para prevenção
à otimização global de toda a cadeia de processo, de danos ao meio ambiente

garantindo a proteção ambiental dos processos


de forma geral.
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TIRANDO A
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PROVA DOS NOVE
Chegou o momento de testar os conhecimentos adquiridos até aqui. Acesse o AVA e confira.

A forte dependência de recursos das cidades


baseadas em recursos inevitáveis leva a uma
série de problemas ambientais. A mitigação dos
impactos ambientais de maneira impensada pode
ser prejudicial para o desenvolvimento econômico.
Melhorar a ecoeficiência tem sido uma solução
crucial para proteger o meio ambiente e mitigar
seu impacto econômico negativo.
Figura 9. Problemas ambientais

De acordo com a abordagem de prevenção da poluição (produção mais limpa), a poluição é


resultado do projeto, do consumo de recursos, da ineficiência, da falha e da ineficácia nos processos
de produção. A abordagem de P+L está relacionada com ecoeficiência, produção/indústria verde e
produção sustentável.

PENSO,
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Atualmente, o conceito geral de proteção ambiental está mudando de uma abordagem reativa,
denominada “controle da poluição”, para uma abordagem proativa, denominada “prevenção da
poluição”. Quais organizações você conhece ou já ouviu dizer que vêm modificando sua forma de
enxergar a proteção ambiental?
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Mas o que será essa tal “ecoeficiência”?


Esse conceito foi abordado pela primeira vez
em 1992 pelo Conselho Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável (BCSD) em
seu relatório histórico “Mudança de rumo”. A
ecoeficiência foi definida no primeiro Workshop
de Antuérpia sobre Ecoeficiência, realizado em
novembro de 1993, como sendo alcançada
pela entrega de bens e serviços com preços
competitivos que satisfaçam às necessidades Figura 10. Ecoeficiência
humanas e tragam qualidade de vida, reduzindo
progressivamente os impactos ecológicos e a
intensidade de recursos ao longo do ciclo de
vida a um nível pelo menos compatível com a
capacidade de carga estimada da Terra.

A ecoeficiência industrial tem sido uma medida inestimável para a relação entre as atividades
produtivas e o esgotamento ambiental, o que é importante investigar quando se busca o
desenvolvimento sustentável. O conceito de ecoeficiência baseia-se na mesma noção adotada pelas
políticas globais de criar mais valor econômico com menos impactos ambientais.

Acesse o AVA para conhecer os sete fatores que contribuem para a obtenção da ecoeficiência em
um processo produtivo.

Acesse o conteúdo no AVA

Parece um tanto quanto lógica a implementação da ecoeficiência industrial, não é mesmo? Ao conceber
produtos e serviços que permitem aos clientes reduzir o consumo de recursos e reduzir o impacto
ambiental, ao mesmo tempo que satisfazem suas necessidades de forma mais eficaz e a um melhor
preço, as empresas já estão colhendo os benefícios dessa estratégia empresarial de visão de longo prazo.

Glossário

Ecoeficiência industrial: A ecoeficiência para processos industriais pode ser definida como a razão entre o
desempenho técnico-econômico associado a um processo e a carga ambiental associada à sua operação.
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Para resumir, a ecoeficiência é um fator-


chave para as empresas, pois as ajuda a
entender que podem produzir melhores bens
e serviços usando menos recursos e gerando
menos impacto, melhorando, assim, seu
desempenho ambiental e seus resultados. De
maneira genérica, a ecoeficiência é alcançada
pela entrega de bens e serviços com preços
competitivos que satisfaçam às necessidades
humanas e tragam qualidade de vida, ao Figura 11. Roupa feita com material reciclado
mesmo tempo que reduzem progressivamente
os impactos ecológicos e a intensidade dos
recursos ao longo do ciclo de vida.

Mas, pensando bem... O que será que a ecoeficiência e a P+L têm em comum? Siga em seus estudos
e descubra!

P+L VERSUS ECOEFICIÊNCIA: PONTOS EM COMUM

Ecoeficiência e produção mais limpa têm muito em comum. Ambas ajudam as empresas em sua
busca pela melhoria contínua na minimização do consumo de recursos, reduzindo os encargos
ambientais e limitando os riscos e as responsabilidades concomitantes. Continue analisando os
pontos em comum entre a P+L e a ecoeficiência a seguir.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 13
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DE OLHO
NO PROFESSOR
Chegou a hora de ficar “De olho no professor” para relacionar a P+L e a
ecoeficiência. Por isso, acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado
e fique ligado.

As interligações entre ecoeficiência e P+L são numerosas. Assim como a P+L, a ecoeficiência
une os objetivos de excelência empresarial e excelência ambiental, criando a ponte por meio da
qual o comportamento corporativo pode apoiar o desenvolvimento sustentável, a integração do
crescimento econômico e a melhoria ambiental.

Entretanto, a ecoeficiência vai além do


uso de recursos e da redução da poluição,
uma vez que enfatiza a criação de valor
para os negócios e a sociedade em geral, ao
mesmo tempo que atende às necessidades
competitivas. Ao aumentar o valor dos bens
e serviços que cria, a empresa maximizará a
produtividade dos recursos, obterá benefícios
financeiros e recompensará os acionistas, em
vez de simplesmente minimizar o desperdício Figura 12. Ecoeficiência (criação de valor para os negócios)
ou a poluição.

De outro ponto de vista, a ecoeficiência abrange conceitos de P+L, como uso eficiente de matérias-
primas, prevenção da poluição, redução de fontes, minimização de resíduos e reciclagem e
reutilização interna. Ela captura a ideia de redução da poluição por meio da mudança de processo, em
oposição às abordagens anteriores de fim de linha. Ela compartilha características com ferramentas
de gestão ambiental, como avaliação ambiental ou design for environment, ao incluí-las entre as
opções tecnológicas para reduzir a intensidade de materiais e energia na produção, facilitando o
reaproveitamento por meio de remanufatura e reciclagem (UNITED NATIONS ENVIRONMENT
PROGRAMME, 1998).
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A ecoeficiência também apresenta uma


perspectiva de ciclo de vida que acompanha os
produtos desde a matéria-prima até as etapas
de disposição final. É, portanto, uma extensão
do processo de gestão da qualidade total.

Embora ambas as estratégias compartilhem


o objetivo de progresso em direção ao
desenvolvimento sustentável, a ecoeficiência
vai além do uso de recursos e da redução da
Figura 13. Ciclo de vida
poluição; ela enfatiza a criação de valor e
vincula a excelência ambiental à empresarial.
Ao aumentar o valor dos bens e serviços que
cria, a empresa maximiza a produtividade
dos recursos, obtém benefícios financeiros e
recompensa seus acionistas.

Rotulagem ambiental
Para abordar os selos e as certificações
ambientais, é necessário conhecer a rotulagem
ambiental. Com o aumento da preocupação do
consumidor com o impacto ambiental dos bens
e serviços que compram, a rotulagem ambiental
surgiu como uma ferramenta fundamental para
tomar decisões de compra sustentáveis.

Figura 14. Rotulagem ambiental

Os benefícios comerciais da rotulagem ambiental para compradores e fornecedores deram origem


a uma infinidade de reivindicações ambientais, esquemas de rotulagem e iniciativas, cada uma
oferecendo diferentes medidas e referências. Isso aumentou a conscientização sobre o impacto
ambiental de produtos e serviços, mas não sem alguma confusão no mercado. Confira mais detalhes
no infográfico disponível no AVA.

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Glossário

Rotulagem ambiental: Segundo a ISSO 14020:2002 (ABNT, 2002), a rotulagem ambiental consiste na atribuição
de um selo ou rótulo a um produto ou serviço para comunicar, de modo bem embasado, informações acerca do
seu desempenho ambiental, sem fazer greenwashing.
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PENSO,
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Em um cenário em que cada vez mais os consumidores estão motivados a adquirir produtos
ambientalmente adequados, a rotulagem pode influenciar positivamente as escolhas dos
consumidores, criando uma situação vantajosa para todos. Você já deve ter ouvido falar em
greenwashing, certo? Muitas empresas se dizem ambientalmente adequadas, porém isso é apenas
uma jogada de marketing. Por isso, reflita: até que ponto estamos realmente preocupados com a
questão ambiental dos produtos que consumimos ou com o modo como as pessoas os veem?

Que tal conhecer um pouco mais sobre os acontecimentos acerca dos primeiros rótulos diretamente
no AVA?

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É importante destacar, ainda, que o mecanismo da rotulagem ambiental é baseado em dois


pressupostos:

1) Assume-se que um determinado bem pode ser produzido de formas variadas e que estas diferem
em termos de impacto ambiental.

2) Supõe-se que métodos de produção mais limpos são geralmente mais caros ou requerem a
redução de atributos apreciados pelos consumidores (MOURA, 2013).

PAUSA PARA
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UM CAFÉ

Até o momento, foram apresentados variados pontos essenciais sobre a P+L. Agora, chegou a hora
de se aprofundar ainda mais nesse tema, e nada como uma “Pausa para um café” para debater o
assunto. Então, acesse o AVA, aperte o play e ouça o podcast com a professora Ana Carla Fernandes
Gasques e a convidada, Karine Zanotti.

SELOS E RÓTULOS AMBIENTAIS

A série de padrões ISO 14020 (ABNT, 2002) fornece às empresas um conjunto de referências
internacionalmente reconhecido e acordado com o qual podem preparar seus próprios rótulos,
reivindicações e declarações ambientais.

A seguir, confira os três tipos de rotulagem ambiental no escopo da ISO.


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Rotulagens concedidas e monitoradas por uma terceira parte independente


Tipo I – (programas de terceira parte), como órgãos governamentais ou instituições
ISO 14024 internacionalmente reconhecidas – são geralmente mais bem aceitas por
parte do consumidor, devido à sua maior isenção e confiabilidade.

São autodeclarações ou reivindicações espontâneas, feitas pelos próprios


Tipo II – fornecedores ou fabricantes, sem avaliações de terceiros e sem a utilização
ISO 14021
de critérios preestabelecidos.

São rotulagens verificadas também por terceiros e que consideram a avaliação


de todo o ciclo de vida do produto – análise de ciclo de vida (ACV), também
Tipo III – chamada de análise “berço ao túmulo”. Não têm padronização a alcançar,
ISO 14025 contudo, são as mais sofisticadas e complexas quanto à sua implantação,
pois exigem extensos bancos de dados para avaliar o produto em todas as
suas etapas, fornecendo a dimensão exata dos impactos que provocam.

É importante observar que, do ponto de vista da iniciativa, os selos podem: ser conduzidos por
governos – como o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Selo Procel) no
Brasil; funcionar de forma independente, mas podendo aceitar assistência técnica governamental –
como o Ecolabel da União Europeia; ou ser estabelecidos pelo próprio setor industrial ou produtivo,
por meio das chamadas autodeclarações ambientais.

A seguir, confira exemplos de selos e rotulagens ambientais (ROSA, FRACETO E MOSCHINI-


CARLOS, 2012).

Rótulo ecológico ABNT, iniciado em 1993, esse selo identifica produtos com
Selo ABNT menor impacto ambiental em relação a outros compatíveis disponíveis
– Qualidade no mercado. Está estruturado de acordo com o esboço das versões das
ambiental normas ISO 14020 e ISO 14024. É um programa de terceira parte, positivo,
que concede selo do tipo I (SIQUEIRA, 2009).

Rótulo concebido pelo Ministério do Meio Ambiente, Conservação da


Selo Blaue Engel Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha em 1978. Esse selo considera o
Anjo Azul ciclo de vida do produto e contém a descrição da razão pela qual o selo foi
concedido (SEIFERT, 2007).
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Criado em 1989, corresponde à rotulagem de produtos e à educação


ambiental nos Estados Unidos. Entre os produtos e serviços avaliados,
Green Seal encontram-se lâmpadas fluorescentes, refrigeradores e freezers, produtos de
limpeza, cosméticos, entre outros (GREEN SEAL, 2010).

Rótulo ecológico da União Europeia (EU), criado em 1992, gerenciado


pela Comissão da União Europeia para o Rótulo Ecológico (CREUE). Todos
Eco Label os produtos que ostentam a “flor” foram auditados por organismos
Europeu (Flor)
independentes quanto à sua conformidade com os critérios ambientais em
todo o ciclo de vida do produto (NF MARK, 2010).

É uma certificação voluntária emitida pelo AFAQ AFNOR Certification.


Criada em 1991, a marca distingue os produtos que têm impacto ambiental
Selo ecológico reduzido, sendo o selo oficial francês de certificação ecológica. Na avaliação,
francês
incluem-se os impactos ambientais em todo o ciclo de vida do produto (NF
MARK, 2010).

Criado em 1992 pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) e pelo


Departamento de Energia dos Estados Unidos. O selo é conferido a produtos
Selo energy star capazes de manter o mesmo desempenho economizando de 20 a 30% de
energia. Atualmente, tem parceria com mais de 17 mil empresas dos setores
público e privado (USGBC, 2010).

Selo americano da construção civil, de terceira parte, reconhecido


internacionalmente. Alguns requisitos dos empreendimentos para a
obtenção desse selo: uso de iluminação natural; gestão de perdas e
Green building
resíduos; administrações do consumo de água e energia elétrica; uso de
materiais renováveis; redução da emissão de CO2; qualidade interna do
ambiente; e ideias inovadoras (USGBC, 2010).

Certificação O selo FSC indica a certificação de empreendimentos e produtos da floresta.


Forest Essa certificação pode ser referente ao manejo florestal ou à cadeia de
Stewardship custódia. No Brasil, o Imaflora verifica a adequação dos empreendimentos
Council (FSC) florestais conforme os critérios do FSC (IMAFLORA, 2010).
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Esse selo indica que a empresa certificada está em conformidade com as


leis sanitárias, ambientais e trabalhistas nacionais e que essa garantia se
Selo IBD de estende aos fornecedores de matéria-prima certificados pelo IBD. Entre os
certificação produtos orgânicos que podem ser certificados, encontram-se: sucos, geleias,
orgânica laticínios, óleos, doces, palmito, extratos vegetais secos, camarão, frango e
carnes, entre outros (INSTITUTO BIODINÂMICO DE DESENVOLVIMENTO
RURAL, 2010).

Depois desses aprendizados, ficou mais


evidente que as práticas ambientais das
organizações, em função da consciência
de seus impactos ao meio ambiente, vêm
evoluindo com o passar dos anos, deixando
de ter caráter passivo e passando a ter caráter
reativo. Em função disso, as organizações têm
buscado estabelecer seu sistema de gestão
ambiental (SGA), que permite a definição e a
implementação de estratégias para caminhar
rumo à melhoria contínua, englobando os Figura 15. Estudo das práticas ambientais nas empresas

aspectos ambientais.

Durante esse processo, são realizadas auditorias para análise de conformidades. A fim de prevenir
a poluição, em vez de dispersá-la, vêm sendo implantados programas como a P+L, vista nesta
unidade, e a ACV, vista na unidade anterior. Além disso, existem os selos e certificações ambientais,
que buscam dar mais visibilidade a empresas ambientalmente adequadas.

O QUE
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EU PENSO

Entre no AVA, retorne à problemática do início da unidade e faça uma comparação entre o que você
pensava e o que pensa agora.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 20

SE LIGA!
Você está chegando ao fim da unidade e quase ao fim da disciplina. Para complementar os seus estudos,
explore os materiais extras que trazem um plus para tudo o que você viu durante esta unidade.

Avaliação da Análise do uso Da ilegalidade


aplicação das de certificações à certificação
técnicas da ambientais para as florestal: estudo
produção mais limpa obras da Companhia de caso do
em um laticínio Águas de Joinville manejo florestal
no sul da Bahia comunitário no
Baixo Amazonas

Este artigo traz uma aplicação Este artigo analisa as Este artigo traz uma
do conceito de P+L em um certificações ambientais perspectiva diferente de
laticínio, um setor com que têm maior visibilidade certificações ambientais,
uma elevada quantidade e estabelece a sua possível tendo em vista que analisa
de impactos ambientais. utilização nas obras de as mudanças do arranjo
Ele é bem interessante, uma Companhia de Água produtivo da madeira oriunda
principalmente porque a na cidade de Joinville. da extração comunitária,
empresa em questão já vinha no município de Boa Vista
adotando algumas práticas do Ramos, Amazonas,
ambientais e manifestou decorrentes das alterações
interesse em conhecer outras nas políticas ambientais e
que contribuíssem para normas voltadas ao manejo
minimizar os impactos e florestal sustentável.
propiciar ganhos econômicos.
Assim, foi possível
identificar e apresentar as
oportunidades de P+L.

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Você concluiu mais uma unidade. Agora, aplique o conteúdo


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estudado em situações do dia a dia e vá em busca de novos
conhecimentos para se aprofundar na temática de sustentabilidade empresarial. E não se esqueça
das questões de estudo no AVA, combinado?”

Nos vemos na próxima e última etapa. Até lá!


GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 21

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001:2015 – Sistema de gestão


ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14020 – Rótulos e declarações


ambientais – Princípios gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14021 – Rótulos e declarações


ambientais – Autodeclarações ambientais (rotulagem do tipo II). Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14024 – Rótulos e declarações


ambientais – Rotulagem ambiental tipo I – Princípios e procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2022.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14025 – Rótulos e declarações
ambientais – Declarações ambientais de tipo III – Princípios e procedimentos. Rio de Janeira:
ABNT, 2015.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável.


2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

CALIJURI, M. C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2013.

CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS SENAI. Implementação de programas de


produção mais limpa. Porto Alegre: CNTL/Senai, 2003.
ENERGY STAR. Apresenta informações sobre procedimentos e produtos relacionados ao selo
americano de eficiência energética. Washington: Energy Star, 2012. Disponível em: http://energystar.
gov. Acesso em: 13 out. 2022.

EUROPEAN COMISSION. Apresenta informações sobre procedimentos e produtos relacionados ao


selo ecológico da comunidade europeia. Brussel: EC, 2012. Disponível em: http://ec.europea.eu/
environemnt/ecolabel. Acesso em: 13 out. 2022.

GREEN SEAL. Washington: Green Seal, 2012. Disponível em: www.greenseal.org. Acesso em: 13
out. 2022.

INSTITUTO BIODINÂMICO DE DESENVOLVIMENTO RURAL. Apresenta informações sobre


procedimentos e produtos relacionados a certificações de produtos orgânicos. Botucatu: IBD, [20--].
Disponível em: www.ibd.com.br. Acesso em: 13 out. 2022.

INSTITUTO DE MANEJO E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL E AGRÍCOLA. Certificação FSC – Apresenta


informações sobre procedimentos para a certificação florestal e agrícola. Piracicaba: Imaflora,
[20--]. Disponível em: www.imaflora.org. Acesso em: 13 out. 2022.
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 22

MOURA, A. M. M. O mecanismo de rotulagem ambiental: perspectivas de aplicação no brasil.


Boletim Regional, Urbano e Ambiental, n. 7, p. 11-22, jun./jul. 2013.

MOURA, L. A. Qualidade e gestão ambiental: sustentabilidade e implantação da ISO 14.001. 5.


ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2008.

NASCIMENTO, L. F.; LEMOS, A. D. C.; MELLO, M. C. A. Gestão socioambiental estratégica. Porto


Alegre: Bookman, 2008.

NF MARK. Afnor Certification – Apresenta informações sobre procedimentos para a certificação


AFAQ AFNOR. Disponível em: https://certification.afnor.org/. Acesso em: 13 out. 2022.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Agenda 2030. [2022]. Disponível em: https://


gtagenda2030.org.br/ods/. Acesso em: 16 set. 2022.

OLIVEIRA NETO, G. C. et al. Princípios e ferramentas da produção mais limpa: um estudo exploratório
em empresas brasileiras. Gestão & Produção, v. 22, n. 2, p. 326-344, jun. 2015.

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