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AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
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reenchimento. Dessa forma, ao descartar o refil, reduz o volume de material que
seria lançado no meio. Produtos concentrados ajudam também a reduzir o
volume das embalagens, os materiais nelas utilizados, e os impactos ambientais
do transporte.
Figura 1 – Refil
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Figura 2 – Interface para máquina de lavar roupa via aplicativo móvel, que
possibilita o melhor controle de fatores como consumo de água e de energia
Soluções que usam menos material podem ser também mais práticas e
eficientes, assim como embalagens com menos materiais podem ser simples e
fáceis de abrir. A marca esportiva Puma desenvolveu um sistema de embalagens
para sapatos que elimina a necessidade das tradicionais caixas. O sistema é
composto por uma sacola contendo uma pequena quantidade de papelão dentro,
de modo a dar a ela forma de caixa, facilitando o transporte e o armazenamento.
Ao comprar, o cliente recebe o sapato dentro da sacola e a alma de papelão é
retirada e separada para a reciclagem. Isso reduz a quantidade de papelão da
caixa tradicional e a necessidade de fornecer uma sacola adicional para que o
cliente possa transportar sua compra.
Saiba mais
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A empresa de origem inglesa The Body Shop iniciou nos anos 1970 como
um pequeno empreendimento, mas com propostas ambiciosas para as suas
interações sociais e ambientais. Oferecia produtos (cosméticos) com o mínimo
de embalagens, sem componentes prejudiciais à saúde humana e sem testes
em animais. Comprava insumos de comunidades carentes na África e da
Amazônia, extraídos da floresta sem a necessidade de desmatamento. Com
essas propostas cresceu e se tornou uma empresa multinacional valiosa.
Segundo Vieira (2017), foi comprada pela empresa Natura em 2017 por 1 bilhão
de euros.
A Natura é uma empresa brasileira que também é destaque na busca da
sustentabilidade ambiental. Isso demonstra que a busca de soluções mais
sustentáveis do ponto de vista do meio ambiente também pode ajudar na
sustentabilidade econômica, garantindo a competividade e o sucesso de uma
empresa.
Crédito: Mrfiza/Shutterstock.
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1.4 Oportunidade para a inovação
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UNEP – UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Product-Service Systems and
Sustainability: Opportunities for Sustainable Solutions. Paris; Milan, 2002. Disponível em:
<http://www.unep.fr/shared/publications/pdf/WEBx0081xPA-ProductService.pdf>. Acesso em:
26 set. 2020.
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Pode parecer utópico imaginar que seja possível reduzir drasticamente a
extração de recursos naturais e as emissões para o meio ambiente. Como seria
possível fazer um automóvel gastando apenas 10% dos materiais ou
consumindo só 10% do combustível de um automóvel atual? Imaginar isso
dispondo da tecnologia atual e dentro do nosso sistema de produção e consumo
vigente, de fato, seria utópico.
Em contrapartida, se as mudanças tecnológicas forem acompanhadas de
mudanças de comportamentos de consumo, é possível ambicionar por
mudanças significativas nos paradigmas de produção e consumo atuais. Se, no
lugar de levar uma pessoa em um automóvel, passarmos a levar duas, já
teríamos uma redução de 50% no impacto ambiental por pessoa a cada
deslocamento.
Em alguns casos, essas mudanças já estão acontecendo. O trabalho
remoto, o ensino a distância e as compras on-line já permitem que a necessidade
de transporte, em alguns casos, seja eliminada ou reduzida significativamente.
O uso de aplicativos de carona permite também que algumas pessoas
compartilhem meios de transporte, reduzindo a necessidade de ter um carro
próprio.
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a cultura do modelo “use e jogue fora” também precisa mudar. Passar de um
modelo estruturado na propriedade de bens para um voltado ao atendimento de
necessidades é outra mudança importante.
No modelo atual, o usuário adquire bens e os utiliza até o momento do
descarte. O fabricante é responsável pela produção e distribuição e seu interesse
em reduzir materiais e emissões limita-se a essas fases do ciclo de vida do
produto. O cliente é quem gerencia o uso de materiais e emissões durante a fase
de uso e descarte. Para se manter e expandir seus negócios, o fabricante precisa
aumentar a produção, vender cada vez mais, e, para isso, muitas vezes incentiva
o descarte prematuro.
Se, no lugar de vender produtos, o fabricante passar a vender soluções
que atendem à uma necessidade, o foco muda significativamente. Isso pode ser
feito com um sistema de locação de produtos ou serviços. Muitas empresas já
estão desenvolvendo estratégias nesse sentido. Em lugar de vender automóveis
(produto), que tal vender o transporte (atendimento a uma necessidade)?
Algumas empresas já fazem isso há bastante tempo. Por exemplo: a
empresa, no lugar de vender copiadoras, passou a vender cópias. Qual a
diferença que isso faz para o meio ambiente? Vendendo copiadoras, o fabricante
precisa vender sempre mais máquinas se quiser crescer no mercado. Se a
máquina quebrar ou ficar obsoleta, o cliente precisa comprar outra e, desse
modo, as vendas aumentam, o que é bom para empresa. Agora, se no lugar de
vender a máquina a empresa cobrar pelas cópias, passa a ser interessante para
ela fornecer uma máquina resistente, que necessite de pouca manutenção, que
possa ser atualizada e cujos insumos como o cartucho do toner possam ser
reaproveitados de alguma forma. A empresa pode ganhar menos na venda dos
produtos, mas ganha mais na venda dos serviços.
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Observamos, no caso do produto exemplificado, que o fabricante é o
proprietário do produto até o final da sua vida útil. Para ele, é interessante que
esse produto dure bastante e que as trocas de refil sejam feitas só quando
realmente for necessário. Entretanto, como o fabricante é responsável pelo
descarte, ele tem também melhores condições de reaproveitar os matérias, seja
reutilizando componentes, seja reciclando corretamente os materiais.
Nesse caso, a empresa criou um sistema de logística reversa para que
peças descartadas dos produtos voltem ao sistema produtivo ou tenham uma
destinação adequada.
Produtos mais duráveis reduzem a necessidade de extração de novos
materiais e também dos descartes, o que é bom para o meio ambiente. O
reaproveitamento de materiais também reduz a pressão sobre a extração. A
garantia de manutenção do equipamento feita pela empresa oferece
comodidade para o cliente. Ainda, esse sistema de pós-venda de serviços
mantém o contato com o cliente, o que auxilia na sua fidelização e facilita
inclusive a oferta de outros serviços.
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Figura 5 – Sistema de compartilhamento de bicicletas
Crédito: Dkai/Shutterstock.
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Ainda, atende a uma necessidade de diferenciação da cliente, que pode usar
uma peça de roupa diferente por dia, sem precisar comprá-las, lavá-las ou
passá-las. A empresa também tem à disposição roupas adequadas para a moda
e para o clima do momento.
Existem também produtos que compramos para atender a uma
necessidade momentânea. Por exemplo, para fazer aquele furo na parede, de
vez em quando, as pessoas compram furadeiras que, em alguns casos, são
usadas uma vez por ano, ou até menos que isso. Sistemas de locação de
ferramentas poderiam suprir essa necessidade e eliminar a compra de objetos
que não são usados com frequência, trazendo vantagens para os clientes
inclusive quanto à liberação de espaço de armazenamento nas residências.
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Figura 6 – Bicicleta de uso compartilhado destruída por vandalismo
Crédito: Lmascaretti/Shutterstock.
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Com a pandemia da Covid-19, em 2020, mudanças no sistema de
produção e consumo que vinham ocorrendo lentamente foram aceleradas. Por
exemplo:
TROCANDO IDEIAS
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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Finalizando, os Sistemas de Produto e Serviço que reduzem a
necessidade de objetos contribuem para a redução da extração de materiais e
também dos descartes. E Sistemas de Produto e Serviço que reduzem a
necessidade de transporte podem contribuir significativamente para a redução
das emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis, grandes
responsáveis pelo aumento do efeito estufa e poluição do ar.
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REFERÊNCIAS
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