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METODOLOGIAS E

TÉCNICAS DE
MINIMIZAÇÃO,
RECICLAGEM E
REUTILIZAÇÃO

Thamiris Renata Martiny


Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

Olá aluno (a) Unifacear!


Seja bem-vindo (a) à aula Metodologias e técnicas de minimização,
reciclagem e reutilização.

INTRODUÇÃO

Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a


ordem de prioridade, que foi instituída pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos, qual seja, não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento
de resíduos sólidos e disposição final. Na contramão do que foi preconizado,
ainda hoje, os aterros sanitários fornecem uma solução conveniente e
econômica para o tratamento de resíduos sólidos. Os aterros sanitários,
originalmente previstos para durar cerca de 40 a 50 anos, são saturados muito
antes desse tempo devido ao rápido crescimento populacional e aos padrões
de consumismo. Isso sinaliza a gravidade da geração de resíduos sólidos que
deve ser tratada com seriedade. O aumento de resíduos sólidos tem causado
impactos significativos no meio ambiente. Portanto, a minimização de resíduos
sólidos tornou-se uma questão premente para economizar espaço em aterros
sanitários e preservar o meio ambiente (TAM et al., 2007).
A prevenção e gestão de resíduos sólidos é um problema residente com
consequências universais. Nos países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos, espera-se que a quantidade de resíduos sólidos aumente
três vezes até 2050, portanto, torna-se necessário minimizar a geração de
resíduos para proteger e prevenir a poluição ambiental, os riscos à saúde
humana e seus meios de subsistência em torno o mundo. Este tópico fornece
uma visão geral concisa da geração global de resíduos sólidos e discute várias
estratégias potenciais de minimização e gerenciamento com a reutilização e a
reciclagem (HUSSAIN; PAULRAJ; NUZHAT, 2021).

A cultura do desperdício

Os líderes globais e comunidades locais exigem cada vez mais uma


solução para a chamada “cultura do descarte”. Os resíduos também
representam um desafio mais amplo que afeta a saúde humana e os meios de

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subsistência, o meio ambiente e a prosperidade. O principal efeito ambiental da


cultura de consumismo é o aumento predatório do uso de recursos naturais
com a geração de resíduos sem a destinação final adequada, agravada pela
elevação da capacidade financeira e tecnológica de produção e de consumo
em escala global, e com alto índice de obsolescência. Por isso dá importância
das metodologias de minimização, reutilização e reciclagem de resíduos
sólidos. Aliado à cultura do descarte está resíduos sólidos que persistem no
meio ambiente por muitos anos, são difíceis de segregar e reaproveitar e os
quais a reciclagem é inviável, seja por motivos econômicos seja por suas
características de origem (COSTA; DIZ; OLIVEIRA, 2018; KAZA et al., 2018). O
Quadro 1 traz o tempo necessário para que cada tipo de resíduo seja
decomposto.

Quadro 1 - Quanto tempo leva para se decompor.

Resíduo sólido Tempo de decomposição


Papel toalha 2 – 4 semanas
Jornal 6 semanas
Miolo de maçã 2 meses
Caixa de leite encerada 3 meses
Madeira compensada 1 - 3 anos
Meia de lã 1 – 5 anos
Bituca de cigarro 1 – 5 anos
Saco plástico 10 – 20 anos
Lata de alumínio 80 – 200 anos
Solado de borracha 50 – 80 anos
Copo de isopor 50 anos
Garrafa de plástico 450 anos
Garrafa de vidro 1 milhão de anos
Fonte: (EPA, 2023).

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A gestão de resíduos sólidos é uma questão universal que importa para


cada pessoa no mundo. E com mais de 90% dos resíduos despejados ou
queimados abertamente em países de baixa renda, são os pobres e os mais
vulneráveis que são desproporcionalmente afetados. Nos últimos anos,
deslizamentos de terra de depósitos de resíduos enterraram casas e pessoas
sob pilhas de resíduos. E são os mais pobres que vivem perto de depósitos de
resíduos e alimentam o sistema de reciclagem de sua cidade por meio da
coleta, deixando-os suscetíveis (KAZA et al., 2018).
Resíduos mal gerenciados estão contaminando os oceanos do mundo,
entupindo ralos e causando inundações, transmitindo doenças, aumentando os
problemas respiratórios decorrentes de queimadas, prejudicando animais que
consomem resíduos sem saber e afetando o desenvolvimento econômico,
como, por meio do turismo. Os gases de efeito estufa dos resíduos também
são um fator importante para as mudanças climáticas. A má gestão de resíduos
também contribui para a emissão de gases poluentes (KAZA et al., 2018).
Diminuir quantidade de resíduo sólido produzido, incentivar o descarte
correto e reaproveitar os resíduos são desafios que muitos países vêm
enfrentando ao longo dos últimos anos. No Brasil, um dos maiores geradores
de lixo do mundo, a questão ainda é incipiente e carece de muita discussão.

Os princípios do ciclo de vida

O termo ciclo de vida refere-se ao berço ao túmulo, ou seja, ao tempo que


um material ficou disponível desde sua produção até o seu descarte.
Historicamente, a ciência e a tecnologia têm se concentrado em novas ideias,
conceitos, produtos e suas aplicações, com o objetivo de dar vida útil a
produtos que atendam às nossas necessidades. Mas, no passado, demos
pouca atenção ao descarte dos resíduos. Ao ignorar o ciclo final, perdemos de
vista o fato de que os recursos naturais usados na fabricação de produtos não
são infinitos e que, em nível mundial, a taxa na qual consumimos produtos com
uma mentalidade descartável é insustentável. Além disso, causamos danos
duradouros e até mesmo irreparáveis ao nosso meio ambiente, introduzindo
cada vez mais resíduos e poluição no meio ambiente. Da mesma forma,
quando contamos com tecnologias ineficientes para produzir produtos em

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massa, desperdiçamos continuamente mais recursos e geramos mais poluição.


A Figura 1 ilustra o ciclo de vida baseado na economia circular.

Figura 1 – Ciclo de vida e economia circular.

Fonte: (APCER, 2018).

Os princípios do ciclo de vida consideram de forma igualitária as três


fases da existência de um produto, incluindo como o produto é feito. Esses
princípios não são novos e, de fato, existem há décadas, mas só agora
estamos começando a aprender como aplicá-los de maneira eficaz ao projetar
novos produtos e tecnologias mais eficientes. Isso é conhecido como design
para o meio ambiente (CHEREMISINOFF, 2003). E tanto na nossa vida
cotidiana como no setor industrial podemos pensar em um modo de produção e
de consumo mais sustentável no sentido da minimização da geração de
resíduos, seu reaproveitamento e da sua reciclagem.

Minimização de resíduos: aspectos gerais

Minimização de Resíduos pode ser definida como o meio pelo qual


alcançar uma redução de resíduos sólidos que são gerados ou
substancialmente tratado, armazenado ou descartado. Inclui qualquer fonte
atividade de redução ou reciclagem realizada por um gerador que resulta em: a
redução do volume ou quantidade total de resíduos sólidos; ou a redução da
toxicidade dos resíduos perigosos, ou ambos, desde que tal redução seja

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consistente com o objetivo de minimizar as ameaças presentes e futuras à


saúde humana e ao meio ambiente (Relatório da EPA ao Congresso, 1986,
EPA/530-SW-86-033).
Nesse contexto, uma prática valiosa a ser aplicada é o da política dos 5
R’s. Essa política tem como objetivo minimizar a geração de resíduos, em
grande parte em empresas, porém nada impede que apliquemos nos mais
diversos setores, inclusive no nosso dia a dia (VGR, 2020). A Figura 2
apresenta as cinco ações dessa política, que são: repensar, recusar, reduzir,
reutilizar e reciclar.

Figura 2 – Política dos 5 R’s.

Fonte: Autoria própria.

Repensar

A responsabilidade com o meio ambiente nos traz a reflexão dos nossos


hábitos de consumo. Isso não é muito diferente dentro de uma empresa que
busca alcançar a sustentabilidade ambiental.
Abaixo são apresentados alguns questionamentos que nós como
indivíduos no nosso dia a dia, ou como indústria, sendo um bom gestor
ambiental devemos nos fazer para repensar nossos hábitos de consumo na
direção da minimização da geração de resíduos.
Será que o que estou comprando realmente é algo necessário para as
minhas atividades?

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A empresa realmente precisa? Do que é feito? Quem fez?


Como destinar os resíduos corretamente?
Aonde posso reduzir na geração de resíduos?

Recusar

É importante entender o conceito de recusar, porque esse passo pode ser


uma prática difícil, pois envolve recusar certa quantidade de produção de
resíduos em algum processo. Você terá que minimizar a produção de resíduo,
recusando-se a usar materiais como plásticos descartáveis e produtos não
recicláveis. A logística pode parecer intimidante no início, mas existem
materiais melhores e com muito menos desperdício que podem ser uma opção
de escolha. Embora isso nem sempre seja fácil no início, é a maneira mais
eficaz de minimizar a quantidade de resíduos que uma empresa está
produzindo. Observe também os fornecedores com os quais você está
trabalhando e evite levar embalagens de produtos extras ou desnecessárias.
Uma boa opção para são recipientes e embalagens reutilizáveis ou retornáveis.
Mudar para decisões de compra mais sábias e manter padrões mais eficientes
no início do processo de gerenciamento de resíduos facilitará muito a recusa
de resíduos desnecessários (CMEG, 2023).

Reduzir

Esta etapa é extremamente benéfica para o objetivo final do processo.


Reduzir refere-se à redução de materiais nocivos, inúteis e não recicláveis para
que haja uma economia em termos financeiros, o que também beneficia o meio
ambiente. Quando você diminui a quantidade desses materiais, principalmente,
os não recicláveis, menos vai para o a destinação final. Ao limitar o uso desses
materiais, você contribui para um futuro mais sustentável. Tente usar a menor
quantidade de material para diminuir a quantidade de resíduos em excesso.
Um ótimo exemplo disso é a impressão de um documento. Você pode diminuir
o desperdício de papel imprimindo em frente e verso.

Reutilizar

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Muitos resíduos que são gerados e na sequência descartados podem ser


reaproveitados reduzindo a quantidade que seria enviada aos aterros ou ao
tratamento. A ação de reutilizar na política dos 5 R’s nas indústrias favorece a
diminuição de seus custos de aquisição e de destinação, uma vez que não será
necessário adquirir a matéria-prima para fabricação ou pagar pelo tratamento e
disposição em aterros sanitários. Além disso, permite o desenvolvimento
tecnológico, uma vez que será desenvolvido meios de reaproveitar essas
sobras sem diminuir a qualidade dos produtos.
O processo de reutilização começa com a suposição de que os materiais
usados que fluem por nossas vidas podem ser um recurso e não um resíduo
sólido. O resíduo de uma pessoa é o tesouro de outra. Se realmente olharmos
para as coisas que estamos jogando fora, podemos aprender a vê-las como
materiais que podem ser reutilizados para resolver problemas cotidianos e
satisfazer necessidades. A maioria de nós, no entanto, nem começou a
explorar os recursos em nosso resíduo. A reutilização economiza dinheiro,
conserva recursos e satisfaz o desejo humano de ser criativo. A seguir estão
alguns exemplos de reutilização (RAHMAN, 2014).
Os recipientes podem ser reutilizados em casa ou para projetos
escolares;
Reutilize papel de embrulho, sacolas plásticas, caixas e madeira;
Dê roupas que não usa mais para amigos ou instituições de caridade;
Compre bebidas em embalagens retornáveis;
Doe aparelhos quebrados para instituições de caridade ou uma escola
vocacional local, que pode usá-los para aulas de arte ou para os alunos
praticarem consertos;
Ofereça móveis e utensílios domésticos que não são mais necessários
para pessoas necessitadas, amigos ou instituições de caridade;
Folhas de papel que foram usadas em apenas um lado podem ser
usadas para anotações ou rascunhos;
Toalhas e lençóis velhos podem ser cortados em pedaços pequenos e
usados como panos de limpeza;
Livros e revistas podem ser doados para escolas, bibliotecas públicas
ou asilos;

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Jornais podem ser doados para pet shops;


Leve uma sacola reutilizável ou leve sacolas para a loja quando for às
compras.
Os pneus velhos podem ser usados no jardim e no parque infantil.

Fique ligado! Materiais biodegradáveis x Materiais biopoliméricos

Materiais biodegradáveis: são aqueles materiais que podem ser


degradados pela ação de seres vivos, que são comumente bactérias e
fungos.

Materiais biopoliméricos: diferentemente dos materiais produzidos a


partir de polímeros convencionais advindos da indústria petroquímica,
os materiais biopoliméricos são produzidos a partir de matérias-primas
renováveis.

Note que, não é porque um resíduo é um biopolímero que ele será


biodegradável!

Reciclar

A etapa final do processo é reciclar, o que significa exatamente o que


parece. Depois de ter feito esforços de qualidade para passar por todas as
etapas anteriores dos 5 R’s, a reciclagem é uma ótima opção final. Uma das
principais formas pelas quais continuamos nos esforçando para sermos mais
ecológicos é reciclar tudo o que tem essa opção.
A reciclagem é o processo de transformação dos materiais que podem
voltar para o seu estado original ou se transformar em outro produto, sendo
necessário aplicar processamentos físicos, químicos ou biológicos. Ao reciclar
qualquer produto a organização reduz o consumo de água, energia e matéria-
prima, além de gerar trabalho e renda para milhares de pessoas. A reciclagem
é uma prática ambiental de desenvolvimento social e preservação ambiental
(BARROS, 2012; BRAGA et al., 2005).

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Processo de reciclagem

É importante detalhar os critérios que devem ser considerados na escolha


do processo de reciclagem. Reciclar envolve a aplicação de transformações em
resíduos sólidos descartados, de forma que possam ser utilizados novamente,
na forma de matérias-primas, produtos ou geração de energia. Em linhas
gerais, existem quatro materiais que podem ser reciclados, que são: plásticos,
metais, vidros e papéis (SILVEIRA, 2021).

Reciclagem de plásticos

A reciclagem de plásticos é de altíssima relevância, haja vista que, os


mesmos são derivados do petróleo, este um recurso não renovável, e também
por serem bastante persistentes no meio ambiente levando anos para se
decomporem. Aliado a isso, existe inúmeros tipos de plásticos, que são muitas
vezes, em seu processo produtivo agregados de aditivos e pigmentos. Isso
torna a reciclagem plástica bastante complexa, sobretudo pela segregação que
deve ser bem realizada.
Para facilitar a coleta seletiva e a viabilização da reciclagem os materiais
fabricados com plástico recebem uma numeração que permite a identificação
do polímero dominante. O Quadro 2 traz essa numeração e os tipos de
polímeros plásticos mais utilizados e aspectos da sua reciclagem.

Quadro 2 – Numeração e tipos de polímeros plásticos.


Número Exemplo de
Sigla e nome Exemplo de
atribuído a uso do
do plástico uso original
reciclagem reciclado

PET
Garrafas de Fibras de
(Polietileno
bebida tapete
tereftalato)

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Embrulho de
PVC
alimentos; Ladrilhos para
(Policloreto de
material de piso
vinila)
construção

PE Copo de
Isolantes
(Poliestireno) plástico

Fonte: Autoria própria.

O Fluxograma apresentado na Figura 3 ilustra um processo convencional


da reciclagem mecânica de plásticos.

Figura 3 - Reciclagem mecânica de plásticos.

Resíduo
Separação Moagem
plástico

Processamento Secagem Lavagem

Pellets ou
artefatos

Fonte: Adaptado de (SILVEIRA, 2021).

Existe também a reciclagem química que visa à separação do polímero


em suas unidades menores, os monômeros, mas no atual estado da técnica, a
mesma é inviável, pois os custos energéticos são altos (SILVEIRA, 2021).

Reciclagem de papéis

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

Antes de entrarmos no processo de reciclagem, é importante observar


que tipo de produto de papel pode ser reciclado nas fábricas de papel. Esses
produtos incluem (mas não estão limitados a): papel de cópia, envelopes,
jornais, agendas telefônicas, cadernos e revistas.
Os trituradores de papel são bons para ocultar informações pessoais de
olhares indiscretos, mas dificultam a reciclagem. As pequenas tiras de papel
picado podem facilmente ficar presas no maquinário complexo da instalação de
reciclagem, danificando as máquinas ou retardando todo o processo porque as
máquinas tiveram que parar para retificar as sobras presas. É incomum que os
serviços de reciclagem na calçada aceitem papel picado, mas alguns aceitam,
portanto, verifique com as instalações locais antes de deixar algum de fora.
A primeira etapa da reciclagem de papel é coletar o papel descartado
para enviar para instalações de reciclagem. Colocamos o papel em uma lixeira
separada para mantê-lo longe de outros resíduos - papel contaminado, como
papel sujo com comida, graxa ou produtos químicos nocivos, não pode ser
reciclado e será encaminhado para um aterro sanitário. A segunda etapa é o
transporte e classificação: Com o papel colocado no caixote adequado, um
transportador de resíduos e reciclagem virá recolher o papel e transportá-lo
para uma instalação de recuperação de materiais para ser classificado. O papel
é medido e classificado em categorias separadas, pois certos produtos de
papel serão processados de maneira diferente dependendo do tipo. Por
exemplo, o papel brilhante para revista será tratado de forma diferente de um
pedaço padrão de papel para impressora, portanto, eles precisam ser
classificados separadamente.
A terceira etapa consiste na trituração e polpação: depois que o papel é
classificado e verificado quanto a contaminantes, ele é enfardado e enviado
para uma fábrica de papel, onde o processo de reciclagem realmente começa.
Na fábrica de papel, o papel é triturado em pequenos pedaços. Grandes
quantidades de água e produtos químicos, como peróxido de hidrogênio,
hidróxido de sódio e silicato de sódio, são adicionados aos fragmentos para
quebrar ainda mais o papel em fibras de papel separadas. O resultado é uma
mistura pastosa conhecida como polpa, a matéria-prima usada para fazer papel
reciclado. O destintamento é a etapa seguinte: depois que os grandes
contaminantes são removidos, a polpa é colocada em um grande tanque de

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flutuação com mais produtos químicos e bolhas de ar. Os produtos químicos e


as bolhas de ar ajudam a remover corantes e tintas da polpa, aumentando a
pureza e a brancura da polpa. Por último vem a secagem: esta é a etapa final
do processo de reciclagem do papel. Uma vez que a polpa foi destintada, ela é
passada por rolos maciços para espremer o excesso de água da mistura. Uma
vez removida a umidade, a polpa é enviada através de rolos aquecidos para
formar longos rolos de folhas contínuas de papel. A partir daí, as bobinas de
papel são enviadas a vários fabricantes para serem transformadas em produtos
de papel (SUKALICH, 2016).

Reciclagem de vidro

Uma vez que o vidro é recolhido e levado para ser reprocessado, é:

1. Classificado mecanicamente por cores, se necessário;


2. Esmagados e os contaminantes removidos;
3. Misturado com as matérias-primas para colorir e/ou melhorar as
propriedades conforme necessário;
4. Derretido em uma fornalha;
5. Moldado ou soprado em novas garrafas ou frascos.

O vidro reciclado pode ser usado para fazer uma ampla gama de produtos
do dia a dia e alguns completamente inesperados, incluindo: garrafas e potes
novos, isolamento de lã de vidro para residências, que também ajuda na
eficiência energética e meios filtrantes de água (BARROS, 2012).

Reciclagem de metais
Os metais recicláveis mais comuns incluem alumínio e aço. Os outros
metais, por exemplo, prata, cobre, latão e ouro, são tão valiosos que raramente
são jogados fora para serem recolhidos para reciclagem. Portanto, eles não
criam uma crise ou problema de descarte de resíduos.
O processo de reciclagem de metal é semelhante ao processo de
reciclagem usual. Os metais são primeiro classificados com base em suas
propriedades. É, no entanto, importante ter uma compreensão ou

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conhecimento básico sobre metais. Isso ajudará a reciclá-los e manter um


ambiente verde. O processo de reciclagem de metais segue as seguintes
etapas (BARROS, 2012):

1. Coleta
2. Classificação
3. Processamento
4. Trituração
5. Fusão e purificação
6. Solidificação do metal
7. Transporte das barras metálicas

Processo de segregação e coleta seletiva

Para que as ações de reutilização e reciclagem sejam efetivadas faz-se


necessário o provimento de uma estrutura para os resíduos potencialmente
reaproveitáveis e recicláveis não vão parar na destinação final. Por isso, a
segregação e coleta devem fazer parte das técnicas para minimização de
resíduos sólidos.
A segregação diz respeito à separação dos resíduos sólidos de acordo
com a classificação definida. Quanto maior o nível de segregação mais bem
separado está os resíduos, assim podendo ser encaminhados para os
processos de reutilização e reciclagem mais adequados, sem que haja
interferentes. Por exemplo, o processo de reciclagem de latas de alumínio será
mais eficiente quando as latas estiverem separadas dos resíduos orgânicos.
Em alguns casos o processo de reciclagem é inviabilizado. Considerando esse
contexto o ideal é que os resíduos sejam segregados já na fonte, ou seja, no
lugar onde ele foi gerado.
Outro fator importante é a coleta seletiva, que só possível pela
segregação na fonte (pelo cidadão e pelas empresas). A coleta seletiva diz
respeito ao recolhimento dos materiais com base em seus constituintes
principais, garantindo a viabilidade do reaproveitamento e da reciclagem
(BARROS, 2012; CANEJO, 2022).

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

Assim, tendo em vista a grande geração de resíduos sólidos a


investigação de espaços disponíveis para de aterros sanitários faz-se
necessária, além disso investigar os métodos atuais de redução de resíduos;
avaliar a eficácia de cada método de redução de resíduos existente; prever
dificuldades e fornecer recomendações para minimizar de forma mais eficaz o
desperdício e economizar espaço no aterro, bem como prejuízos ao meio
ambiente. As recomendações que dizem respeito à minimização, reutilização e
reciclagem de resíduos sólidos: Propor um esquema de cobrança de aterro
mais alto; Criação de um espaço centralizado de reciclagem de materiais;
Obter apoio do poder público para fornecer terras para usinas de reciclagem;
Permitir locais específicos para fácil acesso ao descarte de materiais
recicláveis. Implantação de usinas de reciclagem sob a forma de instalações
móveis; Equilibrar a oferta e a demanda de materiais reciclados por meio de
legislações ou esquemas de incentivo.

Métodos para redução de resíduos – o caso industrial

É essencial que uma abordagem metódica passo a passo seja adotada


para reunir os vários grupos e garantir a implementação de qualquer programa
de minimização de resíduos. A abordagem deve ser flexível o suficiente para
se adaptar a circunstâncias inesperadas. Tal abordagem também garante a
exploração de oportunidades máximas de minimização de resíduos. Uma
abordagem típica que foi experimentada e testada em várias situações é
discutida aqui (CHEREMISINOFF, 1995).
Uma equipe de minimização de resíduos é essencial para coordenar o
programa para implementar as várias medidas e assumir a responsabilidade
geral. A equipe deve incluir pessoal de operação, engenharia de projeto,
pessoal de gerenciamento. Dependendo da necessidade, especialistas
externos também podem ser incluídos. Deve ser lembrar que cada estudo de
auditoria é único e específico da indústria ou planta. As atividades de
minimização de resíduos requerem diversos documentos e informações. Caso
não estejam disponíveis, deverão ser gerados e atualizados.
Durante o primeiro estudo, a equipe deve identificar fluxos de entrada e
saída. As principais e óbvias áreas de geração de resíduos devem ser

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

marcadas. Rotular os fluxos de resíduos em relação ao seu estado físico


(sólido, líquido ou gasoso) é uma ajuda subsequente na fase de quantificação
de resíduos. Se possível, as razões para a geração de resíduos também
devem ser identificadas e registradas. Em uma fábrica de celulose e papel, por
exemplo, apenas uma manutenção inadequada pode contribuir com uma
quantidade significativa de resíduos. Esta área muitas vezes negligenciada
pode ser o ponto de partida mais simples e atraente para efetuar a minimização
de resíduos. Ao conduzir o primeiro estudo do chão de fábrica, a equipe de
minimização de resíduos deve prestar atenção especial às áreas com
manutenção precária.
A minimização dos resíduos ainda inclui mudanças de fabricação,
mudanças de equipamento, reformulações e substituições de produtos. A
redução de resíduos é um esforço contínuo. É necessário rastrear cada fonte
para caracterização, em vez de lidar com um fluxo misto. Por meio da
observação e amostragem do processo, determine a quantidade, a composição
e o fluxo em todos os momentos do dia e da noite. A variação do fluxo e
concentração de resíduos é muito importante. Essa observação e amostragem
do processo fornecerão informações sobre a verdadeira causa da geração de
resíduos para posterior seleção de alternativas de redução de resíduos. Ele
fornece informações sobre se os resíduos são gerados devido à química do
processo, equipamento usado, procedimento operacional ou manutenção
inadequada. Deve-se observar o tipo de tratamento que será escolhido para
que ele não resulte na transferência do problema da poluição.
Muitas indústrias têm conseguido investir na reciclagem no local e, assim,
resolver ou reduzir tanto os problemas de custos de gestão como as
necessidades de matéria-prima. Para as pequenas indústrias que não podem
arcar com tais investimentos, existem vários recicladores externos.
Outra metodologia é a troca de resíduos. Os materiais que uma indústria
vê como resíduos podem na verdade ser um recurso valioso para outra. As
redes informativas chamadas "trocas de lixo" funcionam como os "pessoais"
dos jornais populares: as empresas industriais preenchem formulários
descrevendo os resíduos que produzem ou as matérias-primas de que
precisam. Esta informação é então impressa em publicações. A busca se
completa quando uma empresa é contatada por alguém que precisa e tem

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

condições de reciclar a matéria-prima presente nos resíduos. Ambas as partes


se beneficiam, seja com a venda e evitando custos de descarte de resíduos
anteriormente não comercializáveis, seja recebendo matérias-primas preciosas
a preços baratos.
Não importa o quão bem-sucedido seja um programa de redução de
resíduos, sempre haverá alguns resíduos a serem tratados ou descartados.
Para fluxos específicos, a seguinte prioridade (em ordem decrescente de
preferência) deve ser aplicada no controle da poluição (CHEREMISINOFF,
1995; TONSUK, 1970):

Redução no processo
Recuperação e reutilização de materiais
Utilização externa
Tratamento de resíduos
Encaminhamento para destinação final

Ações público-privadas e melhores escolhas

Nos últimos anos muitos países proibiram a distribuição de plásticos


descartáveis ou limitaram os seus usos, como medida para minimização da
geração de resíduos sólidos. No Brasil, ainda encontra-se em discussão no
Senado Federal Brasileiro o Projeto de Lei n° 263, de 2018, o qual dispõe:

Art. 2º O Capítulo VI do Título III da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de


2010, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 49-A:
“Art. 49-A. São proibidas a fabricação, a importação, a distribuição,
ainda que a título gratuito, e a comercialização de sacolas plásticas
para acondicionamento e transporte de mercadorias, bem como de
utensílios plásticos descartáveis para consumo de alimentos e
bebidas.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição estabelecida no caput as
sacolas e os utensílios descartáveis fabricados com material
integralmente biodegradável, na forma do regulamento.”(COMISSÃO
DE DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA, 2018).

No entanto, no estado de São Paulo já está em vigor a Lei nº 17.110, de


12 de julho de 2019, a qual proíbe o fornecimento de canudos confeccionados
em material plástico no Estado e dá outras providências.

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

A Rotulagem Ambiental ou Selos Verdes também são outra ferramenta na


direção de melhores escolhas de consumo e métodos de produção
ambientalmente amigáveis para a minimização da geração de resíduos sólidos.
A Rotulagem Ambiental ou Selos Verdes são rótulos que atestam o
compromisso da empresa com o meio ambiente, como por exemplo, a redução
da geração de resíduos no seu processo produtivo e o uso de matérias-primas
biodegradáveis ou biopoliméricos.
O mecanismo de rotulagem ambiental fundamenta-se em dados
fornecidos nos rótulos de embalagens para que os compradores consigam
escolher produtos com menor impacto ambiental no que se refere aos produtos
concorrentes à disposição no mercado. Outros símbolos também são utilizados
para mostrar elementos sobre características ambientais gravadas nos rótulos
de produtos, por exemplo, selo verde ou ecológico, rótulo ecológico, eco rótulo,
eco selo, etiqueta ecológica e declaração ambiental (TRINDADE, 2010). A
Tabela 1 mostra um rol de exemplificativo da rotulagem ambiental.

Tabela 1 – Rotulagem ambiental e selos verdes.

Rotulagem Ambiental Países Nome do Programa

Estados Unidos Green Seal

Japão Eco-Mark

União Européia Flower

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

Selo Ecológico Falcão


Brasil
Bauer

Selo verde
Brasil desenvolvido pela
Braskem

Fonte: Autoria própria.

Existe ainda a política do “Resíduo Zero”, que vem tendo uma adesão
crescente, especialmente, pelas indústrias. O Resíduo zero ou desperdício
zero é um conjunto de normas baseadas na prevenção de resíduos, que
promove a renovação dos ciclos de vida dos recursos para reutilização de
todos os itens. O objetivo é não enviar resíduos sólidos para aterros sanitários,
incineradores ou oceano. Apenas 9% do plástico é reciclado. O material será
reutilizado em um programa de desperdício zero antes que o nível de uso ideal
seja alcançado. O resíduo zero recupera e usa produtos que seriam
despejados na natureza e nos oceanos (SHWETA PAL; SUBHASHINI;
ARUNACHALAM, 2020). Desperdício zero é um estilo de vida, uma maneira de
pensar e uma filosofia para a empresa. Por exemplo, nunca compre, use ou
forneça canudos de plástico, garrafas de plástico ou embalagens! Você
também ajuda a limpar a natureza e os oceanos dizendo não aos plásticos
(Zero Waste Manifesto, 2018). Zero desperdício impede que resíduos sejam
enviados para aterros que poluem a natureza e o meio ambiente, e motiva as
empresas a produzirem com ainda mais responsabilidade. Conservação de
todos os recursos através do processamento responsável; uso, reutilização e
reciclagem de bens; embalagens e materiais sem queimar; e nenhuma
descarga no solo, na água ou no ar que coloque em risco o meio ambiente ou a
saúde conforme descrito pela Zero Waste International Alliance (ZWIA) (Zero
Waste International Alliance, 2020).
Valores para levar uma vida sem desperdício:

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

Bem-estar de plantas e animais em relação às necessidades do cliente


e facilidade de uso;
Recursos naturais em relação à produção em massa;
Reciclagem em relação ao uso único;
Produtos frescos locais em relação a itens importados;
Embalagens biodegradáveis em relação à embalagens plásticas;

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

RESUMO
Como a prevenção é preferível à cura de um problema, essa afirmação pode
ser considerada compatível com as iniciativas de gerenciamento de resíduos
sólidos. Considerando uma variedade de benefícios que a prevenção da
geração de resíduos garante sobre o tratamento de resíduos e a destinação
final, o Tópico 3 trouxe as metodologias e técnicas de minimização, reciclagem
e reutilização de resíduos sólidos. Ele também explora as estratégias de
minimização de resíduos amplamente utilizadas, como abordagem 5 R’s
(Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Ainda, nesse tópico 3
estudamos aspectos importantes sobre a reciclagem de plásticos, metais,
papéis e vidros, apresentando as principais técnicas envolvidas na
transformação de resíduos em novas matérias-primas. Aprendemos como
esses conceitos podem ser aplicados na prática na minimização de resíduos
sólidos no setor industrial. Por fim, falamos de estratégias valiosas para a
efetivação da minimização de resíduos sólidos, tais como a edição de leis pelo
poder público, a rotulagem ambiental e a política resíduo zero.

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Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização

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