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'LVFLSOLQD$JHQWHV4XtPLFRV

8QLGDGH0HGLGDVGH&RQWUROH

$YDOLDomRGH$JHQWHV4XtPLFRV

O campo de atuação dos higienistas no contexto de uma organização abrange


quatro diferentes níveis de ação:
ƒ Antecipação,
ƒ Reconhecimento,
ƒ Avaliação e
ƒ Controle.

Conforme já citado, esta atuação requer quase sempre o envolvimento de vários


profissionais com formação acadêmica diferenciada, tendo em vista a complexidade
do assunto.

$QWHFLSDomRGHULVFRV

A antecipação de riscos envolve basicamente a análise de projetos de novas


instalações, métodos ou processos de trabalho ou de modificação dos já existentes,
visando identificar e quantificar qualitativamente os riscos potenciais e introduzir
proativamente medidas de controle ou alternativas operacionais que eliminam ou
reduzam tais riscos.

Trata-se de uma fase importante e ainda pouco desenvolvida no Brasil, que, quando
bem feita e efetivamente implementada -ainda na fase que antecede o início da nova
unidade e/ou processo- gera ambientes e instalações isentas de situações
insalubres significativas e de condições que impactam severamente o conforto dos
trabalhadores, evitando, por conseguinte futuras intervenções corretivas, na maioria
das vezes onerosas e impactantes a produção quando o processo já se encontra em
operação.

É, portanto uma alternativa técnica de tratar as futuras situações de risco de uma


forma eminentemente proativa, eficaz e mais econômica, a médio e longo prazo, já

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que elimina ou reduz os riscos à saúde "ainda na prancheta", ou seja, na fase de
concepção das novas estruturas, definição de lay-outs e de processo e de
especificação de equipamentos e maquinários. Nesta circunstância, pequenas
modificações, muitas vezes sem custo ou com um pequeno custo adicional, podem
ser suficientes para se obter ambientes ocupacionalmente adequados, muitas vezes
independentes do uso de equipamentos de proteção individual.

Também faz parte desta etapa a análise das fichas de segurança de produtos
químicos (também conhecidas por MSDS – Material Safety Data Sheet) e de
catálogos técnicos de equipamentos que os projetistas pretendem inserir no
processo. A título de ilustração destas intervenções, podemos citar o caso de
compra de um trator de esteira, cujos níveis de ruído e vibração de corpo inteiro
geralmente ultrapassam os limites de exposição para jornadas de trabalho de 8
horas diárias, quando esta máquina é desprovida de cabine e assento anti-vibração.
Caso conste na especificação de compra o fornecimento deste equipamento com
cabine aclimatizada, com tratamento acústico e assento anti-vibração, certamente
ter-se-á uma melhor condição de trabalho para o operador, dispensando o mesmo
do uso de protetores auriculares.

O profissional que atua nesta etapa, além de formação e experiência em disciplinas


prevencionistas, deve ter também um bom conhecimento da rotina da área de
projetos, incluindo os softwares comumente utilizados em engenharia, como por
exemplo, AutoCAD.

5HFRQKHFLPHQWRGHULVFRV

O reconhecimento de riscos compreende a identificação de agentes ambientais reais


em um local de trabalho e/ou processo já em operação, incluindo materiais,
operações associadas, manutenção, subprodutos, rejeitos, produtos finais, insumos,
etc.

O item 9.3.3 da NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais determina


que esta etapa deva conter os seguintes itens, quando aplicáveis:
a) sua identificação,

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b) determinação e localização das possíveis fontes geradoras,
c) identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos
agentes no ambiente de trabalho,
d) identificação das funções e determinação do número de trabalhadores
expostos,
e) caracterização das atividades e do tipo de exposição,
f) obtenção de dados existentes na empresa indicativos de possível
comprometimento da saúde decorrente do trabalho,
g) possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na
literatura técnica,
h) descrição das medidas de controle já existentes.

A planilha abaixo é um exemplo do produto final da etapa de reconhecimento de


riscos, específica para poeira mineral contendo sílica livre cristalizada, tomando
como referências os parâmetros mínimos exigidos pela NR-9:

$*(17(POEIRA MINERAL CONTENDO SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA


+È5(*,67526'(
3266Ë9(,6'$126¬6$Ò'(
'$126¬6$Ò'("

Ag ente p otenc ia lmente c a usa d or d e silic ose. Sim, se gund o informa ç ões
d a p róp ria emp resa .

)217(6*(5$'25$6 0(,26'(3523$*$d­2

Uso d e a r c omp rimid o p a ra limp eza d e rod a s e p neus Ma teria l p a rtic ula d o em susp ensã o no a r, c om
usa d os. g ra nulometria va ria d a .

1Ò0(52'( 1$785(=$'$
&$5*26327(1&,$/0(17((;326726
(035(*$'26 (;326,d­2
Borra c heiro 01 Ha b itua l e intermitente
Ajud a nte d e b orra c heiro 02 Ha b itua l e intermitente

&21752/(6(;,67(17(6
1$(035(6$
Nã o c onsta ta d o nenhum tip o d e c ontrole esp ec ífic o p a ra o
a g ente em q uestã o .

Trata-se de umaetapa importantíssima, já queaquilo que não é reconhecido não é


avaliado e nem tampouco controlado.

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Para desenvolver esta etapa de forma eficaz, o higienista deve ter conhecimento
detalhado do processo produtivo, inspecionar detalhadamente os locais de trabalho
e contar com a colaboração do pessoal da produção, manutenção e outros setores
ligados ao processo industrial, atentando para a possibilidade de que às vezes, até
os próprios técnicos e trabalhadores envolvidos diretamente na operação em estudo
possam não ter conhecimento de todos os riscos ambientais que os mesmos
produzem ou então, julgarem que determinadas informações não sejam importantes
para a elaboração deste diagnóstico. Consulta a outras empresas que possuem
processos similares e à literatura especializada podem suprir esta eventual
deficiência.

Reiteramos que a inspeção criteriosa nos locais e postos de trabalho e a entrevista


com os trabalhadores envolvidos são fundamentais.

O número de substâncias registradas no Chemical Abstract Service (CAS)


ultrapassa a casa dos vinte milhões, sendo que deste total, mais de cinco milhões
são comercializadas regularmente. Estes números demonstram a dificuldade de se
fazer um bom reconhecimento de riscos em operações químicas e correlatas,
principalmente para aqueles que não possuem formação nesta disciplina,
principalmente quando não se dispõe de fontes seguras de informações e pesquisa.

São pontos importantes na fase de reconhecimento de riscos nos processos


químicos:
• Identificação das substâncias presentes ou passíveis de ocorrerem;
• Conhecimento dos seus produtos e sub-produtos de transformação ou
degradação decorrentes do processo produtivo;
• Comportamento das substâncias, após sua liberação no local de trabalho;
• Propriedades físicas, químicas e toxicológicas, tais como vias de penetração,
efeitos a curto, médio e longo prazo, pressão de vapor, toxicidade, efeitos
aditivos, limites de exposição ocupacional, conseqüência da interação com
outros agentes químicos ou físicos, etc;

Estas características dos agentes químicos fazem com que em muitos casos,
dependendo da complexidade do processo em estudo, faz-se necessário recorrer à

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consultoria de um higienista com formação básica em química ou em outras
disciplinas afins.

De uma forma geral, o profissional responsável pelo desenvolvimento do


reconhecimento de riscos deve procurar conhecer e entender:
Tecnologia da produção
ƒ 3URFHVVRVXVDGRV
ƒ )OX[RJUDPDV
ƒ 3DUkPHWURVWpFQLFRV SUHVVmRWHPSHUDWXUDHWF 
ƒ 0iTXLQDVHHTXLSDPHQWRV
Lay-out das instalações dos postos de trabalho:
ƒ 'LPHQV}HV
ƒ 7LSRGHHGLILFDomR
ƒ 7LSRGHYHQWLODomRHLOXPLQDomRHWF
Inventário dos produtos e dos insumos:
ƒ 0DWpULDVSULPDV
ƒ 3URGXWRVLQWHUPHGLiULRV
ƒ 3URGXWRVGHGHFRPSRVLomR
ƒ 3URGXWRVGHFRPEXVWmR
ƒ 3URGXWRVILQDLV
ƒ $GLWLYRVHFDWDOLVDGRUHV
Organização do trabalho:
ƒ 1RUPDVRSHUDFLRQDLV  
ƒ -RUQDGDVGHWUDEDOKR
ƒ 6LVWHPDVGHSURWHomRLQWUtQVHFDGDVPiTXLQDVHHTXLSDPHQWRV
ƒ 6LVWHPDV GH SURWHomR DGLFLRQDO YHQWLODomR XPLGLILFDomR (3,
HWF 
ƒ 2UJDQRJUDPD
ƒ *UDXGHPDWXULGDGHJHUHQFLDOGDRUJDQL]DomR
ƒ )DWRUHV PRWLYDFLRQDLV H GH PLQLPL]DomR GR VWUHVV ItVLFR H
PHQWDO
Condições ambientais
ƒ 'LUHomRHLQWHQVLGDGHGDVFRUUHQWHVGHDU
ƒ 7HPSHUDWXUDGRDU

5
ƒ 8PLGDGHUHODWLYDHSUHVVmRDWPRVIpULFD.
Propriedades físico-químicas dos produtos envolvidos.
ƒ 3UHVVmRGHYDSRU
ƒ 'HQVLGDGH
ƒ 5HDWLYLGDGH
Aspectos toxicológicos dos produtos em uso
ƒ 9LDVGHSHQHWUDomRQRRUJDQLVPR
ƒ 0HLDYLGDELROyJLFD
ƒ /LPLWHVGHWROHUkQFLDRXGHH[SRVLomR
ƒ (VWDELOLGDGH GDV PDWpULDVSULPDV SURGXWRV LQWHUPHGLiULRV H
ILQDLV
Ciclo de trabalho e as atividades dos empregados
ƒ 7LSRGHH[SRVLomR KDELWXDOSHUPDQHQWHKDELWXDOLQWHUPLWHQWHRX
HYHQWXDO 
ƒ ([LJrQFLDVItVLFDVGRWUDEDOKRHIHWXDGR
ƒ 7LSRGHMRUQDGDGHWUDEDOKR
ƒ 1~PHURGHWUDEDOKDGRUHVH[SRVWRV
ƒ 3RVVLELOLGDGH GH DJUXSiORV HP *+( ± *UXSR +RPRJrQHR GH
([SRVLomR
ƒ &DUJRVPDLVH[SRVWRV
Programas de manutenção:
• 3UHYHQWLYDFRUUHWLYDSUHGLWLYDHRVSURFHGLPHQWRVDGRWDGRV
Resultados de avaliações existentes:
• $YDOLDomRDPELHQWDO
• $YDOLDomRELROyJLFD
• $YDOLDomRFOtQLFD
Utilização de índices sensoriais
ƒ ËQGLFHVROIDWLYRV
ƒ ËQGLFHVDXGLWLYRV
ƒ ËQGLFHVYLVXDLV





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$YDOLDomRGHULVFRV

A avaliação de risco é o processo macro de estimar a magnitude do risco para um


indivíduo, grupo, sociedade ou meio ambiente e decidir se este risco é ou não
tolerável ou aceitável. Riscos classificados como não toleráveis são tratados
genericamente em sistemas de gestão como riscos significativos.

Os conceitos abaixo devem ser bem entendidos para uma melhor compreensão da
avaliação de riscos:
• Amostragem: FRQMXQWR GH SURFHGLPHQWRV HPSUHJDGRV QD HVWLPDWLYD GD
H[SRVLomR RFXSDFLRQDO TXH SHUPLWHP REWHU DPRVWUDV UHSUHVHQWDWLYDV H
UHVXOWDGRVFRPFRQILDELOLGDGHGHWHUPLQDGDHPIXQomRGDSUHFLVmRHH[DWLGmR
GDVWpFQLFDVXWLOL]DGDV
• Coleta de amostras: SURFHGLPHQWR SUiWLFR GH FROHWDU XPD SRUomR GR DJHQWH
TXtPLFR JHUDOPHQWH SUHVHQWH QD DWPRVIHUD H QD ]RQD UHVSLUDWyULD GH XP
IXQFLRQiULRFRPHTXLSDPHQWRGHFROHWDHVSHFtILFR
• Monitorização ambiental: DYDOLDomR VLVWHPiWLFD H UHSHWLWLYD GD H[SRVLomR
RFXSDFLRQDODWUDYpVGDPHGLGDGDFRQFHQWUDomRGHXPGDGRDJHQWHTXtPLFR
QRORFDOGHWUDEDOKRTXHUHSUHVHQWHHVWDH[SRVLomRVHJXLGD GHFRPSDUDomR
FRPXPSDGUmRDGHTXDGRHYLVDQGRDLQWURGXomRRXPRGLILFDomRGHPHGLGDV
GHFRQWUROHVHPSUHTXHQHFHVViULDV
• Monitorização biológica: DYDOLDomR VLVWHPiWLFD H UHSHWLWLYD GD H[SRVLomR
RFXSDFLRQDO DWUDYpV GD PHGLGD GD FRQFHQWUDomR GH XP DJHQWH TXtPLFR HP
XP IOXLGR ELROyJLFR GH VHX SURGXWR GH ELRWUDQVIRUPDomR RX GH VXD DomR
Wy[LFD YLVDQGR D LQWURGXomR RX PRGLILFDomR GH PHGLGDV GH FRQWUROH VHPSUH
TXHQHFHVViULDV
• Grupo Homogêneo de Exposição – GHE: JUXSR GH WUDEDOKDGRUHV TXH
H[SHULPHQWDPH[SRVLomRVHPHOKDQWHGHIRUPDTXHRUHVXOWDGRIRUQHFLGRSHOD
DYDOLDomRGDH[SRVLomRGHTXDOTXHUWUDEDOKDGRUGRJUXSRVHMDUHSUHVHQWDWLYR
GDH[SRVLomRGRUHVWDQWHGRVWUDEDOKDGRUHVGRPHVPRJUXSR LWHP
±153RUWDULD 

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Há que se ficar claro que a avaliação de riscos num sentido mais amplo não se
restringe unicamente à medição da concentração ou intensidade do agente, com uso
de instrumentos específicos, para estimar a exposição de um trabalhador.

Por outro lado, a presença de substâncias agressivas no ambiente de trabalho pode


constituir um risco para a saúde dos trabalhadores. Isto não significa, entretanto que
toda a população exposta irá contrair uma doença ocupacional. Como já foi dito
anteriormente, sua ocorrência dependerá, fundamentalmente de alguns fatores, tais
como:
• Concentração do contaminante no ambiente de trabalho,
• Tempo de exposição,
• Características físico-químicas do agente,
• Susceptibilidade individual.

A determinação das variáveis acima sempre envolve uma série de incertezas, o que
nos leva a trabalhar com estimativas.

A avaliação dos riscos compreende dois tipos de estimativa (sempre haverá uma
incerteza):
• Estimativa qualitativa do risco,
• Estimativa quantitativa do risco.

A estimativa qualitativa é feita com base na experiência e julgamento do higienista, a


partir de uma matriz de graduação de riscos (severidade x probabilidade), conforme
já visto nos capítulos iniciais desta matéria, baseada na figura abaixo:

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Esta análise qualitativa permite priorizar as medições quantitativas. Se as
informações disponíveis na estimativa qualitativa do risco são suficientes, pode-se
dispensar a princípio uma estimativa quantitativa, partindo-se diretamente para o
desenvolvimento e análise das opções de controle. Imagine, a título de exemplo, um
trabalhador operando diariamente um martelete pneumático em rocha constituída
predominantemente de quartzo, sem qualquer tipo de medida de controle, inclusive
EPI, onde fica difícil até mesmo visualizá-lo, em função da quantidade de poeira em
suspensão. Não precisamos aguardar o resultado da avaliação quantitativa para
prescrever medidas de controle para esta situação.

Após a definição e implementação da alternativa de controle far-se-á necessário


proceder à avaliação quantitativa para avaliar a eficiência da mesma.

A estimativa qualitativa do risco pode ser complementada com medidas quantitativas


com o objetivo de subsidiar o desenvolvimento de medidas de controle adequadas,
sem que isto caracterize estimativa quantitativa do risco no sentido restrito. Em geral
essas medidas têm caráter exploratório com a finalidade de caracterizar melhor os
agentes ambientais, as fontes de emissão e o comportamento desses agentes no
ambiente de trabalho (Texto extraído do livro “Introdução à Higiene Ocupacional” –
FUNDACENTRO).

A estimativa quantitativa do risco é feita com base na integração da probabilidade,


desta vez embasada em resultados de medições ambientais, com a severidade da

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respectiva exposição, também fazendo uso da matriz de risco mencionada
anteriormente. Para esta fase o higienista deve utilizar instrumental adequado para
coleta de amostras ou de medição direta. Quando o método adotado for através de
coleta de amostras deve-se contar ainda com um laboratório confiável para a
realização das análises. Esta atividade deve ser tecnicamente planejada, para que
se realize um número adequado de medições e de forma tal que possam refletir
corretamente a exposição dos trabalhadores.

Os resultados obtidos são comparados com limites de exposição, que são


estabelecidos por meio de estudos que correlacionam exposições e efeitos à saúde.
Desta comparação conclui-se se o risco é aceitável ou não. Esta conclusão também
leva em consideração a existência e eficácia das medidas de controle existentes.

Estas atividades quando realizadas como parte de um programa, recebem a


denominação de monitorização '(//$526$6,48(,5$H&2/$&,2332 

Portanto, oproduto final da etapa de avaliação de risco é um parecer técnico sobre a


tolerabilidade de uma exposição ocupacional frente a um determinado agente
ambiental, o que é, evidentemente, muito mais complexo que efetuar medições no
sentido instrumental. As medições, obviamente, fazem parte da etapa de avaliação.
A tolerabilidade é amparada pela comparação da informação global de exposição
ambiental com um padrão adequado e pré-determinado. Este padrão, via de regra, é
o Limite de Exposição ou Limite de Tolerância (termo utilizado pela legislação
brasileira).

A confiabilidade dos resultados sobre a exposição ocupacional está diretamente


relacionada com a aplicação de uma adequada (VWUDWpJLDGH$PRVWUDJHP, a qual
não será tratada nesta apostila por se tratar de um capítulo muito importante e
específico da Higiene Ocupacional, aplicável na caracterização da exposição de
todos os agentes ambientais.

É através da Estratégia de Amostragem, que o higienista poderá responder com


uma margem considerável e rastreável de confiabilidade as seguintes questões:
• O que medir ou analisar?

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• Onde medir ou coletar amostras?
• Quantas amostras coletar?
• Quantos e quais funcionários avaliar?
• Por quanto tempo deve-se coletar uma amostra?
• Quando avaliar novamente?
• A avaliação ambiental deve ser simultânea com a avaliação biológica?

$63(&726,03257$17(6(080$$02675$*(0'($*(17(648Ë0,&26

O grau de exposição de um indivíduo a um determinado agente químico é


determinado a partir da avaliação da concentração do agente no ar, da duração da
exposição e da possibilidade de entrada no organismo (via respiratória, pele,
ingestão).

O risco para a saúde dos expostos dependerá, fundamentalmente, de fatores, tais


como:
• Concentração do contaminante no ambiente;
• Tempo de exposição;
• Características físico-químicas do agente, e
• Susceptibilidade individual.

Portanto, a quantificação da concentração do agente no ar deve ser feita da forma


mais correta e exata possível, cuidando para que as medições sejam efetuadas com
aparelhagem adequada e que sejam o mais representativo possível da exposição
real a que estão submetidos os trabalhadores.

A coleta de amostras de agentes químicos na atmosfera é uma importante fase da


avaliação ambiental e antes de se planejar as atividades de coleta deve-se além da
identificação da substância, conhecer como esta se apresenta dispersa na
atmosfera.

Em qualquer tipo de medição efetuada, sempre existe uma incerteza intrínseca ao


processo como um todo.

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Nas medições que envolvem equipamentos e instrumentos, como é o caso dos
levantamentos ambientais, a exatidão de um valor medido será sempre limitada pela
precisão do instrumento de medida. Outros erros consistentes e aleatórios também
podem ocorrer como, por exemplo, equipamentos descalibrados ou mal aferidos,
flutuações no funcionamento do instrumento durante a medição, uso de uma fórmula
errada, aplicação de uma metodologia imprópria, percepção ou interpretação
equivocada do responsável pelas medições, etc.

Estas limitações devem ser sempre levadas em consideração quando se analisa e


se apresentam os resultados e são minimizadas pela aplicação de princípios de
estatística, dentre os quais se destacam a média, desvio padrão e outros critérios
relativos à probabilística.

A coleta de amostras representativas é uma tarefa complexa, já que a concentração


de uma substância em suspensão varia no tempo e no espaço, em função da
movimentação do ar, dos ciclos dos processos, da variabilidade das tarefas e
atividades, da distância do trabalhador à fonte, etc. Ao serem coletadas amostras em
diferentes pontos de um local de trabalho, certamente serão obtidas diferentes
concentrações. Mesmo em um mesmo ponto, poderá haver diferenças, quando se
fizer coletas em dias ou até mesmo turnos diferentes.

Outro problema a ser considerado é o estudo das concentrações de substâncias


muito tóxicas, com limites de exposição rigorosos. Estas concentrações geralmente
são muito baixas e, para sua determinação, necessita-se de métodos e instrumental
altamente sensíveis.

As questões acima ratificam a importância de se aplicar uma estratégia de


amostragem consistente, já que não se pode confiar nos resultados de uma única
amostragem, desprovida de uma análise prévia bem elaborada, como representativa
da concentração real a que o indivíduos está exposto.




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7LSRVGH$PRVWUDJHP

De uma forma geral, as amostragens de agentes ambientais podem ser de dois


tipos:
• Amostragem instantânea ou de curta duração e
• Amostragens contínuas.

Amostragens instantâneas ou de curta duração são realizadas em um curto espaço


de tempo (no máximo 5 minutos) e os resultados correspondem à concentração
existente nesse intervalo.

As principais vantagens deste tipo de amostragem são:


• Registro das concentrações mais altas e mais baixas durante a jornada de
trabalho, quando podem ser antecipados os momentos de máximos e
mínimos de exposição.
• Possibilidade de calcular a concentração média, por meio da média estatística
das amostragens instantâneas (para adequado uso estatístico, as amostras
devem ser aleatórias).
• Avaliar a concentração de substâncias que tenham valor teto ou valor máximo
associado ao LT tipo média ponderada e TLV–C da ACGIH.

Este tipo de amostragem também é conhecido como amostras pontuais de curta


duração (JUDEVDPSOHV

Esta forma amostral é a de menor poder de decisão estatístico. Para se obter


benefício estatístico desta forma amostral, recomenda-se tomar pelo menos 9 a 11
amostras durante a jornada. A legislação nacional estipula em um mínimo de 10
amostragens, coletadas com um intervalo mínimo de 20 minutos. A partir das
mesmas, obter-se-á a exposição média dessa jornada de trabalho.

A amostragem contínua é realizada em período de tempo que varia de frações de


hora até uma jornada de trabalho, com uma ou mais amostras. Tem a vantagem de
fornecer, como resultado, uma média ponderada das condições existentes no

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período de avaliação, mas, em geral, não registra as variações da concentração da
concentração dos contaminantes durante a jornada de trabalho, o que impossibilita a
determinação das máximas concentrações alcançadas, não podendo ser verificado
se o valor máximo ou valor teto foi ultrapassado. Este tipo de amostragem é
comumente empregada para substâncias que possuem LE - média ponderada. No
entanto, como mesmo estas substâncias têm uma valor máximo que não pode ser
ultrapassado (VM = FD x LT), há necessidade às vezes de se efetuar uma amostra
instantânea ou de curta duração, que nos indicará se este valor máximo foi ou não
ultrapassado.

A amostragem contínua pode ser dividida em:


• Amostra única de período completo ()XOO3HULRG6LQJOH6DPSOH): Esta amostra
é tomada sobre toda a base de tempo do limite de exposição. Esta forma
amostral é a segunda melhor forma do ponto de vista estatístico, para
decisões sobre a exposição de uma jornada.
• Amostras consecutivas de período completo ()XOO 3HULRG &RQVHFXWLYH
6DPSOHV): Esta forma amostral utiliza várias amostras, sendo que o tempo
total das mesmas equivale à base de tempo do limite. As amostras não se
superpõem no tempo, nem há qualquer período da base de tempo que não
seja amostrado; ou seja, as amostras são consecutivas e justapostas. As
amostras não necessitam ter a mesma duração. Esta forma amostral é a de
melhor benefício do ponto de vista estatístico, para decisão sobre a exposição
de uma jornada.
• Amostras de período parcial (3DUWLDO3HULRG&RQVHFXWLYH6DPSOHV): Consistem
em uma ou mais amostras que não cobrem integralmente a base de tempo do
limite. Esta forma amostral é muito limitada do ponto de vista estatístico, não
sendo recomendada, a menos que o higienista tenha um bom conhecimento
das atividades e do processo, capaz de fazer inferências confiáveis sobre os
períodos não amostrados. Caso contrário, o tratamento estatístico da
exposição fica comprometido.

A figura abaixo ilustra as modalidades de amostragens acima mencionadas:

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Os dois tipos de amostragens (instantâneas ou contínuas) são de grande utilidade
na pesquisa da presença de agentes químicos no local de trabalho. Dependerá do
bom senso e da experiência do higienista, determinar a amostragem mais
apropriada em cada caso, visando sempre obter resultados representativos da
exposição real.

Para alcançar este objetivo, duas regras básicas devem ser obedecidas:
• 1ª – em todos os casos, a amostragem deve ser feita nas condições normais
de trabalho, já que de outra forma, a exposição avaliada não será
representativa das condições reais;
• 2ª – a maioria dos processos apresenta ciclo de trabalho bem definido, que se
repetem várias vezes ao dia. A amostragem deverá ser feita cobrindo, no
mínimo, um ciclo de trabalho.

Os conceitos acima não são exclusivos da amostragem de agentes químicos. Os


mesmos são utilizados para a avaliação de qualquer fator de risco ambiental.

7LSRVGH$PRVWUDVHP)XQomRGD=RQDGH$PRVWUDJHP

De acordo com a localização dos equipamentos de avaliação (amostrador),
podemos ter os seguintes tipos de coleta de amostras:

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• Coleta de amostras pessoais ou individuais,
• Coleta de amostras na zona corporal de interesse, e
• Coleta de amostras no ambiente.

&ROHWDGHDPRVWUDVSHVVRDLVRXLQGLYLGXDLV

São amostragens realizadas com o equipamento de avaliação sendo portado pelo
próprio indivíduo amostrado, situado na zona de amostragem de interesse (por
exemplo, zona auditiva ou zona respiratória).

É o tipo preferível e mais comumente adotado para amostragem de exposição
ocupacional, por sua adequada representatividade da exposição experimentada pelo
indivíduo ao longo do período de coleta. No caso de agentes químicos as amostras,
de preferência, devem ser coletadas na zona de respiração do trabalhador (região
do espaço que compreende uma distância de aproximadamente 150 ± 50 mm a
partir das narinas, sob a influência da respiração), por ser esta a via mais importante
de penetração de substâncias tóxicas no organismo. Praticamente não apresenta
maiores dificuldades operacionais, sendo as limitações apenas restritas aos
aspectos de recursos instrumentais disponíveis e econômicos da amostragem.

&ROHWDGHDPRVWUDVQD]RQDFRUSRUDOGHLQWHUHVVH

São amostras realizadas com o amostrador sendo portado por um terceiro,
geralmente o do próprio higienista, instalado na zona corporal de interesse (por
exemplo, auditiva, respiratória e torácica), quando inviável a fixação do equipamento
no corpo do próprio trabalhador avaliado (amostra pessoal ou individual).

Não é a condição mais indicada, mas trata-se de umtipo aceitável para amostragem
de exposição ocupacional, podendo representar adequadamente a exposição
experimentada pelo indivíduo, respeitadas as limitações amostrais e a análise
estatística aplicável.

São amostras limitadas a funções ou tarefas de pouca movimentação em área


fisicamente restrita, durante a tomada de cada amostra.

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&ROHWDGHDPRVWUDVQRDPELHQWH

São amostras tomadas em pontos fixos da área de trabalho, não vinculadas ao
trabalhador, normalmente indicadas para estudar o grau de contaminação de um
posto de trabalho num determinado período de tempo. Este tipo de avaliação é
muito empregado para determinar medidas de controle de engenharia contra riscos
ambientais. A localização do aparelho amostrador pode não ser necessariamente, o
centro do local de trabalho, devendo-se considerar a localização dos pontos de
origem da dispersão dos contaminantes, a fim de não situar o aparelho na trajetória
dos poluentes, determinada pelas correntes de ar.

Não é um tipo indicado para amostragem de exposição ocupacional, já que estas


amostras de área não guardam relação específica com a exposição dos
trabalhadores, não permitindo nenhuma inferência estatística sobre a exposição de
pessoas a partir de amostras de área.

As considerações deste item não se aplicam ao Anexo 13 A da NR-15 que tem como
objetivo regulamentar ações, atribuições e procedimentos de prevenção da
exposição ocupacional ao benzeno, visando a proteção da saúde do trabalhador,
visto tratar de um produto comprovadamente cancerígeno.

,QVWUXPHQWRV8WLOL]DGRV

A seleção do instrumento depende de vários fatores, dentre os quais podemos citar:


portabilidade do instrumento, facilidade de operação, confiabilidade da resposta do
aparelho sob diferentes condições de uso (principalmente temperatura e pressão),
tipo de informação desejada, disponibilidade do equipamento no comércio, serviço
de manutenção acessível, método especificado de avaliação e preferência pessoal
baseada na experiência do usuário.

Dependendo da forma como o contaminante se encontra na atmosfera, de suas


propriedades físicas e químicas e ainda do tempo de coleta de amostra necessário,

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diversos meios de coleta podem ser empregados através de três modalidades de
equipamentos:
• Equipamentos de leitura direta,
• Amostradores de ar total, e
• Amostradores de separação do contaminante do ar.

Os equipamentos de leitura direta são aqueles detectam a presença e até estimam


com uma precisão considerável a concentração de uma substância no ar,
instantaneamente e no próprio local de uso. São utilizados geralmente para
medições de gases e vapores, e para alguns poucos particulados.

Nesta categoria, estão incluídos os papéis reativos, tubos indicadores ou


instrumentos de leitura direta.

Papéis reativos podem ser empregados de maneira simples apenas como


identificação da presença da substância, como por exemplo, gás sulfídrico
utilizando-se papel impregnado com solução de acetato de chumbo, este fica cinza
ou negro pela formação de sulfeto de chumbo e podem ser utilizados apenas como
alerta.

Tubos indicadores utilizam aproximadamente a mesma técnica de reações coloridas,


porém mais elaborados, permitindo estimar a concentração pela intensidade ou
tamanho da cor desenvolvida. São bastante práticos não exigem grande
treinamento, mas por outro lado são específicos para cada substância ou grupo de
substâncias e são basicamente indicados para avaliações de curta duração.

Instrumentos de leitura direta podem ser simples genéricos, que apenas detectam a
presença de uma substância sem identificá-la; ou mais sofisticados, como os
cromatógrafos portáteis, que podem identificar e quantificar a concentração de um
determinado agente químico presente na atmosfera. Temos ainda equipamentos
portáteis, com sensores específicos para algumas substâncias, como monóxido de
carbono, dióxido de enxofre, formaldeído etc. São, todavia, equipamentos de
elevado custo, devendo ser manuseados por técnicos treinados e geralmente

18
dedicados a avaliações de curta duração, sendo de bastante utilidade em situação
de emergência ou não rotineira.

Os amostradores de ar total coletam volumes conhecidos de ar juntamente com os


contaminantes porventura existentes na atmosfera avaliada, para posterior análise
em laboratórios, através de métodos químicos ou instrumentais. Não fornecem,
portanto, a indicação direta da concentração. Tais análises no laboratório devem ser
bastante sensíveis, já que a quantidade de contaminante coletada é geralmente
muito reduzida.

Não são indicados para coleta de particulados, pois as partículas destes


aerodispersoídes podem se depositar nas superfícies internas do dispositivo de
coleta e comprometer a determinação correta da concentração.

Uma forma relativamente simples de se coletar uma amostra é obter um volume de


toda atmosfera, por exemplo, coleta de alguns litros de ar em um saco plástico.
Muitas limitações deste método não permitem uma aplicabilidade prática.

São particularmente indicados para coleta em ponto fixo e em elevadas


concentrações como gás de escapamento de automóveis ou emissões fugitivas,
quando se quer identificar qualitativamente os gases ou vapores presentes.

A amostragem de ar total pode ser feita por dois princípios básicos:


a) Deslocamento de ar, que consiste na abertura, no local de amostragem, de
um frasco ou embalagem plástica a vácuo. O ar contaminado ocupa o lugar
do vácuo. O deslocamento de ar também pode ser feito através da utilização,
no local de coleta, de bombas de vácuo, que vão extraindo o ar do interior do
frasco, permitindo a entrada do ar existente na atmosfera em estudo. Após
passar 5 a 6 vezes o volume do frasco, ter-se-á praticamente ocupado o
frasco com o ar contaminado.
b) Deslocamento com líquido, que consiste em se esvaziar, no local de
amostragem, um frasco cheio de líquido (geralmente água). Desta forma o ar
contaminado ocupará o lugar do líquido. A desvantagem deste método é a
solubilidade de alguns contaminantes no líquido existente no frasco, o que

19
poderá induzir a erros na determinação da avaliação do laboratório. Para
minimizar esta probabilidade de erro, já existem frascos especiais que são
dotados de uma abertura na parte inferior para reduzir o contato entre o ar
contaminado e o líquido.

Os amostradores de separação dos contaminantes do ar, como o próprio nome


indica, fazem com que o ar contaminado passe através de um meio coletor
adequado, separando-se assim os contaminantes do restante do ar. Também não
fornecem diretamente a concentração do agente avaliado.

Neste tipo de instrumento também é necessário que se conheça o volume de ar total


que passou através do meio coletor, para que, na posterior análise em laboratório,
no qual nos será informado a massa do contaminante, possa ser determinada a
concentração dos contaminantes.

Concentração = massa/volume

Existem aparelhos específicos, tanto para amostragens de gases e vapores, como


para a coleta de particulados, onde é mais empregado.
Para particulados, o método mais comumente utilizado utiliza um elemento de
captação acoplado a uma bomba aspirante, que é geralmente portátil e deve ter sua
vazão conhecida e calibrada antes e depois de cada coleta e o volume final coletado
corrigido para as condições usuais a que se referem os limites de exposição
ocupacional (ACGIH, 2002).

Para uma correta análise do material coletado, é importante haver um contato prévio
com o laboratório responsável pelas análises das amostras coletadas no campo para
definição do elemento de captação mais apropriado, tempo de coleta e condições de
armazenamento e transporte corretos, além do fornecimento de outras informações
necessárias para a análise, como temperatura de coleta, pressão e ou altitude e
definição clara do que deve ser analisado.



20
0HWRGRORJLDV

A coleta de qualquer agente químico deve ser feita de acordo com normas legais e
técnicas específicas. No que se refere à legislação, tanto trabalhista como
previdenciária, é compulsório acatar as normas oficiais que tratam da questão.
Normalmente estas regulamentações não especificam o “como fazer” e sim o que
deve ser feito.

Do ponto de vista técnico, a FUNDACENTRO disponibiliza em seu site vários


procedimentos de amostragem para alguns agentes ambientais. A ABNT também
dispõe de normas técnicas sobre o assunto. Estas normas detalham o como fazer.

Abaixo algumas destas normas:


• NBR 10.562/1988 — Calibração de Vazão pelo Método da Bolha de Sabão.
• NBR 14.725/2001 — FISPQ — Ficha de Informação Segurança de Produtos
Químicos.
• NHO 03 — Análise Gravimétrica de Aerodispersóides Sólidos Coletados
Sobre Filtros e Membranas. Fundacentro, 2001.
• NHO 04 — Método de Coleta e Análise de Fibras em Locais de Trabalho.
Fundacentro, 2001.
• NHO 07 — Calibração de Bombas de Amostragem Individual pelo Método da
Bolha de Sabão. Fundacentro, 2002.

O laboratório responsável pelas análises das amostras coletadas no campo deve


ainda dispor de metodologia validada para as análises, ou seja, utilizar métodos
reconhecidos ou recomendados, utilizar padrões certificados, geradores de
atmosfera padrão e seguir os protocolos de validação recomendados por entidades
reconhecidas, verificando a estabilidade, condições de armazenamento,
recuperação, sensibilidade, precisão, exatidão, saturação etc., além de seguir ainda
programas de controle de qualidade intra e extra-laboratorial o que determina a
confiabilidade dos resultados (CHASIN ET al 1994; AZEVEDO e COLACIOPPO,
1986).


21
Dentre os tipos de análise praticados pelos laboratórios atualmente, destacam- se os
seguintes:
• 9ROXPH– Partindo-se de uma solução com volume conhecido e fazendo-se a
leitura do volume final, após a amostragem, determina-se o volume do
contaminante, pela diferença entre o volume inicial e o final;
• 7LWXODomR – Partindo-se de uma solução com pH conhecido e fazendo-se a
leitura após a amostragem determina-se a massa ou volume do
contaminante, pela alteração no valor do pH e comparação com a curva de
calibração do medidor;
• *UDYLPHWULD – Pesa-se o amostrador antes e depois da amostragem e
compara-se os valores de massa, sendo a diferença entre as pesagens a
massa de contaminante;
• 3UHFLSLWDomR – Provoca-se a separação de fases em uma solução e
determina-se o volume do contaminante contido na solução;
• ([WUDomR– Extrai-se de um meio sólido ou líquido, através da adição de um
solvente, e determina-se o volume ou a massa do contaminante extraído;
• (VSHFWURIRWRPHWULD GH ,QIUDYHUPHOKR 8OWUDYLROHWD HRX /X] 9LVtYHO –
Prepara-se a amostra e faz-se a leitura da absorção ou dispersão de uma
onda com comprimento nas faixas do infravermelho, ultravioleta ou luz visível,
que é aplicada na amostra. O resultado da absorção ou dispersão é
proporcional a quantidade de contaminante contido na amostra. O resultado
da leitura é comparado com a curva de calibração;
• 'LIUDomR GH 5[  Prepara-se a amostra e faz-se a leitura da difração do
Raios-X que incide no material da amostra. O resultado da difração é
proporcional a quantidade de contaminante contido na amostra. O resultado
da leitura é comparado com a curva de calibração;
• (VSHFWURIRWRPHWULDGH$EVRUomR$W{PLFDPrepara-se a amostra e faz-se
a leitura da característica do espectro de radiação do material contido na
amostra. O resultado é obtido pela característica do espectro, que identifica a
substância em si, e pela variação do espectro, que determina a quantidade. A
massa ou volume contido na amostra é determinado pela comparação do
espectro obtido na análise com o da curva de calibração;

22
• &URPDWRJUDILD *DVRVD – Prepara-se a amostra e faz-se a leitura do tempo
de retenção da substância que é injetada em uma coluna interna do
instrumento. O tempo de retenção na coluna, entre a injeção e a saída de
cada elemento, determina o tipo de substância encontrada na amostra. O
resultado da leitura é comparado com a curva de calibração determinando a
massa da substância.

5HJLVWURVGH&ROHWDGH$PRVWUDVQR&DPSR

As observações realizadas e os registros feitos na folha de campo contribuirão para
a elaboração do relatório final.

Entre os dados a serem registrados, destacam-se:


• Nome da empresa
• Data da amostragem
• Número de série, marca e modelo do instrumento utilizado
• Número ou código do filtro utilizado (quando for o caso)
• Tipo de amostragem realizada
• Setor ou área de operação onde se realizou a amostragem
• Nome do trabalhador
• Função do trabalhador descrita minuciosamente
• Horário em que o equipamento foi acionado
• Horário em que o equipamento foi desativado
• Tempo de amostragem
• Vazão de calibração da bomba (quando for o caso)
• Observações feitas durante a amostragem
• Nome do técnico responsável pela amostragem
• Dia, hora, turno da coleta
• Registro de quantidade de litros amostrada (volume)
• Registro do número ou código do tubo
• Tipo de tubo
• Número do lote do tubo
• Número do branco de campo

23
• Data de validade do tubo ou da solução
• Registro de EPC (tipo/ conservação)
• Registro do EPI, estado de conservação, tempo real de uso, c. A.

$02675$*(16'(*$6(6(9$325(6

Gases e vapores formam uma mistura homogênea com o ar, não se separando
deste através de meios mecânicos.

A amostragem de gases e vapores pode ser feita por coleta de ar total, ou por
separação dos contaminantes gasosos, através da retenção destes em meio sólido
(adsorção) ou em meio líquido (absorção), ou ainda, por condensação destes gases
e vapores.

Quando a concentração do contaminante a ser analisado for expressa em partes por


milhão (ppm) deve-se optar pelo método de separação do contaminante do ar.

As formais mais usuais de coleta de gases e vapores são:

7XERVFRORULPpWULFRV

São dispositivos de leitura direta que utilizam métodos químicos e fornecem a


concentração existente no ambiente pela alteração da cor, ocorrida devido a uma
reação química.

Os tubos colorimétricos ou tubos detectores são tubos de vidros preenchidos com


componentes químicos específicos. Esses componentes são substâncias reativas
colorimétricas depositadas ou em fitas de papel ou em material sólido, como grãos
de sílica gel, areia e sílica ou ainda alumina ativada.

24
Consistem fundamentalmente em se passar uma quantidade conhecida de ar por
meio de um reagente, o qual sofrerá alteração de cor, caso a substância
contaminante esteja presente.

A concentração é lida diretamente de uma escala impressa no tubo:


• pela comparação da intensidade e extensão da alteração de cor resultante,
com escalas padronizadas, que podem estar tanto gravadas no próprio tubo
como impressas na carta informativa que o acompanha;
• por comparação da cor obtida com cores-padrão.

Para se fazer passar o ar por meio do reagente são utilizadas bombas aspiradoras,
que podem ser tanto do tipo pistão ou do tipo fole.

É importante salientar que, quando utilizamos uma bomba aspiradora de


determinado fabricante, devemos utilizar os tubos indicadores do mesmo fabricante,
caso contrário poderá obter concentrações com erros.

As principais fontes de erros desta metodologia são:


• Precisão é limitada.
• Compostos interferentes causam reações e leituras similares no tubo.
• Afetado pela temperatura e umidade.
• Diferenças subjetivas no “julgamento” da mudança de cor para determinar o
resultado.

7XERVGHFDUYmRDWLYDGRVtOLFDJHOHRXWURVPHLRVFRQYHQLHQWHVGHUHWHQomR

Utilizaremos esse tipo de amostradores acompanhados de uma bomba.

25
A amostragem consiste em passar um determinado volume de ar conhecido, por
intermédio de bomba gravimétrica calibrada com vazão adequada, por tubo de
carvão ativado ou sílica gel. Tanto para a vazão adequada como para o tipo de tubo
a ser utilizado devem ser consultadas as metodologias específicas de cada
contaminante.

A amostra é posteriormente enviada para análise de laboratório.

Tubos de carvão ativado são utilizados para coleta dos vapores orgânicos (benzeno,
tolueno, xileno, tricloroetileno, acetona etc.) e os tubos de sílica gel para outras
substâncias (tais como anilina, ácidos, aminas etc.).

É um dos amostradores que requerem maiores cuidados, pois consiste em passar


um volume de ar conhecido, por meio de bomba gravimétrica calibrada, por um
líquido absorvente específico para cada tipo de contaminante a ser coletado. Nesse
tipo de amostragem, podem ocorrer acidentes com a solução dentro do circuito
interno da bomba, vindo esta a ser danificada pela solução absorvedora. Para evitar
esse problema, o que se costuma fazer é utilizar sempre um amostrador vazio
próximo à tomada de vácuo da bomba; ele funcionará como um retentor (WUDS) de
líquido em caso de sua sucção indesejada para fora do amostrador principal.


26
$PRVWUDJHP FRP UHWHQomR HP ILOWURV GH 39& pVWHU GH FHOXORVH RX ILEUD GH
YLGUR

Consiste em fazer passar um volume de ar conhecido, utilizando bomba gravimétrica


devidamente calibrada, conforme método utilizado para o contaminante, por meio de
filtros específicos (PVC, éster celulose ou fibra de vidro).

O filtro contendo o contaminante será analisado em laboratório por meio de análise


química específica, segundo a metodologia.

Para cada tipo de substância ou grupo devem-se consultar os métodos do NIOSH,


que fornecem toda a metodologia de amostragem de campo (vazão, tempo de
coleta, tipo de meio de retenção) e análise laboratorial. Eles podem ser consultados
RQOLQHna internet, no VLWHdo
NIOSH, www.cdc.gov/niosh.

Alguns laboratórios de Higiene Ocupacional disponibilizam resumos de métodos


para serem consultados, para que o profissional que busca informações sobre
determinado contaminante saiba quais os passos que deverá seguir caso decida
monitorar uma determinada substância.

Temos de fazer algumas perguntas antes de tomar


uma decisão em relação ao contaminante, como:
• A substância possui limite de tolerância?
• Possui metodologia para amostragem de
campo?
• Possui metodologia de análise?
• Essa metodologia já foi implantada?

Se a resposta for sim, existirá um valor (custo) de


análise; caso não tenha sido implantada, esse custo
será bem mais alto, pois essa substância não é uma substância de rotina para o
laboratório, e este, por sua vez, terá de desenvolver tal metodologia.


27
0RQLWRUHVSDVVLYRV 290 

Os monitores passivos ou, como são chamados no comércio especializado nos


Estados Unidos, 2UJDQLF9DSRU0RQLWRUV, são dispositivos de coleta de amostras de
gases e vapores que se fundamentam no fenômeno de Difusão — Adsorção, sem
usar bombas de sucção ou outro mecanismo que forneça a passagem forçada de ar.

Durante a coleta da amostra, podemos distinguir as seguintes fases:


• fase de difusão-permeação
• fase de adsorção

A etapa de difusão se caracteriza pela passagem das moléculas do gás ou vapor de


um ambiente de maior concentração para um ambiente isento ou de baixa
concentração de contaminante, por intermédio de um meio permeável (Lei de
Henry).

Na parte posterior da câmara de difusão é colocada uma placa ou disco de carvão


ativo, ou outro adsorvente específico, onde se completa a fase de adsorção.

O laboratório tem meios de indicar o elemento de captação (filtro, tubo absorvente
etc.) mais adequado à coleta pretendida, além de fornecer indicações do tempo
mínimo e máximo de coleta, conservação de amostras etc., o que pode inclusive
determinar a escolha do equipamento.

(;(03/2

Ao avaliarmos a concentração de amônia (LT – NR 15 = 20 ppm) num local de


trabalho com um equipamento de leitura direta, verificou-se que o trabalhador fica
exposto: 3 horas a 10 ppm e 5 horas a 25 ppm.

28
Qual é a concentração média?

Concentração média = (10 x3) + 25 x 5)/ 8 = 19,3 ppm < LT–mp.

Analisando o valor máximo: VM = FD x LT = 1,5 x 20 = 30 ppm

Portanto, a maior concentração obtida (25 ppm) < VM

Como o LT-mp e o VM não foram ultrapassados, podemos concluir que, de acordo


com o Anexo 11 da NR-15 a concentração amostrada não ultrapassou os limites de
tolerância, porém está acima do nível de ação (metade do LT), o que exige certas
medidas de prevenção.

$02675$*(0'(3$57,&8/$'26

A avaliação quantitativa de particulados é uma questão complexa, já que,


normalmente, trata-se de misturas complexas, de tamanhos, formas, estado de
agregação, velocidade de sedimentação e composição diferentes. Por este motivo,
nenhuma magnitude pode definir completamente uma concentração de um
aerodispersoíde, o que não ocorre quando se avalia gases ou vapores.

Para avaliar o grau de exposição do trabalhador às poeiras, bem como para


qualquer material particulado, é necessário medir a &21&(175$d­2 das mesmas
na zona respiratória (aproximadamente 20 cm do nariz) e comparar com os limites
de exposição encontrados, por exemplo, na NR-15 da Portaria n° 3.214/78 do
Ministério do Trabalho e Emprego, nos valores de referência ou, nas publicações da
ACGIH, mais precisamente nas edições anuais dos Limites de Exposição (TLVs)
para Substâncias Químicas e Agentes Físicos & Índices Biológicos de Exposição
(BEIs).
&21&(175$d­2 0DVVDRXSHVRGDDPRVWUD PJ 
9ROXPHGHDUDPRVWUDGR P 

Portanto, para avaliar o risco de exposição a particulados em um ambiente de


trabalho, deve-se determinar, da forma mais correta possível, a concentração do

29
aerossol em suspensão, cuidando para que as medições sejam efetuadas com
aparelhagem adequada e em perfeitas condições de operação e que sejam o mais
representativas da exposição real a que estão submetidos os trabalhadores. O
tempo de exposição deve ser estabelecido através de uma análise da tarefa do
trabalhador. Esta análise deverá incluir todos os movimentos efetuados durante as
operações normais, incluindo os tempos de descanso e movimentação fora do local
de trabalho propriamente dito.

A avaliação quantitativa de qualquer risco ambiental, para ser eficaz, precisa refletir
a realidade do ambiente de trabalho não podendo ser determinado apenas por
uma única avaliação no ambiente. Deverão se coletadas quantas amostras forem
necessárias, em dias e turnos aleatórios, de modo que sejam levados em
consideração todos os parâmetros que interferem na concentração deste agente ao
nível respiratório do trabalhador, tais como, intempéries, nível de produção, ventos,
variações operacionais e de processo, dentre outros. Deste modo, os dados obtidos
nas diversas situações deverão sofrer tratamento estático.

A avaliação da exposição exige um planejamento prévio da HVWUDWpJLD GH


DPRVWUDJHP antes da coleta da primeira amostra.

A estratégia de amostragem permite embasar afirmações, minimiza o esforço


necessário para decidir se uma situação está ou não satisfatória e discute questões
práticas que surgem ao avaliar a exposição: quais os trabalhadores deverão ter a
sua exposição avaliada; onde colocar o dispositivo de amostragem; quantas
amostras devem ser tomadas em cada dia de trabalho, quanto tempo deve durar
cada amostragem; quantas jornadas devem ser avaliadas durante o ano e quando?
A AIHA e o NIOSH apresentam informações úteis sobre o tema.

A metodologia abaixo é baseada na norma NHT-02 A/E 1985 da FUNDACENTRO


para avaliação da exposição ocupacional a particulados sólidos, ou seja: poeiras que
possam conter sílica livre cristalizada, partículas incômodas e poeiras e fumos
metálicos, em ambientes de trabalho através de coleta de amostras ambientais
individuais com equipamento de amostragem de baixa vazão.

30
'HILQLo}HV

&LFORQH: dispositivo usado no equipamento de amostragem para separação de


partículas sólidas contidas no fluxo de ar, em tamanhos pré-definidos.

    

  
   
        


         
')( #    




$    % &

           


  
     
! " #


   







)LOWURPHPEUDQD: filtro de malha rígida, de material polímero, na forma de uma
película, com poros de tamanho uniforme determinados com precisão.

3RUWDILOWUR SDGUmR: conjunto para retenção da amostra, composto por um suporte


de poliestireno de 2 ou 3 peças, contendo um suporte de papelão para o filtro e um
filtro de 37 mm.





3RUWDILOWUR EUDQFR porta-filtro contendo um filtro que sofre o mesmo preparo e
manuseio que os portas-filtros a serem utilizados para a coleta de amostras, exceto
que neste não passa ar através dele, ou seja, o mesmo não é utilizado.

31
3DUWLFXODGRWRWDO: total de partículas contidas em uma amostra gasosa.

3DUWtFXODV UHVSLUiYHLV: partículas contidas em uma amostra gasosa que


apresentam diâmetro aerodinâmico equivalente inferior a 10 µm.

3DUWtFXODVLQF{PRGDV: todas as partículas que não causam alterações pulmonares.


Atualmente são designadas de PNOS - Particulados Insolúveis Não Classificados.

=RQD UHVSLUDWyULD: região do espaço que compreende uma distância de
aproximadamente 150 ± 50 mm a partir das narinas, sob a influência da respiração.





,QVWUXPHQWDO1HFHVViULR

•Bomba de amostragem que forneça uma vazão de ar entre 1 e 3 litros por minuto,
provida de um sistema de controle de vazão e fonte de alimentação elétrica
independente. Este equipamento também é conhecido como AMOSTRADOR
GRAVIMÉTRICO.

32
•Ciclone padrão de 10 mm que separe as partículas com as seguintes
características de granulometria:

',­0(752$(52',1Æ0,&2 '(
(48,9$/(17('$3$57Ë&8/$ 3$57,&8/$'2
—P  ,1$/È9(/
2 90
2,5 75
Menor ou igual a 3,5 50
5,0 25
10,0 0

•Porta-filtro padrão provido de suporte e filtro adequado para a coleta do material


particulado a ser avaliado.

•Cronômetro de qualquer natureza com precisão mínima de 1 minuto.

•Barômetro portátil.

•Termômetro de precisão mínima de 1°C.

&DOLEUDomRGR(TXLSDPHQWR

A bomba de amostragem deve ser calibrada antes e depois da avaliação, para
ajuste e verificação da manutenção da vazão. Variações acima de um determinado
percentual entre a vazão inicial e final podem prejudicar e até mesmo invalidar a
amostragem.
Os métodos mais utilizados são:

0pWRGRGD%ROKDGH 6DEmR: que consiste no emprego de uma bureta de 1000 ml


invertida e graduada, ligada à linha de sucção da bomba, com ciclone conectado em
série com o porta-filtro, no caso de coleta de poeira respirável, ou com o kitazato

33
conectado em série com o porta-filtro e a bureta, para conter a umidade proveniente
da bolha de sabão, no caso de coleta de poeira total.

As etapas básicas para calibração através do método da bolha de sabão são:


a) ligar a bomba gravimétrica durante 15 a 20 minutos para estabilização da
voltagem;
b) medir a voltagem e verificar junto ao manual da bomba se a mesma está
dentro das especificações do fabricante;
c) fazer teste de vazamento da bomba, certificando, se for o caso, o rotâmetro;
d) acoplar a bomba a bureta, através da mangueira;
e) umedecer a bureta com bolhas de sabão de modo a lubrificar a parte interna
da mesma;
f) tomar uma bolha e cronometrar o tempo de percurso de 0 (zero) a 1000 ml. O
tempo que a bolha deve levar para percorrer a bureta é função do volume e
vazão requeridos:

4 9WORJRW  94 [



Onde: Q = vazão (l/min)
V = volume (l)
T = tempo (min)

Para avaliação de poeira respirável, utilizando o ciclone, a vazão requerida, segundo


a norma NHT-02 A/E da FUNDACENTRO é 1,7 l/min. Para avaliação de poeira total
(sem ciclone), poeiras metálicas e fumos, a vazão requerida, segundo a mesma
norma é 1,5 l/min.

Quando à avaliação de outros contaminantes não citados na norma da


FUNDACENTRO, sugere-se consultar os métodos padronizados do NIOSH, em sua
publicação 0DQXDORI$QDOLW\FDO0HWKRGV

Este método encontra-se normatizado pela FUNDACENTRO, através da norma


NHO 07.

34














6LVWHPDGHFDOLEUDomRGRDPRVWUDGRUSDUDSRHLUDUHVSLUiYHOHWRWDO


,QGLFDGRU GH )OX[R 'LJLWDO RX (OHWU{QLFR: Dispositivo eletrônico para ajuste e
indicação da vazão do amostrador. O porta-filtro é conectado no indicador de fluxo,
juntamente com o ciclone, para poeira respirável ou sem o ciclone, no caso de
poeira total. O fluxo é ajustado de acordo com o material a ser coletado.

35
Tal procedimento deve ser feito antes e depois da amostragem.

&DOLEUDGRU D VHFR: Dispositivo lançado recentemente no mercado, cujo


funcionamento é baseado no deslocamento preciso de pistões, que dispensa o uso
da bolha de sabão. È de fácil manuseio e os seus resultados são excelentes.

2%6(59$d­2: Quando a calibração da vazão é feita em local com temperatura e


pressão significativamente diferentes dos valores do local de amostragem, caso de
coleta de particulado em mineração subterrânea e calibração na superfície deve-se
corrigir a vazão através da seguinte expressão:

4F 4D 33[77 


*!+ ,


Onde: Qa = vazão média da amostragem
Qc = vazão média corrigida
P1 = pressão barométrica do local de calibração
P2 = pressão barométrica do local de amostragem
T1 = temperatura do local de calibração
T2 = temperatura do local de amostragem.

Exemplo: Qa = 1,5 l/min


P1 = 960 bar
P2 = 1050 bar
T1 = 24 °C
T2 = 31 °C

Qc = 1,5 (960/1050 x 31/24)1/2 = 1,5 (1,086) = 1,63 l/min



3URFHGLPHQWRSDUDFROHWDGHSRHLUDVTXHSRVVDPFRQWHU6L2,-

a) O equipamento de amostragem deve ser preparado de acordo com as


instruções do fabricante.

36
b) Preparar o porta-filtro padrão com um filtro membrana de PVC, pré-pesado,
com 37 mm de diâmetro e 5 µm de poro, para determinações analíticas por
gravimetria e difração de Raios X.
c) Montar o porta-filtro em um ciclone e ligá-lo
através de mangueira à bomba de amostragem,
para a coleta de poeira respirável.

d) Ajustar a vazão da bomba para 1,7 l/min., conforme instruções do fabricante


e/ou procedimentos normativos.







3URFHGLPHQWRSDUDFROHWDGH3DUWtFXODV,QF{PRGDVRX3126
a) O equipamento de amostragem deve ser preparado de acordo com as
instruções do fabricante.
b) Preparar o porta-filtro padrão com um suporte de papelão e um filtro-
membrana de PVC, pré-pesado, com 37 mm de diâmetro, para
determinações gravimétricas. O poro do filtro é definido conforme o material
particulado a ser coletado, atendendo ao disposto nas normas do 1,26+ ±
1DWLRQDO,QVWLWXWHRI2FFXSDWLRQDO6DIHW\DQG+HDOWK quando houver.
c) Ligar o porta-filtro padrão, através da mangueira, diretamente à bomba de
amostragem, para a coleta de particulado total.
d) Ajustar a vazão da bomba de amostragem para 1,5 l/min., conforme
instruções do fabricante e/ou procedimentos normativos, a menos que haja

37
recomendação específica de outra vazão inicial em função do tipo de partícula
a ser coletada.

3URFHGLPHQWRSDUDFROHWDGH3DUWtFXODV0HWiOLFDVH)XPRV
a) O equipamento de amostragem deve ser preparado de acordo com as
instruções do fabricante.
b) Preparar o porta-filtro padrão com um suporte de papelão e um filtro-
membrana de éster de celulose de 37 mm de diâmetro e 0,8 µm de poro, para
determinações analíticas por absorção atômica.
c) Ligar o porta-filtro padrão, através da mangueira, diretamente à bomba de
amostragem, para a coleta de particulado total.
d) Ajustar a vazão da bomba de amostragem para 1,5 l/min., conforme
instruções do fabricante e/ou procedimentos normativos.






2%6(59$d­2: Para cada 10 portas-filtros preparados, separar um porta-filtro
branco com um filtro do mesmo lote dos que serão utilizados na amostragem. Este
procedimento é válido para qualquer tipo de particulado a ser coletado.

$ERUGDJHPGR$PELHQWHGH7UDEDOKR

Deve ser feito um reconhecimento prévio do local a ser avaliado, definindo-se os
trabalhadores que deverão portar o equipamento de amostragem, conforme o
estabelecido no próximo tópico, e desenhando ou fotografando todos os pontos ou
ciclos de trabalho a serem avaliados.

38
A caracterização da exposição deve ser feita basicamente de maneira individual, ou
seja, os dados devem ser coletados de forma a se poder definir a situação de
exposição de cada um dos trabalhadores expostos.

Havendo a possibilidade de se agruparem trabalhadores que apresentem iguais


características de exposição, a avaliação pode considerar um número menor de
amostragens, desde que estas sejam suficientes para a caracterização da situação
de exposição do grupo considerado. Desta forma podem ser estabelecidos *+( ±
*UXSR+RPRJrQHRGH([SRVLomR, os quais seriam representados por um ou mais
trabalhadores que representem a exposição “típica” do referido grupo. Usualmente
isso poderá ser conseguido para uma mesma função operacional dentro do
ambiente. O importante é que o conjunto de amostras deve representar a totalidade
das situações de exposição existentes no ambiente, isto é, de todos os
trabalhadores expostos. Havendo dúvidas quanto à possibilidade de redução do
número de amostras através do GHE, a amostragem deverá considerar a totalidade
dos expostos.

O período de amostragem e o número de amostras coletadas devem representar


estatisticamente a exposição dos trabalhadores em jornadas integrais de trabalho.

2SHUDomRGR(TXLSDPHQWRGH$PRVWUDJHP

A bomba de amostragem deve ser presa na cintura do trabalhador, através de um
cinto, em posição que não atrapalhe a operação que ele estiver realizando e que
permita o acompanhamento do funcionamento da bomba pelo responsável pela
amostragem.

O elemento de amostragem deve ser posicionado na zona respiratória do


trabalhador.

39
Deve-se observar que a mangueira de amostragem não sofra estrangulamento e
que o elemento de amostragem fique em posição oposta á da bomba.

O equipamento deve ser ligado e durante o tempo de operação devem ser feitas
observações com relação a seu funcionamento, quantidade de material coletado e
com relação ao ambiente de trabalho.

3UHHQFKLPHQWRGD3ODQLOKDGH&DPSR

Devem ser registradas as seguintes informações na planilha de campo:

• o número da bomba de amostragem;


• o código do filtro;
• o horário em que a bomba de amostragem foi ligada e desligada;
• o nome do trabalhador avaliado, o seu cargo e as atividades desenvolvidas
durante a amostragem;
• a identificação do posto de trabalho e suas características físicas;
• a pressão atmosférica e a temperatura do ar do local de avaliação;
• as fontes geradoras do particulado amostrado;
• os dispositivos de proteção existentes no local e os EPI utilizados pelo
trabalhador avaliado;
• outras informações que o responsável pela avaliação julgar necessária.

40
9DOLGDomRGDV$PRVWUDV

As amostras consideradas válidas, que podem ser enviadas para o laboratório, são
aquelas que:
• não apresentem excesso de material, o que ocasiona o seu desprendimento
do filtro;
• não tenham sofrido contaminação de qualquer tipo;
• tenham sido coletadas através de bombas de amostragem que apresentaram
boas condições de funcionamento;
• cujo porta-filtro não apresenta prejuízo à sua integridade;
• para as quais se tenha todos os dados de amostragem anotados com
precisão.

Ocorrendo invalidação de uma amostra, a mesma deve ser refeita. A amostra


inválida pode ser guardada para outros efeitos que não os de avaliação, cuidando-se
que sejam feitas as devidas anotações na planilha de campo e no porta-filtro.

(QYLRGRV3RUWDV)LOWURV$PRVWUDGRVSDUDR/DERUDWyULR

As amostras coletadas deverão ser enviadas ao laboratório acompanhadas dos
dados necessários para o processamento analítico.

Os portas-filtros deverão ser transportados com a face amostrada para cima e com
os orifícios de entrada e saída do ar vedados com os plugs específicos. Utilizar um
plug vermelho na face amostrada e um plug azul na outra face.

Transportá-los de modo que não sofram choques.

A massa mínima necessária para que o laboratório possa efetuar a análise de sílica
livre é de 0,01 mg e a máxima recomendada é de 2,0 mg.

Assim sendo, quando se obtém uma determinada amostra com massa inferior a
0,01 mg significa que o tempo da amostragem deverá ser aumentado, mesmo que
isso implique utilizar o mesmo filtro de duas a três vezes ou de dois a três dias.

41
Quando houver amostra que se desprende do filtro, significa que o tempo de
amostragem deverá ser reduzido, inutilizando-se a amostra com excesso de
material.

Quando a massa da amostra estiver compreendida na faixa entre 0,1 e 2,0mg,


significa que a amostragem está otimizada, não precisando sofrer alterações.

Outra situação poderá ocorrer ainda: quando a amostra estiver dentro da faixa (0,1 e
2,0 mg), mas o laboratório não detecta massa de sílica livre. Não significa,
necessariamente, que não exista sílica livre na amostra. O que ocorre, na verdade, é
que a quantidade de sílica presente naquela amostra é inferior ao limite de detecção
do equipamento de raios x do laboratório (geralmente o limite é de 0,01 mg de
sílica).

&iOFXORGD&RQFHQWUDomR

Com o tempo e a vazão de amostragem, determina-se o volume de amostra:

9ROXPH P  YD]mRPpGLD OPLQ [WHPSRGHDPRVWUDJHP PLQ ·


.


A vazão média é a média aritmética das vazões inicial e final (Qf + Qi/2)

Uma vez determinada a vazão inicial (Qi) e final (Qf), calcula-se a vazão média da
amostragem, utilizando-se a seguinte fórmula:

Qm = Qi + Qf l/min, onde
2

Qm = vazão média da amostragem, em l/min.


Qi = vazão inicial requerida na amostragem, em l/min
Qf = vazão final aferida após amostragem, em l/min

Passa-se, então, à determinação do volume, em litros:


Va = Qm x ta,

42
onde:
Va = volume de amostragem, em litros.
Qm = vazão média, em l/min
ta = tempo amostrado, em min

Como os limites de tolerância normalmente são expressos em mg/m3, então:


Va = Qm x ta,
1000

em que: Va = volume de amostragem, em m3


Qm = vazão média, em
ta = tempo amostrado, em
1000 = fator de conversão de litros para m3

A concentração é obtida dividindo-se a massa da amostra (mg), fornecida pelo


laboratório, pelo volume de ar da amostra (m3):

&RQFHQWUDomR PJP  PDVVDGDDPRVWUD PJ ·YROXPHGHDUGDDPRVWUD


.

P 
.

Abaixo, o roteiro para o cálculo da concentração, sabendo-se que esta é obtida


mediante a seguinte fórmula:

C = Ma , em mg/ m3
Va

em que:
C = concentração de poeira, em mg/ m3
Ma = massa da amostra coletada, em mg
Va = volume de amostragem, em m3

Caso seja necessário aplicar o “limite de tolerância critério ACGIH”, deve-se


calcular a concentração de sílica da amostra, de forma análoga ao cálculo da

43
concentração de poeira

C = Ms, em mg/ m3
Va

em que:
C s = concentração de sílica livre, em mg/m3
Ms = massa de sílica na amostra coletada, em mg
Va = volume de amostragem, em m 3

,QWHUSUHWDomRGRV5HVXOWDGRV

A caracterização das situações de exposição avaliadas deve ser efetuada
comparando-se os valores de concentração obtidos com os limites de tolerância ou
de exposição estabelecidos pela legislação nacional, ou, na ausência destes, com
limites constantes nas publicações da ACGIH – $PHULFDQ &RQIHUHQFH RI
*RYHUQPHQWDO ,QGXVWULDO +\JLHQLVWV, com a devida adequação para a jornada de
trabalho em vigor no Brasil.

6H&!/7±([LVWHULVFR

6H&/7±1mRKiULVFR

A adequação deve ser feita através de um fator de redução calculado segundo a


fórmula abaixo, originadas de estudos realizados por BRIEF & SCALA:

)5 K[ ±K 



Onde:
FR = Fator de redução
h = total de horas de exposição por semana.

O limite de tolerância ajustado é calculado da seguinte forma:

44
/7 K  /7 KV [)5

Onde:
LT(h) = Limite de tolerância para exposição de “h” horas por semana.
LT(40 h/s) = Limite de tolerância para exposição de 40 horas por semana
(ACGIH)

7UDWDPHQWR(VWDWtVWLFRGRV'DGRV

O trabalho de higiene ocupacional, para ser mais completo e confiável, refletindo a


realidade da exposição efetiva do trabalhador, não deverá ser ater a apenas uma
avaliação quantitativa. Deverão ser coletadas amostras de particulados, em dias e
turnos aleatórios, de modo que sejam levados em consideração todos os parâmetros
que interferem na concentração do agente pesquisado.

Existem estudos que ajudam a determinar o número mínimo de amostras para se


obter o máximo de representatividade, geralmente com índice de confiabilidade
variando entre 90 e 95%. Estes estudos devem ser levados em consideração na
etapa de planejamento das avaliações, onde deverá ser definida a melhor estratégia
de amostragem para cada situação.

2%6(59$d­2: A amostragem por filtros tem dominado a prática dos higienistas
ocupacionais, porém novos equipamentos vêm surgindo no mercado com o objetivo
de tornar a avaliação muito mais simples. São, por exemplo, os monitores
eletrônicos por difração de luz (6FDWWHULQJ/LJKW). As partículas ao passarem por um
feixe de luz, emitido pelo sensor, provocam reflexão óptica, proporcional à
concentração, cuja leitura é dada instantaneamente em um visor digital.

Embora, se obtenha os resultados in loco, a concentração lida não expressa a


composição do material particulado.

Uma vez obtidos os resultados da amostragem convém responder criteriosamente


às seguintes perguntas:

45
• O que representam as amostras?
• Com que grau de confiabilidade?
• Os valores obtidos podem ser extrapolados para os períodos não
amostrados? E para as futuras exposições?

(;(03/2

Numa amostragem de poeira foram obtidos os seguintes dados:

-peso inicial = 12,0 mg


-peso final = 13,0 mg
-vazão inicial = 1,70 l/min
-vazão final = 1,60 l/min
-hora inicial = 12:00 horas
-hora final = 17:00 horas
-% SiO2 = 4%
-amostragem de poeira respirável (com ciclone)

O limite de tolerância foi superado?

Resposta:
a – peso da amostra (PA) = 13,0 – 12,0 = 1,0 mg
b – vazão média (Qm) = Qf + Qi/2 = 1,7 + 1,6/2 = 1,65 l/min.
c – volume amostrado (V) = Qm x t/1000 = 1,65 x 300/1000 = 0,495 m3
d – Concentração de poeira (C) = massa ou peso/volume =
= 1,0 mg/0,495 m3 = 2,02 mg/m3
e – Limite de Tolerância (LT) = 8/%SiO2 + 2 = 8/4 + 2 = 1,33 mg/m3
f – Conclusão: C > LT, isto é, o LT foi superado porque 2,02 mg/m3 > 1,33 mg/m3

(;(03/2

Efetuou-se uma avaliação de poeira metálica contendo chumbo em uma fundição.


De acordo com os dados abaixo, qual é a concentração de chumbo desta poeira?

46
O LT foi superado?

Dados:

Vazão média da bomba de amostragem = 1,50 l/min


Hora do início da amostragem = 9:42
Hora da interrupção da amostragem = 12:02
Hora de reinício da amostragem = 13:30
Hora de término da amostragem = 16:48
Peso inicial do filtro fornecido pelo laboratório = 13,87 mg
Peso final do filtro fornecido pelo laboratório = 15,13 mg

Resposta:
D&iOFXORGDFRQFHQWUDomR
   & PDVVDYROXPH
   
0DVVD SHVRILQDO±SHVRLQLFLDO
    0DVVD ± PJ
    9ROXPH YD]mR[WHPSR
  9ROXPH OPLQ[PLQ OLWURV P
   
& PJP PJP
E ± /LPLWH GH WROHUkQFLD GR FKXPER GH DFRUGR FRP R $QH[R  GD 15   
PJP
F±&RQFOXVmR$FRQFHQWUDomRGHFKXPERQDDPRVWUDpPDLRUTXHRVHXUHVSHFWLYR
/7
! FDUDFWHUL]DQGRXPDVLWXDomRGHULVFRSDUDDVD~GHGRWUDEDOKDGRU

47

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