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ARTIGO TÉCNICO

FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO SEMIQUANTITATIVA


DE AGENTES QUÍMICOS
Thiciane Guilhem Peres (*)

Resumo VpULHGHGLÀFXOGDGHVSDUDDOFDQoDURREMHWLYRGD+2

Este trabalho apresenta a aplicação de uma ferra- 3RUH[HPSORQRUHFRQKHFLPHQWRGHFRQWDPLQDQ-


menta de avaliação semiquantitativa de agentes WHV GHYHP VHU VXSHUDGRV RV GHVDÀRV GH VDLU GR
químicos, que visa à otimização de recursos e à escritório, dialogar com as frentes de trabalho,
HVWUXWXUDomRGRFRQKHFLPHQWRVREUHDVH[SRVLo}HV observar os ambientes, entender os processos e
a contaminantes. Pode ser aplicada por qualquer conhecer os contaminantes, bem como as suas im-
ramo produtivo, sendo adaptada conforme neces- SOLFDo}HV WR[LFROyJLFDV H D IRUPD GH RFRUUrQFLD
sário. Sua estrutura conta com uma adaptação de GDVH[SRVLo}HV
EDVLFDPHQWH WUrV PHWRGRORJLDV 7pFQLFD GH $YD-
OLDomRH&RQWUROHGRV5LVFRVQR/RFDOGH7UDEDOKR 8PD YH] UHDOL]DGR R UHFRQKHFLPHQWR GDV H[SR-
:5$& %DQGDVGH&RQWUROHH3ULQFtSLRGH4XDQ- sições, chegamos à avaliação, para que se possa
WLÀFDomRGH%DUUHLUDV0~OWLSODV0HGLDQWHDFRP- FODVVLÀFDURULVFRHGLUHFLRQDUDVPHGLGDVGHFRQ-
binação entre probabilidade e severidade, o risco trole. Ocorre que, se não nos atentarmos, estare-
será estimado, resultando em recomendações. A mos apenas coletando amostras e comparando-as
ferramenta colabora com o atendimento do novo FRPOLPLWHVGHH[SRVLomR
WH[WR GDV 1RUPDV 5HJXODPHQWDGRUDV Qž  H 
DX[LOLDQGR QD HODERUDomR GH SODQR GH DomR FRP Uma boa avaliação servirá para a tomada de de-
SULRUL]DomR DGHTXDGD 6XJHUHPVH DR ÀQDO PDLV cisões sobre os controles que deverão ser implan-
aplicações da ferramenta, de modo a possibilitar tados e o lugar onde isso será feito. Deve-se con-
YDOLGiODHDSHUIHLoRiODDÀPGHTXHFRUUHVSRQ- servar uma visão de que os controles precisam ser
da a um bom recurso para a tomada de decisão. atribuídos conforme a necessidade, isto é, a falta
RXRH[FHVVRSRGHOHYDUDRULVFRGHSHUGHUPRVQRV-
1) Introdução sa credibilidade, de colocar em risco os trabalha-
dores ou de incorrer em despesas desnecessárias.
A prática da higiene ocupacional para a prevenção
da saúde e integridade física dos trabalhadores Essa questão torna-se mais delicada ainda quan-
preconiza trilharmos um caminho composto ba- GRIDODPRVGDJHUDomRGHP~OWLSORVDJHQWHVHH[-
sicamente por quatro etapas: antecipação, reco- posições, em que frequentemente é impossível
nhecimento, avaliação e controle. Especialmente e inviável a implantação de controles para todos
quando lidamos com agentes químicos, surge uma em um mesmo momento, havendo necessidade de
priorizar.

(*)
(QJHQKHLUD$PELHQWDOHGH6HJXUDQoDGR7UDEDOKR3yVJUDGXDQGDHP+LJLHQH2FXSDFLRQDO

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'LDQWHGRH[SRVWRDPHWRGRORJLDGHDYDOLDomRVH- FRQWH[WRVFRPRVHUiGHPRQVWUDGR
miquantitativa de riscos químicos a ser apresenta-
da a seguir, busca otimizar a etapa de avaliação, A estimativa do risco será obtida por meio da com-
atribuindo a necessidade de avaliar quantitativa- binação entre a probabilidade e a severidade de
PHQWHDSHQDVXPDSDUFHODGDVH[SRVLo}HVIRFDQ- H[SRVLomRDXPGHWHUPLQDGRDJHQWHTXtPLFR3DUD
GRQDWRPDGDGHGHFLV}HVSUiWLFDVSDUDDYHULÀ- isso, o processo de avaliação deverá ser dividido
cação e/ou implantação de medidas de controle em 5 fases, distribuídas em colunas no Excel, con-
adequadas aos riscos. forme apresentado a seguir:

É importante ressaltar que o presente trabalho


,(VWLPDWLYDGD3UREDELOLGDGHGDH[SRVLomR
não julga que a avaliação quantitativa não seja
importante; pelo contrário, deve ser, sim, realiza- II- Estimativa da Severidade de possíveis lesões ou
GDPDVGHQWURGHFULWpULRVEHPGHÀQLGRVHDWp danos à saúde
para validar a metodologia aqui apresentada, bem ,,,&iOFXORGR1tYHOGH5LVFR3XUR 153 HGHÀQL-
como as medidas de controle recomendadas. omRGHFULWpULRVGH7ROHUDELOLGDGH

,94XDQWLÀFDomRGDV%DUUHLUDV0~OWLSODV 4%0 H


A ferramenta de avaliação semiquantitativa de ris-
cálculo do Nível de Risco Residual (NRR)
cos químicos proposta pode ser aplicada em MS
Excel, seguindo uma estrutura com os fundamen- V- Proposição de recomendações
tos da técnica de gerenciamento de riscos deno-
minada Workplace Risk Assessment and Control A presente ferramenta não se aplica para avalia-
$YDOLDomRH&RQWUROHGRV5LVFRVQR/RFDOGH7UD- ção de fumos, líquidos não voláteis, névoas e ga-
EDOKR:5$&  ses, contudo, informações sobre esses agentes são
apresentadas ao longo do artigo.
Conjuntamente, a ferramenta se utiliza de outras
duas metodologias para a obtenção do nível de risco 2) Estimativa da probabilidade
HDLGHQWLÀFDomRGDVPHGLGDVGHFRQWUROHDVDEHU
$ SUREDELOLGDGH RX FKDQFH GH H[SRVLomR SRGHUi
ser determinada por meio da combinação entre as
• Bandas de Controle (fundamento do COSHH
seguintes variáveis:
Essentials: Easy Steps to Control Health Risks
from Chemicals, desenvolvido pelo Health and
Safety Executive, HSE) D )UHTXrQFLDGHH[SRVLomR

• Princípio de Barreiras Múltiplas, do Sistema de b) Níveis de empoeiramento e volatilidade


*HVWmRGR7UDEDOKR6HJXUR 6*76GHVHQYROYL- F 4XDQWLGDGHXWLOL]DGDRXJHUDGD
do pelo engenheiro de segurança canadense,
Yvan Desrochers)
A vantagem de introduzir a análise dos níveis de
$ WpFQLFD :5$& IRL HVFROKLGD SDUD HVWUXWXUDU D
empoeiramento, volatilidade e quantidade do
presente ferramenta porque tem como princípios
agente químico na estimativa da probabilidade é
atividades rotineiras e não rotineiras e priorizar os
DGHFRQGX]LURSURÀVVLRQDOGH667DUHDOL]DUXP
riscos mais críticos em detrimento dos menos crí-
UHFRQKHFLPHQWRPDLVHVWUXWXUDGRGDVH[SRVLo}HV
ticos. Pode, dessa forma, ser aplicada a diferentes

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SDUDREWHUXPDJUDGDomRPDLVÀGHGLJQDGDUHDOL-
dade. )UHTXrQFLDGHH[SRVLomR

3RUH[HPSORXPWUDEDOKDGRUSRGHHVWDUH[SRVWR $IUHTXrQFLDGHH[SRVLomRQRVSHUPLWLUiLGHQWLÀ-
diariamente a um material particulado que, ana- car a habitualidade de possíveis contatos do tra-
lisado isoladamente, poderia conduzir a uma alta balhador com o agente, e poderá ser estimada por
probabilidade, mas se esse particulado for gera- meio da análise de sua periodicidade e duração,
do ou utilizado em pequenas quantidades e dele FRQIRUPHR4XDGURHR4XDGUR
HPDQDUSRXFDSRHLUDSRQGHUDUHPRVPHOKRUDH[-
posição do trabalhador em questão.

4XDGUR²3HULRGLFLGDGHGDH[SRVLomR

PERIODICIDADE DA EXPOSIÇÃO
ÌQGLFH Descrição
Ocorre de forma eventual, imprevista, não fazendo parte da rotina de trabalho do
1
trabalhador. Menos de uma vez por semana.

2WUDEDOKDGRUpH[SRVWRDRDJHQWHFRPIUHTXrQFLDSRUpPKiXPDLQWHUPLWrQFLDPelo
2
menos uma vez por semana.

2 WUDEDOKDGRU SHUPDQHFH FRQWLQXDPHQWH H[SRVWR DR DJHQWH TXtPLFR H[HFXWDQGR RX


3 DJXDUGDQGRRUGHQVHHPVLWXDomRGHH[SRVLomRFRQWtQXDSDUDDH[HFXomRGHXPDWDUHID
Mais de uma vez por semana.

)RQWH$GDSWDGRGH:LHWKROWHU

Quadro 2 – Periodicidade da duração

DURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
ÌQGLFH Descrição
1 d < 30 min
2 30 min d 120 min
3 G!PLQ
)RQWH:LHWKROWHU

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$SyVDQiOLVHGDSHULRGLFLGDGHHGXUDomRGDH[SRVLomRDIUHTXrQFLDGHYHUiVHUFODVVLÀFDGDFRQIRUPHD)LJXUD

)LJXUD²&ODVVLÀFDomRGDIUHTXrQFLDGHH[SRVLomR

DURAÇÃO

1 2 3

30 min
FREQUÊNCIA
d < 30 min d G!PLQ
DE EXPOSIÇÃO
120 min

1 1 2 3 5HFODVVLÀFDU 1-2 BAIXA

PERIODICIDADE 2 2 4 6 3-4 MÉDIA

3 3 6 9 6-9 $/7$

)RQWH:LHWKROWHU

Essa estimativa nos permite reduzir a subjetivi- 2.2.1 Nível de empoeiramento


dade intrínseca correspondente a uma avaliação
TXDOLWDWLYD SDGURQL]DQGR D IUHTXrQFLD GH H[SR- De acordo com a ferramenta Advanced REACH
sição da forma que melhor se adequar ao empre- Tool (2013) a pulverulência (ou nível de empoei-
endimento. ramento) é um parâmetro destinado a estimar a
facilidade dos materiais em dispersar partículas
3RUH[HPSORDSHULRGLFLGDGHSRGHULDVHUUHGX]LGD em suspensão no ar durante o seu manuseio.
de semanal para diária, ou aumentada para quin-
]HQDOHWF-iDGXUDomRSRGHULDVHUGHWHUPLQDGD A formação e/ou permanência de poeira no ar de-
por horas, ou minutos, diferentemente do padrão penderá, entre outras variáveis, do tipo de ma-
aqui utilizado. terial manuseado e do diâmetro aerodinâmico da
SDUWtFXODSURGX]LGDGDDWLYLGDGHRXSURFHVVR ([
2.2 Nível de empoeiramento e volatilidade OL[DPHQWR FRUWH HQVDFDPHQWR  GR WLSR GH DP-
ELHQWH ([ DEHUWR RX IHFKDGR  H GDV FRQGLo}HV
A seguir serão apresentados os principais parâme- ambientais.
WURVTXHLQÁXHQFLDPRQtYHOGHHPSRHLUDPHQWRH
a volatilidade das substâncias químicas, atuando 2SUHVHQWHDUWLJRVHGHOLPLWDjFODVVLÀFDomRGRSR-
como potenciais fatores de emissão no ar, poden- WHQFLDOGHHPLVVmRGHSRHLUDFRQIRUPHR4XDGUR
do contribuir na sua inalação e/ou no contato com
RWUDEDOKDGRUH[SRVWR

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4XDGUR1tYHOGHHPSRHLUDPHQWR

Nível de empoeiramento

Grânulos, 6yOLGRVQmRIULiYHLVSRGHQGRVHUREVHUYDGDDSHQDVXPDTXDQWLGDGH
%DL[R ÁRFRVRX PXLWROLPLWDGDGHSRHLUDQRDU([HPSORVJUkQXORVGHSROtPHUR
pellets ÁRFRVGHFHUDHVFDPDVGHVRGDFiXVWLFD

Poeira 6yOLGRVIULiYHLVFRPIRUPDomRGHSRHLUDDTXDOVHVHGLPHQWD
Médio grossa, UDSLGDPHQWHGHYLGRjJUDYLGDGH([HPSORVDUHLDSyGHPDGHLUD
cristalina limalha de alumínio.

6yOLGRVIULiYHLVFRPIRUPDomRGHPDWHULDOSDUWLFXODGRHPVXVSHQVmR
3RHLUDÀQD
Alto RTXDOSRGHSHUPDQHFHUSRUPXLWRWHPSRGLVSHUVRQRDU([HPSORV
e leve
FLPHQWRGLy[LGRGHWLWkQLRÀEUDVGHDPLDQWR
)RQWH$UTXLYR3HVVRDO 

1RTXHWDQJHjH[SRVLomRjVÀEUDVDUWLÀFLDLV man Figura 2 – Níveis de volatilidade


PDGH PLQHUDO ÀEHUV), tais como na manipulação
GH ÀEUD GH YLGUR Om GH URFKD Om GH HVFyULD RX
ÀEUDV FHUkPLFDV ID]VH QHFHVViULR DQDOLVDU R VHX
diâmetro, bem como a presença ou não de óleo,
FRPR IDWRUHV TXH SRGHP LQÁXHQFLDU R QtYHO GH
empoeiramento, conforme apontado na Advanced
REACH Tool (2013).

$SUHVHQWHIHUUDPHQWDQmRGHYHVHUDSOLFDGDjH[-
posição a fumos, fazendo-se necessário analisar os
materiais, as características do processo que os
geraram, temperaturas e tipos de barreiras pre-
ventivas.

2.2.2 Nível de volatilidade )RQWH)XQGDFHQWUR

A facilidade de dispersão de líquidos e gases e vapo- Algumas recomendações devem ser consideradas,
UHVQRDPELHQWHGHYHUiVHUFODVVLÀFDGDFRQIRUPHR conforme preconiza o Programa de Proteção
nível de volatilidade da substância (alto, médio ou Respiratória da Fundacentro (2016):
EDL[R REWLGRSRUPHLRGDLQWHUVHFomRGRSRQWRHQ-
tre a sua temperatura de ebulição e a temperatura I - Caso a intersecção da temperatura de operação
de operação, de acordo com a Figura 2: com a temperatura de ebulição do contaminante
se encontre na linha divisória, deve-se optar pela

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maior volatilidade. maiores que a do ambiente, ou em atividades com


JHUDomRGHQpYRDV )81'$&(1752 
,,  &DVR D ),634 )LFKD GH ,QIRUPDo}HV GH
6HJXUDQoD GR 3URGXWR 4XtPLFR  DSUHVHQWH PDLV 1RVFDVRVGHYDSRUHVGHOtTXLGRVFRP7(HOHYDGDV
de um valor de temperatura de ebulição para o a preocupação será somente se a substância pos-
produto, é preciso optar pela temperatura de VXLUHOHYDGDWR[LFLGDGHSRGHQGRVHUFRQVWDWDGD
menor valor. SRU H[HPSOR SHOR VHX OLPLWH GH H[SRVLomR SRLV
III - Se o processo ou atividade implicar várias VHIRUPXLWREDL[RPHVPRFRPEDL[DYRODWLOLGDGH
temperaturas de operação, deve-se usar a maior é possível atingir o limite.
temperatura.
Para situações com formação de névoas (pressão
IV - Caso seja uma mistura de contaminantes de vapor 10 Pa), a volatilidade deverá ser anali-
([ SLQWXUD FRP VROYHQWHV FDWDOLVDGRUHV sada com base na viscosidade do líquido e na fra-
corantes, etc.), é necessário optar pela menor ção em peso da substância de interesse.
das temperaturas de ebulição.
3DUD RV OtTXLGRV SRXFR YROiWHLV D H[SRVLomR SUH-
 &RQVLGHUDo}HV SDUD OtTXLGRV QmR YROi- dominante poderá ser pela formação de aerossol
teis, névoas e gases ([ DJLWDomR GH OtTXLGRV j WHPSHUDWXUD HOHYDGD
ou aplicação em spray). Conforme a Advanced
A presente ferramenta não está calibrada para a REACH Tool (2013) é previsto que o manuseio de
HVWLPDWLYD GD SUREDELOLGDGH GH H[SRVLomR DRV Ot- OtTXLGRVGHEDL[DYLVFRVLGDGH FRPRiJXD UHVXOWH
quidos não voláteis, névoas e gases, no entanto, é em maior produção de aerossol do que o manuseio
SRVVtYHO TXH VHMD GHVHQYROYLGD XPD FODVVLÀFDomR de líquidos com alta viscosidade (como óleo, resi-
para a probabilidade, semelhante à adotada pela nas ou pastas).
ferramenta em questão.
Com relação à fração em peso da substância de
O diferencial será a utilização de parâmetros es- interesse, é estimado que se esta se encontra com
SHFtÀFRV SDUD FDGD DJHQWH H VLWXDomR GH H[SRVL- teor de 10% no produto, levará a um valor 10 vezes
ção. Foram feitas considerações a seguir visando menor de emissão do que uma substância pura.
DX[LOLDU R KLJLHQLVWD RX SURÀVVLRQDO GH VHJXUDQoD Deste modo, uma análise mais aprofundada deve
do trabalho: ser realizada quando da ocorrência de misturas.

2 OLYUR GH 7R[LFRORJLD 2FXSDFLRQDO GD )XQGDFHQ- 3DUD DQDOLVDU D SUREDELOLGDGH GH H[SRVLomR D JD-
WUR   DSRQWD TXH D H[SRVLomR RFXSDFLRQDO ses, é possível que seja mais relevante a análise
a vapores será pequena quando a temperatura da integridade das vedações do recipiente de con-
de ebulição da substância é maior que 200 °C, e WHQomRLQFOXLQGRFRQH[}HVEHPFRPRDGLIHUHQoD
quando acima de 250 °C, a substância é conside- GH SUHVVmR LQWHUQD H H[WHUQD GR TXH DSHQDV DV
rada não volátil. características intrínsecas do gás.

Para líquidos não voláteis, como misturas com óle- Para mais informações sobre o potencial de emis-
os minerais, diesel, querosene, que possuem con- são de substâncias, sugere-se consultar a referên-
centração elevada de hidrocarbonetos com tem- cia da $GYDQFHG5($&+7RRO  DRÀQDOGHVWH
SHUDWXUDVGHHEXOLomR 7( HOHYDGDVDH[SRVLomR artigo.
VHUiVLJQLÀFDWLYDVHPDQXVHDGRVHPWHPSHUDWXUDV

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2.3 Quantidade utilizada HP SURFHVVRV GHYHVH FODVVLÀFDU D TXDQWLGDGH


por meio da estimativa das matérias-primas, su-
A quantidade utilizada de agentes químicos nos SHUItFLHV HWF ([HPSOR QpYRDV GH WLQWDV FXMD
processos de trabalho também pode contribuir mistura foi composta de solventes, primers e ca-
SDUDRSRWHQFLDOGHH[SRVLomRGRWUDEDOKDGRU talizadores.

3RULVVRUHFRPHQGDVHDLGHQWLÀFDomRGDTXDQ- 2.4 Matriz de Probabilidade


tidade utilizada de uma substância química,
FRQIRUPHLQGLFDomRGR4XDGURHDHVWLPDWLYD $SyVGHWHUPLQDUDIUHTXrQFLDGHH[SRVLomRRQt-
de sua emissão para o ambiente de trabalho de vel de empoeiramento ou volatilidade e a quan-
acordo com as metodologias recomendadas para tidade do agente químico em análise, deverá ser
HVVDÀQDOLGDGHSRUSURFHVVR UHDOL]DGDDFODVVLÀFDomRGDSUREDELOLGDGHGHH[SR-
sição, conforme a Figura 3.
4XDQGR VH WUDWDU GH DJHQWHV TXtPLFRV JHUDGRV

Quadro 4 - Quantidade utilizada

QUANTIDADE UTILIZADA

Pequena *UDPDVRXPLOLOLWURV GH]HQDVGHJUDPDVDSUR[LPDGDPHQWHXPD[tFDUDFKHLD

Média 4XLORJUDPDVRXOLWURV DNJRXWDPERUHVDWpOLWURV

7RQHODGDV RX PHWURV F~ELFRV FDUJD GH XP FDPLQKmR RX GH XP FDPLQKmR
Grande
tanque)

)RQWH$GDSWDGRGH)XQGDFHQWUR

)LJXUD²'HWHUPLQDomRGDSUREDELOLGDGHGHH[SRVLomR

Facilidade de
Empoeiramento/
Volatilidade

)UHT([S 4XDQWLGDGH %DL[D Média Alta


%DL[D Pequena 100 100 100
Média 100 200 200
Grande 100 200 200
Média Pequena 200 200 300
Média 200 300 300
Grande 300 300 400
Alta Pequena 300 400 400
Média 400 400 500
Grande 400 500 500
)RQWH$UTXLYRSHVVRDO

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Com base no índice encontrado na Figura 3, vai- dade devem ser dispostos na categoria A (FUNDA-
-se estabelecer a categorização da probabilidade, &(1752 
FRQIRUPHR4XDGUR
1R ~OWLPR JUXSR FODVVLÀFDGR FRPR 6 GHYHP VHU
Ressalte-se que as categorias de probabilidade fazem alocadas as substâncias que podem causar danos
PHQomRDRSRWHQFLDOGHH[SRVLomRDRDJHQWHTXtPL- quando em contato com a pele ou os olhos. O gru-
co: frequência e facilidade de dispersão, parâmetros SR6QmRHQWUDUiQDFODVVLÀFDomRGRQtYHOGHVHYH-
utilizados para alcançar essa categorização. ridade, indicando somente que a substância possui
HIHLWRV VLJQLÀFDWLYRV TXDQGR HP FRQWDWR FRP RV
3) Estimativa da severidade olhos ou a pele e, por isso, deve ser fornecida pro-
teção adequada ao trabalhador.
A severidade do dano ou agravo à saúde provocado
SHODH[SRVLomRDRDJHQWHSRGHUiVHUGHWHUPLQDGD Nota: quando uma substância apresentar apenas
SRU VXD WR[LFLGDGH (VWD SRU VXD YH] OHYDUi HP IUDVHVGHSHULJRFODVVLÀFDGDVQDFDWHJRULD6GHYH-
consideração as frases de perigo do agente (Frases UiVHUFODVVLÀFDGDQDPHQRUGDVFDWHJRULDVPHQVX-
H, do inglês “Hazard Phrases”). ráveis dessa ferramenta, ou seja, na categoria A.

Os agentes químicos podem ser divididos em seis Alguns agentes químicos poderão ser inseridos em
diferentes grupos. Cinco destes, do A ao E, refe- mais de uma categoria. Caso as frases de perigo
rem-se aos danos à saúde devido à inalação ou à do agente enquadrem-se em diferentes catego-
LQJHVWmRGHFRQWDPLQDQWHV )81'$&(1752  rias, deve-se optar por aquela de maior perigo.
)81'$&(1752 
2VDJHQWHVTXtPLFRVGHPDLRUWR[LFLGDGHRXPDLV
SHULJRVRVjVD~GHGHYHPVHUFODVVLÀFDGRVQDFDWH- Caso não se encontre frase de perigo para o con-
JRULD(2VDJHQWHVTXHDSUHVHQWDPPHQRUWR[LFL- taminante, tampouco indicação de que este não é

Quadro 5 – Categorias de probabilidade

PROBABILIDADE

100 1®2(;32672 Nenhum contato com a substância ou contato improvável.


Contato infrequente com substância que normalmente se dispersa
200 328&2(;32672
pouco no ambiente.
02'(5$'$0(17(
300 Contato frequente com substância que se dispersa pouco no ambiente.
(;32672

400 08,72(;32672 Contato frequente com substância razoavelmente dispersa no ambiente.


$/7$0(17(
500 Contato frequente com substância bastante dispersa no ambiente.
(;32672
)RQWH$GDSWDGRGH(675$7e*,$VG

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perigoso, deve-se inseri-lo como pertencente ao WUDGDVDLQGDSRUPHLRGR4XDGURGH(QWUDGDV+DU-


grupo E, ou buscar apoio de um especialista (FUN- monizadas no site da European Chemicals Agency
'$&(1752   ([HPSOR R JiV KH[DÁXRUHWR $JrQFLD (XURSHLD GH 3URGXWRV 4XtPLFRV (&+$ 
GHHQ[RIUHpDVÀ[LDQWHHQmRIRLHQFRQWUDGDXPD no endereço: https://echa.europa.eu/pt/informa-
frase de perigo à saúde referente a ele. Portanto, WLRQRQFKHPLFDOVDQQH[YLWRFOS.
deverá ser alocado no grupo E.
2 4XDGUR  DSUHVHQWD DV FODVVHV GH VHYHULGDGH
Normalmente as frases de perigo poderão ser en- segundo as frases de perigo dos contaminantes,
contradas na Ficha de Informações de Segurança bem como o fator de multiplicação, para a estima-
GR 3URGXWR 4XtPLFR ),634  GR SURGXWR RX VXEV- tiva do risco adiante.
tância. Contudo, essas frases poderão ser encon-

Quadro 6 – Classes de Severidade

TOXICIDADE CONFORME AS FRASES DE PERIGO


FRASES DE
CLASSES DE
PERIGO DESCRIÇÃO FATOR
SEVERIDADE
H[HPSORV
A
7R[LFLGDGHDJXGD OHWDOLGDGH TXDOTXHUURWDFODVVH
H303 H335 Irritabilidade da pele, classes 2 ou 3
H315 H336 Irritabilidade dos olhos, classe 2
7RGDVDVSRHLUDVHRVYDSRUHVQmRDORFDGRVQRVJUXSRV
A – Irritante H319 EUH66 100
B-E
Varredura de chaminé
Poeiras oriundas de aves domésticas (matéria orgânica)
Névoa de tinta (à base de água)
Poeira de madeira
B
7R[LFLGDGHDJXGD OHWDOLGDGH TXDOTXHUURWDFODVVH
7R[LFLGDGHDJXGD VLVWrPLFD TXDOTXHUURWDFODVVH
H302 H371 1pYRDGHÁXLGRGHFRUWH jEDVHGHiJXD
1pYRDGHyOHRGHFRUWHSRUH[HPSORyOHRVLQWpWLFRRX
H312 H332
PLQHUDO FRPH[FHomRGHyOHRPRWRU
1pYRDGHyOHRPLQHUDO FRPH[FHomRGHyOHR
B – Nocivo automotivo usado) 200

Névoa de tinta (à base de solvente)


Poeira (sílica) de pedra, tijolo, pavimentação e
concreto
Poeira (sílica) de pedra, tijolo, pavimentação e
concreto com supressão de água no cortador
6ROGDHFRUWHGHDoRGHEDL[RWHRUGHFDUERQR

36 Revista ABHO / Edição 61 2020


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Quadro 6 – Classes de Severidade (continuação)

TOXICIDADE CONFORME AS FRASES DE PERIGO (CONTINUAÇÃO)

FRASES DE
CLASSES DE
PERIGO DESCRIÇÃO FATOR
SEVERIDADE
H[HPSORV
C
7R[LFLGDGHDJXGD OHWDOLGDGH TXDOTXHUURWDFODVVH
H301 H331 7R[LFLGDGHDJXGD VLVWrPLFD TXDOTXHUURWDFODVVH
H311 H370 Corrosividade, subclasses 1A, 1B ou 1C
&²7y[LFR H317 H373 Irritabilidade dos olhos, classe 1 300
+ EUH71 Irritabilidade do sistema respiratório
Sensibilização da pele
7R[LFLGDGHGDH[SRVLomRUHSHWLGDTXDOTXHUURWDFODVVH

D
7R[LFLGDGHDJXGD OHWDOLGDGH TXDOTXHUURWDFODVVHV
ou 2
7R[LFLGDGHSRUH[SRVLomRUHSHWLGDTXDOTXHUURWDFODVVH
H300 H361
1
H304 H362 7R[LFLGDGHUHSURGXWLYDFODVVHVRX
D – Muito
H310 H372 6ROGDHFRUWHGHDoRLQR[LGiYHO 400
7y[LFR
Poeiras ou fumos que contenham chumbo (remoção de
H330 EUH201
tinta à base de chumbo)
1pYRDGHSURGXWRVUHDWLYRV SRUH[HPSORMXQomRGH
H360
GRLVFRPSRQHQWHVLVRFLDQDWRHSR[LFXUDSRU89HWF
Fumos de resina da vareta de solda
E
H334 H350 Mutagênicos
E – Casos H340 H351 Carcinogênicos 500
Especiais
H341 EUH70 Sensibilizantes respiratórios
7HUDWRJrQLFRVUDGLRDWLYRVHDVÀ[LDQWHV
S
7R[LFLGDGHDJXGD OHWDOLGDGH VRPHQWHSHOHFODVVHV
H310 H317 2, 3 ou 4
7R[LFLGDGHDJXGD VLVWrPLFD VRPHQWHSHOHFODVVHV
H311 +
ou 2
S - Pele e H313 H319 Corrosividade (necrose), subclasses 1A, 1B, 1C
Olhos BB
H314 H320 Irritação cutânea classe 2
H315 Irritação dos olhos classes 1 ou 2
H316 Sensibilização da pele (alergias)
7R[LFLGDGHGDH[SRVLomRUHSHWLGDVRPHQWHSHOH
classes 1 ou 2
)RQWH$GDSWDGRGH)XQGDFHQWUR 

Revista ABHO / Edição 61 2020 37


ARTIGO TÉCNICO

&RPRVHSRGHYHULÀFDUQR4XDGURjVFODVVHV 4) Nível de risco puro (NRP) e critérios de tole-


de severidade foram atribuídos fatores de 100 a rabilidade
H[HPSOLÀFDGRVFRQIRUPHR4XDGUR
Depois de encontradas as categorias de probabili-
4XDGUR²&ODVVLÀFDomRGDVHYHULGDGH dade e severidade, deverá ser determinado o res-
pectivo nível de risco.

SEVERIDADE
O risco a ser determinado nesse momento não le-
A - Irritante 100 vará em consideração as medidas de controle atu-
B - Nocivo 200 DOPHQWHH[LVWHQWHVSRLVRTXHVHEXVFDDJRUDpD
&7y[LFR 300 HVWLPDWLYDGRULVFR´SXURµFRQIRUPHDH[SRVLomR
'0XLWR7y[LFR 400 GRWUDEDOKDGRUDRDJHQWHHRVHXSRWHQFLDOWR[L-
E - Casos Especiais 500 cológico.
S - Pele e olhos
)RQWH$GDSWDGRGH)XQGDFHQWUR Desse modo, o Nível de Risco Puro (NRP) deverá
ser determinado pela intersecção da probabilida-
de com a respectiva severidade na Matriz de Risco
apresentada na Figura 4.

Figura 4 - Matriz de risco

352%$%,/,'$'(

1®2 POUCO MODER. 08,72 $/7$0


(;32672 (;32672 (;32672 (;32672 (;32672

SEVERIDADE Classe Fator 100 200 300 400 500


A - Irritante 100 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000
B - Nocivo 200 20.000 40.000 60.000  100.000
&7y[LFR 300 30.000 60.000 90.000 120.000 150.000
'0XLWR7y[LFR 400 40.000  120.000 160.000 200.000
E - Casos Especiais 500 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000

 Revista ABHO / Edição 61 2020


ARTIGO TÉCNICO

A mensuração do risco puro, conforme a Matriz de 7HQGRFODVVLÀFDGRRULVFRGHYHUiVHUDWULEXtGRD


Risco, atribuirá ao risco uma das seguintes catego- ele o grau de tolerabilidade, que corresponderá à
ULDVLQGLFDGDVQR4XDGUR VLJQLÀFkQFLDTXHWHUiQDHPSUHVDHPWHUPRVGH
HVIRUoRV SDUD PLQLPL]iOR DWp XP QtYHO VXÀFLHQ-
Quadro 8 - Classes de risco puro temente aceito como seguro (sem considerar as
PHGLGDVH[LVWHQWHV 
DESCRIÇÃO FAIXA DE RISCO
2 4XDGUR  DSUHVHQWD R JUDX GH WROHUDELOLGDGH
,16,*1,),&$17( 10.000 a 20.000
atribuído a cada risco estimado, a sua tolerabili-
328&26,*1,),&$17( 30.000 a 50.000 dade e uma ação recomendada com relação à con-
6,*1,),&$17( 60.000 a 100.000 dução de avaliações quantitativas.
08,726,*1,),&$17( 120.000 a 160.000
&5Ì7,&2 200.000 a 250.000
)RQWH$UTXLYRSHVVRDO

Quadro 9 – Tolerabilidade de riscos químicos

FAIXA DE
DESCRIÇÃO TOLERABILIDADE AÇÃO
RISCO

10.000 a Manter monitoramento periódico. Pode ser necessária


,16,*1,),&$17( 72/(5É9(/ <NA
20.000 DYDOLDomRTXDQWLWDWLYDSDUDFRQÀUPDUDFDWHJRULD

(VSHUDVHTXHHVWHULVFRQmRH[FHGDR/(QRHQWDQWR
72/(5É9(/&20
POUCO 30.000 a é necessário controle sistemático e periódico, para
AÇÕES DE MÉDIO 1$H/(
6,*1,),&$17( 50.000 PDQWHURULVFRDEDL[RGR/(1HFHVViULDDYDOLDomR
35$=2
quantitativa em até 12 meses.

72/(5É9(/&20 Necessária implementação de barreiras para reduzir o


60.000 a
6,*1,),&$17( $d¯(6'(&8572 LJXDO/( nível de risco. Realizar avaliação quantitativa em até
100.000
35$=2 12 meses após a instalação de barreiras.

Necessária implementação de barreiras para reduzir o


08,72 120.000 a risco, no mínimo, uma categoria. Realizar avaliação
,172/(5É9(/ !/(
6,*1,),&$17( 160.000 quantitativa em até 6 meses após instalação
de barreiras.

Deverá ser recomendada a paralisação da atividade ou


processo de trabalho enquanto não forem implementadas
200.000 a
&5Ì7,&2 ,172/(5É9(/ ![/( barreiras capazes de reduzir a categoria deste
250.000
risco. Realizar avaliação quantitativa em até 6 meses
após a instalação de barreiras.

)RQWH$UTXLYRSHVVRDO
(*)
´LJXDO/(µVHUYHSDUDGDUDLGHLDGHTXHDFRQFHQWUDomRHVWiQRVDUUHGRUHVGR/(

Revista ABHO / Edição 61 2020 39


ARTIGO TÉCNICO

 4XDQWLÀFDomRGH%DUUHLUDV0~OWLSODV 4%0  • Barreiras de proteção interagem com a energia


e o trabalhador. São utilizadas para proteger os
Comumente nos referenciamos a medidas de contro- trabalhadores em caso de energia não controla-
OHTXDQGRGDH[LVWrQFLDGHPHLRVRXHVWUDWpJLDVXWLOL- da.
zados para a prevenção de riscos, tais como ventila-
• As barreiras de suporte dependem inteiramen-
omRORFDOH[DXVWRUD 9/( HTXLSDPHQWRGHSURWHomR
te do trabalhador. Elas suportam o uso adequa-
individual (EPI) e procedimentos de trabalho, entre
do de barreiras de controle e de proteção.
outros.

A distinção dos tipos de barreiras contribui estrategi-


Diferentemente do estabelecido no método das Ban-
camente, de modo simples e prático, para persuadir
das de Controle, o qual as medidas de controle são
RSURÀVVLRQDOGH667DREVHUYDUHLPSOHPHQWDUUHFXU-
FDWHJRUL]DGDVHPIDL[DV RX%DQGDV DPHWRGRORJLD
sos adequados a cada risco.
DTXLDSUHVHQWDGDUHFRPHQGDUiEDUUHLUDVHÀFD]HVDRV
riscos, de acordo com a estimativa do Nível de Risco
Será vista a seguir a estimativa de valores para cada
Residual (NRR), como será demonstrado adiante.
tipo de barreira, sendo recomendado, sempre que
necessário e possível, optar por barreira de controle
Como podemos perceber, foi utilizado neste trabalho
^PDLVHÀFD]SRLVpDTXHPHQRVGHSHQGHGRWUDED-
o termo “barreiras”, em lugar de “medidas de con-
lhador, e controla ou previne a energia (agente quí-
trole”, cujo objetivo nesta ferramenta é o emprego
mico), antes de sua liberação no ambiente}.
GDPHWRGRORJLDGHTXDQWLÀFDomRGHEDUUHLUDVP~OWL-
SODVGR6LVWHPDGH*HVWmRGR7UDEDOKR6HJXURGH-
2 4XDGUR  DSUHVHQWD H[HPSORV GH EDUUHLUDV GH
senvolvido por Yvan Desrochers, [200-].
controle, proteção e suporte a serem observadas, de
acordo com a tolerabilidade dos riscos.
As barreiras podem ser divididas em três tipos, con-
'HYHUi VHU UHDOL]DGD D 4XDQWLÀFDomR GH %DUUHLUDV
forme o grau de efetividade:
0~OWLSODV 4%0 SDUDFDGD1tYHOGH5LVFR3XUR 153 
mensurado, de acordo com a pontuação das barreiras
• Barreiras de controle controlam a energia inde- DSUHVHQWDGDQR4XDGURYLVDQGRHQFRQWUDUR1tYHO
pendentemente do trabalhador. São utilizadas de Risco Residual (NRR).
para prevenir ou controlar a liberação de energia.

4XDGUR²([HPSORVGHEDUUHLUDVGHFRQWUROHSURWHomRHVXSRUWH

CONTROLE PROTEÇÃO SUPORTE


Mudança ou criação de
Eliminar a fonte do SURFHGLPHQWRHVFULWR ([
Utilizar EPIs
contaminante ),634$35 HRXSUiWLFDVGH
trabalho
Aumentar a distância
Subsituir por contaminante
entre o contaminante e o 7UHLQDPHQWR
menos agressivo
trabalhador

40 Revista ABHO / Edição 61 2020


ARTIGO TÉCNICO

4XDGUR²([HPSORVGHEDUUHLUDVGHFRQWUROHSURWHomRHVXSRUWH FRQWLQXDomR

CONTROLE PROTEÇÃO SUPORTE

Dispositivos de
Incluir métodos automatizados Supervisão
advertências
Isolar / conter / enclausurar/ /LPLWDomRGHWHPSRGH
/DYDROKRVODYDWyULRV
VHSDUDU²FHUFDQGRDVIRQWHV WUDEDOKRFRPH[SRVLomR
chuveiros e vestiários
ou os trabalhadores ao contaminante
Rotatividade de
9*'RX9/( trabalhadores ou pausas Controle médico
de trabalho
Capelas Mudança de layout
)RQWH$UTXLYRSHVVRDO

4XDGUR²1tYHOGHHÀFLrQFLDGHEDUUHLUDV

4XDQWLÀFDomRGD
&ODVVLÀFDomR ([HPSORV
Barreira (QB)
Eliminar o agente
200.000 Mudança de processo permanentemente
químico
BARREIRAS DE 1 - Eliminar a energia temporariamente (Medidas que eliminam ou
1.000
CONTROLE reduzam a utilização ou a formação do agente químico)
Controlam a energia
2 - Reduzir a energia a níveis seguros (Medidas que reduzam a
independentemente
concentração do agente químico no ambiente de trabalho)
do trabalhador
3 - Instalar barreiras físicas (medidas que previnam a liberação ou
disseminação do agente químico no ambiente de trabalho)
BARREIRAS DE
200 4 - Uso de EPI
PROTEÇÃO
Interagem entre
a energia e o 5 - Uso de Dispositivos de Advertência
trabalhador
6 - Minimizar Chances de Erro (medidas de caráter administrativo
ou de organização do trabalho)
BARREIRAS DE
100 7 - Uso de Procedimentos Escritos
SUPORTE
Dependem
inteiramente do 3URYHUFDSDFLWDomR
trabalhador
10 BARREIRA HUMANA
6RPHQWHLGHQWLÀFDURULVFR
Estar atento e ter
cuidado

)RQWH)RQWH$GDSWDGRGH'HVURFKHUV>@

Revista ABHO / Edição 61 2020 41


ARTIGO TÉCNICO

'HVWDFDVH TXH D FODVVLÀFDomR GD HÀFLrQFLD GH 1RWHVHTXHDTXDQWLÀFDomRGDVEDUUHLUDVHQYROYH


EDUUHLUDVGR4XDGURYDLDRHQFRQWURGDKLHUDU- apenas a melhor barreira (de ação mais indepen-
quia das medidas de prevenção estabelecidas pelo dente da ação humana), por tipo, e não quanti-
QRYRWH[WRGD1RUPD5HJXODPHQWDGRUDQž 15 dade, e a segunda melhor, conforme a ordem de
01) do Ministério da Economia. HIHWLYLGDGHGHPRQVWUDGDQR4XDGUR,VVRpIHLWR
para que o risco residual seja mais bem estimado
Fica evidente com essa hierarquia o quanto a bar- (com foco mais conservador.
UHLUDKXPDQDpIDOKDHPXLWDVYH]HVLQHÀFD]3RU
H[HPSOR SDUD D H[SRVLomR D XP FRQWDPLQDQWH Recomenda-se que a barreira em análise seja re-
PXLWRWy[LFRQmREDVWDRIRUQHFLPHQWRGH(3,VH duzida à metade quando houver uma das seguin-
não forem ministrados treinamentos para sua uti- tes condições: barreira sem manutenção, em mau
lização correta, guarda e conservação, bem como funcionamento ou não utilizada adequadamente
a implementação de outras barreiras melhores. A RX HP WRGDV DV H[SRVLo}HV DR DJHQWH ([HPSOR
TXDQWLÀFDomRGDVEDUUHLUDVP~OWLSODVHGRULVFRUH- EPR que corriqueiramente é usado na presença de
sidual poderá ser realizada conforme as equações barba na face do trabalhador.
GR4XDGUR
Recomenda-se que a barreira em análise seja des-
4XDGUR²&iOFXORGDTXDQWLÀFDomRGHEDUUHL- considerada (nula) quando não estiver funcionan-
ras e risco residual GR([HPSOR9/(VHPIXQFLRQDU

RISCO RESIDUAL = NÍVEL DE RISCO PURO (NRP)


QUANTIFICAÇÃO DE BARREIRAS MÚLTIPLAS (QBM)
6) Nível de Risco Residual (NRR) e recomendações

QBM = 1a MELHOR BARREIRA X 2a MELHOR BARREIRA


O Nível de Risco Residual (NRR), ou seja, aquele
UHVXOWDQWHDSyVDDSOLFDomRGDVEDUUHLUDVH[LVWHQ-
)RQWH$GDSWDGRGH'HVURFKHUV>@
tes, poderá ser avaliado e tratado conforme as re-
FRPHQGDo}HVGR4XDGUR

4XDGUR²$QiOLVHGR1tYHOGH5LVFR5HVLGXDOHUHFRPHQGDo}HV

NÍVEL DE RISCO RESIDUAL - NRR E RECOMENDAÇÕES

6LJQLÀFDXPULVFRUHVLGXDOTXHUHTXHUDLPSOHPHQWDomRGH
1tYHOGH5LVFR5HVLGXDO•
barreiras adicionais e mais efetivas.

6LJQLÀFDXPULVFRUHVLGXDOTXHpQRUPDOPHQWHDWULEXtGRjIDOWD
Nível de Risco Residual > 1 e < 10
de uma Barreira de Controle.

6LJQLÀFDTXHD4XDQWLÀFDomRGH%DUUHLUDV0~OWLSODV 4%0 
1tYHOGH5LVFR5HVLGXDO” corresponde ao Nível de Risco Puro (NRP), então o agente
químico é gerenciado dentro do nível de tolerabilidade aceito.
)RQWH$GDSWDGRGH'HVURFKHUV>@

42 Revista ABHO / Edição 61 2020


ARTIGO TÉCNICO

Recomenda-se que quando da implementação de aplicação da ferramenta, há que ser necessário um


novas barreiras, o risco seja recalculado, visando a adequado reconhecimento (inventário) dos agentes
YHULÀFDUVXDUHGXomR químicos. Evidencia-se, contudo, a necessidade de
mais aplicações com essa metodologia, de modo a
Recomenda-se que seja estabelecido um plano de validá-la e aperfeiçoá-la.
ação, de modo a contemplar medidas necessárias
à redução dos riscos, a avaliações quantitativas e aos Referências
SUD]RVHUHVSRQViYHLVSHODH[HFXomR
DESROCHERS, Y. Sistema de gestão do trabalho se-
guro. Canadá, [200-].
O Plano de ação poderá conter ações para os demais
agentes ambientais avaliados, priorizando as situa- $0(5,&$1,1'8675,$/+<*,(1($662&,$7,21²$,+$
ções de maior risco, seguidas daquelas ou concomi- -DKQ6'%XOORFN:+,JQDFLR-6 HGLWRUHV 
tantemente àquelas com correções de implementa- A strategy for assessing and managing occupational
ção relativamente simples. H[SRVXUHV)DLUID[9$$,+$

Recomenda-se que sejam reavaliadas qualitativa- (8523($1 &+(0,&$/6 $*(1&< Quadro de entra-
PHQWHDVH[SRVLo}HVDDJHQWHVTXtPLFRVVHPSUHTXH das harmonizadas GLVSRQtYHOQR$QH[R9,GR5HJX-
houver uma das seguintes condições: lamento CRE. Finland: ECHA. Disponível em: https://
HFKDHXURSDHXSWLQIRUPDWLRQRQFKHPLFDOVDQQH[-
-vi-to-clp. Acesso em 12 jun. 2020.
a) Risco potencial em razão de novos projetos, am-
bientes, produtos ou processos de trabalho. 0,1,67e5,2 '2 75$%$/+2 ( 35(9,'È1&,$ 62&,$/
E $SyVLPSOHPHQWDomRGHEDUUHLUDVDRVULVFRVH[LV- ² )81'$&(1752 Avaliação qualitativa de riscos
WHQWHVYLVDQGRDYHULÀFDUDUHGXomRGRVULVFRV químicosRULHQWDo}HVEiVLFDVSDUDRFRQWUROHGDH[-
posição a produtos químicos. São Paulo, 2012. 266 p.
c) Após avaliação quantitativa de riscos químicos, vi-
sando a validar a ferramenta, aprimorando-a, confor- 0,1,67e5,2 '2 75$%$/+2 ( 35(9,'È1&,$ 62&,$/ ²
me necessário. )81'$&(1752 Programa de proteção respiratória:
d) Quando o monitoramento biológico da exposição UHFRPHQGDo}HVVHOHomRHXVRGHUHVSLUDGRUHVHG
indicar valores excedentes aos limites de referência. São Paulo, 2016. 209 p.

e) A cada dois anos, para os riscos não contemplados :,(7+2/7(5 3$ Avaliação qualitativa de agentes
nas hipóteses anteriores. químicos. Foz do Iguaçu, Paraná. 2017.

 &RQVLGHUDo}HVÀQDLV MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL –


)81'$&(17527R[LFRORJLDRFXSDFLRQDO6mR3DXOR
Conforme demonstrado, a ferramenta de avaliação 2020. 628 p.
semiquantitativa de agentes químicos pode ser uma
TNO.Development of a mechanistic model for the
DOLDGD GR SURÀVVLRQDO GH 667 UHVSDOGDQGRR GLDQWH
Advanced REACH Tool (ART). Version 1.5, 2013. 374 p.
GDDOWDDGPLQLVWUDomRSDUDXPDERDJHVWmRGHH[-
Disponível em: https://www.advancedreachtool.com/
posições a riscos químicos e ao direcionamento de
DVVHWVGRF$570HFKDQLVWLFPRGHO
EDUUHLUDVHÀFD]HVSDUDFDGDVLWXDomR$IHUUDPHQWD
UHSRUWBYBBSGI$FHVVRHPMDQ
DX[LOLDDLQGDQRDWHQGLPHQWRGRQRYRWH[WRGDV1RU-
PDV5HJXODPHQWDGRUDVQžHGDGRTXHSDUDD

Revista ABHO / Edição 61 2020 43

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