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Gestão da Qualidade

Prof. Me. Ricardo Jimenez Lopes


2 INSPEÇÃO

Se inspecionarmos nosso conhecimento sobre qualidade, saberíamos dizer o que


precisamos fazer para demonstrar problemas ou soluções? Vamos adentrar ao mundo
técnico da qualidade e falar de inspeção como o mundo corporativo entende. A
videoaula trará o conceito, mas em nosso exercício aplicado vamos colocar a mão na
massa! O mercado de trabalho que nos aguarde, ao final dos 6 blocos estaremos a 80km
do destino que precisamos chegar para garantir nosso espaço no mundo organizacional.
Bons estudos!

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2.1 Conceito de inspeção

Uma forma de avaliação da qualidade frequentemente considerada é a inspeção. Como


se sabe, a inspeção da qualidade é o processo que visa identificar se uma peça, uma
amostra ou um lote atende a certas especificações da qualidade. O procedimento
normal para operar a inspeção é o de avaliar níveis da qualidade de um item pelo
confronto de seus característicos com padrões preestabelecidos.

Em geral, a inspeção é direcionada para algum característico da peça. Da avaliação desse


característico, contudo, a inspeção pode determinar se toda a peça deve ser excluída de
um processo ou de uma etapa do fluxo de produção. Essa decisão, é claro, depende da
importância do característico em questão.

De todo modo, a inspeção sempre requer alguma decisão a ser tomada, com base em
cada característico analisado. Às vezes, pode ser apenas o retorno da peça a alguma
operação anterior, ou a necessidade de refazer dada ação. Pode ser, porém, que a
inspeção implique a transformação da peça em refugo (PALADINI, 2011).

Em sua definição mais objetiva, podemos afirmar que inspeção é o processo que checa
as especificações de projeto de lotes ou amostras para verificar o atendimento da
qualidade projetada.

Temos os tipos de inspeção a seguir:

 Atributos: é aquela em que a unidade do produto é classificada simplesmente como


defeituosa ou não (ou o número de defeitos é contado), em relação a um dado
requisito ou a um conjunto de requisitos (ABNT, 1985).

 Variáveis: é aquela em que uma característica de qualidade em uma unidade do


produto é medida numa escala contínua, tal como: quilograma, metros, metros por
segundo etc. e o resultado de cada medição é anotado (MIL STD 414).

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2.1.1 Plano de amostragem

O plano de amostragem é o que determina o número de unidades de produto de cada


lote a ser inspecionado (tamanho da amostra ou série de tamanhos de amostra) e o
critério para a aceitação do lote “números de aceitação e de rejeição” (ABNT, 1985).

 Plano de amostragem Simples: amostragem na qual a decisão de aceitação/rejeição


do lote é tomada após a realização da inspeção de uma única amostra.

Exemplo:

o Supondo que vamos inspecionar uma amostra de 200 peças e NQA =1,0%.

Figura 3: Plano de amostragem simples – recorte ilustrativo (ABNT, 1985)

Com uma amostra de 200 peças (linha com código L) e com a coluna de NQA= 1,0%
temos Ac = a = 5 e Re = r = 6.

Logo, se a quantidade de defeitos na amostra for menor ou igual a 5, aceita-se o lote; se


for igual ou maior que 6, rejeita-se o lote.

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Figura 4: Exemplo de curva de aceitação

Fonte: Bonduelle, s/d.

 Plano de amostragem Dupla: a decisão de aceitação ou rejeição pode ser tomada


em até duas amostras.

Exemplo:

Supondo o plano duplo com NQA = 1%

Na tabela temos: 1ª amostra = 125 peças

a1 (aceitação da 1ª amostra)= 2 peças

r1 (rejeição da 1ª amostra) =5 peças

Se a quantidade de defeituosas na 1ª amostra for menor ou igual a 2, aceita-se o lote;


se for maior ou igual a 5, rejeita-se o lote.

Caso a quantidade de defeituosas na 1ª amostra seja maior que 2 e menor que 5, tira-
se a 2ª amostra.

 Plano de amostragem Múltipla: a decisão de aceitação ou rejeição pode ser tomada


em até sete amostras, sua utilização é semelhante ao do plano duplo.

Saiba mais
Assista ao vídeo “Gestão da Qualidade, era da inspeção”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jINoYHVtwMc>. Acesso em: 29 jun. 2018.

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2.1.2 Níveis de inspeção

Nível de inspeção normal: normalmente a inspeção começa no nível normal. Caso em


cinco amostragens consecutivas duas forem rejeitadas, sinal que a qualidade do lote
diminuiu, então passa-se à inspeção severa.

Nível de inspeção severa: se em cinco amostragens consecutivas nenhuma for rejeitada,


significa que a qualidade do lote melhorou, então passa-se para a inspeção normal.

Nível de inspeção atenuada: se em dez inspeções normais nenhuma for rejeitada,


significa que melhorou a qualidade do lote, passa-se à inspeção atenuada. Uma única
rejeição na atenuada volta-se para a normal (ABNT, 1985).

Logo, um plano de amostragem é definido em função de:

NQA, n, a e r

 Define-se o NQA.

 Define-se o tipo de amostragem: simples, dupla ou múltipla.

 Define-se o nível da inspeção: normal, severa ou atenuada.

 Toma-se a letra código, no nível de inspeção II, em função do tamanho da produção.

 Com a letra código e o NQA define-se o plano de amostragem PL (n, a, r).

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Figura 5: curva de definição do plano de amostragem

Fonte: Bonduelle, s/d.

Análises:
 Quanto mais íngreme for a curva, mais discriminante.
 Quanto maior for o n, cai a probabilidade de aceitação.
 Quanto maior for o a, maior a probabilidade de aceitação.

Saiba mais
Assista ao vídeo “Como é feita a inspeção do S. I. E.” Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=aGQRjRPp22Y>. Acesso em: 29 jun. 2018.

2.2 Ferramenta: Estratificação

Segundo Carpinetti:
(...) a estratificação consiste na divisão de um grupo em diversos subgrupos
com base em características distintivas ou de estratificação. As principais
causas de variação que atuam nos processos produtivos constituem possíveis
fatores de estratificação de um conjunto de dados: equipamentos, insumos,
pessoas, métodos, medidas e condições ambientais são fatores naturais para
a estratificação dos dados. Com a estratificação dos dados, objetiva-se
identificar como a variação de cada um desses fatores interfere no resultado

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do processo ou problema que se deseja investigar. Alguns exemplos de
fatores de estratificação bastante utilizados são:
 Condição climática: os efeitos dos problemas (ou resultados
indesejáveis) são diferentes de manhã, à tarde, à noite?
 Turno de produção: os efeitos são diferentes quando consideramos
diferentes turnos de produção?
 Local: os efeitos são diferentes nas diferentes linhas de produção da
indústria ou nas diferentes regiões do país onde o produto é
comercializado?
 Matéria-prima: são obtidos diferentes resultados dependendo do
fornecedor da matéria-prima utilizada?

 Operador: diferentes operadores estão associados a resultados


distintos? (CARPINETTI, 2016, p. 76)

A estratificação é um recurso bastante útil na fase de análise e observação de dados.


Deve-se observar, entretanto, que para se analisar os dados de maneira estratificada é
preciso que a origem dos dados seja identificada. Ou seja, é importante anotar, por
exemplo, em que dias e horários os dados foram coletados, quais máquinas estavam em
operação e quais foram os operários e os lotes de matéria-prima envolvidos. Uma
estratégia recomendável consiste em registrar todos os fatores que sofrem alterações
durante o período de coleta dos dados. Também é importante que os dados sejam
coletados durante um período de tempo não muito curto, de forma que se possam
analisar os dados também em função do tempo.

2.3 Ferramenta: folha de verificação

Segundo Carpinetti:
(...) a folha de verificação é usada para planejar a coleta de dados a partir de
necessidades de análise de dados futuras. Com isso, a coleta de dados é
simplificada e organizada, eliminando-se a necessidade de rearranjo posterior
dos dados. De modo geral, a folha de verificação consiste num formulário no
qual os itens a serem examinados já estão impressos. Diferentes tipos de
folha de verificação podem ser desenvolvidos. Os tipos mais empregados são:
 Verificação para a distribuição de um item de controle de processo, com
definição dos limites LIE – Limite Inferior da Especificação e LSE – Limite
Superior da Especificação [figura 4];
 Verificação para classificação de defeitos [figura 5]. (CARPINETTI, 2016, p. 77)

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Figura 6: Folha de verificação de um item de controle de um processo

Figura 7: Folha de verificação para a classificação de defeitos

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Conclusão

A inspeção é o início e o final de um ciclo muito importante da qualidade. Aprendemos


que através da inspeção podemos garantir características importantes de um projeto
para que tenhamos a satisfação do processo dentro da organização, o que refletirá na
satisfação externa.

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