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ENGENHARIA CIVIL: SISTEMAS

CONSTRUTIVOS DE EDIFICAÇÕES
Disciplina: Gestão Ambiental

Modalidade de Curso
Pós-Graduação

Pedagógico do Instituto Souza


atendimento@institutosouza.com.br
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Caro aluno antes de ler sua apostila, assista aos vídeos acessando os links abaixo
sobre gestão e tratamento de resíduos.

https://www.youtube.com/watch?v=Zz4pQkv-FUk

https://www.youtube.com/watch?v=4sW_YV-ljr8

1 - PRINCÍPIOS DA AUDITORIA AMBIENTAL

A Auditoria Ambiental é uma ferramenta que permite às empresas atingir e manter a


eficácia da gestão ambiental em qualquer empresa por meio de um plano de ação
completo e abrangente. Usando de perspicácia, os auditores conseguem apontar
tanto as deficiências existentes como as futuras, prevenindo gastos mais elevados
no futuro.

Dentre os objetivos da auditoria ambiental podemos citar a detecção de


vulnerabilidades ambientais em se tratando de conformidade, riscos, imagem e
sustentabilidade, o que acontece por meio da observação em campo (qualitativa),
levantamento de documentos, reuniões com equipe e elaboração de diagnóstico
conclusivo da auditoria ambiental baseado nestas informações.
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As empresas que possuem em seu quadro uma equipe de auditores


competentes e experientes ou que contratem este serviço de empresas
especializadas contam com um excelente apoio para produzir um retrato fiel da
realidade, que servirá de base para proceder a ações corretivas, estratégicas e
preventivas em prol da saúde da organização.

Neste momento, nosso foco será, então, a auditoria ambiental propriamente


dita, o que passa necessariamente por saber classificar e mensurar o passivo
ambiental. Não poderíamos nos furtar a pincelar a Perícia Ambiental, outra
especialidade de grande interesse de organizações empresariais, órgãos públicos e
sociedade de maneira geral.

Perícia é definida como exame realizado por técnico, ou pessoa de


comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou
estado ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um
deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o
elemento que necessita a justiça para poder julgar (CUNHA; GUERRA, 2004).
Observemos que sem uma perícia, dificilmente haverá punição, quer administrativa,
criminal ou civilmente.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.
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1.1 - O MEIO AMBIENTE E AS EMPRESAS

As empresas são as responsáveis principais pelo esgotamento e pelas


alterações ocorridas nos recursos naturais, de onde obtêm os insumos que serão
utilizados para obtenção de bens a serem utilizados pelas pessoas. Essa atividade
de grande utilidade realizada pelas organizações, no entanto, nos últimos anos está
quase ficando num segundo plano em função dos problemas ambientais causados
pelas indústrias; estes problemas se tornam o aspecto mais visível, na maioria das
vezes, de sua relação com o ambiente natural. No entanto, o papel de vilãs do meio
ambiente que vêm desempenhando as empresas tem sua razão de ser, pois são
poucas, proporcionalmente, aquelas que se preocupam e tornam mais eficientes
ecologicamente os seus processos produtivos, como o demonstram os dados
estatísticos mundiais e nacionais. E, mesmo quando o fazem, a iniciativa é tomada
mais como uma resposta a uma exigência dos órgãos governamentais do que por
assumirem uma postura de responsabilidade social ambiental. No entanto, o
importante papel desempenhado por essas unidades produtivas é inegável e
imprescindível, e somente com o avanço da adoção de Sistemas de Gestão por
parte das empresas teremos uma perspectiva de rumarmos para um
desenvolvimento minimamente sustentável (DIAS, 2009).
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1.2 - Empresas e contaminação

A contaminação do meio ambiente natural pelas indústrias teve início com a


Revolução Industrial no século XIX, e dessa época em diante o problema teve um
crescimento exponencial, provocando inúmeras catástrofes ambientais que tiveram
enorme repercussão local, regional e global.

Ocorre que nos processos industriais os recursos naturais são empregados


como insumos que, devido a ineficiências internas dos processos, geram resíduos
de todo tipo, os quais obviamente contaminam o meio ambiente. O processo, além
de gerar problemas de contaminação que afetam a saúde humana, pode também
provocar a escassez de recursos naturais que são utilizados sem uma previsão da
sua possibilidade de esgotamento.

A utilização privada do meio ambiente, que é um recurso comum, foi


discutida pelo biólogo Garrett Hardin no artigo “A tragédia dos bens comuns”, no
qual indica o destino ao qual parece estar condenado qualquer recurso que tem sua
propriedade compartilhada.
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Os problemas de contaminação do meio ambiente são manifestações que se


encaixam perfeitamente no raciocínio, como apontou o próprio Hardin (1968 apud
DIAS, 2009).

De maneira inversa, a tragédia dos recursos comuns reaparece nos


problemas de contaminação. Aqui o assunto não é retirar algo dos recursos comuns,
mas colocar algo dentro – drenagens ou refugos químicos, radioativos ou térmicos
na água; gases nocivos ou perigosos no ar; anúncios ou sinais perturbadores e
desagradáveis na paisagem. Os cálculos dos benefícios são muito semelhantes aos
que foram mencionados antes. O homem razoável descobre que sua parte dos
custos dos desperdícios que descarrega nos recursos comuns é muito menor que o
custo de purificar seus desperdícios antes de desfazer-se deles. Já que isto é válido
para todos, estamos aprisionados em um sistema de ‘sujar nosso próprio ninho’, e
assim prosseguiremos, embora atuemos unicamente como livres empresários,
independentes e racionais.

Quando se explora o meio ambiente, que é um bem comum, buscando o


benefício privado, podem ser causados impactos ambientais que afetam
negativamente o bem-estar de outras pessoas que não têm relação com quem os
gera. Esses impactos constituem custos externos, ou externalidades, para as
empresas.

A contaminação ambiental, do ponto de vista econômico, se relaciona com a


internalização dos custos externos (ou externalidades) ambientais por parte das
empresas. Isto ocorre quando o gerador da externalidade não assume os custos e
os transfere a terceiros na forma de contaminação ambiental. São custos ambientais
que o empresário causa, mas que não assume, e que acabam diminuindo seus
custos diretos (compra de matéria-prima, contratação de mão de obra, pagamento
de capital, investimentos de melhoria nos processos, etc.), já que não investe no
processo produtivo para evitar a produção de resíduos contaminantes. Para si obtém
uma vantagem a curto prazo que se assemelha, no exemplo de Hardin, ao pastor
que vai agregando gado no pasto, e para a sociedade mais geral, o valor é negativo,
pois se expressa na forma de esgotamento e deterioração dos recursos naturais,
contaminação dos lençóis d'água, do ar e do solo, afetando a saúde pública.
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Ocorre que na falta de incentivos capazes de induzir à internalização dos


custos ambientais por parte das empresas, elas somente interromperiam a geração
de contaminações quando essas externalidades ambientais negativas deixassem de
gerar benefícios privados. Segundo Hardin, uma das formas de ação possíveis é a
utilização de leis coercitivas ou mecanismos fiscais que tornem mais barato para o
contaminador tratar os resíduos antes de desfazer-se deles sem tratá-los. Ou seja, a
regulação, as instituições ambientais, a pressão das comunidades e as exigências
do mercado são formas de tornar mais conveniente ao empresário (e mais barata) a
adoção de mecanismos prévios que evitem a contaminação.

1.3 - Fatores externos que induzem respostas das empresas

Há diversos fatores externos que provocam uma resposta das empresas no


sentido de diminuir a contaminação. Entre eles, estão: o Estado, a comunidade local,
o mercado e os fornecedores.

1.3.1. O papel do Estado (a regulação formal)

A legislação ambiental, juntamente com as instituições ambientais e as


atividades de controle de contaminação realizadas por estas em todos os níveis,
limitam a liberdade da empresa para contaminar. O Estado utiliza esses
instrumentos legais com o objetivo de proteger a saúde das pessoas e o bem
comum, representado pelo ambiente natural e os benefícios que causa à sociedade
mais geral.

A regulação formal pode ser classificada em dois grandes grupos: o tipo


comando e controle, e outro que é a adoção de instrumentos econômicos. Pelo
primeiro método, mais tradicional, o Governo estabelece regulamentações para o
uso dos recursos ambientais e passa a fiscalizar o cumprimento da legislação,
punindo os eventuais infratores (multas e até o fechamento da empresa); baseia-se,
portanto, na pressão normativa de padrões estabelecidos. Logo, a decisão da
empresa de reduzir ou não a contaminação dependerá da diferença entre os custos
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que poderão ser abatidos e o valor das multas ou dos custos de um fechamento
temporário da empresa (DIAS, 2009).

Pelo outro método, com a utilização dos instrumentos econômicos, os


preços dos bens ambientais devem refletir, o mais corretamente possível, os valores
que lhes sejam imputados pela sociedade, de forma que se possa cobrar
adequadamente pelo uso desses bens, seja de forma direta, seja de forma indireta,
via taxas, subsídios, etc. A empresa decide, por exemplo, entre contaminar e pagar
a taxa, ou descontaminar e incorrer nos custos de redução da emissão de
contaminantes.

O fato é que nem sempre as medidas de controle da contaminação geram


custos. As intervenções do governo que estimulam investimentos de controle ou de
prevenção da contaminação, que geram custos iniciais, contribuem para melhorar as
condições de competitividade das empresas e das cidades em que se situam. Para
que isto ocorra, além dos benefícios ambientais, estes investimentos devem gerar
também benefícios privados. Entre os benefícios privados estão os relacionados
com o melhoramento das condições de competitividade das empresas. Eles, por sua
vez, gerariam benefícios públicos adicionais como o aumento do emprego e do bem-
estar social.

Mas o Estado e o seu poder regulador não é o único incentivo que têm as
empresas para melhorar seu desempenho ambiental. Além das pressões geradas
pela regulação formal, há uma resposta ambiental das empresas com a diminuição
da contaminação gerada motivada por diferentes fatores, entre os quais: pressões
da comunidade, de diferentes grupos organizados, do mercado, dos consumidores,
dos fornecedores, etc.(DIAS, 2009).

Alguns exemplos da atuação do Estado no controle da poluição:

a) em novembro de 1995, a Fiat do Brasil foi multada em R$ 3,9 milhões


pelo IBAMA por não atender aos padrões legais de emissões veiculares, que eram
exigidos desde 1987 para os veículos novos que saíam das montadoras, que tinham
de atender aos padrões do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores (Proconve). Segundo o órgão do governo, o modelo Uno Mille
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Electronic utilizava dispositivos que mascaravam os níveis de emissão de poluentes


e permitiam um maior rendimento do motor, o que provocou um aumento de
emissão acima do permitido em lei (GRAMACHO, 1995);

b) em setembro de 1995, a Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis foi


condenada por depositar lixo químico a céu aberto na região continental de São
Vicente (SP). Segundo a sentença, a Rhodia teria que indenizar o Fundo de
Reparação do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em mais de 8 milhões de
reais. Além disso, a empresa seria obrigada a remover os resíduos, isolar o solo
contaminado e repor terra boa na superfície. Deveria também, enquanto houvesse
possibilidade de contaminação, manter sob guarda as áreas afetadas para evitar
ocupação humana. Ficaria ainda responsável pelo abastecimento de água à
população, uma vez que os lençóis freáticos da região foram afetados (NUNES,
1995);

c) a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em Cubatão, no litoral


paulista, recebeu, em 1995, multas num valor aproximado de um milhão de reais,
por atrasos no cronograma de controle de suas fontes de poluição e irregularidades
devido à má operação e manutenção de equipamentos de controle da poluição e do
processo produtivo (SERRA, 1995);

d) uma emissão de gás sulfídrico, em janeiro de 1996, na unidade de


Suzano (SP) da fabricante de sais orgânicos Produquímica, provocou a morte de
três operários e atingiu outros cinco, sendo que a empresa foi multada pela Cetesb
em R$ 72 mil. Além da multa, foi determinada a paralisação do setor onde ocorreu o
acidente. A mesma empresa, em 1993, havia sido autuada por importar cerca de
200 toneladas de resíduos da Inglaterra. A empresa trouxe o material como
micronutrientes para fertilizante; no entanto, a Cetesb constatou a presença de
metais pesados, como chumbo, cádmio e cromo. A presença de metais havia sido
identificada, anteriormente, pela entidade ambientalista Greenpeace, que fez a
denúncia. O material foi devolvido à Inglaterra
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2 - A COMUNIDADE LOCAL (REGULAÇÃO INFORMAL)

As comunidades locais onde estão localizadas as unidades empresariais


cada vez mais se tornam importantes atores em relação aos problemas de
contaminação, pois são as primeiras que sofrem as consequências da poluição, e
em função disso apresentam uma capacidade de resposta mais rápida, afetando as
decisões das empresas no que tange a um maior controle ambiental.

Por outro lado, há um maior número de pessoas informadas sobre os


processos produtivos e de contaminação envolvidos: membros da comunidade
técnico-científica, intelectuais, educadores, jornalistas, membros de entidades
ecológicas, entre outros, que encontram mecanismos legais para exigir do governo
ou das empresas o cumprimento de suas responsabilidades ambientais.

2.1 - O PAPEL DO MERCADO

As empresas, de modo geral, operam em vários mercados, que podem ser


tanto locais, regionais, nacionais ou em nível global. Há um crescente aumento da
consciência ambiental, que varia em função de cada mercado. Os países mais
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desenvolvidos, as regiões mais desenvolvidas de um mesmo país são os que mais


consomem produtos ecológicos; isso envolve a reputação da empresa como
benfeitora ou não do meio ambiente.

2.2 - OS FORNECEDORES

Há um número crescente de empresas que são fornecedoras de outras que


necessitam ter um bom desempenho ambiental em toda a sua cadeia produtiva, o
que as obriga a fazerem exigências aos seus próprios fornecedores para que sejam
portadores de certificações ambientais e se tornem unidades produtivas respeitosas
com o meio ambiente. Deste modo, mesmo que uma empresa não sofra pressões
diretas tanto do Estado, como da Comunidade, ela se vê obrigada a adotar ações
ambientais que evitem a contaminação por ter como clientes empresas para as
quais seu mercado consumidor exige integrarem uma cadeia produtiva
ambientalmente correta.

3 - PASSIVO AMBIENTAL

Segundo Kraemer (2001), uma empresa tem Passivo Ambiental quando ela
agride, de algum modo e/ou ação, o meio ambiente, e não dispõe de nenhum projeto
para sua recuperação, aprovado oficialmente ou de sua própria decisão.

Passivo Ambiental representa toda e qualquer obrigação de curto e longo


prazo, destinadas única e exclusivamente a promover investimentos em prol de
ações relacionadas à extinção ou amenização dos danos causados ao meio
ambiente, inclusive percentual do lucro do exercício, com destinação compulsória,
direcionado a investimentos na área ambiental.

No Brasil, as regras contábeis e a literatura que envolve o Passivo Ambiental


ainda é recente e some-se a isso, certas empresas têm atividades complexas
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dificultando o tratamento a ser dado no registro e na divulgação dos passivos


ambientais.

Os passivos ambientais normalmente são contingências formadas em longo


período, sendo despercebido às vezes pela administração da própria empresa,
envolvendo conhecimento específico. Neste caso, não só a administração da
empresa se envolve, nem a contabilidade, mas também advogados, juristas,
engenheiros, entre outros.

Normalmente, o surgimento dos passivos ambientais dá-se pelo uso de uma


área, lago, rio, mar e uma série de espaços que compõem nosso meio ambiente,
inclusive o ar que respiramos, e de alguma forma estão sendo prejudicados, ou
ainda pelo processo de geração de resíduos ou lixos industriais, de difícil eliminação.

Os Passivos Ambientais, conforme Ribeiro e Gratão (2000), ficaram


amplamente conhecidos pela sua conotação mais negativa, ou seja, as empresas
que o possuem agrediram significativamente o meio ambiente e, dessa forma, têm
que pagar vultosas quantias a título de indenização de terceiros, de multas e para a
recuperação de áreas danificadas.

As autoras colocam como exemplo:

 os gastos assumidos pela Exxon, no caso do acidente com o petroleiro


Valdez, no Alaska;

 o caso da Petrobrás, na década de 80, no qual a região de Cubatão, no


interior do Estado de São Paulo, foi seriamente afetada pelo vazamento de
óleo, que culminou com a explosão de várias moradias; e,

 em janeiro de 2000, o vazamento nas instalações da mesma empresa que


provocou o derramamento de milhares de litros do óleo no mar na Baía da
Guanabara, causando a morte de várias espécies de aves e peixes, além de
afetar seriamente a vida das populações locais que viviam da atividade
pesqueira.

Tais situações exigiram enormes gastos dessas empresas e, o que é pior,


gastos imediatos, sem qualquer forma de planejamento, o que afeta drasticamente
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qualquer programação de fluxo de disponibilidades, independentemente do porte da


organização. Tão alto quanto os custos dos recursos físicos necessários para a
reparação dos danos provocados pelas referidas situações, ou até mais, são os
gastos requeridos para retração da imagem da empresa e de seus produtos,
essencialmente, quando tais eventos são alvo da mídia e da atenção dos
ambientalistas e ONGs.

O IBRACON, segundo NPA 11 – Balanço e Ecologia – conceitua o Passivo


Ambiental como toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e
consiste no valor dos investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas
e indenizações em potencial.

O passivo ambiental, como qualquer passivo, está dividido em capital de


terceiros e capital próprio, os quais constituem origens de recursos da entidade.
Santos et al. (2001) citam os seguintes exemplos de origens:

 bancos – empréstimos de instituições financeiras para investimento na gestão


ambiental;

 fornecedores – compra de equipamentos e insumos para o controle


ambiental;

 governo – multas decorrentes a infração ambiental;

 funcionários – remuneração de mão de obra especializada em gestão


ambiental;

 sociedade – indenizações ambientais;

 acionistas – aumento do capital com destinação exclusiva para investimentos


em meio ambiente ou para pagamento de um passivo ambiental;

 entidade – através de destinação de partes dos resultados (lucro) em


programas ambientais.

Com a dinâmica dos negócios, os passivos ambientais devem ser tratados


com muita atenção e devem fazer parte da tomada de decisões das organizações na
aquisição de outras empresas, na formação de cluster, nas fusões, nas análises de
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riscos do negócio, na venda da empresa e na concepção de novos produtos, dentre


outras transações pertinentes ao assunto.

Passivo ambiental é todo gasto decorrente da conservação ou recuperação


do meio ambiente. Nesse contexto pode-se citar: as multas decorrentes das
infrações cometidas contra o meio ambiente, os investimentos em mão de obra
especializada em gestão ambiental, campanhas populacionais através de programas
de incentivo a conservação do meio ambiente, treinamentos dos funcionários, etc.
com o intuito de preservar e recuperar o ambiente danificado ou que poderá vir a se
danificar.

Ribeiro (2005, p. 75 e 76) diz que passivo ambiental se refere aos benefícios
econômicos ou aos resultados que serão sacrificados em razão da necessidade de
preservar, proteger e recuperar o meio ambiente, de modo a permitir a
compatibilidade entre este e ao desenvolvimento econômico ou em decorrência de
uma conduta inadequada em relação a estas questões.

A origem dos passivos ambientais ocorrem dentro de algumas empresas


através das suas atividades operacionais que implicam na destruição ou consumo
de elementos da natureza. Outros passivos ambientais podem surgir
antecipadamente a um possível acidente ecológico e trazem um retorno positivo no
sentido de reconhecimento social para a entidade. Outras ainda, não reconhecem as
obrigações a partir do seu fato gerador o que provoca o não conhecimento dos
possíveis efeitos que a degradação do meio ambiente poderá ocasionar em seu
patrimônio (RIBEIRO, 2005).

Obrigações de Passivos Ambientais decorre de três tipos, tais como: Legais


ou Implícitas, Construtivas e Justas.

 Legais ou Implícitas: as obrigações legais procedem de Legislação ou de uma


outra forma prevista em Lei. Faz com que a empresa devolva ao meio
ambiente o que ela utilizou no seu processo operacional. Por exemplo, uma
indústria de papel que utiliza madeira como matéria-prima será obrigada a
reflorestar o lugar onde essas árvores foram cortadas. Já as obrigações
implícitas, decorrem de fatos ocorridos anteriormente que causaram danos ao
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meio ambiente e, para evitar maiores gastos com multas, perda de


credibilidade da empresa, etc., a mesma se antecipa ao fato e começa a
investir na causa de recuperação dos danos causados.

 Construtivas: parte da consciência da própria entidade, que pensando no bem


estar social, vai além das obrigações legais, trazendo para si um ótimo
marketing e fazendo com que a empresa cresça na aceitação popular pelos
seus feitos em prol da sociedade. Neste caso, podemos citar uma empresa
que desembolsa dinheiro para projetos comunitários como, por exemplo:
programas de coleta seletiva, ajuda para instalação de rede de esgoto e
galerias pluviais.

 Justa: comprovado que a empresa causa degradação do meio ambiente, é


justo que a entidade faça a recuperação do mesmo. Ela pode até se antecipar
aos danos e evitar tal destruição, mostrando com isso uma preocupação
social e ética com o meio em que está inserida. Como exemplo podemos citar
o caso de uma usina de cana de açúcar, antes do corte é feita a queimada da
plantação, através da qual exala muita fuligem e faz com que polua o ar,
trazendo consigo problemas respiratórios para os vizinhos da usina, uma
posição justa para esse caso seria a empresa arcar com o tratamento para as
pessoas afetadas.

Ribeiro (2005) exemplifica várias formas que uma empresa poderia adquirir
em seus relatórios um Passivo Ambiental, tais como:

 fornecedores – contas a pagar – poderão ser contraídas a partir da compra a


prazo de insumos e equipamentos antipoluentes;

 salários e encargos trabalhistas – decorrentes de contratação de pessoal


qualificado para desempenhar atividades relacionadas à prevenção ou
recuperação ambiental;

 provisões – deverão ser contabilizadas quando há possibilidade de gastos


futuros decorrentes de multas ambientais, os valores deverão ser estimados
com base nos eventos que poderão incorrer.
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Os valores dos Passivos deverão ter todos os gastos possíveis para serem
efetuados, e devem ser contabilizados a partir do momento que o fato gerador
ocorrer. No caso de um gasto (custo/despesa) ambiental, o fato gerador fica
caracterizado e passível de registro no consumo de recursos econômicos, para o
registro como exigibilidade/obrigação, o fato gerador caracteriza-se ao assumir a
obrigação, seja por força legal ou pelo conservadorismo. No caso das estimativas
(provisões) ela poderá ser feita quando houver dificuldade de avaliar o total do
Passivo Ambiental e terá como base as experiências anteriores da empresa ou
conhecimentos sobre técnicas e legislação (RIBEIRO, 2005).

3.1 - CLASSIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO

De acordo com Paiva (2003), podem existir dois tipos de passivos


ambientais, classificados por normais e anormais, sendo que os normais são
gerados no processo produtivo, como por exemplo, fábricas que exalam por suas
chaminés gases tóxicos e poluentes; uma maneira para amenizar essa exalação
seria a utilização de filtros nas chaminés ou trocar os insumos por outros menos
poluentes. Os passivos anormais são aqueles que não são previstos como, por
exemplo, a liberação de gases poluentes ou líquidos ocasionados por um fenômeno
natural (terremotos, maremotos, raios, etc.).

Muitas vezes, ao nos referirmos ao Passivo Ambiental, temos a ideia de que


o mesmo deverá ser mensurado dentro do Balanço Patrimonial. Mas segundo a
NBC T 15 – Informações de Natureza Social e Ambiental, aprovada pelo CFC
(Conselho Federal de Contabilidade) e também aceita por diversos outros órgãos
como, por exemplo: o IBRACON e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pela
intercessão da Resolução 1.003/04 de 19 de agosto de 2004 que entrou em vigor
desde 1º de janeiro de 2006, eles podem também, ser representado em outros tipos
de demonstrações. Ela deverá ser uma espécie de apêndice das demonstrações
contábeis, não podendo fazer parte das notas explicativas e sim como objeto de
comparação entre exercícios atuais e anteriores. Esta norma estabelece
procedimentos para demonstração de informações ambientais e sociais e salienta
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que nenhuma organização está obrigada a elaborar ou divulgar Informações de


Natureza Social ou Ambiental, mas as que optarem, deve seguir as regras
estabelecidas pela Norma citada.

De acordo com o item 1.5.1.3. da Resolução CFC nº 1.003/04, a


Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída,
quando elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e
ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com os
procedimentos determinados por esta norma.

Segundo a NBC T 15 (Informações de Natureza Social e Ambiental) as


informações que possui caráter ambiental e social são:

 interação com o meio ambiente;

 interação da empresa com o meio externo;

 os recursos humanos;

 a geração e a distribuição de riquezas.

Toda a responsabilidade pelas informações apresentadas nas


demonstrações contábeis obrigatórias ou não, como é o caso de demonstrações
acerca do Passivo Ambiental é do contador, que deverá estar devidamente
registrado no CRC.

Ainda de acordo com esta norma, as informações que estarão contemplando


a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental são as seguintes:

 investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a


melhoria do meio ambiente;

 investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes


degradados;

 investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados,


terceirizados, autônomos e administradores da entidade;

 investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade;


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 investimentos e gastos com outros projetos ambientais;

 quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos


contra a entidade;

 valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental,


determinadas administrativa e/ou judicialmente;

 passivos e contingências ambientais.

Pode-se citar como exemplo de classificação a que a empresa PETROBRÁS


utiliza em suas demonstrações contábeis. No seu Passivo, a empresa apresenta a
conta Provisão para contingência a qual é detalhada em notas explicativas. Nesse
caso, ela relata que a Provisão refere-se a envolvimentos em processos legais de
diversas naturezas, inclusive ambiental, os quais foram provisionados em
decorrência a acidentes que causaram a degradação/poluição do meio ambiente, os
valores ali mencionados são os que a companhia poderia pagar de multas pelo
ocorrido.

O IBRACON recomenda que as contas do passivo ambiental tenham um


grupo específico e sejam bem identificadas. Por exemplo, se a empresa solicita um
empréstimo para aquisição de materiais de prevenção de acidentes ambientais,
esse empréstimo deverá ser contabilizado de forma a evidenciar sua utilização como
passivo ambiental, sem que se confunda com empréstimos para atividades
operacionais. Dessa forma, o usuário terá mais facilidade em visualizar e tomar as
decisões necessárias. Infelizmente, muitas vezes essa recomendação não vem
sendo cumprida pelas empresas, tornando assim a identificação de seus passivos
ambientais muito difíceis e trabalhosas, principalmente nos processos de auditoria.

Uma maneira de serem mensurados os passivos ambientais é proposta por


Ribeiro (2005, p. 112-113), que determina a evidenciação em subgrupo específico
das exigibilidades, se forem não relevantes os seus valores e componentes deverão
ser descritos em notas explicativas e em caso de ser relevante ele deverá fazer
parte do Balanço Patrimonial e terá uma conta especifica. A autora coloca ainda que
em caso de obrigações não passíveis de mensurações, estas deverão também
constar em notas explicativas esclarecendo o porquê da não mensuração e a data
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de quando essa exigibilidade deverá ser quitada. E para os casos de provisões,


também deverá ser apresentado em notas explicativas devendo conter em sua
apresentação “a natureza e a estimativa dos gastos ambientais, as incertezas
relativas à sua realização e o momento de possível realização”.

3.2 - IMPORTÂNCIA DO PASSIVO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

Atualmente, muitos bancos e financiadoras nacionais e internacionais tais


como BID (Banco Internacional Desenvolvimento), BIRD (Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento), IFC (Corporação Financeira Internacional), entre
outros, estão exigindo que as entidades tenham projetos de preservação e
recuperação do meio ambiente, para só assim liberarem os créditos solicitados pela
empresa. É necessário saber o quanto a entidade é confiável e respeita o meio
ambiente. No caso de uma entidade agredir a natureza no seu processo industrial e
não recuperar os danos causados, os créditos não são liberados, pois
provavelmente essa empresa sofrerá algum tipo de autuação e multas, afetando
assim sua credibilidade.

Nesse sentido, temos o ISO (International Organization for Standardization)


14000 que foi criado para orientar gestores de empresas muito poluidoras, inclusive
auditores e fiscais. Ele visa à melhoria do desempenho nas empresas procurando
implantar um sistema de gestão ambiental, através de diretrizes, nas quais se inclui
o planejamento, estruturação, desenvolvimento e implementação de um sistema de
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gestão ambiental. Todas as empresas que tem um grande grau de poluição devem
possuir o ISO 14000 para que tenha um maior credenciamento perante o governo e
a sociedade. Através disso, surgiu à auditoria ambiental.

A evidenciação das contas do passivo ambiental se tornou uma importante


ferramenta de gestão, pois elas influenciam na compra, venda, incorporação e
outros tipos de ações entre empresas, pois danos causados anteriormente podem
recair sobre o novo proprietário. Ele funciona como um elemento de decisão no
sentido de identificar, avaliar e quantificar posições, custos e gastos ambientais
potenciais que precisam ser atendidos a curto, médio e a longo prazo.

O Passivo Ambiental muitas vezes é visto como algo negativo para com as
empresas que o possuem, por estarem relacionados com danos ao meio ambiente.
Mas ele pode estar evidenciando medidas de prevenção ou até mesmo recuperação
de algum dano inevitável, como é o caso do reflorestamento realizado pelas
empresas de papel, mostrando assim, a preocupação em cuidar do meio ambiente.
Dessa forma, nota-se que em sua grande maioria, a presença do passivo ambiental
no balanço das empresas pode ser algo positivo.

A Petrobrás é uma dessas empresas que investem na preservação do meio


ambiente. Seus investimentos já passaram da marca de 36 milhões em projetos
ambientais (CARDOSO et al., 2010).

4 - AUDITORIA
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A evolução do sistema capitalista, com a expansão do mercado e,


consequentemente, o aumento da concorrência, fez com que as empresas antes
fechadas, pertencentes a grupos familiares, ampliassem suas instalações fabris e
administrativas, investindo no desenvolvimento tecnológico e aprimorando os
controles e procedimentos internos em geral, visando reduzir custos tornando mais
competitivos os seus produtos no mercado.

E assim, tem-se o surgimento da auditoria, definida, segundo Sá (1998, p.


25), como

tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros,


demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração
contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações
sobre situações ou fenômenos patrimoniais de riqueza aziendal, pública ou
privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados.

Outras influências que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria foram:

 instalações de filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras;

 financiamento de empresas brasileiras através de entidades internacionais;

 crescimento das empresas brasileiras e necessidade de descentralização e


diversificação de suas atividades econômicas;

 evolução do mercado de capitais;

 criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil,


em 1972;

 criação da Comissão de Valores Mobiliários e da lei das Sociedades


Anônimas em 1976.

4.1 - EVOLUÇÃO

Primeiramente, para compreender o conceito de Auditoria Ambiental, é


necessário entender a origem da auditoria, proveniente das demonstrações
financeiras, através das quais ela se originou. As demonstrações financeiras eram
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informações elaboradas por escrito, destinadas a apresentar a terceiros, alheios à


empresa, sócios ou interessados, a situação patrimonial e sua evolução.

A auditoria, sobretudo, almejava informar aos usuários que critérios foram


adotados em sua elaboração e apresentar parecer de terceiros sem relação direta
com a empresa, atestando com fidedignidade que tais demonstrações refletiam a
situação do patrimônio e sua evolução durante o período a que se referiam.

Com base nisso, pode-se dizer que a auditoria sempre teve como função
prover demonstrações financeiras, como o exame das mesmas, por um profissional
independente, com a finalidade de emitir um parecer técnico sobre sua real situação.

Fato é que ao buscarmos uma definição de auditoria nas mais diversas


fontes, necessariamente somos remetidos à área contábil, inclusive fazendo coro
com o que se encontra descrito pelo Oxford English Dictionary, que a define como:
um exame oficial de contas, validado através de testemunhos e comprovantes.

Ainda, se buscar no Reino Unido, considerado pela maioria dos escritores


como o berço da auditoria, verificam-se os seguintes registros do que seriam
auditoria e auditor na Enciclopédia Britânica, que numa tradução livre quer dizer:

 auditoria é o exame das contas feitas pelos funcionários financeiros de um


estado, companhias e departamentos públicos ou pessoas físicas, e a certificação
de sua exatidão. Nas ilhas Britânicas, as contas públicas eram examinadas desde
há muito tempo, embora, até o reinado da Rainha Elizabeth, de maneira não muito
sistemática. Anteriormente, a 1559, esse serviço era executado, às vezes, por
auditores especialmente designados, e outras por auditores da receita pública, ou
pelo auditor do tesouro, cargo criado por volta de 1314. Mas, em 1559, um esforço
foi feito para sistematizar a auditoria das contas públicas, pela indicação de dois
auditores para examinar os pagamentos a servidores públicos.

4.2 - CONCEITOS E OBJETIVOS

A grande utilidade da Auditoria é atestada por seus fins tão variadíssimos,


tais como:
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 certificação e comprovação da exatidão dos fatos contábeis e administrativos


(patrimoniais), através do seu registro;

 identificação dos fatos e comprovação de sua propriedade no patrimônio da


sociedade auditada;

 identificação e comprovação do tempo decorrido e/ou de existência, bem


como do valor de efetivos fatores de mensuração dos fatos, tendo em vista o
aspecto dinâmico do patrimônio;

 sugestões e orientações para administração do patrimônio das entidades


auditadas;

 identificação de eventuais falhas no controle, com intuito de saná-las, a fim de


proteger o patrimônio contra fraudes;

 pesquisas com o objetivo de gestão ao longo do tempo; em bases


comparativas de valores e efeitos destes;

 avaliação da eficácia e eficiência decorrentes dos atos e fatos administrativos


e/ou contábeis e sobre estes;

 identificação de riscos decorrentes do negócio que venham a afetar ou afetem


o patrimônio;

 identificação da capacidade de equilíbrio financeiro e econômico da entidade


auditada;

 reorganização de uma empresa;

 determinação de limites de seguros, análise de custos, fusão, cisão e


incorporação de empresas.

Definidos esses fins, pode-se estabelecer um conceito para a matéria


Auditoria; como sendo um conjunto de técnicas de observações e exames, aplicados
de forma sistemática, que no contexto do auditado, visa opinar sobre sua situação,
sobre sua riqueza, quando este for o caso, ou sobre funções ou áreas específicas
componentes do patrimônio do auditado.
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Há, ainda, sobre o conceito de auditoria uma variada gama de autores que
se posicionam, sendo relevante frisar a observação feita por D’Ippolito (1967):

A expressão revisão, conforme leva a entender o termo auditoria, dentro do


que é estritamente aceitável na prática, foi adotada em um sentido mais
amplo, sugerindo um significado também mais ampliado em relação ao seu
significado etimológico, o qual resultaria num pensamento de que, auditoria
seria apenas um exame e análise retrospectiva dos atos e fatos contábeis e
administrativos. Porém, na verdade, não é apenas isso, abrangendo
também, previsões sobre as futuras mutações patrimoniais, as expectativas
sobre a ocorrência destas no tempo e no espaço futuros e os seus
possíveis efeitos no patrimônio do auditado. A revisão, por excelência, é a
atividade que se apresenta das mais difíceis para os profissionais, bem
como para os gestores da empresa auditada. Ela requer, sobre quem deva
ser feita, em relação ao tempo e ao espaço e em relação aos atos e fatos
auditados, para atestar sua eficiência, certa profundidade na preparação
teórica nos campos de administração, da economia em geral e, ainda, um
conhecimento mais aprofundado do campo jurídico e do direito no contexto
das relações de negócios e de mercados, envolvendo, também, em muitos
casos, extremo conhecimento tecnológico e de negócios em geral.

Para Franco e Marra (2000), auditoria é a técnica que consiste no exame de


documentos e registros, inspeções, obtenção de informações e confirmações
externas e internas, obedecendo a normas e procedimentos apropriados,
objetivando verificar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a
situação nelas demonstrada de acordo com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade e normas de contabilidade, de maneira uniforme.

4.3 - ORGANISMOS REGULADORES E NORMAS DE AUDITORIA

Segundo Pinho (2007), a atividade de auditoria no Brasil caracteriza-se pela


regulamentação governamental. Em decorrência da abrangência das atividades
subordinadas a estes organismos e pelo poder de fiscalização que lhes é conferido,
é possível classificar como principais reguladores os seguintes:

 Conselho Federal de Contabilidade – CFC;

 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON;

 Comissão de Valores Mobiliários – CVM;


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 Banco Central do Brasil – BACEN.

Em caráter restrito, também regulam a atividade as seguintes instituições:

 Instituto dos Auditores Internos do Brasil – AUDIBRA;

 Secretaria da Previdência Complementar – SPC;

 Superintendência de Seguros privados – SUSEP;

 Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais;

 Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB.

Pinho (2007) nos lembra que ao contrário do Brasil, a auditoria em diversos


países é autorregulamentada, ou seja, por intermédio de entidades criadas pelos
próprios profissionais, são estabelecidas as regras da atividade. Mas também
existem entidades governamentais que fiscalizam o trabalho dos profissionais.

Como exemplo, temos:

 International Federation of Accoutants – IFAC;

 American Institute of Certified Public Accoutants – AICPA;

 Canadian Institute of Certified Accoutants – CICA;

 Japanese Institute of Certified Public Accoutants – Jicpa.

As normas tem finalidade de estabelecer os padrões técnicos e de


comportamento, visando alcançar uma situação coletiva e individualmente desejável.
Na auditoria, estas normas objetivam qualificação na condução dos trabalhos e
garantia de atuação suficiente e tecnicamente consistente do auditor e do parecer
diante dos usuários da mesma (ATTIE, 1998).

Normas são regras práticas que visam a orientar o profissional na


consecução dos objetivos traçados para determinado trabalho.

No Brasil, em decorrência da forte regulamentação governamental, as


normas vigentes foram emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
resultando de um processo evolutivo que tem proporcionado, gradativamente, a
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aproximação com as normas internacionais do International Federation of


Accountants (IFAC).

Abaixo temos elencadas as normas brasileiras e internacionais que


representam o principal conjunto de regras.

 Resolução CFC nº 678/90 – revisão especial das informações trimestrais


(ITR) das Companhias Abertas.

 Resolução CFC nº 750/93 – princípios fundamentais da Contabilidade.

 Resolução nº 1054/05 – carta de responsabilidade da administração.

 Resolução nº 986/03 – da Auditoria Interna.

 Resolução CFC nº 781/95 – normas Profissionais do Auditor Interno.

 Resolução CFC nº 820/97 – normas Independentes das Demonstrações


Contábeis, com alterações e dá outras providências.

 Resolução CFC nº 821/97 – normas profissionais de Auditor Independente.

 Resolução CFC nº 1024/05 – papéis de Trabalho e documentação da


Auditoria.

 Resolução CFC nº 830/98 – parecer dos Auditores Independentes sobre as


Demonstrações Contábeis.

 Resolução CFC nº 836/99 – fraude e erro.

 Resolução CFC nº 1040/05 – transações e eventos subsequentes.

 Resolução CFC nº 851/99 – regulamentação do item 1.9 da NBC P 1 –


Normas Profissionais de Auditor Independente.

 Resolução CFC nº 1091/07 – revisão Externa de Qualidade pelos pares.

 Resolução CFC nº 1036/05 – supervisão e Controle de Qualidade.

 Resolução CFC nº 961/03 – regulamentação dos itens 1.2 – Independência e


1.6 – Sigilo.

 Resolução CFC nº 1035/05 – planejamento de Auditoria.


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 Resolução CFC nº 976/03 – honorários de Auditoria.

 Resolução CFC nº 981/03 – relevância na Auditoria.

 Resolução CFC nº 1074/06 – normas de Educação Continuada para


Auditores.

 Resolução CFC nº 1012/05 – amostragem.

 Resolução CFC nº 1077/06 – exame de Qualificação Técnica para Registro


no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI).

 Resolução CFC nº 1019/05 – dispõe sobre o Cadastro Nacional de Auditores


Independentes (CNAI).

 Resolução CFC nº 1022/05 – contingências.

 Resolução CFC nº 1023/05 – utilização de Trabalhos de Especialistas.

 Resolução CFC nº 1034/05 – independência.

 Resolução CFC nº 1037/05 – continuidade Normal das atividades.

 Resolução CFC nº 1038/05 – estimativas Contábeis.

 Resolução CFC nº 1039/05 – transações com partes Relacionadas.

 Instrução CVM nº 308/99 – Atividade de Auditoria Independente no Âmbito do


Mercado de Valores Mobiliários.

Normas internacionais:

 NIA 100 – define Auditoria das Demonstrações Contábeis.

 NIA 200 – estabelece os princípios básicos da auditoria. Define


responsabilidade de auditor/administração da entidade.

 NIA 300 – prevê o plano global de auditoria e o planejamento de cada


trabalho, de forma que seja realizado eficazmente. Trata ainda da
necessidade de conhecer o negócio e observar a relevância dos eventos.

 NIA 400 – trata do ambiente de controle, riscos inerentes, riscos de controle e


riscos de detecção.
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 NIA 500 – define o que são as evidências de auditoria e os atributos básicos


das mesmas, quais sejam: suficiente e apropriada. Considera como
procedimentos básicos para obtenção de evidências a inspeção, a
observação, a indagação e confirmação, o cálculo e os procedimentos
analíticos.

 NIA 600 – dá orientação quanto ao uso do trabalho de outro auditor. Trata da


possibilidade de cooperação entre auditores, das considerações sobre o
parecer nesta situação e da divisão de responsabilidades.

 NIA700 – aborda os elementos básicos do Parecer e orienta acerca de


informações de dados comparativos.

 NIA 800 – trata de trabalhos relacionados às Demonstrações Contábeis.

 NIA 900 – estabelece procedimentos para serviços correlatos: revisão,


compilação e procedimentos pré-acordados.

 NIA 1000 – procedimentos de confirmação interbancárias (PINHO, 2007).

4.4 - CLASSES DE AUDITORIA

As classes de auditoria variam de acordo com o tratamento que se dá ao


objeto da mesma, decorrendo, portanto, das diferentes necessidades, podendo
mudar de processos, que não se deve admitir como autonomia, mas, sim, como
derivação de um mesmo método.
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Numa classificação geral teríamos:

Quanto a:
Processo indagativo 1.Geral ou de balanços;
2.Analítica ou detalhada.
Forma de intervenção 1.Interna;
2.Externa ou independente.
Tempo 1.Contínua;
2.Periódica.
Natureza 1.Normal;
2.Especial.
Limite 1.Total;
2.Parcial.

Fonte: Sá (1998, p.44)

4.4.1 - AUDITORIA AMBIENTAL

A auditoria ambiental surgiu da necessidade de averiguar se as empresas


estavam cumprindo todos os preceitos exigidos pela legislação ambiental. Em
seguida, teve sua evolução voltada para se tornar uma ferramenta para o
desenvolvimento empresarial e a preservação ambiental (KINLAW, 1997).

Cavalcanti (2008 apud HATJE, 2009) define auditoria como sendo o


processo de confrontação entre uma situação encontrada com um determinado
critério, ou seja, a comparação entre o fato ocorrido com o que deveria ocorrer.

A Auditoria Ambiental especificamente pode ser definida como um


instrumento de gestão que permite fazer uma avaliação sistemática, documentada e
periódica das atividades de uma organização, para controlar e minimizar seus
impactos sobre o meio ambiente, visando uma melhoria contínua do seu
desempenho (VALLE 2004; MARTINI; GUSMÃO, 2003).

De acordo com a NBR ISO 14010, auditoria ambiental é o processo


sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma
objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema
de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a
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estes estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os


resultados deste processo ao cliente.

Segundo Sales (2001), a auditoria ambiental é o procedimento sistemático


através do qual uma organização avalia suas práticas e operações que oferecem
riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para averiguar sua
adequação a critérios preestabelecidos (usualmente requisitos legais, normas
técnicas e/ou políticas, práticas e procedimentos desenvolvidos ou adotados pela
própria empresa ou pela indústria na qual é aplicada).

Voltando a Kinlaw (1997), este diz que a Auditoria Ambiental funciona como
uma coleta sistemática de dados que podem ser usados para determinar o impacto
total de um sistema na forma do input proveniente do meio ambiente ou do output
lançado para o meio ambiente.

Amaral (s.d apud Viegas, 1997) coloca o conceito da Auditoria Ambiental,


definida pela Confederação de Indústrias Britânicas, como um exame sistemático
das interações que surgem entre determinadas operações de negócios e seu
ambiente interno e externo, incluindo-se todos os danos ambientais causados,
principalmente na atmosfera, terra e água.

Já na concepção de Valle (1995) e Wilson (1992), a auditoria ambiental é


definida como uma ferramenta de gestão que permite fazer uma ponderação
sistemática, periódica, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e do
desempenho dos equipamentos instalados em uma organização, para fiscalizar e
limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente.

A auditoria ambiental é a avaliação sistemática, periódica, documentada e


objetiva das operações e práticas realizadas em uma organização em relação às
exigências ambientais, resultando em uma opinião ou julgamento (BRAGA et al.,
1996).

Segundo Ribeiro (1998), a auditoria ambiental é um instrumento de gestão


direcionado ao atendimento dos métodos e procedimentos utilizados na
operacionalização do controle e conservação do meio ambiente, levando-se em
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consideração os parâmetros estabelecidos no sistema de gestão ambiental da


organização, visando à continuidade da empresa sem agressão ao meio ambiente.

Para Woolston (1993 apud OLIVEIRA FILHO, 2002), auditoria ambiental é


uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação sistemática,
documentada, periódica e objetiva, visando a gestão empresarial e a proteção
ambiental, com o intuito de:

 facilitar o controle gerencial no que diz respeito às decisões que envolvam as


práticas ambientais;

 considerando as políticas adotadas pelas empresas, efetuar constantes


reuniões para discutir as necessidades da organização.

A auditoria ambiental pode ser definida como o processo de avaliação das


empresas de acordo com as leis e regulamentos ambientais, bem como com os
procedimentos e políticas das organizações (PRICE WATERHOUSE, 1994 apud
OLIVEIRA FILHO, 2002).

Considerando-se a diversificação das opiniões na literatura, de forma


resumida, pode-se concluir que a auditoria ambiental é uma ferramenta de controle
destinada a fazer uma análise preliminar em toda a organização, a fim de destacar
as áreas que necessitarão de uma revisão mais detalhada, através de um programa
estruturado e sistemático, objetivando averiguar se o Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) está condizente com a política ambiental da empresa e com a legislação em
vigor. Face ao exposto, pode-se afirmar que a auditoria ambiental é um instrumento
de previsão e prevenção de possíveis danos ambientais.

A auditoria, para atender à necessidade de informação sobre as empresas,


começou a desenvolver estudos, principalmente com base em fato ocorrido na Índia
com a empresa Union Carbide, cuja tragédia resultou em centenas de mortes devido
ao vazamento de gases. As ações da empresa despencaram nas Bolsas de Valores,
inclusive porque as famílias afetadas pela tragédia deveriam ser indenizadas, o que
levou à venda da empresa por um valor substancialmente menor do que ela valia
antes do acidente.
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Mais recentemente, tragédia parecida aconteceu no Alaska (EUA), com o


vazamento de óleo no mar, provocado pela empresa Exxon. Também neste caso, o
impacto foi sentido no preço das ações. Nos dois casos, percebeu-se que ambas as
empresas não tinham em suas demonstrações contábeis, nem sequer sob a forma
de notas explicativas, nenhuma menção aos prováveis riscos em que elas estavam
incorrendo com a poluição do meio ambiente e quanto à consequente necessidade
de indenizar pessoas ou governos, ou ainda quanto a gastos de recuperação
ambiental pelos danos causados por atividades de sua responsabilidade
(FERREIRA, 2007).

Desses fatos resultaram preocupações, principalmente nas empresas de


auditoria, que deveriam atestar se as demonstrações contábeis estavam de acordo
com os princípios de contabilidade e com a legislação, mas que, até aquele
momento, não consideravam em suas análises as contingências relativas ao meio
ambiente. A auditoria, entretanto, é uma análise a posteriori e, inclusive, passiva.

O fato ocorre, polui-se e depois atesta-se que o passivo ambiental foi


considerado nas demonstrações contábeis através de provisões ou reservas para
contingências, conforme o caso.

Essas informações, entretanto, são muito pobres em se tratando de gestão


ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável. Além disso, a contabilidade
não pode esquecer-se de seus dois postulados, o da Entidade e o da Continuidade,
que justificam outra abordagem contábil para o problema do meio ambiente.

Nota-se, contudo, um esforço para que a auditoria possa ser mais um


instrumento de gestão ambiental. Para isso, foram desenvolvidos padrões de ações
e de processos relativos às operações de empresas que causam impacto no meio
ambiente. Esses padrões, decorrentes inicialmente das normas britânicas (BS
5750), resultaram na edição das normas ISO 14000, referentes a certificações sobre
os padrões de qualidade para o meio ambiente.

Os principais elementos da auditoria ambiental podem ser assim


sintetizados:
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 identificar a mais importante das interações do meio ambiente da


organização;

 avaliar o grau dos impactos ambientais;

 aprender sobre como negociar, reduzir ou melhorar os impactos da


organização;

 identificar uma lista de prioridades das interações para serem tratadas (isso
se desenvolverá, em parte, dos dois primeiros elementos, e em parte, como
resposta para mudanças reais e potenciais nas leis e nas atitudes da
sociedade);

 estabelecer políticas e padrões;

 identificar responsabilidades;

 montar equipes de treinamento;

 mudar práticas e colocar as políticas em ação;

 desenvolver um sistema de informações do meio ambiente;

 monitorar e estimar o desempenho;

 avaliar desempenho e os padrões;

 reavaliar esta lista, começando pelo início, numa base sistemática e contínua
(GRAY s.d apud FERREIRA, 2007).

4.4.1.1 - OBJETIVOS

O principal objetivo da auditoria ambiental é auxiliar no processo de melhoria


dos programas de controle ambiental, sendo importante o suporte e o
comprometimento gerencial. Na grande maioria das vezes, constitui-se num dos
mais importantes instrumentos de gerenciamento ambiental para prevenção do
dano.
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Pode-se elencar, dentre tantos outros, alguns dos principais objetivos de


uma auditoria ambiental, que auxilie em uma melhor compreensão de sua real
aplicabilidade como instrumento de controle e prevenção ambiental. Quais sejam:

a) permitir a investigação sistemática dos programas de controle ambiental


de uma empresa;

b) auxiliar na identificação de problemas ambientais futuros;

c) verificar se a operação industrial está em conformidade com as normas e


padrões mais rigorosos definidos pela empresa (DALL’AGNOL, 2008).

Enfim, a auditoria ambiental tem como objetivo caracterizar a situação da


empresa para fornecer um diagnóstico atual no que diz respeito a poluição do ar,
águas e resíduos sólidos, favorecendo a definição das ações de controle e de
gerenciamento que deverão ser tomadas para proporcionar a sua melhoria
ambiental. Ela fornece recomendações de ações emergenciais, de curto, médio e
longo prazo que deverão ser tomadas para proporcionar a melhoria ambiental da
empresa. De forma sucinta, pode-se dizer que a auditoria ambiental compara
resultados com expectativas ambientais.

4.4.1.2 - FUNÇÕES E TIPOS DE AUDITORIA AMBIENTAL

A ação ambiental impactante de uma entidade não se limita ao processo produtivo.


Portanto, mesmo que a política ambiental aborde somente o processo produtivo em si, a
auditoria ambiental, sempre que possível, deve incluir as suas entradas (matéria, energia e
fornecedores), o processo produtivo em si e as saídas (produtos e embalagens, efluentes
líquidos, emissões gasosas, rejeitos e resíduos, ruídos e vibrações, odores, radiações,
transporte de produtos, entre outros) (SILVA; ASSIS, 2003).

Existem diferentes formas de auditorias ambientais, que são definidas em


função dos diversos objetivos a que elas se propõem. Uma divisão simples classifica
as auditorias em quatro classes:
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a) auditoria dos impactos ambientais – onde é feita uma avaliação dos impactos
ambientais no ar, água, solo e comunidade de uma determinada unidade
industrial ou de um determinado processo com objetivo de fornecer subsídios
para ações de controle da poluição, visando a minimização desses impactos;

b) auditoria dos riscos ambientais – onde é feita uma avaliação dos riscos
ambientais reais ou potenciais de uma fábrica ou de um processo industrial
especifico;

c) auditoria da legislação ambiental – onde é feita uma avaliação da situação


ambiental de uma determinada fábrica ou organização em relação ao
cumprimento da legislação vigente;

d) auditoria de sistemas de gestão ambiental – é uma avaliação sistemática para


determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho ambiental de
uma empresa está de acordo com sua política ambiental, e se o sistema esta
efetivamente implantado e adequado para atender aos objetivos ambientais
da organização. A auditoria de sistema de gestão é uma ferramenta de
gestão, compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica
e objetiva sobre como os equipamentos, gestão e organização ambiental
estão desempenhando o objetivo de ajudar a proteger o meio ambiente. A
maioria das auditorias ambientais é uma combinação de uma e outra forma
de auditoria. Contudo, o objetivo principal de qualquer auditoria ambiental é a
realização de um diagnóstico da situação atual para verificar o que está
faltando e promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho
ambiental da empresa (ECP CONSULTORIA 2009).

De acordo com Woolston (1993 apud OLIVEIRA FILHO, 2002), a auditoria


ambiental pode ser dividida em dois grandes grupos – auditoria de produto e
auditoria corporativa –, sendo que a primeira visa basicamente:

 avaliar ou reavaliar os programas de garantia da qualidade na criação de um


novo produto, ou seja, quais os cuidados iniciais que devem ser tomados na
fabricação de um produto novo no mercado;

 averiguar a procedência dos insumos empregados na produção;


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 verificar de que maneira as informações de caráter ambiental são avaliadas


antes de sua transmissão aos consumidores;

 avaliar a segurança das embalagens utilizadas pelos produtos;

 estimar os efeitos causados ao meio ambiente pelos produtos durante seu


ciclo de vida até sua disposição final.

A auditoria ambiental corporativa, por sua vez, poderá focalizar:

 um local individualmente;

 uma única empresa de um determinado grupo;

 uma divisão operacional (principalmente quando se tratar de companhias de


grande porte);

 um Sistema de Gestão Ambiental (WOOLSTON, 1993 apud OLIVEIRA


FILHO, 2002).

No que diz respeito à divisão operacional, Woolston (1993 apud OLIVEIRA


FILHO, 2002) descreve que a auditoria ambiental corporativa será empregada com o
propósito de:

 analisar o setor de compras, com a finalidade de averiguar quais matérias-


primas devem ser adquiridas de forma a causarem o menor impacto possível
ao meio ambiente;

 examinar o sistema de transporte, a fim de mensurar os efeitos causados ao


meio ambiente.

Estas auditorias corporativas podem ser divididas em auditorias técnicas ou


de conformidade, de responsabilidade e auditorias de minimização de desperdício,
sintetizadas no organograma e, logo após, em um quadro. (WOOLSTON, 1993 apud
OLIVEIRA FILHO, 2002).
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5 - OUTRAS AUDITORIAS

As auditorias de conformidades ou técnicas têm a finalidade de checar se a


companhia está em conformidade com as leis, regulamentações e política da
empresa enquanto a auditoria de responsabilidade tem como objetivo verificar os
padrões ambientais das companhias, em função das exigências das instituições
financeiras, das companhias de seguros e do mercado consumidor. Também é
utilizada como requisito para o processo de fusão, incorporação e aquisição de
companhias.

Em Silva e Assis (2003), encontramos também as seguintes finalidades para


as auditorias:

 auditoria de conformidade – consiste na verificação do cumprimento da legislação


aplicável existente. É uma auditoria de ambição muito limitada, pois se restringe à
legislação existente e de caráter “defensivo”;
 auditoria pós-acidente – centrada nos problemas de responsabilidade penal ou civil,
tem por objetivo determinar as causas de um acidente. Em geral, realizada
paralelamente a um procedimento jurídico, pode dar elementos à procuradoria, mas
também pode fornecer à empresa;
 auditoria de riscos – pode ser aplicada no caso de um contrato de seguro ou, em um
âmbito mais geral, no caso de uma análise de risco. Neste último caso, ela é útil para
a empresa conhecer com precisão a extensão do risco de um acidente para o meio
ambiente e, consequentemente, os riscos jurídicos, econômico e financeiro. Com
este tipo de auditoria, a empresa visa simplesmente limitar seus riscos;
 auditoria de operação de fusão, absorção ou de aquisição – uma empresa que
deseja, por exemplo, adquirir uma outra empresa pode solicitar uma auditoria
ambiental para saber a natureza dos riscos ao qual ela estaria sujeita. Outro caso,
por exemplo, é o da venda de terrenos nos quais serão colocados materiais
descartados; a empresa vendedora pode realizar uma auditoria ambiental para se
desembaraçar de responsabilidades futuras no caso de contaminação. Da mesma
forma, uma empresa que vai comprar um terreno pode solicitar uma auditoria para
saber em que situação, com relação à qualidade do solo e das águas, ele se
encontra;
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 auditoria de gerenciamento geral – essa auditoria tem um objetivo maior. Trata-se de


verificar todos os possíveis impactos da empresa sobre o meio ambiente. Essa
auditoria permite a definição de uma orientação e de uma política da empresa por
meio da totalidade dos dados ambientais e considera as evoluções futuras do
contexto jurídico (SILVA; ASSIS. 2003).

Algumas empresas especializadas em auditoria e assuntos afins podem


estar aptas a realizar, por exemplo:

 auditoria de conformidade legal (DZ 56 – FEEMA-RJ e CONAMA 306/02);

 auditoria de avaliação do atendimento a requisitos legais aplicáveis visando


atender o requisito 4.5.2 da ISO 14001 e o requisito 4.5.1 da OHSAS 18001,
e outros;

 auditoria de Sistemas de Gestão (ISO 14001, OHSAS 18001 e ISO 9001),


Terceirização das auditorias internas exigidas nas Normas de Gestão,
permitidas pelos Organismos de Certificação e conforme os requisitos da
NBR ISO 19011, proporcionando economia de recursos humanos e
econômicos para o cliente;

 auditoria de fornecedores e prestadores de serviço ambientais, avaliando os


principais aspectos e impactos ambientais, reais ou potenciais e os padrões
adequados a serem atendidos pelos prestadores de serviços ambientais de
forma a garantir a proteção ao meio ambiente através da melhoria do
desempenho ambiental destes contratados e, ao mesmo tempo, minimizando
o risco potencial de responsabilidade da empresa cliente por danos
ambientais;

 auditoria Due Diligence de compra e venda / Auditoria de Passivo Ambiental –


avalia os riscos ambientais e os passivos ambientais associados à compra,
venda ou encerramento, para que sejam identificados e levados em
consideração durante a transação imobiliária. (De Martini Junior
http://www.demartiniambiental.com.br/).
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Outro exemplo seria a auditoria para um empreendimento habitacional que


pode contar com uma auditoria ambiental interna ou externa. A auditoria interna,
executada pelos moradores, por meio de uma associação representativa e, se
necessário por auditores independentes contratados, tem seus resultados
(conclusão da auditoria) de uso interno ou condominial. A auditoria externa é
realizada, necessariamente, por auditores independentes externos à organização,
sendo seus resultados avaliados por terceiros, como organização de certificação, e
seu uso deve ser atinente ao Poder Público, por meio de órgãos responsáveis por
políticas habitacionais e/ou ambientais, e mesmo disponibilizados para consulta
pública, principalmente no caso de determinadas leis (RODRIGUES, 2007).

O quadro abaixo sintetiza o tipo e o que avalia uma auditoria:

TIPO O QUE AVALIA

Auditoria de Conformidade Legal Adequação à legislação.

Auditoria de Desempenho Conformidade com a legislação, regulamentos e


Ambiental indicadores setoriais.

Auditoria de Sistema de Gestão Cumprimento dos princípios Sistema Gestão Ambiental,


Ambiental adequação e eficácia do Sistema de Gestão Ambiental.

Auditoria de Certificação Conformidade com os princípios da norma certificadora.

Auditoria de Descomissionamento Danos ao entorno pela desativação da unidade produtiva.

Auditoria de Sítios Estágio de contaminação de um local.

Auditoria Pontual Otimização dos recursos no processo produtivo.

Auditoria de Responsabilidade O passivo ambiental da empresa.

Fonte: Silva; Assis (2003)

5.1 - VANTAGENS E DESVANTAGENS

Assim como a auditoria contábil é ferramenta básica para a indicação da


saúde financeira de uma empresa, a auditoria ambiental tem se tornado ferramenta
básica na avaliação da saúde ambiental da empresa, diagnosticando eventuais
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riscos que possam vir a transformar-se em sérios danos ambientais (DALL’AGNOL,


2008).

A primeira grande vantagem da auditoria acontece quando há


comprometimento da direção da empresa e disponibilidade de recursos para aplicar
em auditoria visando corrigir as não conformidades detectadas. Alguns benefícios
que decorrem dessa ação seriam:

a) identificação e registro das conformidades e das não-conformidades com


a legislação, com regulamentações e normas e com a política ambiental da empresa
(caso exista);

b) prevenção de acidentes ambientais;

c) melhor imagem da empresa junto ao público, à comunidade e ao setor


público;

d) provisão de informação à alta administração da empresa, evitando-lhe


surpresas;

e) assessoramento aos gestores na implementação da qualidade ambiental


na empresa;

f) assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico, humano)


destinados ao meio ambiente na empresa, segundo as necessidades de proteção do
meio ambiente e as disponibilidades da empresa, descartando pressões externas;

g) avaliação, controle e redução do impacto ambiental da atividade;

h) minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados pela empresa;

i) promoção do processo de conscientização ambiental dos empregados.

Como vantagens da auditoria ambiental temos:

a) ajuda a proteger o meio ambiente interno e externo da empresa;

b) identifica e documenta o cumprimento de políticas, diretrizes e padrões


ambientais;
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c) identifica e documenta o cumprimento da legislação ambiental;

d) ajuda a evitar ou minimizar o uso de recursos naturais;

e) conduz a melhorias no desempenho ambiental da unidade auditada;

f) aumenta a conscientização e a responsabilidade ambiental de dirigentes e


empregados;

g) fornece garantias à administração superior quanto ao gerenciamento correto


das responsabilidades ambientais;

h) melhora a imagem institucional da empresa;

i) protege a empresa contra eventuais ações de responsabilidade civil;

j) melhora a higiene e a segurança dos empregados;

k) permite obter taxas de seguro mais vantajosas;

l) facilita a obtenção de cobertura de seguro por danos ambientais;

m) atribui crédito positivo à direção da unidade auditada quando há um bom


desempenho ambiental;

n) facilita o intercâmbio de dados e informações ambientais entre unidades


auditadas;

o) permite avaliar a evolução do tratamento das questões ambientais por


unidade auditada (OLIVEIRA FILHO, 2002).

Evidentemente que existem desvantagens, a saber:

a) não pode ser implantada e mantida sem um gasto considerável;

b) exige a alocação de empregados especializados ou a contratação de serviços


de terceiros;

c) pode levar a uma falsa imagem da empresa se não houver cautela na


interpretação e divulgação dos resultados;
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d) poderá ocasionar uma falsa sensação de segurança ambiental, em especial


se a auditoria foi realizada de maneira incompleta ou por auditores
inexperientes (OLIVEIRA FILHO, 2002).

5.2 - PROCEDIMENTOS E ETAPAS

Segundo Braga et al. (1996), a auditoria ambiental está caracterizada de


acordo com três elementos fundamentais, que são:

1. a coleta de dados e informações existentes nas organizações;

2. a avaliação dos dados coletados, tendo como ponto de apoio a experiência,


as normas e os padrões técnicos inerentes à profissão;

3. o relatório, com base na análise dos dados colhidos, apontando as


conclusões e recomendações.

De uma forma geral, a utilização da ferramenta “auditoria ambiental” presta-


se, em um primeiro plano, ao acompanhamento da evolução e qualidade de um
Sistema de Gestão Ambiental; por outro lado, quando uma empresa não possui um
SGA, a auditoria ambiental poderá ser efetuada baseando-se na documentação que
originou o licenciamento ambiental.

De acordo com Juchem (1995), torna-se difícil a atuação da auditoria


ambiental dentro de uma organização que não disponha de um SGA. Mesmo assim,
as auditorias ambientais isoladas e desvinculadas de uma gestão ambiental podem
ser feitas para casos específicos como, por exemplo, para fins de incorporação ou
compra e venda de empresas; por exigências de companhias seguradoras ou
bancos financiadores; para atender dispositivos legais específicos.

Juchem (1995) enfatiza que o processo de auditoria ambiental em maior


escala, envolvido com a gestão ambiental da empresa, em muitos casos vai muito
além dos itens acima citados e, em geral, deverá ser efetuado com uma certa
periodicidade.
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Jones (s.d apud Ferreira, 1999) diz que a auditoria ambiental visa identificar
os problemas relacionados com a produção, com a operação de processos ou até
mesmo com a prestação de serviços, para que os possíveis problemas ambientais
sejam sanados antes que se tornem exigências dos organismos de fiscalização da
área ambiental, dos investidores, das instituições financeiras ou das companhias de
seguro. A auditoria ambiental tem um caráter nitidamente preventivo e constitui um
instrumento fundamental para o aperfeiçoamento do SGA das organizações.

De acordo com Viterbo Júnior (1998), as empresas devem sempre manter


programas e procedimentos definidos para que, considerando-se a política
ambiental da organização, periodicamente, possam efetuar-se as auditorias
preventivas no sistema de gestão ambiental, de forma a:

 verificar a adequação da implantação do sistema de gestão ambiental e se há


manutenção constante do mesmo;

 determinar se o sistema de gestão ambiental está de acordo com as


disposições planejadas, inclusive com os requisitos das normas de proteção
ambiental;

 subsidiar a administração, para fins deliberativos, através dos resultados das


auditorias efetuadas.

O programa para efetivação dos trabalhos da auditoria ambiental, inclusive o


cronograma das atividades, deverá ter por base a relevância ambiental das
atividades da organização, envolvendo, também, os resultados anteriores
respaldados nos relatórios de auditoria (VITERBO JÚNIOR 1998).

Na concepção de Gilbert (1995), para que um programa de auditoria possa


testar a eficácia de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ele deve abordar pelo
menos os seguintes fatores:

a) as atividades e áreas específicas a serem avaliadas, inclusive:

 a estrutura organizacional, funções e responsabilidades;

 os procedimentos de operação e administração das atividades;


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 as atividades e processos na área de trabalho;

 os procedimentos operacionais e registros; e,

 o desempenho ambiental.

b) o cronograma da atividade de auditoria ambiental. As auditorias são estabelecidas


com base na importância da atividade e no resultado de auditorias ambientais
anteriores;

c) definições de quem é responsável pela atividade de auditoria em cada área;

d) definições dos critérios para a equipe que realiza as auditorias ambientais. Os


auditores devem ser independentes das áreas que estão sendo avaliadas; possuir
alguma perícia na disciplina relevante e ser apoiados por especialistas sempre que
necessário;

e) o protocolo para realização da auditoria ambiental, ou seja, a ordem dos eventos,


coleta de indícios e registro de conclusões;

f) o procedimento para relatórios das conclusões da auditoria ambiental aos


responsáveis pela área ou atividade avaliada e a identificação dos responsáveis
pelas ações corretivas relacionadas às deficiências relatadas. O relatório deve
incluir: conformidade ou não conformidade do SGA com as exigências; eficácia do
SGA no cumprimento de objetivos e alvos; acompanhamento das conclusões de
auditorias anteriores e conclusões e recomendações.

Segundo vários autores que descrevem o processo completo das auditorias


ambientais, essa se compõe basicamente de três etapas que se assemelham às auditorias
financeiras: preparação ou pré-auditoria; instalação ou atividade de campo (auditoria
propriamente dita); e, a atividade de pós-auditoria ou registro das constatações/ relatório
(SILVA; ASSIS, 2003).

Começa-se por estabelecer os objetivos determinados pelos auditados, delimitam-


se o campo de atuação e de realização, o objeto a ser auditado e o período de sua
realização (escopo). A partir dos objetivos e escopo, estabelecem-se os critérios
correspondentes às políticas, práticas, procedimentos ou regulamentos (legais ou
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organizacionais) para a coleta de evidências da auditoria. Na pré-auditoria, serão


determinados os recursos humanos, físicos e financeiros a serem utilizados. Para realização
do planejamento, os auditores deverão considerar as informações sobre controles internos e
analisar o ambiente de trabalho.

A auditoria propriamente dita, compreende a coleta, análise e avaliação das


evidências, que serão antecedidas de reunião para apresentação da equipe e do plano,
estabelecido preliminarmente, aos auditados. Os procedimentos adotados, durante esta
fase, incluirão a análise de documentos; observação das atividades da empresa e
entrevista.

A última fase compreenderá a apresentação dos resultados de maneira formal e


escrita, datada e assinada pelo auditor líder. Medidas corretivas deverão ser apresentadas
com base nas conclusões da auditoria e com classificação de acordo com sua relevância no
caso de inserção da auditoria em programa ou sistema de gestão ambiental empresarial.

Os instrumentos adotados na realização deste tipo de auditoria, semelhantes às


auditorias financeiras, incluem técnicas de entrevistas, técnicas de amostragem e notas de
trabalho, listas de verificação detalhadas, registros de controles usados pelos auditados com
padrões estabelecidos pela legislação ou organização.

Fundamentalmente, a grande diferença entre a prática atual de auditorias


ambientais e financeiras encontra-se no objeto de estudo a se auditado, pois a primeira
propõe-se a examinar de forma sistemática os tratamentos dispensados aos ecossistemas,
e a segunda preocupa-se com os registros patrimoniais do sistema produtivo.

Observa-se que a prática das auditorias ambientais limita-se aos ecossistemas e,


apesar de serem realizadas por equipes multidisciplinares, dela são excluídos os contadores
e administrativos da entidade (SILVA; ASSIS, 2003).

6 - AUDITORIA COMPULSÓRIA

Talvez a modalidade de auditoria ambiental que mais traz um resultado


importante e eficaz, na preservação do meio ambiente, seja a auditoria compulsória.
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Compulsória significa obrigatória. Ao tornar exigível a auditoria ambiental


para determinados empreendimentos, estaremos estabelecendo um novo conceito
de preservação ambiental, já que a função primordial da auditoria ambiental
compulsória é avaliar as condições ambientais da empresa, fornecendo subsídios e
condições ao empreendedor de detectar os problemas antes que eles
eventualmente aconteçam, evitando que se transformem em enormes passivos
ambientais, que poderão trazer altos custos, quer seja ao balanço da empresa ou ao
próprio meio ambiente (DALL'AGNOL, 2008).

A auditoria ambiental compulsória é aquela que é legalmente exigida por um


órgão governamental, mediante lei. Tem sido uma experiência positiva para alguns
estados que a implantaram como é o caso de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de
Janeiro, dentre outros.

A auditoria ambiental compulsória tem o reconhecimento dos mais variados


segmentos da sociedade pelo seu potencial preventivo, já que demandam técnicos
capacitados e especialistas na área ambiental, auditores treinados e qualificados,
que poderão contribuir para uma avaliação eficaz das condições da empresa
auditada. Revelam também a possibilidade de conter eventuais deficiências na
cadeia do sistema produtivo, auxiliando na prevenção de danos futuros.

O principal elemento motivador de uma auditoria ambiental compulsória é a


verificação do atendimento à legislação de referência e, ao mesmo tempo, a
identificação das oportunidades de melhoria no conjunto produtivo com a elaboração
de um plano de ação pró-ambiente. Nesse sentido, a auditoria ambiental
compulsória vem se consolidando para se tornar um instrumento legal de apoio à
fiscalização, ao licenciamento ambiental e, principalmente, à implantação das ações
propostas nos Termos de Ajustamento de Conduta, sejam eles impostos pelos
órgãos ambientais, seja pelo Ministério Público, que é o agente fiscalizador.

À primeira vista pode parecer até arbitrária a imposição de uma auditoria


ambiental à organização, mas a curto ou médio prazo a relação custo/benefício
demonstrará que a relação de causa e efeito, a responsabilização administrativa e
civil, pelo dano ambiental que porventura vier a ser constatada, poderá ser
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infinitamente mais onerosa, ainda que sem prejuízo da responsabilidade penal pelo
evento danoso.

A auditoria ambiental compulsória, pela elaboração do relatório de auditoria,


adquire, também, especial importância, a posteriori, para o acompanhamento da
evolução desses compromissos assumidos pela empresa, facilitando, assim, a
realização das vistorias de fiscalização.

Importante retomar a questão da relevância da disponibilização para


consulta pública do Relatório de Auditoria Ambiental, adotado como padrão de
referência no ofício de controle da gestão ambiental, já que elaborado por
profissionais competentes e quase sempre por uma equipe independente de
auditores com autonomia, credibilidade e isenção.

A realidade é que, ainda é tímida a postura por parte dos órgãos ambientais
na fiscalização de potenciais poluidores. De igual forma, não há auditores
profissionais capacitados sobrando no mercado, justamente porque não há
demanda, já que inexiste o hábito, por parte dos gestores empresariais, de buscar
auditorias voluntárias, o que acaba por se tornar prejudicial ao meio ambiente.

É passível de verificação que em empresas que investiram na divulgação de


seus resultados ambientais, passaram a adquirir maior credibilidade perante o
mercado, tornando-se referência para outras empresas, assim como fortaleceram
sua imagem perante os acionistas e representantes de instituições técnico-
científicas, propiciando uma melhor imagem e, consequentemente, uma maior
confiabilidade.

Há boas perspectivas com relação à ampliação da legislação envolvendo ou


determinando auditorias ambientais compulsórias em todo território nacional,
estando inclusive tramitando projeto de lei para sua instituição em empresas com
determinado risco ou produto. O estado, por sua vez, tem se socorrido de algumas
assessorias particulares, mas na grande maioria das vezes, buscam-se nas
universidades as auditorias ambientais independentes (DALL'AGNOL, 2008).

Indubitavelmente, a auditoria ambiental compulsória é a ferramenta que


melhor representa a instrumentalização do princípio da prevenção. Contudo, a sua
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aplicação nos termos da nossa legislação vigente, acaba por gerar uma
problemática significativa, de ordem Constitucional, pois cria um impasse de grandes
proporções quando passam a um conflito direto com as Garantias Fundamentais
Constitucionais, quais sejam, a proteção do meio ambiente e a garantia de que
nenhuma pessoa, física ou jurídica, é obrigada a fazer prova contra si.

Por certo, a auditoria ambiental compulsória, devidamente regulamentada,


haverá de se transformar em um dos mais eficientes instrumentos da efetiva
aplicação prática do princípio da prevenção ambiental:

6.1 - por ser uma ferramenta de uso prático e adequado a qualquer


empreendimento, podendo seus resultados ser vislumbrados de imediato;

6.2 - porque passa a ser uma ferramenta de gestão ambiental de baixo custo e
com possibilidade de aplicação por qualquer companhia, numa relação direta
custo/benefício, o que se torna bem atrativo para o empreendimento,
considerando seu resultado preventivo;

6.3 - pela importância da preservação ao meio ambiente natural, já que serão


aplicadas justamente nas indústrias, nas empresas citadas como os entes
com maior potencial poluidor ao meio ambiente.

É importante uma discussão que contemple uma mudança legislativa e que


considere a possibilidade de apresentação e divulgação dos resultados da auditoria,
por meio de seus relatórios, sem que estes sejam levados em consideração para
efeitos de incriminação das empresas que os produziram. A proposição seria de
criar uma espécie de anistia, pelo menos por um tempo, e para determinadas
empresas, dando condições de ajustar as não-conformidades ambientais detectadas
nos relatórios de auditoria, com vistas ao incentivo a uma nova cultura e
cumprimento da legislação de forma voluntária. Seria difícil empreender uma
fiscalização a todas as empresas. Contudo, ao fomentar a aplicação de auditorias
ambientais, estaríamos proporcionando um benefício imensurável ao meio ambiente,
que passaria a ser beneficiado ainda mais com esse importante instrumento,
oportunizando a prática do princípio da prevenção ambiental (DALL'AGNOL, 2008).
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7 - DIRETRIZES PARA AUDITORIA AMBIENTAL

A NBR ISO 14010 é uma norma que estabelece os princípios gerais


aplicáveis a todos os tipos de auditoria ambiental. Está estruturada em três grandes
temas: definições, requisitos e princípios gerais.

A NBR ISO 14010 recomenda como requisitos para a realização de uma


auditoria ambiental:

 que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal objeto
devem estar claramente definidos e documentados; e,

 que a auditoria só é realizada se o auditor-líder estiver convencido da


existência de informações suficientes e apropriadas, de recursos adequados
de apoio ao processo de auditoria e de cooperação ao auditado.

A NBR ISO 14011 estabelece procedimentos para condução,


especificamente, de auditorias de Sistema de Gestão Ambiental. Está estruturada
em quatro temas: definições; objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do
sistema de gestão ambiental; etapas da auditoria de sistema de gestão ambiental; e,
encerramento da auditoria.

De acordo com a NBR ISO 14011 existem quatro etapas no processo de


auditoria do sistema de gestão ambiental, quais sejam: etapa 1 (início da auditoria);
etapa 2 (preparação da auditoria); etapa 3 (execução da auditoria); e, etapa 4
(elaboração do relatório de auditoria). A norma descreve procedimentos para cada
uma dessas etapas.

A NBR ISO 14012 estabelece diretrizes quanto aos critérios que qualificam
um profissional a atuar como auditor e como auditor-líder ambientais, tanto externo
como interno. É salientado pela norma que os auditores internos devem possuir o
mesmo nível de competência dos auditores externos, mas podem não atender a
todos os critérios dessa norma, dependendo de fatores como: características da
organização (tamanho, natureza, complexidade e impactos ambientais) e
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características necessárias para o auditor ambiental (conhecimento especializado e


experiência).

A norma apresenta definições para:

 auditor ambiental (pessoa qualificada para realizar auditorias ambientais);


 auditor-líder ambiental (pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias
ambientais);
 diploma (certificado reconhecido nacional ou internacionalmente, ou qualificação
equivalente, normalmente obtido após a educação secundária, através de um
período de estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três anos, ou
outro período de estudo equivalente, em tempo parcial); e,
 educação secundária (etapa do sistema educacional completada imediatamente
antes do ingresso em universidade ou instituição similar).
Após as definições, são apresentados pela NBR ISO 14012 os critérios de
qualificação de auditores, diretrizes para avaliação das qualificações de auditores
ambientais; e diretrizes para o desenvolvimento de um organismo que assegure um enfoque
coerente para a certificação de auditores ambientais.

A NBR ISO 14012 recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de


auditores deve ser conduzido por pessoa dotada de conhecimentos atualizados e
experiência em processos de auditoria. Recomenda, ainda, que a avaliação da educação
(experiência profissional, treinamento e atributos pessoais dos auditores) seja realizada
utilizando-se os seguintes métodos: entrevistas; prova escrita e/ou oral; análise de trabalhos
escritos; referências de empregadores anteriores e colegas; simulação de atuação;
observações feitas por outros auditores em auditorias já realizadas; análise das evidências
apresentada pelo auditor; apreciação das certificações e qualificações profissionais.

Ainda de acordo com a norma, caso seja apropriado, deve haver um organismo que
assegure que os auditores ambientais sejam certificados de forma consistente, que deve ser
independente e atender às seguintes diretrizes: certificar diretamente; credenciar entidades
que certificarão os auditores; estabelecer processo de avaliação de auditores; e, manter
cadastro atualizado de auditores ambientais que atendam aos critérios especificados pela
norma.
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8 - PERÍCIA

A realização de provas periciais no sistema processual brasileiro deve


pautar-se, basicamente pela obediência aos artigos 145, em seus §§ 1º e 2º; 147 e
420 a 439, do código de Processo Civil. De outra parte, no que concerne a proteção
ao meio ambiente, cumpre destacar que a Lei Federal nº 6.938/81 estabeleceu como
um de seus objetivos a “imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados” (Art. 4º, inciso VII), o que legitimou o
Ministério Público para o ajuizamento de ação de responsabilidade civil por danos
ambientais, prerrogativa que veio a ser consolidada através da Lei Federal nº
7.347/95, que disciplina a ação civil pública por danos causados ao meio ambiente,
entre outros, e dá outras providências (JULIANO, 2005).

Com as ferramentas legais supramencionadas, a sociedade, através do


Ministério Público, a quem cabe, entre outros, a proteção de interesses difusos e
coletivos, promove ações para defesa do meio ambiente em quantidade cada vez
maior, as quais necessitam de embasamento nas variadas áreas do conhecimento
técnico-científico. De outra parte, empresas, pessoas físicas, a sociedade, aqui no
outro polo da ação, busca no conhecimento técnico-científico adequar seus objetivos
a legislação ambiental, nessas condições, a perícia torna-se parte integrante das
ações da sociedade em questões ambientais.

Enfocando a questão da multidisciplinaridade da prova na questão


ambiental, inobstante o regramento, que aparentemente reconhece a figura de
apenas um “expert” judicial, a pluralidade de peritos está textualmente prevista na
Lei Adjetiva Civil, parágrafos 1°, 2° e 3° do Art. 145; Art. 441 (inspeção judicial). No
mais, configurada situação a exigir perícia multidisciplinar a mesma estaria
embasada no Art. 5° da Lei de Introdução do Código Civil, sobre a qual Diniz (1994)
ressalta que “ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendê-la em atenção
aos seus fins sociais e aos valores que pretende garantir. Essa conclusão ganha
maior relevo quando incidem questões de interesse público, como direito ambiental”.

Diante das questões enfocadas, pode-se afirmar, segundo Andrade, Gulin e


Freitas (2002), que uma situação atentatória aos meios físico, biológico, antrópico
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e/ou cultural tem o inequívoco potencial de afetar adversamente bens e valores


diversos, complexos e certamente interligados ou interdependentes, em regra,
exigindo atuação conjunta de profissionais de diversas áreas, sem o que por vezes
pode-se impossibilitar a aferição adequada e totalmente segurados riscos ou danos
ambientais.

8.1 - NOÇÕES BÁSICAS – PERÍCIA E PERITOS

A expressão perícia advém do latim, Peritia, que em seu próprio sentido


significa conhecimento adquirido por experiência (SÁ, 2008, p. 02). A Perícia pela
óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer trabalho de natureza
específica, cujo rigor na execução seja profundo. Dessa maneira, pode haver perícia
em qualquer área científica ou até em determinadas situações empíricas.
(MAGALHÃES, 2006).

A perícia é a análise mais profunda de uma atividade, até mesmo através da


experiência do profissional, buscando a verdade em relação à natureza específica
da área, sabendo-se que toda atividade pode ser periciada. É um trabalho de notória
especialização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma
autoridade formal no julgamento de um fato. É conhecimento e experiência das
coisas. A função pericial é, portanto, aquela pela qual uma pessoa conhecedora e
experimentada em certas matérias e assuntos examina as coisas e os fatos,
reportando sua autenticidade e opinando sobre as coisas, essência e efeito da
matéria examinada (ALBERTO, 2002).

Segundo Sá (2006), a perícia pode ser classificada em três grupos dentro de


sua área de atuação, sendo eles: a Perícia judicial, Perícia administrativa e Perícia
especial.

Nas perícias judiciais o perito é contratado por um juiz para verificar as reais
situações de qualquer empreendimento que venha solicitar pedido de concordata.
As perícias administrativas são utilizadas em verificações contábeis para apurar
corrupção, fraudes, entre outros fatos que possam ocorrer e, as perícias especiais,
têm como finalidade participar da realização de fusão de sociedades.
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Para Sá (2006), cada grupo classificado é utilizado para uma devida área,
onde o Perito já iniciará seu trabalho direcionado ao que ele terá que analisar. No
entanto, existem ainda quatro tipos de espécie de perícia em seu quadro de
atuação.

Este instrumento especial, a perícia, tem espécies distintas, identificáveis e


definíveis segundo o ambiente em que é instada a atuar. São estes mesmos
ambientes que delinearão características intrínsecas e as determinantes
tecnológicas (o modus faciendi) para o perfeito atendimento do objeto e dos
objetivos para os quais se deve voltar. As espécies de perícia detectáveis diante o
raciocínio acima são: a perícia judicial; perícia semijudicial; perícia extrajudicial; e, a
pericia arbitral (SÁ, 2006, ALBERTO, 2002).

A perícia judicial, realizada com enfoque dentro dos procedimentos


processuais do poder judiciário, pode ser utilizada como meio de prova ou
arbitragem devido suas finalidades precípuas no processo judicial. Será prova
quando no processo de conhecimento ou de liquidação por artigos, tiver por escopo
trazer a verdade real, demonstrável científica ou tecnicamente, para subsidiar a
formação da convicção do julgador, e será arbitramento, quando determinado no
processo de liquidação de sentença, tiver por quantificar mediante critério técnico a
obrigação de dar em que aquele se constituir (ALBERTO, 2002, p. 53).

A perícia semijudicial é policial nos inquéritos, parlamentares em comissões


ou especiais e administrativo; tributária na administração pública tributária e
conselhos de contribuintes. São classificadas em semijudiciais porque as
autoridades policiais parlamentares ou administrativas tem algum poder jurisdicional,
ainda que relativo e não com a expressão e extensão do poder jurisdicional
classicamente enquadrável como pertencente ao poder judiciário, e, ainda, por
estarem sujeitas as regras legais e regimentais que se assemelham as judiciais
(ALBERTO, 2002).

Perícia semijudicial é a área que atua dentro dos aparatos do estado,


observando que ela atua fora do poder judiciário. Esta espécie de perícia subdivide-
se segundo as finalidades intrínsecas para as quais foram designadas, em
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demonstrativos, discriminativos e comprobatórios. Assim, o dizemos porque, no


primeiro caso, das demonstrativas, a finalidade para a qual se busca a via pericial é
demonstrar a veracidade ou não do fato ou coisa previamente especificados na
consulta; já no segundo caso, esta via é instada a colocar nos justos termos os
interesses de cada um dos envolvidos na matéria potencialmente duvidosa ou
conflituosa; e no terceiro caso, quando visa a comprovação das manifestações
patológicas da matéria periciada, fraudes desvios e simulações.

Perícia extrajudicial é uma forma de análise que se subdivide de acordo a


finalidade que venha a ser designado, porém realizadas fora do estado por escolha
dos entes físicos ou jurídicos particulares.

Já a perícia arbitral subdividiu-se em probante e decisória, segundo se


destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral, como subsidiadora da
convicção do árbitro, ou é ela própria a arbitragem, ou seja, funciona seu agente
ativo como o próprio árbitro da controvérsia (ALBERTO, 2002).

A perícia arbitral ocorre quando uma situação é criada por vontade das duas
partes, e não se enquadrando nas perícias judiciais e extrajudiciais (NOGUEIRA,
2010).

8.1.1 - O PERITO

Uma vez conhecidas as definições de perícia, Almeida (2009) conceitua o


perito como sendo o profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista,
convocado para realizar uma perícia. O mesmo autor, utilizando as definições do
dicionário Aurélio, conclui que o perito traduz as qualidades de experiente,
experimentado, prático, versátil, sabedor, hábil, especialista.

Podem ser peritos judiciais os profissionais de nível superior, que


comprovarão sua especialidade na matéria que irão opinar, mediante certidão do
órgão profissional em que estiverem inscritos. O Artigo 145, § 1º (CPC), com a
redação dada pela Lei 7.270/84 reafirma que “os peritos serão escolhidos entre
profissionais de nível universitário”.
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Desta forma, podemos inferir que a perícia judicial ambiental, por ser
multidisciplinar, poderá ser realizada por qualquer profissional de nível superior,
capacitado para tal, e que tenha registro em conselho de classe, exemplos: biólogos,
tecnólogos ambientais, engenheiros, geólogos, geógrafos, químicos, além de
advogados, economistas, administradores, que tenham especialização na matéria
ambiental.

Com relação às possibilidades de atuação do perito judicial, Juliano (2007,


p.09) explica que estes peritos nomeados pelo juiz poderão atuar na justiça federal
ou estadual. O juiz poderá responder por uma ou mais varas, situação frequente em
regiões compostas por pequenos municípios que dispõem cada um de uma vara
cível. O juiz é responsável por duas ou mais varas, também, nos casos de férias de
outros juízes, ou quando preenche função nos períodos entre a data em que um juiz
deixa o cargo e a data em que outro assume a titularidade. Nesses casos, são
chamados de “juízes substitutos”. Tudo que ocorre nas varas de justiça cível, se
aplicam nas varas federais, sendo assim, as condições de mercado são diversas ao
perito judicial.

Quanto à responsabilidade e perfil do profissional da perícia judicial


ambiental, Kaskantzis (2003 apud JULIANO, 2005), explica que ele deverá ser: leal,
diligente, honesto, escrupuloso, cuidadoso, sincero e imparcial. Deve também, é
claro, apresentar um trabalho de boa qualidade. Ainda utilizando-se as palavras da
Kaskantzis, pode-se compreender que diligências, são todas as atividades
necessárias à confecção do laudo. As diligências podem ser: ida a arquivos públicos
em busca de documentos, a fim de averiguar fatos de que a perícia trata ou
pretende fundamentar as conclusões do laudo; ouvir testemunho de pessoas que
viram ou acompanharam os fatos; vistorias, registradas ou não, com fotos; Reunião
com os assistentes técnicos das partes.

De acordo com Juliano (2005), as palavras de Kaskantzis são fundamentais,


porque não existe exclusividade nos serviços do perito, pois o mesmo não é um
funcionário da justiça, sendo assim, nada obriga o juiz a continuar nomeando um
profissional que presta um serviço aquém do que ele deseja. Da mesma forma, caso
o juiz seja promovido para outro fórum, e o trabalho seja de qualidade, o perito
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poderá ser nomeado neste novo fórum, podendo assim, aumentar seu campo de
atuação.

Com relação aos assistentes técnicos das partes, cada parte tem direito a
nomear um assistente técnico cada uma para poder acompanhar o processo e a
atuação do perito nomeado pelo juiz. Juliano (2005, p.17) explica que cada
assistente técnico elabora um laudo, assim como o perito, sobre o mesmo assunto.
Nada impede que os assistentes técnicos assinem juntos o laudo do perito, quando
concordam com ele. Eles também podem expressar a concordância com o laudo do
perito através de petições ou pareceres isolados

Ainda com relação à diferenciação entre perito e assistente técnico, é


importante complementar as informações com relação aos motivos de suspeição e
escusa que o perito e os assistentes técnicos estão sujeito.

De acordo com o § único – redação pela Lei 8.455/92 – “A escusa será


apresentada no prazo de cinco dias, contados da intimação ou do impedimento
superveniente ao compromisso, sob pena de se reputar renunciando o direito a
alegá-la”.

O perito verificará se há algum impedimento ou suspeição legal. Os motivos


de suspeição do perito são os mesmos dos juízes e os motivos podem ser assim
exemplificados: se o perito for parte no processo; se estiver trabalhando no processo
com outra função; se alguma das partes for parente seu, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; quando pertencer a órgão que a parte
é causa; não versar sobre a matéria da perícia; se for amigo íntimo ou inimigo capital
de qualquer das partes; herdeiro ou empregador de alguma das partes; receber
dádivas, antes ou depois de iniciado um processo; aconselhar alguma das partes
acerca do objeto da causa; interessado no julgamento da causa em favor de uma
das partes (ROVERI; OLIVEIRA; PEREIRA, 2011).

Por último, pode-se dizer que, diferentemente dos peritos e juízes, os


assistentes técnicos não estão sujeitos a suspeição (Art. 422 do CPC). Sendo assim,
podem apresentar parentesco com as partes e, até mesmo, trabalharem sem
receber honorários.
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Quem paga os honorários do perito, é quem solicita a perícia no processo, já


cada assistente será pago pelas partes que os contratou (ALMEIDA, 2008).

Quanto a legislação vale lembrar alguns artigos:

8.1.2 - RESPONSABILIDADES DO PERITO

Art. 112 CPP – incompatibilidades e impedimentos e nulidade. “O juiz, o órgão do


Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos, ou
intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou
impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a
incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o
processo estabelecido para a exceção de suspeição.”

Art. 147 (CPP) – “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas,
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado por dois anos, a
funcionar em outras perícias e incorrerá nas sanções que a lei penal estabelecer”.

Art. 275 (CPP) – o perito, ainda que não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.

Art. 564 (CPP), inciso III, alínea “b”, que “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos...”

8.1.3 - ESCUSA DA PERÍCIA

Art. 160 (CPP) - o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
peritos.
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Art. 161 CPP - o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora. (escolha por caso).

Art. 146 (CPP) – o perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a
lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo,
alegando motivo legítimo.

8.1.4 - REQUISITO TÉCNICO

Nível Superior – artigo 159 § 1º (CPP) - “não havendo peritos oficiais, o


exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica
relacionada à natureza do exame”. § 2º “Os peritos comprovarão sua especialidade,
na matéria que irão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que
estiverem inscritos”.

Legislação dos Conselhos Regionais e Artigo 145, § 1º (CPC), com a


redação dada pela Lei 7.270/84 diz que “os peritos serão escolhidos entre
profissionais de nível universitário, (...)”, aplicando-se por analogia no caso do
processo criminal.

8.1.5 - NECESSIDADE DE 02 PERITOS

O artigo 159 do CPP alterado pela Lei nº 8.862/94 – diz que os exames de corpo de
delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.

Súmula 361 (STF): no processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito,
considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de
apreensão.

Art. 180 (CPP). Se houver divergência entre os peritos, serão consignados no auto
do exame, as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
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separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de


ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
(normalmente para peritos nomeados).

8.2 - MÉTODOS E TÉCNICAS APLICADAS NAS PERÍCIAS

Os métodos e técnicas utilizados em uma Perícia Ambiental são definidos e


aplicados no âmbito da vistoria, de acordo com o objeto de estudo do caso, e estão
englobados nos procedimentos técnicos que o Perito Ambiental deve seguir para a
execução da Perícia.

Exemplos de métodos e técnicas aplicáveis na execução de Perícias


Ambientais:

a. medições e coleta de amostras para análise;

b. utilização de GPS para marcar pontos relevantes;

c. registro fotográfico e entrevistas;

d. confecção de croquis, por exemplo, croqui de localização da área, croqui


de identificação de áreas direta e indiretamente afetadas, croqui demonstrando
locais de coletas de amostras.

8.2.1 - ETAPAS DA PERÍCIA AMBIENTAL

A perícia possui três fases:

1º. fase histórica – síntese das alegações e posições conflitantes das partes;

2º. fase expositiva – a restauração da coisa sujeita a exame, com todos os dados
pertinentes, as operações realizadas, fatos e circunstâncias ocorridos no
curso das diligências;

3º. fase conclusiva (parecer) – apresentando as respostas às indagações.


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O meio ambiente engloba os meios físico, químico e biológico. Assim,


problemas ambientais podem afetar um ou mais meios, por exemplo, um aspecto de
uma atividade pode causar poluição no ar, na água, no solo e prejudicar a fauna e
flora local. Então, quando o Perito recebe o caso a ser estudado, ele precisa levantar
quais foram os meios direta e indiretamente afetados por aquele problema e
identificar os métodos que irá usar para quantificar a poluição e/ou contaminação.

A grande maioria das Perícias Ambientais no Brasil está relacionada à água,


ao lançamento de efluentes líquidos e à poluição de mananciais superficiais e
subterrâneos pela disposição inadequada de resíduos sólidos. É importante frisar
que como cada caso de Perícia Ambiental é diferente, cada Perícia irá envolver o
levantamento dos métodos adequados ao estudo da mesma, o que pode ser
facilmente realizado através de livros técnicos da área ou, até mesmo, através de
consulta à legislação específica. (Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/12613/metodos-e-tecnicas-
aplicaveis-na-pericia-ambiental#ixzz2MRQpmFnp)
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