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RESUMO: O presente artigo visa apresentar reflexões acerca das práticas ESG (boas práticas
ambientais, sociais e de governança), com enfoque na questão ambiental, evidenciando mecanismos
existentes para o alcance do desenvolvimento sustentável (princípio cuja definição fora determinada
pelo Relatório Nosso Futuro Comum – ONU), com fundamento no necessário estímulo de práticas
sustentáveis e ambientalmente responsáveis pelas empresas/organizações. Tem como objetivo ainda
apresentar a dinâmica na relação do desenvolvimento econômico e o direito ao meio ambiente
equilibrado, tendo em vista as dificuldades enfrentadas e a responsabilidade jurídica. Utiliza-se no
presente estudo como recurso metodológico a análise documental, pesquisa bibliográfica, análise de
artigos científicos, sites jurídicos, legislação nacional e o apoio doutrinário. Conclui-se que ferramentas
de gestão ambiental são indispensáveis para o alcance do almejado desenvolvimento sustentável, razão
pela qual se fazem necessários incentivos e aprimoramentos de tais recurso. A degradação do
ecossistema ocorreu e ainda ocorre, e a dificuldade para a sua recuperação é incontestável. Assim,
embora haja desafios para a implementação de ferramentas para o controle, essas não devem ser
negligenciadas.
PALAVRAS-CHAVES: ESG; Desenvolvimento Sustentável; Meio ambiente; Gestão;
Responsabilidade ambiental.
ABSTRACT: This article aims to encourage sustainable development, based on the need for practical
and environmentally responsible practices by companies/organizations. It also aims to present a
dynamic relationship with economic development and the right to a balanced environment, in view of
the difficulties faced and legal responsibility. Use in the present study as a methodological resource a
documental analysis, bibliographic research, analysis of scientific articles, legal websites, national
legislation and doctrinal support. It is concluded that environmental management tools are improved
to achieve the sustainable goal, which is why such incentives and sustainable resources are made. The
recovery of the ecosystem has taken place and is still taking place, so its recovery is indisputable. Thus,
there are challenges for the implementation of tools for the control, these should not be neglected.
*
Esse trabalho foi apresentado originalmente pela primeira autora como Trabalho de Conclusão do Curso de
Direito da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), orientado pela segunda autora. Em função da recomendação
de publicação dos avaliadores da Mostra de Trabalhos Científicos da UNISANTA, fez-se a presente versão.
1
Graduanda do curso de Direito da Universidade Santa Cecília – UNISANTA. Membro do Grupo de Pesquisa de
Estudos Comparados em Direito da Saúde, da Universidade Santa Cecília, certificado junto ao CNPq.
2
Advogada e Consultora Auditora Ambiental de Portos (ABENDI/RAC). Mestra em Direito Ambiental pela
Universidade Católica de Santos. Especialista em Direito Processual Civil e Direito Processual Constitucional pela
Universidade Católica de Santos. Professora Titular da disciplina de Direito Marítimo e Portuário do Curso de
Direito da Universidade Santa Cecília - UNISANTA. Professora Convidada dos Cursos de Extensão em Direito
da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Coordenadora do NEPOMT - Núcleo de Estudos Portuários
Marítimos e Territoriais (CNPQ - Universidade Santa Cecília). Membro da RETE – Associação para Colaboração
entre Portos e Cidades. Membro Colaborador da Comissão de Direito Marítimo da OAB Santos/SP.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
INTRODUÇÃO
3
COMPACT, The Global. Who Cares Wins. Disponível em: <https://www.ifc.org/>. Acesso em: 10 dez. 2021.
4
GLOBAL, Pacto. ESG. Disponível em: <https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg>. Acesso em: 15 nov. 2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
5
MONTEIRO, Cristiane e ABURACHID, Frederico José Gervasio (org.) Aspectos Jurídicos do ESG. Brasil:
Educatoris, 2022, p. 14.
6
GLOBAL, Pacto. ESG. Disponível em: <https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg>. Acesso em: 10 nov. 2021.
7
VIRI, Natália; ADACHI, Vanessa. Fundos ESG captaram ao menos R$ 2,5 bi em 2020 no Brasil. O que está por
trás do número?, 29 jan. 2021. Disponível em: <https://www.capitalreset.com/fundos-esg-captaram-ao-menos-r-
25-bi-em-2020-no-brasil-o-que-esta-por-tras-do-numero/>. Acesso em: 14 nov. 2021.
8
CHIARA, Márcia de. Preocupação com Sustentabilidade começa a pesar na decisão de compra dos brasileiros.
Disponível em: <https://www.terra.com.br/economia/sustentabilidade-ja-pesa-na-decisao-de-compra-de-
brasileiros,460ff010109d1ccaf299ad51ab014f750x9bhymh.html>. Acesso em: 20 dez. 2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
9
SANTOS, Ana Paula. Greenwashing: o que significa esse termo? Disponível em: <https://www.politize.com.br/
greenwashing-o-que-e/>. Acesso em: 13 out. 2021.
10
MODERNO, Consumidor. Geração Z é mais politizada do que as anteriores. Como impactar este público?
Disponível em: <https://www.consumidormoderno.com.br/2020/01/29/geracao-z-politizada-propositos-vida/>.
Acesso em: 10 nov. 2021.
11
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em 04. dez. 2021.
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americana Sarbanes Oxley). Importante ressaltar que a lei 12.846/13 (Lei Anticorrupção)
estabeleceu contornos mais rígidos para a boa governança das empresas.12
Dessa maneira, infere-se que a edição de uma nova legislação no que concerne ao ESG
é notadamente desnecessária, conforme exemplificação acima. O que é sugerido é a aplicação
efetiva das normas já existentes.
No entanto, pôde-se identificar diversas regulações ao redor do mundo com o intuito de
fomentar referidas práticas. A IOSCO (associação internacional das comissões de valores
mobiliários) no decorrer do ano de 2021 publicou diversos relatórios no tema ESG:
1) FR 09/21: com recomendações para que os reguladores avaliem o uso de ratings e
dados ESG no processo de tomada de decisão de investimentos e as atividades dos provedores
de dados e de ratings ESG em suas jurisdições. Além de sugerir aos usuários de dados e ratings
ESG que avaliem sua qualidade com a devida diligência em seus processos internos. 2) FR
04/21: com recomendações para a elaboração de padrões de divulgação de riscos e oportunidade
climáticos e de sustentabilidade em geral pelas companhias, com base na demanda dos
investidores.13
Tal movimentação fora observada também na Comissão de Valores Mobiliários da
Europa (ESMA), americana (SEC) e o regulador de mercado financeiro e de capitais do Reino
Unido (FCA).
No Brasil, a CVM promoveu alterações na instrução CVM 480 no dia 22 de dezembro
de 2021 as quais contemplam redução do custo de observância e previsão de normas de
divulgação de informações de caráter ambiental, social e de governança corporativa (ASG).
12
MARINELLO, Luiz Ricardo. Os critérios ESG já são velhos conhecidos da legislação em vigor. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/depeso/349325/os-criterios-esg-ja-sao-velhos-conhecidos-da-legislacao-em-
vigor>. Acesso em: 20 out. 2021.
13
GRIZZI, Ana Luci. CVM vai na contramão do mundo e fica para trás em regulação ESG. Disponível em:
<https://www.capitalreset.com/cvm-vai-na-contramao-do-mundo-e-fica-para-tras-em-regulacao-esg/>. Acesso
em: 20 out. 2021.
14
ECONOMIA, Ministério da. CVM promove alterações na Instrução CVM 480. Disponível em:
<https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/noticias/cvm-promove-alteracoes-na-instrucao-cvm-480>. Acesso em:
25 out. 2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
15
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança: MS 22164 SP, rel. Min. Celso de Mello,
j.30.05.1995. DJe 17.11.1995.
16
ARE, Federal Office for Spatial Development. 1987: Brundtland Report. Disponível em: <https://w
ww.are.admin.ch/are/en/home/media/publications/sustainable-development/brundtland-report.html>. Acesso em
21 out. 2021.
17
MONTEIRO, Cristiane e ABURACHID, Frederico José Gervasio (org.) Aspectos Jurídicos do ESG. Brasil:
Educatoris, 2022, p. 154.
18
UNIDAS, Nações. Concentração de gases de efeito estufa atinge recorde. Disponível em:
<https://news.un.org/pt/story/2021/10/1767782>. Acesso em 21 out. 2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
19
SOCIALAMBIENTAL, Instituto. Desmatamento na Amazônia bate recorde em 12 anos e afeta Unidades de
Conservação e Terras Indígenas. Disponível em: <https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-
socioambientais/desmatamento-na-amazonia-bate-recorde-em-12-anos-e-afeta-unidades-de-conservacao-e-
terras-indigenas>. Acesso em: 25 out. 2021.
20
MONTEIRO, Cristiane e ABURACHID, Frederico José Gervasio (org.) Aspectos Jurídicos do ESG. Brasil:
Educatoris, 2022, p. 93.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
Nesse sentido, o tópico “Environmental” tem sido constantemente posto em pauta nas
discussões nacionais e internacionais, visto a preocupação extrema que emerge. O equilíbrio se
faz necessário no atual contexto.
Aponta-se a ativa atuação de diversas instituições/organizações, em específico as
Organizações Não Governamentais, como por exemplo o Greenpeace (a nível internacional),
WWF-Brasil, SOS Amazônia, dentre outras, que buscam constantemente defender a
biossistema no âmbito prático, e que há décadas sustentam o quão urgente é tal proteção.
Nesse contexto, pôde-se observar atitudes práticas para o controle, visando também a
coexistência de lucro para as instituições, assim como evitar a onerosidade do investimento para
a prevenção e redução dos danos. Uma delas, foi a implementação das certificações ambientais,
as quais promovem um Sistema de Gerenciamento Ambiental, com estruturação desenvolvida
e critérios específicos.
21
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade: ADI 3540 DF
0003127-38.2005.0.01.0000, rel. Min. Celso de Mello, j.01.09.2005. DJe 03.02.2006.
22
CERTIFICAÇÕES, Serviço Brasileiro de. Disponível em: <https://sbcert.com.br/>. Acesso em: 10 dez. 2021.
23
ABNT. Guia de termos e expressões utilizados na normalização. RJ: ABNT, SEBRAE, 2012, p. 18.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
A norma ISO 14001 foi a primeira série a ser publicada, no ano de 1996. Em 2004, fora
publicada a ISO 14001:2004, como sendo a primeira revisão da norma.
Importa ressaltar que a certificação envolve diversos órgãos, os quais, no Brasil, são:
Órgão normalizador, que elabora as normas técnicas: Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT
Órgão credenciador, responsável pelo credenciamento de organizações
certificadoras: Instituto Nacional de Meteorologia, Normalização e Qualidade
Industrial – INMETRO (no exterior, existem outras instituições credenciadas para
tanto).
Organismo de certificação credenciado – OCC ou organismo de certificação de
SGA – OCA, o qual realiza a auditoria na instituição que pleiteia pelo certificado,
recomendando ou não a certificação.
A própria NBR ISO 14001:2004 esclarece a finalidade/objetivo para qual foi criada,
afirmando “A finalidade desta Norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de
poluição com as necessidades socioeconômicas” 25.
Além disso, tal certificação utiliza a metodologia que aplica uma melhoria contínua,
conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA) 26, literalmente significando Planejar-Executar-
Verificar-Agir:
Planejar: considera a política ambiental da empresa para estabelecer os objetivos e
processos para o alcance de bons resultados;
Executar: basicamente, colocar em prática, implementar o que fora planejado;
24
BRASILEIRA, Norma. ABNT NBR ISO 14001. Disponível em: <http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghis
laine/iso-14001-2004.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2021.
25
BRASILEIRA, Norma. ABNT NBR ISO 14001, Disponível em: <http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghis
laine/iso-14001-2004.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2021.
26
WIKIPÉDIA. Ciclo PDCA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_PDCA>. Acesso em: 10 dez.
2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
27
LOURENÇO, Rivieira de São. Sobre a Rivieira. Disponível em: <rivieradesaolourenco.com/sobre/certificacao-
iso-14001/>. Acesso em 20 dez. 2021.
28
MOURA, Adriana Maria Magalhães de. O Mecanismo de rotulagem ambiental: perspectivas de aplicação no
Brasil. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/5655>. Acesso em: 03 dez. 2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
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MOURA, Adriana Maria Magalhães de. O Mecanismo de rotulagem ambiental: perspectivas de aplicação no
Brasil. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/5655>. Acesso em: 03 dez. 2021.
30
MEIJUEIRO. Déborah Victória Medici et al. Certificação em Manejo Florestal e em Cadeia de Custódia no
Brasil. Disponível em: <https://doi.org/10.34117/bjdv6n8-223>. Acesso em: 04 dez. 2021.
31
VANZOLINI, Fundação. Disponível em: <https://vanzolini.org.br/produto/aqua-hqe/>. Acesso em: 04 dez.
2021.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
A pessoa física ou jurídica que vier a degradar o meio ambiente, pode ser submetida a
tríplice responsabilidade ambiental (art. 225, §3º, CF/88)32, ou seja, sofrer condenações na
esfera administrativa, civil e penal, que são independentes entre si.
No ano de 1985, fora publicada a lei nº 7.347 a fim de regulamentar a responsabilização
por danos causados ao meio ambiente na esfera civil. As ações, nesse sentido, buscam a
responsabilização por danos morais e patrimoniais, conforme descrito no art. 1º da referida lei.33
No contexto, nota-se, na dinâmica da responsabilidade, figuras de grande importância
no meio empresarial: as Instituições Financeiras. Essas contribuem por meio das suas ofertas
de crédito, a inovação e avanço da tecnologia, giro do capital, incentivando ainda o consumo.
No entanto, com o decorrer dos anos, tais instituições passaram a considerar o risco
ambiental, visto a possibilidade da sua responsabilização conjuntamente por danos causados
pelas organizações financiadas. A lei 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente)34,
desta forma, evidencia possibilidade da incidência do “Princípio do Poluidor Pagador” (4º, VI)
que se resume na expressão: “quem contamina, paga”.
Mirra salienta que:
A partir dessa definição de poluidor ou degradador da LPNMA (Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente), o STJ passou a entender como viável a
responsabilização civil de todos aqueles que, de alguma forma, direta ou
indiretamente, realizam condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
ampliando, sem dúvida, o espectro dos sujeitos responsáveis por danos
ambientais; sejam pessoas físicas, sejam pessoas jurídicas, e no tocante às
pessoas jurídicas, sejam de direito privado, sejam de direito público.35
A responsabilidade para a reparação dos danos, ademais, independe de culpa, pois está
submetida a Teoria do Risco Integral, adotada na responsabilidade objetiva, não sendo possível,
ainda, a alegação de força maior, caso fortuito ou excludentes de ilicitude. Essa é, também,
ilimitada e solidária. Tal rigor se justifica na proteção de um direito que não é disponível, e que
mesmo com diversas determinações legislativas, permanece sendo negligenciado:
32
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 04. dez. 2021.
33
BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l7347orig.htm>. Acesso em: 04 dez. 2021.
34
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em:<http://www.planalto
.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em: 04 dez. 2021.
35
CARDOSO, Chandrélin e SILVA, Raimunda Daiana Castro da. A responsabilidade civil das instituições
financeiras por danos ambientais resultante de projetos por ela financiados. Âmbito Jurídico p. 1, 1 jun. 2021.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/a-responsabilidade-civil-dasinstituicoes-
financeiras-por-danos-ambientais-resultante-de-projetos-porela-financiados/>. Acesso em: 22 set. 2021.
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BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível: AC 10702150789833001, min. Carlos Henrique
Perpétuo Braga, j. 23.01.2020, DJe 31.01.2020.
37
BRASIL, Banco do. Resolução nº 4.237. <https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/ 2014/pdf/res_4327
_v1_O.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2022.
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Ao longo dos anos o Direito buscou instrumentos para aprimorar a gestão com base nas
premissas dos princípios voltados à sustentabilidade. Com isso, surgiram técnicas a partir dos
conceitos da Administração, e instrumentos de controle jurídico, que se complementam, para o
alcance do referido objetivo.
A auditoria ambiental tem sua definição estabelecida pela NBR ISO 14010 como:
Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e
avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as
atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais específicos ou
as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios
de auditoria e para comunicar os resultados deste processo ao cliente.
É, portanto, utilizada para a gestão ambiental, sendo um processo sistemático de
avaliação das atividades empresarias/institucionais/organizacionais e/ou processos fabris.
Normalmente gerida por um auditor líder, com uma equipe técnica, com o objetivo de
avaliar e documentar o efetivo desempenho das empresas, públicas ou privadas, para com o
desenvolvimento sustentável. Atua, ainda, como ferramenta de fiscalização de todos os
processos nesse sentido.
As auditorias ambientais são classificadas em categorias, sendo,
exemplificativamente38:
Auditoria de Conformidade Legal: analisa a conformidade com a legislação
ambiental, bem como grau.
Auditoria de Desempenho Ambiental: verifica o desempenho face ao meio
ambiente, no que concerne especificamente a geração de poluentes e resíduos,
consumo de energia, consumo dos recursos naturais e os objetivos estabelecidos
pela própria empresa.
Auditoria de Responsabilidade: analisa o passivo ambiental, bem como qualquer
fator que venha a afetar a situação patrimonial da organização/empresa.
Auditoria de Desperdício e de Emissões: verifica os desperdícios e as emissões com
o objetivo do melhoramento ou da criação de novos procedimentos ou
equipamentos.
Auditoria Pós-acidente: após acidentes ambientais, tal auditoria é realizada para
verificar causas e consequências, avaliar danos, estipulando medidas para a redução
desses.
Auditoria de Fornecedor: avaliar atuais fornecedores e futuros, bem como realizar
as seleções.
38
ORSINE, Eliane Maria de Almeida et al. Auditoria e Certificação Ambiental. São Paulo: Editora Sol, 2020.
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Desenvolvimento sustentável: ESG e instrumentos práticos... SOUZA & SILVA
Citadas categorias possuem como objetivo garantir uma melhor análise de cada tópico
empresarial, com o enfoque ambiental.
Conforme a resolução nº 8/92 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (CONMETRO)39 a auditoria ambiental pode ser de primeira parte,
segunda parte ou terceira parte. Na auditoria de primeira parte a declaração é feita pela própria
empresa; na de segunda parte, pelo comprador; e, na de terceira, um agente/órgão
completamente independente das partes envolvidas a realiza.
Além disso, existem as auditorias obrigatórias, quando determinada pelo setor público,
órgãos ambientais ou o Ministério Público, e as auditorias voluntárias, àquelas realizadas pelas
empresas/organizações de forma voluntária.
Assim, conclui-se que a auditoria possui um papel importante no contexto do
desenvolvimento sustentável, direta e indiretamente.
39
NACIONAL, Imprensa. Resolução nº 8, de 22 de dezembro de 2016. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/24801188/do1-2016-12-27-
resolucao -n-8-de-22-de-dezembro-de-2016-24801157>. Acesso em: 21 dez. 2021.
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40
AMBIENTE, Ministério do Meio. O que é licenciamento ambiental? Disponível em: <http://pnla.mma.gov.br/o-
que-e-licenciamento-ambiental>. Acesso em: 03 dez. 2021.
41
IBAMA. Sobre o Licenciamento Ambiental Federal. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/laf/sobre-o-
licenciamento-ambiental-federal>. Acesso em: 20 dez. 2021.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que apesar da existência dos supracitados mecanismos, ainda se verifica uma
grande dificuldade para a existência harmônica de um meio ambiente equilibrado e o
desenvolvimento econômico almejado. O Brasil é um dos países mais avançados em termos de
legislação ambiental, e, mesmo assim, não evidencia um controle exemplar.
Desta forma, necessário se faz que os instrumentos já utilizados sejam constantemente
revisados e melhorados, com vistas aos resultados de suas implementações, utilizando-se ainda
das inovações tecnológicas disponíveis para tanto, medindo os danos, realizando estudos e
gerenciando da melhor maneira. Os estudos científicos e as bases tecnológicas são de extrema
necessidade e devem ser observados no planejamento e na execução de medidas a fim de
garantir os melhores resultados.
O que se observa é que, no entanto, os referidos estudos não geram atitudes adequadas,
sendo a maioria ignorados pela sociedade e, principalmente, pela gestão política nacional e
internacional. No geral, existe o consenso da questão ambiental que se enfrenta, porém poucos,
de fato, se empenham para um maior controle e preservação.
Vislumbra-se que a criação de novas ferramentas não seja o mais indicado na situação
apresentada, mas sim o aprimoramento das já existentes e a aplicação, com a intenção de um
controle efetivo e um intenso incentivo de adoção.
A sociedade já expressa um descontentamento evidente no que concerne às
prejudicialidades de um avanço econômico ambientalmente irresponsável. Isso porque as
consequências já fazem parte do nosso dia-a-dia.
O Brasil, sendo considerado o país com a maior biodiversidade do mundo, tem também
a responsabilidade de a preservar o quanto possível para o bem da humanidade. Portanto, a
esperança que se tem é que atitudes efetivas sejam tomadas enquanto é tempo (juntamente com
o fomento às pesquisas científicas), e que a retomada da economia pós pandemia considere os
fatores ambientais como questão de importância máxima.
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REFERÊNCIAS
ABNT. Guia de termos e expressões utilizados na normalização. RJ: ABNT, SEBRAE, 2012.
ABNT. NBR ISO 14001:2004, Sistemas da gestão ambiental Requisitos com orientações para uso.
Disponível em: <http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghislaine/iso-14001-2004.pdf>. Acesso em: 15
jan. 2022.
AMBIENTE, Ministério do Meio. O que é licenciamento ambiental? Disponível em:
http://pnla.mma.gov.br/o-que-e-licenciamento-ambiental. Acesso em: 03 dez. 2021.
BENJAMIN, Antônio Herman V. Responsabilidade civil pelo dano ambiental. Revista de Direito
Ambiental, São Paulo, v. 9, p. 5-52, jan.-mar. 1988.
BRASIL, Banco do. Resolução nº 4.237. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/
res/2014/pdf/res_4327 _v1_O.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em 04.
dez. 2021.
BRASIL. Lei Complementar n° 140, de 8 de dezembro de 2011. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp140.htm>. Acesso em: 10 jan. 2022.
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