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Agora que já entendemos a diferença entre traumas e ferimentos, bem como os primeiros socorros para esses
casos, que são mais complexos e exigem maior preparo dos socorristas; na sequência, apresentaremos as
açõ es adequadas para cada situação de lesão, assim como a conduta correta para imobilização e transporte da
vítima.
4.2 Entorses, luxações, fraturas, traumas cranioencefálico e
ações de socorro
A ocorrência de trauma pode causar diversos tipos de ferimentos. Entorses, luxaçõ es, fraturas e traumatismo
craniano são alguns exemplos.
Mesmo que no âmbito esportivo esses ferimentos sejam mais comuns, a rotina fora desse universo também
pode apresentar essas intercorrências, como durante um acidente de trânsito, por exemplo. Por isso,
compreender os conceitos e saber como auxiliar nesses casos é essencial para a prática profissional
(KARREN, 2013; SANTOS, 2014).
A partir de agora, compreenderemos como diferenciar cada situação de traumas e ferimentos, além de açõ es
de socorro relacionadas à cada uma delas.
4.2.1 Entorses
As entorses ocorrem, principalmente, devido a uma descarga excessiva de força sobre as articulaçõ es e os
ligamentos, gerando distensõ es que podem ser muito dolorosas. Isto é, são alongamentos excessivos das
articulaçõ es, sendo mais comuns em membros inferiores, com destaque para joelhos e tornozelos.
De acordo com Santos (2014, p. 91), sua definição é dada como:
[...] uma lesão traumática de uma articulação que realiza um movimento além de sua amplitude
normal do movimento, com o alongamento excessivo de tecidos moles (tendõ es, ligamentos e
mú sculos) com possíveis lesõ es articulares, sem que haja deslocamento das superfícies ó sseas e
articulares.
Tortora e Derrickson (2016) também conceituam pontos importantes sobre as entorses, estabelecendo que
são causadas por uma torção forçada de uma articulação, que, por consequência, estira ou rompe os
ligamentos, mas não desloca os ossos. Isso significa que os ligamentos são estendidos além de suas
capacidades.
Para que o conceito se torne mais claro, é importante relembrarmos que ligamentos são o que unem os ossos,
ou seja, ligaçõ es osso-osso; e tendõ es são ligaçõ es entre mú sculos e ossos.
A entorse também é chamada de estiramento de ligamentos ou torção. É uma injú ria comum em corridas ou
jogos de futebol, em que as entorses de tornozelos são frequentes devido ao estresse causado nos ligamentos
pelo impacto da movimentação (KARREN, 2013).
VOCÊ SABIA?
As entorses sã o as lesões mais frequentes em jogadores de futebol, afetando, na
maioria dos casos, os membros inferiores. Esse fato ocorre devido ao grande
nú mero de movimentações bruscas, as quais podem comprometer os ligamentos e
causar lesões nas articulações. Quando o atleta ultrapassa o limite suportável pela
articulaçã o, ela rompe, gerando a entorse (LOPES, 2016).
De acordo com Santos (2014) e Walkers (2010), os sintomas de uma entorse, que variam de acordo com a
gravidade do estiramento do ligamento ou tendão, apresentam-se, mais comumente, como os que você poderá
ver, clicando nos ícones a seguir.
•
Sensibilidade.
•
Repouso
Açõ es para impedir o aumento do inchaço e da gravidade da lesão na articulação e ligamentos. Assim, a vítima
deve ser impedida de se movimentar, se apoiar no membro afetado e utilizar a articulação injuriada. O
socorrista deve imobilizar o local para assegurar o repouso da articulação/ligamento comprometido.
Gelo
Açõ es para aliviar a dor e reduzir os edemas. Nesse caso, aplica-se toalhas geladas ou bolsas de gelo,
preferencialmente pedras de gelo em sacolas plásticas duplas, uma vez que não se deve aplicar gelo
diretamente sobre a pele; realizar sessõ es espaçadas, não ultrapassando 20 minutos de aplicação sem
intervalos; e, se necessário, pode-se prender a compressa fria com elásticos sobre o edema.
Compressão
Açõ es para amenizar processos hemorrágicos e vazamento de líquidos. Deve-se utilizar bandagem
envolvendo o local do edema sobre toda área lesionada, com tamanhos suficientes para cobrir a área (5 cm de
largura para punho/mão, 8 cm de largura para braço/cotovelo e 10-12 cm de largura para
perna/joelho/tornozelo) e a bandagem deve comprimir o local sem pressionar exageradamente. Os locais
vazios, ou seja, sem edema, devem ser cobertos com panos ou acolchoamento; enquanto que o local
imediatamente em cima da lesão deve ser mais frouxo. Ademais, deve-se atentar para os sinais de bandagem
muito apertada, como formigamento, palidez, dor e entorpecimento.
Elevação
Açõ es para limitar a circulação no local para reduzir o inchaço, o que inclui a elevação da área lesionada
acima do nível do coração ou a não elevação em caso de suspeita de fratura.
Figura 1 - As entorses ocorrem com frequência em cenários esportivos, impactando as articulaçõ es e sendo
necessária a utilização de bandagens para compressão do local.
Fonte: GlebSStock, Shutterstock, 2018.
Apó s a realização dos procedimentos de primeiros socorros, é crucial que o resgate médico seja acionado
para que exames mais detalhados, bem como a medicação e o tratamento adequado, sejam repassados para a
vítima.
4.2.2 Luxações
As luxaçõ es são processos em que há deslocamento ó sseo, ao contrário do que ocorre nas entorses, quando
ligaçõ es e articulaçõ es são as afetadas.
No caso das luxaçõ es, ocorre um deslocamento parcial ou completo de ossos que formam a articulação. Os
locais com maior frequência são as articulaçõ es dos quadris, os joelhos, os tornozelos, os ombros, o cotovelo
e os dedos das mãos.
Figura 2 - Em caso de luxaçõ es, ocorre o deslocamento ó sseo da articulação normal, causando dor e inchaço
na área afetada.
Fonte: Alila Medical Media, Shutterstock, 2018.
Uma lesão desse tipo ocorre quando uma das extremidades ó sseas é puxada ou empurrada da articulação que
se encontra, deslocando-a parcialmente ou completamente de seu local de origem. Karren (2013, p. 191)
define que luxação é “[...] o desvio ou separação de um osso de sua posição normal na articulação, geralmente
causado por força intensa. A articulação separa e se mantém separada, e as extremidades dos ossos não ficam
mais em contato”.
Os sintomas das luxaçõ es também podem ser confundidos com sintomas de fraturas, incluindo fortes dores,
com visível inchaço; sensação de pressão no local; redução da capacidade de movimentação na articulação
envolvida ou perda da capacidade; e deformidade. Caso o osso deslocado passe a comprimir nervos ou vasos
sanguíneos, sintomas associados — como paralisia e redução do pulso, respectivamente — poderão ser
observados.
A ação imediata do socorrista ao identificar uma luxação é avaliar se há diminuição da pulsação e problemas
na função nervosa (paralisia, entorpecimento e perda da sensibilidade), para identificar o possível
posicionamento ó sseo sobre vasos ou nervos. Aliás, é necessário informar imediatamente o serviço de
resgate, pois o membro pode não estar recebendo o fluxo sanguíneo necessário (WALKERS, 2010).
Uma vez identificada a luxação, acionado o serviço de resgate com as devidas informaçõ es e controlado o
ambiente, incluindo a tranquilização da vítima, o socorrista deve iniciar o atendimento per se.
A primeira etapa é a estabilização do membro afetado. Ela deve ser realizada quando o pulso e o sistema
nervoso da vítima não estiverem comprometidos. Assim, é preciso imobilizar o membro da maneira com que
foi encontrado. A imobilização, inclusive, deve ser realizada com o auxílio de uma tala, mantendo a
articulação imó vel, aplicando a tala acima e abaixo da articulação luxada. Apó s esse procedimento, deve-se
checar novamente o pulso e os reflexos do sistema nervoso (WALKERS, 2010; FLEGEL, 2015).
Destaca-se, ainda, a utilização de meios alternativos para a realização de talas em situaçõ es de emergência, em
que o socorrista não possui materiais imobilizadores. Nesse caso, pode-se utilizar outros materiais, como
gravatas, almofadas, madeiras, tecidos ou, até mesmo, papelão e plástico. O importante é manter a vítima
segura e imobilizar o local corretamente com os materiais disponíveis.
Figura 3 - Nas luxaçõ es, quase sempre há presença de fraturas, e o processo essencial de primeiros socorros
é a imobilização da articulação afetada.
Fonte: Bangkoker, Shutterstock, 2018.
É importante destacar, contudo, que a imobilização só deve ser realizada por socorristas que tenham plena
confiança e conhecimento para a utilização do imobilizador, caso contrário, deve-se apenas manter a vítima
imó vel, sob constante vigilância em relação aos sinais vitais, e o local seguro (WALKERS, 2010; KARREN,
2013).
Finalizando a imobilização, é recomendada a aplicação do protocolo RICE. A vítima deve ser mantida
aquecida, imó vel e em uma posição confortável para evitar a ocorrência de choque (SANTOS, 2014; KARREN,
2013).
Além disso, vale ressaltar que, em situaçõ es de luxação, é importante considerar que a presença de fraturas é
muito provável, e, portanto, deve-se agir com cautela e priorizar a imobilização adequada do membro, para
que a vítima se mantenha estável e imobilizada. Dessa forma, ela estará menos propensa a agravantes.
4.2.3 Fraturas
As fraturas são consequência de uma torção, compressão ou impacto com alta força nos ossos, causando sua
ruptura, na forma de quebra ou fratura. Assim, os ossos passam para uma condição anormal de posição,
podendo apresentar anomalias na curvatura usual.
As fraturas ó sseas podem ocorrer de diversas formas, dependendo do choque e da energia absorvida pelo
osso.
VOCÊ SABIA?
Alé m do alto impacto que causam as fraturas, o estresse també m pode ser
responsável pelas ocorrê ncias. Cerca de 10% de todas as fraturas sã o devido a
condições estressantes no ambiente em que a vítima convive, gerando fadiga e
desgaste excessivo, o que resulta em fraqueza muscular e, consequentemente,
maior propensã o a lesões. Por isso, cuidar da saú de mental e respeitar os limites
do corpo sã o boas formas de prevençã o de fraturas (SIMÕ ES, s./d.).
As fraturas fechadas, por sua vez, é quando não há projeção ó ssea através da pele, mas deformaçõ es podem
ser perceptíveis sob a epiderme.
Os sintomas das lesõ es ó sseas, ou fraturas, incluem sinais similares aos estudados para entorses e luxaçõ es.
Entre os sintomas mais comuns, podemos citar:
•
Dor.
•
4- Apó s realizar uma limpeza do local, com cautela e irrigação de água limpa e aquecida para
remoção de possíveis objetos contaminantes, cobrir os ferimentos abertos com material estéril
para o controle de hemorragias e a inibição de processos infecciosos.
Apesar das particularidades das técnicas de imobilização e utilização de talas, o socorrista deve estar
preparado para a aplicação do protocolo geral, que consiste em analisar os sinais vitais (principalmente pulso
e respostas nervosas), estabilizar o ambiente e a vítima, bem como imobilizar e aplicar o protocolo RICE.
Com essas açõ es, o auxílio imediato é oferecido à vítima, reduzindo a probabilidade de agravantes.
As lesõ es de traumatismo cranioencefálico podem se apresentar como abertas ou fechadas. No caso das
lesõ es abertas, é possível visualizar a deformação no crânio, que pode apresentar regiõ es afundadas. É
comum, nesse caso, que líquidos (sangue ou fluídos/líquor) extravasem pelos ouvidos e nariz. Entre as
abertas, destacam-se as laceraçõ es.
Na forma aberta de lesão cerebral, as lacerações ocorrem quando a pia-máter é lesada, podendo haver
penetração do objeto do golpe, causando rotura do tecido.
Já nas lesõ es fechadas, o crânio não tem deformidades visíveis, sendo o cérebro o alvo do recebimento do
impacto. Nesses casos, a presença de hemorragias, lesõ es internas e edemas é frequente. Além disso, as
lesõ es fechadas também são divididas entre concussões e contusões (SANTOS, 2014).
Nas concussões, ocorre o deslocamento do cérebro dentro da caixa craniana, gerando edemas cerebrais.
Dependendo da gravidade e da força do impacto, pode gerar cefaleia, tontura ou, até mesmo, perda da
consciência e coma prolongado, em casos mais graves.
Nas contusões, o impacto é forte o suficiente para atingir vasos sanguíneos superficiais e profundos do
cérebro, causando hemorragias que resultam em coágulos, os quais pressionam o cérebro, afetando seu
funcionamento adequado (SANTOS, 2014).
De modo geral, a ocorrência de TCE pode se agravar para coma e ó bito se o socorro não for rápido o suficiente.
Por isso, um bom socorrista deve saber reconhecer os sintomas e aplicar os procedimentos necessários para
garantir a segurança da vítima (SANTOS, 2014).
VOCÊ O CONHECE?
Michael Schumacher foi um automobilista de sucesso, heptacampeã o mundial de
fórmula 1. Durante a prá tica de esqui nos Alpes franceses, ele sofreu um acidente,
tendo uma queda, em que colidiu a cabeça com uma pedra. Os primeiros socorros
foram aplicados para a estabilizaçã o do ex-piloto, e um helicóptero o levou, ainda com
consciê ncia, para o atendimento mé dico. Contudo, o ex-piloto teve um grave TCE que
evoluiu para um coma severo (GLOBO.COM, 2014).
Os sintomas de um TCE variam de acordo com a força do impacto e o nível da lesão, podendo a vítima
apresentar sintomas característicos e de fácil associação à lesão, ou não apresentar nenhum sintoma além da
ocorrência do impacto. Em ambos os casos, o auxílio é essencial (SANTOS, 2014).
Entre os sintomas e sinais mais comuns, destacam-se: comprometimento da consciência, confusão mental,
lesõ es no couro cabeludo, exposição de tecidos do cérebro, edemas e descoloração da pele na região afetada e
rouxidão atrás das orelhas, deformidades na caixa craniana, pupilas anormais, extravasamento de sangue ou
líquor/líquido do cérebro-espinhal nos ouvidos e nariz, vô mitos, convulsão, pulsação e respiração
comprometidas, dores de cabeça, tontura e vertigem, zumbido nos ouvidos, sonolência, visão comprometida,
fraqueza ou dormência dos membros, bem como sensibilidade à luz e barulho.
A análise dos sinais vitais e o reconhecimento das características do líquor são importantes para a
identificação correta dos sintomas. O líquor é um líquido que reveste e protege as cavidades cerebrais,
apresentando coloração clara, amarelada e sanguinolento (SANTOS, 2014).
Os primeiros socorros em TCE são de extrema importância para a integridade da vítima e prevenção de sua
vida, porém, devido a probabilidade da presença de sangue e fluídos, é essencial que o socorrista se proteja,
utilizando luvas e máscaras, evitando entrar em contato direto com as secreçõ es. Assim, uma vez protegido,
deve seguir com as açõ es para a estabilização do ambiente e da vítima.
A ação de primeiros socorros é a estabilização da cervical, pois, em vítimas de TCE, a probabilidade de lesão
na coluna associada é alta. Para isso, é preciso imobilizar o pescoço e a cabeça do acidentado. Caso a vítima
esteja utilizando capacete, não se deve retirá-lo, uma vez que a movimentação pode causar graves sequelas.
Figura 5 - A estabilização da cervical, incluindo pescoço e coluna, é uma medida essencial para a
preservação da integridade física da vítima.
Fonte: narin phapnam, Shutterstock, 2018.
O socorrista deve verificar a presença de hemorragias, mas não é indicado a compreensão no local do trauma,
podendo causar mais injurias no cérebro. Indica-se, nesse caso, apenas que um curativo volumoso seja
colocado sob o ferimento, sem que seja pressionado.
Além disso, não se deve estancar os fluídos que eventualmente estiverem saindo pelo nariz ou ouvidos, pois o
corpo está trabalhando para reduzir a pressão intracraniana e os líquidos devem ser extravasados (SANTOS,
2014).
Caso a vítima apresente sinais de frio e pele ú mida, deve-se realizar açõ es para que seja aquecida e não entre
em choque. Ademais, se apresentar fraturas em outros locais, como pernas e braços, o socorrista deve
proceder com a imobilização do local.
Por fim, o socorrista deve ficar atento ao estado geral da vítima, não devendo movimentá-la até que o resgate
chegue ao local, analisando os sinais vitais com frequência. Um ponto importante é tentar estabelecer contato
para verificar o nível de consciência, mas não fornecer alimentos ou líquidos.
Os primeiros socorros para vítimas de TCE são distintos dos apresentados para fraturas, luxaçõ es e entorses.
Isso ocorre devido a sensibilidade do local, pois a região craniana é muito sensível. Por isso, o socorrista
deve ficar atento aos sinais, para identificar corretamente a situação e aplicar o auxílio adequado.
Ferimento é qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer tecido por um agente externo,
físico ou químico. Os agentes capazes de produzir um ferimento podem ser físicos (mecânico,
elétrico, irradiante e térmico) e químicos (ácidos ou álcalis).
Os ferimentos podem ser classificados como abertos ou fechados. Nos abertos, temos as feridas incisivas,
contusas, perfurocortantes (que podem ser perfurocontusas ou perfurocortantes), penetrantes, transfixiantes,
abrasivas, avulsivas (amputaçõ es) e laceraçõ es. Nos fechados, temos os hematomas e as contusõ es.
As causas mais recorrentes de ferimentos são os cortes e as contusões.
Os cortes são rupturas do epitélio, expondo a face interior. Eles são responsáveis por causar laceraçõ es,
incisõ es e avulsõ es, por exemplo. As lacerações envolvem cortes no tecido mole por objetos rombudos,
causando sangramento contínuo; as incisões, por sua vez, são cortes finos causados por objetos cortantes,
sendo que o sangramento costuma ser rápido; e, por fim, os cortes que causam avulsão são causados pela
ruptura total do tecido, causando a perda do local.
Um exemplo de avulsão é quando um acessó rio gera muita pressão em uma das falanges do dedo, o que pode
causar a sua ruptura, ou seja, seu desligamento total do dedo (amputação), durante a remoção incorreta do
item.
Sobre as contusões, conforme estudamos anteriormente, são o resultado de pancadas que originam ruptura
de vasos e nervos internamente, causando edemas e inchaços. Elas são consequências de golpes diretos,
quando ocorre perda de líquidos e sangue na região afetada, usualmente um tecido.
Esses ferimentos podem ser superficiais, atingindo apenas a pele, ou profundos, chegando a atingir mú sculos,
ossos e ó rgãos. A característica marcante da contusão é o extravasamento interno de sangue e líquidos. Além
disso, eles são responsáveis pelos ferimentos contusos (SANTOS, 2014).
Em relação aos ferimentos perfuro-cortantes, são causados por objetos perfurantes, ou seja, que possuem a
capacidade de gerar lesõ es por perfuração da pele ou ó rgãos internos, com a presença de cortes. Objetos
pontiagudos podem causar esse tipo de ferimento, que pode se tornar fatal se acometer ó rgãos vitais,
precisando de auxílio imediato de primeiros socorros (SANTOS, 2014).
Os ferimentos transfixiantes são aqueles em que o objeto transpassa o local da ferida, atravessando o tecido, o
mú sculo ou o osso. São de grande importância pela extensão do dano e a gravidade estreita com o local
atingido.
De modo similar, os ferimentos penetrantes atingem a cavidade interna da vida, sem, no entanto, chegar do
outro lado.
Os ferimentos transfixiantes também são chamados de superpenetrantes.
Figura 6 - Nos ferimentos transfixantes, o objeto causador da lesão transpassa o local lesionado, devendo ser
alvo de primeiros socorros de imediato.
Fonte: wellphoto, Shutterstock, 2018.
Os ferimentos abrasivos, também chamados de escoriaçõ es, há o atrito da pele com superfícies ásperas,
causando pequenas abrasõ es que atingem os capilares, tendo a presença de sangue e, muitas vezes, partículas
de corpo estranho (como cinza e terra) (SANTOS, 2014).
Destaca-se, portanto, a compreensão dos termos que formam os tipos de ferimentos, que fazem alusão à
origem e tipo da injú ria. Por exemplo, um ferimento corto-contuso indica a presença de uma ferida por corte e
presença de contusão, ao passo que um ferimento perfurocortante indica a presença de um objeto que
perfurou o local e tem capacidade cortante.
Contudo, ainda que saber essas definiçõ es seja de grande valia, também é necessário saber aplicar açõ es de
primeiros socorros e casos de ferimentos.
CASO
Mônica, de 78 anos, estava realizando um procedimento esté tico em uma clínica.
Poré m, ao tentar se levantar da maca, tropeçou e fraturou o tornozelo.
No local, haviam duas auxiliares de esté tica que nã o sabiam como agir em caso de
primeiros socorros. Assim, ambas movimentaram Mônica de volta para a maca, até a
chegada de Roberta, que possuía conhecimento.
Roberta, entã o, chama pelo resgate mé dico e observa o tornozelo de Mônica, já
bastante inchado. Ela imobiliza o local com talas e gaze, pedindo para que a vítima
nã o se mova, a fim de evitar maiores lesões.
Quando o resgate mé dico chega ao local, a equipe diz ter havido um agravante na
lesã o devido a movimentaçã o imprópria, comprometendo os ligamentos e os ossos de
Mônica. Por isso, a recuperaçã o será mais longa, mas sem sequelas.
Roberta, ao retornar para a clínica de esté tica, agenda um treinamento de primeiros
socorros para todos os funcioná rios, reiterando a importâ ncia em conhecer as ações
corretas em casos de emergê ncia para nã o piorar a situaçã o das vítimas.
De modo geral, o transporte efetivo de vítimas em primeiros socorros só deve ser realizado pelo socorrista
quando houver extrema necessidade ou para afastar o paciente de perigos. A realização de imobilizaçõ es das
regiõ es lesionadas para o transporte seguro de vítimas é o ponto essencial em primeiros socorros nesse
contexto. Alguns pontos importantes devem ser considerados, como os que você poderá ver, clicando no
recurso a seguir.
3- Os materiais para tala podem ser adaptados de acordo com o que há no ambiente, desde que
sejam rígidos e acolchoados.
6- Para prender a tala, podem ser utilizados laços e elásticos, nunca sobre a lesão, mas acima ou
abaixo dela.
7- Ao utilizar as talas, deve-se assegurar que não estão apertadas ou pressionando demais o local.
Em locais onde o acesso do serviço de resgate é dificultado, a imobilização e o transporte podem ser cruciais
para salvar um membro lesionado, desde que realizados da maneira adequada, seguindo preceitos
anatô micos. Um bom socorrista deve possuir os conceitos de anatomia bem fixados para que possa servir
com sua profissão.
Há diversos tipos de talas, construídas com materiais distintos. O ponto principal é a efetividade da limitação
do movimento, ou seja, a tala deve ser capaz de impedir a movimentação do local lesionado, bem como das
articulaçõ es e dos ossos imediatamente anteriores e posteriores, conforme nos mostra a figura a seguir.
Figura 7 - A elaboração de talas deve respeitar a anatomia da lesão e utilizar materiais rígidos para
imobilização e acolchoados para estabilização.
Fonte: corbac40, Shutterstock, 2018.
Dessa forma, para que uma vítima possa ser transportada com segurança, deve-se realizar as açõ es para
manutenção da estabilidade do membro lesionado. Afinal, o tempo de espera pelo resgate superior a 20
minutos sem imobilização pode comprometer a funcionalidade do membro de modo definitivo (KARREN,
2013).
Assim, a análise do ambiente e da lesão, assim como o chamado do serviço de resgate, deve ser realizado de
modo a ter conhecimento da estimativa de tempo de espera, para, então, se for superior a 20 minutos, decidir
o tipo de tala e imobilização que deve ser realizada.
VOCÊ QUER LER?
As diversas té cnicas de imobilizaçã o existentes podem ser estudadas e conhecidas para
que, alé m dos conceitos gerais, o socorrista saiba como aplicar um tipo específico de
contençã o. Existem talas feitas com maté rias pré -fabricados, materiais adaptados,
feitas especialmente para um tipo determinado de lesã o ou articulaçã o, entre outros
pormenores. Para conhecer mais sobre a ampla variedade de talas, leia o Manual de
Socorrismo, mais especificamente o capítulo VIII, intitulado “Té cnicas de Imobilizaçã o”,
disponível no link:
<http://www.prociv.azores.gov.pt/fotos/documentos/1490290633.pdf
(http://www.prociv.azores.gov.pt/fotos/documentos/1490290633.pdf )>.
Com esses conceitos e práticas estudados, o socorrista pode identificar sintomas e açõ es para cada caso em
específico. É importante que se tenha fixado os conhecimentos para que possam ser aplicados corretamente
durante casos de emergências.
Síntese
Ao término deste capítulo, diversos aspectos foram abordados sobre lesõ es e ferimentos, bem como as
técnicas de primeiros socorros mais adequadas, incluindo as de imobilização da vítima. Com isso, você
também finalizou a disciplina de Primeiros Socorros.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Bibliografia
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(http://www.anatomiadocorpo.com/)>. Acesso em: 05/02/2018.
BRASIL. Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná. Ferimentos, curativos e bandagens. 2015. Disponível em:
<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/1gb/socorros/FerimentosCurativoseBandagens.pdf
(http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/1gb/socorros/FerimentosCurativoseBandagens.pdf)>.
Acesso em: 15/01/2017.
COBRALT. Comitê Brasileiro das Ligas do Trauma. O que é trauma?. Disponível em: <http://cobralt.com.br/o-
que-e-trauma/ (http://cobralt.com.br/o-que-e-trauma/)>. Acesso em: 15/01/2017.
FLEGEL, M. J. Primeiros socorros no esporte. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015.
GLOBO.COM. Fantástico refaz caminho de acidente de Shumacher em pista na França. 05 jan. 2014. Disponível
em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/01/fantastico-refaz-caminho-de-acidente-de-schumacher-
em-pista-na-franca.html (http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/01/fantastico-refaz-caminho-de-
acidente-de-schumacher-em-pista-na-franca.html)>. Acesso em: 15/01/2017.
______. Ginasta fratura punho e ausência de ambulancia prejudica atendimento. Sergipe, 14 set. 2013.
Disponível em: <http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/09/ginasta-fratura-punho-e-ausencia-de-
ambulancia-prejudica-atendimento.html (http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/09/ginasta-fratura-
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KARREN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 10. ed. São Paulo: Manole, 2013.
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PROCIV. Capítulo VIII: Técnicas de Imobilização. In: Manual de Socorrismo, s./d. Disponível em:
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TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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WALKERS, B. Lesõ es no Esporte: uma abordagem anatô mica. 1. ed. São Paulo: Manole, 2010.