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PRIMEIROS SOCORROS
Minaçu, 2021.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, em 1958, o termo “acidente”
como um acontecimento independente da vontade humana, provocado por força exterior
que atue rapidamente sobre o indivíduo, com consequente dano físico ou mental
(BATIGÁLIA, 2002).
Segundo Souza (2013), os primeiros socorros são procedimentos e cuidados de
urgência, prestados de início a uma pessoa ou vítima, em situações de acidentes ou mal
súbito no lugar onde o caso está acontecendo. Sendo estes cuidados capazes de salvar
vidas e evitar que condições mais graves ocorram. As técnicas de primeiros socorros
envolvem manobras complexas com predomínio do domínio motor, logo, para melhor
compreender o processo ensino aprendizagem que envolvem essas manobras é
necessário entender o desenvolvimento destas, tanto na área cognitiva quanto na
motora. (Kawakame PMG, Miyadahira AMK,2015; Magill RA., 2002).
O artigo 135, do Código Penal Brasileiro, versa que a omissão de socorro e a
falta de atendimento de primeiros socorros eficiente são os principais motivos de mortes
e danos irreversíveis nas vítimas. As primeiras horas após um acidente são as mais
importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das pessoas feridas, de
sequelas e danos. (COELHO, 2015).
PAPEL DO SOCORRISTA
De acordo Bonito (1999), ser socorrista consiste antes de tudo, em saber prestar
auxílio eficazmente e evitar o agravamento do acidentado ou doente, no local dos
acontecimentos e, se necessário, durante o transporte a uma unidade de cuidados
diferenciada. É um papel primordial, limitado e temporal.
Para Novaes e Novaes (1994), chama-se socorrista, a pessoa que esta habilitada
à pratica dos Primeiros Socorros, utilizando-se dos conhecimentos básicos e
treinamentos técnicos que o capacitaram para esse desempenho.
É um papel primordial porque perante um ferido, o socorrista deverá manter o
«sangue frio», desenvolver atempadamente os primeiros socorros, estabilizando o
estado da vítima até à chegada dos T.A.S., dar a necessária ajuda psicológica e impedir
qualquer comportamento nefasto dos mirones. Este é um dos papéis essenciais
(BONITO, 1999). Os problemas advindos de um acidente num individuo, no primeiro
momento são semelhantes, seja qual for o tipo de lesões ocorridas, por isso, os cuidados
básicos não diferem substancialmente e o socorrista aplica, nessa hora os princípios de
primeiros socorros que serão sempre os mesmos. (ROSA et al, 2001).
Ser socorrista implica possuir espírito de prevenção e estar alerta a qualquer
circunstância que possa produzir acidentes, intoxicações, doenças. Participa, na medida
dos seus conhecimentos, capacidades e meios, na protecção e promoção da saúde e na
difusão dos primeiros socorros de sobrevivência (BONITO, 1999).
ESTADO DE CHOQUE
O choque é um quadro grave, que pode ocorrer de forma rápida ou desenvolver-
se lentamente. O choque hipovolêmico caracteriza-se por uma reação do corpo em
resposta ao colapso no sistema circulatório, o qual não consegue mais prover sangue de
forma adequada para todos os órgãos vitais do corpo. É a diminuição da perfusão (fluxo
constante de sangue nos vasos capilares) ou o estado de hipoperfusão. Em outras
palavras, o choque é uma reação do organismo a uma condição onde o sistema
circulatório não fornece circulação suficiente para cada parte vital do organismo.
(NASCIMENTO, 2015)
De acordo com Camboin e Fernandes (2016), a pele úmida e pegajosa pode
indicar um estado de choque (diminuição do volume de sangue circulante).
Um socorrista não pode reverter um estado de choque. No entanto, poderá
identificar e aplicar os primeiros socorros necessários para estabilizar a vítima. Nestes
casos, o socorro médico é sempre necessário. (NASCIMENTO, 2015)
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013), a PCR ainda é um
problema mundial de saúde pública, mesmo com os avanços na área da saúde de
prevenção e tratamento, ainda ocorrem muitas mortes no Brasil devido as PCRs. Tem-se
como definição para PCR “a interrupção súbita e brusca da circulação sanguínea
sistêmica e da respiração” (HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, 2013, p. 3).
A parada cardíaca é a perda dos movimentos de bombeamento do coração,
levando à inconsciência, à ausência de pulso e, consequentemente, à ausência da
respiração. As principais causas da parada cardíaca são: infarto do miocárdio, choque
elétrico, traumas, overdose de drogas, envenenamento, afogamento, sufocamento,
complicações anestésicas e cirúrgicas, sendo que as doenças do sistema circulatório são
as mais prevalentes, com uma decorrência de 32% de mortes no Brasil (FERREIRA et
al, 2013).
Conforme Brasil (2003), a ressuscitação cardiorrespiratória (RCR) é um
conjunto de medidas utilizadas no atendimento à vítima de PCR. Esta envolve técnicas
adequadas para o suporte das funções respiratórias e circulatórias, o que chamamos de
Suporte Básico de Vida (SBV). “O suporte básico de vida compreende ventilação e
massagem cardíaca e só deve ser interrompido em três situações: para se proceder à
desfibrilação, para a realização da intubação orotraqueal e para a infusão de medicação
na cânula orotraqueal” (PAZIN-FILHO et al, 2003, p. 165), procedimentos esses que só
devem ser realizados por profissionais capacitados para tal.
FERIMENTOS
São lesões que causam rompimento dos tecidos moles (pele, tecido gorduroso,
músculos e órgãos internos) que permitem um contato do interior do organismo com o
meio externo possibilitando infecção. Essas feridas podem ser classificadas de várias
maneiras pelo tipo do agente causal, de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo
de traumatismo, pela profundidade das lesões, independente da proporção do trauma.
Geralmente causa dor e sangramento (CORPO DE BOMBEIROS, 2006).
Para Brasil (2003, p.115):
Os ferimentos incisos são provocados por objetos cortantes, têm bordas
regulares e causam sangramentos de variados graus, de vido ao
seccionamento dos vasos sanguíneos e danos a tendões, músculos e
nervos.
Os ferimentos contusos, chamados de lacerações, são lesões teciduais de
bordas irregulares, provocados por objetos rombudos, através de trauma
fechado sob superfícies ósseas, com o esmagamento dos tecidos.
Os ferimentos perfurantes são lesões causadas por perfurações da pele e
dos tecidos subjacentes por um objeto.
QUEIMADURAS
Queimadura é uma lesão causada na pele, desencadeada por um agente físico.
Esses agentes físicos podem ser térmicos (frio e calor), químicos (produtos químicos) e
elétricos (eletricidade). (NASCIMENTO, 2008). Conceito: qualquer lesão dos tecidos
corporais causada por exposição a distintos agentes, podendo ser de natureza física,
térmica, química, elétrica e irradiante. (NASCIMENTO, 2015).
As queimaduras podem lesionar a pele e os músculos, assim como vasos, nervos
e ossos. Os olhos, os ouvidos e as estruturas do sistema respiratório, também podem ser
afetados. Além do dano físico, as vítimas sofrem danos psicológicos e emocionais
(CBMDF, 2007; PHTLS, 2013)
HEMORRAGIAS
A hemorragia é a perda constante de sangue ocasionada pelo rompimento de um
ou mais vasos sanguíneos - veias ou artérias (PHTLS, 2011).
As hemorragias são classificadas em externas e internas. Tendo como
classificação:
Hemorragia Interna: Ocorre quando há o rompimento do vaso sanguíneo
e o sangramento se dá internamente por não haver solução de
continuidade na pele. Com o aumento do volume derramado, poderá
ocorrer extravasamento de sangue pelas cavidades naturais.
Hemorragia Externa: É a hemorragia visível, onde o sangue extravasa
para fora da pele, podendo ser venoso ou arterial.
Na hemorragia Arterial, Ocorre lesão de uma artéria, causando um sangramento
de grande proporção, apresentando grandes jatos de sangue, estes jatos acompanham as
batidas do coração, o sangue é vermelho vivo, e a perda é pulsátil, como se o sangue
fosse ejetado com certa pressão, esse tipo de hemorragia é grave pela rapidez com que a
perda de sangue se processa. Hemorragia Venosa - Ocorre lesão de uma veia, sendo
uma perda de sangue contínua. são reconhecidas pelo sangue vermelho escuro, e a perda
é de forma contínua e com pouca pressão, são menos graves que as hemorragias
arteriais, porém, a demora no tratamento pode ocasionar sérias complicações.
Choque hipovolêmico hemorrágico -Ocorre devido a processos hemorrágicos
que levam à perda aguda de sangue e por conseguinte, falência do sistema
cardiocirculatório, resultando em uma inadequada perfusão e oxigenação dos tecidos e
irrigação dos órgãos vitais, como: coração, pulmão, cérebro, rins e o fígado. Não
havendo intervenção imediata, tais órgãos serão lesionados e a vítima poderá evoluir ao
óbito (PHTLS, 2011).
INTOXICAÇÕES
Os efeitos da Intoxicação ou do envenenamento dependem da natureza da
substância, de sua concentração e da sensibilidade do indivíduo (BRASIL, 2003).
Alguns sinais e sintomas que levam à suspeita de intoxicação/envenenamento
são: depressão da função respiratória; dispneia; apnéia; cianose; respiração lenta e
profunda; alterações pupilares; visão turva; salivação excessiva; sudorese excessiva;
alteração do nível de consciência; alucinações e delírios; cefaleia; distúrbios do
equilíbrio; hálito com odor estranho; cor estranha nos lábios e boca; dor e queimação na
boca, garganta e estômago; vômitos; diarreia; dor abdominal; queimaduras; ausência de
urina; urina com coloração anormal; convulsões; distúrbios hemorrágicos (hematêmese,
melena, hematúria); hipotermia ou hipertermia; paralisias; estado de choque iminente;
hipotensão; hipertensão arterial, entre outros (BRASIL, 2003).
A inalação pode ser por partículas sólidas (poeiras), fumaças, névoas, vapores,
gases, entre outros. Nestes casos, deve-se: isolar a área e identificar o tipo de agente que
afetou o local. (BRASIL, 2003).
Os acidentes mais comuns são com alimentos estragados e contaminados,
produtos de limpeza, medicamentos, plantas venenosas, bebidas alcoólicas, inseticidas,
ácidos e álcalis. Os sintomas são os mais diversos, como: espirro; tosse; sufocação;
queimação; vômito; diarreia; salivação excessiva; dor abdominal; edema de mucosas e
obstrução das vias aéreas; entre outros (BRASIL, 2003).
AFOGAMENTOS
Os conhecimentos básicos de primeiros socorros são fundamentais, pois podem
salvar uma vida. Nos casos de afogamento o conhecimento do método de respiração de
boca a boca e massagem cardíaca é primordial. (FIOCRUZ).
O afogamento pode ocorrer em locais como piscinas, rios, represas, mares. No
entanto, as crianças, especialmente as mais novas, podem se afogar em apenas 2,5 cm
de profundidade. Ou seja, elas correm o risco de se afogar também em piscinas infantis,
banheiras, baldes, vasos sanitários, entre outros recipientes considerados rasos.
(FIOCRUZ).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os primeiros socorros são essenciais após um acidente, seja ele grave em que
leve ao risco de vida, ou leve com pequenas escoriações. O socorrista precisa estar
preparado para as mais diversas situações e saber quais procedimentos realizar de
acordo com a necessidade. Os primeiros socorros realizados adequadamente podem
levar ao sucesso na recuperação do paciente.
O conhecimento dos principais casos de necessidade de atendimento, entender
como ocorrem e as técnicas corretas levarão a um profissional mais qualificado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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