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AUDITORIA HOSPITALAR

O QUE É
AUDITORIA?
Autoria: Ma. Celi Gonzales
Revisão técnica: Ma. Tania Rodrigues
Introdução

Neste capítulo vamos estudar os conceitos e os principais tipos de auditoria.


Muito se fala em auditoria, mas afinal o que significa? Será que auditoria é um
tipo de fiscalização? Ou é a avaliação de um serviço? E será que existe apenas
um tipo de auditoria? Qual tipo é mais utilizado nos hospitais? Por que a
auditoria é tão desenvolvida na parte de Qualidade Hospitalar?
Quando o auditor busca informações em determinada empresa ou hospital por
meio de documentos, entrevistas, verificações, inspeções etc., ele está, na
verdade, buscando ouvir o que esta entidade está dizendo a ele sobre
determinado assunto.
E é isso que significa a palavra auditoria. Derivada do latim ela traz em si
justamente o significado de “ouvir”. Podemos acrescentar que o objetivo é ouvir
profundamente, de forma imparcial, sem ideias pré-concebidas antes de uma
análise pormenorizada. A história da auditoria como a conhecemos hoje difere
muito de um autor para outro. Mas há consenso de que seu progresso se deu
pelo desenvolvimento da complexidade das empresas e de seus aspectos
financeiros após a Revolução Industrial.
A auditoria nos hospitais pode ser realizada por diferentes atores: auditores
internos a pedido do próprio gestor, auditoria por parte de inúmeros órgãos
regulamentadores, auditorias realizadas pelas fontes pagadoras, auditorias
desencadeadas por denúncias, auditorias realizadas para avaliações com o
objetivo de premiações, certificação ou acreditação. Enfim, é um assunto
bastante amplo e que pode ser enfocado por diversos ângulos. Vamos estudar
os conceitos principais e focar o que é mais utilizado na área hospitalar.
Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 44 minutos.

1.1 Conceitos de auditoria, fiscalização e


avaliação
Muitos são os autores que trazem conceitos de auditoria, de fiscalização e de
avaliação, suas diversas tipologias e características. Podemos dizer que
frequentemente os conceitos são confundidos, mesmo entre os profissionais da
área.
A confusão existente se deve, principalmente, ao fato de que as três atividades
(auditoria, fiscalização e avaliação) são utilizadas nas empresas das mais
diversas áreas e também na área da saúde.
Vamos iniciar nosso capítulo estudando conceitos de auditoria de vários
autores, seus diferentes tipos e características, assim como conceitos de
fiscalização e de avaliação. Depois, vamos estabelecer uma comparação entre
eles. A seguir, vamos focar o conceito de auditoria, que é aquele que mais nos
interessa neste momento.

1.1.1 Auditoria
Um dos mais conhecidos autores na área de administração, Idalberto
Chiavenato (2006) nos ensina que a auditoria é um sistema de revisão de
controle. Ele fornece informações para a administração da empresa sobre a
eficiência e sobre a eficácia dos programas que estão em desenvolvimento. Sua
função não é indicar apenas problemas e falhas, mas também sugerir e apontar
soluções. Desta forma, assume um caráter também educacional junto à
organização.
O que podemos entender por uma revisão de controle? Controlar é submeter a
exame e vigilância detalhada determinado objeto ou assunto. Portanto, podemos
dizer que a auditoria vai rever e examinar determinado assunto ou objeto, neste
caso, um hospital.
Em um segundo momento destacamos que a auditoria tem por objetivo fornecer
informações para a administração da empresa sobre a eficiência e eficácia das
atividades em desenvolvimento, ou seja, quem contrata a auditoria é quem está
interessado nos resultados daquele objeto ou assunto auditado. Mas o mais
importante é destacar que a auditoria não apenas aponta falhas e erros, mas
também aponta sugestões e soluções para esses problemas. Portanto,
podemos dizer que a auditoria sempre deve ter um caráter educativo, muito mais
do que punitivo.
É importante ressaltar esse ponto porque já houve épocas em que a palavra
auditoria, quando dita dentro de uma empresa ou hospital, causava um grande
terror aos seus funcionários. A sensação era de que uma verdadeira tempestade
se aproximava, com resultados desconhecidos e inesperados.
Figura 1 - A proximidade de uma auditoria, muitas vezes, causa preocupação aos auditados, devido à
apreensão pelos resultados que podem ser obtidos.
Fonte: arka38, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia da mão de um
homem de terno. Ele está com os dedos em
formado de L, apontando para o texto "melhoria
contínua". Este está circulado em verde e tem
setas apontadas para si. Essas setas trazem os
textos "resultados da auditoria", "análise de
dados", "política de qualidade", "objetivos de
qualidade", "ações corretivas", "revisão de
gerenciamento" e "feedback do cliente".

Atualmente, pode-se considerar a auditoria como uma ferramenta de gestão


para empresas e hospitais, pois é por meio dela que muitos processos podem
ser aprimorados. Consequentemente, é possível obter melhores resultados a
partir da auditoria.
Vamos a outras definições de auditoria. Clique a seguir.

INTOSAI
Para a Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras
Superiores (INTOSAI), que é um organismo autônomo,
independente e apolítico, que opera como uma organização
guarda-chuva para a comunidade de auditoria externa de
governos, a auditoria “é o exame das operações, atividades e
sistemas de determinada entidade, com vistas a verificar se são
executados ou funcionam em conformidade com determinados
objetivos, orçamentos, regras e normas” (BRASIL, 2017).

Ministério da Fazenda

Segundo a Instrução Normativa n. 01 de 06/04/2001, da


Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda:
"[...] auditoria é um conjunto de técnicas para avaliar a gestão,
pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicação de
recursos, mediante a confrontação entre uma situação
encontrada com um determinado critério pré-estabelecido, que
pode ser técnico, operacional ou legal” (BRASIL, 2001).

Portanto, a auditoria é uma técnica de controle e, além disso, é


uma ferramenta de gestão. É muito importante, na busca por
uma melhor distribuição e alocação de recursos, atuar também
para corrigir desperdícios, corrigir improbidades, negligências e
omissões, mas, principalmente, atuar antecipando-se a todas
essas ocorrências (BRASIL, 2001). Dessa forma, podemos
considerar a auditoria como uma técnica investigativa, que
compara a realidade encontrada com critérios que foram
previamente estabelecidos.

TCU
Para o Tribunal de Contas da União (TCU, BRASIL, 2011), auditar
é examinar, de forma independente e objetiva, uma situação ou
determinado assunto, comparando-o com um critério
estabelecido preliminarmente, para que, dessa forma, se
consiga emitir uma opinião ou um comentário a respeito dessa
comparação entre a situação e o critério, e encaminhar a
conclusão para um destinatário predeterminado.

Por fim, analisando essas definições, podemos concluir que a auditoria é um


processo de trabalho sistemático pautado em análises, avaliações e
comparações com critérios previamente estabelecidos. Esse processo é
finalizado com a comunicação de seus resultados ao destinatário, normalmente
em formato de relatório. Ressalte-se que esse processo deve ser todo
documentado e padronizado.
Um processo de auditoria tem cinco etapas básicas:

planejamento dos objetivos, do alcance que se pretende e


dos recursos necessários;

exame e avaliação da informação;

apresentação dos resultados;

divulgação dos resultados;

sugestão de ações para a melhoria do serviço, ou seja, as


recomendações.

Analisando essas definições, podemos considerar a auditoria como um


processo com entrada, processamento e saída. A entrada de insumos se dá pela
coleta de informações sobre situações encontradas, objetos e critérios de
auditoria. Posteriormente, essas informações são processadas em produtos,
como achados de auditoria, propostas de ações corretivas e recomendações.
O produto da auditoria é entregue por meio da comunicação dos resultados
obtidos durante a realização da auditoria e seu encaminhamento aos respectivo
destinatários, que podem ser o auditado ou não. Esse encaminhamento é feito
por meio de um relatório de auditoria, que deve incluir principalmente, os
seguintes atributos:

apresentação;

coerência;

oportunidade;

convicção;

integridade;

objetividade;

tempestividade;

clareza;

conclusão.

O relatório de auditoria é um instrumento formal, técnico, por meio do qual a


equipe de auditoria comunica o objetivo da auditoria, a metodologia que foi
utilizada, constatações, evidências encontradas, as conclusões e as propostas
de encaminhamentos e melhorias.
Ora, de nada adiantaria todo esse trabalho se os resultados da auditoria não
fossem entregues às pessoas corretas, aqueles que podem, de fato, dar
prosseguimento às recomendações sugeridas.

1.1.2 Fiscalização
Neste momento, é importante diferenciar auditoria de fiscalização. Enquanto
auditoria é um sistema, portanto, é um conjunto de elementos no qual há uma
entrada de dados, sua análise ou processamento, que resulta em informações
precisas, a fiscalização consiste em apenas verificar se algo está sendo feito de
acordo com o que foi previsto ou determinado.
Figura 2 - Fiscalizar é verificar se algo está sendo feito de acordo com o que foi previsto
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um entregador.
Ele está olhando para a câmera e com um leve
sorriso no rosto. Veste boné e uniforme bege.
Está segurando uma caixa parda e grande com
as duas mãos. Do seu lado esquerdo,
encontramos uma mulher assinando uma
prancheta. Ela veste camisa azul quadriculada e
está virada para a direita.
Agora que já diferenciamos auditoria (um sistema, um processo de trabalho) de
fiscalização (uma verificação do que foi pré-determinado), vamos estudar o
conceito de avaliação.

1.1.3 Avaliação
Ora, se podemos dizer que a auditoria é um sistema de revisão, de controle, e
que a fiscalização é uma verificação, que avalia se algo está sendo feito de
acordo com o que foi determinado, o que seria então uma avaliação?
A avaliação é um conceito que todos os estudantes conhecem, pois estão
sempre envolvidos com avaliações das mais diferentes disciplinas durante todo
o ano letivo. Avaliar é emitir uma opinião, um julgamento sobre determinado
assunto ou objeto, ou ainda sobre um trabalho, ou mesmo sobre uma empresa
ou um hospital.
O objetivo principal da avaliação é a análise dos impactos dos programas de
saúde, verificando sua efetividade.
Figura 3 - Avaliar é emitir opinião
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma mesa com
um cartaz branco em cima. Nesse cartaz, temos
a escrita "processo" seguida de alguns ícones na
parte de baixo. Aparecem as mãos de três
pessoas. Duas delas estão mais próximas do
cartaz, apontando para ele. A outra pessoa está
mais ao fundo, à direita, mexendo em um
notebook. Há, ainda, dois copos com líquido
amarelo em cima da mesa e um prato de doce
com um bolinho.

Feita a diferenciação entre auditoria, fiscalização e avaliação, termos que se


confundem com frequência, vamos aprofundar o estudo sobre auditoria
conhecendo as características da auditoria interna e externa.

1.2 Auditoria interna e externa


A auditoria pode ser dividida em interna e externa. Cada uma delas tem
objetivos, métodos de realização e atinge resultados diferentes. A auditoria
interna é aquela realizada por profissionais da própria instituição, normalmente
com o objetivo de buscar melhorias, aprimorar seus serviços e conseguir uma
certificação ou acreditação.
A auditoria externa é realizada por profissionais que não pertencem à empresa
ou hospital. Podem ser profissionais contratados, de órgãos regulamentadores
ou de empresas contratantes.
Vamos estudar mais detalhadamente ambas, suas principais diferenças e a
forma de aplicação de cada uma, além de vantagens, dificuldades e
particularidades da auditoria interna e auditoria externa.

1.2.1 Auditoria interna


O principal objetivo da auditoria interna é melhorar o resultado da empresa ou do
hospital. Essa melhoria será obtida a partir do resultado da auditoria, que
recomendará soluções para as não conformidades encontradas, aperfeiçoando
assim os processos, os controles internos e a própria gestão da organização.
Cabe aqui ressaltar que uma não conformidade é um não atendimento a um
requisito pré-determinado, que pode ser uma lei, uma resolução, um
regulamento, um código de ética etc.
Clique para saber como as não conformidade podem ser divididas.

Impro Erros formais, falhas, deficiências de controle,


prieda problemas que não resultem em danos
des financeiros ou econômicos (BRASIL, 2011).

São atos ilegais, que infringem a legislação ou


algum tipo de regulamentação. Caracterizam um
Irregul ato de gestão ilegal, configuram um desfalque ou
aridad desvio de recursos financeiros, bens ou outros
es valores. Também podem se referir a uma fraude,
violação à lei, omissão no dever de cumprir a lei
ou prestar contas (BRASIL, 2011).
Os auditores internos apoiam o conselho e a alta administração da empresa ou
do hospital em suas decisões, cooperam com a auditoria externa (quando isso
for combinado com a administração) e prestam assessoramento ao Conselho
Fiscal ou outros órgãos de atribuições semelhantes.
A auditoria interna, dentro de um hospital, pode ser formada por profissionais de
diferentes áreas de formação, normalmente constituindo uma Comissão Interna
de Auditoria. Essa Comissão deve estar ligada ao dirigente máximo da
instituição a fim de garantir sua boa atuação.

Figura 4 - Uma Comissão de Auditoria Hospitalar pode conter profissionais de diferentes áreas
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de quatro
profissionais de diferentes áreas, um atrás do
outro. Em sequência, encontramos uma
enfermeira com jaleco azul, segurando uma
prancheta e com um estetoscópio no pescoço;
uma atendente com um microfone na orelha;
um médico com jaleco branco; e um homem que
parece ser de serviços gerais, pois está utilizando
capacete azul e segura uma mangueira, também
azul, enrolada em seu ombro.
A auditoria interna tem como principal vantagem o conhecimento da estrutura
administrativa pelos auditores. E, em contrapartida, como desvantagem, o
próprio envolvimento deles com o pessoal auditado. É sempre necessário
lembrar que o auditor audita fatos e não pessoas!
Nos hospitais, a auditoria interna tem como foco preparar a instituição para uma
avaliação, funcionando como uma preparação. O objetivo é obter determinada
certificação ou acreditação, pois o envolvimento dos profissionais possibilita a
correção das não conformidades encontradas.

1.2.2 Auditoria externa


Por sua vez, a auditoria externa é realizada por profissional independente, sem
ligação com o quadro de pessoal da empresa ou hospital. Conheça suas
principais características clicando a seguir.

A auditoria externa, na maioria das vezes, tem como principal


objetivo tornar as demonstrações contábeis confiáveis,
confirmar que as mesmas estão de acordo com os princípios
contábeis.

Neste caso, o fato de não existir envolvimento dos auditores


com os auditados é um fato positivo. No entanto, como os
auditores desconhecem em profundidade a realidade da
empresa ou hospital auditado, suas recomendações podem
ser superficiais.

A auditoria externa se subordina às normas de auditoria, ou


seja, às regras estabelecidas pelos órgãos regulamentadores
da profissão, que determinam orientações e
regulamentações.
As normas de auditoria são divididas em normas gerais (básicas), normas
referentes aos procedimentos de execução da auditoria, normas referentes ao
comportamento do auditor e normas referentes à comunicação do resultado.

1.2.3 Diferenças
São inúmeras as diferenças entre as auditorias internas e externas. Para
sintetizar, apresentamos as principais na forma do quadro a seguir:
Quadro 1 - Principais diferenças entre a auditoria interna e a auditoria externa
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

#PraCegoVer
No quadro, 10 linhas e três colunas. A primeira
coluna traz o aspecto, a segunda traz a auditoria
externa e a terceira a auditoria interna. Na
segunda linha, seguindo essa lógica, temos
"independência em relação ao contratante",
"ampla" e "restrita". Na terceira linha,
"propósito", "opinar sobre demonstrações
contábeis" e "promover melhorias na empresa
ou hospital". Na quarta linha, "finalidade",
"prestação de contas a terceiros" e "fins
administrativos internos". Na quinta linha,
"objeto", "demonstrações contábeis" e
"controles internos e operações da
empresa/hospital". Na sexta linha,
"responsabilidade", "profissional, civil e penal" e
"somente trabalhista". Na sétima linha,
"extensão dos trabalhos", "menor e realizada de
forma periódica" e "maior e realizada de forma
permanente". Na oitava linha, "escopo",
"determinado pelas normas de auditoria" e
"determinado pela empresa/hospital". Na nona
linha, "foco do relatório", "parecer sobre as
demonstrações contábeis" e "parecer e
recomendações sobre os controles internos e
sobre a eficiência da empresa/hospital". Por fim,
na décima linha, "fraudes", "detectar fraudes na
empresa/hospital" e "auxiliar na prevenção de
fraudes e comunicar possíveis fraudes
encontradas".

Assim, podemos dizer que a auditoria interna faz parte da empresa ou do


hospital, os auditores são colaboradores, sempre buscando a melhoria dos
processos, dos controles e dos resultados. Eles reportam-se à administração e
seus pareceres e relatórios são de interesse interno. Geralmente este tipo de
auditoria existe dentro dos hospitais e trabalha principalmente os aspectos de
qualidade, seguindo metodologia de um determinado programa.
A auditoria externa normalmente é realizada por uma empresa independente,
contratada pelo hospital a fim de certificar que suas demonstrações contábeis
estão corretas. Reportam-se apenas às normas de auditoria e seus pareceres e
relatórios interessam ao público, em geral, inclusive aos acionistas,
fornecedores, mídia, clientes, etc. Este tipo de auditoria também é contratado
por alguns tipos de hospitais, especialmente aqueles que têm a obrigatoriedade
de publicar seus balanços e demonstrativos contábeis.
No entanto, tanto o auditor interno quanto o auditor externo devem ter
características e habilidades comuns, relacionadas sinteticamente no quadro a
seguir:
Quadro 2 - Características do auditor
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

#PraCegoVer
No quadro, temos 10 linhas e três colunas
indicando as características do auditor. Na
primeira linha, encontramos o comportamento
ético (agir com integridade, mesmo diante de
pressão). Na segunda linha, temos a
independência de pensamento (manter-se livre
de influências que possam modificar seu
julgamento). Na terceira linha, imparcialidade de
julgamento (não julgar, se houver interesse
parcial). Na quarta linha, objetividade (emitir
opiniões com convicção e bem fundamentadas).
Na quinta linha, competência e capacidade
profissional (deve ter conhecimento necessário
para realizar aquele trabalho). Na sexta linha,
ceticismo (ter atitude questionadora). Na sétima
linha, zelo profissional (executar seu trabalho
com cuidado e dedicação). Na oitava linha,
trabalho em equipe (saber trabalhar com
diversidade de pessoas). Na nona linha, sigilo
(não revelar dados e informações a terceiros). Na
décima linha, cortesia (agir com equilíbrio e
serenidade).

É importante ressaltar que os auditores estão obrigados a manter o sigilo do que


vierem a constatar, pois o item X, artigo 5º da Constituição Federal brasileira
(BRASIL, 1988), garante a inviolabilidade da intimidade e da vida privada das
pessoas, bem como da sua honra e imagem. Portanto, o auditor deve observar o
disposto na Constituição Federal e no código de ética de sua categoria
profissional. Os Códigos de Ética são documentos que norteiam a conduta, o
comportamento ético, direitos e deveres, de uma determinada categoria
profissional.
Conheça a legislação e as condições que devem ser observadas clicando a
seguir.

Devem ser observados, além dos Códigos de Ética


Profissional, as resoluções dos conselhos federais, bem
como leis específicas e outras normas que regulamentam
o trabalho dos profissionais de saúde.

Devem ser observadas leis e resoluções de outras


categorias profissionais que compõem o quadro de
auditores.

Os auditores devem ter grande competência técnica a


respeito do assunto que vão auditar, sempre aprofundando
e atualizando seus conhecimentos.

Para desenvolver suas atividades o auditor precisa ter


acesso às dependências da empresa ou do hospital
examinado, assim como aos documentos, instalações e
equipamentos necessários para executar suas atividades
corretamente.

Não pode ser negado a ele, sob nenhum pretexto, processo, documento ou
qualquer informação solicitada. Se isso ocorrer, o fato deverá ser comunicado
imediatamente, e preferencialmente por escrito ao dirigente da empresa ou
hospital auditado, registrando e solicitando as providências necessárias.

1.3 Tipos de auditoria


Podemos classificar os tipos de auditoria de várias formas, entre elas, em
auditoria de conformidade; operacional; e de gestão e de qualidade. Essas
classificações, além de didáticas, também são norteadoras do tipo de atividade
que será desenvolvida na empresa ou hospital, fazendo com que o seu
planejamento seja diferente em cada caso, servindo-se de recursos (tempo,
pessoal, material, etc.) e critérios (leis, regulamentos, indicadores, etc.)
diferentes para a obtenção de resultados diversos de acordo com a intenção
com que será executada a auditoria.
Vamos estudar as características de cada tipo de auditoria e suas potenciais
aplicações. Nosso foco será a auditoria de qualidade, que é muito importante
nas instituições hospitalares e de saúde.

1.3.1 Auditoria de conformidade


Este tipo de auditoria tem por objetivo determinar se um local, atividade, assunto
ou objeto está em conformidade, ou seja, está de acordo com as normas que
foram previamente estabelecidas como critérios.

VOCÊ SABIA?
Benchmarking é um termo que significa buscar os melhores resultados
em outras empresas concorrentes, mais fortes e líderes no mercado, com
atividades ou processos similares. Significa conhecer e estudar os
processos e resultados dos melhores na área para aprender, e seguindo
as melhores práticas, superar seus próprios resultados (CQH, 2009).

A auditoria de conformidade é realizada para avaliar se as atividades cumprem,


em todos os aspectos importantes, as normas que regem a entidade auditada.
Busca principalmente avaliar a legalidade, legitimidade e verificar se há erros ou
fraudes. É importante definir um critério válido a fim de servir como
comparativo.

1.3.2 Auditoria Operacional


Na auditoria operacional verifica-se se as atividades estão sendo executadas,
operacionalizadas de maneira correta, de acordo com os critérios estabelecidos.
Também é conhecida como auditoria de desempenho, de eficiência e ainda, por
alguns autores, como auditoria de gestão.
O foco desta auditoria é descobrir se os processos estão sendo bem executados
e se há possibilidade de melhorá-los. Pode-se dizer que é uma auditoria que visa
descobrir se a organização está funcionando bem e analisa desde sua estrutura
organizacional, custos, até a execução de suas rotinas. Esse tipo de auditoria é
muito utilizado pelos órgãos regulamentadores.

1.3.3 Auditoria de gestão


A auditoria de avaliação de gestão ou, simplesmente, auditoria de gestão tem
como foco o trabalho do gestor: a execução das atividades, os resultados
obtidos, a regularidade das contas e das prestações de contas, o adequado
cumprimento dos contratos e convênios firmados, enfim, analisa como a gestão
de determinado programa ou empresa está sendo realizada. Esse tipo de
auditoria é muito utilizado pelos contratantes e busca avaliar o desempenho da
instituição, sua eficiência e/ou eficácia.

1.3.4 Auditoria de qualidade


A auditoria de qualidade visa avaliar as ações previstas num sistema de
qualidade mediante um roteiro ou regulamento adotado. Neste ponto temos
muito a estudar. Vamos retornar a este assunto por se tratar de um tipo de
auditoria muito utilizado em hospitais e demais instituições de saúde, como
clínicas, ambulatórios, laboratórios etc.
VOCÊ SABIA?
O CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) é um
cadastro que dá visibilidade, a todos os interessados, sobre os
estabelecimentos de saúde do país, sejam públicos, privados,
conveniados, pessoa física ou jurídica, bem como sua capacidade
instalada (leitos, equipamentos, pessoal, estrutura, etc.) possibilitando o
planejamento de ações na área de saúde. Acesse o cadastro no link a
seguir!

Acesse (http://cnes.datasus.gov.br/)

Ora, inicialmente estudamos que o conceito de auditoria é um sistema que


busca fazer a revisão dos controles internos da organização para fornecer
informações à administração dessa empresa ou hospital sobre a sua eficiência e
eficácia. Então, auditoria de qualidade é uma investigação profunda sobre um
objeto ou assunto em todos os seus aspectos qualitativos.
Imagine o quanto isto pode ser complicado em um hospital... O hospital é um
tipo de organização das mais complexas que existem. Vamos entender a razão
clicando a seguir.

Profissionais

Vamos pensar no pessoal que atua nos hospitais: temos desde


profissionais altamente especializados até aqueles com a
mínima formação escolar. Temos aqueles que atuam em turnos
diferentes e que nunca se conhecerão. Cada categoria responde
a um conselho profissional próprio.

Materiais e medicamentos
Quanto aos materiais e medicamentos, temos os mais variados
tipos: injetáveis, líquidos, comprimidos. Insumos hospitalares,
materiais de escritório, materiais e peças de manutenção,
tecidos, descartáveis, gêneros alimentícios, materiais de
limpeza, impressos, instrumentos, utensílios, equipamentos,
etc., desde os mais simples até os mais caros e raros.

Legislação

E ainda há a legislação, que envolve normas contábeis,


tributárias, previdenciárias, trabalhistas, legislação municipal,
estadual e federal.

Procedimentos

Se pensarmos nos procedimentos que são realizados por um


hospital, temos incontáveis exames, cirurgias, consultas
especializadas, internações e diagnósticos possíveis.

Por fim, espera-se que que essa organização funcione bem e com qualidade,
pois isso pode significar a diferença entre a vida e a morte, a alegria ou o
sofrimento das pessoas.
VOCÊ O CONHECE?
Avedis Donabedian era médico e foi fundador do estudo da qualidade na
pesquisa de saúde. Ele ensinava que os aspectos técnicos, o
conhecimento e a tecnologia são muito importantes para os profissionais
da área da saúde, mas as relações interpessoais, a ética e a interação
com o paciente também são imprescindíveis à prestação de um serviço
com qualidade (D’INNOCENZO, 2006). Avedis Donabedian é considerado
o primeiro estudioso a se dedicar de forma sistemática à qualidade
hospitalar.

Apesar de bastante complexa, a avaliação da qualidade em saúde foi dividida


em três pilares por Avedis Donabedian (D’INNOCENZO, 2006): estrutura,
processo e resultado. Como estrutura, entendemos todas as instalações do
hospital, seus profissionais e materiais disponíveis, ou seja, os recursos
existentes para desenvolver as atividades. Em processo, são consignados todos
os métodos utilizados para o desenvolvimento das atividades. E, por fim,
resultado é a designação das consequências, dos efeitos obtidos com a
prestação dos serviços. Em uma auditoria de qualidade todos esses aspectos
são importantes.
Segundo Luongo (2011) a auditoria da qualidade hospitalar também passa pela
análise de variáveis gerenciais. Nos hospitais essas variáveis são medidas por
indicadores, também chamados de indicadores hospitalares ou indicadores de
saúde. Indicadores são números, critérios de medidas, que nos levam a
conclusões objetivas sobre programas ou serviços. Normalmente são dois
números relacionados entre si. Os indicadores são muito utilizados nas
auditorias de qualidade, nas auditorias realizadas pelos convênios (para
pagamento das contas hospitalares) e também pelos órgãos regulamentadores.
Principalmente, eles servem para nortear a gestão dos hospitais ou outras
instituições de saúde.

1.4 Auditoria hospitalar e na área da saúde


Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e com a expansão dos planos e
convênios de saúde no Brasil, a área de saúde passou a ser foco de
investimentos e, consequentemente de muitas averiguações, surgindo assim a
necessidade de auditá-la, primeiramente em suas contas e verbas e, em um
segundo momento, a auditoria voltou-se para a qualidade do atendimento
prestado, a assistência propriamente dita.
Percebemos, então, que o conceito de auditoria é o mesmo aplicado nas
empresas, no entanto, na área hospitalar, a qualidade é bastante focada. Ora,
sabemos que a existência ou não de qualidade na prestação de um serviço
médico hospitalar, diferentemente de outro tipo de empresa, pode significar a
diferença entre a vida e a morte das pessoas.
Vamos nos aprofundar nas auditorias internas, realizadas pelo próprio hospital,
pois são mais frequentes. Deixaremos em segundo plano a auditoria externa,
realizada por empresas independentes ou órgãos reguladores.
Mas, antes de estudarmos auditoria na área hospitalar e da saúde, cabe aqui
uma introdução sobre como funciona o Sistema Único de Saúde no Brasil.
Figura 5 - Muitas vezes, sob uma fachada simples, se esconde toda a complexidade dos hospitais
Fonte: rezachka, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma fachada de
hospital. Aparece parte da construção e o
letreiro em verde escrito "hospital".

Encontramos no portal do Ministério da Saúde (2018) que:


o Ministério da Saúde é o órgão
do Poder Executivo Federal
responsável pela organização e
elaboração de planos e
políticas públicas voltadas para
a promoção, a prevenção e a
assistência à saúde dos
brasileiros. É função do
Ministério dispor de condições
para a proteção e recuperação
da saúde da população,
reduzindo as enfermidades,
controlando as doenças
endêmicas e parasitárias e
melhorando a vigilância à
saúde, dando, assim, mais
qualidade de vida ao brasileiro.

A sua missão é definida como: “Promover a saúde da população mediante a


integração e a construção de parcerias com os órgãos federais, as unidades da
Federação, os municípios, a iniciativa privada e a sociedade, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida e para o exercício da cidadania".
É importante salientar que a área da saúde é composta por serviços públicos e
privados, cada um com suas características e particularidades, ambos
importantes na composição na composição do sistema.

1.4.1 SUS
O Sistema Único de Saúde é um dos maiores sistemas públicos de saúde do
mundo. Ele abrange desde uma simples consulta ou vacina até um tratamento
complexo, como o transplante de um órgão, com a finalidade de cumprir a
Constituição. As instituições privadas (que podem ser hospitais, clínicas,
laboratórios, profissionais, etc.) participam de forma complementar do SUS, e,
como se trata de serviço de relevância pública, também estão sujeitos à
regulação, normatização e controle do Estado. Para um auditor que trabalha na
área da saúde conhecer essa legislação é bastante importante.
Abaixo temos as portarias do Ministério da Saúde que consolidam toda a
legislação do SUS:
Quadro 3 - Consolidação das portarias do SUS
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado das portarias do SUS, 2018.

#PraCegoVer
No quadro, temos sete linhas e duas colunas. Na
primeira coluna, encontramos as portarias do
SUS. Já na segunda coluna, temos o título de
cada portaria, envolvendo Portaria de
consolidação n. 1, 28 de setembro de 2017 -
Consolidação das normas sobre os direitos e
deveres dos usuários da saúde, a organização e
o funcionamento do Sistema Único de Saúde,
Portaria de consolidação n. 2, de 28 de setembro
de 2017 - Consolidação das normas sobre as
políticas nacionais de saúde do Sistema Único
de Saúde, Portaria de consolidação n. 3, de 28 de
setembro de 2017 - Consolidação das normas
sobre as redes do Sistema Único de Saúde,
Portaria de consolidação n. 4, de 28 de setembro
de 2017 - Consolidação das normas sobre os
sistemas e os subsistemas do Sistema Único de
Saúde, Portaria de consolidação n. 5, de 28 de
setembro de 2017 - Consolidação das normas
sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde e Portaria de consolidação n. 6,
de 28 de setembro de 2017 - Consolidação das
normas sobre o financiamento e a transferência
dos recursos federais para as ações e os serviços
de saúde do Sistema Único de Saúde.

O capítulo dedicado à saúde na Constituição Federal, promulgada em outubro de


1988, aponta a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que “a
saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196 da Constituição Federal).
Por isso, a Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e
serviços de saúde. Ou seja, todos têm direito a usar o SUS. Também é prevista a
regionalização, hierarquização e descentralização do SUS, sendo que a sua
direção é única em cada esfera de governo, ou seja, na esfera municipal, na
estadual e na federal. A comunidade também participa do SUS por meio dos
Conselhos de Saúde.
Segundo informações colhidas no portal do Ministério da Saúde (2018), temos
alguns princípios basilares que você conhece clicando a seguir.

A saúde é um direito de todos, e cabe ao estado


Univer
assegurar este direito independentemente de
salizaç
sexo, raça, ocupação ou outras características
ão sociais.

Tem como objetivo diminuir as desigualdades.


Equidade significa que todos tem os mesmos
Equida direitos, mas o atendimento deve ser feito de
de acordo com as necessidades de cada um, que
são diferentes, portanto, é preciso investir mais
onde a carência é maior.

Integr
Considera as pessoas como um todo, atendendo
alidad
às suas necessidades.
e

Os três princípios: universalidade, integralidade e equidade da atenção à saúde,


constituem os pilares que sustentam o SUS.
Segundo o Ministério da Saúde, o SUS possui ainda três princípios organizativos,
listado a seguir.

Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser


organizados em níveis crescentes de complexidade, da
atenção básica até a alta complexidade, considerando
determinada área geográfica, planejados a partir de
critérios epidemiológicos (problemas de saúde), e com
definição e conhecimento da população.

Descentralização e Comando Único: descentralizar é


distribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de
governo- municipal, estadual e federal. A descentralização
tem por finalidade prestar serviços com qualidade e
garantir o controle e a fiscalização por parte dos
cidadãos.

Participação Popular: a sociedade participa nas questões


diárias do sistema, por meio dos Conselhos e das
Conferências de Saúde, que formulam estratégias,
controlam e avaliam a execução da política de saúde.
Figura 6 - O SUS e a participação popular
Fonte: Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de mãos
levantadas.

Segundo Salu (2013) uma parcela da população acredita que o SUS é um


sistema justo, mas insano. São milhares de pessoas que dependem dele (200
milhões). E ainda, entre os usuários destacam-se profissionais das mais
diversas áreas, desde aqueles que atuam nos hospitais, postos, ambulatórios,
clínicas, fábrica de medicamentos, vigilância, etc., bem como aqueles que se
relacionam com o sistema de outras formas, como os que operam com planos
de saúde, particulares e conveniados.
Depois de estudar um pouco sobre o SUS, seus princípios e organização,
podemos entender como a auditoria pode ser diferente, mas igualmente
importante, em hospitais que atendem ao SUS, hospitais que atendem convênios
e particulares, ou hospitais que atendem a ambos.

1.4.2 Auditoria no Sistema Único de Saúde - SUS


Segundo Santos et al (2012) a auditoria no SUS surgiu com a finalidade de
verificar o cumprimento dos princípios do SUS, que estudamos anteriormente. O
responsável pela auditoria dos serviços públicos de saúde é o SNA-Sistema
Nacional de Auditoria do SUS, na esfera municipal, estadual e federal, em cada
ente federado.
No conceito trazido pelo SNA (Sistema Nacional de Auditoria do SUS),

auditoria é um instrumento de
qualificação da gestão que visa
fortalecer o SUS, por meio de
recomendações e orientações
ao auditado, com vista à
garantia do acesso e à
qualidade da atenção à saúde
oferecida aos cidadãos. Essa
concepção altera a dialética da
produção/faturamento para a
lógica da atenção aos usuários,
em defesa da vida,
incorporando a preocupação
com o acompanhamento das
ações de saúde (políticas
públicas e seus determinantes
sociais) e análise de seus
resultados. (BRASIL, 2017)

Assista ao vídeo abaixo e aprenda mais sobre este tema.


Este conceito também traz o caráter educativo da auditoria, com a finalidade de
orientar e recomendar sugestões aos gestores, priorizando a atenção ao usuário.

1.4.3 Auditoria em serviços de saúde particulares e


conveniados
A auditoria hospitalar pode ser implantada tanto nos hospitais que atendem
através do Sistema Único de Saúde quanto nos particulares ou de planos de
saúde, assim como em clínicas, ambulatórios, laboratórios, etc. Os serviços
médico-hospitalares particulares e conveniados podem complementar o sistema
de saúde e, assim, também estão sujeitos a auditorias semelhantes às aqui
tratadas, com suas particularidades.
Mas, no primeiro caso, nos hospitais que atendem através do SUS, geralmente
se pretende avaliar se os procedimentos e programas estão sendo executados
de modo adequado e se os recursos têm uma destinação correta.
Já nos hospitais particulares e de convênios de saúde, o objetivo é que a
auditoria sirva como um indicador de qualidade e redução de custos. É uma
análise sistemática e periódica de todas as ações realizadas pelo hospital. As
auditorias nesses serviços podem ser focadas nas contas financeiras e nos
custos, bem como na qualidade dos serviços.
VOCÊ QUER LER?
Encontramos diversificado material sobre auditoria no SUS. São manuais,
cartilhas, protocolos, livros eletrônicos e etc., sobre auditoria, o SUS e
assuntos relacionados à área da saúde. Os materiais estão disponíveis
para download. Confira o conteúdo no site disponível no link a seguir!

Acesse (http://sna.saude.gov.br/publicacoes.cfm)

A equação qualidade/custos é uma importante fórmula da auditoria nos


serviços privados. Por isso, a auditoria nas contas faturadas é bastante realizada
nessas instituições de forma sistemática. Um conceito importante neste caso é
o da glosa. Trata-se da cobrança realizada que não coincide com os acordos e
regras firmadas entre o serviço contratado e a empresa contratante e que não é
paga. Quando há uma glosa nos serviços prestados pelos planos contratantes
elas ocasionam, na maioria das vezes, grande desequilíbrio aos prestadores de
serviços.
No entanto, a auditoria de qualidade também é muito importante e frequente
para garantir a qualidade dos serviços prestados, podendo servir até mesmo
como ferramenta de marketing junto ao público usuário daquele hospital.
ESTUDO DE CASO
Em geral, os hospitais ao buscarem qualidade, procuram seguir a
metodologia de um Programa de Qualidade já testado e consolidado na
área. Como exemplo, podemos citar o Hospital Sírio Libanês, que para
promover a melhoria contínua dos seus processos incorporou os padrões
abordados no Manual de Acreditação - Joint Commission
International (JCI) por meio das Metas Internacionais de Segurança do
Paciente.

Nestes padrões são abordados os seguintes temas:

identificação do paciente;

segurança de medicamentos;

prevenção e controle de infecção;​

queda; ​

Protocolo de Tromboembolismo Venoso;

Protocolo de Antibioticoprofilaxia no
Paciente Cirúrgico;

Protocolo de Sepse.

Uma visita ao endereço do hospital vai possibilitar o conhecimento de


maiores detalhes. Confira as informações no link a seguir!

Acesse (https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-
seguranca/Paginas/default.aspx)

A auditoria de qualidade é aplicada de acordo com o Programa de Qualidade que


o hospital está seguindo. Antes de sua execução, a auditoria deve ser planejada.
Devem ser analisados e definidos os recursos a serem utilizados, como pessoal,
materiais, técnicas a serem aplicadas, tempo a ser utilizado. É muito útil a
elaboração prévia de um roteiro a ser seguido no momento da execução da
auditoria.
Os profissionais que irão realizar a auditoria no hospital devem ter, além do
conhecimento generalista sobre auditoria, também o conhecimento detalhado
dos critérios que estão sendo seguidos no Programa de Qualidade adotado.
Devem ter habilidades e perfil que atendam às exigências da atividade. Só assim
estarão contribuindo para a melhoria daquela instituição, do melhor atendimento
de seus usuários e da melhoria do Sistema de Saúde como um todo.

CONCLUSÃO

Neste capítulo foram apresentados variados conceitos de auditoria, entre eles a


definição de que auditoria é um processo de trabalho planejado e metódico,
pautado em avaliações e finalizado com a comunicação de seus resultados.
Trata-se de um processo que deve ser documentado e padronizado. Também
estudamos as diferenças entre a auditoria interna e a auditoria externa. Por fim,
foi abordado o tema auditoria na área da saúde. Também foi feita uma
introdução ao funcionamento do SUS.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

entender o que é auditoria;

conhecer os diferentes tipos de auditoria;

diferenciar auditoria de fiscalização e avaliação;

conhecer as características de auditoria interna e externa;

aprender sobre a importância da auditoria de qualidade


nos hospitais.
Clique para baixar conteúdo deste tema.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
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Acesso em: 24 jul. 2021.

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Auditoria governamental. Conteudistas: NETO, A. A.de C.; FREITAS, C. A.
S.; AKUTSU, I. B. C.; AKUTSU, L. Coordenador: NETO, A. A. C. Brasília: TCU,
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https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/curso-de-auditoria-
governamental-FF8080816364D7980163E56ACC1C1909.htm
(https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/curso-de-auditoria-
governamental-FF8080816364D7980163E56ACC1C1909.htm). Acesso
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SISTEMA NACIONAL DE AUDITORIA. Publicações do Departamento


Nacional de Auditoria do SUS. Disponível em:
http://sna.saude.gov.br/publicacoes.cfm
(http://sna.saude.gov.br/publicacoes.cfm). Acesso em: 24 jul. 2021.

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