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1 DEFINIÇÃO

De acordo com Douglas (2006), pressão arterial (PA) é a resultante da


força em que o sangue exerce sobre as paredes arteriais, expressa por mmHg,
milímetros de mercúrio, que equivale a 1,36cm³ de H2O. Seu valor depende da
consistência sanguínea e o espaço livre para a passagem do sangue. A parede
interior das artérias possuem uma resistência natural que ficam rígidas por
questão de idade ou por fatores extrínsecos como a formação de placas de
ateroma. O que provoca um aumento da força exercida pelo sangue, o
aumento da PA.
Alterações de funções ou estruturas, parciais ou totais, de órgãos como
o coração, rins, encéfalo e vasos sanguíneos influenciam na PA. Se for
relacionada com outras doenças, como o Diabetes Melitus (DM), os valores da
PA podem ser ainda mais elevados (CARVALHO; FILHO; BASTOS, 2011).

Tabela 1 – Classificação da PA de acordo com seus valores


Classificação PAS mmHg PAD mmHg

Normal <120 <80

Limítrofe 121-139 81-89

Hipertensão estágio I 140-159 90-99

Hipertensão estágio II 160-179 100-109

Hipertensão estágio III >180 >110

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (2016).

Como pode ser observado, o estágio da hipertensão é avaliado de


acordo com o valor constatado durante as consultas ou visitas de enfermagem.
Define-se a HAS a persistência da pressão arterial sistólica (PAS) maior que
135mmHg e diastólica (PAD) maior que 85 mmHg, sendo um importante fator
de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. A PAS é
definida pela pressão exercida durante a sístole e quando o coração relaxa,
durante a diástole, e é preenchido novamente ocorre a PAD (GRAFF, 2003).
2 FATORES DE RISCO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) tem causas multifatoriais sendo


eles: modificáveis ou não modificáveis, exemplo peso e idade respectivamente.
É um dos principais fatores de risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, como exemplo o acidente vascular cerebral (AVC), infarto
agudo do miocárdio (IAM) e demais doenças, que são responsáveis pelas
principais causas de morte no Brasil e no mundo estando a frente até mesmo
dos acidentes automobilísticos e variedades de câncer (ZELLER et al, 2017).
No que diz respeito ao peso, o excesso de massa corporal é um fator
predisponente para a hipertensão, podendo ser responsável por até 30% dos
casos de hipertensão arterial. 75% dos homens e 65% das mulheres
apresentam hipertensão diretamente ligada ao sobrepeso e obesidade.
Excesso advindo à ingestão de sal e alimentos sem cálcio e potássio o que
podem contribuir para o risco da hipertensão. Apesar do ganho de peso estar
fortemente associado com o aumento da pressão arterial, nem todos os
indivíduos obesos tornam-se hipertensos (ANDRADE; FERNANDES, 2016).
Estudos mostraram que ganho de peso e aumento da circunferência da
cintura são cenários importantes, sugerem que gordura abdominal está
fortemente associada com os níveis de pressão arterial do que a adiposidade
total do corpo. E infelizmente, pessoas com nível de pressão arterial normal,
que ao passar do tempo apresentam caso de obesidade, têm maior incidência
de hipertensão.
Já em relação a idade, vários trabalhos a consideram um fator de risco
importante para o aparecimento da hipertensão arterial, devido a alterações no
coração e no tecido conjuntivo dos vasos, como consequência do processo de
envelhecimento, principalmente acima dos 50 anos, dessa forma reduzindo a
capacidade de funcionamento adequado.
De acordo com uma entrevista feita em 2018 pelo Sistema de Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, a parcela da
sociedade mais afetada é formada por idosos: 60,9% dos entrevistados com
idade acima de 65 anos disseram ser hipertensos, assim como 49,5% na faixa
etária de 55 a 64 anos (pesquisa foi realizada por telefone com 52.395
pessoas) (BRASIL, 2019).
Outros fatores de risco também influenciam na doença, tais como o uso
do sal. Povos que consomem dieta com reduzido conteúdo deste têm menor
prevalência de hipertensão e a pressão arterial não se eleva com a idade. Na
população brasileira, foi identificada maior ingestão de sal nos níveis
socioeconômicos mais baixos. Inclusive, o nível socioeconômico está
totalmente ligado, pois, quanto mais carente é uma sociedade, pior vai ser sua
alimentação, em relação a qualidade dos produtos. Logo, não existe educação
alimentar e grande parte da sociedade está vulnerável a doenças
cardiovasculares.
Indivíduos que não praticam qualquer tipo de atividade física apresentam
risco de 30% a mais de desenvolver hipertensão do que os ativos, devido ao
nível alto de colesterol. Atividades físicas aeróbicas podem reduzir a gordura
corporal e subsequente problemas cardiovasculares, fortes evidências de que a
atividade física diminua a pressão arterial, predizendo um envelhecimento
saudável (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Embora não esteja relacionado diretamente com a pressão arterial, o
tabagismo é um importante fator de risco. Os pacientes hipertensos, que
também são fumantes, têm risco de morte mais alto, pois, ele colabora para o
efeito contrário do tratamento de redução da “gordura ruim” (LDL), diminuindo o
“colesterol bom” (HDL). Nesse viés, o processo de limpeza do colesterol é
comprometido (ZELLER et al, 2017).
O excesso no consumo de álcool aumenta a pressão arterial e também
reduz os efeitos dos medicamentos. Umas pequenas parcelas dos hipertensos
têm hipertensão induzida pelo álcool, mas, o seu consumo pode dobrar a
probabilidade de se tornar hipertenso ao longo dos anos pelo consumo
excessivo.
3 PREVENÇÃO

Além dos cuidados mais básicos, é necessário que tenha uma extensão
educativa, onde uma campanha realizada pelos profissionais da saúde a cada
ano e em diferentes bairros carentes. Tal projeto deve abordar temas sobre a
educação alimentar, a importância de ir procurar ajuda profissional, fatores de
risco da Hipertensão Arterial e ter atividades mais dinâmicas, sempre
procurando facilitar o entendimento de todos. O conhecimento é sempre o
melhor caminho para a prevenção.
Um bom hábito alimentar favorece a saúde e ajuda a prevenir doenças
cardiovasculares. A dieta deve ser rica em nutrientes, como: frutas, vegetais,
proteínas, cereais e entre outros. Contrapartida, alimentos com pouco açúcar e
gordura. Ademais, evitar temperos e comidas industrializadas, pois, eles
possuem muito sal e podem aumentar a pressão arterial.
O exercício físico deve ser um hábito, pelo menos três vezes na semana
é importante realizar alguma atividade. Não é necessário sair de casa ou gastar
com mensalidade, pode ser feito dentro da residência e exercícios simples com
baixa duração, 20 minutos diários podem mudar uma vida.
A ingestão de pouco álcool e tabaco, grande parte da sociedade convive
com algum vicio, esses dois em especial devem ser diminuídos pelo menos
aos pacientes que são predispostos a hipertensão. Ajuda de ONGs
direcionadas ao vício, podem amparar tais indivíduos.
4 CARDIOPATIAS HIPERTENSIVAS

A cardiopatia hipertensiva é uma consequência da hipertensão. Não


pode ser definida apenas pela elevação da PA, deve ser considerada a lesão
simultânea de órgãos objetivos como rins, retina, cérebro, coração e artérias
periféricas. Em alguns casos, somente o coração pode ser afetado pela
hipertensão, e em outros, um ou mais órgãos objetivos afetados sem o
coração, sendo neste caso uma complicação da hipertensão não tratada
(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2016).
Pode-se dizer que a cardiopatia hipertensiva tem seu quadro confirmado
apenas em situações que a problemática de elevação na pressão arterial se
torna algo que afeta outros órgãos do sistema, dessa forma ratificando que ela
seja uma patologia de grande risco, gravidade e altos índices de mortalidade
(ALVES, 2018).

4.1 HIPERTROFIA DO VENTRÍCULO ESQUERDO E INSUFICIÊNCIA


CARDÍACA
A hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) está diretamente relacionada
a hipertensão arterial e subsequentemente a insuficiência cardíaca (IC). Sendo
definida pela alteração da estrutura cardíaca que envolve o aumento do
miocárdio, alterando assim o volume da cavidade ventricular, a espessura das
artérias coronárias e a funcionalidade do cálcio, dessa forma interferindo
diretamente no volume final sistólico e diastólico (SOUZA, FRANCHINI,
JUNIOR, 2018).

Figura 1 – Anatomia da insuficiência cardíaca


Fonte: ALVES (2018).

Como pode ser observado na figura acima a maneira a hipertrofia


ventricular interfere na movimentação cardíaca diminuindo o espaço na
cavidade intraventricular, de forma a ser comparada com uma calcificação
tecidual gerando uma situação de hipocinesia. Sendo assim, o coração não
possui contraturas suficientes para bombear o sangue corretamente para suprir
as necessidades do corpo (ALVES, 2018).
A IC é conceituada como sistólica ou diastólica, relacionada, ou não,
com o rebaixamento da fração de ejeção, onde o valor pode ser avaliado pelo
ecocardiograma. Sendo a diastólica a mais comum, por estar vinculada
diretamente com o padrão geométrico da massa do ventrículo esquerdo (VE)
(SOUZA, FRANCHINI, JUNIOR, 2018).

4.2 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO


De acordo com Lima et al (2016), a HAS é considerada como o maior fator
de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, entre elas o
acidente vascular encefálico (AVE) ou acidente vascular cerebral (AVC)
podendo ser ele isquêmico ou hemorrágico. Obtendo a terceira causa de morte
por doença cardiovascular e sendo o maior índice de incapacitação total ou
parcial dos acometidos.
O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEI) é definido pela hipóxia
que pode ser causada por um embolo ou por trombo que se instala na artéria
obstruindo a irrigação sanguínea cerebral. Seus sinais são clássicos:
hemiparesia ou hemiparestesia de MMSS e MMII, desvio de rima labial,
cefaleia, alteração de fala e visão e desequilíbrio que pode levar a queda
(COSTA et al, 2014).

Figura 2 – Demonstração de AVEI e AVEH

Fonte: Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (2017).

Conforme notado na imagem acima, o acidente vascular encefálico


hemorrágico (AVEH) ocorre também a hipóxia cerebral, por extravasamento
sanguíneo por motivos de aneurisma ou rompimento das artérias, muitas vezes
pela elevação da pressão intracraniana. Seus sinais e sintomas são como os
do AVEI tendo como principais diferenciações a anisocoria das pupilas e a
perca de consciência, o que indica lesão cerebral grave (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DOENÇAS CEREBROVASCULARES, 2017).
Além dos sinais e sintomas clássicos o AVEI e o AVEH podem ser
diagnosticados por exame de tomografia computadorizada e cateterismo
cerebral.
4.3 DOENÇA RENAL
Por serem associadas a doença renal e a HAS uma condição pode
afetar a outra. Quando não tratada adequadamente, a hipertensão
sobrecarrega a filtração glomerular renal, o que determina o agravo da doença,
acelerando o quadro de insuficiência renal (IR) para o estado crônico. Assim
como o mau funcionamento renal elevam os valores pressóricos
(BORTOLOTTO, 2018).
Pode ser definida como doença renal crônica a danificação determinada
pela alteração estrutural ou funcional dos rins tendo a diminuição, ou não, da
taxa de filtração glomerular. Em maioria dos pacientes hipertensos de grau IV e
V a taxa de mortalidade cardiovascular está proporcionalmente associada ao
grau do estágio da doença renal crônica (SCHMITZ, 2014).

O Sistema Renina Angiotensina (SRA) tem vários


componentes que interagem entre si, com o objetivo de manter
o balanço hidroeletrolítico, de controlar a pressão sanguínea e
arterial, assim como alguns processos metabólicos,
crescimento e proliferação celular. A influência deste sistema
nestes últimos processos foi descoberta recentemente. A
ativação excessiva pode conduzir a problemas cardíacos,
como hipertensão, enfartes ou arritmias, assim como a
problemas renais ou metabólicos, como desenvolvimento de
Diabetes Mellitus (PEREIRA, 2014, p. 17).

Figura 3 – Sistema de equilíbrio renal.

Fonte: Zeller et al (2017).


Como notado na figura acima, sendo evidente que o controle fisiológico
da pressão arterial está principalmente relacionado com o sistema renal,
durante a retenção de sódio que aumenta a PA e a excreção de potássio que
diminui o valor da mesma. O que segundo Zeller et al, 2017,
consequentemente, quando este não está em perfeito funcionamento
desencadeia uma cascata com problemáticas minuciosas que afetam o valor
pressórico, entretanto mantendo os cuidados básicos, necessários é possível
manter este sistema em equilíbrio.
5 REFERENCIAS
ALVES, Caion. Os perigos da insuficiência cardíaca congestiva. OPAS,
2018. Disponível em: <https://www.opas.org.br/os–perigos-da-insuficiencia-
cardiaca-congestiva/ > (Acessado em 24 de setembro às 10:23min

ANDRADE, Roberta Coimbra Velez de; FERNANDES, Rita de Cássia Pereira.


Hipertensão arterial e trabalho: fatores de risco. Revista Brasileira de
Medicina do Trabalho, ed. 14, n. 3, p. 61-252, 2016. Disponível em <
https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v14n3a11.pdf> (Acessado em 11
de setembro às 17:01).

BRASIL, Ministério da Saúde. Hipertensão é diagnosticada em 24,7% da


população, segundo a pesquisa Vigitel. 2019. Disponível em <
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45446-no-brasil-388-pessoas-
morrem-por-dia-por-hipertensao> (Acessado em 11 de setembro às 17:45)

BORTOLOTTO, Luiz Aparecido. Hipertensão arterial e insuficiência renal.


Revista Brasileira de Hipertensão, v. 15, n. 03, p. 152-155, São Paulo,2018.
Disponível em < http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/15-3/09-
hipertensao.pdf > (Acessado em 23 de setembro às 17:25min).

PEREIRA, Simão Pedro Torres. Sistema Renina Angiotensina, para além da


Hipertensão Arterial. Universidade Fernando Pessoa, Porto, 59 p.,2014.
Disponível em:< https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4407/1/PPG_20925.pdf
>(Acessado em 24 de setembro às 11:40min).

SCHIMITZ, Paul G. RINS: Uma abordagem integrada à doença. Porto Alegre:


Editora AMGH, 2014.

Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC. II Diretriz Brasileira de Cardiopatia


Grave. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, n. 02, São Paulo, 2016.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
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SOUZA, José Roberto Matos; FRANCHINI, Kleber Gomes; JUNIOR, Wilson


Nadruz. Hipertrofia ventricular esquerda: o caminho para a insuficiência
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