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INTRODUÇÃO

Hipertensão arterial é uma doença crónica em que a pressão sanguínea


nas artérias se encontra constan temente elevada. A doença geralmente
não causa sintomas. No entanto, a longo prazo é um dos principais fatores de
risco para uma série de doenças graves como a doença arterial coronária,
acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica,
incapacidade visual, doença renal crónica e demência.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Existem muitas pessoas que associam erradamente a palavra


hipertensão à tensão excessiva, nervosismo ou stress. No entanto, em termos
médicos, hipertensão refere-se à pressão arterial persistentemente alta,
independentemente da causa.

É a elevação da pressão arterial acima dos valores considerados normais.


Ocorre quando há uma pressão excessiva do sangue na parede das artérias
durante a sua circulação. Pode aumentar em alguns momentos, devido a
esforços físicos ou emocionais, e é natural que, após essas situações, os seus
valores voltem aos níveis normais. Esta patologia só é grave e causa
problemas de saúde quando permanece elevada ao longo de meses, ou
quando aumenta subitamente.

O que é a pressão arterial?

A pressão arterial é a pressão que o sangue exerce sobre as paredes das


artérias. Vamos fazer uma analogia: imaginem uma mangueira toda vazia e
murcha. Conforme abrimos a água, a pressão dentro da mangueira eleva-se e
as suas paredes distendem-se. Como a mangueira é um sistema aberto, por
mais que a gente abra a torneira, o fato da água sair por uma das extremidades
impede que a pressão sob a parede da mangueira fique muito elevada.

No corpo humano, porém, o sistema circulatório é um sistema fechado, se


a pressão dentro dos vasos for se elevando, o sangue não tem para onde ir, e
a única coisa que o organismo pode fazer é distender os vasos sanguíneos de
forma a comportar o volume sanguíneo circulante.

Teoricamente, os vasos sanguíneos são autorreguláveis, ou seja, eles se


dilatam ou se comprimem de acordo com o volume de sangue circulante, de
forma a manter a pressão arterial mais ou menos constante. Se o volume de
sangue diminui um pouco, os vasos se comprimem (vasoconstrição); se o
volume de sangue aumenta um pouco, os vasos dilatam-se (vasodilatação). É
lógico que existe um limite, se o volume de sangue diminui muito ou aumenta
de forma excessiva, por mais que as artérias se comprimam ou se expandam,
elas não vão conseguir manter a pressão arterial em um nível adequado.
Portanto, consegue-se entender que uma das causas da hipertensão
arterial é um aumento excessivo do volume de sangue dentro dos vasos
sanguíneos. Esse excesso costuma ocorrer quando o organismo retém muito
sal e água. Porém, a maioria dos pacientes hipertensos não têm excesso de
líquidos no organismo, pelo menos não o suficiente para ultrapassar a
capacidade de dilatação dos vasos. O que ocorre é uma falha na capacidade
de autorregulação. As artérias ficam sempre mais comprimidas que o
necessário para a pressão arterial ficar normal.

A origem da perda da capacidade de autorregular a pressão arterial, que


dá origem à hipertensão, é um processo complexo e ainda não bem
esclarecido. Ele envolve fatores genéticos, quantidade de sal (sódio) no
organismo, capacidade dos rins de lidarem com o volume de água corporal,
produção de hormônios que agem diretamente sobre a parede dos vasos
sanguíneos e a própria saúde das artérias, que precisam estar capazes de se
contrair e dilatar adequadamente.

Quanto menor for a capacidade dos vasos se autorregularem conforme o


volume de sangue presente, maior é o risco do paciente desenvolver
hipertensão arterial. Os casos mais graves costumam ser aqueles no qual o
paciente tem um real excesso de volume e seus vasos são incapazes de dilatar
para comportar o aumento da pressão sobre suas paredes.

É importante saber que a tensão tem tendência a subir com a idade.


Contudo, a hipertensão não deve ser considerada normal nos idosos.

A hipertensão arterial pode ser classificada como primária ou secundária.


Cerca de 90 – 95% dos casos são primários, tendo origem em fatores não
específicos genéticos e de estilo de vida. Entre os fatores relacionados com o
estilo de vida que aumentam o risco de hipertensão estão o excesso de sal na
dieta, excesso de peso, tabagismo e consumo de álcool.] Os restantes 5 – 10%
dos casos são secundários, uma vez que têm origem em causas identificáveis,
como doença renal crónica, estenose da artéria renal, doenças endócrinas ou
uso de pílula contracetiva.

A pressão arterial é expressa em duas medidas: a pressão sistólica e


pressão diastólica. A pressão sistólica é a pressão máxima, enquanto a
diastólica é a pressão mínima. Na maior parte dos adultos, a pressão arterial
normal em repouso sistólica é de 120 a 140 milímetros de mercúrio (mmHg) e a
diastólica de 75 a 85 mmHg. Para a maior parte dos adultos, considera-se que
a pessoa tem hipertensão arterial quando a pressão arterial em repouso é
consistentemente superior a 140/90 mmHg. Em crianças e idosos, os valores
de referência são diferentes. A monitorização em ambulatório ao longo de 24
horas oferece uma medição mais rigorosa do que os medidores portáteis.

As alterações no estilo de vida e a medicação permitem diminuir a


pressão arterial e o risco de complicações. Entre as alterações no estilo de vida
estão perder peso, diminuir o consumo de sal, praticar exercício físico e manter
uma dieta saudável. Quando as alterações no estilo de vida não são suficientes
podem ser administrados medicamentos anti-hipertensivos. Existem três
medicamentos que permitem controlar a pressão arterial em 90% das pessoas.
O tratamento de pressão arterial de grau II (≥160/100 mmHg) com medicação
está associado a um aumento da esperança de vida. O tratamento da pressão
arterial entre 145/90 e 160/100 mmHg é menos claro, dado que algumas
revisões da literatura observam benefícios enquanto outras não observam
benefícios claros. A hipertensão arterial afeta entre 16 e 37% de toda a
população mundial. Estima-se que em 2010 a hipertensão tenha sido um fator
em 18% de todas as mortes (9,4 milhões em todo o mundo).

O que são a pressão arterial sistólica e diastólica?

Para que possamos entender o que é uma pressão arterial normal,


precisamos antes compreender a forma como descrevemos os valores da
pressão. Por exemplo, você sabe o que significa dizer que um paciente tem
pressão arterial de 120/80 mmHg?

O coração bombeia o sangue através dos seus batimentos. Quando o


coração se contrai, ele expulsa o sangue do seu interior em direção aos vasos.
Quando ele relaxa, volta-se a encher de sangue. Essa alternância de contração
e relaxamento ocorre, em média, de 60 a 100 vezes por minuto. O coração
enche e esvazia, enche e esvazia… A pressão sob as paredes das artérias é
pulsátil, ou seja, aumenta na fase de contração do coração e diminui na fase de
relaxamento.
A contração do músculo cardíaco é chamada de sístole. Portanto, a
pressão sistólica é aquela que ocorre durante a sístole. O relaxamento do
músculo cardíaco é chamado de diástole, logo, pressão diastólica é aquela que
ocorre durante a diástole. A pressão arterial atinge o seu maior valor durante a
sístole e o menor durante a diástole. Por isso, elas também são chamadas de
pressão máxima e pressão mínima.

A aferição da pressão arterial é descrita sob a unidade milímetros de


mercúrio (mmHg). Logo, se o paciente tem uma pressão arterial de 120/90
mmHg, isso significa que a pressão máxima sobre a parede da artéria, que
ocorre durante a sístole, é de 120 mmHg e a pressão mínima, que ocorre
durante a diástole, é de 80 mmHg.

O público leigo costuma chamar de 12/8 (12 por 8), mas, na verdade, a
forma correta é 120/80 (120 por 80), pois este é o valor da pressão em
milímetros de mercúrio.

Valores normais da pressão

As nossas artérias foram programadas para trabalhar dentro de certos


valores de pressão. Quando as artérias são submetidas de forma prologada a
níveis pressóricos muito elevados, o excesso de tensão sobre suas paredes
começa a provocar graves lesões.

Pequenas fissuras na parede podem surgir, facilitando o rompimento de


pequenos vasos e a formação de placas de cálcio nas artérias de maior calibre.
Essas placas, além de diminuírem a própria elasticidade da artéria, também
reduzem o calibre interno favorecendo a oclusão da circulação por trombos,
evento chamado de trombose.

Além das lesões nos vasos sanguíneos, a pressão arterial excessiva


também aumenta o trabalho do coração, que precisa bombear o sangue contra
uma resistência maior. Após anos de trabalho excessivo, o coração começa a
dilatar, levando à insuficiência cardíaca.

A pressão arterial normal é, portanto, aquela na qual as artérias não ficam


sob estresse e o coração não fica sobrecarregado. Atualmente, os níveis de
pressão arterial para adultos, idosos e adolescentes são divididos da seguinte
forma:
 PRESSÃO ARTERIAL NORMAL – pacientes com pressão sistólica
menor que 120 mmHg e pressão diastólica menor que 80 mmHg.
 PRÉ-HIPERTENSÃO – pacientes com pressão sistólica entre 120 e 129
mmHg ou pressão diastólica menor que 80 mmHg.
 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1 – pacientes com pressão sistólica entre
130 e 139 mmHg ou pressão diastólica entre 80 e 89 mmHg.
 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2 – pacientes com pressão sistólica acima de
140 mmHg ou pressão diastólica acima de 90 mmHg.
 CRISE HIPERTENSIVA – pacientes com pressão sistólica acima de 180
mmHg ou pressão diastólica acima de 110 mmHg.

Os valores descritos acima são usados para diagnosticar e classificar a


hipertensão, porém, eles não servem como alvo para o tratamento. Nos
pacientes hipertensos em uso de medicamentos, os valores que desejamos
alcançar são:

 Adolescentes e adultos: a pressão arterial deve ficar abaixo de 140/90


mmHg.
 Adultos que tenham diabetes e/ou doença renal crônica: a pressão
arterial deve ficar abaixo de 130/80 mmHg.

Valores normais nas crianças

A definição de hipertensão nas crianças é mais complexa, pois depende


do percentil de altura em que ela se encontra. Por exemplo, uma criança de 5
anos que esteja no percentil 10 de altura é considerada hipertensa se tiver
valores persistentemente acima de 109/70 mmHg. Já uma criança, também de
5 anos, mas no percentil 90 de altura precisa ter valores frequentemente acima
de 115/74 mmHg para ser diagnosticada com hipertensão.

Existem tabelas com os valores de pressão arterial aceitáveis de acordo


com a idade e com os percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90 e 95 de altura. São
dezenas de valores possíveis, por isso, ninguém os sabe de cor. Depois de
aferir a pressão da criança, é preciso definir em que percentil de altura ela está
para poder, através da tabela, interpretar os seus níveis de pressão arterial.
Pressão arterial normal nas grávidas

Os valores da pressão arterial nas grávidas devem ser os mesmos que


nos adultos em geral. Portanto, o normal para uma gestante é ter uma pressão
menor que 140/90 mmHg.

Porém, apesar dos valores de referência da pressão arterial serem os


mesmos, a indicação para começar tratamento com medicamentos é diferente,
pois não há benefícios claros com o controle muito rigoroso da pressão nas
grávidas, e ainda há o risco de efeitos colaterais para o feto.

Na grávida existem três tipos de hipertensão:

1. Hipertensão de início durante a gravidez.


2. Hipertensão crônica, já preexistente antes da gravidez.
3. Pré-eclâmpsia / eclâmpsia.

Se a hipertensão é de início recente, ou seja, não existia antes e


apareceu durante a gravidez, a maioria dos médicos opta por não indicar
tratamento com medicamentos, a não ser que os valores fiquem acima de 160
mmHg de pressão sistólica ou 110 mmHg de pressão diastólica. Se a após 12
semanas do parto a hipertensão ainda estiver presente, aí sim o tratamento
com medicamentos deve ser considerado para mulheres com pressão arterial
acima de 140/90 mmHg.

Se a paciente já era hipertensa antes de ficar grávida, ela deve continuar


o tratamento da hipertensão, tendo cuidado apenas para não usar drogas que
possam fazer mal ao feto. Todavia, se a paciente durante a gestação tiver
níveis pressóricos abaixo de 120/80 mmHg, os medicamentos podem ser
reduzidos ou suspensos, contanto que, com isso, os valores da pressão não
ultrapassem os 150/100 mmHg.

Sinais e sintomas

A hipertensão raramente é acompanhada de outros sinais ou sintomas, e


o seu diagnóstico usualmente acontece depois de um rastreio ou durante uma
consulta médica por outros problemas. Uma parte significativa de hipertensos
revela sofrer de dores de cabeça sobretudo na occipital (parte posterior da
cabeça) e durante a manhã, assim como vertigens, zumbidos, distúrbios na
visão ou mesmo episódios de desmaio.

Durante um exame físico, pode-se suspeitar de hipertensão caso se


verifique retinopatia hipertensiva durante a observação do fundo do globo
ocular através da oftalmoscopia. Normalmente, o grau de severidade da
retinopatia hipertensiva é classificado numa escala de I a IV, embora possa ser
difícil distinguir os graus intermédios entre si. O exame oftalmoscópico pode
também indicar se um paciente sofre de hipertensão recente ou de longa data.

Outros sinais e sintomas podem sugerir a presença de hipertensão


secundária, isto é, a hipertensão cuja causa possa ser identificada, como no
caso de doenças renais ou endócrinas.

Fatores de risco da pressão alta

A pressão alta é multifatorial e, em 90% dos casos, é uma doença


herdada dos pais. A minoria pode estar relacionada a distúrbios na tireoide ou
na glândula suprarrenal. Outros fatores que podem fazer a pressão subir são
os seguintes:

 Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;


 Sobrepeso ou obesidade;
 Idade avançada;
 Ingestão excessiva de sal;
 Sedentarismo;

Principais sintomas da hipertensão

Em muitos indivíduos hipertensos, a doença é assintomática. Quando a


hipertensão se manifesta, podem ocorrer sintomas incômodos como dores no
peito, tontura, dor de cabeça, visão turva, zumbido no ouvido, formigamento
nos membros e dificuldade de respirar.

Prevenção e tratamento da hipertensão?

A melhor dica para evitar a hipertensão é adotar hábitos saudáveis, como


se alimentar de maneira saudável, abandonar o alcoolismo e tabagismo,
manter o peso ideal, não abusar do sal e praticar exercícios físicos
regularmente.

Se mesmo adotando esses cuidados, você não conseguir se livrar da


doença e for diagnosticado com pressão alta, fique tranquilo. O problema tem
tratamento e a hipertensão pode ser controlada. O médico indicará o melhor
tratamento, que pode incluir uma dieta especial, mudança no estilo de vida e
prescrição de medicamentos.

Estão disponíveis várias classes de fármacos para o tratamento da


hipertensão, referidos em conjunto como anti-hipertensivos. A prescrição deve
considerar sempre o risco cardiovascular do paciente (incluindo o risco de
enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral) e os valores de pressão
arterial medidos, de forma a obter um perfil cardiovascular preciso do paciente.
Caso seja dado início ao tratamento com medicamentos, recomenda-se que o
médico não só monitorize a resposta do paciente à medicação, como
identifique os efeitos secundários que possam vir a ocorrer. As orientações
para a seleção de fármacos e a determinação da melhor forma de tratar vários
subgrupos têm mudado ao longo dos anos e entre os próprios países. O
melhor fármaco de primeira linha é ainda controverso. As orientações da
Colaboração Cochrane, da Organização Mundial de Saúde, as Guideline
americanas, as do Reino Unido, as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão,
variam muito sobre qual o medicamento de primeira linha a usar no tratamento
da hipertensão, mas são unânimes na utilização dos inibidores da enzima de
conversão da angiotensina (IECAs) e/ou dos antagonistas dos receptores da
angiotensina II (ARAs). No Japão e no Canadá é aceitável começar o
tratamento com qualquer uma das seis classes de medicamentos, Bloqueador
dos canais de cálcio, diuréticos, bloqueadores beta e bloqueadores alfa, se
bem que no Canadá os bloqueadores alfa estão excluídos. Vemos assim que
as opiniões divergem muito e o médico assistente do paciente ou o
cardiologista deverá avaliar cada caso de modo a decidir qual a melhor
terapêutica para o seu paciente.

Os antagonistas dos receptores da angiotensina IIs, provaram ser


excelentes medicamentos para um controlo inicial da hipertensão arterial e são
muito eficazes quando associados aos IECAs, em muitas das hipertensões até
então consideradas resistentes, em casos de insuficiência renal ou cardíaca.
Os bloqueadores do cálcio provocam com muita frequência edemas dos
membros inferiores que podem chegar ao estádio de eritromelalgia e são
pouco aconselháveis nos idosos cuja mobilidade está diminuída e no adulto
jovem em presença de insuficiência venosa dos membros inferiores. Os
diuréticos têm um papel predominante assim como os beta-bloqueantes.

Recentemente, os inibidores diretos da renina, dos quais o alisquireno é o


único disponível, são promissores, podem ser úteis quando outros
bloqueadores falharam, porém estão ainda em fase experimental, não se
conhecendo as suas contraindicações nem os eventuais efeitos secundários.
Estão obviamente contraindicados na gravidez e não se conhecendo os efeitos
colaterais também não se pode conhecer as interações medicamentosas. Há
estudos que demonstram a potencialização do efeito quando administrados
conjuntamente com os diuréticos, os IECAs e os antagonistas dos receptores
da angiotensina IIs porém é ainda muito cedo para tirar conclusões e usá-los
na clínica diária, sobretudo em pacientes com outras patologias tomando
medicação diferente da anti-hipertensiva.
CONCLUSÃO

A pressão, arterial por ser uma doença crônica qua afeta os níveis de
pressão sanguínea, ela deve receber a maior atenção tanto nos profissionais
de saúde, como nos doentes. Ela afeta uma parte significativa no ser humano .

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