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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 4

2 A ANATOMIA DO CORAÇÃO ..................................................................... 5

2.1 Estruturas cardíacas ........................................................................... 11

2.2 Sangue e vasos sanguíneos ............................................................... 11

2.3 Coração .............................................................................................. 12

2.4 Valvas cardíacas e semilunares.......................................................... 16

3 ARRITMIAS CARDÍACAS ......................................................................... 19

3.1 Fisiopatologia ...................................................................................... 20

3.2 Taquiarritmias ..................................................................................... 20

3.3 Bradiarritmias ...................................................................................... 25

4 ATIVIDADE ELÉTRICA DO CORAÇÃO .................................................... 27

5 ELETROCARDIOGRAMA ......................................................................... 33

6 FUNÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ....................... 36

7 PARADA CARDIOPULMONAR ................................................................. 39

7.1 Diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar........................................ 42

7.2 Ventilação ........................................................................................... 43

7.3 1. Abertura das Vias Aéreas ............................................................... 44

7.4 Realização de Ventilações .................................................................. 45

7.5 Ventilação com a Máscara de Bolso: a Pocket Mask.......................... 46

7.6 Ventilação com Bolsa-Válvula-Máscara .............................................. 46

7.7 Ventilação com Via Aérea Avançada .................................................. 47

7.8 Ventilação em Vítima em Parada Respiratória.................................... 48

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7.9 Terapias elétricas ................................................................................ 48

7.10 Vias para administração de medicamento .......................................... 49

7.11 Medicações usadas no tratamento da PCR ........................................ 50

7.12 Vasopressores .................................................................................... 50

7.13 Antiarrítmicos ...................................................................................... 51

7.14 Reposição volêmica ............................................................................ 52

7.15 Intervenções do enfermeiro ................................................................ 53

8 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo
hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe
convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida
e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 A ANATOMIA DO CORAÇÃO

O coração é uma bomba muscular que produz a força necessária para o sangue
circular. Segundo VanPutte, Regan e Russo (2016), as funções do coração são as
seguintes:
1. Gerar pressão arterial: os movimentos de contração e relaxamento do
coração geram pressão, que possibilita ao sangue circular;
2. Garantir o fluxo unidirecional: as valvas cardíacas se abrem para a
passagem do sangue e se fecham para impedir o seu refluxo; assim, o sangue segue
em apenas uma direção (fluxo unidirecional);
3. Regular o fornecimento de sangue: a frequência com que ocorrem as
contrações cardíacas aumenta conforme a demanda dos tecidos e também depende do
estado em que a pessoa se encontra — em repouso ou realizando exercícios — e das
mudanças de posição do corpo (deitado, em pé ou sentado).

O coração é um órgão com o tamanho aproximado de um punho fechado e a


forma de um cone arredondado. Localiza-se entre os dois pulmões, dentro da cavidade
torácica, na região conhecida como mediastino. A sua base é voltada para a região
posterior e para cima, e o ápice, para a região anterior, inferior e para a esquerda.
(TORTORA E DERRICKSON 2017).

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Externamente, o coração é recoberto pelo pericárdio, uma membrana dupla
composta pelo pericárdio fibroso e pelo pericárdio seroso, o pericárdio fibroso tem a
função de manter o coração no lugar, já a função do pericárdio seroso é reduzir o atrito
do coração com as estruturas adjacentes durante os batimentos cardíacos, o pericárdio
seroso é composto por duas lâminas e um pequeno espaço entre elas, a cavidade
pericárdica, preenchida com o líquido pericárdico, a lâmina parietal é aquela que faz
limite com o pericárdio fibroso, e a lâmina visceral faz limite com a parede do coração.
(TORTORA E DERRICKSON 2017).

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Segundo VanPutte, Regan e Russo (2016) a parede do coração tem três camadas:

 O epicárdio é a camada externa e protege contra o atrito;


 O miocárdio é uma camada de músculo liso e faz a contração (batimentos
cardíacos); e
 O endocárdio é uma camada fina que recobre toda a parte interna do coração
e protege o miocárdio do atrito com o sangue.

A parte interna do coração é constituída por quatro compartimentos (câmaras),


sendo dois átrios e dois ventrículos, os átrios são as câmaras superiores do coração, e
os ventrículos, as inferiores, cada átrio se comunica com um ventrículo localizado do
mesmo lado do coração, direito ou esquerdo, essa comunicação é realizada pela
abertura de estruturas chamadas de valvas atrioventriculares (valvas AV), os ventrículos
não se comunicam: eles são separados pelo septo interventricular. De igual modo, os
átrios também não se comunicam, pois são separados pelo septo interatrial. (TORTORA
E DERRICKSON 2017).
No átrio direito chegam as veias cavas inferior e superior e o seio coronário,
trazendo o sangue venoso (rico em gás carbônico) da circulação sistêmica. No átrio
esquerdo chegam as quatro veias pulmonares, trazendo o sangue oxigenado (sangue
arterial) da circulação pulmonar, do ventrículo direito sai o tronco pulmonar que leva o
sangue venoso para o pulmão, e do ventrículo esquerdo sai a artéria aorta, que distribui
o sangue arterial para as coronárias do coração e para os tecidos de todo o corpo.
(TORTORA E DERRICKSON 2017).

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O ciclo cardíaco envolve todos as etapas para a ocorrência de um batimento
cardíaco. Em um ciclo cardíaco normal, ocorre a contração dos dois átrios (sístole atrial)
enquanto os dois ventrículos relaxam (diástole ventricular), e, a seguir, os dois átrios
relaxam (diástole atrial), enquanto ocorre a contração dos ventrículos (sístole
ventricular). (TORTORA E DERRICKSON 2017).

 A fase de contração é chamada de sístole.


 A fase de relaxamento é chamada de diástole.

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 O ciclo cardíaco é composto pela sístole e pela diástole das câmaras cardíacas,
promovendo o bombeamento do sangue e, assim, a circulação. (DERRICKSON
2017).

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No primeiro momento, todas as câmaras estão relaxadas. No segundo
momento, ocorre a sístole dos átrios, levando ao enchimento dos ventrículos. O sangue
flui pelas valvas atrioventriculares que estão abertas. No terceiro momento, os átrios
relaxam e as valvas AV se fecham para impedir o retorno do sangue. Ocorre, então, a
sístole dos ventrículos, ejetando o sangue para fora do coração. Nesse momento, as
válvulas semilunares da artéria aorta e do tronco pulmonar estão abertas para permitir a
passagem do sangue. (TORTORA E DERRICKSON 2017).

2.1 Estruturas cardíacas

Quando usamos o termo estruturas cardíacas, logo o associamos ao principal


órgão do sistema cardiovascular, que é o coração. No entanto, para que o coração possa
realizar bem suas funções, outros elementos são fundamentais, como o sangue e os
vasos sanguíneos. Por isso, antes de falarmos do coração, vamos abordar brevemente
esses dois importantes componentes desse sistema. (FOX, 2007).

2.2 Sangue e vasos sanguíneos

Conforme Fox (2007), o sangue é composto por duas porções: uma célula,
também denominada elementos figurados, e outra líquida, conhecida como plasma. Os
elementos figurados são células transportadas pelo plasma. Entre as células mais
numerosas estão os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas. Os eritrócitos, também
chamados de hemácias, são as células vermelhas do sangue, que contêm hemoglobina
e transportam oxigênio.
Os leucócitos são as células brancas e atuam na defesa do corpo contra
microrganismos invasores. As plaquetas são fragmentos celulares que atuam na
coagulação sanguínea (STANFIELD, 2013).
Já o plasma é um líquido de cor palha constituído por água, proteínas e solutos
dissolvidos (FOX, 2007).

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O sangue é transportado em nosso corpo pelos vasos sanguíneos. Ele segue
um percurso circular, saindo do coração em direção aos mais diversos órgãos para
depois retornar ao coração. (FOX, 2007).
Segundo Stanfield (2013, p. 421) os vasos sanguíneos “[...] se ramificam
repetidamente, tornando-se mais numerosos e de menor diâmetro, como os ramos de
uma árvore se tornam menores e mais numerosos ao se afastarem do tronco. ”
Os três principais tipos de vasos sanguíneos são os arteriais, os capilares e os
vênulas. O arterial é o vaso que recebe o sangue do coração e distribui para os demais
órgãos e leva o sangue até os vasos capilares. Nas paredes finas dos capilares ocorre
a difusão de gases e metabólitos. Em seguida, esse sangue irá para as vênulas, que
levam o sangue de volta ao coração (STANFIELD, 2013).

2.3 Coração

Segundo Vilela (2018) o coração se caracteriza por ser um órgão muscular oco,
localizado na parte central do tórax, levemente deslocado à esquerda. Em um adulto,
seu peso gira em torno de 400 g, tendo a dimensão aproximada de um punho fechado.
O coração chega a bombear cinco litros de sangue por minuto, mesmo tempo que leva
para o sangue circular por todo o corpo e voltar (FOX, 2007).
O coração é envolvido por um saco membranoso bastante resistente, chamado
de pericárdio, e é coberto pelo músculo cardíaco, chamado de miocárdio
(SILVERTHORN, 2017).
Stanfield (2013) afirma que a função do coração é gerar força, que move o
sangue ao longo dos vasos sanguíneos para chegar aos demais órgãos.
Ward e Linden (2014) apontam que o coração tem um marca-passo intrínseco,
que faz com que ele não necessite de estímulo nervoso para bater normalmente, embora
seja regulado pelo sistema nervoso autônomo.
A estrutura do coração é formada por quatro câmaras: duas superiores e duas
inferiores. As câmaras superiores são chamadas de átrios, e é nessa região que entra o
sangue que retorna ao coração pelos vasos. Nas câmaras inferiores, também
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denominadas ventrículos, o sangue chega dos átrios gerando a força que move o mesmo
do coração para os vasos (STANFIELD, 2013).
Além de ser dividido em câmaras, o coração também pode ser separado por
lado: metade direita e metade esquerda. O átrio e o ventrículo direito formam o coração
direito, enquanto o átrio e o ventrículo esquerdo formam o coração esquerdo. Essa
divisão é importante porque a comunicação entre as cavidades ocorre somente entre
átrios e ventrículos que estão do mesmo lado, não havendo outra forma de comunicação
no coração. O coração direito se comunica a partir da válvula tricúspide e o coração
esquerdo a partir da válvula bicúspide ou mitral. (FOX, 2007).

Os átrios e ventrículos de cada lado são separados por uma parede chamada de
septo. Essa parede tem a função de impedir a mistura do sangue do coração direito com
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o sangue do coração esquerdo. O septo interatrial separa os átrios e o septo
interventricular separa os ventrículos. Outros importantes elementos estruturais do
coração são o seu polo superior, chamado de base, e o seu polo inferior, que é mais
estreito, chamado de ápice. (FOX, 2007).
Percurso do fluxo sanguíneo Stanfield (2013) afirma que, embora o número de
vasos sanguíneos torne complexa a estrutura do sistema cardiovascular, a disposição
do sistema é conceitualmente simples. Essas vias por onde ocorre a circulação
sanguínea pode ser dividida em dois grandes sistemas: a grande circulação, ou
circulação sistêmica, e a pequena circulação, ou circulação pulmonar. A circulação
sistêmica leva o sangue oxigenado para órgãos e tecidos, enquanto a circulação
pulmonar leva o sangue para ser oxigenado pelos pulmões. Outra diferença entre os
circuitos são os lados: o coração direito vai enviar o sangue para a circulação pulmonar,
já o esquerdo para a sistêmica, sendo que o sangue de um lado nunca se mistura com
o outro (WARD; LINDEN, 2014). Em comum, ambos possuem uma densa rede de
capilares, onde vai ocorrer a troca de nutrientes e gases.
Sobre essa atividade, Stanfield (2013, p. 421) discorre:

Nos capilares pulmonares, o oxigênio se move do ar para o sangue nos


pulmões, enquanto o gás carbônico sai do sangue. Ao sair dos capilares
pulmonares, o sangue é relativamente rico em oxigênio e é denominado sangue
oxigenado. Os leitos capilares do circuito sistêmico se localizam em todos os
órgãos e tecidos. Nesses órgãos e tecidos, as células consomem oxigênio e
geram gás carbônico; assim, enquanto o sangue percorre os capilares
sistêmicos, o oxigênio sai do sangue e o gás carbônico entra no sangue. O
sangue que deixa os capilares sistêmicos é denominado sangue desoxigenado,
por ser relativamente pobre em oxigênio (Stanfield 2013, p. 421)

O sangue oxigenado tem coloração vermelha viva, e o desoxigenado é mais


escuro. Na literatura, o sangue desoxigenado, para ser diferenciado, recebe o nome de
sangue azul, pois confere à veia uma coloração azulada (FOX, 2007).
Segundo Stanfield (2013), o fluxo em série ocorre da seguinte forma:
 Através da aorta, o ventrículo esquerdo bombeia o sangue oxigenado aos
capilares de todos os órgãos e tecidos da circulação sistêmica;

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 O sangue se torna desoxigenado nos capilares sistêmicos, retornando ao
coração pelas veias cavas; a veia cava superior conduz o sangue que está acima do
músculo diafragma, e a inferior, o sangue que está abaixo;
 Do átrio direito, o sangue atravessa a válvula atrioventricular direita e entra
no ventrículo direito;
 O ventrículo direito bombeia a partir da valva do tronco pulmonar em
direção ao tronco pulmonar, levando sangue desoxigenado aos pulmões;
 O sangue se torna oxigenado nos pulmões, viajando ao átrio esquerdo
pelas veias pulmonares, que são as únicas veias que conduzem sangue oxigenado;
 Do átrio esquerdo, o sangue atravessa a valva atrioventricular esquerda em
direção ao ventrículo esquerdo, seu ponto de partida, repetindo assim todo o ciclo.
O sangue na circulação sistêmica sai do coração pelo ventrículo esquerdo, vai
pela artéria aorta e é levado aos sistemas corporais, onde ocorre a troca gasosa (o
oxigênio fica nos tecidos e o dióxido de carbono é drenado), e volta ao coração pelas
veias cavas com dióxido de carbono, entrando no átrio direito (FOX, 2007).
Na circulação pulmonar, o sangue sai do coração pelo ventrículo direito pela
artéria pulmonar com dióxido de carbono, chega aos pulmões, onde ocorre a troca
gasosa (dióxido de carbono por oxigênio) e volta ao coração pelas veias pulmonares
com oxigênio, entrando pelo átrio esquerdo (FOX, 2007).

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2.4 Valvas cardíacas e semilunares

Para garantir que o sangue siga uma circulação unidirecional, sem retornos em
direção contrária, o coração possui quatro valvas, elas são constituídas de tecido
conectivo denso e recobertas por endotélio, as valvas atrioventriculares são aquelas que
fazem a comunicação dos átrios com os ventrículos, a valva tricúspide comunica o átrio
e o ventrículo direito, já a valva bicúspide (ou mitral) comunica o átrio e o ventrículo
esquerdo. As valvas semilunares se localizam na artéria aorta e no tronco da artéria
pulmonar (FOX, 2007).
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Os sons dos batimentos cardíacos não estão relacionados à contração do
músculo cardíaco na sístole, mas, sim, ao fechamento das valvas, o primeiro som, ou
seja, a primeira bulha cardíaca, deve-se ao fechamento das valvas AV. A segunda bulha
cardíaca é produzida pelo fechamento das valvas semilunares. Em algumas pessoas, é
possível auscultar uma terceira bulha, devido ao turbilhonamento do sangue no interior
dos ventrículos. (FOX, 2007).

3 ARRITMIAS CARDÍACAS

Para compreender as arritmias, é importante saber como funciona a condução


elétrica no coração, que ocorre inicialmente no nodo sinoatrial, considerado o
marcapasso natural do coração, pois coordena todo o processo de contração e
relaxamento dos ventrículos seguindo com impulso para nodo atrioventricular e feixe de
His-Purkinje (STANFIELD, 2013).
 Nodo sinoatrial (marca-passo natural): despolariza-se em um ritmo de
80-100 bpm. (STANFIELD, 2013).
 Nodo atrioventricular (AV): segundo marca-passo (acessório),
despolariza-se a um ritmo de 60 bpm (STANFIELD, 2013).
 Feixe de His: bifurca-se em ramo direito e esquerdo, dando origem às
fibras de Purkinje, que vão se espalhar pelos ventrículos, e despolariza a um ritmo de
aproximadamente 40 bpm (STANFIELD, 2013).

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3.1 Fisiopatologia

A arritmia acontece quando o coração perde a capacidade do controle do


sistema de condução, fazendo com que haja alterações na frequência e ritmo dos
batimentos cardíacos. O ritmo normal, fisiológico é de 60 a 100 batimentos por minuto
(STANFIELD, 2013).

Segundo Stanfield, (2013) as arritmias se dividem em taquiarritmias e


bradiarritmias.

3.2 Taquiarritmias

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As taquiarritmias têm como característica o aumento da frequência cardíaca, que
fica acima de 100 por minuto. Subdividem-se em taquiarritmias atriais e ventriculares
(JUNG, C.F, 2004)
 Taquiarritmias atriais: são classificadas em taquicardias atriais, flutter
atrial e fibrilação atrial. São identificadas pela onda P no eletrocardiograma, que se
apresenta com morfologia diferente da sinusal (JUNG, C.F, 2004).
 Taquicardia atrial: é caracterizada por foco de ativação no átrio, fora do
nodo átrio ventricular (NAV), como deveria ocorrer normalmente (JUNG, C.F, 2004).

 Flutter atrial: caracteriza-se pela frequência extremamente alta e, com


isso, não permite que o impulso seja conduzido através do NAV; frequência atrial em
torno de 300bpm. Diferencia-se da fibrilação atrial pela regularidade das ondas P e por
atividade elétrica atrial coordenada (JUNG, C.F, 2004).

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 Fibrilação atrial: caracteriza-se por atividade elétrica caótica, fazendo com
que as paredes atriais se estremeçam em vez de se contraírem. Como a contração dos
átrios não ocorre normalmente, eles deixam de auxiliar no bombeamento sangue para o
interior dos ventrículos (JUNG, C.F, 2004).

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 Taquiarritmias ventriculares: batimentos ventriculares prematuros. Pode
ocorrer algumas vezes e retornar ao ritmo normal; durando mais de 30 segundos, é
chamada de taquicardia ventricular sustentada (JUNG, C.F, 2004)

Fonte: soces

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 Fibrilação ventricular: é caracterizada por uma série potencialmente fatal
de contrações ventriculares descoordenada, ineficazes e muito rápidas, causadas por
múltiplos impulsos elétricos caóticos, fazendo com que os ventrículos vibrem em vez de
se contraírem de forma coordenada (JUNG, C.F, 2004).

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Segundo Jung, C.F, (2004) as manifestações clínicas
 Dispneia;
 Dor torácica;
 Palpitações.

3.3 Bradiarritmias

As bradiarritmias têm como característica a diminuição da frequência cardíaca,


menor que 60 bpm, e ocorrem nos bloqueios atrioventriculares. Esses bloqueios
atrioventriculares se caracterizam por um atraso na condução da corrente elétrica à
medida que ela atravessa o sistema de condução atrioventricular. (CAVALCANTI, 2009).
Existem 3 tipos de bloqueios:
 Bloqueio atrioventricular de primeiro grau: caracteriza-se por atraso nos
impulsos elétricos vindos dos átrios para os ventrículos, ou seja, atraso para atravessar
o nódulo atrioventricular, o bloqueio atrioventricular de primeiro grau é frequente em
atletas submetidos a intensos treinamentos, adolescentes, adultos jovens e em pessoas
com um nervo vago muito ativo, esse distúrbio raramente causa sintomas
(CAVALCANTI, 2009).

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 Bloqueio atrioventricular de segundo grau: caracteriza-se por somente
alguns impulsos chegarem aos ventrículos, fazendo com que o coração se contraia de
forma lenta (CAVALCANTI, 2009).

 Bloqueio atrioventricular de terceiro grau: caracteriza-se por impulsos


originados nos átrios que não chegam aos ventrículos, fazendo com que o ritmo cardíaco
passe a ser controlado pelo nódulo atrioventricular, pelo feixe de His ou pelos próprios
ventrículos (CAVALCANTI, 2009).

Manifestações clínicas

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 Frequência cardíaca baixa, menos de 50 batimentos por minuto (devido
ao estímulo não se iniciar no marca-passo natural);
 Cansaço;
 Enjoo;
 Desmaio (CAVALCANTI, 2009).

4 ATIVIDADE ELÉTRICA DO CORAÇÃO

Cerca de 1% das células musculares cardíacas são diferentes das demais, pois
têm a característica de gerar potenciais de ação. Um potencial de ação é um evento
elétrico capaz de estimular células susceptíveis à estimulação pelo potencial de ação. A
geração desse estímulo elétrico de forma rítmica estimula o coração a bater (FOX, 2007).
Segundo Tortora e Derrickson (2017), essas células têm duas funções: atuam
como um marca-passo natural, emitindo um ritmo para todo o coração, e formam o
complexo estimulante do coração, que se trata do caminho percorrido pelos potenciais
de ação no músculo cardíaco. O complexo estimulante do coração é formado pelos
seguintes componentes:

 Nó sinoatrial (nó SA): o potencial de ação inicia no nó SA, localizado na


parede do átrio direito, próximo da veia cava superior. O estímulo parte do nó SA e é
conduzido para os dois átrios.
 Nó atrioventricular (nó AV): o potencial de ação chega ao nó AV,
localizado no septo interatrial, ali, a propagação do estímulo desacelera, dando o tempo
necessário para os átrios contraídos esvaziarem o sangue para dentro dos ventrículos.

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 Fibras de Purkinje: por fim, o potencial de ação chega aos ramos
subendocárdicos das fibras de Purkinje. O estímulo elétrico atinge rapidamente toda a
parede dos ventrículos. Assim que acaba a sístole atrial, ocorre a sístole ventricular.

A propagação dos potenciais de ação pelo músculo cardíaco gera correntes


elétricas, que podem ser captadas por eletrodos adaptados à pele do paciente em
determinados locais, a esse procedimento se dá o nome de eletrocardiograma (ECG), a
atividade elétrica captada produz um registro gráfico em forma de ondas. O ECG é um
exame importante para o diagnóstico de problemas cardíacos (FOX, 2007).
Para que o sangue seja distribuído ao restante do corpo é necessário que ele
seja bombeado pelo coração, isso ocorre a partir da contração desse músculo,
primeiramente, pelos dois átrios e, em seguida, pelos dois ventrículos, essas contrações
realizadas pelo coração são coordenadas a partir de uma atividade elétrica chamada de
sistema de condução, esse sistema determina a sequência de excitação das células
musculares cardíacas (FOX, 2007).

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Stanfield (2013) esclarece que, diferentemente do musculo esquelético, o
músculo cardíaco não necessita do comando do sistema nervoso central para se contrair,
pois, no coração, esse comendo é feito por sinais originados no interior do próprio
músculo, essa capacidade que o coração tem de gerar sinais que levam a sua contração
se chama autorritmicidade, e ela se deve à “[...] ação de uma pequena porcentagem de
células musculares, denominas células autorrítmicas, que geram pouca ou nenhuma
força contrátil, mas são críticas para a ação bombeadora do coração, porque promovem
o ritmo do batimento cardíaco” (STANFIELD, 2013, p. 428).
As células autorrítmicas são divididas em dois tipos: células marca-passo, que
iniciam a ação e estabelecem o ritmo do batimento; e fibras de condução, que transmitem
os potenciais de ação pelo coração. A união das ações de ambas estabelece os sinais
de condução (STANFIELD, 2013, p. 428).

As fibras de condução são especializadas para a condução rápida dos potenciais


de ação gerados pelo marca-passo para as demais regiões, assim desencadeando as
contrações. Por terem maior diâmetro, elas realizam essa condução de maneira mais
rápida do que as fibras comuns (STANFIELD, 2013, p. 428).
Stanfield (2013) afirma que os potenciais de ação das fibras de condução podem
se propagar até 4 metros por segundo, enquanto as fibras comuns se propagam em
torno de 0,3 a 0,5 metros por segundo, vejamos como ocorre a excitação entre as células
e como se dá a condução durante um batimento cardíaco.
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Silverthorn (2017) divide a sequência de eventos elétricos nas seguintes etapas.
1. A primeira etapa é o início do potencial de ação a partir do nó sinoatrial (SA),
com a despolarização se propagando para as células vizinhas.
2. A despolarização chega ao nó atrioventricular (AV) por meio das vias de
condução intermodais (sistema de fibras que correm pelas paredes dos átrios).
3. Na sequência o impulso é conduzido ao nó AV, que irá transmiti-lo a outras
células de condução, porém, não na mesma velocidade — o impulso é retardado em
cerca de 0,1 segundo. Do nó AV, o impulso percorre o atrioventricular, única conexão
entre átrios e ventrículos.
4. O sinal percorre uma curta distância ao longo do fascículo atrioventricular
para, na sequência, dividir-se entre os ramos direito e esquerdo, que conduzem os
impulsos para o ventrículo direito e esquerdo, respectivamente.
5. Desses ramos, os impulsos percorrem uma extensa rede de ramificações
chamadas de fibras de Purkinje, que se distribuem pelo miocárdio ventricular,
propagando-se para as demais células do coração. Essa despolarização espalha-se
para cima a partir do ápice.

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A propagação da excitação pelo músculo cardíaco segue um padrão ordenado,
como se fosse uma “onda de excitação”, essa onda começa no nó SA, indo em direção
aos átrios, depois se “afunila” no feixe atrioventricular por meio do nó AV, onde o impulso
sofre uma lentidão, em seguida, os impulsos chegam aos feixes, onde são conduzidos à
parte inferior dos ventrículos, espalhando-se a todo músculo ventricular, do ápice para a
base (STANFIELD, 2013).

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Segundo Stanfield, 2013 quem determina o ritmo dos batimentos cardíacos são
as células do nó SA, por terem maior capacidade de potencial de ação do que as demais
células em torno de 70 por minuto contra 50 do AV, por exemplo, embora as células do
nó AV e as fibras de Purkinje também tenham esse potencial de ação, elas só vão agir
como marca-passo em algumas condições, acompanhe:

Se o nó SA não disparar um potencial de ação ou se ele se tornar


extremamente lento, o nó AVA iniciará os potenciais de ação, que percorrerão o
sistema de condução e desencadearão a contração ventricular. O nó AV pode
também assumir o controle do batimento cardíaco se a condução entre os nós
for bloqueada ou se tornar lenta por algum motivo. Nessas circunstâncias, o nó
AV atua como sistema de energia alternativo, que mantém a contração dos
ventrículos. Se por algum motivo o nó AV é incapaz de deflagrar a contração
ventricular, o coração tem ainda outro sistema redundante: certas células nos
ramos subendocárdicos podem assumir o controle. Contudo, a frequência de
disparos dessas células é de apenas 30 a 40 impulsos por minutos (STANFIELD,
2013, p. 429).

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5 ELETROCARDIOGRAMA

O eletrocardiograma (ECG) é popularmente conhecido como um exame que


busca monitorar os batimentos e as atividades elétricas cardíacas, evidenciando se há
alguma dificuldade nessas atividades. Sendo assim, o ECG é o registro da propagação
da corrente elétrica pelo coração em função do tempo, durante o ciclo cardíaco
(STANFIELD, 2013).
A mesma autora aponta que essa medida é realizada por meios de eletrodos
colocados sobre a pele:

A atividade elétrica gerada em tecido nervoso ou muscular se propaga


pelo corpo porque os fluidos corpóreos atuam como condutores. Quanto mais
sincronizada é a atividade, maior é a amplitude dos sinais registrados a certa
distância da fonte. Como a atividade elétrica do coração é altamente
sincronizada, potenciais elétricos de amplitude relativamente grande, que
correspondem a fases elétricas distintas, podem ser detectados na superfície da
pele (STANFIELD, 2013, p. 436).

O procedimento para o registro do ECG, criado pelo fisiologista holandês Willem


Einthoven, baseia-se em um triângulo equilátero imaginário circunjacente ao coração.
Os três vértices do triângulo são o membro superior direito (MSD), o membro superior
esquerdo (MSE) e o membro inferior esquerdo (MIE), e os eletrodos são colocados sobre
cada um desses vértices (os cantos do triângulo). A esse procedimento se dá o nome de
triângulo de Einthoven (STANFIELD, 2013; FOX, 2007).
Fox (2007) e Stanfield (2013) apontam que certos pares de eletrodos recebem o
nome de derivações e são designados por números romanos, esse conceito é bastante
importante para entendermos como se dá o registro dos ECGs, pois cada derivação
específica vai detectar a diferença no potencial elétrico entre os eletrodos negativos e
positivos. Vejamos sobre cada derivação (STANFIELD, 2013; FOX, 2007):
Derivação I: detecta o potencial no membro superior esquerdo menos o
potencial no membro superior direito.
Derivação II: detecta o potencial no membro inferior esquerdo menos o potencial
no membro superior direito.

33
Derivação III: detecta o potencial no membro inferior esquerdo menos o
potencial no membro superior esquerdo.
Cabe ressaltar ainda que a direção da onda (para cima ou para baixo) depende
de a diferença entre os dois eletrodos ser positiva ou negativa. (STANFIELD, 2013).

Fox (2007, p. 388) sublinha que o ciclo cardíaco produz três ondas
eletrocardiográficas distintas, segundo o autor “essas ondas representam alterações de
potencial entre duas regiões da superfície do coração que são produzidas pelo efeito
composto de potenciais de ação de numerosas células miocárdicas”.

34
As três ondas eletrocardiográficas, que são a onda P, a onda QRS e a onda T.
A onda P é uma deflexão para cima, causada pela despolarização atrial, o complexo
QRS se caracteriza por ser uma série de deflexões agudas para cima e para baixo,
causada pela despolarização ventricular, já a onda T é uma deflexão para cima, causada
pela repolarização ventricular. Cabe ressaltar que a repolarização atrial, em geral, não é
detectada pelo ECG, pois ocorre simultaneamente ao complexo QRS (STANFIELD,
2013; FOX, 2007).

O ECG é um exame importante porque pode apresentar atividades elétricas


anormais do ciclo cardíaco, as chamadas arritmias cardíacas, elas podem ocorrer devido
a um disparo anormal do nó SA, entre as arritmias mais conhecidas estão a taquicardia
(FC de repouso elevada, com mais de 100 bpm) e a bradicardia (FC de repouso baixa,
com menos de 50 bpm) (STANFIELD, 2013).

35
6 FUNÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular, também conhecido como sistema circulatório, é um


dos mais importantes aparelhos do corpo humano, abrangendo-o de forma completa.
Esse sistema é regulador de todas as funções em nosso organismo, pois seus

36
componentes, como o sangue e o coração, estão envolvidos nos mais variados
processos do corpo. Sendo assim, essas funções precisam ser realizadas com grande
eficiência para que tudo funcione corretamente na “máquina da vida”. (FOX, 2007).

Fox (2007) aponta que as funções do sistema cardiovascular são as seguintes:


 Transporte de nutrientes;
 Transporte de gases oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2);
 Transporte de produtos de excreção das células para órgãos excretores;
 Transporte de hormônios e produtos metabólicos;
 Regulação da temperatura corpórea;
 Defesa contra agentes patogênicos.

O transporte é a principal função do sistema cardiovascular, pois todas as


substâncias essenciais para o metabolismo celular são transportadas pela circulação.
Essas substâncias podem ser classificadas da seguinte forma (FOX, 2007):
 Respiratórias: os eritrócitos fazem o transporte de oxigênio às células e a
eliminação do gás carbônico realizada pelos pulmões. Nos pulmões, o oxigênio do ar
inalado se ligar às moléculas de hemoglobina no interior dos eritrócitos e é transportado
às células para a respiração. Já o dióxido de carbono produzido na respiração celular é
transportado pelo sangue aos pulmões, sendo eliminado quando o ar é exalado pela
boca ou narinas.
 Nutritivas: os nutrientes ingeridos pelo sistema digestório são igualmente
levados pelo sangue aos órgãos e tecidos do organismo. Na digestão há a decomposição
química e mecânica do alimento, que é absorvido da parede intestinal para o interior dos
vasos sanguíneos. Assim, o sangue transporta os nutrientes através do fígado para as
células.
 Excretórias: as nossas células também produzem resíduos que precisam
ser eliminados do corpo. Dessa forma, os produtos da decomposição metabólica (como
a ureia), o excesso de água e de íons e outras moléculas ig

37
Além dessas três funções relacionadas ao transporte, há ainda a distribuição de
outras substâncias que, quando armazenadas ou produzidas, podem ser liberadas na
corrente sanguínea para serem utilizadas em outras regiões, como o caso da quebra de
glicogênio, que fica armazenado no fígado e, posteriormente, serve como fonte de
energia para o corpo. (FOX, 2007).
A segunda função do sistema cardiovascular é a regulação. Segundo Fox (2007),
esse sistema contribui para duas regulações do nosso corpo, conforme indicado a seguir.
 Hormonal: os hormônios são produzidos pelo sistema endócrino e, para
chegarem aos órgãos-alvo, eles são distribuídos pelo sangue a esses tecidos distantes,
podendo assim desempenhar as funções reguladoras em nosso corpo.
 Temperatura: a regulação da temperatura corporal é bastante auxiliada
pelo desvio do sangue dos vasos cutâneos mais profundos para os superficiais — e o
contrário também ocorre. Esse processo ocorre da seguinte maneira: quando a
temperatura do ambiente é alta, o desvio do sangue vai dos vasos mais profundos para
os mais superficiais, ajudando a resfriar o corpo. No entanto, quando a temperatura do
ambiente é baixa, o desvio ocorre de forma contrária, ou seja, dos vasos superficiais
para os profundos, ajudando a manter o corpo aquecido.
A terceira função do sistema cardiovascular pode ser identificada como a de
proteção. De acordo com Fox (2007), esse sistema protege contra a perda sanguínea
ocasionada por lesões e contra toxinas ou microrganismos estranhos ao corpo.
Veja, a seguir, suas funções (FOX, 2007; SILBERNAGL; DESPOPOULOS,
2009).
 Coagulação: o processo de coagulação protege o corpo quando ocorre
uma lesão em algum vaso, que acarreta perda de sangue, esse processo também é
chamado de homeostasia, após o rompimento do vaso, ocorre a vasoconstrição, que é
a contração do vaso afetado, a seguir, as plaquetas formam uma espécie de tampão na
região lesada, impedindo um maior vazamento de sangue para fora da região, com a
coagulação ocorre a transformação de substâncias, sendo a trombina e a vitamina K as
principais responsáveis pela regeneração do vaso lesado, fechando a ruptura.

38
 Imunológica: esta função é igualmente realizada pelo sangue a partir de
sua função protetiva. Os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos) são um
grupo de várias células, que protegem o nosso corpo dos agentes patogênicos, que nos
causam doenças. Além disso, as plaquetas participam ativamente do processo de
coagulação sanguínea anteriormente descrito.

7 PARADA CARDIOPULMONAR

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares


(DCV) são a primeira causa de morte no mundo. No Brasil, 300 mil pessoas morrem por
ano devido a doenças cardiovasculares (AVEZUM et al., 2009).
A PCR é “[...] a cessação súbita das funções cardíacas, respiratórias e cerebrais.
” Essa condição pode ser comprovada quando não há pulso central, seja ele carotídeo
ou femoral, não há movimentos respiratórios ou o paciente está em respiração agônica
(chamado gasping), e ainda, o paciente está inconsciente (UFSC, 2013, p 45).
As doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de óbito no
país e as doenças isquêmicas do coração são responsáveis por 80% dos episódios de
morte súbita. O Ministério da Saúde instituiu a Portaria GM/MS nº 2.420, em 09 de
novembro de 2004, constituindo um grupo técnico (GT) com a finalidade de avaliar e
recomendar estratégias de intervenção do SUS para abordagem da morte súbita.
(VIEIRA.et al.,2013).
No meio de todas as situações que caracterizam risco de morte iminente,
nenhuma emergência supera a prioridade do atendimento da parada cardiopulmonar
(PCR) a PCR é comprovada pela ausência de pulso central (carotídeo ou femoral), de
movimentos respiratórios (apneia) ou respiração agônica (gasping), inconsciência que
ocorre de 8 a 12 segundos após a PCR (VIEIRA.et al.,2013).
A detecção e tratamento precoce das PCR é fator determinante para assegurar
a sobrevivência, evitando o comprometimento neurológico causado pela falta de
oxigenação cerebral, resultando em sequelas graves irreversíveis, este evento, na

39
maioria das vezes, ocorre fora do ambiente hospitalar e é geralmente presenciado pela
família, colegas de trabalho ou por pessoas desconhecidas, que não possuem
conhecimento sobre as ações básicas para manutenção da vida, que poderiam ser
aplicadas até a chegada do atendimento pré-hospitalar (VIEIRA.et al.,2013).
Situações com maior risco de evoluir para uma PCR: cardiopatias (destas, a
doença aterosclerótica coronária é a mais importante) hipertensão arterial, diabete,
antecedentes familiares de morte súbita, anóxia, afogamento, pneumotórax hipertensivo,
hemopericárdio, choque, obstrução das vias aéreas, broncoespasmo e reação anafilática
(HSL,2006).
Principais sinais e sintomas que precedem uma PCR: dor torácica, Sudorese,
Palpitação precordial, tontura, escurecimento visual, Perda de consciência, alterações
neurológicas, sinais de baixo débito cardíaco, parada de sangramento prévio
(HSL,2006).
Sinais clínicos de uma PCR: inconsciência, ausência de movimentos
respiratórios ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou ausência
de sinais de circulação para HSL (2006) o atendimento avançado na PCR, através do
algoritmo convencional, pretende racionalizar a Reanimação Cardiopulmonar (RCP), de
maneira que ela seja de alta qualidade.
O algoritmo convencional de SAVC para PCR foi simplificado e racionalizado
para enfatizar a importância da RCP de alta qualidade (incluindo compressões de
frequência e profundidade adequadas, permitindo retorno total do tórax após cada
compressão, minimizando interrupções nas compressões e evitando ventilação
excessiva) e o fato de que as ações de SAVC devem se organizar em torno de períodos
ininterruptos de RCP, um novo algoritmo circular também foi introduzido.

40
Fonte: medicina.ufmg.br

O manejo de uma PCR pode seguir duas vias possíveis de atendimento, de


acordo com o ritmo cardíaco que se apresenta DEA (BERNOCHE et al., 2019):
 Ritmo desfibrilável: casos de Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia
Ventricular sem Pulso (TV);
 Ritmo não desfibrilável: casos de Assistolia ou Atividade Elétrica Sem Pulso
(AESP).
Pode-se conceituar a FV identificando algumas características: complexo QRS
de aparência anormal, frequência cardíaca elevada e desorganizada, ritmo irregular e
ondas que variam de tamanho e forma. O ritmo caótico da FV produz contração ineficaz
do ventrículo e débito cardíaco inadequado, ocasionado então uma PCR (UFSC, 2013).

41
7.1 Diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar

Sabe-se que, a cada minuto transcorrido do início do evento arrítmico súbito sem
desfibrilação, a probabilidade de sobrevivência diminui em 7 a 10%. Programas de RCP
e com uso de Desfibrilador Externo Automático (DEA) precoce, realizados por leigos,
têm proporcionado taxas de sobrevivência muito otimistas, alcançando até 85%. Os
aspectos fundamentais do Suporte Básico de Vida (SBV) no adulto incluem:
reconhecimento imediato da PCR, contato com o sistema de emergência, início da RCP
de alta qualidade e uso do DEA (BERNOCHE et al., 2019).
Os aspectos principais a serem observados nas compressões são frequência,
profundidade, retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima. Para a
oxigenação adequada dos tecidos, é essencial minimizar as interrupções das
compressões torácicas e maximizar a quantidade de tempo em que as compressões
torácicas geram fluxo de sangue. A Fração das Compressões Torácicas (FCT) é a
proporção de tempo em que as compressões são realizadas durante uma
PCR (BERNOCHE et al., 2019).
Na opinião de Bernoche et al (2019) para maximizar a perfusão, recomenda-se
que as pausas das compressões torácicas sejam minimizadas, a fim de que a FCT seja
de, pelo menos, 60% e, idealmente, de 80%, para realização das compressões torácicas:
• Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância
um do outro, para que tenha melhor estabilidade.

42
• Afaste ou corte a roupa da vítima (se uma tesoura estiver disponível), para
deixar o tórax desnudo.
• Coloque a região hipotenar de uma mão sobre a metade inferior do esterno da
vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a.
• Estenda os braços e os mantenha cerca de 90º acima da vítima.
• Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/ minuto.
• Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm (evitando compressões com
profundidade maior que 6 cm).
• Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, evitando apoiar-
se no tórax da vítima.
• Minimize interrupções das compressões, pause no máximo 10 segundos para
realização de duas ventilações. Considere obter uma fração de compressão torácica
maior possível, tendo como objetivo um mínimo de 60%.
• Reveze com outro socorrista a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e
compressões de má qualidade.

Fonte: cardiol

7.2 Ventilação

As ventilações são aplicadas após 30 compressões torácicas durante a RCP,


seguindo a sequência C-A-B. A prioridade para as compressões torácicas deve-se ao
fato da necessidade em gerar fluxo de sangue e também evitar os atrasos práticos

43
inerentes às tentativas de ventilações adequadas. Além disso, se a vítima possui uma
via aérea patente, ocorre a chamada ventilação passiva durante as compressões
torácicas (BERNOCHE et al., 2019, p. 1)

7.3 1. Abertura das Vias Aéreas

Independentemente da técnica utilizada para aplicar ventilações, refere


Bernoche et al. (2019) é necessária a abertura de via aérea, que pode ser realizada com
a manobra da inclinação da cabeça e elevação do queixo e, se houver suspeita de
trauma, a manobra de elevação do ângulo da mandíbula.

Fonte: cardiol

Posicionamento da região hipotênar de uma mão sobre a metade inferior do


esterno e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a é aconselhável a realização de
compressões na frequência de 100 a 120 compressões/minuto, as compressões
torácicas devem ter profundidade mínima de 5 cm, sem exceder 6, para permitir o retorno
completo do tórax, evitando se apoiar no tórax da vítima, o intervalo das compressões
entre a aplicação do choque deve ser o menor possível, é aconselhável pausar as
compressões por, no máximo, 10 segundos, a fim de aplicar 2 ventilações, considere
obter uma fração de compressão torácica maior possível, tendo como objetivo um
mínimo de 60% ,para profissionais da saúde que possuem dispositivo de barreira para
aplicar ventilações, é aconselhável realizar 30 compressões e 2 ventilações durante a
44
RCP ,pode-se considerar a utilização de equipamentos de feedback durante a RCP, a
fim de otimizá-la em tempo real e retomar as compressões torácicas imediatamente após
o choque para adultos em parada cardiorrespiratória, o profissional atendente do serviço
de emergência deve orientar a realização de compressões torácicas contínuas para os
chamados com suspeita de PCREH (BERNOCHE et al., 2019, p. 1).

7.4 Realização de Ventilações

Devem ser realizadas em uma proporção de 30 compressões para duas


ventilações, com duração de apenas 1 segundo cada, fornecendo quantidade de ar
suficiente para promover a elevação do tórax, a hiperventilação é contraindicada, pois
pode aumentar a pressão intra-torácica, diminuindo a pré-carga e o Débito Cardíaco
(DC), e comprometendo a sobrevida. Há ainda o risco de hiperinsuflação gástrica,
podendo desencadear vômitos, broncoaspiração e limitação da mobilidade do diafragma.
Evidências de contaminação com a realização de ventilação boca a boca são mínimas,
mas é indicado que o socorrista utilize mecanismos de barreira − por exemplo, máscara
de bolso (pocket mask) ou BolsaVálvula-Máscara (BVM) (BERNOCHE et al., 2019).
Existe a preocupação de que a realização por períodos prolongados de
compressões torácicas contínuas (sem ventilação) poderia ser menos eficaz do que a
RCP convencional (compressões e ventilações), uma vez que o conteúdo arterial de
oxigênio reduz, à medida que a PCR se prolonga.
No dizer de Bernoche et al. (2019) evidencias apontam que pacientes em
PCREH que receberam RCP por compressões contínuas durante um período curto (zero
a 15 minutos após o colapso) tiveram maior taxa de sobrevivência, com evolução
neurológica favorável, em relação a nenhuma manobra de ressuscitação. Para a PCR
prolongada (> 15 minutos), a realização de RCP convencional (compressões e
ventilações) apresentou taxa significativamente mais alta de sobrevivência com
resultado neurológico favorável, quando comparado à RCP com compressões contínuas
e não realização de RCP. Assim, em PCR prolongadas de origem cardíaca, a RCP

45
convencional mostrou benefício adicional, em comparação à RCP somente com as
compressões.

7.5 Ventilação com a Máscara de Bolso: a Pocket Mask

Fonte: Fonte: cardiol

Profissionais de saúde e socorristas leigos podem hesitar em realizar ventilações


boca a boca, assim, é indicada a utilização de uma máscara de bolso (pocket mask) para
realização das ventilações (BERNOCHE et al., 2019).

7.6 Ventilação com Bolsa-Válvula-Máscara

O uso da BVM requer considerável prática e deve ser feito na presença de dois
socorristas: um responsável pelas compressões e outro por aplicar as ventilações com
o dispositivo, se disponível oxigênio complementar, conecte-o na BVM, assim que
possível, de modo a oferecer maior porcentagem de oxigênio para a vítima (BERNOCHE
et al., 2019).

46
Fonte: Fonte: cardiol

7.7 Ventilação com Via Aérea Avançada

Quando uma via aérea avançada por exemplo, intubação endotraqueal, estiver
instalada, o primeiro socorrista deve administrar compressões torácicas contínuas e o
segundo socorrista, aplicar uma ventilação a cada 6 segundos cerca de 10 ventilações
por minuto, não se devem pausar as compressões para aplicar as ventilações, em caso
de via aérea avançada instalada (BERNOCHE et al., 2019).

Fonte: Fonte: cardiol

47
7.8 Ventilação em Vítima em Parada Respiratória

Vítima que não respira ou respira de forma ineficaz (gasping), porém apresenta
pulso palpável, encontra-se em parada respiratória, nesses casos, realize uma
ventilação a cada 5 a 6 segundos (aproximadamente 10 a 12 ventilações por minuto)
para vítimas adultas, o pulso deve ser checado a cada 2 minutos, com a finalidade de
verificar se a parada respiratória progrediu para uma PCR, necessitando de RCP
(BERNOCHE et al., 2019, p. 1).

7.9 Terapias elétricas

A desfibrilação está sempre indicada na fibrilação ventricular (FV) e na


taquicardia ventricular (TV) sem pulso o mais precoce possível. A FV é caracterizada por
uma atividade elétrica caótica e desorganizada do coração, sendo o ritmo incapaz de
gerar contração cardíaca eficiente, daí a ausência de pulso central nesse ritmo elétrico.
A TV difere da FV por tratar-se de ritmo elétrico organizado, caracterizado por complexos
QRS alargados, idênticos entre si, com frequência elevada e sem ondas P identificáveis
ao traçado. Esse ritmo pode ou não gerar contração miocárdica eficaz (pulso). Na
ausência de pulso, a TV deve ser tratada como FV, Identificada a FV/TV sem pulso, o
tratamento inicial é a desfibrilação com choque único e imediato na energia máxima do
aparelho (360 J, monofásico ou 180 a 220 J, bifásico) (LADEIRA, 2013).
O correto posicionamento das pás, a aplicação de força sobre as pás e a
utilização de gel condutor contribui para uma melhor taxa de êxito na desfibrilação por
determinarem redução da impedância torácica, determinando a chegada de quantidades
de energia elétrica sobre o coração (LADEIRA, 2013).
No momento do choque, o socorrista deve se certificar de que ninguém está em
contato com a vítima para evitar acidentes durante o atendimento. Após o choque, a RCP
deve ser reiniciada imediatamente, sendo mantida por mais 2 minutos ou por mais 5
ciclos de 30 compressões intercaladas com 2 ventilações assistidas, em clientes
pediátricos, a carga ideal de desfibrilação não é conhecida, uma carga de 2 a 4 J/kg pode

48
ser usada para a energia de desfibrilação inicial; desde que não excedam 10 J/kg ou a
carga máxima para adultos (AHA, 2010).
Em cliente portador de marca-passo ou cardioversor-desfibrilador implantado
(CDI), as pás autoadesivas devem ser colocadas distantes do dispositivo implantado,
porém a preocupação com o posicionamento preciso das pás em relação a um
dispositivo médico implantado não deve retardar a tentativa de desfibrilação. Em clientes
que utilizam adesivo de medicação, removê-lo e limpar o local. (VIEIRA, 2013).

7.10 Vias para administração de medicamento

A administração de drogas será secundária, depois da tentativa de desfibrilação,


os socorristas devem estabelecer um acesso intravenoso (IV) ou intraósseo (IO), sem
interrupção das compressões torácicas. Existem, até o momento atual, evidências
insuficientes para determinar o momento ideal a administração de medicamentos, mas
parece que o início precoce de drogas (com menos de cinco minutos de PCR) está
associado à melhor prognóstico. (VIEIRA, 2013).
Deve-se escolher, de preferência, o acesso venoso periférico nos membros
superiores (veia antecubital), o acesso periférico é de fácil obtenção, fácil aprendizado,
apresenta menor risco de complicações e não necessita de interrupção das manobras
de RCP. Recomenda-se, após administração de drogas (em bolus) infusão em de 20ml
de solução salina e elevação do membro por 10 a 20 segundos. (VIEIRA, 2013).
Se não for possível estabelecer acesso IV, a via intraóssea (IO), para
administração de drogas, pode proporcionar concentrações plasmáticas adequadas,
similares às alcançadas pelo acesso intravenoso. (VIEIRA, 2013).
A administração de medicamentos por um acesso central pode ser considerada
se não houver nenhuma contraindicação, essa via de administração de medicamentos
oferece a vantagem de viabilizar maior concentração plasmática e menor tempo de
circulação, além de permitir a determinação da saturação venosa central e estimar a
pressão de perfusão coronariana durante a RCP, esses dois últimos parâmetros são

49
preditores de RCE. A obtenção de acesso venoso central é contraindicada relativamente
para administração de trombolíticos e requer treinamento específico. (VIEIRA, 2013).
Estudos relatam que drogas como lidocaína, adrenalina, atropina, naloxone e
vasopressina podem ser absorvidas por via endotraqueal, a administração dessas
drogas pela via endotraqueal, durante a RCP, resulta em menores concentrações
plasmáticas quando comparadas com as mesmas doses administradas por via IV.
Estudos sugerem que baixas concentrações plasmáticas de adrenalina, após
administração endotraqueal, podem produzir efeitos beta-adrenérgicos, resultando em
vasodilatação. Esses efeitos podem provocar hipotensão, pressão de perfusão
coronariana (PPC) baixa e menor RCE. Dessa forma, embora seja possível a
administração de medicamentos pelo acesso endotraqueal, os acessos IV e IO devem
ser sempre preferidos durante a RCP. Diante da impossibilidade da obtenção de acessos
IV ou IO, adrenalina, lidocaína e vasopressina podem ser administradas pela via
endotraqueal (Classe IIb, Nível de Evidência B). As doses recomendadas são de 2 a 2,5
vezes maiores que as doses administradas por via IV. As medicações devem ser diluídas
em 5 a 10ml de solução salina ou água estéril. (GONZALEZ, M. M. et al. 2013).

7.11 Medicações usadas no tratamento da PCR

Durante uma parada cardiopulmonar, algumas drogas potentes são necessárias


para fazer com que o coração recomece a bater ou volte para um ritmo mais estável,
entre elas:

7.12 Vasopressores

O racional para o uso de vasopressores durante a RCP é aumentar a pressão


de perfusão coronariana, definida como a diferença entre a pressão aórtica e a pressão
no átrio direito durante a fase de relaxamento (descompressão) torácico. Uma pressão
de perfusão coronariana ≥15mmHg, correlacionando-se também com uma melhora da
taxa de sobrevida de 24 horas em animais. (VIEIRA, 2013).
50
 Sulfato de epinefrina (adrenalina) seus efeitos pressores alfa-
adrenérgicos, vasoconstritor periférico intenso, aumenta a pressão na artéria aorta, por
conseguinte, aumenta o fluxo coronariano e cerebral. Sua apresentação é ampola de 1
mg/ml. Recomendada na fibrilação ventricular, na taquicardia ventricular sem pulso, na
assistolia, na atividade elétrica sem pulso e, às vezes, na bradicardia. Deve ser usada
em 1 mg ev em bolus, a cada 3 a 5 min enquanto durar a PCR, o inicio do efeito por via
Intravenosa é imediato. (VIEIRA, 2013).
 Vasopressina um potente vasoconstritor não adrenérgico, mostrou-se
bastante eficaz, superior à adrenalina, na RCP, pequenos estudos clínicos nos anos de
1990 (na dose 40U IV versus 1mg de adrenalina). Sua apresentação é ampola20 UI/ml.
Recomendada na PCR, Fibrilação Ventricular /Taquicardia Ventricular sem pulso. Deve
ser usada 40 UI ev em bolus uma única vez. (VIEIRA, 2013).
 Noradrenalina estimulante cardíaco e vasopressor, potente vasoconstritor
que atua nas artérias e veias, afeta os receptores alfa ou beta adrenérgico aumenta a
força de contração do miocárdio e o fluxo sanguíneo coronariano. Sua apresentação é
ampola1mg/ml. Recomendada estabilização da pressão arterial, infarto agudo do
miocárdio ou parada cardíaca. Deve ser usada 4ml em 1000 ml de soro glicosado5%
inicialmente 2-3 ml/min. Administração de noradrenalina não tem demonstrado
benefícios adicionais durante a RCP, não sendo, portanto, recomendada. (VIEIRA,
2013).

7.13 Antiarrítmicos

Os agentes antiarrítmicos têm sido empregados em PCR, em FV ou TVSP, como


medicações coadjuvantes, ou para prevenir suas recorrências. Não há evidências de que
seu uso, durante as manobras de RCP, aumentem as taxas de sobrevida na alta
hospitalar. (VIEIRA, 2013).

51
 Amiodarona prolonga o potencial de ação e o período refratário. Inibe o
estimulo adrenérgico, retarda o ritmo sinusal, aumenta os intervalos PR e QT e diminui
a resistência periférica. Sua apresentação ampolas. 150 mg/ 3 ml. Recomendada para
FV/TVSP que não responde à RCP, desfibrilação e terapêutica vasopressora (classe IIb,
nível de evidência B). A dose inicial deve ser de 300mg IV/IO e pode ser administrada
uma dose adicional de 150mg IV/IO, intercalada com vasopressor Fora da PCR - 150
mg diluídos em 100 ml, infundidos em 15 min; pode se repetir a cada 15 min até
conversão do ritmo. (VIEIRA, 2013).
 Lidocaína ou xilocaína, e um medicamento de segunda escolha
(subgrupo 1B) e anestésico local, bloqueia reversivelmente a propagação de impulso ao
longo das fibras nervosas. Pode ter efeito similar em membranas excitáveis no cérebro
e miocárdio. Sua apresentação ampolas 20ml 1 a 2% (com ou sem vaso constritor).
Recomendada, arritmias ventriculares causadas por IAM, taquicardia ventricular. A dose
inicial é de 1-1,5mg/Kg (5mL = 100mg). Se a FV/TVSP persistem ou são recorrentes,
doses adicionais de 0,5-0,75mg/kg podem ser administradas a cada 5 - 10 minutos, até
uma dose máxima de 3mg/kg. (VIEIRA, 2013).
 Sulfato de magnésio anticonvulsivante e repositor, essencial para
contração muscular, o sistema enzimático e a neurotransmissor. Apresentação:
ampolas10 ml (50%)ou 20ml (25%).Recomendada Suspeita de hipomagnesemia, TV
com padrão eletrocardiográfico de torção das pontas. Não se recomenda seu uso
rotineiro na RCP (classe III, nível de evidência). A dose deve ser 1 a 2g, diluído em 10ml
de soro glicosado 5%. (AME 2009).

7.14 Reposição volêmica

52
Não há evidências definitivas quanto à administração rotineira de fluidos
intravenosos durante a PCR. Considerar infusão quando houver suspeita de PCR por
hipovolemia. (GONZALEZ, M. M. et al.2013).
 Sulfato de atropina anticolinérgico que inibe a acetilcolina na junção do
sistema parassimpático atua bloqueando o efeito do nódulo sinoatrial que aumenta a
condução através do nódulo atrioventricular e consequentemente o batimento cardíaco.
Apresentação: ampolas de 0,25mg/1ml (0,5 e 1mg). Recomendada na Assistolia,
atividade elétrica sem pulso com ritmos bradicárdicos (FC < 60bpm). A dose 1mg a cada
3 a 5 min, fora da PCR - 0,5 a 1 mg a cada 3 a 5 min. Dose máxima - 0,03 a 0,04 mg/kg.
Inicio do efeito é de 2 a 5 minutos após infusão. No entanto diversos estudos mostraram
que a atropina não esteve associada com benefícios consistentes no manuseio da PCR
intra ou extra-hospitalar, essa droga não é, portanto, mais recomendada no tratamento
da PCR. (VIEIRA, 2013).
 Bicarbonato de sódio atua como um agente alcalizastes através da
liberação de íons bicarbonato, apresentação ampola de 10ml (8,4% e
10%).Recomendada quando a FV/TV sem pulso é decorrente de hipercalemia ou de
intoxicação por cocaína ou por antidepressivos tricíclicos usada na assistolia ou AESP,
Parada cardíaca, acidose metabólica. Dose de ataque,1mEq/ kg IV em
seguida0,5mEq/kg cada 10 min posteriormente. (AME,2009).

7.15 Intervenções do enfermeiro

Segundo Titler et al. (1991), um sistema de classificação das intervenções de


enfermagem é essencial em virtude de: delinear o corpo de conhecimento único para a
enfermagem, determinar o conjunto de serviços de enfermagem, desenvolver um
sistema de informação, refinar o sistema de classificação do cliente, ser um elo entre os
diagnósticos de enfermagem e os resultados esperados, alocar recursos para os planos
de enfermagem, e articular outros profissionais na função específica da enfermagem.
Segundo Nursing Intervention Classification (NIC.1996) define intervenção de
enfermagem como qualquer tratamento que tenha por base o julgamento clínico e o
53
conhecimento, que a enfermeira execute para melhorar os resultados do cliente. As
intervenções de enfermagem incluem cuidados diretos e indiretos; os tratamentos podem
ser iniciados pela enfermeira, médico, ou outro agente provedor. A intervenção de
cuidado direto inclui ambas as ações de enfermagem fisiológicas e psicológicas. A
intervenção de cuidado indireto inclui tratamento realizado longe do cliente, mas
favorecendo-o ou ao grupo de clientes. Ele permite determinar as condições de saúde
do cliente e avaliar os fatores que influenciam aquelas condições, conduzindo o
enfermeiro ao julgamento clínico (CALIL, 2007).
Os diagnósticos de enfermagem para a situação de parada cardiorrespiratória e
suas respectivas intervenções de Enfermagem para a situação de PCR de acordo com
a NANDA são:

Monitoração Respiratória:
 Abrir vias aéreas, usando manobra de inclinação da cabeça (elevação da
mandíbula); (CALIL, 2007).
 Monitorar o padrão ventilatório; (CALIL, 2007).
 Observar mudanças de SaO2e CO2 na gasometria arterial. (CALIL, 2007).

Controle de Vias Aéreas Artificiais:


 Preparar o material para ventilação com pressão positiva (ambú-máscara
e ou intubação orotraqueal);
 Avaliar sons pulmonares após intubação;
 Instalar oxímetro de pulso e/ou capnógrafo);
 Fixar cânula endotraqueal, registrando posição na altura da rima labial e
pressão do cuff (15 a 20 mmhg em VM);
 Providenciar ventilador mecânico;
 Manter as vias aéreas desobstruídas aspirar se necessário. (CALIL, 2007).

Cuidados Circulatórios: Insuficiência venosa e arterial:

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 Avaliar pulsos periféricos, edemas, enchimento capilar e temperatura.
 Manter hidratação adequada para reduzir a viscosidade sanguínea. (CALIL,
2007).

Cuidados Cardíacos: Fase aguda


 Avaliar dor no peito;
 Providenciar material de ressuscitação cardiopulmonar desfibrilador (FV e
TV sem pulso);
 Monitorar ritmo e frequência cardíacos;
 Puncionar acesso venoso calibroso e observar a permeabilidade da veia
periférica;
 Administrar medicamentos solicitados pelo médico e realizar um bolus de
10, 20 ml de SF 0,9% após cada dose, e elevar o braço por alguns segundos;
 Avaliar os sinais vitais;
 Monitorar os sinais vitais no retorno da circulação;
 Avaliar o nível de consciência, reações pupilares e reações motoras após
retorno da circulação por meio da escala de coma de Glasgow;
 Monitorar a função renal;
 Avaliar e monitorar os pulsos periféricos quanto à qualidade e presença.
(CALIL, 2007).

Monitoração de sinais vitais:


 Monitorar a cor e a temperatura da pele após o retorno da circulação;
 Monitorar os sinais e sintomas de hipotermia;
 Usar colchões de resfriamento ou banhos mornos para adaptar a
temperatura corporal, quando adequado;
 Monitorar as tendências e flutuações na pressão sanguínea. (CALIL, 2007).

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8 REFERÊNCIAS

AEHLERT, B. ACLS: Suporte Avançado de Vida em Cardiologia: emergência em


cardiologia Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

BERNOCHE, Claudia et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz


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Suzanne c. smeltzer... [et al.]; [revisão técnica, ISABEL C.F. DA CRUZ, IVONE E.C.
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