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1 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORAÇÃO
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Figura 2: Representação da irrigação do coração pelas artérias coronárias direita e esquerda.
Fonte: Imagem de internet.
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entrelaçamento de fibras, localizado no interior dos ventrículos) 3) trato de saída
( região localizada próximo a válvula pulmonar e válvula aórtica).
O sistema cardiovascular tem como função o transporte de gases (CO2 e
O2), transporte de nutrientes aos tecidos orgânicos e remoção de metabólitos
provenientes do metabolismo celular. A circulação sanguínea é dividida em
pulmonar e sistêmica. A circulação pulmonar (pequena circulação) tem início no
átrio e ventrículo direito, onde o sangue venoso é conduzido através das artérias
pulmonares até o pulmão onde este sangue passará por um processo de troca
gasosa denominado hematose, nos capilares pulmonares. A partir dai, o sangue
será conduzido para o átrio esquerdo através das veias pulmonares. A circulação
sistêmica (grande circulação) tem início no ventrículo esquerdo, de onde o
sangue arterial será conduzido para todo o corpo através da artéria aorta. À
medida que este sangue passa através dos tecidos haverá uma troca gasosa e
o sangue antes arterial se tornará cada vez mais venoso. Este sangue venoso é
capitado pelas veias cavas (superior e inferior) e conduzida até o átrio direito
onde se finaliza, este processo.
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sístole atrial, enchimento rápido, enchimento lento (ou diastase), contração
isovolumétrica, ejeção e relaxamento ventricular isovolumétrico.
A ciclo cardíaco inicia-se com a excitação atrial, denominada sístole atrial,
na qual é indicada pela onda P no registro do eletrocardiograma, sendo seguida
pela abertura da válvula mitral e tricúspide, pois há um aumento da pressão
interna destas câmaras, após a abertura das válvulas, pressão nos ventrículos
torna-se maior do que a existente no interior dos átrios.
O enchimento ventricular é dividido em enchimento rápido porque o
gradiente pressórico é muito favorável a passagem do sangue da cavidade atrial
para a ventricular. O enchimento rápido recebe influência da perda de tensão da
parede ventricular no início da diástole, essa perda de tensão depende tanto da
eficiência do processo de relaxamento muscular como da complacência da
câmara. O enchimento ventricular termina com a contração atrial.
Na contração isovolumétrica a pressão interna dos ventrículos tornam-se
ainda maior sendo um estímulo para que ocorra o fechamento das válvulas mitral
e tricúspide, facilitando a ocorrência da fase de contração isovolumétrica.
A ejeção ocorre, pois a pressão no interior do ventrículo direito/ventrículo
esquerdo é maior do que a pressão interna das artérias pulmonar/aorta, mesmo
porque as valvas tricúspide/ mitral encontram-se fechada. Isto é um estímulo
para que ocorra a abertura da valva aórtica fazendo com que o sangue migre do
interior dos ventrículos D e E para o interior das artérias pulmonar ou aórtica.
No relaxamento isovolumétrico, a pressão interna das artérias pulmonar
e aórtica ascendente é tão grande que faz com que ocorra o fechamento das
valvas pulmonar e aórtica, isso estimula o acontecimento de um relaxamento no
músculo.
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Figura 4: Representação do ciclo cardíaco. Pressões ventricular, aórtica, atrial, volume
ventricular, fonocardiograma e eletrocardiograma. Fonte: Imagem de internet.
1.2.1 Regulação da FC e do DC
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ventrículos em cada contração é denominada débito sistólico. Sendo assim, o
débito cardíaco é calculado pelo produto do débito sistólico X frequência
cardíaca. A regulação intrínseca do DC está relacionada com o mecanismo de
Frank Starling, que diz que quanto maior for a capacidade do músculo cardíaco
de distender-se maior será a força de contração realizada pelo miocárdio, logo
maior será o volume de sangue ejetado do coração.
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2 - DOENÇAS CARDIOVASCULARES
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homocisteina elevada, resistência à insulina e diabetes mellitus (denominados
fatores modificáveis), a cirurgia cardíaca, para correção dos distúrbios do
coração e grandes vasos, teve seu desenvolvimento e evolução acentuados
objetivando o aumento da sobrevida da população.
2.1 Aterosclerose
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Pode ser definida como uma condição clínica na qual observar-se valores
tencionais elevados, tendo seu quadro clínico incluindo alterações
hemodinâmicas, cardíacas e metabólicas. Nesta doença o sangue acaba por
exercer uma pressão muito grande sobre as paredes das artérias que por
algum motivo encontram-se enrijecidas, isso levará ao aumento da PA devido
ao turbilhonamento que é formado no interior deste vaso. Classifica-se como:
Hipertensão arterial primária – aquela que não apresenta causa definida, o
paciente apresenta múltiplos fatores que podem ocasionar a hipertensão arterial.
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Angina estável é uma doença coronariana crônica caracterizada
clinicamente pela angina desencadeada aos esforços. Este quadro clinico
caracteriza-se por apresentar episódios de dor retroesternal em aperto com piora
gradual, porém melhora ao repouso e com utilização de nitratos. Sua duração é
em média de 5 a 15 minutos.
Habitualmente a dor é retroesternal ou precordial, podendo localizar-se em
região epigástrica, mandíbula, hemitórax direito, membro superior esquerdo ou
mesmo localizações não habituais como membro superior direito, hipocôndrio
direito ou esquerdo e região dorsal, acompanhada de grande mal-estar, palidez
e sudorese. Pode ser desencadeada por esforços físicos e/ou estresse.
Sua fisiopatologia basea-se na obstrução do sistema coronariano,
causando déficit de suprimento sanguíneo e, portanto de oxigênio ao miocárdio.
As lesões ateroscleróticas são evidentes quando a alteração do fluxo
sanguíneo coronariano é superior aos mecanismos de reserva miocárdica, fato
que só ocorre a partir de 75% de obstrução do vaso coronariano.
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A dor torácica ocorre frequentemente, com maior duração ou com perda de
resposta aos medicamentos. A dor pode surgir durante o repouso ou mesmo
com paciente deitado. A dor não responde adequadamente a cessação do
exercício físico.
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Lado Direito Mandíbula
Epigástrio Dorso
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3 - INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
2. Sobrecarga de pressão
Hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar
Estenose valvar aórtica
3. Sobrecarga de volume
Insuficiências valvares
Síndromes hipercinéticas e hipervolêmicas (IC de alto débito)
Hipertireoidismo
Anemia
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Cardiomiopatia hipertrófica
Hipertrofias ventriculares
Isquemia miocárdica
b. Aumento da rigidez da câmara (redução da complacência)
Processos infiltrativos (amiloidose)
Cardiopatia isquêmica
Cardiopatia do idoso
c. Interferências mecânicas ao desempenho diastólico ventricular
Estenose mitral/tricúspide
Diminuição da distensibilidade ventricular secundária às compressões extrínsecas
(pericardite, tamponamento cardíaco, mixoma atrial)
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Na IC Direita é caracterizada por sinais de congestão venosa sistêmica e
de edema periférico. A fraqueza, o cansaço e intolerância aos esforços ocorrem
nas duas formas.
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Figura 9: Insuficiência cardíaca esquerda / Insuficiência cardíaca direita
Fonte: Arquivo pessoal.
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4 - CIRURGIA CARDÍACA
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Reações idiossincrásicas à protamina;
Ativação dos neutrófilos com desintegração e liberação de grânulos lisossomais tóxico
enzimas proteolíticas que originam lesão epitelial e endotelial;
Liberação inapropriada de surfactante, pelos pneumócitos tipo II, devido a, também
inapropriada, oferta de sangue para o epitélio alveolar;
Hipotermia, durante o ‘bypass’, que altera a produção e função do surfactante;
Soluções cardioplégicas com grandes concentrações de cloreto de potássio (20 mEq/l)
que retornam para o átrio direito, na microcirculação pulmonar, se não forem removidas por
uma cânula atrial.
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pancreatite aguda e sangramento gastrointestinal, particularmente em pacientes
com história prévia de úlcera gástrica (KARANGUELIS et al, 2011).
Dentre as alterações circulatórias, podem ocorrer alterações do débito
cardíaco, podendo levar à síndrome do baixo débito cardíaco, e até a
insuficiência cardíaca. Há também alterações da contratilidade miocárdica e
arritmias. Entre as possíveis consequências dos problemas neurológicos estão
convulsões, coreoatetose e agitação. Além disso, podem aparecer como
consequência no pós-operatório de cirurgia cardíaca: Quilotórax, tamponamento
cardíaco, Síndrome pós-pericardiotomia, Síndrome da resposta inflamatória
sistêmica (MODESTO et al, 2003).
A mobilização precoce aparece como uma possibilidade de trazer vários
benefícios aos pacientes, além de minimizar os efeitos deletérios pelo repouso
e imobilismo. É fundamental para recuperação do paciente o início precoce da
atuação do profissional de fisioterapia, evitando riscos de hospitalização
prolongada e imobilidade associada (MODESTO et al, 2014; SANTOS et al,
2017).
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5 - AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PRÉ-OPERATÓRIO DE
CIRURGIA CARDIOVASCULAR
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Uma das estratificações encontradas na literatura é a descrita por
Torrington e Henderson (1988), que elaboraram uma escala associando vários
fatores de risco (idade maior que 65 anos, obesidade, local da cirurgia,
tabagismo, sintomas respiratórios ou de pneumopatia crônica) para o surgimento
de complicações pulmonares no período pós-operatório, baseados na evolução
prospectiva de 1.476 pacientes submetidos a diversos procedimentos cirúrgicos.
Associaram também aos fatores descritos acima a observação de dados
espirométricos (CVF e VEF1/CVF) para verificação do nível de disfunção
ventilatória.
Os autores determinaram um valor para cada variável cujo somatório final
permite graduar o risco de desenvolvimento de complicações, estratificando-as
em alto, moderado e baixo.
Fatores clínicos Pontuação
c) Local da cirurgia
Torácica 2
Abdominal alta 2
Outros 1
d) História pulmonar
Fumante atual 1
Tosse ou expectoração 1
Doença pulmonar 1
e) Espirometria
CVF – capacidade vital forçada; VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro segundo
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Pacientes que apresentem o somatório entre 0 – 3 são classificados como
baixo risco, os que pontuarem entre 4 – 6 são classificados como risco
moderado, e quando pontuarem entre 7 – 11 são classificados como alto risco
para o desenvolvimento de complicação pulmonar no pós-operatório. Foi então
sugerido pelos autores medidas profiláticas para os pacientes de alto e
moderado risco no pré-operatório.
Encontramos descrito na literatura científica mais de 20 modelos de
escores preditivos de risco para cirurgia cardiovascular. Dentre eles destacam-
se: Parsonnet score, STS risk score, Higgins score, Northern New England score
(NNE score), Ambler score, 2000 Bernstein-Parsonnet score, EuroSCORE
(PARSONNET et al, 1989; NASHEF et al, 1999; BERNSTEIN et al, 2000;
MICHEL et al, 2003; ROQUES et al, 2003).
O Bernstein Parsonnet e o EuroSCORE apresentam vantagens em
relação aos demais em virtude de poderem ser utilizados para cirurgia de
revascularização, cirurgia valvar ou cirurgia combinada, além de poderem ser
facilmente aplicados na beira do leito (GAROFALLO et al, 2014).
O Parsonnet score foi desenvolvido em 1989 e destaca-se por ter sido o
pioneiro na estratificação sistemática de risco em cirurgia cardíaca e aplicável a
diferentes populações. O Berstein Parsonnet 2000 corresponde ao Parsonnet
score revisado e simplificado, baseado em um banco de dados de 10.703
pacientes de Nova Jersey, nos Estados Unidos, entre 1994 e 19952
Os autores realizaram o estudo objetivando elaborar um método de
estratificação de risco para cirurgias cardiovasculares tendo como principal
desfecho a observação de mortalidade.
Utilizando dados objetivos que se encontram facilmente disponível, e com
uma amostra de 3.500 cirurgias realizaram a análise de regressão, com
utilização de 14 variáveis que poderiam predizer o risco.
Posteriormente foi construído um modelo para o cálculo da probabilidade
de mortalidade em 30 dias em pacientes submetidos a cirurgia cardiovascular.
O método foi então testado prospectivamente em 1.332 procedimentos
cirúrgicos. O Parsonnet score encontra-se descrito abaixo.
Variáveis Pontuação
Sexo feminino 1
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Obesidade mórbida 3
Diabetes mellitus 3
Hipertensão arterial 3
Fração de ejeção
Boa (>50%) 0
Regular (30 – 40%) 2
Ruim (<30%) 4
Reoperações
Primeira 5
Segunda 10
Balão intra-aórtico no pré-operatório 2
Aneurisma de ventrículo esquerdo 5
Cirurgia de emergência pós-estudo hemodinâmico 10
Estados catastróficos (insuficiência renal, choque, cardiogênico e alteração 10 – 50
estrutural aguda
Outras condições (paraplegia, marcapasso, cardiopatia congênita em adulto, 2 – 10
asma grave
Cirurgia de valvar mitral 5
Pressão de artéria pulmonar > 60 mmHg 8
Cirurgia valvar aórtica 5
Gradiente VE – Ao > 120 mmHg 7
Cirurgia combinada (troca valvar + revascularização do miocárdio 2
Ao – aorta; VE – ventrículo esquerdo
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Teste de caminhada de seis minutos
O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) é um teste simples, de
baixo custo, fácil aplicabilidade que visa utilizar a atividade habitual como
ferramenta de avaliação da capacidade funcional. Ele foi idealizado na década
de 1970, com objetivo de avaliar funcionalmente portadores de doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), apresentado correlação com o consumo de oxigênio
de pico (VO2pico), sendo indicado e amplamente aplicado em condições como:
comparação pré e pós tratamento (ex: IC, DPOC, hipertensão pulmonar, redução
de volumes e capacidades pulmonares, dentre outras), avaliação da capacidade
funcional (IC, DPOC, doença vascular periférica, fibrose cística, dentre outras),
além de ser uma ferramenta importante na predição do prognostico em diversas
condições (ATS, 2002; ANNE et al, 2014; ZILELINSKA et al, 2013; ZANINI et al,
2013; MARTIN, 2013; SANT ANNA JR, 2015).
Diversos estudos apontam que a distância percorrida no TC6M é um
importante indicador mortalidade estando os pacientes que caminham distância
inferior a 300 metros com grave acometimento de sua condição físico-funcional
o que aumentaria substancialmente a chance de desfechos sombrios, como o
óbito (SANT ANNA JR, 2015; TABATA et al, 2015; PALAU et al, 2016).
Por tratar-se de uma avaliação que envolve um mínimo grau de
complexidade para sua realização, o TC6M tem sido utilizado como ferramenta
para estratificação de risco quanto a morbidade e mortalidade (RIBEIRO et al,
2011; BEATTY et al, 2012; ZILELINSKA et al, 2013), além de avaliação pré-
operatória, sendo a distância percorrida no TC6M a variável de maior
importância.
Para a determinação da distância prevista a ser percorrida foi utilizada a
equação proposta por Brito et al. para população brasileira [DPTC6M=890,46-
(6,11 x idade)+(0,0345 x idade2)+(48,87 x gênero)-(4,87 x IMC) sendo gênero =
1 (homens) e gênero = 0 (mulheres)].
OBSERVAÇÃO IMPOTANTE !
Cabe ressaltar que o teste de caminhada de seis minutos só poderá ser
realizado em pacientes que não apresentem: cardiopata grave (classe NYHA
IV), instabilidade hemodinâmica (frequência cardíaca de repouso >120 bpm,
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pressão arterial sistólica >180 mmHg e pressão diastólica >100 mmHg, angina
instável durante o mês, infarto do miocárdio prévio durante o mês anterior),
trombose venosa profunda, alterações cognitivas que impeçam a realização,
doenças neurológicas centrais e periféricas, claudicação intermitente,
alterações ortopédicas de membros inferiores que levem a quadro álgico, uso
de órteses, acuidade visual e auditiva reduzidas (ATS, 2002).
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PEmáx = 115,6 – 0,61 x idade (EPE = 11,2)
Figura 10: Avaliação da pressão respiratória estática por meio de manovacuometria analógica.
Fonte: Arquivo pessoal
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Para obter dados da ventilação pulmonar e da capacidade vital usa-se um
ventilômetro ou espirômetro portátil. São medidas que podem ser tomadas à
beira do leito e que permitem ao fisioterapeuta um acompanhamento fiel da
função pulmonar, tanto no pré quanto no pós-operatório, porém estes valores no
período imediato do pós operatório, podem ser hipoestimados pela dor e pela
diminuição da força muscular respiratória. O trauma cirúrgico leva à uma
alteração das propriedades contráteis do diafragma. Baseando-se em tal
informação, torna-se útil a avaliação da musculatura respiratória e esta pode ser
obtida pela mensuração das pressões inspiratória e expiratória máximas,
usando-se um manovacuômetro.
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6 - VENTILAÇÃO MECÂNICA NO CARDIOPATA
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Figura 11. Comportamento do retorno venoso em função da pressão atrial atrial direita (PAD),
na ausência (em branco) e na presença (em escuro) de 14cmH2O de pressão positiva expiratória
final (PEEP). Fonte: Adaptado de Fessler et al (1992).
Coração
abdômen
Figura 12: Imagem de ressonância magnética de um cão anestesiado, obtida em decúbito lateral
esquerdo. (A) Pressão positiva expiratória final de zero (PEEP = 0). (B) Pressão positiva
expiratória em dez (PEEP = 10 mmHg). As setas delimitam a parede lateral da veia cava inferior
e a compressão focal é vista na imagem B, com aplicação de PEEP.
Fonte: Adaptado de Rossi &. Roussos (1997).
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Os efeitos da PIT sobre VE remetem ao conceito de pressão transmural,
que é traduzida como a diferença entre a pressão interna e externa de uma
determinada câmara. A circulação pulmonar pode ser dividida em vasos
extrapulmonares e pulmonares. De acordo com a localização dos vasos
pulmonares podem ser dividido em alveolares e extra-alveolares.
Variações na PIT, como esforço inspiratório podem promover
repercussões importantes em pacientes cardiopatas com disfunção miocárdica.
O aumento da negatividade intrapleural aumenta a pré-carga e a pressão
transmural da aorta, podendo resultar em edema pulmonar. Contrariamente a
utilização de ventilação por pressão positiva assim como a PEEP, podem reduzir
a pós-carga do VE e favorecer o débito cardíaco, devido à redução da pressão
transmural da aorta
Vários dos efeitos da PEEP são alterados no paciente grave. A redução
da pressão, associado ao amento da pressão sobre a parede do VE,
compromete o fluxo sanguíneo coronariano e pode acarretar em isquemia
miocárdica em alguns pacientes, podendo a despeito da redução do trabalho
cardíaco, acarretar em prejuízo da função contrátil.
A Resistência Vascular Pulmonar (RVP) é o principal fator determinante
da pós-carga do VD, sendo diretamente afetada por alterações no volume
pulmonar. A RVP depende do equilíbrio entre os vasos alveolares e extra-
alveolares, que estão expostos à pressão alveolar e ao grau de expansão
pulmonar.
O emprego de grandes volumes pulmonares e de PEEP elevadas,
aumenta a RVP dos vasos alveolares, devido a distensão alveolar. Por outro
lado, o volume pulmonar abaixo da capacidade residual funcional também
aumenta a RVP por compressão dos vasos extra-alveolares e colapso de vias
aéreas terminais, resultando em hipoxemia alveolar. Neste tipo de situação
clinica a VM restabelece o volume de equilíbrio elástico pulmonar e reverte a
vasoconstricção hipóxica, resultando em redução da RVP. Pacientes com
hiperinsuflação dinâmica podem também apresentar alterações hemodinâmicas
devido ao aumento da RVP.
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A complacência diastólica do VE pode alterar em virtude da mudança no
volume diastólica do VD. Ambos os ventrículos dividem o septo interventricular
e encontram-se localizados no interior do saco pericárdico, o que limita o volume
máximo das estruturas.
A redução da pré-carga tem sido considerada o maior fator determinante
das alterações hemodinâmicas durante a utilização de PEEP. Pacientes com
pré-carga elevada ou insuficiência ventricular esquerda, toleram melhor a VM
associada a PEEP, quando comparados a pacientes normovolêmicos.
A distensão pulmonar acima do volume de equilíbrio do sistema
respiratório comprime o coração reduzindo assim o volume diastólico final (VDF)
do ventrículo esquerdo. Por outro lado, altos volumes pulmonares aumentam a
RVP, contribuindo também, para o aumento do VDF do ventrículo direito. A
compressão mecânica dos pulmões sobre o coração e denominada de pressão
justacardíaca.
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sugerem que a liberação do ANP sofre influência direta do valor de PEEP e que
a resposta endócrina pode ser mais sensível que a função cardíaca, durante
aumentos de PEEP.
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da VM. Um dos pacientes componente da amostra, necessitou ser sedado com
0.05 mg de fentanil intravenoso, para que o segmento ST retornasse ao padrão
de normalidade (figura 03).
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isquemia. A justificativa fisiológica mais plausível para a falha no desmame da
VM decorrente das alterações isquêmicas seria pelo surgimento de edema
intersticial, ou por engurgitamento das veias da mucosa brônquica (NOBLE et al,
1975), aumentos da pressão capilar pulmonar que resultam em piora da
mecânica pulmonar, e em consequência com aumento do trabalho respiratório.
O aumento da atividade muscular respiratória pode ser capaz de
desencadear sobrecarga hemodinâmica, gerando aumento da pressão capilar
pulmonar e, consequentemente, ao aumento da impedância pulmonar (NOBLE
et al, 1975). Levando a um ciclo vicioso que exigirá maior esforço e maior aporte
de sangue aos músculos respiratórios, o que, por sua vez, pode desencadear
uma piora do próprio quadro hemodinâmico além de novas áreas isquêmicas
(ROUSSOS et al, 1982; AUBIER, 1989) conforme demonstrado na figura 04.
Em condições normais, durante o repouso, o oxigênio consumido (VO 2)
pela musculatura respiratória representa cerca de 5% do consumo total de
oxigênio do organismo. Em condições adversas, esse consumo total pode
chegar a 50%,do VO2
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respiratória é essencial nessas condições, poupando o sistema cardiovascular
da necessidade de despender boa parte do débito cardíaco na musculatura
respiratória. Este princípio deve ser sempre lembrando durante o desmame da
VM em pacientes cardiopatas.
Alguns estudos descrevem importante queda do fluxo coronário e do
consumo de oxigênio do miocárdio (MVO2), principalmente subendocárdio, à
medida que se utilizam níveis crescentes de PEEP, essas alterações são
decorrentes da simples diminuição da demanda celular, causadas pela
diminuição de pré e pós-carga cardíaca (KOTANIDOU et al, 1997). A utilização
de PEEP, por uma somatória de efeitos já descritos tenderia a “proteger” um
miocárdio isquêmico (principalmente as câmaras esquerdas, porém cuidados
devem ser tomados para que o uso inadvertido de PEEP não ocasione queda
importante da pressão arterial).
Cabe ressaltar que alguns dos fatores que interferem diretamente no
desmame da VM de pacientes cardiopatas são o grau de disfunção ventricular
esquerda e em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca o tempo de circulação
extracorpórea.
A avaliação dos diferentes mecanismos que promovem ajustes
cardiovasculares, durante a VM, são importante para estabelecer uma adequada
ventilação, com a menor repercussão hemodinâmica possível (figura 05). Além
disso a rápida recuperação do balanço autonômico é fundamental para que se
evite o surgimento de episódios de arritmia cardíaca e/ou deficiência
hemodinâmica durante a interrupção da ventilação mecânica e/ou evolução de
desmame.
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Figura 15: Variação da interação cardiopulmonar da ventilação espontânea à ventilação
controlada.
Fonte: Adaptado de Barabas et al (1996).
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7. VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NA UNIDADE CARDIOLÓGICA
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7.2 Modalidades ventilatórias
Figura 17: Componentes básicos, pressão e fluxo durante administração do BiPAP (bilevel
positive airway pressure ventilation).
Fonte: Arquivo pessoal.
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7.2.3 Indicações da VNI
Lesão
Agudização da pulmonar
fibrose cística Indicações da
Ventilação Não Invasiva
Agudização da
Doenças
DPOC
neuromusculares
• Vômito;
• Cirurgia facial ou de via aérea superior recente;
• Complicações na face (trauma ou queimaduras);
• Epistasia severa;
• Alteração do estado mental (confusão ou agitação);
• Pneumomediastino;
• Pneumotorax não drenado;
• Incapacidade de mobilizar secreção;
• Incapacidade de proteger via aérea;
• Instabilidade hemodinâmica;
• Bolhas pulmorares pré existentes;
• Arritmias de alta resposta não tratadas.
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• Aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF);
• Recrutamento de unidades alveolares colapsadas ou hipoventiladadas;
• Aumenta de Volume Corrente (VC) e Complacência Pulmonar;
• Diminuição do trabalho respiratório, permitindo o descanço da musculatura
respiratória;
• Diminuição do trabalho cardíaco;
• Aumento da PaO2 e SatO2;6
• Diminuição da PaCO2;
• Melhora do Shunt pulmonar;
• Aumento da ventilação colateral.
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O extravasamento de água extravascular pulmonar acarreta alterações
pulmonares, como redução da complacência, aumento da resistência de vias
aéreas, aumento da resistência vascular pulmonar pela hipoxemia, aumento do
shunt pulmonar, do trabalho respiratório e do consumo de oxigênio e aumento
da sobrecarga ventricular esquerda (pela maior variação/negativação da pressão
pleural).
Pacientes com edema agudo de pulmão (EAP) são frequentemente vistos
nas unidade coronariana e nas emergências. Embora a maioria dos pacientes
respondam a terapia médica convencional (ex: vasodilatadores e diurético),
alguns pacientes requerem suporte ventilatório. Por esse motivo nas últimas
duas décadas vêm aumentando o interesse no suporte ventilatório não invasivo
(CPAP e Bilevel), uma vez que ambos promovem melhora da mecânica
pulmonar e hemodinâmica.
Figura 19: Efeitos da PEEP e da interação cardiopulmonar no edema agudo pulmonar de origem
cardiogênica.
Fonte: (Adaptado de Barabas et al (1998).
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complacência pulmonar e a troca gasosa (relação PaO2 /FIO2), reduz o trabalho
respiratório (BARABAS et al, 1998) e acarreta aumento no calibre das pequenas
vias aéreas, levando à diminuição da sua resistência .
Melhora hemodinâmica, por aumentar a pressão intratorácica e assim
reduzir a pré carga, diminuindo a pressão de enchimento e a pós carga, por
reduzir a pressão transmural do VE (BARABAS et al, 1998; NAUGHTON et al,
1995) (pressão sistólica do VE – pressão pleural), ou seja, a pós carga do VE
não depende somente da pressão na raiz da aorta, como também das variações
da pressão pleural. Resultando na melhora da performance ventricular esquerda,
sem diminuir o débito cardíaco. Como a atividade simpática está aumentada na
IC, respostas hemodinâmicas da CPAP indicam uma diminuição do estresse
circulatório (MONTNER et al, 1994), da variabilidade da frequência cardíaca por
um predomínio da atividade parasimpática e da inibição da atividade nervosa
simpática cardíaca, aplicado por um curto período (KAYL et al, 2001) .
Já o Bilevel é uma modalidade de assistência espontânea (o paciente
controla o volume corrente, frequência respiratória, tempo inspiratório e tempo
expiratório). Nesta modalidade o aparelho alterna entre alta pressão inspiratória
com baixa pressão expiratória, que apresenta as seguintes características: há
ciclagem do respirador; ciclado a fluxo (geralmente 25% do pico de fluxo
inicial); a onda de fluxo muda conforme o esforço do paciente; a mecânica
pulmonar e o esforço do paciente podem mudar o volume corrente (quanto maior
o esforço, maior é o VC ou quanto maior é a pressão do ventilador (IPAP), menor
é o trabalho respiratório); a pressão média de vias aéreas, geralmente é maior.
Teoricamente o Bilevel oferece vantagens sobre a CPAP, pois fornece
PEEP pela EPAP e uma assistência inspiratória pela IPAP, desta maneira o
Bilevel assiste o paciente no edema agudo de pulmão de três maneiras: 1)
reduzindo o trabalho respiratório, 2) melhorando a troca gasosa e aumento da
ventilação alveolar, 3) melhora o débito cardíaco34. Por outro lado o excesso de
pressão positiva na via aérea pode diminuir o retorno venoso significativamente
e causar instabilidade hemodinâmica. Logo, seu uso deve ser cauteloso no
infarto agudo do miocardio35, já que ele pode causar diminuição da perfusão
miocárdica, a qual está diretamente correlacionada com a pressão arterial
diastólica.
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Alguns estudos demonstraram que a Bilevel foi mais eficiente que a
CPAP, por melhorar rapidamente os sinais vitais, os parâmetros gasométricos e
as trocas gasosas, com dez minutos de aplicação e principalmente nos pacientes
com hipercapnia, com trinta minutos de aplicação.
Em estudo prospectivo, randomizado, comparando CPAP, Bilevel e
oxigênio no edema agudo de pulmão, foi confirmado que a VNI (ambas
modalidades) pode ser usada seguramente, sem efeitos colaterais importantes.
Este trabalho demonstrou uma rápida resolução na frequência respiratória com
a Bilevel e uma tendência no sucesso do tratamento, como melhora da acidose,
SpO2 > 90% e da frequência respiratória ≤ 22ipm em até duas horas com esta
modalidade. Já no grupo da CPAP, houve uma tendência a maior sobrevida até
a alta hospitalar, porém não podemos afirmar veementemente este resultado,
devido ao pequeno número de pacientes que participaram do estudo e pelo
benefício fisiológico em curto prazo da CPAP. Outro ponto importante foi o uso
de nitrato antes da chegada no hospital em 22 pacientes vs 33 que não usaram,
sendo que a administração deste medicamento pode ser considerada um
preditor de sobrevida hospitalar em sete dias (PARK et al, 2001).
Um outro estudo (BELLONI et al, 2004) demonstrou que a Bilevel foi tão
efetiva quanto a CPAP, no tratamento do edema agudo pulmonar cardiogênico
(EAPc), e não houve diferença estatística na incidência de IAM entre as duas
modalidades. Porém, os critérios de exclusão do estudo foram: enzimas
cardíacas aumentadas, em 35 pacientes, IAM ou angina sugerida pelo ECG, em
37 pacientes, e dor torácica em 10 pacientes.
Segundo as diretrizes da IC descompensada da SBC (2004), a dificuldade
em definir e classificar os quadros de IC descompensada, junto a
heterogeneidade das populações envolvidas e as controvérsias sobre os
objetivos (alívio dos sintomas e/ou melhora da sobrevida) também contribui para
a dificuldade do manejo destes pacientes.
A CPAP (10 a 12,5 cmH2O) deve ser considerada a terapia inicial nos
pacientes com EAPc. A mudança do modo ventilatório CPAP para Bilevel deve
ser escolhida em pacientes com hipercapnia ou persistente dispnéia
É bem descrito na literatura que a VNI é capaz de prevenir utilização do
tubo orotraqueal e a ventilação mecânica invasiva em pacientes com IC
descompensada, porém a superioridade entre o CPAP e Bilevel nessas
45
intercorrências permanece ainda controverso na literatura. Para tanto nos
últimos anos foram elaborados trabalhos de meta-análise na tentativa de elucidar
tal questão.
MASIP et al. (2000) realizaram uma meta-análise objetivando verificar em
quadro de edema agudo pulmonar de origem cardiogênica qual a melhor
modalidade de VNI a ser empregada, utilizando em sua revisão apenas estudos
randomizados e controlados. Ficou evidenciado que a VNI reduz
significativamente a morbidade assim como a mortalidade quando comparada à
terapia “convencional” com um nível de evidencia mais positivo para o CPAP,
porém quando comparado aos resultados clínicos não ocorreu diferença entre
CPAP e Bilevel.
PETER et al (2006) em seu estudo de meta-análise objetivando comparar
a VNI na modalidade CPAP e bilevel com a terapia convencional no EAPc, ficou
evidenciado que ambas as técnicas são superiores a terapia convencional, além
de promoverem uma redução significativa na taxa de intubação orotraqueal,
assim como demonstrado nos demais estudo consultados, porém apontando
uma tendência a menor taxa de mortalidade quando utilizada o Bilevel.
O III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica recomenda a utilização
da VNI na modalidade CPAP com grau de recomendação A, no EAPc devendo
ser utilizado em conjunto com a terapia medicamentosa. No que diz respeito ao
Bilevel os benefícios também são muito favoráveis, porém o grau de
recomendação é B, devendo ser ressaltado que a orientação é que a PEEP da
ordem de 10 cmH2O é o ponto de corte para benefício respiratório e
hemodinâmico em pacientes portadores EAPc, tanto na modalidade CPAP
quanto Bilevel.
Vale a pena ressaltar que o uso da VNI não deve ultrapassar duas horas
sem que haja melhora do quadro clínico como: sinais vitais, trocas gasosas,
dispneia etc. Além disso, é importante enfatizar que uma criteriosa seleção dos
pacientes com foco na etiologia da IC, apresenta menos complicações, como,
por exemplo, o IAM.
Por fim, é importante enfatizar que o sucesso da VNI depende do
treinamento da equipe, além da motivação e da dedicação no momento de sua
implantação. Os ajustes iniciais, incluindo a escolha e a fixação da máscara, a
escolha dos parâmetros do ventilador, devem ser individualizados. Eles são
46
feitos à beira do leito, em função da aceitação e conforto do paciente, além das
respostas clinicas e gasométricas que eles apresentam. Esses cuidados são
trabalhosos e demandam tempo, mas são fundamentais para o sucesso da VNI.
47
8 - FISIOTERAPIA NA FASE I DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
48
tema, desde então ganham destaque os relatos sobre a mobilização precoce
(HASHEM et al., 2016).
Apesar da mobilização precoce ser descrita como uma intervenção que
pode trazer benefícios no pós-operatório da cirurgia cardíaca, não existe um
padrão de intervenção fisioterapêutica ou um consenso sobre o melhor protocolo
a ser utilizado. As melhores técnicas, duração ou intensidade ideais necessitam
de maiores esclarecimentos.
Dentre os trabalhos reunidos nessa revisão bibliográfica, todos os autores
demonstraram bons resultados a respeito da mobilização precoce no pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Fica claro que a mobilização precoce não é uma
técnica, e sim um conceito, que tomamos a liberdade após a realização dessa
revisão de literatura definir como: um conjunto de intervenções que visa
minimizar a fragilidade e a perda da funcionalidade decorrente da doença crítica,
e que pode contribuir com a diminuição do tempo de internação hospitalar.
Partindo desse pressuposto cada autor utilizou uma determinada intervenção
que denominou de mobilização precoce.
Ahmed et al. (2006), demonstraram em seu estudo que o grupo que
recebeu a mobilização precoce (mudança de decúbito, exercícios ativos de
membros superiores e inferiores, deambulação e fisioterapia respiratória)
diminuiu o tempo de internação quando comparado ao grupo controle. Além
disso, o grupo controle apresentou maior incidência de complicações
respiratórias.
Esses resultados satisfatórios corroboram aos descritos por Ximenes et
al. (2015) que ajudam a aumentar o arsenal terapêutico utilizado no pós-
operatório, uma vez que objetivaram avaliar os efeitos do exercício resistido
aplicado no pós-operatório imediato de cirurgia de revascularização do miocárdio
sob capacidade funcional (avaliada através de teste de caminhada de seis
minutos) e função pulmonar (avaliada por espirometria). Até então os exercícios
resistidos não eram considerados como uma alternativa no processo de
reabilitação intra-hospitalar no pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Os autores compararam um grupo que recebeu “fisioterapia convencional”
(respiração diafragmática, exercícios assistidos, exercícios ativos, deambulação
progressiva) com um segundo grupo que recebeu “fisioterapia convencional
associada ao exercício resistido (10 repetições para cada grupamento, por um
49
período de 30 minutos, 2 vezes ao dia na UTI e 1 vez ao dia nas enfermarias)
até a alta hospitalar. Eles concluíram que exercício resistido realizado
precocemente foi capaz de promover a manutenção da capacidade funcional,
porém não desempenhou qualquer impacto sobre a função pulmonar, quando
comparada à fisioterapia convencional.
Apesar de ser um estudo que contribuiu substancialmente para
demonstração de que a inserção do exercício resistido no pós-operatório de
cirurgia cárdica é segura, algumas questões devem ser destacadas, a principal
delas diz respeito ao entendimento se a melhora na capacidade funcional está
realmente atrelada ao exercício resistido, ou ao maior volume de treinamento
(tratamento) que os sujeitos do grupo intervenção foram expostos. Corroborando
com esse estudo, Kawauchi et al. (2013) desenvolveram um estudo com
pacientes que fizeram transplante cardíaco e separou os participantes em 2
grupos. O grupo controle recebeu o tratamento padrão da unidade. O outro grupo
recebeu uma intervenção em 10 fases, contendo exercícios ativos, de
resistência, respiratórios, aeróbicos e alongamento. Os dois programas
obtiveram bons resultados, como a melhora da capacidade vital e da atividade
pulmonar.
Mussalem et al. (2014), realizaram um estudo de revisão com o objetivo
descrever a influência da mobilização precoce na força muscular periférica de
pacientes internados na unidade coronariana. Os autores observaram que a
mobilização precoce promove uma redução ou até mesmo manutenção da
massa muscular, além de promover melhora do nível de consciência e redução
de delirium, melhora da funcionalidade e diminuição do tempo de internação,
mas não foram capazes de descrever com clareza o real impacto na força
muscular periférica, em função de diversas limitações apresentadas nos
trabalhos consultados. Dantas et al. (2012) também realizaram um estudo com
dois grupos de pacientes, o primeiro realizou “fisioterapia convencional”,
(exercícios ativos-assistidos e mobilização passiva), e o segundo grupo realizou
intervenções com exercícios de transferências, exercícios ativos,
cicloergometria, deambulação, treino de equilíbrio e posição ortostática. Foi
verificado que o grupo intervenção apresentou melhor força muscular periférica
e inspiratória. Os mesmos resultados não foram encontrados no grupo controle.
50
Asgari et al. (2015) realizaram um estudo onde o mesmo protocolo de
mobilização precoce (mobilização, mudança de decúbito e exercícios passivos)
foi utilizado para os dois grupos do estudo, o primeiro recebeu atendimento nas
primeiras 12 a 18 horas e o segundo com 48 horas após a admissão no pós-
operatório. Os melhores resultados foram obtidos no grupo que iniciou mais
rapidamente a mobilização. Esses resultados são similares aos obtidos por
Alexiev et al. (2016), onde foi realizado um trabalho sobre mobilização precoce
em pacientes com idade igual ou superior a 70 anos no pós-operatório de cirurgia
cardíaca. O grupo controle realizou sedestação, posição ortostástica e
espirometria de incentivo. O grupo intervenção realizou exercícios de força ou
flexibilidade. Ambos os grupos realizaram deambulação e subida de escadas,
aumentando a quantidade conforme os dias. Foi observada uma melhora tanto
na capacidade funcional, quanto na resposta hemodinâmica no grupo submetido
a mobilização.
Também pôde ser observado uma redução da frequência cardíaca no
trabalho de Asgari et al. (2015). Esse achado é compatível com o estudo de
Legramente et al. (2006), onde pacientes submetidos a revascularização do
miocárdio foram divididos em dois grupos. Um realizou treinamento com
exercícios supervisionados no cicloergômetro com carga e o outro não realizou
treinamento. O grupo intervenção apresentou uma redução na frequência
cardíaca em relação ao grupo controle.
No estudo de Mungovan et al. (2016), os pacientes submetidos à cirurgia
cardíaca por meio de esternotomia mediana eram acompanhados pelos
fisioterapeutas, utilizando exercícios respiratórios, exercícios ativos e
deambulação, proporcionando um menor tempo de internação, além da melhora
da capacidade funcional.
Santos et al. (2017) realizaram uma revisão sistemática sobre a
mobilização precoce, mas que não se restringiam somente ao uso das técnicas
respiratórias como tratamento. Utilizando como intervenção o posicionamento do
paciente, sedestação, mobilização passiva, deambulação, exercícios ativos de
membros superior e inferior e exercícios respiratórios. Obteve como resultado
prevenção a possíveis complicações, boa capacidade funcional, diminuição do
tempo de internação, quando comparados a nenhum tratamento.
51
O teste de caminhada de seis minutos foi mencionado por muitos autores
em seus trabalhos. O instrumento foi utilizado algumas vezes no pré-operatório,
porém foi predominantemente aplicado no pós-operatório, como parâmetro para
comparar a capacidade funcional dos pacientes. Em conformidade, o trabalho
de Oliveira et al. (2009), com pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização do miocárdio ou troca valvar, avaliou a distância percorrida na
caminhada de seis minutos e a função pulmonar. Mantendo a mesma relação
com essa revisão bibliográfica, o teste de caminhada de seis minutos teve
correlação com o tempo de internação.
Lumi e Westerdahl (2013) realizaram um estudo para identificar o
tratamento fisioterapêutico de pacientes adultos que realizaram cirurgia cardíaca
na Grécia, incluindo revascularização de miocárdio, cirurgia mitral, aórtica e
tricúspide. Um questionário foi enviado para todos os fisioterapeutas da Grécia
que trabalhava em unidades cardiotorácicas. Os pacientes recebiam em torno
de 1 a 6 sessões por dia, logo nos 5 primeiros dias de pós-operatório. Exercícios
respiratórios foram utilizados por quase todos os fisioterapeutas, seguido de
exercício de sedestação na cadeira e exercícios ativos de membros inferiores.
Outros exercícios foram ortostatismo, deambulação, drenagem postural e
exercícios de membro superior.
Exercícios respiratórios foram citados na maioria dos artigos como uma
das atividades da mobilização precoce. Esse recurso, além de fácil execução,
não mostrou resultados indesejáveis durante a prática. Entre as técnicas mais
utilizadas estão os incentivadores inspiratórios e a inspiração profunda. Esse
achado corrobora com a revisão de Faria et al. (2013), que cita o aumento do
volume corrente e a diminuição da frequência respiratório como principais efeitos
dos incentivadores inspiratórios.
O trabalho de Chagas et al. (2016) reuniu artigos que abordaram a
reabilitação cardíaca na Fase I. Utilizando como intervenção diversos protocolos
de tratamento, os benefícios apresentados na reabilitação cardíaca são: melhora
na qualidade de vida, maior tempo de volta às atividades de vida diária, ajuda na
extração do lactato, melhora na função sistólica do ventrículo esquerdo e da
função pulmonar, diminuição do período de hospitalização, consequências
oriundas da imobilidade e mortalidade.
52
Alguns estudos da revisão de Chagas et al. (2016) não obtiveram
resultados como diminuição dos dias de internação ou melhora dos padrões
ventilatórios, contudo são ferramentas que podem ser utilizadas em um período
menor que o habitual, reduzindo a incidência de complicações respiratórias e
sem trazer consequências através da mobilização precoce.
No trabalho de Hirschhorn et al. (2012), foi constatado que exercícios de
bicicleta estacionária de média intensidade e deambulação nos pacientes que
realizaram a cirurgia de revascularização podem ser uma ferramenta qualificada
para mobilização precoce, ajudando o restabelecimento funcional. No estudo de
Cordeiro et al. (2015), realizado com pacientes que fizeram cirurgias de
revascularização do miocárdio, trocas de valvas e correção de comunicação
interatrial, a deambulação precoce também foi descrita como uma atividade
segura, mas que não teve influência sobre os dias de internação. Contrário a
esse dado, Patel e Hall (2013) demonstraram em seu trabalho que os pacientes
submetidos a revascularização do miocárdio que deambulam têm menos tempo
de internação.
O estudo de Cassina et al. (2016) foi realizado com pacientes que fizeram
cirurgia de revascularização do miocárdio ou substituição valvar. O autor define
a sedestação e o treino de transferência para poltrona como mobilização.
Primeiramente, o paciente permanece 5 minutos sentado na cama, com os pés
no chão. Após, o paciente deve permanecer durante 30 minutos na poltrona, e
posteriormente, retornar para a cama. Todos os pacientes realizaram as
atividades sem efeitos adversos importantes.
Entretanto, no trabalho de Kirkeby-Garstad et al. (2006), realizado com
pacientes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, com
exercícios de bicicleta estacionária, constatou-se que os efeitos fisiológicos não
foram alcançados no primeiro dia. Em outro trabalho de Bundgaard-Nielsen et
al. (2009), desenvolvido com pacientes que realizaram prostectomia também
pôde ser constatado que quase a metade dos pacientes apresentaram
hipotensão ortostática nas primeiras seis horas, resultando na interrupção da
atividade.
Uma das questões discutida na prática clínica é: qual o momento ideal
para o início da mobilização? Fica claro que não há um período exato sobre
quando deve ser iniciada. Estudos com protocolos mais arrojados sugeriram o
53
início imediatamente após a retirada do tubo orotraqueal, já autores mais
conservadores aguardaram dias. Independentemente do tempo, a estabilidade
hemodinâmica e a dispneia foram fatores levados em consideração para o início
da mobilização.
Quanto aos critérios de exclusão houve uma heterogeneidade entre os
estudos para a definição dos mesmos. Um cuidado muito grande deve ser
tomado na prática clínica, pois cada estudo foi conduzido levando em
consideração a realidade e a rotina do setor onde foi realizado, e para adoção
de um protocolo deveremos estar atentos a nossa realidade. Porém a
instabilidade hemodinâmica por questões óbvias foi descrita pela maior parte dos
autores como um critério de exclusão.
Uma das coisas que chama atenção nos trabalhos revisados, é o fato de
poucos autores descreverem os critérios para interrupção da mobilização,
apenas 2 citaram com clareza: Cordeiro et al. (2015) e Hirschhorn et al. (2012).
Partindo do pressuposto que trata-se de um grupo de pacientes que pode evoluir
com complicações oriundas do aumento do consumo de oxigênio gerado pela
atividade ou exercício proposto, a definição adequada de quais critérios serão
utilizados para interrupção da atividade é de fundamental importância, e talvez
seja a nossa maior crítica aos estudos.
54
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