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ÊNFASE EM UTI
MÓDULO: FISIOTERAPIA NAS ALTERAÇÕES DO SISTEMA
CARDIOCIRCULATÓRIO
PROFESSORA: DIANA PACHECO
FORTALEZA - CEARÁ
2021
SUMÁRIO
sistema venoso traz de volta para o coração o sangue venoso - um dos restos do
nosso metabolismo.
Através do sistema circulatório, não apenas o sangue chega a todos os
tecidos do nosso corpo, mas também bem os hormônios e as substâncias que
fazem parte do nosso metabolismo. É por esse sistema que são conduzidos os
nutrientes, as vitaminas e o oxigênio - carreado através da formação de uma
molécula chamada oxihemoglobina - para todo o nosso corpo.
1.2 Estruturas
1.2.1 Coração
1.2.2 Valvas
1.2.3 Vasos
direito e tem relação com todo o funcionamento do coração e dos reflexos sobre o
funcionamento do sistema cardiovascular.
Como já citado, esse sistema é hermeticamente fechado. Diante dessa
informação, podemos afirmar que temos mecanismos de controle extrínseco e
intrínseco de bombeamento, bem como para evitar o represamento de sangue no
sistema venoso. O controle extrínseco é realizado pelo sistema nervoso central, que
aumenta a força de bombeamento do coração quando necessário. Já o controle
intrínseco é realizado pelo mecanismo de Frank-Starling. Dessa forma a
manutenção dos volumes circulantes e o ciclo cardíaco preservam sua harmonia.
Concluo este tópico acrescentando a importância dos conceitos de pré e
pós-carga, que tratam do volume diastólico final. A pré-carga é a quantidade de
sangue ao final da diástole. Esse volume de sangue vai gerar um tensão nas
paredes do ventrículo, preparando o coração para realizar a sístole. A força para
ejetar esse sangue é a pós-carga, a qual tem relação com a capacidade ejetora do
ventrículo. As duas podem se modificar com a atividade física e com a insuficiência
cardíaca.
Modificações no ciclo cardíaco podem ocorrer em casos de congestão
pulmonar, arritmias cardíacas complexas e ineficiência da bomba cardíaca
(insuficiência cardíaca). Diante dessas informações, vamos tratar dos conceitos de
débito cardíaco e a importância para a reabilitação cardiovascular.
Abaixo o diagrama de Wiggers ilustra para os senhores todo o ciclo cardíaco
e acrescenta informações sobre os volumes circulantes.
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Fonte: https://images.app.goo.gl/NDrvyUKnttUFEWoZ9
DC = VS x FC
Seu valor é dado em litros por minuto. Seu valor normal é em torno de 5.600
litros por minuto. Temos um volume sistólico de 70 ml por minuto e uma frequência
cardíaca de 80 batimentos por minuto.
O débito cardíaco é monitorizado em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Em
condições de risco de instabilidade do paciente, um bom débito cardíaco reflete na
perfusão tecidual sistêmica.
Em casos de doenças que afetam a capacidade de ejeção do coração, este
tenta preservar o débito cardíaco as custas de sobrecarga do miocárdio. Essa
adaptação é temporária e com o tempo o débito cardíaco vai reduzir,
desencadeando a médio e longo prazo em redução da perfusão tecidual, que irá
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Dando continuidade aos nossos estudos, vamos tratar dos fatores de risco
para os eventos cardiovasculares. Qual a importância desse tópico para o
fisioterapeuta? Precisamos entender como nossa intervenção colabora para a
melhora do nosso paciente e para a redução dos riscos de novos eventos.
A doença cardiovascular é a principal causa de morte no Brasil e no mundo,
sendo uma das condições de doenças crônicas não transmissíveis com alta
mortalidade e morbidade na população brasileira. Esse grupo de doenças aumenta o
número de indivíduos com desenvolvimento de incapacidade e dependência de
familiares e do sistema previdenciário em nosso país.
O conhecimento dos fatores de risco é importante para a prevenção primária
e secundária em saúde. Essa informação colabora para o aumento da
responsabilidade do paciente com sua saúde, bem como com a melhora do
autocuidado e a redução do número de indivíduos com doença cardiovascular. Isso
é fruto de melhora das políticas públicas em saúde e do aumento da conscientização
da população sobre os fatores de risco e o aumento da atividade física em nosso
país.
Dentro dos fatores de risco, citamos a hipertensão, o tabagismo, o diabetes,
a obesidade, a dislipidemia, o sedentarismo e o histórico familiar, cabendo a análise
de fatores socioeconômicos, espirituais, bem como a influência do meio na
prevenção e na resposta do indivíduo ao controle desses fatores.
O risco para eventos cardiovasculares leva em consideração os eventos
coronarianos, cerebrovasculares, insuficiência cardíaca ou doença arterial periférica
(SBC, 2019).
O paciente é estratificado pelo risco da ocorrência de eventos
cardiovasculares em: risco muito alto, alto, intermediário e baixo. Essa classificação
é importante no tratamento médico e nas medidas não farmacológicas de
tratamento. O estudo de Framingham norteia essa classificação.
Vou ilustrar essa estratificação quanto ao risco, nos quadros 01 a 03. Neles
constam a fonte das informações, fazendo parte também da bibliografia
disponibilizada para estudos ao final deste material.
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Ressalto que caso o indivíduo não apresente riscos para sua saúde, essa atividade
vai ocorrer sem supervisão ou mesmo em ambiente de academia, não trazendo
ônus à saúde do paciente, desde que monitorada de forma adequada.
Concluo este tópico com a sugestão de leitura abaixo, formulada pelo
ministério da saúde:
3 REABILITAÇÃO CARDÍACA
sequência, vou explicar para os senhores os objetivos de cada fase, bem como dar
exemplos de condutas.
3.1.1 Fase 01
3.1.2 Fase 02
Fonte: https://images.app.goo.gl/eZ1ThkxPHSqpZHgb6
3.1.3 Fase 03
frequência cardíaca. Alterações dos sinais vitais exageradas devem ser critérios
para redução da intensidade do ergômetro em uso e caso a redução da velocidade
não normalize o sinal alterado, o exercício deve ser interrompido e o paciente
direcionado para o pronto atendimento médico.
Esta fase da reabilitação dura de 90 dias a dois anos, sendo um período
importante para a manutenção clínica do paciente, que deve ser realizada com
atenção e sob supervisão de equipe multidisciplinar.
Após o fim desta fase, o paciente passa a fazer atividade não
supervisionada ou com o uso de cartões de orientação. Pode fazê-la por tele
consulta ou idas periódicas ao centro de reabilitação para novas orientações.
3.1.4 Fase 04
Esta é uma fase não supervisionada ou sob os moldes descritos acima. Nela
o paciente está bem e mantendo sua condição de saúde, porém, não significa que
não precise mais do acompanhamento da equipe de saúde, mas sim que os
cuidados surtiram o efeito desejado e ele conseguiu voltar as suas atividades de
vida diária (AVD’s), vida social, trabalho e a reverter a boa influência do meio em
prol da sua saúde.
Senhores, neste momento encerro esse tema e vamos tratar das doenças
cardiovasculares associadas ao que pode ser realizado quanto à reabilitação. Após
cada ponto, vou trazer um exemplo técnico para complementar a informação.
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https://www.paho.org/pt/noticias/29-9-2021-doencas-cardiovasculares-continuam-sendo-
principal-causa-morte-nas-americas
Vamos lá!
Boa leitura e bons estudos!
Vamos seguindo!
exemplo, este acarreta disfunção grave do endotélio vascular e com isso aumenta
em até 50% as chances de novo infarto agudo do miocárdio (IAM).
Sobre o paciente com evolução de infarto ou mesmo com angina instável,
este pode apresentar dor torácica (angina pectoris, com irradiação para o ramo da
mandíbula, hemitórax esquerdo e membro superior esquerdo), sensação de aperto
no peito, taquicardia, vômitos (ou mesmo a sensação de enjoo), síncope, sudorese
intensa e mau-estar. Contudo, nem sempre a dor torácica é típica, podendo ocorrer
com outros padrões.
No pronto-socorro são solicitadas as enzimas cardíacas e o
eletrocardiograma. Quando o paciente necessita de internação, é realizado
cateterismo cardíaco (exame que irá avaliar a circulação coronária e se necessário o
implante de stents). É com o laudo desse exame que o médico irá direcionar ou não
esse paciente para a revascularização do miocárdio.
Senhores, cabe uma observação neste momento. Resumi de forma bem
simples como ocorre a evolução e o atendimento desse paciente, porém, as
enzimas cardíacas e as alterações eletrocardiográficas devem ser observadas
durante todo o processo de internação. Se o paciente for classificado como risco de
moderado a alto para o programa de reabilitação, é recomendado que o indivíduo
esteja monitorizado, e a intensidade do exercício não atingir valores de 70% da
capacidade funcional.
Observem que devemos sempre realizar a avaliação de forma detalhada no
ambiente ambulatorial, com acompanhamento dos sinais vitais. Em alguns casos o
paciente precisa de monitorização eletrocardiográfica para a realização do exercício
aeróbico.
Muitas vezes a atividade na fase 02 da reabilitação cardíaca é perdida, pois
o paciente só busca o ambiente de reabilitação após um período em casa, ou
quando seu médico recomenda. É importante que nesses casos todos os itens
citados acima sejam acompanhados quando ele chegar para a primeira avaliação,
mesmo já após um certo período de alta hospitalar.
A seguir, vamos tratar da fase 03 da reabilitação cardíaca. Nste texto vou
tratar com os senhores de mais alguns objetivos, além da importância do
treinamento de força e um exemplo de organização de um atendimento.
Seguimos nos estudos. Na fase 03, esse paciente já está em boas
condições clínicas para realizar atividade aeróbica com intensidade ajustada, está
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membros para que o sistema cardiovascular da paciente perceba que ela vai se
exercitar. Após o aquecimento a paciente realiza 25 minutos de ergometria em
esteira (LEMBRETE: não esqueçam que a intensidade já foi prescrita e podemos
manter a escala de Borg e os sinais vitais como parâmetros de segurança), realiza
após fortalecimento de grande grupos musculares, faz 5 minutos de bicicleta
ergométrica horizontal e exercícios para a parte respiratória, encerra com uma
momento de relaxamento.
IMPORTANTE:
Espero que o exemplo acima tenha ajudado. Vamos seguindo, agora falando
sobre insuficiência cardíaca.
Exemplo clínico:
á ausculta pulmonar. Diante desse quadro foi orientada a buscar seu cardiologista,
que orientou que a paciente fosse internada pela piora progressiva da dispneia.
Após avaliação, observou-se a descompensação de seu quadro.
Dona Pafunxa realizou fisioterapia em ambiente hospitalar (fase 01 da
reabilitação cardíaca) com uso de VNI (bipap com delta de 8). Em suas sessões
realizava fortalecimento muscular com ciclo ergômetro. A VNI era utilizada duas
vezes ao dia. Após a compensação pulmonar, a paciente seguiu em atendimento
visando ao fortalecimento muscular e à melhora de sua condição para a execução
das AVD’s (atividade de vida diária).
Nossa paciente recebeu alta. Indo para casa deu continuidade ao seu
tratamento com equipe multidisciplinar, observando a quantidade de líquidos que
ingeria, mudança da medicação (essa foi otimizada por seu cardiologista) e deu
sequência aos atendimentos de fisioterapia com uso de recursos para fortalecimento
de musculatura respiratória e de membros inferiores. Está em casa há 90 dias com
ausculta pulmonar normal e retorno a sua classificação funcional antes da
internação e com boa adaptação a nova conduta medicamentosa.
Fonte: https://images.app.goo.gl/yyEMpAG2XQYJRh3f7
https://ceafi.edu.br/site/wp-content/uploads/2019/05/atuacao-da-fisioterapia-no-pos-operatorio-de-
transplante-cardiaco-revisao-de-literatura-1.pdf
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Vamos encerrando essa unidade, lembrando que esse tema não foi
esgotado. A IC tem indicação de reabilitação cardíaca e cuidados com o paciente
sempre. Ele pode ter uma vida com qualidade, desde que os cuidados com
alimentação, medicação e atividade física sejam respeitados, bem como adaptações
em suas AVD’s, visando a reduzir o consumo energético que pode desencadear
sintomas, como a descompensação ou a doença crônica, a dispneia, piora da
capacidade funcional e ainda taquicardia e dor torácica.
É contraindicada a fisioterapia motora quando o paciente estiver em classe
IV. Nestes casos a VNi pode ser empregada desde que a musculatura respiratória
não esteja entrando em falência e a condição da bomba cardíaca não esteja
necessitando de doses altas de drogas cronotrópica positivas e/ou drogas para
aumento da frequência cardíaca.
Como citado, a IC é consequência de outras doenças e em casos mais raros
podemos encontrar o paciente com quadro de hipertrofia concêntrica de ventrículo
esquerdo, já com comprometimento da diástole, fator que restringe nossa conduta
junto a este paciente. É importante que a avaliação da condição pulmonar seja
realizada e sempre que possível que tenhamos acesso aos valores da pressão de
artéria pulmonar (estimada no ecocardiograma e medida de forma direta no
cateterismo).
Vamos seguir com nosso material, sendo o próximo assunto relacionado às
alterações na circulação pulmonar que podem afetar o coração do nosso paciente.
Senhores vamos definir o que é cor pulmonale, uma condição em que ocorre
o aumento da pressão da circulação pulmonar que acarreta em hipertrofia de
ventrículo direito, e com isso insuficiência cardíaca direita. As consequências dessa
condição afetam o paciente de forma sistêmica, com quadro de congestão sistêmica
e prejuízo a função de ventrículo direito. A hipertensão pulmonar pode desencadear
em dispneia grave para o paciente e risco de eventos cardiovasculares. Esses
pacientes frequentemente apresentam comprometimento de múltiplos sistemas e
necessidade de terapia medicamentosa ampla e cuidados com esforços e suas
AVD’s, apresentando riscos para a troca gasosa, pois o aumento da pressão leva a
prejuízo dessa função.
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Fonte: https://images.app.goo.gl/JGoJuDD28uUYQHJ98
4.4 Arteriopatias
Fonte: https://images.app.goo.gl/mo6hgFfttVrgCsAn7
Fonte: https://images.app.goo.gl/uGAqY9bk47ntf6wN9.
4.5 Valvopatias
Fonte: https://images.app.goo.gl/W1pNVxh2ZB7EfVdm9
Fonte: https://images.app.goo.gl/s4vKjS6HZjyqha176.
Fonte: https://images.app.goo.gl/RWvB9UyN7JnAQQr16
Fonte: https://images.app.goo.gl/XQWjKVGqze8r2ya5A
C. Harris et al, Evaluation of a muscle pump-activating device for non-healing venous leg ulcers,
International Wound Journal published by Medicalhelplines.com Inc and John Wiley & Sons Ltd.
FUKUDA T. Y., Análise da dose do laser de baixa potência em equipamentos nacionais Rev Bras Fisioter,
São Carlos, v. 12, n. 1, p. 70-4, jan./fev. 2008
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ocorrendo nova oclusão das coronárias, ressalto que essas alterações ocorrem em
algumas situações e não frequentemente.
Diante do exposto, acho que podemos encerrar nosso debate sobre o papel
do fisioterapeuta dentro da cirurgia cardíaca, espero ter contribuído com a formação
dos senhores.
Vamos direcionar nosso diálogo para a conclusão deste texto.
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CONCLUSÃO
Diana F. Pacheco
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REFERÊNCIAS
Carvalho T, Milani M, Ferraz AS, Silveira AD, Herdy AH, Hossri CAC, et al. Diretriz
Brasileira de Reabilitação Cardiovascular – 2020. Arq Bras Cardiol. 2020;
114(5):943-987.