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Pós-

Graduação
Fisioterapia Hospitalar
com Ênfase em UTI

Módulo:
Recursos de Terapia Respiratória por
Pressão Positiva Tradicionais,
Inovações e Oxigenoterapia

Prof. Márcio Lins


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VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE ANATOMIA E FISIOLOGIA


RESPIRATÓRIA?!

Vocês conseguem diferenciar as vias aéreas superiores e inferiores?

As vias aéreas superiores são compostas por:

- Cavidade nasal e oral;


- Faringe; e
- Laringe.

As vias aéreas inferiores são compostas por:

- Traqueia;
- Brônquios;
Como o pulmão é
- Bronquíolos; e dividido?
- Alvéolos pulmonares.
https://med.estrate
giaeducacional.com.
br/blog/aluno-de-
di i /di d
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Seguimos com a próxima imagem, que nos mostra as vias aéreas e o fluxo
aéreo:

Como podemos ver na imagem, nosso sistema respiratório é dividido em


duas zonas: zona condutora e zona respiratória. A zona condutora é composta por
traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. Essa aérea serve apenas
para a condução do ar até a região de troca gasosa. É chamada de espaço morto,
com um volume de cerca de 150 ml. A região de troca gasosa é chamada de zona
respiratória. É composta pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e sacos
alveolares. A zona respiratória está presente na maior parte do pulmão e seu volume
é cerca de 2,5 a 3 litros em repouso.
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Vias aéreas:

• Dividem-se em zona condutora e zona respiratória.


• Volume do espaço morto anatômico é cerca de 150 ml.
• O volume da região alveolar é cerca de 2,5 a 3 litros.
• O movimento de ar na região alveolar ocorre principalmente pela difusão.

Vasos e fluxos sanguíneos:

Os vasos sanguíneos pulmonares também formam uma série de tubos


ramificados, da artéria pulmonar até os capilares, e de volta pelas veias pulmonares.
Inicialmente, as artérias, as veias e os brônquios correm em paralelo, mas, na
periferia, as veias se distanciam para passar entre os lóbulos, enquanto as artérias e
os brônquios seguem juntos o mesmo trajeto até o centro dos lóbulos. O diâmetro de
um segmento capilar é cerca de 7 a 10 µm, com tamanho suficiente para um
eritrócito. A extensão dos segmentos é tão curta que a rede densa forma uma
lâmina quase contínua de sangue na parede alveolar, uma anatomia muito eficiente
para a troca gasosa.

• Todo o débito cardíaco proveniente das câmaras direitas entra no pulmão.


• O diâmetro dos capilares é cerca de 7 a 10 µm.
• A espessura de boa parte da membrana alvéolo-capilar é inferior a 0,3 µm.
• O sangue dispende cerca de 0,75 segundo durante sua passagem nos capilares.

Vamos relembrar os
músculos responsáveis
pela respiração?!
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Músculos da respiração durante a inspiração:

- Diafragma (o mais importante);


- Intercostais externos;
- Escalenos, esternocleidomastoideo (que são músculos acessórios); e
- Asa do nariz e pequenos músculos da cabeça e pescoço, que desempenham
mínima função quando utilizado em uma inspiração forçada.

Músculos da respiração durante a expiração:

- Reto abdominal;
- Oblíquos internos e externos;
- Transverso; e
- Intercostais internos.
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Insuficiência respiratória:

A insuficiência respiratória é dividida em duas: Hipoxemica (tipo I) e


Hipercapnica (tipo II).
Tipo I – Hipoxêmico: na qual existe alteração nas trocas gasosas
pulmonares na região da barreira alveoloarterial, acarretando hipoxemia.
Tipo II – Hipercapnico (ventilatório): na qual existe diminuição da ventilação
alveolar e consequente hipercapnia.
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Causas de insuficiência respiratória tipo I:

Causas de insuficiência respiratória tipo II:


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Vocês sabem a diferença entre hipóxia e hipoxemia?

A Hipóxia é a baixa concentração de oxigênio nos órgãos. Já a Hipoxemia


é a baixa concentração de oxigênio no sangue. Consequentemente, uma hipoxemia
prolongada pode levar a uma hipóxia.

Diagnóstico:

As formas de identificar uma insuficiência respiratória e uma hipoxemia são:

• Gasometria arterial: mais comum em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e rede


Hospitalar. Hoje já existem empresas e equipamentos que conseguem realizar
essa coleta em domicílio, com a entrega do resultado em alguns minutos.
• Analise da relação PaO2/FiO2: analisamos a pressão parcial de oxigênio arterial
dividido pela fração inspirada de oxigênio em porcentagem. Verificamos o valor
da PaO2 na gasometria arterial e dividimos pela FiO2 que estamos fornecendo
para o nosso paciente.
• SpO2: avaliamos a saturação periférica de oxigênio através dos oxÍmetros de
pulso, utilizados tanto na rede Hospitalar como domiciliar, sendo mais utilizado na
rede domiciliar por não ter acesso fácil a gasometria arterial, então a SpO2 torna-
se um importante meio de analisar o índice de oxigenação dos pacientes.

Referência:

- Valor acima de 400 é considerado normal;


- Valor de 300 a 400 significa deficit da oxigenação - IR leve;
- Valor inferior a 300 apresenta comprometimento na oxigenação – IR moderada;
- Valor menor que 200 piora no índice de oxigenação – IR grave.

III Consenso de Ventilação mecânica


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Esses valores servem para nos nortear e dar parâmetros de referência se


sugerimos IOT ou não para um paciente (sempre decisão multi, em comum com
equipe médica e enfermagem), ou melhora e/ou deterioração do quadro respiratório
do paciente definindo se o paciente está com SDRA ou não.

PARA FIXAR!

• As quatro causas de hipoxemia são hipoventilação, limitação da difusão, shunt e


desequilíbrio entre ventilação-perfusão.
• As duas causas de hipercapnia, ou retenção de CO₂, são hipoventilação e
desequilíbrio ventilação-perfusão.
• Shunt é a única causa de hipoxemia em que a PO₂ arterial não se eleva ao nível
esperado quando o paciente respira O₂ a 100%.
• A relação ventilação-perfusão determina a PO₂ e a PCO₂ em todas as unidades
pulmonares. Por ser alta no ápice do pulmão, nessa região, a PO₂ é alta, e a PCO₂ é
baixa.

Tratamento:

- Manutenção de vias aéreas;


- Oxigenoterapia;
- Ventilação mecânica não invasiva; e
- Ventilação mecânica invasiva.

Pacheco - 2020

Manutenção de vias aéreas:

Na manutenção das vias aéreas devemos avaliar como estão as vias do


nosso paciente, se há secreção tanto nas vias aéreas superiores (VAS) quanto nas
vias aéreas artificias TQT/TOT (VAA), pois algumas vezes nossos pacientes
dessaturam por estar hipersecretivo e muitas das vezes conseguimos melhorar o
conforto respiratório dos pacientes e aumentar a saturação periférica apenas com
manutenção das vias aéreas. Manobras de higiene brônquica, aspiração de VAA
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e/ou VAS, assim não sendo necessária uma intervenção como complementação de
oxigênio sem necessidade.

Oxigenoterapia:

A complementação de oxigênio deve ser criteriosa, pois o oxigênio


administrado de forma incorreta pode acarretar toxicidade ao paciente. Indicaremos
oxigênio após realizar manutenção das vias aéreas e mesmo assim não obtiver
melhora da saturação periférica, sempre buscando a causa da dessaturação para
tratarmos a causa e não o sintoma, pois oxigênio por longos períodos de uso
descontrolado pode ser muito mais danoso ao paciente do que o uso contínuo por
um período definido. Cuidado ao ofertar O2 sem critérios.

Ventilação mecânica não invasiva:

Após realizar a manutenção das vias aéreas e ofertar oxigênio e o paciente


ainda se mantiver em desconforto respiratório, nós partimos para adaptação da VNI,
onde se adaptado um equipamento com interface no paciente associando oxigênio
se necessário. Deve-se acompanhar de 30 a 60 minutos se o paciente vai ficar bem
adaptado com a VNI e realizando ajustes finos conforme a necessidade do paciente.
60 minutos são suficientes para definir se a VNI foi eficaz ou não como terapêutica.

Ventilação mecânica invasiva:

Terapêutica utilizada quando o paciente está com SDRA e não consegue


manter pérvia as vias aéreas, utilizada após equipe multi conversar e avaliar o
quadro do paciente. Em geral é instalada após o paciente não apresentar melhora
do quadro de desconforto respiratório com as medidas tomadas anteriormente.
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Oxigenoterapia:

Conceito:

Administração de oxigênio acima da quantidade que respiramos no ambiente


normal.

Objetivo:

Prevenir ou reverter: hipoxemia, cor pulmonale, lesão de órgãos nobres


(coração, rins e cérebro), melhorar a tolerância ao exercício, melhorar a qualidade
de vida e aumentar a sobrevida do paciente.

Indicação:

É indicado para paciente que apresentam hipóxia/hipoxemia, doenças


crônicas respiratórias, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), displasia
broncopulmonar, fibrose pulmonar, entre outras.

Temos várias fontes de administração de oxigênio e vamos abordar algumas


delas a seguir.
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Fontes:

Tomada de O2

Concentrador EverFlo

Cilindro de O2
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Concentrador EverGo

SimplyGo

Mini - mercury

Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas formas de fornecer oxigênio,
a seguir.
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Tomada de O2:

- Consegue ser utilizada com vários equipamentos simultâneos;


- Necessita de fluxômetro, regulador, debitômetro;
- Vazamento se mal adaptado.

Concentrador EverFlo:

- Necessita de rede elétrica;


- Fornece fluxos de até 5 ou 10 l/min;
- Necessita de cilindro de O2 de back-up.

Cilindro de O2:

- Manuseio simples;
- Possibilidade de locomoção com cilindros menores;
- Fluxos de 0,01 a 30 l/min;
- Desvantagem: recarga frequente.

Os próximos equipamentos de oxigênio que iremos abordar são


concentradores de oxigênio portáteis.

Concentrador EverGo:

- Facilita o deslocamento;
- Possui bateria recarregável;
- Fluxo de demanda (somente na fase inspiratória);
- Fluxo máximo: 1,05 l/min;
- Duração da bateria: de acordo com a frequência respiratória.
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SimplyGo:

- Fornece de 0,5 a 2 l/min;


- Contínuo ou pulsado;
- Modo pulso dura 3 horas a bateria e Fluxo contínuo dura 54 minutos.

Mini – Mercury:

- Modo pulsado;
- Fornece até 3 litros por minuto de O2;
- Bateria dura 3 horas e 30 minutos;
- Concentração de Oxigênio: 90%-3% / + 6% (87% a 96%);
- Peso do Produto: 1,98 kg (Com bateria).

Fluxômetro

Debitômetro
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Regulador

Efeitos fisiológicos do oxigênio no organismo:

Melhora da troca gasosa, vasodilatação arterial pulmonar, redução da


resistência arterial pulmonar, reduz débito cardíaco, reduz sobrecarga do trabalho
cardíaco, vasoconstrição sistêmica. O oxigênio não tem apenas pontos positivos, ele
apresenta também efeitos deletérios e tóxicos se usando por longos períodos, por
exemplo. Aumento da produção de radicais livres que são subprodutos do
metabolismo celular que pode levar à lesão pulmonar, produzindo destruição
oxidativa do tecido do pulmão, irritação traqueobrônquica, que atinge atividade ciliar,
por consequência infiltrados, atelectasia de absorção, depressão do SNC,
hipercapnia.

Cuidado ao prescrever ou
indicar o uso do oxigênio,
pois se usado de forma
equivocada pode trazer
consequências sérias!
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Segue um fluxograma atual de 2020 da Assobrafir, para ajudar vocês a


terem um norte no momento de indicar/acompanhar o uso de oxigênio.

Dantas – 2019

Seguimos com as formas de administração de oxigênio, sistema de


baixo fluxo que fornece oxigênio com fluxo maior que a demanda do paciente,
com concentrações que variam de 24 a 44%, com fluxo de 1 a 6L/min (FiO2 baixa
e variável devido à diluição aérea).
A seguir veremos os dispositivos que podemos utilizar para fornecer esse
fluxo de oxigênio para nossos pacientes.
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Cateter nasal:

Máscara facial simples:


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Tenda facial:

Esses são os modelos mais comuns e mais indicados para administração de


oxigênio em baixo fluxo. Agora veremos o sistema de alto fluxo, que suplanta a
demanda inspiratória do paciente, podendo regular a FiO2 de acordo com as
necessidades terapêuticas.
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Máscara de Venturi:

Cateter nasal de alto fluxo – CNAF:

Importante: cuidado com o


fluxo que você oferta com a
MNR durante o desmame, o
mínimo tolerado nesse meio
são 8 a 9 l/min sem prejuízos.

Máscara não reinalante - Critérios para desmame da oxigenoterapia:

- Resolução da situação que motivou a oxigenoterapia;


- Ausência de sedação ou sedação reduzida ao mínimo;
- Paciente consciente, colaborativo;
- Estabilidade cardiovascular;
- Estabilidade bronco pulmonar;
- Ausência de infecção ou infecção controlada.

Vamos analisar o gasto de oxigênio dos cilindros de acordo com a litragem e


o tempo de uso.
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O quadro que veremos a seguir é um tempo estimado de


cada cilindro, podendo variar.

TEMPO ESTIMADO DE DURAÇÃO DOS CILINDROS DE OXIGÊNIO

Tipos de
Cilindro /
10m3 7m3 4m3 3m3 2m3 1m3 White
Vazão Med
(litros/minuto)

1 166h 116h 66h 50h 34h 16h 9h

2 83h 58h 33h 25h 17h 8h 4h

3 55h 38h 22h 17h 12h 5h 3h

4 41h 29h 16h 12h 8h 4h 2h

5 33h 23h 13h 10h 6h 3h 1h45min

6 27h 19h 11h 8h 5h 2h40min 1h30min

7 23h 16h 9h 7h 4h30min 2h20min 1h

8 20h 14h 8h 6h 4h 2h 50
minutos

9 18h 12h 7h 5h 3h 1h40min 40


minutos
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Temos a transformação de litragem de oxigênio para porcentagem, pois


quando ele é ofertado nos ventiladores mecânicos hospitalares, é medido a FiO2 em
porcentagem, porém, os equipamentos domiciliares são representados em litros/min,
de acordo com o fluxômetro.

L/min FiO2

1 0,24
O ar ambiente já
2 0,28 tem uma
concentração de
O2 de 21%,
3 0,32 faremos a soma

4 0,36

5 0,40

6 0,44

Para realizar a transformação de litros/min em porcentagem, iremos


multiplicar cada 1L/min x 4, como na figura acima.

Exemplo: se forneço oxigênio à 5 L/min e multiplico esse valor por 4, que é igual a
20, e somo aos 21% do ar ambiente (observação: para facilitar o cálculo fazemos
essa soma com 20 e não 21), temos 20% fornecido + 20% ar ambiente* = 0,40/
40%, e assim sucessivamente, conforme aumenta-se ou reduz-se a litragem do
oxigênio aumentamos ou diminuímos em 4% a FiO2.
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Sistemas de umidificação:

Devemos umidificar?

O oxigênio fornecido sob forma gasosa é seco, sendo necessária a adição


de vapor de água antes que o O2 alcance as vias aéreas. Os umidificadores
promovem uma umidade relativa de 60 a 100%.
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Quando o fluxo usado for menor que 4 l/min, não há necessidade de


umidificação. Fluxos acima desse valor levam à secura da mucosa nasal, da
orofaringe, cefaleia, desconforto torácico e aumento na produção de muco.

LACHERADE et al, 2005.

Após 24 meses de BFON, houve melhora significativa na tosse, problemas


de sono, como redução de citocinas nasais, porém, sem diferenças significativas
entre os grupos de oxigênio umidificado e oxigênio seco. Dessa forma, a
umidificação parece não afetar o TMC nasal.

Franchini ML. The effects of humifified and dry oxygen via


nasal catheter on mucociliary clearance and mucus SP 2015

Esses dois autores nos mostram que o fornecimento de oxigênio em baixo


fluxo não há necessidade de umidificação (adição de água nos copos
umidificadores), pois não umidificam as vias.

Não devemos acrescentar água nesses sistemas se


o fluxo de O2 fornecido for menor que 5l/min.
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Atualmente, dois sistemas são disponíveis para aquecimento e umidificação


dos gases ofertados ao paciente sob ventilação mecânica:

Umidificador com base aquecida:

Aquoso aquecido com uma origem externa e que produz calor e vapor
provenientes da água esterilizada.

LACHERADE et al., 2005.

Trocador de calor e de umidade combinado com filtro microbiológico (HME):

Trabalha passivamente na retenção de calor e umidade, com saída na


traqueia durante a expiração e recicla-os durante a próxima inspiração.

LACHERADE et al., 2005.


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Nessas duas imagens temos a utilização dos sistemas de umidificação com


base aquecida e filtro HMEF.

Devemos umidificar?
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Cuidado com as gambiarras, como podem ser vistas nas imagens acima.
Qual é o sentido de se colocar oxigênio com ar comprimido no sistema dessa forma?
Qual a finalidade? Há funcionalidade? São questionamentos que devemos fazer
antes de implementar alguma novidade.
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Ventilação não invasiva:

Hoje não há dúvidas de que o uso da VNI em grupos selecionados de


pacientes, como, por exemplo, pacientes com exacerbação de DPOC, é responsável
pela diminuição da necessidade de intubação, mortalidade e custos de tratamento.
É realizada pelos aparelhos conhecidos como CPAP e BiPAP.
Pacientes capazes de manter a permeabilidade de VAS, assim como a
integridade dos mecanismos de deglutição e a capacidade de mobilizar secreções.

Objetivos:

- Manutenção das trocas gasosas pulmonares;


- Diminuição do trabalho respiratório;
- Manutenção dos volumes pulmonares;
- Diminuição da dispneia (conforto).

Você sabia?

A ventilação não invasiva pode ser utilizada através de BIPAP, CPAP ou


ventiladores mecânicos com modo de ventilação não invasiva/Binível:

- CPAP para pacientes hipoxêmicos;


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- BiPAP para pacientes com hipercapnia aguda na insuficiência respiratória crônica.

Indicação:

- Insuficiência respiratória aguda;


- Insuficiência respiratória crônica agudizada;
- Aumento do esforço respiratório (uso de musculatura acessória);
- DPOC;
- Desmame da ventilação mecânica;
- Edema agudo de pulmão;
- Evitar IOT;
- Imediatamente após a extubação.

Contra indicações:

- Trauma de face;
- Instabilidade hemodinâmica;
- Paciente não colaborativo;
- Risco de aspiração e bronco-aspiração;
- Ansiedade extrema;
- Síndrome do desconforto respiratório agudo com hipoxemia grave;
- Pânico da interface.

Falha da VNI:

- Piora das condições clinicas;


- Após uso da ventilação não invasiva por 30 à 60 minutos sem melhora da relação
PaO2/FiO2;
- Continuidade do desconforto respiratório;
- Fobia após uso da máscara;
- Piora dos sinais vitais.
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Configurações iniciais sugeridas:

- CPAP – 10 cmH2O + FiO2 60% visando saturação de 94 a 96% em pacientes


hipoxêmicos;
- BiPAP – PS 8 – 10 cmH2O, PEEP 5 – 10 + 60% de FiO2 visando saturação de 88 a
92% em pacientes agudos ou insuficiência respiratória tipo II;

Recomendações Covid:

- Recomenda-se que a VNI seja entregue em uma sala de pressão negativa, no


entanto é reconhecido que a disponibilidade é limitada;
- Caso não se tenha sala de pressão negativa disponível, uma sala de pressão
neutra com ciclagem de ar é preferível ou (se não) uma sala lateral simples
preferencialmente em uma ala fechada.

Monitoramento:
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- Sempre que for utilizado VNI deve ser estabelecido um plano claro para determinar
o limiar para a falha e escalonamento para IOT e VMI se apropriado;
- Após iniciar a ventilação não invasiva o progresso clínico deve ser inicialmente
revisado o mais frequente possível, para determinar melhora ou deterioração;
- O monitoramento deve se concentrar na medição regular da frequência
respiratória, trabalho de respiração, saturação de oxigênio e frequência cardíaca;
- Na gasometria arterial deve ser avaliado individualmente conforme necessidade.
Caso contrário, o uso simples do monitoramento da saturação arterial periférica de
oxigênio (SpO2).

Metas e plano de encaminhamento:

- Quando compatível com o plano de encaminhamento de tratamento, deve haver


um limite baixo para intubação onde houver declínio do quadro clínico. Isso deve
desencadear uma avaliação imediata da intubação e ventilação mecânica, se
considerado apropriado;
- Considere aumentar o suporte ao CPAP: ou seja, CPAP 12-15 cmH2O + 60% a
100% de oxigênio se necessário;
- Se a condição permanecer estável ou estiver melhorando, continue a VNI com
exames clínicos regulares e avaliação.
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Categoria Estado clínico Ação sugerida

Verde RR ≥ 20 rpm com SpO2 <94% Administrar O2 <40% por


máscara facial. Se a SpO2
subir para > 94%, observar
e monitorar

Amarelo RR ≥ 20 rpm com SpO2 ≤94% em Iniciar 15L / min de O2


FiO2 > 40% através da máscara, sem
recuperação;
Revisão clínica para
considerar: Se orientado e
capaz de tolerar bem
ventilado, com ventilação
máscara facial, CPAP
experimental 10 cmH2O
com FiO2 60%;
Se uma nova escalação
apropriada, considere
aumentando o CPAP 12-15
cmH2O + 60-100% de
oxigênio se necessário
caso contrário, VMI se
estiver de acordo com TEP

Vermelho RR ≥ 20 rpm com SpO2 ≤94% Revisão urgente de


em 15L / min O2 via máscara cuidados intensivos e
sem reservatório e / ou preparar para intubação
paciente incapaz de tolerar a se estiver de acordo com
máscara de VNI, obturado / o TEP
desorientado, necessidades
crescentes de FiO2, declínio
clínico significativo

Abreviações:

- RR = frequência respiratória;
- SpO2 = saturação de oxigênio;
- CPAP = pressão positiva contínua nas vias aéreas;
- FiO2 = fração de oxigênio inspirado;
- VMI = ventilação mecânica invasiva;
- TEP = plano de encaminhamento do tratamento.
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Equipamento de proteção individual:

O EPI de camada única com bata, luvas, óculos de proteção/viseira e


máscara FFP3 verificada ou testada.

Vocês sabem
escolher a melhor
interface?

Escolha da interface:

As interfaces escolhidas devem ser não ventiladas com uso de válvula de


exalação em equipamentos com ramo único ou equipamentos com ramo duplo. Em
ambos deve-se utilizar filtro HMEf ou filtro HEPA para existir segurança no
procedimento em não dispersar o vírus. Em pacientes com Covid-19. Nos pacientes
que não tem Covid-19 não é necessário o uso do filtro HMEf ou filtro HEPA, pois os
equipamentos podem ter umidificadores acoplados.
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- Helmet: um dos mais seguros no uso em pacientes com Covid, pois há uma menor
chance de propagação do vírus. Esse tipo de interface não necessita de
umidificação do sistema. Para a adaptação/instalação no paciente é importante ter
duas pessoas facilitar.
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- Máscara full face/total face: envolve todo o rosto do paciente, porém, gera
ressecamento da mucosa ocular quando usado por longos períodos. Se não estiver
bem adaptada ao rosto do paciente pode gerar fuga e dispersão de aerossóis. Mais
comuns nas UTI´s.

- Máscara oro nasal: bem ajustada produzem menor disseminação de gotículas.


Mais comum em pacientes domiciliares.
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- Máscara de mergulho adaptada: modelo parecido com a máscara full face


adaptada para uso em pacientes com Covid-19 com boa eficiência e segurança,
associada ao uso de dois filtros.

- Máscara nasal: não é indicada para pacientes com Covid-19. É bastante utilizada
em pacientes pediátricos e neuromusculares.

Importante observarem o joelho das interfaces: Oronasais e Full face/ Total face, pois eles
indicam se a interface é ventilada ou não ventilada.
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- Peça bucal: utilizada principalmente por pacientes neuromusculares para auxílio


no aumento da capacidade ventilatória e reexpansão pulmonar.

Sequência de ações:

Para realizar a adaptação da VNI é importante seguir a sequência de ações


abaixo:

1- Máscara de VNI adaptada ventilador ligado;


2- Ventilador desligado máscara de VNI pode ser retirada.

É possível realizar VNI em


pacientes pronados?

Sim, pessoal, é possível utilizar VNI com pacientes em posição Prona.


Temos de ter os mesmos cuidados com pacientes ventilados mecanicamente nessa
posição, principalmente com relação à monitorização e ao posicionamento.
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Filtros:

- Um filtro viral/bacteriano deve ser colocado no circuito entre a máscara e a porta de


expiração;
- Idealmente, os filtros virais/bacterianos devem ser trocados a cada 24 horas ou
mais cedo;
- Umidificadores externos não devem ser utilizados. Isso deve ser realizado nos
pacientes com Covid-19 para evitar/minimizar a disseminação do vírus. Nos
pacientes que não estejam com a Covid-19 o ideal é utilizar uma máscara ventilada
e o umidificador do próprio equipamento caso necessário.

Paciente em uso de VNI no atendimento domiciliar recebido no hospital:

Verifique se a máscara usual é uma máscara ventilada ou não ventilada.


Máscaras ventiladas devem ser trocadas por uma máscara não ventilada e uma
porta de expiração colocada no circuito. Para qualquer paciente que tenha um
umidificador, o umidificador deve ser removido do circuito.

Em casos de pacientes positivados com a


Covid-19

Os pacientes que permanecem em casa devem continuar com o método


habitual de ventilação.
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Exemplo de configuração aguda da VNI com máscara não ventilada e filtro


viral:

Nesta montagem utiliza-se um ventilador mecânico com ramo único, circuito


de 1,80m, uma válvula exalatória, um filtro HMEf e uma máscara não ventilada, para
evitar a disseminação do vírus da Covid-19.
Nos ventiladores mecânicos que utilizam ramo duplo, a diferença será que
não haverá válvula exalatória e acrescentaremos um filtro HEPA no ramo
expiratório.

Não esquecer que a interface com


joelho azul se refere à máscara não
ventilada e a interface com joelho
transparente refere-se à máscara
ventilada.

Monitoramento remoto:

O monitoramento remoto de pacientes ocorre desde mais ou menos 2017


pela Lumiar Healthcare. Hoje há equipamentos de CPAP e ventiladores mecânicos
com essa função de monitoramento remoto.
Atualmente, monitoramos mais de 300 pacientes em ventilação mecânica,
10.000 pacientes na terapia do sono, além de mais de 30 empresas de Home Care.
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Objetivos do monitoramento remoto:

Proporcionar maior segurança e conforto no tratamento para os pacientes,


oferecendo suporte de informações aos profissionais para que utilizem os
equipamentos em sua totalidade, com estratégias específicas para cada paciente,
respeitando sua individualidade, pois, cada paciente é único!

Funcionamento:

O serviço de monitoramento não é apenas o envio de um relatório. Consiste


em um trabalho totalmente ajustável à necessidade dos clientes, atendendo todo o
fluxo de trabalho e facilitando a rotina dos profissionais, com:

• Identificação dos parâmetros ajustados e realizados na ventilação mecânica;


• Identificação de pacientes de risco, através de análise de vazamento, pressões,
frequência respiratória, volume pulmonar, alarmes, etc.;
• Classificação de risco na ventilação mecânica;
• Identificação de alarmes excessivos;
• Perfil dos pacientes da empresa;
• Auxilio em adaptação/implantação do equipamento;
• Auxilio em desmame ventilatório;
• Análise de intercorrências;
• Acompanhamento de tempo de uso;
• Subsidio para otimização das estratégias ventilatórias;
• Atualização em casos de troca.

Lumiar Healthcare
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Recursos de pressão positiva:

Reanimador para Ventilação Artificial Reservatório (ambu):

Existem vários modelos e marcas desse equipamento, todos com um único


propósito: ventilar o nosso paciente artificialmente. Nós, fisioterapeutas, usamos
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bastante esse recurso nas nossas terapias respiratórias cotidianamente. Abaixo


seguem alguns exemplos onde podemos utilizar:

Terapias associadas:

• Respiração por Pressão Positiva Intermitente (RPPI);


• Empilhamento;
• Reexpansão pulmonar;
• Bag squeezing entre outros.

Recursos de pressão positiva:

Acapella:

Terapia vibratória expiratória para mobilização de secreções, com ajuste de


carga e ainda pode ser associado ao reanimador para ventilação artificial
reservatório (ambu) para otimizar seu efeito.

Shaker:
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Incentiva a higiene dos brônquios, produzindo vibrações na caixa torácica


que mobilizam as secreções pulmonares, facilita e estimula a expectoração. A esfera
dentro do Shaker consegue gerar uma PEP de 10 a 20 cmH2O e uma frequência de
oscilação de 13 a 15 hz.

PEEP/ EPAP:

A válvula de EPAP (Pressão positiva ao final da expiração nas vias aéreas)


e a VUP (Válvula unidirecional com PEEP) têm por objetivo manter os alvéolos
abertos, promovendo melhora de atelectasias, aumento da complacência pulmonar
e torácica, etc. As válvulas com PEEP podem ser reguladas a pressão que você
quer realizar de 0 a 20 cmH2O, ajustando assim para o uso individual e conforme a
necessidade de cada paciente.
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Cough assist (máquina de tosse):

As máquinas de tosse (cough assist) são equipamentos que simulam a


tosse, realizando uma inspiração máxima e uma expiração máxima mecanicamente.
É indicada para pacientes que já não apresentam uma capacidade de proteger suas
vias aéreas com eficácia. Os pacientes que não têm tosse eficaz, como os pacientes
neuromusculares, são os mais beneficiados com o uso desse equipamento, porém,
não é de uso exclusivo dessa patologia. Qualquer paciente que não consiga
proteger sua via aérea com segurança tem indicação de uma máquina de tosse.

SE LIGA!

Máquina de tosse pode ser usada


tanto por adultos quanto por
crianças!
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46

REFERÊNCIAS

Specialty guides for patient management during the coronavirus pandemic Guidance
for the role and use of non-invasive respiratory support in adult patients with
coronavirus (confirmed or suspected);

Fisioterapeuta Dr. Miguel Gonçalves;


https://www.nice.org.uk/guidance/ng159/resources;

NHS England and NHS Improvement;


Profissionais da linha de frente;
https://www.youtube.com/watch?v=KA1kVTlHmGQ.
I
magem anatomia respiratória
https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fenfermagemflorence.com.
br%2Fwp-content%2Fuploads%2F2019%2F03%2Fsw2e-
1024x581.png&imgrefurl=https%3A%2F%2Fenfermagemflorence.com.br%2Fanatom
ia-do-sistema-
respiratorio%2F&tbnid=YV5MYMhf_fUZlM&vet=12ahUKEwi14M2zr7nzAhWyDNQKH
acYBDkQMygOegUIARDTAQ..i&docid=cyv0UKHd3Q76qM&w=1024&h=581&q=anat
omia%20respiratoria&ved=2ahUKEwi14M2zr7nzAhWyDNQKHacYBDkQMygOegUIA
RDTAQ 07/10/21 – 19:43 horas

Imagem vias aéreas e fluxo aéreo


West fisiologia respiratória 8ª edição, página 14.
Caixinha de texto: como é dividido o pulmão?
https://med.estrategiaeducacional.com.br/blog/aluno-de-medicina/dicas-de-
estudo/pulmao/ 07/10/21 – 20:06 horas

Imagem músculos da respiração


https://fisioteraloucos.com.br/treinamento-muscular-por-meio-do-metodo-reequilibrio-
toracoabdmonial/ 13/10/2021 – 09:54 horas

MACHADO, M.C.L.O. Oxigenoterapia Domiciliar. In: FERNANDES, A.L.G.,


MENDES, E.S.P.S. , TERRA FILHO, M. Atualização e reciclagem em Pneumologia.
v. 3, p. 127-142. São Paulo: Atheneu, 1999.
47

OBRIGADO A TODOS!

marciolinsbatista@gmail.com

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