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Oxigenoterapia

Conceito
Administração de oxigênio numa
concentração de pressão superior à
encontrada na atmosfera ambiental
para corrigir e/ou atenuar uma
deficiência de oxigênio (hipóxia)
Introdução
Os distúrbios do sistema respiratório são comuns, sendo encontrados em todos
os serviços de assistência à saúde;

Para avaliar o sistema respiratório o fisioterapeuta deve estar habilitado a


diferenciar
os achados normais dos anormais que se apresentam no histórico do paciente;

Além disso, é essencial uma compreensão da função respiratória e do significado


dos resultados dos exames diagnósticos anormais.
Sistema Cardiovascular

• A função do sistema cardiovascular é levar oxigênio, nutrientes e outras


substâncias para os tecidos e remover a escória produzida pelo metabolismo
celular através do bombeamento cardíaco, do sistema circulatório vascular e
da integração com outros sistemas.
Sistema Respiratório

A troca dos gases respiratórios acontece entre o ar ambiente e o sangue

(Hematose). Existem três etapas no processo de oxigenação:

➢Ventilação;

➢Perfusão;

➢Difusão
sangue arterial sangue venoso

r'------ aivéolo
pulmonar

glóbulo
vermelh
o

Esquema dos alvéolos pulmonares com a rede capilar na sua superfície.


Ventilação

É o processo de movimento dos gases para


dentro e para fora dos pulmões. Requer:

-coordenação muscular;

-propriedades elásticas do pulmão;

-propriedades elásticas do tórax;

-inervação intacta (nervo frênico - 4° vértebra


cervical).
Estruturas do Sist. Respiratório Estruturas de Passagem do Ar

Cavidade Seios
nasal paranasais
Seios
Cavidade Nasofaringe
Centro respiratório nasal
nasais
Orofaringe
Faringe Epiglote
Epiglote Laringe Esôfago
Esôfago
Laringe Pulmão
Traquéia
Traquéia esquerdo Brônquio
Pulmão
Veias direito Brônquio
direito
pulmonares esquerdo
Pulmão Pulmão
direito esquerdo
Brônquio
Costelas Bronquíolos
Coração
Alvéolos
Músculos
Membrana intercostais
pleural

Diafragma
Músculos relacionados
ao diafragma
Perfusão

Relaciona-se com a capacidade do sistema

cardiovascular de bombear sangue oxigenado

para os tecidos e retornar desoxigenado para

os pulmões.
Difusão

É o movimento das moléculas de uma

área de alta concentração para outra,

de baixa concentração. A difusão dos

gases respiratórios acontece ao nível

da membrana alvéolo-capilar.
Hipoxemia é a deficiência de concentração de oxigênio no
sangue arterial.


Hipóxia é a oxigenação inadequada do tecido no nível
celular, o que pode ocorrer mesmo na presença de
quantidade normal no sangue arterial
• Sabe-se hoje que os níveis de PaO2 variam
em razão inversa da idade, isto é, à medida
que a idade avança a PaO2 diminui.

• A PaCO2, pelo contrário, não varia com a


idade, e podemos afirmar com elevada
margem de segurança que um valor de
PaCO2 superior a 45 mmHg é sempre
patológico.
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A dificuldade na prática consiste em
estabelecer um limite exato para os níveis
normais de pressão parcial de oxigênio
(PaO2) e de pressão parcial de anidrido
carbônico (PaCO2).

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Valores Normais:
PaO2 = 75 – 100 mmHg
PaCO2 = 35 – 45 mmHg
SaO2 = 94% a 100%
pH = 7,35 a 7,45

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Como diagnosticar a hipoxemia ?

Baseado apenas na observação clínica é


impreciso ou de análise gasométrica pode
ser demorado.

Oximetria de Pulso – 1ª escolha


Gasometria Arterial
Metabolismo

RESPIRAÇÃO x OXIGENAÇÃO
• Vias aéreas permeáveis
• SNC íntegro
• Bomba cardíaca normal
• Pulmão funcionante
• Caixa torácica e diafragma íntegros
• Hemoglobina normal
• Microcirculação aberta
Sinais clínicos
• Dispnéia ou taquidispnéia
• Batimento de asa de nariz
• Cianose
• Taquicardia
• Inquietação
• Confusão mental
• Convulsão
• Palidez cutânea
• Baqueteamento digital (crônico)
• Sinais neurológicos:

Inquietação, confusão, prostração,


convulsão, desorientação, sonolência e
coma.

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• Outros:

Mucosas pálidas ou cinzentas, lento


preenchimento dos leitos ungueais,
ausência de pulso, pele fria ao tato.

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Alteração do padrão respiratório

Taquipneia ou dispneia nem sempre é devido


a hipoxemia mas a uma alteração da mecânica
tóraco abdominal ou distúrbio metabólico.
- Ascite
- Doença neuro muscular
- Ca de pulmão etc
• A determinação de gases arteriais é o
melhor método para averiguar a
necessidade e a eficácia da oxigenoterapia;
• Podem ou não existir outros sinais de
hipóxia como a cianose.

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Oximetria de Pulso
Introduzir, retirar, modificar ou
reintroduzir níveis de oferta de O 2 conforme a
necessidade do paciente

Limitações: informa apenas saturação


imprecisão má perfusão
periférica e sat <70%
hipovolemia etc.
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Oximetria
UTI- monitorização constante
Ala de internação – aferida com O2, em ar
ambiente (em repouso)
Algumas situações aos esforços
Conforme a atividade aumenta o consumo de O2
banho, deambulação, evacuação, ao se
alimentar
Durante o sono
Quando usar?
Pacientes hipoxêmicos
Níveis de saturação arterial de O2
abaixo de 90%
Saturação arterial de O2 normal: acima
de 95%
Ressalvas – alteração com a idade
{ 96,2 – (idade x 0,4) }
- pacientes com hipercapnia
Considerações Gerais:

• O oxigênio é um gás inodoro, insípido,


transparente e ligeiramente mais pesado do
que o ar;
• O oxigênio alimenta a combustão;
• O oxigênio necessita de um fluxômetro para
ser liberado;

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MODOS DE
ADMINISTRAÇÃO
DE O2
Oxigenoterapia

• Cateter em nasofaringe
• Máscara de oxigênio
• Incubadoras
• Prong nasal
• Ventilação Mecânica Invasiva ou não
Invasiva
• Circulação extracorpórea
O oxigênio deve sempre ser umidificado
Como administrar o O2
Catéteres

FiO2= 20+4 x V O2 (em L/min)

Considerar VC e FR
Limites para utilização 0,5 – 4,0L
Cateter nasal
• Visa administrar baixas/moderadas
concentrações de O2.
• Vantagens: método econômico e que utiliza
dispositivos simples, facilidade de aplicação
• Desvantagens: nem sempre é bem tolerado,
a respiração bucal diminui a FiO 2,
irritabilidade tecidual da nasofaringe,
facilidade do deslocamento do cateter,
necessidade de revezamento das narinas a
cada 8 horas.
Desvantagens:

• Nem sempre é bem tolerado em função do


desconforto produzido;
• A respiração bucal diminui a fração inspirada de
O2;
• Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
• Facilidade no deslocamento do cateter;
• Não permite nebulização;
• Necessidade de revezamento das narinas a
cada 8 horas.
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Cânula nasal ou Óculos nasal

É empregado quando o paciente requer


uma concentração média ou baixa de O2. É
relativamente simples e permite que o
paciente converse, alimente, sem
interrupção de O2.

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Vantagens

• Conforto maior que no uso do cateter;


• Economia, não necessita ser removida;
• Convivência - pode comer, falar, sem
obstáculos;

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Desvantagens:

– Não pode ser usada por pacientes com


problemas nos condutos nasais;
– Concentração de O2 inspirada desconhecida;
– De pouca aceitação por crianças pequenas;
– Não permite nebulização.
– Dificuldade de manter em posição.

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Máscara facial
• Máscara facial simples: utilizada para
promover taxas mais altas de fluxo
(10L/min)
• Vantagem: utilizar taxas altas de
concentrações de O2.
• Desvantagens: interfere na alimentação e
na expectoração
Como administrar o O2

Mistura O2 + Ar comprimido
_______________________

Indicações - DPOC / pacientes com


hipersecreção / aspiração frequente
Importância – Custo / adequação da FiO2
Proporções mais utilizadas
Máscara de Venturi

A máscara de Venturi é um sistema de alto


fluxo, no qual o oxigênio passa por um
orifício sob pressão, causando aspiração do
ar ambiente para o interior da máscara.

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Máscara Venturi
• Máscara de Venturi - Constitui o método
mais seguro e exato para liberar a
concentração necessária de oxigênio.
• Vantagens: fornece um nível estável de
FiO2, e útil em pacientes com hipercapnia
crônica.
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Nebulização à
distância
■ FiO2 imprecisa
■ Fluxo de 5 a
15L/min

■ Indicação
– Paciente com
desconforto
respiratório leve
– Umidificar o
oxigênio
inspirado
Máscara não
Reinalante
■ FiO2
100%

■ Fluxo
15L/min
• Cateter ou cânula nasal 1 a 6 litros/min
FiO2 30 a 50 %
• Máscara 4 a 15 litros/min
FiO2 35 a 60 %
• Máscara com re-inalação
FiO2 até 80 %
• Incubadoras
FiO2 40 a 90 %
Cânula nasal de alto fluxo
(CNAF)
Por tratar-se de uma modalidade de suporte ventilatório não
invasivo, aplicado por meio de cateter nasal, apresenta benefícios
claros quanto à redução de complicações inerentes à intubação
intratraqueal e ao uso de ventilação pulmonar mecânica (VPM)
invasiva em todas as faixas etárias. O mecanismo de ação do SAF
auxilia na eliminação do CO2, possibilita fornecer gás fresco, úmido
e aquecido nas vias aéreas, melhorando o clearance das vias aéreas
e diminuindo o trabalho respiratório do paciente.
Dispositivos
Pacientes traqueostomizados
Necessidade de umidificação

Umidificação com filtros higroscópicos


Efeitos benéficos do O2

• Melhora da troca gasosa pulmonar;


• Vasodilatação arterial pulmonar;
• Diminuição da resistência arterial pulmonar;
• Diminuição da pressão arterial pulmonar;
• Diminuição do débito cardíaco;
Efeitos Deletérios do O2
• Depressão da respiração;
• Aumento da PaCO2;
• Atelectasias de absorção;
• Diminuição da capacidade vital;
• Diminuição da produção de surfactante;
• Desidratação das mucosas;
• Convulsões;
• Retinopatia
• Fibrose pulmonar;
• Displasia broncopulmonar;
• Traqueobronquite.
O risco da oxigenoterapia depende da
duração e da dose de oxigênio
utilizados.

Caracteriza-se por envenenamento de


enzimas celulares, formação
insuficiente de surfactante pelos
pneumócitos tipo II e dano funcional ao
mecanismo mucociliar.
Toxidade por O2
• Como resultado do processo do metabolismo do
oxigênio produzem-se radicais livres com grande
capacidade para reacionar quimicamente com o
tecido pulmonar.
• Com altas concentrações de O2 ocorre destruição
oxidativa do tecido pulmonar e isto se manifesta de
maneira aguda com uma irritação traqueobronquial
com desordem da atividade dos cílios do epitélio
respiratório
• Diminuição da capacidade vital secundária
ao edema presente e ás atelectasias por
reabsorção.
• Hemorragia intra-alveolar com produção
de edema alveolar com diminuição da
função das células tipo II.
Oxigenoterapia a longo prazo
• Insuficiência respiratória crônica
• Hipoxemia
Oxigênio domiciliar
• Cilindros ;
• Concentradores de O2;

Fluxo Duração

1Lpm 4 dias
2Lpm 2 dias
3Lpm 1,5 dia
4Lpm 1 dia
5Lpm 16 horas
Benefícios
• Melhora do estado neuropsíquico
• Eficiência do sono
• Aumento da tolerância ao exercício
• Estabilização da pressão da artéria pulmonar
• Melhora da sobrevida
• Melhora da qualidade de vida
Aplicação
• Uso contínuo > 15 h/dia
• Durante os esforços
• Aliviar a dispnéia
Indicação
• Indicação Absoluta
PaO2 < 60 mmHg em repouso e/ou SatO2 > 89 %
Indivíduos Hipoxêmicos
• DPOC
• Doença intersticial pulmonar
• Cifoescoliose
• Fibrose cística
• Seqüela de tuberculose
• Doença da circulação pulmonar
• Síndrome da apnéia do sono
• Hipoventilação alveolar noturna
A defesa de pacientes portadores de DPOC ante a
retenção de CO2 está diminuída, pois perdem a
capacidade de aumentar a ventilação na proporção que
seria necessária para restabelecer os níveis de PaCO2.

Ainda mais como os pacientes com maior grau de


obstrução são os que têm tendência a menores PaO2 e
maiores valores a PaCO2, estes fatores passam a se
somar no sentido de a hipoxemia passar a ser o fator
principal no estímulo à ventilação através do
quimiorreceptor periférico.
Se estes pacientes receberem fração inspirada de
oxigênio que faça com que os níveis de PaO2
superem 55 a 60 mmHg, é bastante provável que se
retire o estímulo único que eles apresentavam para
manter a ventilação e passem a hipoventilar em
reter CO2 progressivamente podendo chegar à
narcose e coma com apnéia.

Por isso, são fundamentais a observação clínica


constante e a participação ativa do fisioterapeuta
com esse tipo de paciente.
Banho, deambulação,
evacuação, ao se alimentar

Retirar o O2 para estes


casos?

Cateter longo
Hiperóxia nas
primeiras 24 horas de
um infarto agudo do
miocárdio associada à
maior mortalidade
hospitalar, coagulação
e disfunção hepática.
Depois de tantas
evidências, porque a
prática ainda é tão
forte?
Hiperóxia na admissão também associada ao aumento da mortalidade
em pacientes pediátricos. Quando vamos deixar de considerar o uso
liberal de oxigênio como uma coisa normal???
OXIGÊNIO
É UMA TERAPÊUTICA,
PORTANTO, NÃO PODE SER
ALTERADA
ALEATORIAMENTE

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