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Aula 1

ANATOMIA E FISIOLOGIA RADIOLÓGICA DO SISTEMA Imprimir

RESPIRATÓRIO

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O sistema respiratório tem como função captar oxigênio do ambiente pela inspiração e fornecê-lo ao
sangue, ao mesmo tempo que capta o gás carbônico do sangue e o elimina por meio da expiração.

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16 minutos

INTRODUÇÃO
Prezado estudante, seja muito bem-vindo à disciplina Patologia Geral e Radiológica. Teremos o prazer de começar nosso
estudo descrevendo o sistema respiratório, com suas vias superiores e inferiores. Ao longo da descrição vamos nomeando
e dando as funções dessa parte deste sistema tão vital para a sobrevivência. Vamos juntos entender como alterações no
padrão de inspiração e expiração podem ser sinal de alguma patologia. Aprenderemos as doenças do trato respiratório
mais comumente encontradas na população, como asma, pneumonia e enfisema. Teremos o desafio de entender como
diversas técnicas para obtenção de imagens podem ser aliadas no diagnóstico de diferentes doenças pulmonares, e como
cada patologia pode ser identificada pelos exames de imagens.

FISIOLOGIA E ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO


O sistema respiratório tem como função captar oxigênio do ambiente pela inspiração e fornecê-lo ao sangue, ao mesmo
tempo que capta o gás carbônico do sangue e o elimina por meio da expiração.

Sua anatomia se divide em: parte superior (nariz, cavidade nasal, seios da face e faringe) e parte inferior (laringe, traqueia,
brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões), e é composta por uma porção condutora e uma porção respiratória. A via
condutora começa na cavidade nasal e se prolonga até os bronquíolos terminais, e a parte respiratória compreende os
bronquíolos terminais e os alvéolos pulmonares.

Como podemos ver na Figura 1, o ar entra na parte superior das vias respiratórias através do nariz, onde é filtrado,
umidificado e aquecido, passa para o vestíbulo nasal e vai para a cavidade nasal. Em seguida, passa para a faringe, que é
compartilhada entre os sistemas respiratório e digestório. Na parte inferior, o ar é transportado pela laringe, pela traqueia e
segue para os pulmões. A traqueia, que é um tubo flexível, ramifica-se, formando os brônquios direito e esquerdo. A
maioria dos corpos estranhos que inalamos entram na traqueia e se direcionam ao brônquio direito, que é o principal e
apresenta diâmetro maior em relação ao esquerdo. Os brônquios são formados por musculatura lisa, relaxam e se
contraem involuntariamente, fazendo com que seu diâmetro se altere de acordo com o fluxo de ar. Os bronquíolos,
estruturas musculares lisas e espessas, são ramificações dos brônquios.

De acordo com o fluxo de ar, o sistema nervoso parassimpático causa broncoconstrição (redução do diâmetro das vias
aéreas), o sistema nervoso simpático causa broncodilatação (alargamento do diâmetro das vias aéreas), e em casos de
asma ou alergias severas ocorrem inchaço e broncoconstrição com restrição ou impedimento do fluxo de ar.
As trocas gasosas entre o meio ambiente e o organismo se dão dentro dos alvéolos pulmonares, sacos minúsculos e ocos
presentes dentro dos pulmões. A aparência de esponja dos pulmões se deve aos quase 300 milhões de alvéolos presentes
em cada um, que estão envolvidos por capilares pulmonares (em torno de mil capilares para cada alvéolo), o que aumenta e
muito a superfície para a troca de gases.

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O que diferencia os capilares alveolares dos demais é sua capacidade de se dilatar quando os níveis de oxigênio dentro dos
alvéolos ficam elevados, e de se contrair em baixos níveis de oxigênio, levando o fluxo sanguíneo a ser direcionado para os

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alvéolos, contendo mais oxigênio.

Os pulmões têm formato cônico, com seu ápice na primeira costela; sua porção inferior é côncava ampla e repousa na
superfície superior do diafragma. Os pulmões são circundados pelas cavidades pleurais, revestidas pela pleura (membrana
serosa). A pleura visceral cobre as superfícies pulmonares, a pleura parietal reveste a superfície interna da parede torácica,
e entre elas temos a cavidade pleural.

Figura 1 | Organização do sistema respiratório

Fonte: Widmaier, Raff e Strang (2017, p. 693).

Além da troca de gases, as outras funções do sistema respiratório são as seguintes:

● Proteção das superfícies respiratórias contra mudanças de temperatura e perda de água.

● Auxílio na comunicação, pela produção da fala e do canto.

● Captação de cheiros através de receptores de olfato nas porções superiores da cavidade nasal.

DOENÇAS PULMONARES
Os processos de respiração podem ser divididos em pulmonar e celular. A troca de gases (oxigênio e gás carbônico) entre o
ambiente externo e todos os tecidos de modo a atender as demandas das células corresponde à respiração pulmonar. Já a
respiração celular corresponde à absorção de oxigênio e liberação de gás carbônico pelas células.

Qualquer tipo de variação na respiração pulmonar afeta diretamente os níveis de oxigênio e prejudica o seu fornecimento
para os tecidos. Ou seja, uma diminuição da concentração de oxigênio (hipóxia) pode limitar as atividades metabólicas do
tecido afetado, podendo levar à morte desse tecido. Nos casos de anóxia o suprimento de oxigênio é totalmente
interrompido, e ocorre morte das células, é o que vemos em derrames e infartos.
Quando inspiramos e expiramos uma vez, completamos um ciclo respiratório, e nossa capacidade respiratória corresponde
ao volume total de ar que os pulmões conseguem reter nesse processo. Essa capacidade está intimamente ligada com a
qualidade de insuflação pulmonar e com a mecânica respiratória, que pode estar relacionada com fatores como obstruções
nas vias aéreas superiores.

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Mas não podemos confundir capacidade respiratória com capacidade pulmonar. A capacidade respiratória é a quantidade
de ar que os pulmões conseguem reter em um ciclo respiratório, e a capacidade pulmonar está relacionada com a

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quantidade de oxigênio transportada pela circulação sanguínea.

Com isso, podemos dizer que nossa capacidade respiratória está ligada a diversas patologias como alergias, doenças
pulmonares crônicas, pneumonias, asma e enfisema, entre outras.

A seguir, descrevemos algumas patologias que podem acometer o sistema respiratório:

Asma: é caracterizada pela alta sensibilidade das vias respiratórias, e como consequência ocorre contração da musculatura
lisa ao longo de todo o sistema respiratório. Há grande produção de muco que forma edemas nas vias respiratórias,
dificultando a respiração.

Bronquite crônica: é uma inflamação com grande produção de muco, que forma edema no revestimento dos brônquios, o
que leva à tosse frequente. Com o passar do tempo, a produção de muco pode obstruir as pequenas vias aéreas, de modo a
reduzir a eficiência pulmonar. Indivíduos portadoras de bronquite crônica podem ter a pele azulada devido à baixa
oxigenação do sangue e edema generalizado.

Pneumonia: é uma infecção no parênquima pulmonar que pode acometer a região dos alvéolos pulmonares onde ocorrem
as trocas gasosas. É adquirida pela inspiração do agente infeccioso – vírus, bactérias ou fungos.

Enfisema: é uma doença crônica e progressiva, que leva o pulmão a perder as capacidades pulmonar e respiratória. Os
alvéolos vão sendo destruídos, e com isso há diminuição da superfície para a troca gasosa, e o indivíduo sente falta de ar.
Os alvéolos remanescentes vão se fundindo, e formam espaços fibrosos de ar sem rede de capilares.

Embolia pulmonar aguda: é a obstrução de uma ou mais artérias do pulmão, consequência de algum tipo de material
(coágulo, ar, gordura ou tumor) transportado pela corrente sanguínea que se acumula na artéria pulmonar, bloqueando a
circulação.

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): ocorre como consequência de bronquite persistente e de enfisema, em que a
inflamação constante dos pulmões e a destruição de alvéolos leva a um quadro de obstrução da passagem de ar para os
pulmões, o que prejudica as trocas gasosas.

Câncer de pulmão: é uma disfunção celular, resultante direta do tabagismo, que altera os processos de multiplicação
celular, levando ao desenvolvimento de tumores.

EXAMES DE IMAGENS PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS PULMONARES


Um modo de avaliar problemas pulmonares é por meio de exames de imagem. Atualmente, a medicina diagnóstica de
imagem analisa não somente o pulmão como um todo, mas também imagens “fatiadas” que possibilitam o diagnóstico de
pequenos cistos e tumores.
A seguir descreveremos os exames de imagem mais usados para diagnóstico dos problemas pulmonares:

Radiografia: fundamental para diagnóstico mesmo com o desenvolvimento de novas tecnologias. Mostra ar, gordura, partes
moles, osso e metais. Órgãos que tenham ar, como os pulmões, aparecem escurecidos, mas seu delineamento total ou
parcial pode ser visualizado por conta da atenuação dos raios X em diferentes graus. Em caso de patologia, a silhueta e o

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contorno das estruturas anatômicas ficam obscurecidas. A radiografia orienta o médico em relação a diagnósticos e
necessidade da aplicação de outras técnicas.

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Tomografia computadorizada (TC): fornece mais detalhes do que a radiografia comum, pelo fato de as análises serem feitas
no computador, com a possibilidade de exibição de cortes transversais ou longitudinais. Pode ser necessária a
administração de contrastes para visualização do interior de estruturas. Indica-se a TC para diagnóstico de metástases de
câncer de pulmão, de detecção de linfonodos mediastinais e de embolia pulmonar, entre outros.

TC de alta resolução (TCAR): TC que faz imagens transversais de 1 mm. É capaz de diagnosticar doenças pulmonares
intersticiais e bronquiectasia.

Ressonância Magnética (RM): não utiliza radiação, e tem como vantagem a capacidade de caracterizar tecidos, oferecendo
mais resolução de contraste entre tumor e gordura. Porém, apresenta resolução inferior à TC quanto ao diagnóstico de
problemas pulmonares.

Ultrassonografia (US): muito utilizada para detecção e caracterização da presença de líquido no espaço pleural, mediastino e
parênquima periférico. Pode ser utilizada como guia em procedimentos que usam agulhas para retirar líquido e para
diagnosticar pneumotórax. A ultrassonografia endobrônquica (EBUS) e a broncoscopia podem ser usadas juntas quando há
necessidade de se obter amostras de tecido pulmonar para biópsia.

Cintilografia nuclear de pulmão: usada quase com exclusividade para diagnóstico de embolia pulmonar ou quando a
angiografia por TC não puder ser feita por motivo de o paciente ter doença renal ou alergia aos contrastes usados na TC.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET): usada quando há suspeita de câncer. Consegue comparar as diferentes taxas
metabólicas dos tecidos malignos dos tecidos benignos. É usada de maneira combinada à TC para melhor visualização e
diagnóstico dos tumores pulmonares.

Conhecendo as técnicas para a detecção de imagens, vamos observar as imagens de algumas patologias bem comuns:

Primeiro, a radiografia de um pulmão normal como padrão (Figura 2) e a radiografia de pulmão com pneumonia (Figura 3).

Figura 2 | Radiografia de tórax normal PA (A) e em perfil (B)

Fonte: BRANT, W. E. HELMS, C.A (2015, p. 27).

Figura 3 | Pneumonia em lobo inferior esquerdo, vista de frente (A) e vista lateral (B)
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Fonte: Dugani et al. (2017, p. 95).

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Na Figura 4 podemos ver uma radiografia de pulmão com tuberculose e uma TC:

Figura 4 | Tuberculose acometendo o lobo superior esquerdo (A) radiografia e (B) TC

Fonte: Costa Jr. et al. (2019, [s. p.]).

A seguir, podemos ver o exemplo de imagem de uma ultrassonografia endobrônquica radial e biópsia transbrônquica
guiada por fluroscopia

Figura 5 | Ultrassonografia endobrônquica radial e biópsia transbrônquica guiada por fluroscopia

Fonte: Costa Jr. et al. (2019, [s. p.]).

Com isso, pudemos ver como as diferentes técnicas são adotadas para diagnosticar diferentes tipos de patologias.
VIDEOAULA
Neste vídeo você terá a oportunidade de entender o sistema respiratório, com suas estruturas anatômicas e suas funções.
Você verá o quão essencial é o simples ato de inspirar e expirar e o quanto esse ato é afetado por patologias que acometem
o sistema respiratório. E para o diagnóstico das diversas patologias pulmonares, apresentaremos as principais técnicas de

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obtenção de imagem.

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Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
As técnicas de diagnóstico por imagem vêm se desenvolvendo cada dia mais, por isso é importante se atualizar quanto
ao uso de novas tecnologias. Este artigo intitulado “Ultrassonografia endobrônquica: tecnologia minimamente invasiva
para auxiliar no diagnóstico de doenças torácicas” traz uma metodologia muito interessante de avaliação pulmonar
pouco invasiva. O artigo em português está disponível para leitura em: https://journal.einstein.br/wp-
content/uploads/articles_xml/2317-6385-eins-17-03-eMD4921/2317-6385-eins-17-03-eMD4921-pt.pdf?x56956.

Aula 2

ANATOMIA RADIOLÓGICA DO SISTEMA ESQUELÉTICO


O sistema esquelético adulto é composto por 206 ossos individuais e por cartilagens.
16 minutos

INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula estudaremos o sistema esquelético, e vamos descobrir sua composição e sua importância
para a vida dos humanos. Vamos juntos entender que as funções do esqueleto vão muito além da locomoção, e que são
também essenciais para a manutenção das concentrações de cálcio no organismo. Nosso aprendizado terá um foco
relacionado às patologias que podem se desenvolver nos ossos, e entre as comuns falaremos das fraturas, osteoporose e
câncer nos ossos. O diagnóstico de todas as patologias que atingem os ossos é feito por meio de exames de imagem, que
podem ser simples como as radiografias, ou complexas como as cintilografias e tomografias.

Convidamos você a iniciar seu estudo tendo em mente a importância da sua aplicação na sua vida profissional.

COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO DO SISTEMA ESQUELÉTICO


O sistema esquelético adulto é composto por 206 ossos individuais e por cartilagens (Figura 1). As partes funcionais podem
ser divididas em:

Esqueleto axial: composto por 80 ossos que formam o eixo longitudinal do corpo. São eles: ossos do crânio, tórax e coluna
vertebral.

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Esqueleto apendicular: composto por 126 ossos que formam os membros inferiores, superiores e seus respectivos cíngulos
de conexão com o esqueleto axial.

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Figura 1 | Sistema esquelético

Fonte: Moore, Dalley e Agur (2014, p. 63).

Ossos:

Os ossos são um tecido conjuntivo composto por uma sólida e cristalina matriz, com apenas um pequeno volume de
substância fundamental. Os sais de cálcio, presentes em 2/3 da matriz, e as fibras de colágeno fazem do osso uma
combinação de minerais em torno de fibras de colágeno fortes, porém flexíveis e altamente resistentes a rupturas.

Quanto à classificação, dividimos os ossos da seguinte maneira:

Planos: protegem os tecidos moles subjacentes e são compostos por uma extensa superfície para fixação de músculos
esqueléticos. Exemplo: crânio, com a função de proteger o encéfalo.

Longos: esguios. Exemplo: braço e antebraço, coxa e perna, mãos e pés.

Irregulares: formas complexas com superfícies curtas, lisas, entalhadas ou estriadas. Exemplo: vértebras da coluna
vertebral, ossos da pelve e ossos da face.

Curtos: pequenos e com formato cuboide. Exemplo: ossos do carpo e dos tornozelos.

Sesamoides: encontrados em alguns tendões, no cruzamento dos ossos longos nos membros. Protegem os tendões contra
o desgaste excessivos.

O esqueleto exerce funções essenciais para o corpo, e entre elas podemos citar:
Apoio: ossos individuais ou grupos de ossos estruturam a fixação de órgãos e tecidos moles. Sustentação estrutural para o
corpo.

Armazenamento de minerais: 98% da reserva de cálcio do corpo se encontra nos ossos, sendo importante para a
manutenção das concentrações normais de cálcio e íons fosfato nos fluidos corporais.

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Produção de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas: a medula óssea vermelha preenche as cavidades de diversos ossos,
e são responsáveis pela produção de células sanguíneas.

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Proteção: são estruturas esqueléticas que envolvem órgãos e tecidos delicados. Por exemplo: o crânio envolve o cérebro, a
pelve envolve os órgãos digestórios e genitais, as costelas protegem os pulmões e o coração, e as vértebras protegem a
medula espinhal.

Movimento: grande parte dos ossos funcionam como alavancas, que mudam de magnitude e de direção de acordo com a
força gerada pelos músculos esqueléticos.

Cartilagem:

É um tecido conjuntivo com matriz firme e flexível composto por sulfatos de condroitina (derivados de polissacarídeos).

Podemos diferenciar as cartilagens em:

Hialina: encontrada nas extremidades das costelas e do esterno. Cobre as superfícies ósseas das articulações móveis, dá
apoio às passagens respiratórias e forma parte do septo nasal. Reduz o atrito entre as superfícies ósseas, dando um
suporte rígido, porém flexível.

Elástica: tolera distorção sem gerar danos, como a sustentação da orelha externa.

Fibrocartilagem: resistente à compressão, evita o contato de osso com osso e limita os movimentos. É encontrada dentro
das articulações do joelho, entre os ossos púbicos da pelve, e nos discos intervertebrais da coluna vertebral.

PATOLOGIAS COMUNS AO SISTEMA ESQUELÉTICO


Os ossos apresentam características bastantes peculiares, e embora não pareçam são estruturas “vivas”, que doem quando
lesionadas e sangram quando fraturadas. Têm capacidade regenerativa e se remodelam de acordo com o estresse sofrido,
além de se modificarem com o passar da idade.

Assim como outros órgãos, os ossos possuem vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, e podem atrofiar e hipertrofiar, além de
adoecer e ser absorvidos. Mesmo com toda sua resistência, os ossos podem rachar e quebrar dependendo do impacto, da
força ou da carga a que sejam submetidos.

Podemos observar na Figura 2 o processo de consolidação de uma fratura, pois as fraturas (lesões ósseas), em grande parte
dos casos, podem ser consolidadas, desde que haja a manutenção do suprimento de sangue e dos componentes celulares
do endósteo e do periósteo. Para uma consolidação óssea adequada, é preciso que as extremidades fraturadas sejam
reunidas na sua posição normal (redução de fratura), para que as células do tecido conjuntivo adjacentes possam se
proliferar e secretar colágeno para formar o calo ósseo que vai manter os ossos unidos. No local da fratura, o calo se
calcifica, e depois é reabsorvido e substituído por osso. A consolidação de fraturas é mais rápida em ossos em crescimento
do que em adultos.
Figura 2 | Processo de calcificação de um osso fraturado

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Fonte: Moore, Dalley e Agur (2014, p. 67).

Além de fraturas, os ossos podem sofrer outras patologias. As mais comuns são:

Osteoporose: é a diminuição dos componentes orgânicos e inorgânicos dos ossos, resultando em redução da densidade
óssea ou atrofia do tecido ósseo. O resultado são ossos frágeis, com pouca elasticidade e mais propensos a sofrer fraturas,
como observado na Figura 2. É comum durante o processo de envelhecimento (Figura 3).

Figura 3 | Ilustração de um osso normal e outro com osteoporose

Fonte: Moore, Dalley e Agur (2014, p. 68).

Osteopenia: é uma doença sem sintomas que causa diminuição da massa óssea, podendo evoluir para osteoporose se não
for tratada. Entre as causas temos a desnutrição, o tabagismo e o alcoolismo, e indica-se atividade física, fisioterapia e
consumo de cálcio para o tratamento.

Reumatismo: é um termo geral que indica dor e rigidez envolvendo ossos, músculos ou ambos. Pode caracterizar mais de
300 doenças, como artrite e osteoartrite. É comum em indivíduos mais idosos e se caracteriza por dor, deformações e
limitações nos movimentos, pois afeta articulações, músculos, ligamentos e tendões.

Câncer ósseo: causado por erros no DNA da célula durante a multiplicação celular. Pode afetar qualquer osso do corpo,
porém é mais comum nos ossos longos. Na maior parte dos casos não leva à morte, mas requer tratamento e rastreamento
para evitar metástase.

Anomalias no esqueleto axial: afetam diretamente a postura e o equilíbrio. São as cifoses (curvatura torácica de forma
corcunda), escolioses (curvatura lateral anormal da coluna vertebral) e lordoses (exagero da curvatura da lombar).
Para todas as patologias ósseas indicam-se exames de imagem para melhor análise e diagnóstico.

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE PATOLOGIAS ÓSSEAS


Desde 1895 as radiografias são usadas para visualização de músculos, tecidos moles e ossos. Com o desenvolvimento da

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medicina diagnóstica de imagem, novas técnicas foram sendo introduzidas para obtenção de imagens do sistema
esquelético.

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A seguir temos as principais técnicas com suas respectivas indicações clínicas:

Radiografia: avalia ossos e tecidos moles adjacentes. Para ser mais assertiva, em suspeitas de fratura ou luxação sugere-se a
realização de pelo menos duas incidências em ângulos retos em relação à outra. O foco deve ser a região anatômica
avaliada, sem sobreposições, pois lesões podem ser sutis ou até invisíveis em uma dada projeção, e em outra, podem ser
bastante óbvias, como observado na Figura 4.

Figura 4 | Escorregamento epifisário proximal do fêmur

Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 163).

Fluoroscopia: usa radiação ionizante para obtenção de imagens contínuas de regiões do corpo, gerando imagens em tempo
real. Enquanto a radiografia gera uma imagem, a fluoroscopia gera um filme. Importante em avaliações de mobilidade
articular, e pode ser usada em cirurgias ortopédicas para monitorar a colocação de dispositivos, além de ser usada em
biópsias, cirurgias de coluna e crânio e em cirurgias de ossos longos e planos.

Tomografia computadorizada (TC): avalia a posição e delineamento do fragmento de fratura, possibilitando a análise em
múltiplos planos de cortes, seja sagital, coronal ou axial. Devido ao custo alto, inclusive com a possibilidade de reconstrução
tridimensional da lesão, a indicação de uma TC deve ser baseada na possibilidade da sua realização influenciar a mudança
do tratamento ou a indicação cirúrgica ou não (Figura 5). A TC também é indicada para avaliação da presença de tumores
ósseos.

Figura 5 | TC mostrando fratura do calcâneo

Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 166).


Ressonância Magnética (RM): indicada para o diagnóstico de lesões musculares, tendíneas ou ligamentares, em distúrbios
da medula óssea e neoplasias. Embora tenha alta sensibilidade, é inespecífica, como mostra a Figura 6.

Figura 6 | Esquerda: imagem axial da TC da região distal da coxa. Direita: RM da coxa aproximadamente no mesmo nível

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Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 168).

Medicina Nuclear: cintilografia óssea com tecnécio e combinação de TC por emissão de pósitron e TC (PET-TC).

A cintilografia é sensível, mas não muito específica, sendo indicada para encontrar anormalidades antes de sua detecção
por radiografia convencional, em casos como rastreamento de metástases ósseas em pacientes de que já se conhece a
malignidade tumoral (Figura 7).

Figura 7 | Cintilografia em paciente com metástase óssea disseminada

Fonte: Leal et al. (2005, [s. p.]).

A PET-TC fornece imagens sequenciais combinadas em uma única imagem sobreposta, de modo que a atividade metabólica
ou bioquímica do corpo pode ser alinhada ou correlacionada com a imagem anatômica da TC.

Biópsia: indicada em suspeitas de tumor ou infecção. Em caso de lesões não palpáveis, a biópsia pode ser feita sob
orientação fluoroscópica, TC, ultrassonografia ou RM.

VIDEOAULA
O vídeo da nossa aula mostrará a anatomia do sistema esquelético, com os diferentes tipos de ossos e cartilagens. Vamos
observar que os ossos exercem diversas funções no corpo, como armazenamento de cálcio e locomoção. As patologias
relacionadas com o sistema esquelético podem ser avaliadas pela medicina diagnóstica, que usa diferentes técnicas de
imagem para os diferentes tipos de doenças e lesões nos ossos e cartilagens.
Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
A indicação deste artigo, intitulado “Importância da cintilografia óssea na pesquisa de metástases” e publicado em

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2020, se deve ao fato de ser uma revisão bibliográfica que trata da importância da técnica de cintilografia no

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rastreamento de metástases causadas por câncer nos ossos.

O texto está disponível em: http://revista.fatecbt.edu.br/index.php/tl/article/view/696/430.

Aula 3

ANATOMIA RADIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O sistema nervoso é um dos menores do corpo, com apenas 2 kg e representando cerca de 3% do peso
corporal, porém é o mais complexo, porque pelos impulsos nervosos é possível regular todas as atividades
corporais.
15 minutos

INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula teremos o prazer de estudar o sistema nervoso. Esse pequeno e complexo sistema é o
responsável por todas as nossas funções biológicas. Desde o desenvolvimento embrionário até o final das nossas vidas, é
esse sistema que coordenará movimentos, fala, pensamento, processos de digestão e respiração, e até a memória de curta
e longa duração.

O estudo da anatomia do sistema nervoso e seu sistema de transmissão de sinais nos levará ao entendimento de como
patologias e traumas físicos podem lesionar o tecido neuronal para sempre.

E para a visualização de problemas no sistema nervoso, a medicina diagnóstica de imagem utiliza várias técnicas capazes de
mostrar todas as estruturas presentes no sistema nervoso central e periférico.

Vamos juntos entender os fundamentos do sistema nervoso e suas patologias radiológicas.

ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso é um dos menores do corpo, com apenas 2 kg e representando cerca de 3% do peso corporal, porém é o
mais complexo, porque pelos impulsos nervosos é possível regular todas as atividades corporais.
O sistema nervoso é uma rede intrincada de bilhões de neurônios e células da neuroglia organizadas no sistema nervoso
central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP), como mostra a Figura 1.

Figura 1 | Sistema nervoso

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Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 558).

O SNC é composto por encéfalo e medula espinhal. O encéfalo se localiza dentro do crânio e possui em torno de 85 bilhões
de neurônios. A medula espinhal está envolvida pelos ossos da coluna vertebral e tem cerca de 100 milhões de neurônios. A
conexão entre encéfalo e medula espinhal acontece pelo forame magno do occipital.

O SNP é composto pelos tecidos nervosos fora do SNC, e entre seus componentes temos os nervos, os gânglios, os plexos
entéricos e os receptores sensitivos. É dividido em:

Sistema Nervoso Somático (SNS): respostas motoras voluntárias. É composto por neurônios sensitivos (transmitem
informações para o SNC) e motores (conduzem impulsos nervosos exclusivamente para os músculos esqueléticos).

Sistema Nervoso Autônomo (SNA): ação involuntária. É formado por neurônios sensitivos (levam informações de órgãos
viscerais para o SNC) e motores (conduzem impulsos do SNC para os músculos liso e cardíaco e as glândulas). A divisão
motora ainda pode ser dividida em simpática (resposta de luta ou fuga) e parassimpática (estado de repouso ou digestão),
cujas ações são opostas.

Sistema Nervoso Entérico (SNE): ação involuntária, também chamado de cérebro do intestino. É composto por mais 100
milhões de neurônios que se estendem pela maior parte do sistema digestório. Também composto por neurônios
sensitivos (monitoram mudanças químicas no aparelho digestório) e motores (controlam as contrações do músculo liso e a
secreção de enzimas e hormônios). A maior parte dos seus neurônios funciona de maneira independente em relação ao
SNA e ao SNC, e a comunicação se dá através dos neurônios simpáticos e parassimpáticos.

O sistema nervoso tem uma complexa e extensa lista de funções, entre elas a capacidade de sentir cheiro e falar, lembrar
de fatos recentes ou passados. As funções básicas podem ser agrupadas da seguinte maneira:

• Sensitiva: receptores sensitivos detectam estímulos internos ou externos e os leva pelos nervos cranianos e espinhais
para o encéfalo e para a medula espinhal.

• Integradora: é a tomada de decisão após o processamento das informações sensitivas.


• Motora: é a resposta motora específica ao processamento das informações sensitivas. Ocorre por intermédio de nervos
cranianos e espinhais que ativam efetores (músculos e glândulas) que vão desencadear contração muscular e secreção de
hormônios.

O tecido nervoso é composto pelos neurônios e pela neuroglia, que se combinam e formam uma grande rede de

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processamento no encéfalo e na medula espinhal, além de conectarem o corpo todo com o SNC. Os neurônios são células
muito especializadas que desempenham a maior parte das funções do sistema nervoso, e as células da neuroglia têm a

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função de proteger e nutrir os neurônios, ajudando a manter o líquido intersticial. Os neurônios são tão especializados que
perderam a capacidade de se dividir, mas a neuroglia continua se dividindo ao longo de toda a vida.

PATOLOGIAS QUE ACOMETEM O SISTEMA NERVOSO


O neurônio é a unidade funcional do SNC, pois é a única célula em todo o organismo capaz de receber e transmitir
informações. Sua localização no sistema nervoso vai determinar suas propriedades funcionais, a distribuição de suas
conexões, assim como as necessidades metabólicas do organismo e quais neurotransmissores serão utilizados.

Cada região do encéfalo tem funções específicas, por isso, após uma lesão ou desenvolvimento de uma patologia, os sinais
clínicos e os sintomas apresentados vão depender do local do encéfalo envolvido no processo. O fato de os neurônios
maduros serem incapazes de realizar divisão celular torna sua destruição por alguma patologia um fator determinante para
o desenvolvimento de déficits neurológicos.

Em casos de lesão no sistema nervoso, tanto os neurônios quanto a neuroglia passam por mudanças morfológicas e
funcionais.

A lesão neuronal pode ser aguda em consequência de algum trauma ou depleção de oxigênio e glicose, ou lenta, como em
doenças degenerativas em que agregados de proteínas anormais se acumulam. Em contrapartida, as células da neuroglia
podem responder a uma lesão proliferando-se, desenvolvendo núcleos alongados, formando agregados em torno da
necrose tecidual ou congregando-se em torno dos corpos celulares dos neurônios que estão morrendo.

A seguir, citaremos algumas patologias do sistema nervoso:

Edema cerebral: é a grande saída de líquido dos vasos sanguíneos ou de lesão nas células do SNC.

Anomalias congênitas: podem ocorrer no tubo neural, no prosencéfalo ou na fossa posterior. Podem estar associadas a
alterações genéticas ou fatores exógenos. Ocorrem durante o desenvolvimento embrionário, e quanto mais cedo, mais
grave será o fenótipo funcional e morfológico.

Trauma: são forças físicas que ocorrem contra o encéfalo podendo causar fratura craniana, lesão parenquimatosa
(concussão) e lesão vascular.

• Fratura ocorre quando o osso é deslocado para dentro da cavidade craniana por uma distância maior do que a espessura
do osso.

• Concussão é uma alteração da consciência secundária que ocorre devido a uma alteração cinética e súbita da cabeça.

• Lesão vascular é a ruptura da parede de um vaso como consequência de um trauma direto, levando à hemorragia.
Lesão da medula espinhal: danifica a medula devido ao deslocamento transitório ou permanente da coluna vertebral. A
extensão das lesões neurológicas está relacionada com o nível de lesão da medula.

Doença cerebrovascular: lesão no encéfalo que ocorre devido a alterações no fluxo sanguíneo. Pode ser isquêmica (hipóxia,
isquemia ou infarto) quando o tecido do SNC é prejudicado pela falta de suprimento de sangue e de oxigênio, e

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dependendo da região do encéfalo afetada é chamada de global ou local. Pode também ser hemorrágica, como
consequência da ruptura de vasos do SNC. A hemorragia é comum em casos de anomalias vasculares ou hipertensão.

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Malformações vasculares: são classificadas em arteriovenosas (envolvem vasos no espaço subaracnoide, no encéfalo ou em
ambos), cavernosas (canais vasculares distendidos e mal organizados), telangiectasias capilares (focos microscópicos de
canais vasculares de paredes finas e dilatadas) e angiomas venosos (consistem em agregados de canais venosos ectásicos).

Infecção: é a ação direta de um agente infeccioso, ou indireta pela liberação de toxinas microbianas que pode danificar o
sistema nervoso.

Outras patologias como aneurismas, tumores, câncer e doenças neurodegenerativas como Alzheimer são observadas no
sistema nervoso. O diagnóstico, extensão do dano, tratamento e sequelas da patologia são analisados por meio de imagens
minuciosas da região afetada.

EXAMES DE IMAGEM APLICADOS A PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS


Os exames radiológicos têm o objetivo de fornecer informações que possam direcionar o diagnóstico de doenças, e são
importantes no rastreamento da extensão ou na resposta da doença ao tratamento.

As avaliações podem ser divididas em anatômicas e funcionais. As anatômicas são aquelas que dão informações estruturais,
e são as radiografias simples, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), arteriografia cerebral (AC) e
ultrassonografia (US).

Dentre as imagens funcionais que dão informações sobre o metabolismo cerebral e a perfusão temos tomografia
computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), tomografia por emissão de pósitrons (PET), perfusão por TC, imagem
de difusão (dRM), imagem de perfusão (pRM), imagem funcional da RM (RMF) e espectroscopia de RM (ERM).

Algumas das técnicas mencionadas são capazes de fornecer ambas as informações como arteriografia cerebral (ilustra
vasos sanguíneos e calcula o tempo de circulação) e ultrassonografia da bifurcação carotídea combinada com Doppler.

A seguir, listaremos as principais técnicas de imagens usadas para o diagnóstico de patologias do sistema nervoso:

Radiografia simples: fornece apenas informações sobre os ossos do crânio, sem dados diretos sobre os conteúdos
intracranianos. Tem função limitada.

TC: enfatiza detalhes dos tecidos moles e dos ossos, de modo que é possível visualizar diretamente os conteúdos
intracranianos e as anormalidades presentes. Patologias podem se apresentar escuras ou brilhantes, dependendo da
anormalidade.

Figura 2 | TC da cabeça mostrando imagens axiais normais


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Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 339).

RM: uma das principais técnicas para diagnóstico de patologias neurológicas. A imagem convencional mostra contraste de
tecidos moles. A evolução da técnica trouxe novas aplicações, como RM de alta resolução, dRM, pRM, ERM, RMF e
monitoramento de procedimentos em tempo real.

AC: aplica-se contraste hidrossolúvel na artéria carótida ou vertebral para análise de circulação capilar, venosa ou arterial
do cérebro. É um exames caro e mais arriscado do que estudos não invasivos, contudo, é essencial para o diagnóstico de
algumas patologias como vasculite, aneurismas cerebrais e certas fístulas ou malformações vasculares intracranianas.

Figura 3 | Arteriografia cerebral normal

Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 346).

US: fornece imagem em escalas de cinza sobre o fluxo e a permeabilidade da artéria carótida em portadores de
aterosclerose, e análise do vasoespasmo em casos de hemorragia subaracnóidea por meio do Doppler transcraniano.
Usada em investigações de anormalidades intracranianas em recém-nascidos e bebês. É moderadamente cara, e a
qualidade do exame depende da experiência do operador.

SPECT: usa uma câmera rotatória gama para reconstruir imagens da distribuição do fármaco radioativo administrado,
fornecendo informações indiretas sobre o metabolismo do cérebro.

Figura 4 | Imagem de SPECT da perfusão normal do cérebro


Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 348).

PET: bastante semelhante ao SPECT, o que os diferencia é o tipo câmera e dos radiofármacos usados. Quanto maior a
captação do radiofármaco pelo tecido, maior será a atividade metabólica da área. Ossos e tecidos moles geralmente são
invisíveis. Sua principal vantagem é a capacidade de fornecer dados in vivo da perfusão cerebral, do metabolismo da

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glicose, da densidade do receptor e da função cerebral.

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VIDEOAULA
Convidamos você a conhecer a anatomia do sistema nervoso, com suas particularidades e subdivisões. Vamos ver a
importância desse pequeno sistema, porém, com funções tão complexas. É um sistema que pode ser acometido por
diversas patologias, que para um correto direcionamento no tratamento e avaliação da extensão dos danos, precisam da
realização de exames de imagens específicos para cada caso.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
O artigo sugerido mostra um ensaio iconográfico de linfoma no sistema nervoso central. É um trabalho de 2013,
realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, e que faz
um apanhado de imagens de diversos pacientes diagnosticados com linfoma no sistema nervoso. Observe o uso da
técnica de RM convencional e com difusão e perfusão por RM.

O artigo está disponível em:

https://www.scielo.br/j/rb/a/5BCxSbR4xKrVQknDgk4gqcJ/?format=pdf&lang=pt.

Aula 4

ANATOMIA RADIOLÓGICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO


Nosso sistema digestório funciona absorvendo nutrientes e água, e assim é capaz de regular e integrar
todos os processos metabólicos do corpo, mantendo a homeostasia corporal.
14 minutos

INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula teremos o prazer de estudar o sistema digestório. É um sistema extenso, cujas funções estão
relacionadas não só com a alimentação e digestão, mas também com a homeostase corporal.

A anatomia do sistema digestório será mostrada com o intuito de observar sua composição e suas estruturas, para que
façamos uma correlação com as patologias que podem acometer esse importante sistema.

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A análise das patologias e seus diagnósticos são feitos com diversos exames de imagem, por meio dos quais é possível a
visualização de estruturas anormais, inflamações e presença de tumores, causadas por alimentos, medicamentos e

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estresse, entre outros eventos.

Vamos juntos entender os fundamentos do sistema digestório e suas patologias radiológicas.

ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO


Nosso sistema digestório funciona absorvendo nutrientes e água, e assim é capaz de regular e integrar todos os processos
metabólicos do corpo, mantendo a homeostasia corporal.

O sistema digestório é composto por um tubo gastrintestinal (GI) com cerca de 9 metros de comprimento, que começa na
boca e termina no ânus (Figura 1), e é composto pelas seguintes estruturas:

Boca: formada por cavidade oral, dentes e língua. Responsável pelo processamento mecânico (esmagamento e trituração
do alimento), umidificação e mistura do alimento com saliva.

Faringe: faz a propulsão muscular do alimento para o esôfago.

Esôfago: transporta o alimento deglutido para o estômago.

Estômago: decompõe quimicamente o alimento por meio de ácidos e enzimas, além de misturar e agitar o bolo alimentar
por meio de contrações musculares.

Intestino delgado: digere enzimática e absorve parte da água, substratos orgânicos, vitaminas e íons.

Intestino grosso: desidrata e compacta materiais não digeríveis

O sistema digestório tem, ainda, órgãos e tecidos acessórios responsáveis por secretar substâncias no GI, que
compreendem glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas (Figura 1).

Figura 1 | Anatomia do Sistema Digestório


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Fonte: Widmaier, Raff e Strang (2017, p. 825).

Os alimentos ingeridos pela alimentação entram pela boca na forma de macromoléculas (proteínas, carboidratos e lipídeos)
e nesse momento são incapazes de atravessar o epitélio intestinal. O bolo alimentar, para se movimentar pelo sistema,
precisa que os músculos se contraiam e, com essa peristalse, o empurre para frente. Para que seja absorvido, o alimento
precisa ser digerido, isto é, dissolvido e decomposto em pequenas moléculas pela ação do ácido clorídrico do estômago, da
bile proveniente do fígado e das enzimas digestivas.

Após a digestão no estômago e no intestino delgado, o bolo alimentar segue para o intestino grosso, onde, através da
segmentação, vai ser agitado, fragmentado e misturado com secreções intestinais. Esses ciclos de movimento são ritmados
e empurram o alimento em uma só direção. Agora, moléculas, água e pequenos nutrientes podem ser absorvidos pelo
epitélio do tubo GI, e seguem pelo sangue ou pelo tecido linfático.

Para melhor entendimento, podemos dividir as funções do sistema digestório em:

Ingestão: entrada de alimentos e líquidos pela boca.

Processamento mecânico: ocorre com os sólidos ingeridos antes de serem deglutidos. Na cavidade oral engloba
esmagamento e trituração do alimento, e no estômago inclui mistura e agitação do alimento.

Digestão: decomposição química e enzimática do alimento, quebrando-o em pequenas moléculas que serão absorvidas
pelo epitélio digestório.

Secreção: feita pelos órgãos acessórios ao longo de todo o sistema, por meio da liberação de ácidos, enzimas e substâncias
digestivas.

Absorção: é a passagem das moléculas, dos eletrólitos, das vitaminas e da água através do epitélio e para dentro do fluido
intersticial do sistema digestório.

Compactação: desidratação dos alimentos não digeríveis e dos resíduos orgânicos para eliminação pelo corpo após a
formação das fezes.
Cada um dos segmentos que compõem o sistema digestório apresenta funções únicas, que se complementam e se
integram de modo a regular a ingestão, o processamento, a absorção de nutrientes e a remoção dos resíduos não
digeríveis.

PATOLOGIAS QUE ACOMETEM O SISTEMA DIGESTÓRIO

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Muitas patologias podem acometer o sistema digestório, e para melhor estudá-las foi preciso dividir de acordo com a região

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do sistema mais frequentemente acometida:

Esôfago: dentre as patologias, temos desde cânceres altamente letais até azias persistentes.

Obstruções:

• Funcionais: interrupção das ondas coordenadas das contrações peristálticas que ocorrem após a deglutição

• Estruturais: disfagia progressiva que pode ser causada por estenose ou câncer. Começa com a dificuldade de engolir
alimentos sólidos, e a progressão da doença também afeta a ingestão de líquidos.

Esofagite:

• Química: secundária à ingestão acidental ou proposital de produtos químicos.

• De refluxo: devido ao refluxo de conteúdos gástricos no esôfago inferior. Principal causa do desenvolvimento de lesão na
mucosa na doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

• Infecciosa: ocorre mais frequentemente devido ao vírus do herpes simples, em pacientes debilitados ou
imunossuprimidos.

Esôfago de Barrett: é uma complicação da DRGE crônica, caracterizada por metaplasia intestinal (alteração reversível em
que um tipo de célula é substituído por outro da mesma linhagem) dentro da mucosa escamosa esofágica. Oferece grande
risco de adenocarcinoma esofágico.

Estômago:

Gastrite: processo inflamatório da mucosa.

• Aguda: há presença de neutrófilos.

• Gastropatia: células inflamatórias são raras ou estão ausentes.

• Relacionada ao estresse: ocorre em pacientes com traumas graves, queimaduras extensas, doenças intracranianas, que
realizaram cirurgias de grande porte, que apresentam doenças clínicas sérias e outras formas de estresse fisiológico grave.

• Crônica: a causa mais comum é a infecção com o bacilo H. pylori.

• Autoimune: associada à hipergastrinemia (níveis aumentados de gastrina).

• Doença Ulcerosa Péptica: ulceração crônica da mucosa que afeta duodeno ou estômago. Quase todas as úlceras pépticas
estão associadas à infecção por H. pylori, uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) ou ao consumo de cigarros.

Pólipos: se desenvolvem como resultado de hiperplasia de células epiteliais ou estromais, inflamação, ectopia ou neoplasia.
Tumores gástricos: são adenocarcinomas, linfomas, tumores carcinoides e tumores estromais. O adenocarcinoma é a
malignidade mais comum do estômago, compreendendo mais de 90% de todos os cânceres gástricos.

Intestino delgado e cólon:

Obstrução intestinal: o intestino delgado é afetado com mais frequência por conta da luz relativamente estreita. Podem

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ser mecânicas (80% dos casos) como hérnias, aderências intestinais, intussuscepção e vólvulos, ou como em 10 ou 15% dos
casos podem ser tumores, infarto e outras causas de estreitamentos (exemplo: doença de Crohn). As manifestações clínicas

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incluem dor, distensão abdominal, vômito e constipação.

Doença celíaca: enteropatia mediada pelo sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos, é disparada
pela ingestão de alimentos que contêm glúten.

Enterocolite infecciosa: inclui diarreia, dor abdominal, urgência, desconforto perianal, incontinência e hemorragia.

Síndrome do intestino irritável: dor crônica e recidivante no abdome, além de distensão e alterações nos hábitos
intestinais.

Doença intestinal inflamatória: condição crônica resultante da ativação imunológica inapropriada da mucosa.
Compreende a colite ulcerativa e a doença de Crohn.

Outras dezenas de patologias podem acometer o sistema digestório e prejudicar suas funções, e para a maior parte delas,
são usadas técnicas radiográficas e endoscópicas para exames no trato gastrintestinal. A escolha da técnica é multifatorial e
depende das indicações clínicas e da eficácia da técnica para o diagnóstico.

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DO SISTEMA DIGESTÓRIO


Obtenção de imagens de órgãos ocos como o sistema digestório começou há mais de um século, mas seu grande avanço se
deu a partir da década de 1970 com o surgimento da endoscopia e da tomografia computadorizada.

Para os exames do trato gastrointestinal podem ser usados contrastes, como o sulfato de bário ou agentes hidrossolúveis,
dependendo do órgão avaliado.

A seguir, descreveremos as técnicas mais usadas para obtenção de imagens para diagnóstico de patologias do sistema
digestório:

Tomografia computadorizada (TC): é capaz de mostrar os diversos órgãos ocos do trato gastrointestinal. Detecta com
facilidade neoplasias maiores, espessamento das paredes dos órgãos e processos extrínsecos, além de diversos distúrbios
gastrointestinais. No esôfago e no cólon é muito funcional na detecção do estadiamento da malignidade.

A colonoscopia virtual (CV), também conhecida por colonografia por tomografia computadorizada (CTC), permite o
rastreamento do câncer e a detecção de pólipos e malignidades do intestino grosso (Figura 2).

Figura 2 | Imagem de colonoscopia virtual


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Fonte: Chen, Pope e Ott (2012, p. 275).

Na imagem observamos o cólon distendido por gás. Na imagem à esquerda vemos o cólon segmentado. Na imagem à
direita vemos a análise bidimensional de uma porção do cólon mostrando lesão polipoide no lado direito (seta)

Ressonância magnética (RM): fornece imagens transversais do corpo, e por isso é capaz de avaliar quase todos os sistemas
orgânicos. Tanto a RM quanto a TC podem oferecer opções para visualização do trato gastrintestinal, com imagens
multiplanares e reconstruções bi e tridimensionais. Entretanto, para obstruções do intestino delgado e doença de Crohn
indica-se a RM.

Ultrassonografia abdominal: é possível avaliar por US distúrbios inflamatórios como apendicite aguda. US endoluminal
utiliza sondas cegas ou fixadas a um endoscópio, e é usada no trato gastrintestinal superior e no colorreto para detecção e
estadiamento de malignidade. Outras indicações incluem punção por aspiração com agulha fina (PAAF) de massas
pancreáticas pela parede gastroduodenal.

Endoscopia: é capaz de visualizar superfícies mucosas do esôfago, estômago e duodeno, porém não avalia anormalidades
funcionais desses órgãos. Entre suas vantagens quando comparadas com técnicas baritadas (que usam sulfato de bário
como contraste) é a melhor demonstração de processos inflamatórios leves, como erosões e úlceras pépticas pequenas.

Alguns outros métodos endoscópicos já estão disponíveis, como enteroscopia e enteroscopia com duplo balão, que
conseguem boas avaliações do jejuno e do íleo.

Uma nova abordagem para detecção precoce da doença de Crohn, pequenas erosões, pólipos e lesões vasculares vem se
mostrando superior ao exame com uso de bário. É a endoscopia em cápsula, em que o paciente ingere um dispositivo
contendo um fotodetector e um radiotransmissor. As imagens são transmitidas para um detector externo e visualizadas no
computador.

Se formos separar o trato GI quanto às melhores técnicas de diagnóstico, podemos dizer que o trato GI superior pode ser
mais bem examinado com o uso de contraste luminal ou endoscopia para avaliação de anormalidades mucosas, assim
como por TC ou RM para detecção de massas focais, espessamento de parede e processos extrínsecos.

O intestino delgado é mais bem avaliado por meio de técnicas que usem distensão, como enteróclise ou enterografia por
TC/RM, que promovem a entubação do intestino delgado pela rota nasal ou oral por um tubo de pequeno calibre sob
orientação fluoroscópica.

O intestino grosso pode ser avaliado usando-se contrastes de bário, mas atualmente prefere-se a colonoscopia e a CV.

VIDEOAULA
ste vídeo mostraremos o sistema digestório, sua anatomia muscular, suas funções dentro do organismo e suas patologias e
possibilidades de diagnóstico por exames de imagens. Veremos como sua estrutura muscular tem papel fundamental no
processo de movimentação do bolo alimentar, assim como os diversos ductos encontrados ao longo do sistema
possibilitam a adição de enzimas e substâncias que auxiliam na digestão dos alimentos ingeridos pela alimentação.

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Videoaula

s e õ ç at o n a r e V
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
O artigo indicado trata das indicações de uso da cápsula endoscópica no diagnóstico de diversas patologias do trato GI.
O uso da cápsula endoscópica vem auxiliando no diagnóstico de patologias localizadas em partes do intestino que o
endoscópio comum não alcança.

O artigo está disponível no link http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2015/v103n1/a4919.pdf.

REFERÊNCIAS
5 minutos

Aula 1
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