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Ministério da Agricultura, Pecuária E Abastecimento – MAPA

Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA


Departamento de Saúde Animal – DSA
Coordenação de Assuntos Especiais – CAE
Divisão de Material Genético Animal - DIMG

Brasília
MAPA
2021
©2021 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial e ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não
seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.

Tiragem:
1ª edição. Ano 2021
Elaboração, distribuição, informações:
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretaria de Defesa Agropecuária
Departamento de Saúde Animal – DSA
Coordenação de Assuntos Especiais – CAE
Divisão de Material Genético Animal – DIMG
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo A, 3º andar, sala 350
CEP: 70043-900, Brasília-DF
Tel.: (61) 3218.2709
E-mail: materialgenetico@agricultura.gov.br
Homepage: www.gov.br/agricultura
Central de Relacionamento: Assessoria Especial de Comunicação Social

Elaboração
Coordenação de Assuntos Especiais - CAE/DSA
Divisão de Material Genético Animal - DIMG/CAE/DSA
Laboratório de Epidemiologia e Bioestatística - FMVZ/Universidade De São Paulo
Núcleo de Sanidade de Aves - Embrapa Suínos e Aves
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás - SFA/GO
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Mato Grosso do Sul - SFA/MS
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais - SFA/MG
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Santa Catarina - SFA/SC
1. Introdução ....................................................................................................... 1
2. Objetivo .......................................................................................................... 1
3. Procedimentos para Mensuração do Risco Estimado Associado a Estabelecimento (R). 2
4. Responsabilidades............................................................................................. 3
5. Procedimento.................................................................................................... 3
6. Fatores de risco e biosseguridade com maior impacto na ocorrência de eventos em
estabelecimentos avícolas de reprodução ............................................................. 3
7. Metodologia...................................................................................................... 6
7.1 Modelagem de risco................................................................................ 6
7.2 Coleta de Dados..................................................................................... 6
7.3 Análise dos dados.................................................................................. 6
8. Resultados....................................................................................................... 7
8.1 Questionários........................................................................................ 7
8.2 Construção do modelo............................................................................ 7
8.3 Classificação dos estabelecimentos........................................................... 7
9. Considerações relacionadas ao potencial da ferramenta.......................................... 7
10. Operacionalização dos procedimentos para estimativa do Risco Associado aos
Estabelecimentos Avícolas de Reprodução e determinação da frequência mínima de
fiscalização........................................................................................................... 8
10.1 Etapas de desenvolvimento................................................................... 8
10.2 Detalhamento da operacionalização das etapas........................................ 8
11. Referências bibliográficas.................................................................................. 10
A Avicultura Brasileira se destaca pela alta competitividade, ocupando o terceiro lugar em
produção de carne de frango e a posição de maior exportador no cenário mundial. O status
sanitário dos plantéis avícolas contribui para manter a avicultura nestas posições de
destaque. Este status advém de esforços permanentes na manutenção de boas práticas
baseadas em procedimentos de biosseguridade. As boas práticas produtivas adotadas pelos
estabelecimentos estão alicerçadas em exigências de atos normativos estabelecidos pelo
MAPA e recomendados pelas organizações internacionais OMS/FAO/OIE (ABPA, 2020).
Os procedimentos de biosseguridade adotados pelos estabelecimentos avícolas têm como
princípio fundamental a prevenção da introdução e disseminação de patógenos e
configuram-se como um conjunto de medidas operacionais de prevenção, controle e
limitação da exposição das aves contidas em um sistema produtivo aos agentes causadores
de doenças.
A possibilidade iminente da introdução de patógenos e ocorrência de surtos que possam
interferir na saúde animal e humana e determinar severo impacto na comercialização
nacional e internacional dos produtos brasileiros é uma preocupação dos órgãos de
fiscalização e das empresas avícolas. Além disso, há um número cada vez menor de
Auditores Fiscais Federais Agropecuários disponíveis para as atividades de fiscalização, o
que determina crescente necessidade de implementação de responsabilidade
compartilhada, com uso de tecnologias que possibilitem gestão estratégica mais assertiva e
com menor uso do recurso “tempo” e distribuição mais eficiente dos recursos humanos.
O desenvolvimento de estratégias de avaliação do risco dos estabelecimentos pode auxiliar
a determinação de frequências de fiscalização dos estabelecimentos. Outros países têm
buscado o desenvolvimento de modelos de análise de risco, visando desenvolvimento de
estratégias de prevenção mais eficazes e maior compreensão do risco de introdução de
agentes infecciosos causadores de doenças de alto impacto nas cadeias produtivas
(Manyweathers et al., 2020, COX et al., 2016).
Existem muitas ferramentas de análise capazes de contribuir para a definição e mensuração
de risco. Neste trabalho, utilizando-se técnica de aprendizado de máquina, foi desenvolvida
uma modelagem de risco com análise de rede bayesiana adaptada de COX et al., (2016) e
Manyweathers et al., (2020). Para construção da rede foram analisados os requisitos de
biosseguridade implementados nos estabelecimentos e a probabilidade de ocorrência de
eventos sanitários ou falhas nos sistemas de produção. Estes dados foram relacionados à
localização dos estabelecimentos para auxiliar na estimativa de risco. Essa análise é
dinâmica, portanto, periodicamente, o órgão de fiscalização deverá reavaliar as condições
dos sistemas de produção, o ecossistema no qual estão inseridos e o risco associado.

O objetivo deste documento é apresentar uma modelagem de risco que considera a


interação entre práticas de biosseguridade e a probabilidade de ocorrência de eventos ou
falhas em estabelecimentos avícolas de reprodução brasileiros, para estabelecer a
frequência mínima de fiscalização nos estabelecimentos produtores que são sujeitos à
fiscalização/auditoria pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério de
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Os procedimentos para mensuração do R, com foco na Norma Interna SDA Nº 01, de 10 de
Julho de 2019, serão estabelecidos levando-se em consideração a composição dos fatores
relacionados:
• Às características da produção e do estabelecimento produtor;
• Ao desempenho do estabelecimento quanto ao atendimento à legislação aplicável à
fiscalização.
Desta forma, foram avaliados dois tipos de risco: o RI (Risco Inerente) e o RR (Risco
Regulatório).
O Risco Intrínseco ao Estabelecimento (RI) corresponde ao nível de risco associado ao
estabelecimento/produto e ao seu uso proposto analisado por rede bayesiana e técnica de
aprendizado de máquina, considerando a interação entre práticas de biosseguridade e a
ocorrência de eventos sanitários ou falhas nos sistemas de produção.
O RR deverá ser analisado em razão do desempenho do estabelecimento no cumprimento
da legislação.
A mensuração do R deverá ser obtida pela conjugação dos fatores considerados como de RI
com o fator RR, análise que permitirá a categorização dos estabelecimentos e possibilitará
a definição da frequência das fiscalizações, como pode ser visualizado na Figura 1.

Desempenho do
Características da estabelecimento quanto ao
produção e do atendimento à legislação
estabelecimento aplicável à fiscalização

Risco Regulatório
Risco Inerente (RI)
(RR)

Risco Estimado
Associado ao
Estabelecimento (R)

Frequência das
fiscalizações

FIGURA 1 - Cálculo do risco estimado associado ao estabelecimento (R)


Caberá ao Serviços de Insumos Pecuários e Saúde Animal - SISA/DDA/SFA com
base no manual elaborado:
• Elaborar o Plano Operativo Anual contendo a programação de frequência mínima de
fiscalizações e encaminhá-lo à Divisão de Material Genético Animal da Coordenação
de Assuntos Especiais - DIMG/CAE;
• Gerenciar para que as programações de fiscalizações ocorram dentro do
programado;
• Verificar e solicitar à equipe a aplicação do Manual de Procedimentos de fiscalização
para harmonização de ações;
• Avaliar os resultados, promover ajustes de procedimentos e identificar entraves a
partir de informações obtidas da equipe de fiscalização;
• Enviar relatórios à DIMG/CAE informando sobre a execução da programação e as
dificuldades encontradas.

Caberá à DIMG e CAE/DSA conforme diretrizes do DSA:


• Realizar anualmente o cálculo Risco Associado Estimado ao Estabelecimento (R) por
meio da compilação dos dados referentes ao Risco Intrínseco (RI) e Risco
Regulatório (RR);
• Avaliar o plano operativo anual e a programação de frequência mínima de
fiscalizações elaborados pelos SISA/DDA/SFA;
• Supervisionar a execução das frequências mínimas de fiscalização propostas pelos
SISA/DDA/SFA;
• Promover revisões deste Manual e dos procedimentos e documentos relacionados à
atividade de fiscalização;

O risco intrínseco dos estabelecimentos (RI) será calculado conforme metodologia descrita
neste documento. O DSA fará gerenciamento do modelo e repassará a classificação dos
estabelecimentos a cada Unidade da Federação, a fim de promover as definições de
priorização e frequência de fiscalizações.

A adoção de medidas de biosseguridade está diretamente relacionada à prevenção,


mitigação e ou controle de um agente de doenças ou de impacto à saúde das aves e ao
sistema de produção. No Brasil são adotadas estratégias visando o controle de importantes
agentes virais e bacterianos, dentre eles, destacam-se a Influenza Aviária (IA), a Doença
de Newcastle (DNC), as Salmoneloses e as Micoplasmoses.
Os principais fatores de risco relacionados à transmissão das doenças virais mencionadas
são:
• Proximidade ou exposição direta de aves do sistema produtivo com aves
migratórias ou de vida livre, pois as aves silvestres (aves aquáticas, gaivotas e
aves costeiras) são reservatórios do vírus e têm a capacidade de transportar as
estirpes virais por longas distâncias em rotas de migração realizadas anualmente
entre continentes;
• Trânsito de pessoas que podem veicular doenças virais na condição de
reservatórios ou por meio de mãos, roupas e calçados;
• Importação de aves oriundas de países com circulação viral podem ser
responsáveis pela entrada de vírus em regiões livres;
• Aerossóis de aves infectadas ou de produtos contaminados;
• Vetores como roedores, insetos e artrópodes também podem contribuir na
disseminação (Zhou et al., 2018, Gilbert et al., 2012).
Gompo et al (2020) mencionam como fator de risco as características de biosseguridade
adotadas nas granjas, manejo realizado e, salientam a importância de adoção de medidas
simples como utilização de calçados limpos e destinados exclusivamente a atividades
específicas. Além disso, reiteram a distância de outros estabelecimentos de produção como
fator de prevenção, atribuindo a proximidade como fator de risco para ocorrência de
subtipos virais altamente patogênicos.
A importância de serem incluídas avaliações tais como protocolos de vacinação, medicações
utilizadas, limpeza e desinfecção adotadas foram destacadas por Huang et al., (2016).
Estes autores também citam que estratégias governamentais para a conscientização da
importância da adoção rígida, por parte dos produtores, de procedimentos relacionados às
boas práticas, reduz o risco de ocorrência de vírus de alta patogenicidade.
Em relação às enfermidades bacterianas, as principais fontes de contaminação são:
aquisição de aves contaminadas oriundas de matrizes infectadas, infecção cruzada no
incubatório, equipamentos contaminados, contaminação ambiental nos galpões de criação,
presença de roedores e insetos nas granjas, limpeza inadequada, falta de vazio sanitário
entre lotes, contaminação dos alimentos e da água potável (Conan et al., 2012; Dorea et
al., 2010; Rasschaert et al., 2006).
Pessoas alheias ao sistema de produção tais como técnicos, veterinários, revendedores de
alimentos e medicamentos, técnicos de manutenção e visitantes que se deslocam entre as
granjas podem disseminar bactérias tais como Salmonella spp., a menos que sejam
tomadas precauções para desinfetar calçados, roupas e mãos. Da mesma forma,
caminhões, gaiolas e sacos de ração também podem estar contaminados e ser a fonte de
infecção para as aves. Aves selvagens, mamíferos, moscas e insetos podem ser
importantes na disseminação mecânica dos agentes (Shivaprasad, 2000).
Programas de biosseguridade, com frequência, têm sido agrupados em três níveis:
Conceitual, Estrutural e Operacional.
O conceitual englobando local de instalação, tipo de galpão, proximidade com áreas de
maior atenção ou risco associado e até a densidade e linhagem da ave mantida no sistema.
A estrutural compreendendo as cercas, barreiras existentes sejam elas naturais ou
construídas, as características internas do galpão tais como tipo de bebedouro, comedouro,
paredes, telhado, condições de ambiência e quaisquer equipamentos associados.
O operacional compreendido como os protocolos e programas instituídos, ou seja, como
serão executadas as ações necessárias dentre as ações o protocolo de higiene no acesso e
saída do estabelecimento, protocolos implementados na fase que antecede alojamento das
aves e a retirada dessas posteriormente, qual será o programa de vacinas, protocolos de
higiene e desinfecção e as ações a serem realizadas em caso de ocorrência de
enfermidades (Sesti et al., 2018)
Dentre os principais fatores de biosseguridade adotados nos estabelecimentos avícolas,
alguns fatores são considerados essenciais aos programas de biosseguridade.
• Isolamento geográfico: é importante que os estabelecimentos avícolas sejam
isolados geograficamente, com distâncias seguras de outros estabelecimentos de
aves, suínos e bovinos, concentrações de aves silvestres e das estradas utilizadas
para o transporte de aves. No Brasil, estabelecimentos de reprodução devem
obedecer às distâncias de 3km (três quilômetros) entre o estabelecimento e
abatedouros de qualquer finalidade, fábrica de ração, outros estabelecimentos
avícolas de reprodução ou comerciais, 300m (trezentos metros) entre os núcleos
de diferentes idades, entre galpões de recria e produção e do núcleo à estrada
vicinal, rodovia estadual ou federal; 200m (duzentos metros) entre os núcleos e os
limites periféricos da propriedade.
• Isolamento por cercas: O estabelecimento deve possuir cerca de segurança para
evitar a entrada de animais indesejados e pessoas alheias ao sistema produtivo.
• Restrição e higiene no acesso de pessoas, veículos, equipamentos e
materiais: A entrada de pessoas deve ser controlada e registrada com ingresso
precedido da execução de procedimentos higiênico-sanitários, contemplando banho
na entrada e na saída com troca completa de roupas e calçados que devem ser
previamente limpos e desinfetados. As mãos devem ser submetidas a higienização
com uso de sabão e toalhas descartáveis. Veículos, equipamentos e materiais
devem ser registrados e devidamente limpos e desinfetados na entrada e na saída
do estabelecimento.
• Edificações com sistema de drenagem adequado e áreas externas bem
manejadas: Devem ser localizados e construídos de maneira a propiciar drenagem
adequada. As águas residuais não tratadas não devem ser despejadas nos habitats
das aves aquáticas. Áreas externas devem ser mantidas limpas e organizadas, livre
de entulhos ou água estagnada, com vegetação aparada, evitando-se o plantio de
árvores frutíferas.
• Edificações de fácil higienização: Granjas e incubatórios devem ser projetados e
construídos com piso liso e impermeável para maior eficácia da limpeza e a
desinfecção.
• Ração e água armazenados em reservatórios limpos e adequados: Silos
devem estar localizados próximos às cercas facilitando o abastecimento sem
acesso à granja. Recipientes que armazenam ração devem ser feitos de materiais
que permitam higienização e limpezas regulares e permanecer tampados. A água
de consumo das aves e de nebulização deve ser oriunda de fonte segura e tratada
de maneira a eliminar possíveis patógenos.
• Controle de pragas: Deve ser evitado o acesso, alimento e abrigo de insetos e
roedores, animais silvestres ou domésticos nos galpões e locais para armazenagem
de alimentos e ovos.
• Adequados procedimentos relacionados a eliminação de aves mortas,
excretas e cama de aviário: Retirada imediata de aves mortas com posterior
tratamento capaz de inativar agentes de doenças. Rastreabilidade da cama
previamente submetida a tratamento na retirada ou reutilização.
• Procedimentos de monitoria da saúde das aves, protocolos vacinais, e uso
de medicamentos: registros organizados relativos à saúde das aves, produção,
medicamentos, vacinação e mortalidade.
• Plano de contingência para ocorrências sanitárias ou eventos inesperados:
Registro dos procedimentos referentes à ocorrência de eventos sanitários e/ou
situações de desabastecimento de água ou ração, falta de energia elétrica;
incêndio; intempéries climáticas tais como vento, granizo ou enchentes.
• Treinamento de procedimentos: Treinamento permanente da equipe nos
procedimentos de biosseguridade e seus registros.
A ausência dos procedimentos ou eventuais falhas no desempenho destes pode aumentar a
probabilidade de ocorrência de eventos sanitários. Em razão disso, o modelo desenvolvido
no presente trabalho considerou os aspectos de biosseguridade adotados nos
estabelecimentos relacionando-os à ocorrência de pelo menos um evento ou falha.

Foi estruturada uma modelagem de risco utilizando técnica de aprendizado de máquina e


redes bayesianas para determinar a classificação de risco dos estabelecimentos avícolas de
reprodução (Cox et al., 2016 e Manyweathers et al., 2020). Foram utilizados dados
relacionados às práticas de biosseguridade dos estabelecimentos avícolas de reprodução e
a probabilidade de ocorrência de eventos sanitários ou falhas nos procedimentos.

Os dados foram coletados por questionários elaborados com base em discussões técnicas
realizadas entre especialistas (avicultura, epidemiologia) e auditores fiscais do MAPA
considerando as exigências previstas na legislação, as orientações da OIE e a realidade do
sistema de produção brasileiro.
Os questionários investigaram requisitos de biosseguridade e boas práticas implementados
pelos estabelecimentos, relacionando-os à probabilidade da ocorrência de evento sanitário
ou falhas. Os questionários foram encaminhados às empresas responsáveis pela produção
de aves reprodutoras e incubatório avícolas, por meio da plataforma Agroform (MAPA) e
respondidos por estabelecimentos localizados em 23 estados brasileiros. Existiam, no
momento da aplicação do questionário, 2017 estabelecimentos avícolas de reprodução
registrados no MAPA e destes, 1569 responderam ao questionário.

No modelo de rede bayesiana cada variável foi representada por um nó e a relação de


dependência foi representada por um elo/aresta para as variáveis associadas. A rede foi
construída utilizando python e o pacote pyBBN (https://pypi.org/project/pybbn/).

Os estabelecimentos foram avaliados em relação a adoção de critérios de biosseguridade


detalhados nas perguntas contidas nos questionários e a interação com eventos sanitários.
Em relação aos dados utilizados há que se esclarecer a definição de compartimento, de
acordo com o Art. 3º, da I.N. 21 de 21/10/2014: “subpopulação animal mantida em uma
ou várias explorações sob um mesmo sistema de gestão de biosseguridade e com um
status sanitário diferenciado em relação a infecção pelo vírus de IA e DNC, para os quais se
aplicam medidas de vigilância, controle e biosseguridade, sendo compreendido por
unidades de produção e unidades funcionais associadas.” Logo, em razão deste status
sanitário diferenciado, e, por ter sua frequência de auditorias definida no Art. 23 da I.N. 21
de 21/10/2014 (“Art. 23 - O SVO deve realizar auditorias anuais e de forma amostral nas
unidades de produção e unidades funcionais associadas.) os estabelecimentos avícolas de
reprodução – granjas e incubatórios – que compõem compartimentos de reprodução foram
considerados um agrupamento à parte tendo em vista suas características diferentes.
Um total de 1.387 respostas oriundas de granjas de reprodução e 182 de incubatórios
foram analisadas. Os dados foram coletados e inseridos em uma planilha estruturada. As
perguntas foram formuladas tendo em conta aspectos ligados à biosseguridade dos
estabelecimentos avícolas de reprodução. As respostas dos questionários foram utilizadas
na análise para classificar os estabelecimentos nos estratos de risco definidos: baixo, médio
e alto.

O modelo descreve as dependências diretas entre a adoção de medidas de biosseguridade


e a probabilidade de ocorrência de eventos nos diferentes estabelecimentos avícolas. Cada
variável foi representada por um nó conectado por setas que representam as relações
causais. O modelo foi construído usando o software disponível gratuitamente python e
pyBBN. As variáveis selecionadas foram capazes de oferecer as informações relacionadas
ao risco intrínseco do estabelecimento (RI).
O sistema de avaliação é dinâmico e o modelo será ajustado com base nos resultados das
avaliações de campo que serão realizadas durante as próximas auditorias/fiscalizações.

Os estabelecimentos foram classificados em estratos de risco, com variação de 0 a 1, da


seguinte forma:

Classificação do Risco Variação

Baixo 0 a 0.33
Médio 0.334 a 0,666
Alto 0,667 a 1

A ferramenta é dinâmica e permite avaliação interativa das práticas de biosseguridade e


ocorrência de eventos sanitários ou falhas de procedimentos. Pode ser atualizada à medida
que novas evidências se tornem disponíveis. Deve ser modificada conforme novas ameaças
surjam e/ou práticas adotadas nos estabelecimentos sejam alteradas permitindo uma
mensuração flexível de priorização dos estabelecimentos a serem fiscalizados pelo Serviço
Veterinário Oficial (SVO).
Etapa 1: Avaliação do modelo
Nesta etapa serão analisados os questionários a serem respondidos durante
fiscalizações/auditorias, e, aqueles estabelecimentos que não responderam ao questionário
serão demandados a respondê-lo, no sentido de tornar mais robusto o resultado da
estimativa de risco. Os dados obtidos das auditorias/fiscalizações serão enviados à
CAE/DSA para alimentar o modelo e orientar o SVO na priorização das fiscalizações.

Etapa 2: Risco Regulatório (RR)


Esta etapa compreende a avaliação dos roteiros de auditoria/fiscalização para a
estruturação do cálculo do risco regulatório, que deverá ser associado ao risco intrínseco do
estabelecimento para fornecer a estimativa do risco associado ao estabelecimento (R).

Etapa 3: Estimativa do risco associado ao estabelecimento


Nesta etapa serão agrupadas as informações da Etapa 1, referente à classificação dos
estabelecimentos por estratos, com o resultado obtido da Etapa 2 – Risco Regulatório –
para o cálculo do R e determinação da frequência mínima de fiscalização.
O desenvolvimento de cada etapa será orientado pelo DSA.

Para a realização das etapas acima descritas serão desenvolvidas as seguintes atividades:
A. A CAE/DSA enviará aos SISA uma relação com a classificação dos
estabelecimentos que responderam ao questionário;
B. O SISA encaminhará solicitação de preenchimento de questionário aos
estabelecimentos que não responderam no ano de 2020 e as respostas dos
estabelecimentos deverão ser enviadas via AGROFORM, dentro do prazo a ser
definido pela CAE/DSA;
C. A partir da relação de classificação de estabelecimentos enviada pela CAE/DSA, o
SISA estabelecerá parte da programação de fiscalização anual. O quantitativo de
fiscalizações nos estabelecimentos avícolas de reprodução, neste primeiro
momento, será determinado de acordo com a capacidade de fiscalização de cada
Superintendências Federal de Agricultura - SFA (número de Auditores Fiscais
Federais Agropecuários x estabelecimentos a serem fiscalizados).
D. As fiscalizações deverão ser distribuídas de acordo com a capacidade de execução
de cada SFA, proporcionalmente, ao quantitativo de estabelecimentos por estrato.
Nesse primeiro momento, para verificação do modelo, serão amostradas
propriedades nos 3 estratos, proporcionalmente. Entretanto, após essa etapa de
validação, pretende-se evoluir para vigilância baseada em risco na qual a ênfase
será dada aos estabelecimentos de maior risco.
Exemplo:
1. Uma Unidade de Federação que tem capacidade de fiscalizar 50 estabelecimentos
avícolas de reprodução por ano, sem contabilizar as fiscalizações das unidades de
compartimentos, vistorias para registro e atendimento às exigências específicas
de acordos sanitários internacionais.
2. Apresenta 100 estabelecimentos divididos em estratos :

Nº de Distribuição das Nº de fiscalizações por estrato de acordo


Risco Intrínseco
Estabelecimentos fiscalizações (%) com a capacidade de execução

Baixo 27 27 13,5 = 13

Médio 42 42 21

Alto 31 31 15,5 = 16

Total 100 100 50

E. A programação quali-quantitativa integral das fiscalizações nos estabelecimentos


avícolas de reprodução deverá ser encaminhada anualmente à DIMG/CAE/DSA.
F. A seleção dos estabelecimentos a serem fiscalizados deverá obedecer, “a priori”,
a classificação da probabilidade dentro de cada estrato, indo da maior para a
menor probabilidade. Em caso de ocorrência de qualquer denúncia ou evento
sanitário relacionado às doenças da certificação sanitária, o estabelecimento
deverá ter sua fiscalização priorizada.
O DSA reavaliará e definirá, anualmente, o critério de seleção dos
estabelecimentos a serem fiscalizados dentro de cada estrato.
G. O SISA que tiver capacidade de execução de fiscalização de 100% dos
estabelecimentos avícolas de reprodução, deverá fiscalizá-los, anualmente,
independente da classificação de risco.
H. A partir de 2021, será utilizado durante as fiscalizações o roteiro de auditoria com
a pontuação de risco, preenchido segundo instruções contidas no Manual de
Fiscalização, que estimará o risco regulatório do estabelecimento.
Os roteiros preenchidos deverão ser encaminhados, trimestralmente (janeiro -
março/ abril – junho/ julho - setembro/ outubro - dezembro) à DIMG/CAE/DSA,
via SEI, em um único processo por Unidade da Federação.
I. Para os estabelecimentos com registros novos, o questionário previamente
preenchido pelo responsável técnico no AGROFORM, deverá ser impresso e
entregue ao SVO, para ser verificado durante a fiscalização.
J. O DSA definirá a forma e o período de reaplicação do questionário a todos os
estabelecimentos avícolas de reprodução sempre que necessário.
K. Em momento a ser definido pela CAE/DSA, o risco regulatório será associado ao
risco intrínseco e corresponderá ao índice de risco associado ao estabelecimento
(R), sendo reclassificados os estabelecimentos e determinada a frequência
mínima de fiscalização nos anos subsequentes.
1. Artois et al. Avian influenza A (H5N1) outbreaks in different poultry farm types in
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2. Biosecurity Australia (2008) Generic Import Risk Analysis Report for Chicken Meat.
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www.biosecurityaustralia.gov.au

3. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº


70, de 06 de outubro de 2003. Programa de Redução de Patógenos – Monitoramento
Microbiológico e Controle de Salmonella sp. em Carcaças de Frangos e Perus. Brasília,
2003.

4. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº


20, de 21 de outubro de 2016. Controle e o monitoramento de Salmonella spp. nos
estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte e nos
estabelecimentos de abate de frangos, galinhas, perus de corte e reprodução,
registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Brasília, 2003.

5. CONAN, A.; GOUTARD, F. L.; SORN, S.; VONG, S. Biosecurity measures for backyard
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