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PECUÁRIA LEITEIRA DE PRECISÃO – REVISÃO DE LITERATURA

Anna Júlia Boaventura Bomfim Duarte


202000260995 – Turma 2000
Londrina 2023

RESUMO
A pecuária leiteira de precisão faz uso de tecnologias da informação e comunicação
visando uma melhora no controle da fonte de variabilidade animal e espacial,
impactando de maneira positiva social, ambiental e economicamente como resultado de
uma gestão mais eficiente e sustentável da fazenda leiteira. Suas vantagens são diversas
e incluem uma redução nos custos com aumento da produtividade, dado a melhoria na
gestão; adoção de práticas mais sustentáveis, ajudando a diminuir o impacto ambiental;
e melhora no bem-estar animal, em sua saúde e sanidade, o que, consequentemente,
culmina em uma produção de alimentos com uma qualidade mais elevada. Nesta revisão
de literatura, assuntos como tecnologias de precisão disponíveis, benefícios em seu uso
e desafios para a sua instauração serão abordados.
Palavras-chave: pecuária, leite, produção.

PRECISION DAIRY FARMING – LITERATURE REVIEW

ABSTRACT
Precision dairy farming makes use of information and communication technologies
aimed at improving the control of the source of animal and spatial variability, positively
impacting socially, environmentally and economically as a result of a more efficient and
sustainable management of the dairy farm. Its advantages are diverse and include a
reduction in costs with an increase in productivity, given the improvement in
management; adoption of more ecological practices, helping to reduce the
environmental impact; and improvement in animal welfare, in its health and sanity,
which, consequently, culminates in a production of food with a higher quality. In this
literature review, issues such as available precision technologies, advantages in their use
and challenges for their implementation will be addressed.
Key words: livestock, milk, production.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Níveis de desenvolvimento e utilização dos sistemas de monitoramento por
sensores na gestão da fazenda
leiteira.................................................................................4
Figura 2. Unidade de sistema de ordenha automático na Fazenda Morro dos Ventos,
Carambeí, PR (A), e braço robótico em operação durante ordenha
(B)..............................6
Figura 3. Analisador NIRS acoplado a equipamentos de manejo de
alimentos..................6

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resultados de pesquisa com os 100 maiores produtores do Brasil indicando a
utilidade dos atuais e potenciais parâmetros mensurados pelas tecnologias de pecuária
leiteira de
precisão..............................................................................................................8
Tabela 2. Pesquisa indicando a importância dos critérios de compra de tecnologias de
precisão. ..........................................................................................................................10

INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira no Brasil é um setor importante para a economia do país,
fortemente vinculada à geração de emprego e renda. E, nas últimas décadas, ela tem
apresentado um crescimento constante na qual, em 2020, foram produzidos
aproximadamente 36,4 bilhões de litros de leite de acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o Brasil o quarto maior produtor
mundial. Dado isso, a adoção de tecnologias avançadas e intensivas e a modernização
das práticas utilizadas vêm se tornando cada vez mais comuns na produção a fim de se
obter uma maior eficiência na produtividade e na qualidade.
A pecuária leiteira de precisão é baseada no uso de tecnologias de informação e
comunicação a fim de melhorar o controle e a gestão da produção de leite em uma
fazenda. Seu objetivo é otimizar o desempenho da fazenda leiteira, considerando alguns
aspectos como econômicos, sociais e ambientais (BORCHERS; BEWLEY, 2015).
A tecnologia de precisão facilita a coleta, processamento, análise e
armazenamento de dados e monitora e gerencia de forma mais eficiente a fonte de
variabilidade animal e espacial, assim aumentando a confiabilidade das informações
(PAIVA et al, 2016). Também inclui informações sobre a saúde e bem-estar do rebanho,
qualidade do leite, nutrição, reprodução e ambiente de criação.
Com a utilização de tecnologias como sensores, dispositivos de monitoramento,
algoritmos de análise e sistemas de gerenciamento de dados, os produtores conseguem
obter informações precisas e em tempo real sobre seu rebanho, tendo a possibilidade de
uma tomada de decisão mais fundamentada e que seja a ideal para a sua fazenda. Assim
como, é possível uma identificação precoce de problemas na saúde dos animais, ajustes
em sua alimentação, reprodução e manejo com base em categoria, peso e produção de
litro de leite e adoção de práticas mais sustentáveis, com o propósito de um maior
retorno econômico e com efeitos negativos mínimos sobre o meio ambiente
(BERNARDI; INAMASU, 2014), além de uma garantia na saúde, produtividade e bem-
estar animal com um intenso monitoramento individual.
Além disso, a substituição do trabalho manual pelo uso de sistemas
automatizados como na ordenha robotizada, facilita muito a rapidez no trabalho como
também proporciona um ambiente menos estressante para as vacas, assim influenciando
indiretamente em sua produção leiteira.

SISTEMA DE MONITORAMENTO POR SENSORES


O sistema de monitoramento por sensores é capaz de mensurar diferentes
parâmetros individuais dos animais do rebanho com a criação de dados usados em um
algoritmo que forneça informações sobre a saúde, produtividade e bem-estar da vaca
(STEENEVELD et al., 2015). Os sensores contêm informações prévias sobre a
fisiologia e comportamento normais dos animais, eles podem ser dos mais diversos
tipos, de câmeras, imagem térmica infravermelha, de temperatura, de movimentos,
microfones, reconhecimento facial e fazem a medição ou detecção de elementos
biológicos, químicos ou físicos, assim há o armazenamento de dados e os algoritmos de
inteligência artificial e aprendizado de máquina analisam os dados e notificam
anormalidades. (NEETHIRAJAN, 2020).
Rutten et al. (2013) descreveram que ele pode ser exemplificado como um
sistema de quatro níveis de desenvolvimento e utilização (Fig. 1), sendo assim a sua
tecnologia é baseada em sensores que geram um conjunto de dados da vaca em questão,
esses dados serão interpretados e produzirão uma informação sobre o estado desse
animal; ocorre então a integração da informação obtida pelo sensor com um informação,
por exemplo, de natureza econômica com o objetivo de dar um aconselhamento; por
fim, a tomada de decisão é feita pelo gestor ou de modo autônomo pelo sistema. De
modo prático, o sensor poderia medir a locomoção da vaca, interpretar que sua
performance está alterada, gerando a informação de sua condição de não saúde, assim
integrando essa circunstância ao fator econômico da fazenda com a finalidade de
aconselhar se essa vaca deveria ou não ser operada, só então uma tomada de decisão é
feita pelo gestor ou pela própria tecnologia.
Figura 1. Níveis de desenvolvimento e utilização dos sistemas de monitoramento por
sensores na gestão da fazenda leiteira.
Fonte: Pereira et al. (2015).

Quanto às principais variáveis que podem ser monitoradas por esse sistema,
pode-se citar a produção, composição e contagem de células somáticas do leite,
ruminação, consumo de água e alimentos, temperatura, detecção de cio, escore corporal,
pesagem e problemas nos cascos (BEWLEY, 2010; BÜCHEL; SUNDRUM, 2014;
CHAPINAL et al., 2010; CHIZZOTI et al., 2015; HOLMAN et al., 2011; MIEKLEY et
al., 2012). Sendo assim, alterações em fertilidade, problemas de locomoção, detecção de
mastite e distúrbios metabólicos são alguns exemplos importantes que o uso do sistema
de monitoramento por sensores pode avaliar de forma precoce, muitas vezes, no início
da condição o que possibilita minimizar os danos à saúde do animal, diminuir as taxas
de descarte e favorecer a sua recuperação.
O uso de tecnologias de precisão como esse colaboram para uma redução dos
custos na mão de obra, gerando um resultado econômico positivo. Uma pesquisa feita
na Holanda concluiu que produtores que instituíram alguma tecnologia em sua fazenda,
teve uma redução de até 23% das horas trabalhadas por vaca/semana quando se
comparada com fazendas que não utilizam e, além disso, há também uma maior
facilidade no manejo diário do rebanho, o que pode indicar que a instauração de um
sistema automatizado permite até mesmo um aumento do tamanho do rebanho
(STEENEVELD; HOGEVEEN, 2015; STEENEVELD et al., 2015; RUTTEN et al.,
2013).
Outro ponto pertinente é a importância de se ter uma implantação de uma
identificação eletrônica nos animais para rastreabilidade. Ela tem como base o
transponder na qual faz uso de um microchip que pode ser implantado no animal, dessa
forma ele seria encapsulado em material biocompatível, ou então fixos a brincos. Assim
são fornecidas as informações para uma tomada de decisão ainda mais rápida e
adequada sobre o manejo (PAIVA et al., 2016).

ORDENHA ROBOTIZADA
O sistema automático de ordenha trouxe um grande avanço na produção leiteira,
tendo como principais vantagens uma maior qualidade do trabalho e de estilo de vida
dos fazendeiros, além de agilizar a produção do leite e oferecer uma maior eficiência
operacional. Ainda, esse sistema possibilita que se crie uma rotina para as vacas, desse
modo todo o processo de ordenha se torna padronizado o que minimiza o estresse e a
ansiedade dos animais. Uma rotina consistente e sistemática colabora para uma maior
produção leiteira (RASMUSSEN et al., 1990).
A ordenha robotizada é caracterizada pela utilização de braços robóticos que têm
como objetivo fazer tanto a higienização quanto o estímulo dos tetos e ordenha do
úbere; a vaca entra na baia da ordenha ao ser atraída por algum alimento concentrado e,
logo depois, essa tecnologia atua no animal. A fim de contribuir ainda mais com o seu
objetivo de maior otimização da fazenda, esse sistema pode se adaptar às próprias
condições individuais das vacas, assim conseguindo se ajustar quanto a algumas
características morfológicas como altura, tamanho do úbere, formato e ângulo do teto,
sem precisar da intervenção humana (HANSEN et al. 2020). Pode ser feita a
implantação de dispositivos eletrônicos como sensores em coleiras para o robô
conseguir fazer a identificação da vaca e reunir informações específicas sobre ela,
gerando dados que colaboram ainda mais para esse monitoramento individualizado.
Apesar do custo de implantação ser mais elevado e ser necessário um
conhecimento mais técnico para o uso dessa tecnologia, a troca por um sistema
automático em comparação ao convencional é muito mais proveitosa quando é se
balanceado as diferenças que esses sistemas trazem em relação à quantidade,
velocidade, retorno financeiro e, inclusive, quanto à qualidade do leite, pois o
diagnóstico da mastite é um outro fator que o sistema de ordenha robotizada pode
proporcionar. Desse modo, em pesquisa, produtores relataram a facilidade com que
tiveram na detecção da doença quando se usado esse sistema automatizado (TSE et al.,
2017), pois a tecnologia é capaz de fornecer informações importantes sobre o animal na
qual está se fazendo a ordenha, como variações na temperatura, na saúde do úbere e das
glândulas mamárias, no peso da vaca, atividade e ruminação, ainda com o uso de um
alarme para notificação de quando detecta possíveis problemas.
Figura 2. Unidade de sistema de ordenha automático na Fazenda Morro dos Ventos,
Carambeí, PR (A), e braço robótico em operação durante ordenha (B).
Fonte: Paiva et al. (2015).

NUTRIÇÃO DE PRECISÃO
A produção leiteira de uma vaca depende de fatores como uma dieta que forneça
nutrientes necessários para atingir o seu potencial (BRAINER et al., 2022) e tecnologias
avançadas são capazes de fazer coleta de dados específicos de cada vaca e ajustar com
base em suas individualidades e demanda nutricional. Portanto, potencializará a
produção econômica e o produto final será de maior qualidade possível para o
consumido.
O uso de sensores também pode ser aplicado na nutrição, coletando informações
específicas de cada animal, como produção e composição do leite, seu peso e consumo
de alimentos, com o fim de auxiliar o produtor quanto às necessidades nutricionais
individualmente e formular rações personalizadas. A técnica de Espectroscopia de
Infravermelho Próximo (Near Infrared Reflectance Spectroscopy – NIRS) também é
uma tecnologia disponível atualmente, ela tem a capacidade de fazer a análise dos
alimentos de modo mais rápido e menos trabalhoso, não havendo necessidade do uso de
dados tabelados (TOMICH et al., 2015).

Figura 3. Analisador NIRS acoplado a equipamentos de manejo de alimentos.


Fonte: Tomich et al. (2015).
VANTAGENS DA ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS NA PECUÁRIA LEITEIRA
O uso da tecnologia na pecuária vem atrelado a diversos benefícios não só para o
produtor da fazenda como para os próprios animais. As tecnologias de precisão
garantem uma otimização da mão de obra, bem-estar animal, aumento na
sustentabilidade com menor impacto ambiental, uma maior eficiência e produtividade,
uma melhora na gestão reprodutiva e tomada de decisões mais embasadas e estratégicas
baseadas em dados obtidos, assim melhorando o manejo do rebanho e reduzindo
desperdícios.
Com a utilização de sistemas automatizados, é possível obter melhores
resultados com gastos mínimos em esforço e custo, visando uma maximização na
eficiência e na rentabilidade da fazenda. Haverá uma notável melhoria nas condições de
trabalho como, por exemplo, redução de carga horária, de trabalho manual e de tarefas
repetidas. A mão de obra capacitada para sistemas manuais vem sendo cada vez mais
escassa (PAIVA et al., 2016), fazendo com que produtores se tornem adeptos às
tecnologias de precisão, em busca principalmente de uma facilidade no manejo diário
do rebanho.
Através do monitoramento intensivo de cada animal individualmente, é possível
obter informações sobre a sua saúde com dados relacionados a alterações em alguns
parâmetros comportamentais, a exemplo de sua locomoção. Claudicação e problemas no
casco estão diretamente associados à queda na produção de leite e no desempenho
reprodutivo que, consequentemente, aumentam as chances de descarte do animal e
trazem perda econômica para o produtor (HUXLEY, 2013). Apesar de ser comum a
avaliação visual por um técnico treinado, um sistema manual acaba por ser menos
viável para grandes rebanhos no qual o processo tende a ser mais demorado. Assim,
vacas que tenham um problema bem discreto podem ser diagnosticadas quando já estão
em um quadro mais severo da enfermidade (ZIMMERMAN, 2001) e, dessa forma,
menos produtivas por um período maior. Portanto, o uso de um sistema automatizado
para detecção de alterações na locomoção torna-se mais proveitoso quanto a essa
questão.
Por meio de variações em temperatura e emissão de gases poluentes, a aplicação
das tecnologias também contribui não apenas para detectar precocemente determinadas
doenças como também para fornecer uma maior sustentabilidade. A pecuária com a
criação em um sistema intensivo colabora fortemente com um grande impacto
ambiental por conta da emissão de gases do efeito estufa (GEE) e tecnologias de
precisão podem ser usadas a partir de técnicas que possam solucionar esse problema
(PROVOLO et al., 2016). Um exemplo é a tecnologia aplicada na dieta dos animais na
qual é feita uma considerável diminuição das fibras e aumento da concentração de
lipídios, desse modo, a emissão de metano é reduzida e a produção de leite pode até
aumentar, pois essa alteração na dieta melhora a eficiência de produção e diminui o
estresse térmico (CARO et al., 2016). Além disso, a mastite também favorece a emissão
de CO2 por litro de leite produzido e o aumento de células somáticas no leite está
diretamente relacionado ao aumento da emissão dos gases do efeito estufa (BALAINE
et al., 2020; GULZARI et al. 2018), então, o diagnóstico antecipado dessa condição
pelo uso das tecnologias é capaz de reduzir de modo indireto os impactos ambientais.
O aumento da fertilidade também pode ser associado a adoção de tecnologias de
precisão com o principal intuito de promover uma melhora na gestão reprodutiva. A
detecção do cio por meio de medidores eletrônicos é muito útil para o aumento das
taxas de concepção e para tentar reduzir o intervalo entre os partos através do
monitoramento de mudanças que ocorrem no período do estro, sendo elas fisiológicas
ou comportamentais (SENGER, 1994). O uso de pedômetros e acelerômetros são os
aparelhos tecnológicos mais comuns disponíveis no comércio, são sensores que medem
a atividade das vacas, gerando dados que serão interpretados a fim de ser tomada uma
decisão mais estratégica quanto ao animal. Pedômetros fazem a contagem do número de
passos por unidade de tempo enquanto acelerômetros mensuram aceleração, direção do
movimento e tempo de ruminação (AZEVEDO et al., 2015) e, de acordo com Holman
et al. (2014), a sensibilidade e precisão na detecção do estro são maiores quando feita
pelos acelerômetros, 77% e 92%, respectivamente.
A fim de exemplificar como o uso dessas práticas automatizadas realmente
ocasionam tais benefícios, Pereira et al. (2016) trazem resultados de uma pesquisa na
Tabela 1 com o grau de utilidade que produtores do Brasil dão para alguns dos
parâmetros que um sistema automatizado pode proporcionar. Então, de acordo com a
pesquisa: produção diária de leite, detecção de estro, mastite e saúde do casco são as
principais medidas que fazem das tecnologias de precisão uma ferramenta com muita
aplicabilidade na pecuária, medidas estas que estão estritamente ligadas a uma maior
produtividade e gestão da fazenda.
Tabela 1. Resultados de pesquisa com os 100 maiores produtores do Brasil indicando a
utilidade dos atuais e potenciais parâmetros mensurados pelas tecnologias de pecuária
leiteira de precisão.
Fonte: Paiva et al. (2016).
DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE PRECISÃO
Apesar de tantas vantagens na adoção dessas práticas, a implantação de
tecnologias de precisão requer um investimento significativo em equipamentos,
dispositivos e infraestrutura, e a instabilidade financeira acaba por ser um grande
obstáculo na instauração de técnicas com um enorme potencial produtivo. Também não
se pode descartar a necessidade de um treinamento adequado e o próprio uso da
tecnologia, precisando-se de um conhecimento mais técnico para a correta utilização de
sistemas automatizados, além de que também existem sistemas tecnológicos que exigem
uma inserção de dados previamente feita pelo homem (HANSEN et al., 2020).
Em estudos feitos, podem ser considerados três fatores que impedem a adoção
de tecnologias por alguns produtores: a quantidade de dados e serviços armazenados em
nuvem pode acabar sendo monetizado para benefícios comerciais de terceiros;
relutância devido a elementos ambientais, físicos e situacionais; e aplicação de
tecnologias sem teste suficientes por certas empresas, o que gera grandes perdas
econômicas (NEETHIRAJAN, 2020). Ainda, produtores de leite indicam uma
dificuldade e complexidade de uso e suporte técnico, além de um treinamento
insuficiente para a utilização das tecnologias (BORCHERS; BEWLEY, 2015).
Na Tabela 2, Borchers e Bewley (2015), em pesquisa, discorreram sobre a
importância de determinados parâmetros que seriam avaliados antes da compra e da
adoção de alguma tecnologia de precisão na pecuária leiteira e, tendo em vista que
relação custo-benefício, custo do investimento total e simplicidade de uso estão entre os
fatores mais procurados quando há pretensão de se adotar tecnologias na produção,
Bewley e Russel (2010) tiveram como resultados que dentre os maiores motivos para a
não aplicação de técnicas de tecnologia de precisão estão: falta de familiaridade com as
tecnologias disponíveis (55%); baixa relação custo/benefício (42%); dificuldade em
como prosseguir com tantas informações fornecidas pelo sistema (36%); demanda
muito alta de tempo para o uso da tecnologia (31%); falta de percepção do valor
econômico (30%); e complexidade das tecnologias (29%). Portanto, a implantação
dessas tecnologias torna-se um desafio na pecuária leiteira.
Tabela 2. Pesquisa indicando a importância dos critérios de compra de tecnologias de
precisão.
Fonte: Pereira et al. (2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desse modo, a adoção do uso de tecnologias de pecuária leiteira de precisão tem
como principais benefícios a otimização da mão de obra, o aumento na produção de
leite e a melhora na saúde e no bem-estar animal. Com tomadas de decisões mais
eficientes graças ao agrupamento de dados e algoritmos, é possível maximizar diversos
fatores de uma fazenda e elevar o nível da produtividade com menores impactos
ambientais, tendo enormes benefícios quando se comparado com um sistema tradicional
de produção.
No entanto, apesar da aplicação da pecuária de precisão ser extremamente
vantajosa, a implantação ainda se apresenta árdua devido ao alto custo e não
conhecimento técnico para manipulação dos sistemas automatizados, além de
dificuldades na adaptação do manual para o automático. Assim, a instabilidade
financeira e falta de suporte técnico adequado são as principais razões para a não adoção
de tecnologias como essas.
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