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USO DE TECNOLOGIAS PARA EFICIÊNCIA PRODUTIVA NA PECUÁRIA

Devido ao aumento contínuo da procura por proteína animal, associada ao


crescimento populacional, as atividades pecuárias estão aumentando constantemente
suas áreas de exploração. O desempenho produtivo do rebanho vem sofrendo com as
exigências legislativas vigente. Além disso, os consumidores estão se preocupando cada
vez mais com a saúde, o bem-estar animal, a qualidade da carne, os riscos de doenças
animais, redução dos tratamentos veterinários e o impacto da produção no meio
ambiente. Para enfrentar esses desafios será necessário que o pecuarista ultrapassar as
práticas e manejos tradicionais de subsistências. O principal entrave está no número de
cabeça por unidade de produção, o que dificulta uma atenção minuciosa.
Diante disso a introdução de novas tecnologias se mostra como uma ferramenta
essencial para a modernização da pecuária brasileira, pois isso pouparia o agricultor das
tarefas desnecessárias ou trabalhos pesados. Isso auxilia no manejo dos rebanhos e na
detecção precoce de qualquer tipo de anomalias. Inicialmente, o investimento pode
parecer um pouco elevado. Por outro lado, a sua adaptação no trabalho diário terá um
impacto positivo na saúde animal, na produtividade e consequentemente na redução de
custos graças a uma gestão mais eficiente e eficaz. As novas ferramentas tecnológicas
devem reduzir as pressões sobre os animais e os recursos naturais objetivando garantir
um retorno produtivo mais assertivo. Aliado ao crescimento econômico o surgimento de
novas tecnologias e seu uso na gestão do rebanho dará origem à pecuária de precisão
(1).
A eficiência desta pecuária se encontra na metodologia de gestão baseada no uso de
determinados equipamentos e ou sensores (tecnologias de informação). Eles permitem
controlar e otimizar o desempenho de cada animal no rebanho (1).
Neste processo, podemos distinguir quatro fases. Primeiramente, é necessário a medição
de vários indicadores biométricos (genéticos), tanto fisiológicos como morfológicos
usando equipamentos apropriados, tais como: dispositivos eletrônicos de pesagem,
colares com sensores, bebedouros e cochos automáticos, microfone, câmera, drones ou
imagens de satélite etc. Assim como, a observação visual e auditiva do agricultor (suas
experiencias anteriores). Essas variáveis podem ser, por exemplo, peso vivo, quantidade
de alimento ingerido, comportamento alimentar (ingestão, mastigação, ruminação,
frequência de mordidas), comportamento social (sobreposição, brigas etc.) pH,
composição ou características físico-químicas do leite etc. A digitalização dos dados
pode vir desses equipamentos que permitem um recolhimento contínuo em tempo real.
O próximo passo é a codificação e processamento dos dados coletados, pois devem ser
convertidos em um formato que possa fornecer informações interessantes como por
exemplo: geração de mapas e gráficos. Em terceiro lugar, busca-se soluções para as
variáveis observadas por meio da implementação de técnicas e ferramentas analíticas
para melhorar o processo de tomada de decisão do pecuarista. Desenvolve-se um
modelo preditivo que pretenda ser o mais confiável possível da resposta do animal às
condições ambientais (alimentação, clima, manejo reprodutivo etc.). Por fim, deve
comparar o que é esperado (calculado por esse modelo) e o que é medido pelos sensores
que permitirá detectar animais que apresentam algum problema e requerem atenção
especial do pecuarista. Dessa forma evita-se que um problema se agrave ou até mesmo
apareça. Tudo isso resulta em um esquema de produção que leva ao aumento dos
rendimentos sem recorrer à superexploração. Assim otimiza-se o uso dos recursos e ou
insumos disponíveis no ambiente em que as atividades são realizadas.
O ponto forte dessas técnicas é que os dados são coletados no local, mas podem ser
enviados para outros lugares para análise podendo ou não coincidir com a área onde a
fazenda está localizada. Isso se deve com facilidade de se comunicar (celulares,
internet) hoje em dia. As informações geradas ficam armazenadas podendo ser
visualizadas e apresentadas de forma simples. Permitindo-se que o agricultor tenha
acesso e o controle em tempo real; se possível consultar outros profissionais da área e
até mesmo comparar seus resultados com outras unidades produtivas.
Segue abaixo na figura 1: Um acoplamento de sensores de medição de parâmetros
biológicos com tecnologias de informação e equipamentos que auxiliam o agricultor na
tomada de decisões para agilizar a execução das tarefas de pecuária (2).
Figura 1. Representação esquemática da pecuária eficiente;

Medição de
Parâmetro
biológicos
Transferências de dados
Animais com sensores (re)produção e
comportamento Captação de dados Estocagem e tratamentos

de dados

Indicadores| alertas Contribuição do agricultor


Observaçõe
s
Ações Automáticas

Decisões

Contribuição
Equipamento(s) Pilotagem
s
Assistência| consultarão

Podemos dizer que tudo isto não é de forma alguma querer substituir o agricultor, mas
se justifica na redução de várias tarefas físico-mental consideradas exigentes e ou
dolorosas na força de trabalho familiar. Permite-se, um ganho de tempo, ao pecuarista
que pode ser: realocado em outras atividades econômicas (pecuárias ou não-pecuárias),
em lazer (descanso) e dedicado a família. Ou seja, a aplicação de novas tecnologias
deve dotar ao pecuarista ferramentas que o ajudem na gestão da propriedade (bem-estar
do animal, suplementação alimentar, controle sanitário, redução das perdas)
principalmente nas suas tomadas de decisão do ponto de vista socioeconómicoambiental
e tecnológico. Aumentam a rentabilidade, eficiência e sustentabilidade das operações.
Um rebanho modernizado e eficiente promove melhores condições de vida no campo
resultando na redução do êxodo rural.
Referenciais bibliográficas:
(1) Embrapa, 2020 “Pecuária de precisão contribui para desenvolvimento de
sistemas de produção sustentáveis e eficientes”; Automação e Agricultura de
Precisão. Limk:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/51592259/pecuaria-de-
precisao-contribui-para-desenvolvimento-de-sistemas-de-producao-sustentaveis-
e-eficientes
(2)
(2) Embrapa, 2019, “Eficiência e adoção de tecnologias na pecuária contribuem para
diminuir impacto no clima” Mudanças climáticas. Limk:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/41992316/eficiencia-e-adocao-de-
tecnologias-na-pecuaria-contribuem-para-diminuir-impacto-no-clima
(3) Allain C., Duroy S., Alix E., Dassé B., Delaunay M., Langlais J., 2012. « Utilisation
des capteurs et des TIC en élevage laitier : Une nouvelle dimension pour la conduite
du troupeau ». Conférence SPACE 2012. http://idele.fr/ recherche/
publication/idelesolr/recommends/utilisationdes-capteurs-et-des-tic-en-elevage-laitier-
unenouvelle-dimension-pour-la-conduite-du.html.

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