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©2024 Ministério da Agricultura e Pecuária

Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a fonte. A responsabilidade pelos
direitos autorais de textos e imagens desta obra é dos autores.

Volume 1, Ano 1, 2024.

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA
Secretaria de Defesa Agropecuária
Departamento de Saúde Animal
Coordenação Geral de Aperfeiçoamento do Serviço Veterinário Brasileiro
Divisão de Capacitação e Comunicação em Saúde Animal - DCAC
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo A, 3º andar, sala 301 A
CEP: 70043-900, Brasília - DF
Tel.: (61) 3218-2891/2678
www.agricultura.gov.br
E-mail: dcec.dsa@agro.gov.br
Edição DCAC: Alberto Gomes da Silva Junior

Equipe de autores DSA: Adriana Rodrigues Reis e Silva, Alberto Gomes da Silva Junior, Bárbara Agate
Borges Cordeiro, Bethyzabel dos Anjos Santos Correa de Araujo, Cecília Paula Dezan, Daniela Pacheco de
Lacerda, Eduardo de Azevedo Pedrosa Cunha, Emiliano Alves dos Santos Junior, Fernando Ferreira, Flávia
Cardoso Genaro de Mattos, Guilherme Zaha Takeda, Hélia Lemos da Silva, Juliana de Souza Garcia Alves
Maia, Lourdes Cristina Schaper, Luiz Felipe Ramos Carvalho, Maria do Carmo Pessôa Silva, Martha de
Oliveira Bravo, Natércia Caporali Araújo Carlos, Raquel Caputo, Tatiana Morais Barbosa, Valéria Stacchini
Ferreira Homem, Bruno de Oliveira Cotta e Anderlise Borsoi.

Coordenação Editorial – Assessoria Especial de Comunicação Social


Equipe técnica:
Coordenador de Publicidade João Huguenin - AECS/Mapa
Diagramação, Marllon Lacerda de Alencar - AECS/Mapa

2 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


SUMÁRIO
1. Mensagem do Diretor ............................................................. 4
2. Introdução .............................................................................. 5
3. Visão geral e perspectivas para os próximos anos do DSA . 7
4. Áreas Temáticas de Atuação do Departamento de Saúde
Animal ......................................................................................... 10
4.1. Vigilância em Saúde Animal ............................................... 10
4.2. Saúde Única ......................................................................... 21
4.3. Cadastro de explorações agropecuárias e trânsito de ani-
mais vivos, material de multiplicação animal e produtos de
origem animal ............................................................................. 23
4.4 Produtos de uso veterinário ................................................. 25
4.5. Material genético animal .................................................... 29
4.6. Registro Genealógico Animal e Provas Zootécnicas ......... 32
4.7. Importação de Animais ....................................................... 34
4.8. Certificação Veterinária Internacional ............................... 36
4.9. Avaliação e Aperfeiçoamento do Serviço Veterinário Bra-
sileiro .......................................................................................... 38
4.10 Comunicação em saúde animal ......................................... 42
5. Parceiros e colaboradores ..................................................... 43
6. Fontes e enlaces importantes ............................................... 44

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 3


1. Mensagem do Diretor

Chegou o Anuário do Departamento de Saúde


Animal, um documento de transparência
ativa para registrar e comunicar os principais
resultados obtidos em 2023 pela dedicada
equipe deste Departamento, integrante da
Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério
da Agricultura e Pecuária.

Inauguramos esta primeira edição com o objetivo


principal de informar objetivamente as principais
ações executadas pelo Departamento de Eduardo de Azevedo
Saúde Animal e seus ganhos para a sociedade Diretor do DSA
brasileira.

A natureza estratégica das diversas atividades desempenhadas pela equipe multidisciplinar do


Departamento de Saúde Animal representa um dos pilares propulsores da defesa agropecuária
nacional, refletindo na saúde de animais terrestres e aquáticos, no bem-estar animal e no avanço
do agronegócio brasileiro e de outros temas relacionados à Saúde Única. O trabalho executado
pelo Departamento, sempre valorado pela integridade, é somado àquele desempenhado com
excelência por outros departamentos da SDA e outras secretarias do Mapa, pelas Superintendências
Federais de Agricultura nas 27 Unidades da Federação e pelos 27 órgãos executores de sanidade
agropecuária dos governos estaduais.

O ano de 2023 foi recheado por amplas discussões que terão grande impacto quando finalizadas.
Dentre essas discussões, destacamos a rastreabilidade animal, a resistência aos antimicrobianos,
a regulamentação da Lei 14.515/22 (Lei do Autocontrole), a avaliação zoogenética, a priorização
e categorização de problemas em saúde animal, o regramento sanitário para estabelecimentos
produtores de material genético animal e as diretrizes para a fiscalização de produtos de uso
veterinário.

Também foi um ano marcado por entregas de grande relevância na prevenção e combate à
Influenza Aviária, na evolução da condição sanitária de Unidades da Federação quanto à febre
aftosa, no fortalecimento da vigilância e prevenção de doenças de suínos, aves e ruminantes,
na modernização regulatória e na comprovação da qualidade dos serviços veterinários brasileiros
em missões estrangeiras para abertura ou manutenção de mercados para exportação de animais
vivos, seus materiais genéticos, produtos e subprodutos.

Desejamos a todos uma boa leitura, na certeza que as próximas edições seguirão repletas de
entregas à sociedade em razão do notório profissionalismo, comprometimento e qualidade técnica
da equipe do Departamento de Saúde Animal, sob a liderança do Secretário de Defesa Agropecuária,
Carlos Goulart e comando do ministro Carlos Fávaro.

Eduardo de Azevedo
Diretor do Departamento de Saúde Animal

4 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


2. Introdução
O funcionamento do serviço veterinário brasileiro no âmbito da saúde animal

O sistema brasileiro de saúde animal tem estrutura e gestão compartilhadas entre o governo
federal, definido como instância central do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
- SUASA, os governos estaduais e distrital representando as instâncias intermediárias e locais, e
o setor privado, representado pelos diversos atores das várias cadeias agro produtivas, conforme
organização deste Sistema.
Em uma complexa rede de relacionamentos institucionais, o DSA, vinculado à SDA/Mapa,
desempenha atividades de natureza política, estratégica, normativa, coordenadora, auditora e
fiscalizadora, incluindo atividade de natureza operacional em algumas áreas, com a função de
principal articulador junto aos Órgãos Estaduais de Sanidade Agropecuária - OESAs, nos governos
das unidades federativas. Os órgãos estaduais e do Distrito Federal, por sua vez, também são
responsáveis por atividades de natureza estratégica, normativa e coordenadora no âmbito de sua
atuação, e função operativa de interesse do governo federal, sendo, portanto, responsáveis pela
execução e condução das atividades de campo relativas à saúde e ao bem-estar animal.
Cabe também ao DSA a responsabilidade final de certificação zoossanitária nacional e de
representação do país nos fóruns e discussões internacionais, assim como a delegação de
competências para execução de determinadas tarefas de interesse das políticas públicas de saúde
animal.

O Departamento de Saúde Animal, a saúde dos rebanhos brasileiros e sua


relação com a saúde humana e com o meio ambiente

Na agropecuária, o DSA é coordenador da política de saúde única, com enfoque colaborativo,


multidisciplinar e multissetorial que pode abordar as ameaças à saúde na interface homem-animal-
ambiente, como objetivo de obter os melhores resultados de saúde reconhecendo as interconexões
entre pessoas, animais, plantas e meio ambiente. Doenças zoonóticas, resistência antimicrobiana e
controles sobre a saúde do rebanho e sobre o ambiente para inocuidade de alimentos são desafios
abordados pelo DSA por implementação da política de saúde única.

O DSA coordena, em todo país, as ações para vigilância e prevenção, controle e erradicação
de doenças emergenciais e endêmicas que têm impacto na saúde dos animais, com perdas de
produtividade e perdas econômicas ao rebanho, afetando também o comércio de commodities,
com maior destaque para a influenza aviária, a peste suína clássica, a febre aftosa, encefalopatia
espongiforme bovina (ou doença da vaca louca), brucelose e tuberculose, raiva dos herbívoros e
mormo. O DSA também coordena ações em casos de investigação de suspeitas de doenças de
animais aquáticos e abelhas.

Estão sendo definidas pelo DSA as normas para garantia do bem-estar dos animais de produção,
de extrema importância para redução dos desafios sanitários aos quais podem estar submetidos os
rebanhos, especialmente na produção intensiva.

O DSA controla a qualidade de produto de uso veterinário para prevenção, diagnóstico, tratamento
e controle de doenças ou estados que afetem a saúde e o bem-estar dos animais.

Procedimentos e controles são aplicados para que reprodutores ou materiais de multiplicação


animal sejam livre de doenças transmissíveis e que sejam capazes de aportar atributos desejáveis
ao processo produtivo com benefícios concretos à pecuária.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 5


O DSA estabelece as garantias e procedimentos quarentenários para introdução de animais e
seus produtos no país, de forma a prevenir que as importações representem risco de introdução de
doenças. O trânsito interno de animais também é alvo de atenção para garantir que a movimentação
não seja um instrumento de disseminação de agentes infecciosos.

Diante dos constantes desafios, de novas demandas dirigidas ao serviço veterinário como resultado
da globalização e para manter o Brasil em sua posição de grande produtor e exportador de alimentos
e material genético, a eficiência do serviço de saúde animal no país é continuamente avaliada e
monitorada para seu aperfeiçoamento. O DSA executa um programa de avaliação considerado
dentre os mais robustos e estruturados que se conhece, baseado em diretrizes da Organização
Mundial de Saúde Animal - OMSA.

Em 2023, o DSA teve sua estrutura organizacional reformulada para melhoria e modernização da
gestão, foco em estratégia, otimização dos recursos humanos, maior atenção a novos desafios do
serviço veterinário e maior integração entre suas áreas de atuação.

Objetivos do Anuário de Saúde Animal

O DSA deseja com este Anuário registrar e destacar suas ações que promovem o desenvolvimento
da pecuária nacional, ocasionando melhoria da condição da saúde animal e humana e do meio
ambiente, fomentando uma condição de bem-estar social e econômica para o país e contribuindo
para o combate à fome no mundo. Adicionalmente, o Anuário tem por finalidade servir de insumo
a gestores e divulgar entregas à sociedade. Também se insere no esforço de construir a memória
de sínteses de dados que permitem a reflexão sobre a atuação do DSA. Por fim, tem por objetivo
também comemorar os avanços e os resultados do trabalho de sua dedicada equipe.

6 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


3. Visão geral e perspectivas para os próximos anos
do DSA
A missão do DSA é propiciar, no escopo de suas atribuições, o desenvolvimento sustentável das
cadeias produtivas agropecuárias, em benefício da sociedade brasileira.

O DSA empenha-se para que o Mapa seja reconhecido pela inovação, agilidade e qualidade na
implementação de políticas públicas e na prestação de serviços para alcance de sua missão.

Integrante da Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA, o DSA é responsável pela regulamentação


e coordenação da execução de diversos sistemas de controle. Esses controles objetivam gerar
garantias para a segurança sanitária adequada, reduzindo riscos sanitários tanto para os
consumidores quanto para o setor produtivo. Os resultados dessas ações impactam diretamente
a saúde do consumidor brasileiro, viabiliza a produção agropecuária e fornece garantias para o
atendimento dos requisitos sanitários de mercados importadores, permitindo a exportação.

Para ser bem-sucedida, considerando a complexidade dos desafios atribuídos ao Serviço Veterinário
Oficial - SVO, qualquer proposta de mudança com vistas à sua evolução precisa ser proposta pela
área técnica das instâncias coordenadora e executora. Para possibilitar o envolvimento de todo o
SVO, o nível local precisa estar comprometido com a implementação das prioridades identificadas.
Considerando a estrutura compartilhada do sistema de saúde animal, na qual o DSA, os Serviços
de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal – SISAs/SFAs e os Serviços Veterinários Estaduais –
SVEs nas unidades federativas exercem papel principal, o DSA se propôs a promover uma maior
participação colaborativa na construção de planos e enfrentamento dos desafios presentes em
um panorama em constante evolução, que exige foco em temas atuais e naqueles que podemos
antever.

Estão entre as prioridades a potencialização das capacidades e competências em saúde animal,


com especial destaque para pronta resposta, desenvolvimento de novas parcerias colaborativas e
investimento em estrutura técnica. Tais objetivos demandam capacidade de inovação e flexibilidade
para melhor preparar o SVO à crescente demanda de acesso a seus recursos e serviços, justificada
pelo contínuo risco de emergências, reemergências, doenças infecciosas e zoonoses e a expansão
do comércio.

A credibilidade do serviço de saúde animal no Brasil se deve à competência e ao comprometimento


de seus funcionários na oferta de serviços à sociedade, entretanto, a expectativa das partes
interessadas cresce a cada ano. Neste cenário, são especialmente necessários pesados
investimentos em soluções tecnológicas para modernização da coleta e gestão de dados e reforço
dos recursos humanos para maior eficácia no desenvolvimento das políticas e ações em saúde
animal, essenciais à pecuária brasileira.

Patrimônio pecuário brasileiro

O rebanho bovino do Brasil, no ano de 2023, foi de quase 240 milhões de cabeças e o rebanho
suíno, de aproximadamente 44 milhões de animais. Já a avicultura tem alojadas 2,2 bilhões de
aves de corte e cerca de 200 milhões de aves de postura.

O País é o quarto maior produtor mundial de carnes, antecedido pela China, EUA e União Europeia.
A carne de frango e a carne bovina têm maior destaque na produção brasileira.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 7


Por outro lado, o Brasil é o maior exportador mundial de proteína animal, seguido pelos EUA e a
União Europeia.

Em dezembro de 2023, as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram a cifra de US$


13,51 bilhões, o que representou crescimento de 20,9% em comparação aos valores exportados
no mesmo mês do ano anterior. As carnes representam o terceiro principal setor exportador do
agronegócio, com US$ 2,11 bilhões e participação de 15,6%. O incremento de 22,6% na quantidade
comercializada foi o grande responsável pela elevação da receita (+11,6%), tendo em vista que a
cotação média dos produtos do setor recuou em 9,0% no período.

A principal mercadoria negociada foi a carne bovina, com exportações de US$ 1,03 bilhão e
crescimento de 24,2% em relação aos valores exportados em dezembro de 2022. Os mercados
que mais expandiram as suas aquisições da carne bovina in natura do Brasil no período foram:
Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Chinae Egito. Em seguida destacaram-se as exportações
de carne de frango, com o total de US$ 804,31 milhões, com crescimento de 5,5% ante os valores
registrados em dezembro do ano anterior. Houve elevação de 22,6% no volume vendido e retração
de 14,0% no preço médio. Os principais destinos da carne de frango in natura brasileira no período
foram: China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Já as vendas externas de carne
suína somaram US$ 229,24 milhões no mês (-8,7%).

8 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Destaque também deve ser dado ao setor de animais de companhia, segmento do agronegócio
relacionado com o desenvolvimento das atividades de criação, produção e comercialização de
animais de estimação. Em 2021, a população pet no Brasil era de cerca de 150 milhões de animais,
entre cães (58 milhões), aves canoras e ornamentais (41 milhões), gatos (27 milhões), peixes
ornamentais (21 milhões) e outros animais.

Apesar dos cães figurarem como o animal de estimação preferido, o destaque é o crescimento
de lares que escolhem o gato como animal de estimação. Essa foi a população de animais de
companhia de maior crescimento desde 2013, com alta de 8,1%. O Brasil ocupa o terceiro lugar
entre os maiores mercado do segmento pet no mundo, ficando atrás apenas dos EUA e China. No
primeiro semestre de 2023, o faturamento do setor pet foi de R$ 68,4 bilhões.

O segmento pet vet correspondente à venda de medicamentos veterinários representa 10%


do faturamento do mercado, e o pet care, que são os produtos de higiene e bem-estar animal,
representa 5,7% do faturamento. Ambos os segmentos tiveram projeção de alta de 16,3% e 16,7%,
respectivamente, no período 2022/2023.

O Brasil destaca-se pela sua aptidão para a produção agropecuária, desempenhando um papel de
relevância como grande produtor e exportador de alimentos. Nesse contexto, é imperativo fortalecer
o serviço veterinário para a preservação e o desenvolvimento dos recursos animais. Essa iniciativa
visa não apenas a impulsionar a produção sustentável, mas também à redução da pobreza e melhor
distribuição de renda, resultando em melhoria das condições social e econômica.

Ações para a promoção da saúde animal também têm importante impacto na segurança sanitária
ao considerar o risco de ameaças pandêmicas emergentes, a resistência aos antimicrobianos e as
crises de segurança alimentar. Assim, além de proteger o país contra potenciais ameaças à saúde
pública, garante a segurança alimentar e contribui para a melhoria do bem-estar global.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 9


4. Áreas Temáticas de Atuação do Departamento de
Saúde Animal

4.1. Vigilância em Saúde Animal


Qual a importância da vigilância em saúde animal para prevenir, controlar e erradicar doenças?

O gerenciamento das ameaças de doenças animais apresenta grandes desafios e informações


de boa qualidade são um requisito essencial. A vigilância em saúde animal desempenha um papel
central no fornecimento de muitas informações.

Vigilância em saúde animal, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal, é um processo


sistemático e constante de coleta, agrupamento e análise de informações relacionadas à saúde dos
animais, com divulgação oportuna de informação para quem precisa saber, para que ações possam
ser tomadas.

A vigilância é, portanto, uma ferramenta para monitorar as tendências das doenças, para facilitar seu
controle, para fins de saúde pública ou animal, para fornecer subsídios para análises de risco, para
fundamentar a lógica das medidas sanitárias e para fornecer garantias aos parceiros comerciais.

Como o DSA realiza este trabalho?

O Brasil utiliza o modelo de vigilância por síndrome para grande parte das doenças que possuem
atenção do Serviço Veterinário Oficial - SVO. A partir da observação e notificação de conjuntos de
sinais clínicos específicos, são investigadas pelo Serviço Veterinário Oficial as Síndromes Vesicular,
Neurológica, Hemorrágica dos suínos e Respiratória e nervosa das aves. A tabela abaixo mostra as
doenças-alvo de cada síndrome e sua situação no Brasil.

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A notificação sobre a ocorrência ou suspeita de doenças animais, conforme os critérios estabelecidos
pelo DSA, pode ser realizada por qualquer cidadão utilizando o Sistema Brasileiro de Vigilância e
Emergências Veterinárias (e-SISBRAVET). A Instrução Normativa Mapa Nº 50, de 24 de setembro
de 2013 e a Portaria MPA Nº 19, de 04 de fevereiro de 2015, apresentam a lista de doenças de
animais terrestres e aquáticos de notificação obrigatória ao serviço veterinário oficial.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 11


O DSA vem revisando os planos de vigilância das doenças emergenciais, que são aquelas que
nunca ocorreram no país ou foram erradicadas em partes do País ou no país inteiro, com potencial
de rápida disseminação, significativo impacto para a economia ou risco de crise para a saúde
pública ou vida selvagem, e que requerem a adoção imediata de ações, por parte do SVO, para
sua contenção ou erradicação.

O plano de vigilância para febre aftosa foi estabelecido em 2007 e atualizado em 2020. O plano
integrado de vigilância de doenças dos suínos foi implantado em agosto de 2021 e revisado em 2023.
E em 2022, foi publicado o novo plano de vigilância de Influenza Aviária e Doença de Newcastle.

Os planos de vigilância são construídos em colaboração com as partes interessadas, em especial


com setores da iniciativa privada e outras instituições públicas relevantes, e visam fortalecer a
vigilância, com o propósito principal de proteger a pecuária e a economia nacional contra as doenças
destacadas e seus impactos econômicos e sociais, além de garantir a certificação para acesso a
mercados internacionais.

Os dados da realização de cada componente dos planos de vigilância são compilados e analisados
anualmente e relatórios técnicos específicos são publicados na página do Mapa.

O detalhamento dos princípios, as estratégias e os procedimentos a serem adotados pelos diferentes


atores envolvidos para a contenção e a erradicação de focos de doenças animais emergenciais são
publicados nos planos de contingência.

O aprimoramento da condição sanitária do país para doenças animais de alto impacto é gerenciado
ainda por meio de planos estratégicos nacionais, alinhados com estratégias regionais, como PE-
PNEFA 2017-2026, que visa criar e manter condições sustentáveis para garantir a condição de
país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, para proteção
do patrimônio pecuário nacional e gerar benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira.

O Plano Brasil Livre de PSC tem por objetivo erradicar a peste suína clássica na zona não livre
(ZnL) no Brasil, reduzindo as perdas diretas e indiretas causadas pela doença e gerando benefícios
pela condição sanitária de país livre da doença. Aliado ao fortalecimento do sistema de vigilância,
uma das estratégias do plano é a implantação de um programa de vacinação sistemática contra a
PSC de forma regionalizada.

12 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Regionalização do Plano Estratégico Brasil Livre de PSC.

Além das doenças contempladas na vigilância por síndromes, há doenças presentes no país que
possuem programas de controle específicos, como a brucelose e tuberculose em bovinos, anemia
infecciosa equina e mormo em equinos, e salmoneloses e micoplasmoses em aves.

Os programas de controle de doenças são muitas vezes estabelecidos com objetivo de erradicar a
doença no país, em partes do país em determinados segmentos da cadeia produtiva. Para algumas
doenças, no entanto, a erradicação pode não ser viável do ponto de vista prático ou econômico, e
podem ser necessárias opções para a redução sustentada dos impactos da doença.

A implementação destes programas de controle de doenças baseia-se fortemente nos serviços


veterinários privados, inclusive por meio da habilitação de médicos veterinários para diagnóstico
e outras ações e na participação de produtores e demais partes interessadas. Para a maior parte
dessas doenças, a notificação ao SVO é realizada por profissionais de saúde animal com base em
resultados de testes de diagnóstico, ao invés da detecção de sinais clínicos.

Para as outras doenças animais que não são alvo de planos de vigilância ou programas de controle
específicos, como infecção pelo vírus da tilápia de lago (TILV) ou pelo vírus da necrose infecciosa
de baço e rins (ISKNV) em peixes, ou a infestação pelo pequeno escaravelho das colmeias (Aethina
tumida) e cria pútrida americana em abelhas, é aplicada a vigilância geral, com base na notificação
imediata e obrigatória de suspeitas, conforme previsto em regulamentação.

No caso de doenças zoonóticas, aquelas que podem acometer animais e pessoas, como raiva,
brucelose, tuberculose, influenza aviária e febre do Nilo ocidental, o SVO atua em estreita colaboração
e coordenação com as autoridades de saúde pública nos níveis nacional, estadual e local.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 13


A consolidação e a análise dos dados e informações captados na vigilância em saúde animal
permitem subsidiar atividades de planejamento, avaliação e controle de doenças animais, além
do atendimento a compromissos com parceiros comerciais e organismos internacionais, como a
OMSA, o Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul - CVP e o Centro Pan-Americano de Febre
Aftosa e Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial
da Saúde - PANAFTOSA/OPSA/OMS.

Dentre esses compromissos, destaca-se o envio de informes imediatos de eventos excepcionais,


relatórios periódicos sobre a situação das doenças animais de interesse, e os pleitos de
reconhecimento e reconfirmação anual de situação sanitária ou condição de risco junto à OMSA
para doenças com relevante impacto no comércio internacional - febre aftosa, peste suína clássica,
encefalopatia espongiforme bovina, pleuropneumonia contagiosa bovina, peste equina e peste dos
pequenos ruminantes.

Países membros da OMSA conforme reconhecimento de status para Febre Aftosa, atualizado em fevereiro de 2024.

O Programa Nacional de Prevenção e Vigilância da Encefalopatia Espongiforme Bovina – PNEEB


tem por objetivo manter o reconhecimento de status de risco insignificante para a doença junto
à OMSA, por meio da vigilância para a detecção precoce de casos da doença e da mitigação de
riscos na cadeia produtiva de ruminantes. Desde 2012, o Brasil é reconhecido pela OMSA como
país de risco insignificante para a doença e nunca registrou casos de EEB clássica.

14 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


O que foi realizado em 2023?

Em 2023 foram investigadas pelo SVO um total de 9.544 notificações, com destaque para as
doenças e a distribuição das notificações, que podem ser observadas nas figuras a seguir.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 15


Foram intensificadas ações de prevenção/enfrentamento da IAAP, após a detecção do vírus H5N1
em aves silvestres e criações de aves domésticas de subsistência, conforme pode ser observado
no quadro a seguir:

A figura a seguir mostra a localização de todas as investigações realizadas para a Influenza Aviária
de Alta Patogenicidade, indicando os focos confirmados, encerrados e com investigação em curso,
até fevereiro de 2024.

16 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Não foi identificada no Brasil a infecção pelo vírus de IAAP em criações de aves domésticas
comerciais e, por esta razão, o país mantém a condição de livre de IAAP frente à OMSA e aos
parceiros comerciais.

Plano de vigilância de influenza aviária e doença de Newcastle - execução 1º ciclo (2022/23):

Colheita de amostras
1.107 investigações Colheita de amostras em 263 unidades
clínicas e epidemiológicas para vigilância ativa em epidemiológicas
de casos suspeitos de 3.449 estabelecimentos associadas aos
síndrome respiratória e avícolas industriais e de compartimentos
nervosa das aves, subsistência, certificados como livres de
influenza aviária e doença
de Newcastle.

Distribuição geográfica dos estabelecimentos avícolas industriais amostrados para vigilância ativa
de influenza aviária e doença de Newcastle, no ciclo 2022-2023.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 17


Outra atividade relevante para a prevenção da IAAP no País foram as diversas ações em
comunicação relacionadas à doença. Foram feitas diversas peças publicitárias direcionadas à
população em geral e a diversos públicos envolvidos diretamente com a avicultura e com o manejo
ou contato com aves silvestres, com o objetivo de informar sobre a doença e alertar sobre medidas
básicas de proteção,

Ainda, o DSA tem direcionado tecnicamente e auxiliado a definição das estratégias de comunicação
envolvidas nas Campanhas Publicitárias coordenadas pela Secretaria de Comunicação da
Presidência da República - SECOM/PR e Assessoria Especial de Comunicação Social - AECS/
Mapa com o intuito de dar ampla publicidade das ações do Governo Federal para o controle e
prevenção da doença, além de demonstrar à população a segurança sanitária envolvida no consumo
de alimentos de origem animal no Brasil.

Plano integrado de vigilância


de doenças dos suínos -
Execução do 2º ciclo (2022- Inspeção clínica e Colheita de amostras para
23) Vigilância ativa em epidemiológica em 1.276 vigilância sorológica em 2.058
3.334 estabelecimentos de estabelecimentos, estabelecimentos.
suinocultura tecnificada e não
tecnificada,

Com relação à vigilância das doenças dos suínos, não houve detecção das doenças-alvo do
plano de vigilância para essa espécie, confirmando a condição do País como de livre para peste
suína africana, síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos. Também pode ser observada a
manutenção da zona nacional livre de peste suína clássica.

Distribuição dos estabelecimentos de suinocultura tecnificada e não tecnificada com colheita de


amostras para vigilância sorológica baseada em risco, na Zona Livre de PSC, ciclo 2022-2023.

18 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Na zona não livre de peste suína clássica (ZNL), as ações continuam a ser executadas, com a
realização da vacinação contra a doença em Alagoas e o planejamento de ações nas demais
unidades federativas.

Uma revisão dos procedimentos e requisitos a serem cumpridos para certificação de granjas
de reprodutores suínos (GRSC) e para autorização de funcionamento de estabelecimento de
alojamento temporário de suínos foi submetida à consulta pública.

No âmbito do PE-PNEFA, o Estado de São Paulo foi autorizado a suspender a vacinação contra
febre aftosa após a etapa de novembro de 2023, e os Estados da Bahia, Sergipe, Rio de Janeiro,
Maranhão, Pará, Amapá, Roraima, Amazonas e Piauí foram autorizados a realizar a última vacinação
em abril de 2024.

Organização das UF conforme cronograma para retirada da vacinação de febre aftosa.

O Programa de Vigilância para a Febre Aftosa Baseada em Risco foi implantado nos Estados do
Amazonas, Acre, Distrito Federal, Rondônia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e sistema
de vigilância baseado em risco equivalente no Mato Grosso.

Como parte do Plano Nacional de Comunicação do PNEFA, foram finalizadas e divulgadas em página
do Mapa as peças (vídeos, banners digitais, spots de áudio) para produtores rurais, ressaltando a
importância da vigilância da doença e seu impacto no mercado pecuário nacional.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 19


Devido à mudança do cenário mundial da encefalopatia espongiforme bovina - EEB, à ausência de
casos de EEB clássica no país e à revisão do Código Sanitário para Animais Terrestres da OMSA,
o DSA submeteu à consulta pública a revisão do Programa Nacional de Prevenção e Vigilância da
Encefalopatia Espongiforme Bovina.

Em relação ao Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose bovina


(PNCEBT), foram realizados seminários visando à padronização do treinamento para habilitação
de médicos veterinários em métodos de diagnóstico e controle de brucelose e tuberculose no país,
juntamente com a atualização do manual de procedimentos para reconhecimento dos cursos. A
habilitação de médicos veterinários para a realização de diagnóstico de brucelose e tuberculose é
imprescindível para as ações de controle e erradicação das doenças alvo. Atualmente, há um total
de 5.036 médicos veterinários habilitados para a atividade.

A partir da avaliação dos dados de vacinação contra brucelose captados pelos serviços veterinários
dos estados, foram traçadas estratégias para aumento da cobertura vacinal nas UF que ainda não
atingiram os índices preconizados pelo PNCEBT, tendo em vista sua importância para o controle da
doença e evolução da condição sanitária do país.

Foi iniciado projeto de desenvolvimento de novo sistema para gerenciamento nacional das
investigações de doenças realizadas pelo SVO a fim de modernizar a ferramenta atual –
e-SISBRAVET.

Com o objetivo de otimizar os recursos investidos em políticas de saúde animal e ações sanitárias
em diferentes níveis (nacional, estadual, setor público, setor privado), o DSA está executando
projeto de priorização de doenças animais para atuação pelo SVO.

Em 23/02/23, o Mapa notificou um caso de EEB à OMSA detectado no estado do Pará. Foram
coordenadas as investigações epidemiológicas até a obtenção do resultado laboratorial para
tipificação do agente (EEB clássica ou atípica). Em 02/03/23, o resultado do laboratório de referência
da OMSA revelou se tratar de EEB atípica, e o caso foi encerrado. Em 23/03/23 se deu o fim do
embargo às exportações de carne bovina pela China.

Para orientar o SVO no desenvolvimento e implementação do Programa Nacional de Sanidade das


Abelhas - PNSAb, foi publicado o Manual de Doenças das Abelhas. A elaboração do documento é
inédita e vem ao encontro do crescimento exponencial que a meliponicultora vem apresentando no
território nacional e tem por objetivo fortalecer a cadeia produtiva, através de ações de vigilância e
defesa sanitária animal, por meio da prevenção, controle ou erradicação de doenças.

20 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


4.2. Saúde Única
Por que é necessário e qual a importância de desenvolver ações sob a abordagem da Saúde
Única?

O conceito de Saúde Única, proposto na década de 90, remete a estratégias interdisciplinares


e integrativas de promoção à saúde, aplicando a visão de indissociabilidade da saúde humana,
saúde animal e saúde ambiental.

Tal abordagem é tecnicamente essencial, em um mundo em contínuo desenvolvimento, onde


recursos limitados forçam ações coordenadas entre veterinários, biólogos, médicos, sociólogos,
conservacionistas, dentre outros.

O conceito da Saúde Única reúne todas as vertentes que interagem na dinâmica dos problemas
sanitários, implicando uma sistemática indissociável entre a saúde humana, animal e ambiental,
representando uma estratégia racional para proteger as necessidades atuais da humanidade e de
suas gerações futuras, sob o caráter de Um Planeta, Uma Saúde.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 21


Como o DSA está construindo esta nova abordagem de trabalho?

No início de 2023, foi instituída novo setor dedicado à coordenação de ações com enfoque em
saúde única e boas práticas agropecuárias, no qual foram reunidas atividades já desenvolvidas
pelo DSA, como a vigilância de contaminantes em moluscos bivalves, ações para o bem-estar dos
animais na produção primária e no transporte animal, coordenação do Plano de Ação Nacional de
Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária - PAN BR
Agro e a organização da informação zoossanitária referente a animais silvestres.

Essa nova Coordenação passou a trabalhar com agravos passíveis de enfrentamento sob a
abordagem em saúde única em parceria com os demais setores do DSA, além de projetos de boas
práticas sanitárias nas cadeias produtivas.

O que foi realizado em 2023?

• Avaliação da 1ª etapa do PAN BR Agro (2018-2022) e lançamento de sua 2ª etapa (2023-


2027)

• Projeto achados de abate como indicadores de zoonoses, práticas agropecuárias e bem-


estar animal

• Grupo de trabalho Educação Sanitária para a Prevenção e Controle da Cisticercose


Bovina

• Parceria com entidades em apoio ao processo regulatório de bem-estar

• Reativação do Fórum Técnico de Bem-estar Animal

• Atualização da vigilância de contaminantes em moluscos bivalves, com lançamento do


Programa Moluscos Bivalves Seguros - MoluBiS

• Co-organização de workshop Vigilância em Saúde dos Animais Silvestres, promovido


pela OMSA nas Américas

• Seminário Cenário da Resistência aos antimicrobianos – AMR no Brasil e seus potenciais


impactos mercadológicos e na saúde, para o setor produtivo

• Realização de campanha Semana Mundial de Conscientização sobre Antimicrobianos -


WAAW 2023

• Webinário Vigilância Epidemiológica da Brucelose Animal e Humana, em parceria com o


Ministério da Saúde

• Conclusão do projeto Trabalhando juntos para combater a resistência antimicrobiana,


coordenado pela OMSA e FAO

22 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


4.3. Cadastro de explorações agropecuárias e trân-
sito de animais vivos, material de multiplicação ani-
mal e produtos de origem animal
Qual a importância da definição das condições zoossanitárias para o trânsito de animais
vivos, material de multiplicação animal e produtos de origem animal e do cadastramento de
explorações agropecuárias?

O trânsito de animais e seus produtos é uma das principais formas de disseminação de doenças.
Seu controle e fiscalização são importantes ferramentas para a manutenção dos programas
sanitários que objetivam o controle, a erradicação, a certificação de propriedades livres de doenças
e, principalmente, a manutenção de países ou zonas livres de enfermidades.

Para controle da movimentação de animais e seus produtos são requeridos recursos tecnológicos
como sistemas de informação, registro e monitoramento de animais, ações sanitárias profiláticas
regionais e levantamento da situação epidemiológica no território do país. Isso é fundamental para
a emissão de certificados veterinários para a exportação de animais e seus produtos, e também
para a geração de informação para análises epidemiológicas.

As bases de dados cadastrais contemplam a quantidade de animais por rebanho, região ou país
para as mensurações usuais de ocorrência de doenças.

O Código Sanitário dos Animais Terrestres da OMSA estabeleceu que uma das ações de vigilância
das doenças dos animais é o conhecimento das características produtivas das explorações
pecuárias. Para isto, é necessária a individualização e localização das propriedades.

O cadastramento das explorações pecuárias é um dos principais requisitos para a prevenção, o


controle e a erradicação de doenças. São também essenciais a definição de parâmetros produtivos,
a densidade animal por região, a designação de propriedades submetidas às medidas sanitárias e
a notificação de suspeitas de doenças. Praticamente todo o processo de gerenciamento das ações
sanitárias prescinde, de alguma forma, das informações de localização espacial.

Como o DSA coordena o trânsito de animais vivos, material de multiplicação animal e


produtos de origem animal?

O DSA é responsável por definir os procedimentos e requisitos para o trânsito de animais, seu material
genético e seus produtos e considera, no estabelecimento dessas diretrizes, as recomendações
da OMSA para controle e erradicação de doenças. As condições para trânsito são definidas em
legislação e normas, manuais de padronização dos procedimentos de trânsito e cadastro de
explorações agropecuárias e de estabelecimentos manipuladores de subprodutos. Além disso, o
DSA define as regras para habilitação de médicos veterinários privados para a emissão da Guia de
Trânsito Animal – GTA, requerida para qualquer movimentação animal.

A utilização de sistemas informatizados para emissão de GTA é imprescindível para centralizar


e analisar o grande número de informações referentes à sanidade animal geradas diariamente
no Brasil. O DSA define o formato dos dados de cadastro de explorações agropecuárias e de
movimentação de animais para padronização das informações gerados pelos OESAs. O banco
de dados com as informações de cadastro de explorações agropecuárias e de movimentação de
animais no Brasil produzido pelos OESAs também é gerenciado pelo DSA para fins de avaliação e
planejamento dos programas sanitários, permitindo a troca de informações entre as Unidades da
Federação no trânsito interestadual de animais.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 23


Para controle do trânsito de subprodutos de origem animal para fins industriais utiliza-se a Guia de
Trânsito de Subprodutos - GTS.

O que foi realizado em 2023?

Atualmente, todos os estados brasileiros encaminham seus dados de trânsito para a base
centralizada do Mapa. Um aprimoramento desta condição é a integração dos estados à base de
dados central do Mapa. Em 2023, os serviços veterinários dos estados do Mato Grosso do Sul,
Sergipe, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Pará foram integrados à base de dados de controle
de trânsito de animais do Mapa.

Para os estados integrados a esta base é possível a inclusão automática da quantidade de animais
contidos em GTAs emitidas ao saldo da exploração agropecuária de destino em outra UF, para
as espécies bovina e bubalina. Atualmente estão integrados à base do Mapa os estados do Acre,
Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Pará, Rondônia, Roraima, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Publicação da Portaria SDA nº 871, de 15 de agosto de 2023 que aprova os procedimentos de


trânsito e certificação sanitária de subprodutos animais não comestíveis de uso industrial ou uso
técnico, de trânsito de resíduos da exploração pecuária e de certificação sanitária de produtos
obtidos de fontes animais com finalidades de uso específicas, instituindo o uso da GTS.

Publicação e atualização de manuais:

• Manual de Procedimento Operacional Padrão para o trânsito de subprodutos de


origem animal não comestíveis de uso industrial ou técnico – GTS

• Manual de Padronização do Cadastro Agropecuário (atualização)

• Manual para emissão de GTA para Animais Aquáticos (atualização)

• Manual de procedimentos para o trânsito de aves de produção e ovos férteis com


finalidade de produção de carne, ovos e material genético (atualização)

• Manual de Procedimentos para o Trânsito de Bovinos e Bubalinos (atualização)

• Manual de Procedimento para o Trânsito de Equídeos (atualização)

24 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


4.4 Produtos de uso veterinário
Qual a importância dos produtos veterinários na saúde animal?

Os produtos de uso veterinário compreendem, além daqueles destinados à higiene e embelezamento


dos animais, todos os insumos destinados a prevenir, tratar ou diagnosticar doenças dos animais,
bem como os aditivos melhoradores de desempenho. São essenciais para as ações de defesa
sanitária, especialmente no que diz respeito a prevenção e tratamento das doenças dos animais.

A disponibilização de produtos veterinários de qualidade contribui para o aumento da produtividade


uma vez que animais saudáveis ou tratados com produtos eficazes têm melhor conversão alimentar,
maior ganho de peso e melhor produção de leite e ovos. Além disso, produtos veterinários eficazes
reduzem a necessidade de exposição dos animais à repetidos ciclos de tratamento o que minimiza o
risco de resistência aos antimicrobianos e impacta de maneira favorável na qualidade dos alimentos
provenientes dos animais tratados. Estes aspectos são muito importantes considerando a posição
do Brasil como grande exportador de alimentos.

Ressalta-se ainda a relevância dos produtos de uso veterinário para os animais de companhia. O
mercado pet tem experimentado um crescimento significativo nos últimos anos e, consequentemente,
constata-se crescente demanda por produtos veterinários de qualidade. Proprietários de animais
de estimação estão cada vez mais dispostos a investir em cuidados e saúde para seus animais.

É evidente, portanto, a importância de viabilizar a disponibilização de produtos de uso veterinário


com padrão de qualidade compatível ao agronegócio brasileiro e com a expressividade que adquiriu
o segmento de animais de companhia nos últimos anos. Adicionalmente, destaca-se que a saúde
humana e a saúde animal são interdependentes e vinculadas à saúde dos ecossistemas nos quais
existem. Ao investir em produtos veterinários de alta qualidade, há uma série de impactos positivos
que reverberam em todas as facetas desse delicado equilíbrio.

Que tipo de controles o DSA aplica aos produtos de uso veterinário?

As ações do DSA estão alinhadas aos principais interesse de proprietários de animais de companhia,
de pecuaristas, de médicos veterinários e de associações de consumidores, que é dispor de
produtos veterinários seguros e eficazes para o uso pretendido. No âmbito de suas atribuições
no que tange à defesa sanitária e promoção da saúde única, o DSA, com base em legislação que
ampara a fiscalização dos produtos de uso veterinário, adota os seguintes procedimentos para
garantir a disponibilização de produtos de uso veterinário de qualidade, eficazes e seguros:

Registro: Todos os produtos destinados a prevenir, tratar ou diagnosticar doenças dos animais
devem ser registrados no Mapa. Para isso devem ser apresentados estudos que comprovem as
informações contidas na rotulagem do produto, como prazo de validade, eficácia, segurança para
as espécies indicadas e período de carência, no caso de produto destinado a animal produtor de
alimento.

Fiscalização: A fiscalização de produtos veterinários visa garantir o fornecimento de insumos


de qualidade, seguros e eficazes para os animais, assegurando que sejam produzidos conforme
foram registrados. O DSA é responsável pela atividade de fiscalização, que compreende o início
da cadeia de produção ou manipulação, nos estabelecimentos fabricantes e manipuladores, até a
comercialização e uso, em estabelecimento comerciantes e propriedades rurais. As fiscalizações
em estabelecimentos fabricantes são realizadas com periodicidade estabelecida com base em
critérios de risco. A fiscalização em estabelecimentos comerciantes visa coibir o comércio de
produtos clandestinos (sem registro no Mapa) ou inadequados para o consumo (produtos vencidos,

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 25


produtos armazenados em condições diferentes das previstas na rotulagem), bem como garantir o
atendimento de normas referentes à prescrição e retenção de receita veterinária, visando coibir o
desvio de produtos veterinários para outros usos que não aqueles aprovados pelo Mapa.

Análise de Fiscalização: São realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária -


LFDAs, para verificar a conformidade em produtos veterinários já registrados, de modo a comprovar
que esses produtos continuam atendendo às mesmas especificações de qualidade avaliadas e
aprovadas pelo Mapa por ocasião do seu registro.

Investigação no caso de violação de limites máximos de resíduos: Cabe ao DSA a investigação


do emprego inadequado de produtos veterinários ou de substâncias inadequadas para uso
veterinário no caso de violação de limites máximos de resíduos detectadas em amostras colhidas
no âmbito do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC.

Atualização do arcabouço regulamentar/normativo: O DSA busca constantemente alinhar o seu


arcabouço regulamentar/normativo às inovações de cunho científico/tecnológico, em nível ético e
social. Atos normativos disciplinam as atividades relacionadas à fabricação, manipulação, comércio
e emprego de produtos veterinários, fornecendo orientações necessárias ao setor regulado e
amparando as ações de fiscalização.

Desenvolvimento e implementação de sistemas informatizados: O DSA busca contínuo


aperfeiçoamento do gerenciamento de dados, a comunicação e transparência por meio de melhoria
de sistemas já existentes e implementação de novos sistemas.

O que foi realizado em 2023?

Foram registrados 46 produtos veterinários que representam novas ferramentas terapêuticas para
as espécies abaixo:

26 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Foi implementado o uso do Sistema Eletrônico de Gerenciamento, Avaliação e Automação
de Processos relacionados a insumos pecuários (sistema Athena), com o objetivo de trazer
padronização, transparência e rastreabilidade aos processos relacionados a produtos de uso
veterinário comercializados no país, além de melhor comunicação entre o Mapa e a indústria.

Ainda, foram realizadas 804 fiscalizações de produtos veterinários, cuja distribuição pelas UFs
pode ser observada no gráfico a seguir.

Pode-se observar a distribuição dessas fiscalizações por categoria de estabelecimentos no gráfico


a seguir:

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 27


Das fiscalizações realizadas no ano de 2023, 59% foram programadas. Destaca-se, entretanto, a
realização de fiscalizações que não são planejadas, que ocorrem sob demanda.

Dentre as fiscalizações não programadas (por impossibilidade de previsão) destacam-se as


fiscalizações para o atendimento de denúncias, para investigação de avisos de violações no âmbito
do PNCRC e as operações especiais de fiscalização.

Em 2023, houve 59 avisos de violação, os quais demandaram fiscalizações em propriedades rurais


de origem dos animais em que foram detectados extrapolação do Limite Máximo de Resíduos
(LMR). Tais fiscalizações são de extrema importância pois a detecção de resíduos acima do LMR
implica em risco à saúde pública e ao agronegócio.

O DSA participa de operações especiais de fiscalização, realizadas em conjunto com o Serviço de


Fiscalização e Coerção ao Trânsito e Comércio Irregular, serviço do VIGIAGRO/DTEC, que são
também de grande relevância. Por meio destas operações, foram retirados do mercado 20.551
unidades de produtos veterinários em situação irregular, diminuindo assim a oferta desses produtos
à sociedade.

Foi concluída a etapa de consolidação das manifestações recebidas durante a consulta pública da
minuta do novo regulamento para fiscalização dos produtos veterinários e dos estabelecimentos
relacionados, para regulamentação da Lei nº 14.515/2022, sobre os programas de autocontrole dos
agentes privados regulados pela defesa agropecuária. O texto final cumpre os trâmites para sua
publicação.

Destaca-se também o treinamento Biossegurança na fiscalização da fabricação de produtos


veterinários biológicos, tendo em vista que no processo de fabricação ocorre ativação, manipulação
e multiplicação agentes biológicos, com possibilidade de escapes acidentais ou intencionas,
representando grande risco à saúde humana, animal e ao ambiente.

28 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


4.5. Material genético animal
Qual a importância do material genético animal na produção pecuária?

A base para a formação e reposição do patrimônio pecuário brasileiro está no material de multiplicação
animal produzido e comercializado no país, como sêmen, embriões e ovos férteis, que possibilitam
a rápida difusão e reserva de material genético.

Entre 2019 e 2023, a aquisição de doses de sêmen bovino - aptidão corte e leite - pelos pecuaristas
brasileiros se elevou de um patamar de 16,43 para 22,49 milhões de doses. No mesmo período, a
exportação do produto passou de 485.340 para 873.674 doses. Em 2023, a inseminação artificial
foi utilizada em 4.549 dos municípios brasileiros, 81,7% do total, um crescimento de 1,9% sobre o
ano anterior, o que demonstra a expansão do uso da tecnologia no rebanho brasileiro.

O Brasil apresenta-se como um dos maiores produtores de embriões de bovinos e equino, líder em
transferências de embriões bovinos produzidos in vitro, tendo sido realizadas 440.256 em 2022,
correspondendo a 37,0% do total mundial.

A produção de material genético avícola, ovos férteis e pintos de um dia, destacou-se pela
exportação, que teve um incremento de 69,3 % em 2023 em relação ao ano de 2022, passando
de 15,6 para 26,4 mil toneladas e gerando receita de US$ 240 milhões, número 34,2% superior ao
obtido em 2022, com US$ 178,8 milhões.

Nesse cenário, considerando o material genético como fundamento de toda a cadeia, o DSA, em
parceria com o setor produtivo, desenvolve ações que visam garantir a identidade, a qualidade, a
inocuidade e a segurança do material genético animal disponibilizado para comercialização interna
e exportado para vários países. Dentre elas, a elaboração de diretrizes de ações governamentais
para a fiscalização da produção e da comercialização material de multiplicação animal, guardando
as premissas definidas pela OMSA.

Como o DSA exerce controle sobre a qualidade do material genético animal?

Para a coleta, produção e comercialização de material de multiplicação animal, os estabelecimentos,


centros de coleta e processamento de sêmen e embriões, laboratórios de sexagem, estabelecimentos
sericícolas, granjas e incubatórios avícolas de reprodução, devem estar registrados no Mapa e
atender a requisitos documentais, higiênicos, sanitários e de biosseguridade, que são verificados
durante fiscalizações coordenadas pelo DSA.

Os estabelecimentos produtores e comerciais de material genético, registrados junto ao Mapa, estão


distribuídos por todo o país, concentrando-se principalmente nas regiões sul e sudeste (Figura 01).

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 29


Figura: Concentrações das atividades registradas e fiscalizadas pelo MAPA na área de
material genético animal.

30 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Os reprodutores doadores de sêmen bovinos, bubalinos, caprinos, equinos e ovinos em Centros de
Coleta e Processamento de Sêmen - CCPS são inscritos no Mapa e devem cumprir previamente
requisitos de identificação genética e sanitários, sendo submetidos a testes de diagnóstico para
doenças que comprometem o desempenho reprodutivo e a produtividade do rebanho. Cada
inscrição caracteriza um período de coleta em um CCPS com o quantitativo de doses produzidas,
guardando o histórico e preservando a rastreabilidade do material.

Os doadores suínos são provenientes de Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas - GRSC,


as quais devem ser livres de peste suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose,
sarna e livres ou controladas para leptospirose. Sêmen e embriões congelados não possuem prazo
de validade, portanto, os controles junto aos CCPS são de suma importância para a difusão de
material genético de qualidade.

O que foi realizado em 2023?

Em 2023, com vistas à adequação aos avanços biotecnológicos necessários ao setor produtivo e
para aprimoramento de procedimentos e gestão das atividades de fiscalização, o DSA submeteu à
consulta pública cinco minutas de atos normativos para revisão dos dispositivos legais relacionados
ao registro de estabelecimentos produtores e comerciais de material de multiplicação animal.

As propostas atualizam os critérios para o registro e funcionamento de CCPS, de laboratórios de


sexagem de sêmen animal, de Centros de Produção in vivo e in vitro de Embriões - CCPE e CPIVE
e de estabelecimentos comerciais de material genético animal.

As propostas se referem à adequação das exigências de instalações de coleta e processamento


de material de multiplicação, novas classificações de estabelecimentos, atualização de procedimentos
para registro de estabelecimento e inscrição de reprodutores doadores de sêmen e revisão das
informações para identificação de produtos a serem disponibilizadas aos consumidores.

O DSA viabilizou em Painéis BI informações sobre registro de estabelecimento produtores e


comerciais de material de multiplicação animal e de reprodutores em página do Mapa (Material
Genético — Ministério da Agricultura e Pecuária (www.gov.br)

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 31


O DSA propôs e acompanhou a implantação de melhorias no sistema SIPEAGRO. No período
de 2022/2023, foram analisadas 12.102 solicitações de quarentena, de inscrição e de baixa de
reprodutor, número 25,5% superior quando comparado ao mesmo período de 2020/2021 (9.014
requerimentos), configurando um aumento nas atividades de coleta e processamento de material
de multiplicação animal nos centros de reprodução.

O DSA também coordenou a intensificação da fiscalização em estabelecimentos avícolas de


reprodução, granjas e incubatórios, para a verificação da implementação e manutenção de medidas
de biosseguridade, as quais visam mitigar o risco de introdução e disseminação de agentes
patogênicos como o vírus da IAAP.

4.6. Registro Genealógico Animal e Provas Zootécni-


cas
O que são o serviço de registro genealógico e as provas zootécnicas e qual
sua importância?

O Mapa é a instituição oficial responsável pelo Serviço de Registro Genealógico - SRG dos animais
domésticos no Brasil e delega a execução do serviço às Associações de criadores. As espécies
asininas, bovinas, bubalinas, caprinas, chinchilas, equinas, ovinas e suínas são consideradas para
fins de registro genealógico. O registro genealógico de um animal é importante no processo de
melhoramento genético dos animais pois permite verificar a origem dos indivíduos, bem como os
dados de sua genealogia, favorecendo a definição de acasalamentos corretivos e a seleção dos

Importância do registro genealógico animal:

• melhoria da qualidade genética com manutenção de registros precisos da linhagem


animal,

• melhoramento genético por meio de controle e seleção criteriosa de características


desejáveis,

• certificação de pureza racial para garantir a autenticidade das raças, fundamental na


manutenção das características desejadas,

• Rastreabilidade e controle de doenças genéticas, essenciais para o correto acasalamento


e seleção dos animais,

• avaliação do desempenho zoogenético, com vistas à obtenção de animais superiores.

indivíduos.
As entidades nacionais atualmente autorizadas pelo Mapa para a execução do Serviço de Registro
Genealógico e as atividades dos serviços de registro genealógico no Brasil podem ser consultadas
em sítio eletrônico do Mapa (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/
insumos-pecuarios/registro-genealogico) onde também é possível verificar raças e cruzamentos
registrados, total de animais ativos, total de criadores, associações registradas, dentre outras
informações.

Prova zootécnica é o “procedimento indispensável à eficiência do registro genealógico que visa à


mensuração e à avaliação de desempenho produtivo ou funcional, fenotípico ou genotípico, para

32 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


aprimorar a genética e o desempenho dos animais domésticos;”. O reconhecimento oficial das
provas zootécnicas é possível desde que cumpridas as normativas vigentes e encaminhadas para
análise e registro pelo Mapa.

Dentre as provas zootécnicas regulamentadas e atualizadas para bovinos de corte estão os projetos
técnicos de melhoramento genético visando a emissão de Certificado Especial de Identificação e
Produção – CEIP. Esta prova prevê a emissão do CEIP para animais com idade máxima de 30
meses, que obtenham classificação genética superior dentro do grupo de animais avaliados (20%
a 40% superiores). É ainda necessária a atualização das demais provas zootécnicas para animais
com aptidão para corte.

Hoje existem 14 entidades registradas para a execução da prova zootécnica de CEIP, com projetos
aprovados para as composições das raças Nelore, Hereford e Braford, Angus e Brangus, Montana
Tropical, e Taurino Tropical.

As provas zootécnicas para animais com aptidão leiteira estabelecem regras para a execução
do serviço de controle leiteiro e avaliação genética ou genética e genômica de animais. Para as
espécies bubalina, caprina e ovina é possível a emissão de Certificado Especial de Identificação
e Produção – CEIP aos 30% animais comprovadamente superiores, do total de animais avaliados
dos rebanhos inscritos no projeto.

No momento, há 5 entidades registradas no Mapa para a execução das provas zootécnicas leiteiras,
sendo 4 programas de melhoramento genético de bovinos, e 1 programa com emissão de CEIP-
Leite para bubalinos.

Como o DSA exerce controle sobre o Serviço de Registro Genealógico e Pro-


vas Zootécnicas?

O DSA é responsável pelas ações regulatórias, fiscalizatórias e de fomento da área, regulando a


organização, funcionamento e execução do registro genealógico e das provas zootécnicas.

Tais ações visam padronizar e garantir a qualidade do processo e a confiabilidade das informações
sobre a identificação genealógica dos animais. Além do registro, são estabelecidas regras para a
avaliação da produtividade dos indivíduos, contribuindo para a seleção genética e o melhoramento
dos rebanhos.

Além disso, as entidades encaminham anualmente ao Mapa o relatório anual de atividades contendo
informações e quantitativo de animais registrados por espécie, raça e categoria.

Ainda, para a promoção do melhoramento genético animal, o DSA realiza a avaliação dos processos
de importação de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos e seus materiais de multiplicação, com
vistas a emissão de certificação zootécnica aos indivíduos mais adequados a promover ganhos
genéticos às populações animais.

Dentro deste contexto, o DSA realiza avaliação zoogenética, que é um requisito necessário para
a inscrição de reprodutores das espécies bovina, bubalina, ovina e caprina em centros de coleta e
processamento de sêmen – CCPS.

Investimentos têm ocorrido na modernização dos métodos de avaliação zootécnica, incorporando


tecnologias inovadoras e promovendo a capacitação dos profissionais envolvidos. Isso resulta
em processos mais eficientes e precisos, beneficiando diretamente os produtores rurais e,
consequentemente, a cadeia produtiva.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 33


O que foi realizado em 2023?

O DSA tem atuado na disseminação de informações sobre as melhores práticas zootécnicas, por
meio de cursos, workshops e material educativo. Esse esforço visa conscientizar os criadores
sobre a importância da avaliação genética favorecendo a melhoria dos rebanhos, para garantir a
sustentabilidade e a competitividade do setor.

Com base no relatório anual de atividades do ano base de 2022, foi constituído o painel contendo
as informações de animais registrados no país, separados por espécie, sexo, raça e categoria, bem
como os cruzamentos que são controlados pelas entidades. O painel pode ser acessado pelo link:

https://lookerstudio.google.com/u/0/reporting/1a7c92d0-9380-44c2-a244-70e8d39fe6e3/page/
mAemC

Destaca-se, em 2023, a realização de Análise de Impacto Regulatório - AIR, para revisão de


regulamentação com o objetivo de modernizar e incrementar as regras e os procedimentos para o
serviço de avaliação zoogenética.

4.7. Importação de Animais


Qual a importância dos procedimentos de quarentena na proteção da pecuária brasileira?

A importação de animais envolve riscos de introdução de doenças no Brasil. Com a intenção de


prevenir eventual ingresso de doenças exóticas no País, além do cumprimento dos requisitos
sanitários brasileiros para a importação de animais, que são certificados pelo serviço veterinário
oficial do país de origem, pode ser necessário manter os animais em quarentena.

A quarentena no Brasil, antes da liberação definitiva ao importador, é um procedimento importante


tendo em vista que algumas doenças de interesse agropecuário podem se manifestar após algum
tempo decorrido da introdução dos animais. Sendo assim, para prevenir essa situação, os animais
importados são mantidos em isolamento por um período necessário para garantir que as doenças
alvo de controles sejam detectadas em exames clínicos e laboratoriais.

34 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Como o DSA realiza procedimentos de quarentena?

O DSA é responsável por estabelecer as diretrizes para a realização das quarentenas dos animais
importados. As quarentenas de importações de aves comerciais e de suínos para reprodução são
realizadas na Estação Quarentenária de Cananeia, único quarentenário público do Mapa.

Em Cananéia, os animais permanecem isolados para a coleta de amostras para a realização de


exames laboratoriais e realização de exames clínicos. Tais análises, clínicas e laboratoriais, são
essenciais para determinar o estado de saúde dos animais.

Para animais aquáticos, são credenciados quarentenários privados e para animais das espécies
bovina, bubalina, caprina e ovina, a quarentena pode ser realizada na propriedade do importador,
desde que atendidas as condições estabelecidas pelo DSA.

O que foi realizado em 2023?

Foram credenciados 7 quarentenários privados para quarentenas de importação e exportação de


animais aquáticos.

Ainda, houve a realização de 26 quarentenas na Estação Quarentenária de Cananeia, sendo 13


quarentenas de suínos reprodutores importados e outras 13 quarentenas de aves ornamentais,
comerciais ou de companhia. As 26 quarentenas totalizaram 4.517 animais mantidos em quarentena,
dos quais 2.836 suínos e 681 aves.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 35


4.8. Certificação Veterinária Internacional
O que é certificação veterinária internacional, para que serve e qual a sua im-
portância?

Certificação é o processo pelo qual, mediante a emissão de um certificado veterinário internacional,


o Mapa atesta que animais vivos ou produtos obtidos de animais, quando exportados, cumprem
os requisitos de saúde animal determinados pelo país importador, constituindo-se documento
indispensável para o comércio internacional. O DSA, portanto, propõe, com base nos requisitos
de saúde animal do país importador, os procedimentos necessários para o atendimento a tais
exigências, assim como dita quais as garantias o Brasil pode fornecer por meio dos controles do
SVO.

Para possibilitar as importações, o DSA é também responsável pela definição dos requisitos de
saúde animal para garantir a preservação das condições de saúde dos rebanhos brasileiros na
manutenção da pecuária, um dos maiores patrimônios do país.

O que são requisitos zoossanitários e autorização de importação de animais vivos, material


de multiplicação animal e produtos de origem animal; e qual a sua importância?

O comércio de animais vivos, material de multiplicação animal e produtos de origem animal é,


em muitos casos, imprescindível à manutenção ou aumento da produtividade pecuária, o que não
exclui os riscos zoossanitários aos rebanhos nacionais. É importante mencionar que os produtos
destinados à alimentação humana também são fontes de risco, sendo submetidos à avaliação de
processamento para garantir a saúde dos consumidores, sendo também avaliados sob o ponto de
vista zooosanitário para evitar a disseminação de doenças aos animais.

A importação de animais e seu material genético é fundamental para o melhoramento genético


dos rebanhos brasileiros. Produtos de origem animal são requeridos para alimentação humana e
animal, podendo também serem considerados insumos industriais ou laboratoriais. Os requisitos
zoossanitários e a exigência de autorização para importação de animais vivos, material de
multiplicação animal e produtos de origem animal são essenciais para a mitigação dos riscos
inerentes às importações. A definição dos requisitos zoossanitários consiste na avaliação prévia das
doenças existentes no país de origem e no Brasil, sua possibilidade de transmissão pelo produto
a ser importado e a definição das condições de importação, que incluem quarentena, exames
clínicos, testes diagnósticos e processamento dos produtos.

A autorização para importação consiste na aplicação dos requisitos zoossanitários previamente


definidos em cada importação, considerando o país exportador e o local para onde o animal ou
produto será exportado.

Como o DSA protege a saúde dos rebanhos nacionais quando da importação de animais e
seus produtos?

Comprometido com a valorização do patrimônio pecuário nacional, o DSA atua na redução dos
riscos de ingresso de patógenos e define os requisitos zoossanitários e as condições para emissão
das autorizações de importação. Para isso são consideradas as recomendações de organismos
internacionais, principalmente a OMSA, trabalhos científicos, podendo ser realizada também
análise de risco de importação.

A análise para emissão de autorização de importação considera a condição zoossanitária do país


exportador e se o país pode atender os requisitos previamente definidos pelo DSA. Cada importação
é avaliada individualmente.

36 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


O que foi realizado em 2023?

Houve a substituição do Sistema de Informação de Requisitos e Certificados da Área Animal


(SISREC) pelos Painéis CGTQA de Requisitos de Importação e Exportação, com as seguintes
informações:

• Requisitos de importação de produtos de origem animal para alimentação humana

• Requisitos de importação de produtos de origem animal para alimentação animal

• Requisitos de importação de produtos e subprodutos de origem animal para uso


fora da cadeia alimentar

• Requisitos de importação de animais vivos e material de multiplicação animal

• Certificados para exportação de animais vivos, material de multiplicação animal e


subprodutos de origem animal

Foram internalizadas ao ordenamento jurídico nacional portarias de atualização para alguns


requisitos sanitários do Mercosul para importação de aves e seu material genético:

Como o DSA fornece as garantias para certificação veterinário internacional


para a exportação de animais e seus produtos?

As garantias para certificação são obtidas por meio da execução de ações previstas em programas
sanitários que objetivam a melhoria das condições de saúde animal. No Brasil, os programas mais
robustos implementados são Programa de Vigilância para Febre Aftosa, Programa Nacional de
Sanidade Avícola, Programa Nacional de Sanidade dos Suídeos e Programa Nacional de Controle
e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal.

Ademais, todo o sistema de vigilância geral em prática no país serve como subsídio para que o
Brasil possa certificar o cumprimento das exigências sanitárias dos países importadores.

O que foi realizado em 2023?

Em 2023, foram abertos 50 novos mercados para a exportação brasileira de animais vivos, material
genético (sêmen, embriões, ovos férteis e pintos de um dia) e de produtos de origem animal para
uso industrial não destinados ao consumo humano ou animal, culminando em novos Certificados
Veterinários Internacionais acordados, conforme pode ser observado no gráfico a seguir.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 37


4.9 Avaliação e Aperfeiçoamento do Serviço Veteri-
nário Brasileiro
Por que é necessário e qual a importância de se avaliar o Serviço?

A Organização Mundial de Saúde Animal - OMSA, da qual o Brasil é país membro, reconhece os
serviços veterinários como um bem público mundial, por desempenhar um importante papel na
proteção e no bem-estar animal, assim como na segurança alimentar e na saúde pública mundial.

Os serviços veterinários dos países são um bem público mundial porque suas atividades, tais como a
preservação e desenvolvimento dos recursos animais, a abordagem aos riscos sanitários mundiais,
a adoção de normas internacionais para a qualidade, garantia da eficácia e sustentabilidade, são
gerenciadas pelo governo e para o benefício de todos os cidadãos.

O serviço veterinário no Brasil tem estrutura e gestão compartilhada entre governo federal, governos
estaduais e o setor privado. Cada unidade da federação tem competência para organizar o seu
serviço veterinário estadual, com autonomia técnica e administrativa, específica para a execução
das políticas de saúde animal, desde que estejam em conformidade com as diretrizes e atos legais
federais.

A avaliação dos serviços veterinários é um importante processo para garantir a sua qualidade,
a sustentabilidade da saúde dos rebanhos nacionais e oferecer a confiança na certificação das
condições sanitárias do país.

Como o DSA realiza esta avaliação?

No Brasil, os serviços veterinários são avaliados através de um programa de avaliação e


aperfeiçoamento da qualidade executado pelo Mapa, coordenado pelo DSA.

Anualmente, são realizadas nove auditorias junto aos serviços veterinários das unidades federativas, de
forma que a cada 3 anos todos os estados tiveram seus serviços avaliados. As auditorias têm formato
híbrido, com análise documental de extenso material e verificação in loco de componentes essenciais para
o funcionamento dos serviços veterinários tais como recursos financeiros, humanos e físicos, capacidade
técnica-operacional, interação com as partes interessadas e capacidade de certificação sanitária.

38 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Os componentes acima são avaliados de forma estruturada e qualificados em níveis de avanço
que variam entre 1 e 5 sendo os níveis 3 e 4 considerados razoável e satisfatório, respectivamente,
nos moldes do programa da OMSA de avaliação dos estados membros (Performance Veterinary
Service - PVS). Os relatórios de auditorias contêm recomendações para correção de deficiências
e melhoria da atuação dos serviços auditados. É através da elaboração de planos de ações
corretivas, os quais têm sua implementação monitorada por meio de supervisões sistemáticas, que
os serviços veterinários têm alcançado maior eficiência, fortalecendo a sustentabilidade da defesa
sanitária do país.

Os resultados dessas avaliações fundamentam processos de tomada de decisão, relativos à gestão


e avanços nos programas e atividades de saúde animal servindo, portanto, como ferramenta de
gestão e priorização de ações nas unidades federativas do país. O programa tem demostrado ser
capaz de aportar melhorias e de fortalecer as capacidades do SVO, conforme aponta o gráfico
abaixo, com 16 estados apresentando níveis de avanço médios em avaliação subsequente
(avaliação 2) superiores às médias obtidas anteriormente (avaliação 1).

Sua equipe de auditores é continuamente capacitada e atualizada e o processo de avaliação passa


por revisão periódica, para que as auditorias sejam objetivas, conduzidas com transparência,
adequando as avaliações às alterações dos planos de vigilância, às políticas nacionais de saúde
animal e às diretrizes da OMSA.

O que foi realizado em 2023?

Em 2023, foram realizadas nove auditorias e as atividades de seguimento de auditorias anteriores


incluíram a avaliação e aprovação de 14 planos de ações corretivas e a revisão de 24 relatórios de
supervisão de seguimento.

Para a realização das auditorias em 2023, foram envolvidos diretamente 46 auditores do quadro
permanente do programa Quali-SV. O programa conta, atualmente, com 73 médicos veterinários
auditores, sendo quem 2023 63% da equipe de dedicou à atividade de avaliação.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 39


Em 2023, foram também desenvolvidas revisão e atualização da ferramenta de auditoria,
automatização de parte das informações de auditoria que aportam maior facilidade no alcance
de conclusões e implementação de novo formato de relatório de auditoria, mais objetivo para os
gestores.

O programa Quali-SV contribuiu de forma decisiva na gestão do Plano Estratégico do Programa


Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA) que tem como objetivo “criar e manter
condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres
de febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo
de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira”. 09 estados foram alvo de análises
fundamentadas por auditorias, dentre outros critérios, para expansão da zona livre sem vacinação
da doença.

• Revisão da ferramenta de auditoria

• Automatização de informações de pré-auditoria

• 9 auditorias QUALI-SV que envolveram 46 auditores

• 9 estados avaliados com vistas ao avanço do PE-PNEFA

• Relatório de auditoria com formato revisado

• 14 planos de ações corretivas aprovados

• 24 supervisões de seguimento de planos de ação

Para fortalecimento das capacidades do serviço veterinário oficial foi iniciado amplo projeto para
capacitação continuada, advindo de consultoria contratada especificamente para tal, que incluiu
o diagnóstico das lacunas de competências necessárias para o desenvolvimento de atribuições
essenciais do serviço em todos os níveis. O diagnóstico foi estabelecido a partir de 71 reuniões
entre o DSA, as unidades decentralizadas do Mapa envolvidas com saúde animal e os serviços
veterinários estaduais, das quais participaram 1.229 médicos veterinários em nível de coordenação
(100% do público-alvo) e de campo (69% do público-alvo) e 748 auxiliares técnicos (53% do público-
alvo).

Esse projeto é constituído por várias etapas com previsão de implementação final em 2025. O
mapeamento das competências e lacunas identificadas está, atualmente, sendo aprimorado com
base em revisão de normas, literatura técnica e por meio de dados complementares às reuniões,
obtidos por questionário. O diagnóstico final será apresentado em 2024.

O DSA promoveu, ainda, diversas capacitações com o objetivo de fortalecer os conceitos a respeito
do vírus da febre aftosa e seus aspectos clínicos e epidemiológicos, coleta de materiais para
diagnostico, vigilância, fluxo de informação, bem como os procedimentos a serem aplicados em
cada uma das fases da investigação de uma suspeita de doença vesicular, o Ministério da Agricultura
e Pecuária conta com uma equipe de instrutores para realização de treinamentos rotineiros sobre
o Manual de Investigação de doenças vesiculares nos estados.

Em 2023, foram realizados 7 treinamentos presenciais de atendimento a notificação de suspeita


de doença vesicular, com programação teórica e simulado prático, nos estados de Sergipe, Rio

40 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


Grande do Norte, Acre, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, capacitando um total de
325 médicos veterinários do Serviço Veterinário Oficial.

Ainda sobre essas capacitações em doenças vesiculares, um treinamento na modalidade ensino


a distância (EaD) intitulado “Febre Aftosa: Vigilância e Procedimentos na Investigação de Doença
Vesicular” pode ser encontrado na página da Escola Nacional de Gestão Agropecuária (ENAGRO),
voltado para os profissionais que atuam no Serviço Veterinário Oficial (SVO). Em 2023, foram
realizadas 02 turmas, totalizando 306 profissionais capacitados.

E, por fim, foi publicada, no primeiro semestre de 2023, uma videoaula com orientações sobre colheita
e envio de amostras para vigilância de síndromes neurológicas voltada aos médicos veterinários
dos órgãos executores de defesa sanitária animal, bem como os médicos veterinários da iniciativa
privada sobre a correta colheita, acondicionamento e envio de material para o diagnóstico de raiva,
scrapie e EEB.

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 41


4.10 Comunicação em saúde animal
Qual a importância da comunicação em ações de saúde animal?

A comunicação em saúde animal é atividade estratégica para o DSA. A comunicação de risco por
meio da qual o serviço veterinário oficial informa e orienta os diversos segmentos das cadeias
produtivas e a população em geral, a comunicação e publicidade social, que leva as mais diversas
informações de interesse público, relacionadas à saúde animal, para a população em geral por
meio de diversos meios de divulgação facilitam o alcance de condições desejadas em muitas ações
e políticas sanitárias.

Para uniformizar o planejamento e a operacionalização das atividades de comunicação, o DSA


instituiu um setor para coordenar as atividades de comunicação em saúde animal, que atua
juntamente com a área técnica envolvida.

O que foi realizado em 2023?

Em 2023 foram elaborados e atualizados diversos Planos de Comunicação, dentre eles a


atualização de um plano relacionado às ações de comunicação em febre aftosa e outro voltado
para comunicação em influenza aviária de alta patogenicidade, que foi intensamente empregado
em decorrência da detecção da doença no País neste ano.

Um Guia para elaboração de planos de comunicação para orientar todas as áreas do DSA a elaborar
seus próprios planos foi proposto por este novo setor.

Ainda em 2023, adicionalmente ao esforço para prevenir o ingresso da IAAP nos rebanhos comerciais
de aves de produção e para monitorar a ocorrência da doença nas populações de aves silvestres,
foram realizadas diversas iniciativas de comunicação de risco para informar a população e alguns
públicos-alvo sobre a doença e sobre a atuação do serviço veterinário oficial na sua prevenção e
controle.

Somando-se a isso, um grande plano nacional de publicidade para a IAAP foi iniciado em 2023,
sob a coordenação da SECOM/PR e AECS/GM/Mapa, com o aporte técnico do DSA. A Campanha
Nacional de Publicidade intensificou os esforços de comunicação ao contar com a contratação de
duas grandes agências de publicidade para definição de estratégias de comunicação de massa e
produção de peças publicitárias de amplo alcance, que foram lançadas já em 2024.

Ressalta-se iniciativa conjunta do DSA e do setor produtivo que culminou, em 2023, com a
publicação de portaria ministerial que estabelece o mês de maio, de todos os anos vindouros, como
o “Mês da Saúde Animal”. A campanha publicitária, de alcance nacional, destacando a relevância
das ações de saúde animal será lançada em maio de 2024. O objetivo é complementar, de fora
continuada, informações já rotineiramente transmitidas à sociedade, com material de alta qualidade
para aumentar a confiança do cidadão brasileiro e de parceiros comerciais no trabalho fundamental
que o SVO presta em prol da sociedade.

42 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA


5. Parceiros e colaboradores
O registro do esforço e das conquistas alcançadas pelo DSA, em 2023, não poderia prescindir da
menção de agradecimento a parceiros e instituições colaboradoras, nas esferas pública e privada,
que foram fundamentais para o desenvolvimento e evolução das ações.

As parcerias estabelecidas são indicativas da maturidade alcançada pela sociedade brasileira


no fortalecimento das políticas que visam o benefício de todos. O DSA buscará, continuamente,
aperfeiçoar as relações de cooperação para potencializar suas ações de forma integrada e
participativa.

Recebam s sinceros agradecimentos de toda a equipe do DSA:

Serviços de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal – SISA/SFA de todas as unidades federativas,


de forma especial, por representarem apoio e força de trabalho adicional e essencial ao DSA

Assessoria Especial de Comunicação Social – AECS/GM/Mapa


Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos - ABIQUIFI
Associação Brasileira de Andrologia Animal – ABRAA
Associação Brasileira de Inseminação Artificial - ASBIA
Associação Brasileira de Inseminação Artificial – ASBIA
Associação Brasileira de Proteína Animal - ABPA
Associação Brasileira dos Criadores de Suínos - ABCS
Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos - ABEGS
Associação Brasileira dos Exportadores de Gado - ABEG
Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais - ALANAC
Associação Nacional dos Programas de Certificado Especial de Identificação e Produção - CONCEIP
Câmaras Setoriais do Mapa
Colégio Brasileiro de Reprodução Animal – CBRA
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária - FONESA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal - SINDAN
Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal - SBMA
Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões - SBTE

ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA 43


6. Fontes e enlaces importantes

Dados fornecidos pelos Serviços Veterinários Estaduais - DSA, 2023

Livestock and Poultry: World Markets and Trade. United States Department of Agriculture, Foreign
Agriculture Service, January 12, 2024 - Disponível em:

https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/livestock_poultry.pdf

https://www.fazcomex.com.br/exportacao/exportacoes-no-brasil/

NOTA Á IMPRENSA - BALANÇA COMERCIAL DO AGRONEGÓCIO – Dezembro/2023 -


MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de Comércio e
Relações Internacionais. Departamento de Negociações e Análises Comerciais. Coordenação-
Geral de Estatística e Análise Comercial. Disponível em:

https://www.gov.br › pt-br › assuntos › noticias

RELEASE - Setor Pet mantem indicação de crescimento desacelerando em 2023, alta carga
tributária impacta a alimentação pet e é um desafio para o Setor. Disponível em:

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/documentos/camaras-
setoriais/animais-e-estimacao/2023/38a-ro-26-10-2023/setor-pet-release_faturamento-2023-base-
1o-sem.pdf

Associação Brasileira de Inseminação Artificial - ASBIA – Index 2019. Disponível em:


https://asbia.org.br/index-asbia/ . Acesso em 13 fev. 2024.

Associação Brasileira de Inseminação Artificial - ASBIA. Index 2023. Disponível em:


https://asbia.org.br/index-asbia/ . Acesso em 13 fev. 2024.

Associação Brasileira de Proteína Animal. CONSOLIDAÇÃO DE DADOS: Setor de genética


avícola fecha 2023 com recorde e crescimento de 69,3%. 2024. Disponível em: https://abpa-br.
org/mercados/consolidacao-de-dados-setor-de-genetica-avicola-fecha-2023-com-recorde-e-
crescimento-de-693/ Acesso em 13 fev. 2024.

Viana, J.H. M. 2022 Statistics of embryo production and transfer in domestic farm Animals. Embryo
Technology Newsletter, v. 41, n.4, 2023

https://abinpet.org.br/wp-content/uploads/2023/03/abinpet_folder_dados_mercado_2023_draft1_
incompleto_web.pdf

https://institutopetbrasil.com/imprensa/censo-pet-1393-milhoes-de-animais-de-estimacao-no-
brasil/

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-
de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-eeb/notificacao-colheita-e-envio-de-amostras

44 ANUÁRIO DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE ANIMAL - VOLUME 1 - 2024 │ MAPA

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