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INTERESSADO:
Conselho Pleno, Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará –
Subsede de Portel – SINTEPP e Secretaria Municipal de Educação de Portel – SEMED.
ASSUNTO:
Retorno às aulas durante a Pandemia de Covid-19 no município de Portel.
RELATOR (A):
José Raimundo Santos da Costa.
I RELATÓRIO
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Um dos primeiros relatos de pandemia data do ano de 1580, quando uma doença
causada por um vírus influenza, que surgiu na Ásia, espalhou-se pela África, Europa e América
do Norte. Diversas pandemias surgiram em seguida, como a disseminada pelo vírus HIV,
causador da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
Acredita-se que essa pandemia tenha surgido na República Democrática do Congo, em
1920. Após a transmissão homem-animal, em Camarões, no fim do século XIX, o vírus chegou
à capital da República Democrática do Congo, onde encontrou um ambiente propício para sua
propagação para o resto do mundo, como mudanças culturais, comportamentais e uma grande
rede ferroviária pela qual circulavam milhares de pessoas anualmente.
A maior de todas as pandemias, no entanto, foi a gripe espanhola, entre os anos de
1918 e 1919. Acredita-se que cerca de 40% (quarenta por cento) da população mundial tenha
sido contaminada, e cerca de 50 (Cinquenta) milhões de pessoas tenham morrido no Hospital
do Exército, em Nova Iorque, durante a pandemia de gripe espanhola.
Dentre as pandemias mais recentes, podemos citar a de gripe A ou H1N1, no ano de
2009. Os primeiros casos surgiram como uma variante da gripe suína no México. Um total de
187 (cento e oitenta e sete) países registraram casos da doença e cerca de 300 (trezentos) mil
pessoas morreram.
Atualmente, o mundo encontra-se diante de mais uma pandemia, a do Covid-19, como
veremos a seguir, Pandemia de Covid-19: A Covid-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-
2, teve seus primeiros casos apresentados na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei,
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II FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
No tocante ao ensino não presencial, que deveria iniciar em agosto segundo a proposta,
notou-se diversas inconsistências de suportes físicos e pedagógicos não supridos pela
mantenedora e instituições de ensino em plena pandemia de Covid-19, a saber: não houve
treinamento de retorno às aulas com os trabalhadores em educação da limpeza, docentes e
demais profissionais; assim como, não houve diagnóstico da saúde dos trabalhadores em
educação; falta de equipamentos de impressão de materiais nas escolas, dificuldades de acesso
à internet pelos pais e alunos.
Nesse sentido, notou-se que a proposta de retorno às aulas no ensino não presencial
pela SEMED, inviabiliza a aprendizagem na igualdade de condições do direito de aprender ao
aluno, distanciando-se do mínimo do padrão de qualidade. A Lei federal 14.040 (2020), art. 6º,
cita que “O retorno às atividades escolares regulares observará as diretrizes das autoridades
sanitárias e as regras estabelecidas pelo respectivo sistema municipal de ensino.”
Há um agravo no ensino e aprendizagem não presencial, majoritariamente, nas escolas
do campo, diante da possiblidade de desenvolverem atividades pedagógicas não presenciais, no
ano “letivo afetado pelo estado de calamidade pública, salienta-se que, aproximadamente,
apenas 10% das escolas do campo, indígenas e quilombolas possuem acesso à internet para uso
nos processos de ensino e aprendizagem (MEC, 2020)”. Essa realidade impossibilita a
utilização de tecnologias de educação a distância para o cumprimento da carga horária mínima
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Os sistemas de ensino que optarem por adotar atividades pedagógicas não presenciais
como parte do cumprimento da carga horária anual deverão assegurar em suas
normas que os alunos e os professores tenham acesso aos meios necessários para
a realização dessas atividades.
Outro fator fundamental é que desde o início da pandemia do Novo Coronavírus até a
produção deste parecer técnico, não se identificou protocolos de saúde psicológica e física dos
trabalhadores em educação, ou, qualquer tipo de testagem permanente dos trabalhadores em
educação que retornaram as atividades de forma escalonada que viabilizasse retorno às
atividades laborais com segurança. Também, prezando pelo bem estar físico e emocional da
comunidade escolar, não se identificou por intermédio da mantenedora, programa de apoio
psicossocial para os estudantes, famílias e trabalhadores em educação.
Na presunção de retorno às aulas presenciais, os estudantes ou trabalhadores em
educação pertencentes ao grupo de risco tais como: cardiopatias, doenças pulmonares crônicas,
diabetes, obesidade mórbida, doenças imunossupressoras ou oncológicas; pessoas com mais de
60 anos; gestantes e lactantes. Para essas pessoas, com a anuência médica, as atividades não
presenciais de forma auxiliar, são as mais recomendadas, ou seja, deve-se afastar de qualquer
atividade laboral presencial.
O calendário letivo 2020-2021, dialoga com o parecer do Conselho Nacional de
Educação – CNE/CP Nº: 5/2020, que trata da reorganização do calendário escolar e da
possibilidade do cômputo de atividades não presenciais, visando fins de cumprimento de carga
horária mínima anual, correspondente às 800h mínimas de aula anual. A lei, ainda, discorre
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Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias [sic] e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
[...]
VII - garantia de padrão de qualidade;
Ainda sobre a referida Lei nº 14.040 (2020), o art. 2º § 2º, diz que:
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A nota afirma, ainda, que na dúvida de retorno às aulas, “não se deve expor a risco a
saúde das pessoas, em especial, no caso concreto, de alunos, professores e seus familiares.”
(MP’s, 2020).
Vale mencionar o que o Ministério Público é cirúrgico quando pondera o possível
retorno às aulas presenciais, que as “escolas possuam efetivamente a estrutura necessária, para
cumprir, na prática, os protocolos sanitários.” (MP’s, 2020). Desse modo, sem a segurança das
autoridades sanitárias e do sistema municipal de ensino, não se pode autorizar a retomada de
atividade escolares presenciais. Em contraversão, o poder público local poderá responder
administrativa, civil e criminalmente, pelos eventuais danos causados.
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Diante dos fatos narrados, no bojo dos dispositivos legais deste Parecer Técnico,
considerando que o Sistema Municipal de Ensino do Município de Portel tem liberdade de
organização e poder regulatório próprio quanto ao momento do retorno das atividades escolares.
Considerando a proposta de retorno às aulas da Secretaria Municipal de Educação de
Portel não assegurar a equidade e igualdade em relação ao processo pedagógico nas escolas
sede e campo tendo em vista o padrão de qualidade e sem a garantia de estruturas físicas e
pedagógicas, bem como, a inexistência de protocolos de segurança para combater a ação e
propagação do Novo Coronavírus (Covid-19);
Considerando a iminência de vacinação contra a Covid-19 na comunidade escolar de
Portel;
Considerando o que preconiza no Estatuto da Criança e Adolescente (lei 8.069), em
que a função do poder público é garantir a proteção a toda a população nessa faixa etária;
Considerando o parecer técnico solicitado pelo Sintepp tendo requisitos como: padrão
de qualidade do ensino – aprendizagem não presencial, semipresencial e presencial; as
condições estruturais e acesso e permanência na escola; a saúde psicológica dos trabalhadores
em educação; protocolo de segurança de retorno às aulas e calendário letivo 2020-2021.
Orienta-se:
Que o retorno as atividades pedagógicas apresentado pela Secretaria Municipal de
Educação de Portel ao Conselho Municipal de Educação, com aulas não presenciais,
semipresenciais e presenciais, com condições impróprias ora citada neste Parecer Técnico,
levando em consideração o contexto apresentado, o retorno às aulas neste cenário torna-se
inexequível e impraticável, considerando primordialmente, com responsabilidade social e bem
geral de todos, a vida, a saúde, como bens jurídicos fundamentais devendo ser garantido a cada
um.
Nessas condições, mesmo não havendo previsão de retorno às aulas, é fundamental
a Secretaria Municipal de Educação de Portel iniciar o planejamento das aulas nos regramentos
a seguir, sempre de maneira transparente, democrática, interpessoal e com a participação
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José Raimundo Santos da Costa
Conselheiro/Relator - CMEP
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José Raimundo Santos da Costa Mauro Oliveira Bezerra
Conselheiro/Relator - CMEP Presidente Interino - CMEP
Dec. nº 1064/19 - GPMP Dec. nº 1064/19 - GPMP
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REFERÊNCIAS
______. Conselho nacional de educação. Parecer CNE/CP nº: 9, de 08 de junho de 2020. MEC:
Parecer CP 2020. Brasília, DF, 2020. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conselho-
nacional-de-educacao/atos-normativos--sumulas-pareceres-e-resolucoes/33371-cne-conselho-
nacional-de-educacao/85201-parecer-cp-
2020#:~:text=Parecer%20CNE%2FCP%20n%C2%BA%209,da%20Pandemia%20da%20CO
VID%2D19. Acesso em: 26 nov. 2020.
______. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Planalto: Brasília, DF, 05 out.
1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 26 nov. 2020.
PORTEL. Lei 769, de 14 de outubro de 2009. Cria o Conselho Municipal de Educação de Portel
– CMEP e dá outras providências. Prefeitura Municipal, Portel, PA, 14 out. 2009.
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